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Terga-feira, 12 de Dezembro de 2000 I SERIE - Numero 49 BOLETIM DA REPUBLICA PUBLICAGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE MOGAMBIQUE 3.° SUPLEMENTO IMPRENSA NACIONAL DE MOCAMBIQUE AVISO ‘A’ matérid a publicar no «Boletim da Repiblica» dove ser remetida em c6pia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além das indicagbes necessérias para esse efeito, 0 averbamento Seguinte, assinado e autenticado: Para publicagio no SUMARIO Iho de Mii 5 CONSELHO DE MINISTROS Resolugio n® 28/2000 de 12 de Dezembro © mundo vive hoje a revolugio da informagio, na qual € 0 oiinio 0 uso das tecnologias de informagio e comunicagdo ‘que, cada vez mais, determinam o ritmo de desenvolvimento e a relevancia e competitividade das nagSes & escala mundial Para que as tecnologias de informacio © comuntcagio desempenhem a sua fungio catalitica no quadro dos esforgos nacionais para a erradicagdo da pobreza absoluta e melhoria das condigdes de vida, parao desenvolvimento educacional, cienifico ¢ teenol6gico, para o acesso universal aos beneficios do saber ‘mundial, para a maior eficdciae efiréncra das insttuigdes, para a melhoria da governagio e da partcipagio dos cidadios no exerefcio democratic, mpBe-se a aprovagio de uma politica de informétiea como quadiro de referéneta para a rea "Nestes termos, usando da competéncia quelhe éconferida pela alinea e) do n® I'do artigo 153 da Constitucio da Repibica, 0 Conselho de Ministos determina: ‘Unico E aprovada a Politica de Informéuca, em anexo, que constitu parte megrante da presente Resolucao. Aprovada pelo Conselho de Ministros Publique-se. © Primeiro-Ministro. — Pascoal Manuel Mocumb Politica de Informética 1. Missio (© mundo de hoje esté profundamente marcado pela revolugio das tecnologias de informagao e comunicagao, dando origem & Sociedade Global de Informagdo, que tem na Internet 0 seu expoente mais alto ¢ na qual a informagio ¢ 0 conhecimento exrculam com uma rapidez sem precedentes, afectando todos os aspectos da vida e da actividade econémica, politica ¢ sécio- cultural. Nestaera da informagio,éaccapacidade de utilizar eficaz € eficientemente as tecnologias de informagio e comunicagio que, cada vez mais, determina a competitividade e relevancia de um pais na economia global ‘Mogambiquenao pode ficar’margemdestarevolueao mundial, por isso, o Governo adopta uma Politica de Informética que visa: *Contribuirparaocombate’ pobreza eparaomelhoramento das condigdes de vida dos mocambicanos; + Assegurar 0 acesso dos cidadios aos beneficios do saber ‘mundial; + Elevar a eficacia ¢ fici€ncia das instituigdes do Estado e de utilidade pdblica na prestagao dos seus servigos; + Melhorar a governacio e a administragao pablica; + Fazer de Mogambique um produtor e ndo um mero consumidor das tecnologias de informagio ¢ comuntcagio; © + Elevar Mocambique ao nivel de parceiro relevante e ‘competitivo na Sociedade Global de Informagio. 2. Introdugio Ficou o século XIX conhecido na Histéria como 0 século da Revolugio Industral; o século XX ¢, indubitavelmente, 0 século da Revolugio da Informagio, da tevolugio das tecnologias de informago e comunicaglo, qui¢é mais profunda ¢ poderosa que a pnimesra! ‘Ao longo do presente documento, sio utilizados, quase andistintamente,o termo informdncae a expressio tecnologias de nformagao ecomunicagao (actOnimio ICTs,do nglés formation and communication technologies) como confluéncia onvergéncia de tecnologias que ou nao existiam anteriormente ‘ou funcionavam como éreas totalmente separadas: computadores pessoas ¢ redes de computadores, televisdo ¢ rédio, linhas de felefones com operadores ou com sistemas automatizados de resposta, miquinas de fex, cartesinteligentes,correioelectrénico, Internet, sistemas de conferEncia video, apiicagdes comerciais (processadores de textos, folhas de calculo, bases de dados, ee.) ¢ aplicagdes proprietérias como sistemas de apoio a tomada de decisbes e sistemas de gestio de mformagio. 218-(18) AAs tecnologias de informagio e comunicagio (ICTs) tém permitido a difusio do saber ¢ a partitha da informagao, ‘experigncias e recursos com uma velocidade nunca antes vista. E 1 experiéncia mostra que 0 acesso € 0 uso efectivos destas tecnologias sto factores determinantes para o desenvolvimento econémico e social de individuos, comunidades e nagies, para 6 aumento da sua relevancia capacidade competitiva na vida e economia mundiais, advento e crescimento exponencial da Internet — hoje a maior rede de comunicagdo electrénica no mundo — sintetiza e cpitomizaarealidade da Sociedade Global de Informagio,em que ‘a troca de ideias e as trocas comerciais se processam em tempo real, ultrapassando fronteiras fisicas entre paises e outro tipo de barreras. Tnfelizmente, o que se tornou a principal caracterstica da vida moderna em praticamente todo o mundo mal se sente em “Mogambique e na maioria dos paises africanos, que continuam a ter as mais baixas teledensidades, com o menor iimero de ‘computadores, com os mais baixos niémeros de utilizadores de Internet, sonegando aos cidadios 0 que, em outros pontos do lobo, 6acess{velao toque de uma teclaou aoclique de um rato"! Para o pats ser competitivo, hé que alterar profundamente esta situagéo. 'Nio se pode, porém, deixar de reconhecer que, nos dltimos ‘anos, 0 pafs tem conhecido um crescimento considerdvel no dominio da informética. $6 que a auséncia de uma politica contendo as linhas orientadoras do desenvolvimento nesta érea tem levado, em certos casos, Aadop¢lo de solugdes incompativeis ‘umas com as outras (por vezes dentro da mesma instituigio), & duplicagio desnecesséria de esforgose a concentrag3o dos poucos ‘ecursos em certas zonas, assim acentuando, ao invés de reduzir, desequilforios ¢ assimetrias regionais, ‘A Politica de Informética ver, assim, fomecer 0 quadro de Princfpios ¢ objectivos que permitirio que as tecnologias de informagio e comunicagdo sejam o motor impulsionador dos ‘étios aspectos do desenvolvimento nacional, contribuindo para ‘terradicagtio da pobreza absoluta ¢ melhoria geral da vida dos mogambicanos, para a mais ampla participacao dos cidadaos na Sociedade Global de Informagdo, para a elevagdo da eficdcia € eficiéncia na prestacdo de servigos, para melhoriada governacio «© aprofundamento da democracia, para fazer do pats produtor e no mero ‘consumidor das técnologias de informagio ‘comunicagio, e para a sua participaglo na economia mut cada vez mais assente na it '¢ no conhecimento. ‘A Politica de Informética 6 abrangente, em termos de escopo, isto 6, diz respeito & totalidade das dreas de interesse para o desenvolvimento sécio-econémico do pals; nfo 6, contudo, ‘exaustiva em termos de enumeragdo das reas a considerar no programa de informatizagao do pals. Por isso, slo identificadas seis éreas como prioriérias para o estabelecimento da Sociedade de Informagio em Mogambique, por forma a contribuir eficazmente para a materializegio dos grandes objectivos ¢ prioridades do Governo de reduzir a pobreza absoluta, promover ¢ estimular o desenvolvimento econémico, € aprofundar a democracia; tai éreas slo a educagiio, o desenvolvimento dos recursos humanos, a sadde, 0 acesso universal, a infra- ‘estrutura e a gover ‘A definigto de éreas priortéria visa, por um lado, alinhar a Politica de Informatica com os objectivos e prioridades da sgovernagio do pafs e, por outro lado, reconhecer que, com os recursos limitados dispontveis, nio é poss{vel realizar tudo 20 ‘mesmo tempo. Nao so, no entanto, descuradas ou ignoradas as outras reas, que tém um papel a desempenhar para o ‘desenvolvimento global do pafs. Por iss0, éreas que igualmente ‘merecem um tratamento espectfico no documento da Politica de Informética incluem a agricultura e os recursos naturais, 0 meloambientee oturismo,ocoméreio electrénicoea proteccio do negécio, a protecgio do pablico, a rede de instituigées 1SERIE—NOMERO 49 académicas e de pesquisa, a mulher e a juventude, a cultura arte, ea comunicagio social. Oenquadramento destas eoutras, reas “dependerd da iniciativa, criatividade © empenho dos, interessados, por um lado, e das oportunidades que se forem criando, por outro lado. Sublinhe-se, desde jé, que osucesso na aplicagio da Politica de Informética nfo serd posstvel sem a activa participagdo de todos ‘os interessados ¢ potenciais beneficidrios da mesma; 0s érgiios do Estado, 0s sectores pablico ¢ privado, as instituigdes de ensino e pesquisa, as organizagdes nio-governamentais © s6cio- profissionais, 0s cidadios ¢ a comunidade em geral ‘Todos ecadaum devem inscreverastecnologiasdeinformacdo ¢ comunicasio como uma componente indispensével dos seus planos ¢ programas de desenvolvimento, Trata-se de um desafio ‘ngente para um pafs nas condigdes de Mogambique: com limitados recursos, com inadequadas redes de telecomunicagBese de energi ainda com elevado indice de analfabetismo. Mas rata-se, acima de tudo, de uma aposta que no pode ser adiada e em que no se ppode falhar. Se & elevado o custo da implementagto de um programa de informatizacto, mais elevado ainda serd o custo da inacgio. 3.0 Estado da Informética em Mogambique ‘Com o 1° Inguérito Nacional sobre a Capacidade Informética do Pafs, realizado no ano 2000, ficou demonstrado que Mogambique esté, gradualmente, aentrarna Sociedade Global de Tnformagio, se bem que mais de 50% do parque informético nacional esteja concentrado na cidade capital. ‘Os dados que se seguem revelamo pontode que seestéa partir para 0 ambicioso programa de informatizagBo do pais: ‘Dados de base sobre o pais Localizagio: Africa Austral Palses Limttrofest Tanzania, Malawi, Zambia, Zimbabwe, ‘Suazilandia e Africa do Sul ‘Superficies 799 380 km2 Estatfsticas populacionals (1997) + Total: 16 917 000 * Taxa de crescimento: 2,72% * Récio homens/100 mulheres: 92 + Densidade populacional (hab/km2): 21 ‘Onde vive populagio + Na cidade: 29% ‘+ No campo: 71% otal: 60,5% * Urbana: 33% + Rural: 72.2% Esperanga de vida & nascenga PLB. em bilides USD: 2,4 (1997) {nice de Desenvolvimento Humano: 0,341 (PNUD 1997) Ranking no IDH: 169 de 174 paises (PNUD 1997) Fontes: Censo 1997 (CD-ROM do Instituto Nacional de Estatistica, 1999) e Human Development Report (UNDP 1998) 12 DE DEZEMBRO DE 2000 218-(19) Olhando especificamente para a drea das telecomunicagbes, temos o seguinte quadro: noe Designagio 1997 1998 1999 L Capacidade instalada em comutasio telefnica (LDR) 104 556 105 612 113 606 CCapacidade da rede nacional de interligagio (circuito) 8745 8995 8995 ‘Capacidade da rede exterior priméria (par) 126 049 129 424 136459 ‘Capacidade da rede exterior secundaria (pat) T7107 176177 185917 inhas de rede instaladas 9403 13319 13616 Linha de redes ligadas a0 assinante 65-606 75.354 78072 Teleméveis (celulares) 2500 6725 12243, Fonte: Relatério de 1998 do Conselho de Administragdo das TDM e actualizagdo em relagdo a 1999 ‘Se considerarmos que, de 1997 para 1999, a érea das telecomunicagdes cresceu de 65 606 para 78 072 linhas para assinantes ¢ de 2.500 para 12 243 teleméveis, diremos que o sector esté a conhecer um crescimento considerdvel, especialmente na érea de celulares ‘que, durante esse perfodo, cresceu em 307% (contra os 15,5% das linhas de rede ligadas ao assinante), esperando-se que ultrapasse os 35.000 utilizadores até finais de 2000. ‘No entanto, olhando para a taxa nacional de cobertura, verfica-se que, com uma teledensidade de 0,46 apenas, o pais tem um dos ‘indices mais baixos da regio em termos de cobertura telef6nica. Dados recolhidos durante 0 Inquérito Nacional sobre a Capacidade Informatica do Pats, numa amostra de 1,155 insttuigdes e ‘empresas fornecem o seguinte quadro em alguns indicadores: Designo [caeosnas] Rae] Rampur] mots ow [uma] Sonu] totes] Gua] nape] apm Ga] Tas] Compuadores ‘existentes 65 172| 402: 337] 348) 203) 880) 79 118| 712) 8201} 11516 ‘Técnicos de Informatica | 12) 9 32 $2) 37] 13) 154) 3] 5 25} 693) 1064 Acesso 20 ‘Email 1} 1 66] 90] 13] 122 ols a 168} 4004] 5257 Acess0 a Internet. 9) 15] 50) 36] 13) 17 78 | u 14] 64 (2229| 2536) ‘Como evidenciado pela tabela antecedente, com 8 201 dos 11 516 computadores existentes nas instituigdes inquiridas ‘emtodo o pais, a Cidade de Maputo possui mais computadores do {que todas as provincias combinadas! ‘Quanto a0 acesso & Internet— hoje um dos indicadores mais

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