You are on page 1of 2

05/10/2017 “Doutrina Chenery” e a Insindicabilidade do Mérito nos Atos Administrativos Técnicos do Estado Brasileiro » Blog EBEJI -

Dr. Divo Augusto Cavadas


DIVO AUGUSTO CAVADAS - Procurador do Município de Goiânia (I
Concurso/2015). Ex-Advogado Estatal Federal (Autoridade Portuária do Rio de
Janeiro - CDRJ). Membro do Instituto Brasileiro de Direito Civil (IBDCivil) e da
Latin American Society of International Law (LASIL/SLADI). Advogado e
Parecerista em Direito Econômico, Internacional e Marítimo

“Doutrina Chenery” e a
Insindicabilidade do Mérito nos Atos
Administrativos Técnicos do Estado
Brasileiro
Entenda a importante teoria utilizada pelo STJ e que será cobrada nas
próximas provas de direito Administrativo!

Tema de extrema importância, não apenas do ponto de vista da praxe forense mas também na
preparação para exames discursivos de concursos públicos, a “Doutrina Chenery” foi exposta no
inteiro teor do AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado
em 7/6/2017, DJe 20/6/2017 (STJ, Informativo 605).

Trata-se de teoria proveniente do Direito Anglo-Saxão que envolve a temática do controle


jurisdicional de atos administrativos, em especial na hipótese de escolhas políticas
governamentais que se transmudem seja em atos administrativos discricionários, seja em atos de
governo.

Os atos administrativos discricionários, segundo a abalizada doutrina do Prof. Celso Antônio


Bandeira de Mello (“Curso de Direito Administrativo Brasileiro”, Malheiros Editores) podem
sofrer controle judicial tanto em seu motivo quanto em seu objeto, e tal controle circunscreve-se
tão somente à legalidade do ato, não se podendo apreciar seu mérito, sob pena de violação ao
princípio constitucional da divisão funcional do poder (Constituição do Brasil, art. 2º – também
chamado, a meu ver atecnicamente, de “princípio da separação de poderes”).

Nesse sentido, o saudoso Prof. Diogo de Figueiredo Moreira Neto (“Curso de Direito
Administrativo”, Ed. Forense) cunha a expressão Princípio da Insindicabilidade do Mérito
Administrativo para designar a norma segundo a qual o mérito não pode ser alvo de controle
judicial, sendo de exclusivo controle por parte da Administração Pública, por meio do sistema de
autotutela administrativa (v. STF, Súmulas 343 e 473).

https://blog.ebeji.com.br/doutrina-chenery-e-a-insindicabilidade-do-merito-nos-atos-administrativos-tecnicos-do-estado-brasileiro/ 1/2
05/10/2017 “Doutrina Chenery” e a Insindicabilidade do Mérito nos Atos Administrativos Técnicos do Estado Brasileiro » Blog EBEJI -

Além dos atos administrativos discricionários, disciplinados pelo Direito Administrativo, também
posso mencionar a existência dos chamados atos de governo, que não possuem disciplina por
parte do ramo administrativista da Ciência Jurídica, por não se submeterem a seus lindes; são,
nesse sentido, disciplinados pelo Direito Constitucional e pela Ciência Política, por se tratarem de
atos de império (ius imperii) ligados à dinâmica do Poder político, com fraca limitação jurídica.

A Doutrina Chenery, nesse sentido, lida com atos administrativos discricionários e atos de
governo especialmente fundamentados em prévias pesquisas técnicas, realizadas por servidores
ou equipes políticas detentoras de expertise (especialização) na área objeto do ato.

Dessa forma, além de ser o mérito de tais atos insindicável per se, pelas razões supraexpostas,
ainda se pode acrescentar que o Poder Judiciário não possui a expertise necessária para
compreender as consequências econômicas e políticas de uma decisão que invada o mérito
administrativo de tais medidas, sejam elas disciplinadas pelo Direito Administrativo (atos
discricionários) ou pelo Direito Constitucional e Ciência Política (atos de governo).

Exemplo próximo de tal variante da insindicabilidade diz respeito aos atos emanados pelas
Agências Reguladoras, autarquias especiais que possuem relativa independência (parafraseando a
eminente Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro) e atribuição para publicarem atos administrativos
normativos de caráter técnico. Nesse sentido, segundo a Doutrina Chenery, por representarem
medidas de natureza jurídico-política subsidiadas por complexas pesquisas técnicas de uma
entidade que possui expertise na matéria, não podem ser alvo de controle judicial de seu
conteúdo, mas tão somente de seus aspectos formais e legais.

Tema muito importante para os concursos das carreiras da Advocacia Pública em sentido amplo
(AGU, PGEs, PGMs, Procuradorias Autárquicas, Advocacia Estatal), pode ser exigido pelas
bancas examinadoras ou, se incluído como subsídio em respostas a questões discursivas,
promover majoração de sua nota pela demonstração de conhecimento ao examinador.

 Publicado em 9/08/17 às 18:42 por Dr. Divo Augusto Cavadas

EBEJI

A Escola Brasileira de Ensino Jurídico pela Internet foi criada com intuito de auxiliar candidatos
que se preparam para concursos públicos, fornecendo materiais e aulas via internet. Junte-se a nós
e garanta o seu futuro!

Sobre a EBEJI | Termos de uso

https://blog.ebeji.com.br/doutrina-chenery-e-a-insindicabilidade-do-merito-nos-atos-administrativos-tecnicos-do-estado-brasileiro/ 2/2

You might also like