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Cecil G. Helman ms cns mrcer pip soc Anthrop { ‘Associate Professor, Department of Human Sciences, Brunel Universty; | Senior Lecturer, Department of Primary Care and Population Sciences, Royal Free and University College Medical School, University College London; Honorary Research Fellow, Deparment of Anthropology, University College London; Former Visiting Fellow in Social Medicine and Health Policy, Harvard Medical School, USA CULTURA, SAUDE & DOENCA 42 Edigdo ‘Tradusio: CLAUDIA BUCHWEITZ PEDRO M. GARCEZ Consultoria, supervisiio ¢ revisio técnica: FRANCISCO ARSEGO DE OLIVEIRA Mestre em Antropologia Social pela UFRGS. Professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFRGS. Médico do Servico de Satide Comunitéria do Grupo Hospitalar Conceigdo, Porto Alegre. Reimpressao 2007 2003 BR é * ESE DEE. Sse H478 —_Helman, Cecil G. Cultura, satide e doenga / Cecil G. Helman; trad. Claudia Buchweitz e Pedro M. Garcez. - 4.ed. ~ Porto Alegre : Artmed, 2003. 1. Medicina - Antropologia. I. Titulo. CDU 611./.618:572 Catalogacao na publicagéo: Ménica Ballejo Canto - CRB 10/1023 ISBN 85-7307-890-1 or e cultura dor, seja qual for a sua forma, é uma par- A te insepardvel da vida cotidiana. Prova- velmente, ela é 0 sintoma mais comum encontrado na pratica clinica! e constitui uma caracteristica de muitas transformacées fisio- logicas normais, tais como gravidez, parto e menstruacéo, bem como de ferimentos ou doengas. Muitas formas de cura e de diag- néstico também envolvem alguma espécie de dor, por exemplo, as cirurgias, as injegdes, as bidpsias ou as pungdes venosas. Em todas es- sas situagées, a dor ¢ mais do que um simples evento neurofisiolégico; ha também fatores so- ciais, psicolégicos e culturais associados a ela que devem ser considerados. Neste capitulo, alguns desses fatores sero examinados para ilustrar as proposigées a seguir: 1, Nem todos os grupos sociais ¢ culturais reagem a dor da mesma forma. A maneira como as pessoas percebem e Teagem a dor, tanto em si mesmas como em outras pessoas, pode ser influenciada pela sua origem e formagao cultural e social. 3. A maneira como as pessoas comunicam a dor — se € que o fazem ~ aos profissio- nais de satide ou a outras pessoas tam- bém pode ser influenciada por fatores sociais e culturais 2 0 COMPORTAMENTO DE DOR De ponto de vista fisiolégico, a dor pode ser considerada como um “tipo de dispositivo de alerta para chamar a atencao para tima lesio no tecido ou para algum mau funcionamento fisioldgico”®. A dor surge quando tim nervo ou terminaco nervosa é afetado pot-um esti- mulo nocivo que pode ter sua-origem tanto dentro como fora do organistno. Ela\é, por- tanto, de importancia crucial para.a protegdo e a sobrevivéncia do corpo em um ambiente cheio de perigos em potencial. Devido a esse Papel biolégico da dor, as vezes se prestime que ela independa de cultura, no sentido de que haveria uma reagdo biolégica universal a tipos especificos de estimulo, como um objeto pontiagudo ou extremos de calor ou frio, Gon- tudo, as duas formas de reacao.podem ser di- ferenciadas em: E % 1. Reagio involuntfiria, instintiva, como o recuo diante eum ean 2. Uma reacéo voluntdria; tal comes ue a) . eliminar a fonte de dor. jen- ciar 0 tratainento do sintoma (to- mando umaaspirina, porexemplo); pedir a ajuda de outra pessoa para aliviar o sintoma b) As reagées voluntarias a dor que envol- vem outras pessoas sao particularmente influenciadas por fatores sociais e culturais ¢ serdo descritas e exemplificadas mais detalha- damente a seguir. Segundo Engel®, a dor possui dois com- Ponentes: “a sensagio original e a reacdo a essa sensaco”. Tal reacao, voluntaria ou nao,

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