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Módulo inicial

1. A biosfera
Uma característica do mundo vivo é um elevado nível de organização. A organização
biológica assenta numa hierarquia dos níveis estruturais de complexidade crescente. A
biosfera é o nível mais inclusivo da hierarquia da organização biológica, que se encontra
resumida no esquema seguinte:

Átomo Molécula Célula Tecido Órgão Sistema de órgãos

Organismo População Comunidade Ecossistema Biosfera

A biosfera é a parte da Terra habitada pelos seres vivos. Pode ser entendida como um
ecossistema composto por todos os ecossistemas da Terra.

O ecossistema é formado pelo conjunto de todos os organismos, de uma determinada


área geográfica, e pelas interações que esses organismos estabelecem entre si e com o
meio abiótico (água, luz, temperatura e solo) que os rodeia.
A comunidade é o conjunto de todos os organismos de todas as espécies que habitam
uma determinada área. Uma comunidade é formada por populações.
A população é o grupo de indivíduos de uma determinada espécie.
Espécie é o conjunto de organismos com características morfológicas semelhantes,
capazes de se reproduzirem e originar descendentes férteis.

A dinâmica dos ecossistemas envolve 2 processos: circulação de materiais e fluxo de


energia. A energia entra no ecossistema na forma de luz solar e dissipa-se a forma de
calor. Os elementos químicos circulam entre os componentes bióticos e abióticos do
ecossistema, sendo reciclados.

A circulação de matéria e o fluxo de energia nos ecossistemas ocorrem ao longo das


cadeias alimentares, que se inter-relacionam constituindo redes tróficas. O quadro
seguinte resume as categorias em que são classificados os seres vivos nos ecossistemas,
tendo em conta a forma como obtêm alimento.

Produzem a matéria orgânica que constitui o seu corpo a partir da matéria


inorgânica do meio, utilizando uma fonte de energia, que pode ser energia
Produtores luminosa ou energia química de compostos minerais. São autotróficos. São
organismos produtores de plantas, algas e cianobactérias.

Obtêm matéria orgânica, que foi elaborada pelos produtores, alimentando-


Consumidores se de outros organismos. São heterotróficos. São organismos consumidores
os animais, fungos, algumas bactérias e alguns protistas.

Transformam a matéria orgânica de cadáveres e excrementos em matéria


inorgânica, que pode, de novo, ser utilizada pelos produtores. São
Decompositores organismos decompositores de bactérias e fungos do solo. Fecham o ciclo
de matéria nos ecossistemas.
A extinção de espécies é um fenómeno natural, que ocorre desde que a vida evoluiu. A
taxa atual de extinção de espécies, causada pela interferência do Homem nos
ecossistemas, é, no entanto, preocupante. Principais causas da extinção: destruição ou
alteração de habitats; introdução de novas espécies em áreas geográficas onde no
existiam; sobre-exploração de espécies por colheita, caça ou pesca; rutura das cadeias
alimentares.
A conservação das espécies baseia-se na procura das causas do declínio de espécies e no
desenvolvimento de esforços no sentido de travar esse declínio.
A necessidade de proceder à conservação da biodiversidade é da maior importância, uma
vez que:
- as espécies constituem recursos naturais.
-nos ecossistemas realizam-se processos essenciais ao suporte de vida humana na Terra,
como a purificação do ar e da água, geração e preservação de solos férteis, decomposição
de resíduos, entre outros.
- perder espécies é perder genes únicos e empobrecer a biodiversidade.

2. A célula
Teoria celular
 A célula é a unidade básica de estrutura e função de todos os seres vivos.
 Todas as células provêm de outras células.
 A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade de
todos os seres vivos.

Organização celular

 Células procarióticas: não apresentam um núcleo individualizado e perfeitamente


organizado.
 Células eucarióticas: núcleo organizado, individualizado e delimitado pela
membrana nuclear.
 Células eucarióticas animais vs vegetais: enquanto que as células vegetais possuem parede
celular, plastos (cloroplastos, entre outros) e vacúolos que vão aumentando com a idade, as
células animais não têm plastos nem parede celular e os seus vacúolos (quando existentes)
são pouco desenvolvidos.

Célula eucariótica animal Célula eucariótica vegetal


Constituintes celulares

 Membrana celular (membrana plasmática) – constituinte celular que


regular as trocas entre o meio intracelular e o meio extracelular.

 Citoplasma – constituinte celular onde se encontram vários organelos


responsáveis por diversas actividades celulares. O citoplasma apresenta
uma massa semifluida, aparentemente homogénea, onde se podem observar
diversas estruturas, o hialoplasma.

 Mitocôndrias – organelo celular onde ocorrem importantes fenómenos de


respiração aeróbia, constituindo locais de intensa produção de ATP
(energia).

 Complexo de Golgi – conjunto de sáculos achatados associado a vesículas


esféricas. Armazena substâncias de secreção.

 Lisossomas – pequenas vesículas esféricas que se destacam do complexo de


Golgi e onde se acumulam enzimas digestivas.

 Retículo endoplasmático – é uma via de comunicação das células. É


constituído por uma extensa rede de sáculos achatados e de vesículas,
distribuídos no hialoplasma. São os “canais de circulação” das células.
Retículo endoplasmático rugoso: tem ribossomas  síntese proteica.
Retículo endoplasmático liso: não tem ribossomas.
 Vacúolos – são cavidades delimitadas por uma membrana e que contêm
geralmente água com substâncias dissolvidas, absorvidas pela célula ou
elaboradas por ela. Locais onde ocorre digestão intracelular.
 Inclusões: Inclusões lipídicas: formadas por gotículas líquidas ou
partículas sólidas. Grãos de secreção: substâncias segregadas por
células glandulares e que acabam por abandonar a célula.

 Cílios e flagelos – são organelos locomotores. Quando são finos e


numerosos têm o nome de cílios, quando são longos e em pequeno número
denominam-se por flagelos.

 Plastos – grupo de organelos dinâmicos, que só se encontram nas células


das algas e das plantas, onde ocorrem diversos tipos de metabolismo.
o Cloroplastos: são organelos geralmente ovoides, que contêm pigmentos
fotossintéticos, nomeadamente clorofilas, daí a sua cor verde.
Aparentemente os cloroplastos, quando observados ao microscópio,
deslocam-se. Na verdade é o hialoplasma que, animado de movimentos
de ciclose, arrasta passivamente os cloroplastos.

 Núcleo – organelo celular que contém a informação que regula as


atividades celulares. Está delimitado por um invólucro ou membrana
nuclear.

 Parede celular - constituinte presente em algumas células, colocado


exteriormente à membrana celular. É de natureza celulósica, podendo ser
posteriormente alterada a sua composição.
Constituintes básicos da célula
INORGÂNICOS
Os constituintes inorgânicos dos seres vivos são a água e os sais minerais

É o principal constituinte dos seres vivos. Apesar de ser eletronicamente neutra, a


molécula de água apresenta polaridade, o que lhe confere propriedades com grande
importância biológica. Assim, a água apresenta, entre outras, as seguintes
características:
-possui um elevado poder solvente, pelo que transporta variadas substâncias em
ÁGUA solução;
-participa em numerosas reações químicas do metabolismo celular.
-apresenta uma forte coesão entre as moléculas, proporcionada pela capacidade de se
formarem pontes de hidrogénio entre elas.

O cálcio, sódio, potássio, magnésio, fosforo e ferro, entre outros, estão presentes nos
seres vivos, principalmente na forma iónica. Desempenham funções importantes
SAIS
relacionadas com o transporte de substâncias, movimentos através da membrana
MINERAIS citoplasmática e coo intervenientes em reações químicas do metabolismo celular.

ntes inorgânicos dos seres vivos são a água e os sais minerais

ORGÂNICOS
Os constituintes orgânicos dos seres vivos formam moléculas de grandes dimensões, designadas macromoléculas. A
maior parte das macromoléculas orgânicas dos seres vivos são polímeros. Os polímeros formam-se pela ligação, em
cadeia, de moléculas mais simples, os monómeros. As reações de condensação permitem a ligação de diferentes
monómeros para formar polímeros. Por cada ligação estabelecida é removida uma molécula de água. As reações de
hidrólise separam os monómeros que constituem um polímero. Por cada ligação que se desfaz é necessária a adição de
uma molécula de agua. As proteínas ácidos nucleicos, hidratos de carbono e alguns lípidos são polímeros.

Os monómeros dos prótidos são aminoácidos. Os aminoácidos ligam-se por


ligações peptídicas, para formar péptidos ou proteínas. Os péptidos são polímeros
PRÓTIDOS formados pela ligação de um número reduzido de aminoácidos. As proteínas são
constituídas por um grande numero de aminoácidos, organizados em uma ou mais
cadeias peptídicas. As proteínas são os principais polímeros estruturais e
desempenham ainda funções de transporte, de defesa, reserva e enzimática.

Os monómeros dos glícidos são s mono sacarídeos. Os monossacarídeos ligam-se


por ligações glicosídicas. Os oligossacarídeos formam-se pela ligação de um
pequeno numero de monossacarídeos (2 a 10) e os polissacarídeos são longas
cadeias de monossacarídeos. Os polissacarídeos desempenham funções
GLÍCIDOS estruturais e de reserva. Entre os de maior importância biológica estão: celulose
(polissacarídeo estrutural das paredes celulares das células vegetais), amido
(polissacarídeo de reserva dos vegetais), glicogénio (polissacarídeo de reserva dos
animais)

Constitui um grupo heterogéneo de moléculas, insolúveis na agua e solúveis em


solventes orgânicos. Os triglicerídeos são lípidos constituídos por uma molécula de
glicerol ligada a 3 ácidos gordos e têm funções de reserva. Os fosfolípidos e o
colesterol desempenham funções estruturais nas membranas celulares. Existem
LÍPIDOS ainda lípidos com função protetora, como as ceras que impermeabilizam
superfícies, ou com função reguladora, como certas hormonas que são moléculas
de natureza lipídica.

São polímeros de nucleótidos. Um nucleótido é constituído por uma base azotada,


uma pentose e um grupo fosfato. Os ácidos nucleicos podem ser moléculas de DNA
ÁCIDOS ou de RNA. No DNA, a pentose é a ribose e as bases azotadas são a timina,
adenina guanina e citosina. No RNA a pentose é a desoxirribose e as bases
NUCLEICOS azotadas são o uracilo, adenina, guanina e citosina. Os ácidos nucleicos têm
função de armazenamento e transferência de informação hereditária.
Unidade 1 – Obtenção de energia
1.1. Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos
1.1.1.Ultraestrutura da membrana celular

É a membrana celular que mantém a integridade da célula. Ela atua como uma barreira,
separando dois meios distintos, o meio intracelular e o meio extracelular, e como uma
superfície de troca de substancias, de energia e de informação entre dois meios. Como a
membrana celular apenas permite a entrada e a saída de determinadas substancias, ela
constitui uma barreira seletiva. O modelo de estrutura da membrana atualmente mais
aceite, conhecido como o modelo de mosaico fluido, é unitário, uma vez que se aplica a
todas as membranas existentes nas células. De acordo com esse modelo, a membrana é
constituída por:

-bicamada de fosfolípidos, com as extremidades hidrofílicas das moléculas a formarem


faces interna e externa da membrana e as hidrofóbicas a ocuparem o interior da
bicamada.
-Proteínas que, de acordo com a sua posição na bicamada, são designadas por proteínas
intrínsecas ou integradas, inseridas na dupla camada, e proteínas extrínsecas ou
periféricas, situadas nas superfícies interna e externa. As proteínas membranares
possuem composição e funções diferentes. Algumas apenas têm função estrutural,
enquanto que outras intervêm na atividade celular como transportadoras de substancias
químicas através da membrana celular (ex: permeases), como enzimas, catalisando
reações que ocorrem na superfície da célula ou como recetores de estímulos provenientes
do meio extracelular.
-Colesterol, situado entre as moléculas de fosfolípidos da bicamada. Tem um papel
estabilizador da membrana pois evita que os fosfolípidos se agreguem, mantendo a sua
fluidez.
-Glicolípidos e glicoproteínas, localizados na superfície externa da bicamada. Estas
moléculas desempenham um papel importante no reconhecimento de certas substâncias
pela célula através da sua porção glicídica.
A membrana celular é uma estrutura dinâmica, uma vez que os seus constituintes realizam
movimentos, de que são exemplos a mobilidade lateral das moléculas de fosfolípidos e das
proteínas, trocando na mesma camada de posição umas com as outras e, pontualmente, os
movimentos de fosfolípidos de uma camada para a outra. É esta plasticidade evidenciada
pela membrana que justifica a designação de mosaico de fluido atribuída ao modelo
referido.
Transporte através das membranas

Tipos de transporte Características do processo


Osmose - Movimento de moléculas de água de um meio
menos concentrado (hipotónico ou com menor
pressão osmótica) para um meio mais concentrado
(hipertónico ou com maior pressão osmótica).
-Quando os meios possuem igual concentração
(isotónicos), estabelece-se uma situação de
equilíbrio em que o fluxo de água que entra nas
células é igual ao fluxo de saída.
-Na sequencia dos movimentos osmóticos, a célula
pode:
a) perder água, diminuindo assim o seu volume
celular. Nessa situação a célula diz-se em estado de
plasmólise ou plasmolisada.
b) ganhar água, aumentando assim o seu volume
Não mediado celular e aumentando a pressão sobre a
As substâncias
atravessam a membrana/parede celular (pressão de
membrana sem turgescência). Neste caso, a célula diz-se turgida ou
a intervenção no estado de turgescência.
específica de
moléculas No caso das células animais, a turgescência pode
transportadoras conduzir, em situação limite, à rutura da
membrana celular (lise celular).
-Não há gasto de energia- transporte passivo.

Difusão Simples
-As moléculas de um soluto (ex:O2, CO2, ureia)
deslocam-se do meio de maior concentração para o
meio de menor concentração (a favor do gradiente
de concentração).
-A velocidade de movimentação do soluto é
diretamente proporcional à diferença de
concentração entre os dois meios.
-Não há gasto de energia- transporte passivo.

Difusão facilitada -As moléculas de um soluto (ex:glicose) deslocam-se


do meio de maior concentração para o meio com
menor concentração (a favor do gradiente de
concentração) com intervenção de proteínas
transportadoras- permeases.
-A velocidade de transporte das substâncias:
..aumenta com a concentração do soluto
..mantém-se quando todos os locais de ligação
das permeases estão ocupados (saturação), mesmo
que a concentração aumente- velocidade máxima. --
Mediado -Não há gasto de energia- transporte passivo.
As substâncias
são Transporte ativo
transportadas -As moléculas ou iões de um soluto (ex:Na+, K+)
por ação de deslocam-se de um meio de menor concentração
proteínas para um meio de maior concentração (contra o
transportadoras
gradiente de concentração) com intervenção de
proteinas transportadoras- ATPases.
-Mantém um gradiente de concentração entre os
meios intracelular e extracelular.
-Há gasto de energia- transporte ativo.
1.1.2 Endocitose e exocitose

Para além dos mecanismos de transporte já descritos, as células efetuam o transporte de


materiais de grandes dimensões, como macromoléculas, conjuntos de partículas ou
mesmo células, entre os meios intracelular e extracelular.

Na endocitose, a célula inclui no seu citoplasma materiais do meio exterior. Este processo
inicia-se com a formação de uma invaginação da membrana plasmática que vai,
progressivamente, englobando o material extracelular. Esta invaginação acaba por se
destacar da membrana, formando uma vesicula endocítica. De acordo com o tamanho e
natureza do material englobado, classifica-se a endocitose em:

 Fagocitose: a célula emite prolongamentos citoplasmáticos, os pseudópodes, que


envolvem partículas de grandes dimensões ou mesmo células inteiras, acabando
por formar uma vesicula que se destaca para o interior do citoplasma. Este
processo está, sobretudo, relacionado com a nutrição de alguns seres unicelulares
eucarióticos ou com a ação de certas células do sistema imunitário sobre
microrganismos ou células cancerosas.
 Pinocitose: a membrana celular, por invaginação, engloba fluido extracelular
contendo, ou não, pequenas partículas. Esta invaginação evolui para a formação de
pequenas vesiculas endocíticas.

Na exocitose, a célula liberta para o meio extracelular produtos resultantes da digestão


intracelular ou moléculas sintetizadas no seu interior, tais como produtos de metabolismo
celular, certas secreções (hormonas e enzimas) e proteínas estruturais (colagénio). Neste
processo, as vesículas de secreção convergem para a membrana, fundem-se com ela e
libertam o seu conteúdo no meio extracelular.

1.2. Ingestão, digestão e absorção


A ingestão é o processo que leva à introdução dos alimentos no ser vivo, a digestão é
como já referimos e como já estudaste o conjunto de processos que leva à simplificação de
macromoléculas em micromoléculas por reações de hidrólise catalisadas pelas enzimas e
a absorção é a passagem destes nutrientes simples através das membranas celulares, de
forma a poderem ser utilizadas no metabolismo celular. A digestão pode ocorrer no
interior da célula (DIGESTÃO INTRACELULAR) e no exterior da célula (DIGESTÃO
EXTRACELULAR).

1.2.1 Digestão intracelular

A digestão intracelular ocorre no interior das células, através da ação das enzimas
contidas em vacúolos digestivos. Neste processo associado à obtenção de matéria, típico
de alguns animais muito simples (hidra e planária) e de protistas heterotróficos (ameba e
paramécia), intervêm vários sistemas membranares da célula, como o reticulo
endoplasmático, o complexo de Golgi e os lisossomas, organelos presentes no citoplasma
de células eucarióticas.

As proteínas enzimáticas sintetizadas nos ribossomas do retículo endoplasmático são


transportadas até ao complexo de Golgi de 2 formas: deslocam-se através dos canais do
reticulo até ao complexo de Golgi ou são armazenadas em vesículas que se destacam do
retículo e que se fundem com o complexo de Golgi. No interior deste, as proteínas
enzimáticas, tais como outras que aí são processadas, sofrem maturação, o que as torna
funcionais, acabando por ser transferidas para vesículas designadas por lisossomas.
A digestão intracelular ocorre no interior de vacúolos digestivos, que resultam da fusão
dos lisossomas com vesiculas endocíticas ou com vesiculas originadas no interior do
citoplasma. Por ação das enzimas digestivas, as moléculas complexas existentes no
interior dos vacúolos digestivos são desdobradas em moléculas mais simples, que podem
transpor a sua membrana para o citoplasma. Os resíduos resultantes da digestão podem
ser eliminados para o meio extracelular por exocitose.

1.2.2 Digestão extracelular

Na maioria dos seres heterotróficos pluricelulares, a digestão é extracelular, ocorrendo no


exterior do organismo-extracorporal (fungos) – ou no interior do corpo do organismo, em
cavidades ou órgãos especializados-intracorporal (animais).

Grupos de animais Classificação ecológica Sequência de processos que


garantem a obtenção de
matéria

Animais Macroconsumidores Ingestão; Digestão intracorporal


e extracelular; Absorção

Protistas heterotróficos Macroconsumidores Ingestão por fagocitose; digestão


intracelular

Fungos Microconsumidores ou Digestão extracorporal; absorção


decompositores

Bactérias heterotróficas Microconsumidores ou Absorção


decompositores
O facto da digestão ocorrer no exterior das células, em cavidades digestivas, permite aos
animais a ingestão de uma maior quantidade de alimento e uma digestão gradual
realizada por ação das enzimas presentes em sucos digestivos lançados nessas cavidades.
As enzimas, ao atuarem sobre os alimentos, transformam-nos em substâncias mais
simples capazes de serem absorvidas. A presença de um sistema digestivo permite um
melhor aproveitamento dos alimentos e uma maior independência relativamente ao meio,
uma vez que a maior capacidade de ingestão e processamento dispensa o organismo de
uma captação continua de alimento. Nos sistemas digestivos dos animais observa-se a
existência de tubo digestivo, que pode ser uma simples cavidade ou mais complexo,
constituído por diferentes órgãos especializados. A evolução dos sistemas digestivos, com
o aumento da sua complexidade, permitiu um aproveitamento cada vez mais eficaz dos
alimentos.
O tubo digestivo de alguns animais, como a hidra e a planária, apresenta uma única
abertura, que estabelece a comunicação entre o exterior e a cavidade digestiva,
denominada cavidade gastrovascular. Esta abertura, apesar de ser designada por boca,
tem a função de boca e ânus, permitindo, ao mesmo tempo, a entrada dos alimentos e a
saída dos resíduos alimentares não aproveitados- tubo digestivo incompleto. O tubo
digestivo dos animais mais complexos, como a minhoca e o ser humano, possui duas
aberturas: a boca, por onde entram os alimentos e o ânus por onde são eliminados os
resíduos alimentares-tubo digestivo completo.

Tubo digestivo incompleto


A Hidra tem boca circundada por tentáculos e está ligada a uma cavidade em forma de
saco (cavidade gastrovascular - funções digestivas e absorção dos nutrientes para as
células) onde ocorre a digestão extracelular. Os produtos gerados na digestão
extracelular são absorvidos por todas as células onde ocorre a digestão intracelular. Os
produtos excretados pelas células passam para a cavidade através da exocitose e são
libertado do corpo através da contração do corpo.

O sistema digestivo da Planária é semelhante ao da Hidra, no entanto, já apresenta


alguma diferenciação. A seguir à boca tem uma faringe musculosa que se pode projetar
para o exterior e captar o alimento. A cavidade
gastrovascular é ramificada, aumentando assim, a área de
digestão e absorção. A digestão, tal como na Hidra, começa
na cavidade e depois completa-se nas células.
Tubo digestivo completo
A captura dos alimentos processa-se através de um mecanismo de sucção devido à
contração dos músculos da faringe. Depois os alimentos passam para o esófago e são
armazenados no papo. De seguida deslocam-se para a moela onde são triturados devido à
contração das paredes. No intestino a ação
enzimática faz com que haja a simplificação em
moléculas mais simples e ao longo do intestino, a
minhoca tem uma prega dorsal que permite
aumentar a superfície de absorção. Os produtos a
excretar saem, depois, pelo ânus.

O ser humano, como os outros vertebrados, tem cada uma das áreas especializada numa
etapa particular do processo digestivo.
Na boca, por ação dos dentes e da saliva, inicia-se a digestão mecânica e química. No
estômago são produzidas enzimas especificas, ocorrendo
também aqui a digestão mecânica e química. No intestino
delgado são também produzidas enzimas especificas que,
juntamente com as enzimas do suco pancreático, realizam
a digestão química. A digestão das gorduras é facilitada
pela ação emulsionante da bílis, produzida no fígado. No
intestino delgado, após terminar a digestão, inicia-se a
absorção, facilitada pela existência de vilosidades intestinais
(projeções ricamente vascularizadas da superfície intestinal
que aumentam significativamente a área de superfície de
absorção). Por difusão ou por transporte ativo, os diferentes
nutrientes atravessam as membranas das células da
parede intestinal e dos capilares sanguíneos ou linfáticos
para o meio interno. O material não absorvido passa para o
intestino grosso, onde ocorre absorção de água, antes da
sua eliminação pelo ânus.

2. Obtenção de matéria pelos seres autotróficos


Os seres autotróficos sintetizam matéria orgânica, recorrendo, para isso, a diferentes
fontes de energia. A maioria produz matéria orgânica através da inorgânica por um
processo que utiliza a luz do sol como fonte de energia- fotossíntese. Os organismos que
realizam este processo designam-se por seres autotróficos fotossintéticos ou
fotoautotróficos, de que são exemplo as algas, as plantas e as cianobactérias. Contudo,
existem seres autotróficos que, em vez da energia luminosa, utilizam a energia química
proveniente da oxidação de compostos inorgânicos para a síntese de matéria orgânica a
partir da inorgânica. Estes são seres quimiossintéticos ou quimioautotróficos e o processo
que realizam é denominado quimiossíntese. Todos os seres quimioautotróficos são
bactérias, por exemplo as bactérias nitrificantes, que vivem no solo e integram o ciclo de
reciclagem do azoto na biosfera, e as bactérias sulfurosas e ferrosas, que vivem nos
fundos oceânicos, junto das fontes termais.

2.1. FOTOSSINTESE
A fotossíntese é um processo complexo que envolve a utilização da energia luminosa na
produção de substâncias orgânicas a partir de dióxido de carbono (CO) e água (HO), com
libertação de oxigénio (O2). Este processo ocorre exclusivamente nos seres vivos que
possuem pigmentos fotossintéticos capazes de captar a energia luminosa.
É importante porque:
-produz substâncias orgânicas a partir de substâncias inorgânicas
-transforma a energia luminosa em energia química, que fica armazenada nos compostos
orgânicos sintetizados.
-produz o oxigénio, gás essencial para a sobrevivência da maioria dos seres vivos.
Os pigmentos fotossintéticos, entre os quais se destacam as clorofilas, estão presentes
nas plantas e nas algas, no interior dos cloroplastos. Nas bactérias fotossintéticas, os
pigmentos encontram-se ligados a estruturas membranares internas.
A energia celular é constituída por radiações de diferentes comprimentos de diferentes
comprimento de onda. Os seres vivos fotossintéticos utilizam a fotossíntese apenas parte
das radiações de espetro da luz visível. Cada faixa de comprimentos de onda corresponde
uma determinada cor, assim a luz visível pode decompor-se em seis cores, às quais
correspondem diferentes comprimentos de onda.
Verifica-se que nem todos os comprimentos de onda são utilizados pelos seres
fotossintéticos, isto é, têm preferências de cor. No caso da clorofila, o pigmento das
plantas, os comprimentos de onda preferências, ou seja, que são absorvidos são os entre
os 380 e os 450 nm (Violeta) e os 650 e os 750 nm (Vermelho), refletindo as radiações
entre os 500 e os 600 nm (Verde), razão pela qual a clorofila é verde.
Na realidade existem dois tipos de clorofila, a clorofila a e a clorofila b, que operam em
comprimentos de onda ligeiramente diferentes. A energia radiante, luz, é formada por
partículas, os fotões, que se propagam sobre a forma de ondas com diferentes
comprimentos (comprimentos de onda). Os fotões são partículas energéticas e quando
atingem um átomo, um dos átomos salta para um nível de energia superior, diz-se que
esse eletrões se encontra excitado. Quando a clorofila absorve luz, os seus eletrões
passam para níveis de energia superiores, e ao voltarem posteriormente ao nível de
energia inicial – estado fundamental – libertam energia sobre a forma de calor ou luz
(fluorescência).
Em alternativa os eletrões excitados podem ser cedidos a outras moléculas vizinhas
denominadas de acetores, conduzindo uma reação fotoquímica em que a molécula que
perdeu o electro ficou oxidada e a que recebeu ficou reduzida. Ocorrendo então uma
reação de oxidação redução.
Admite-se hoje que a clorofila se encontra dispersa na bicamada fosfolipídica da
membrana interna dos cloroplastos.
Outros dos intervenientes da fotossíntese, além da luz é a água, esta vai duar H + para
reações que mais a frente se vai falar, libertando O2 para a atmosfera, assim o oxigénio
que as plantas libertam para a atmosfera é proveniente da degradação da molécula de
água durante a fotossíntese.
O CO2 usado pelos seres fotossintéticos é capturado da atmosfera, e vai ser incorporado
nos compostos orgânicos sintetizados pelos seres fotossintéticos. Sabe-se hoje em dia que
embora a luz seja necessária para iniciar o processo de fotossíntese, a incorporação de
CO2 não é diretamente dependente da luz pois este processo prolonga-se na escuridão.
Processo fotossintético
De uma forma geral a reação de fotossíntese pode resumir-se a:
𝐿𝑢𝑧
6CO2 + 12H2O → C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
A água e o dióxido de carbono são obtidos a partir do meio exterior ao nível das
raízes e das folhas respetivamente. Luz, ou seja, a energia, é capturada pela clorofila, um
pigmento de cor verde sintetizado pelas células dos seres fotossintéticos.

Assim determinou-se que existem duas fases na fotossíntese:


 Fase Fotoquímica - em que ocorrem reações dependentes da luz;
 Fase Química – em que ocorrem reações não dependentes da luz.

Fase Fotoquímica
Quando a clorofila é atingida pela luz, origina-se uma corrente de eletrões que se
prolonga ao longo de uma série de proteínas (acetores) que se dispõem ao longo da
membrana interna do cloroplasto, formando uma cadeia transportadora de eletrões.
A passagem dos eletrões pelas proteínas transportadoras liberta energia que vai ser
utilizada para formar ATP a partir de moléculas de ADP e de uma grupo fosfato livre (Pi).
Diz-se então que há transformação da energia luminosa em química, pois a energia dos
fotões que fez os eletrões da clorofila ficarem excitados, e que se vai perdendo à medida
que esse eletrão vai circulando na cadeia transportadora, vai ser armazenada na ligação
química que se estabelece entre o ADP e o Pi para formar ATP.
O referido fluxo de eletrões vai ainda ser utilizado para formar NADPH (a partir de NADP+
+ H+) que é essencial na formação de compostos orgânicos.
Os eletrões excitados que a clorofila perde são repostos pela molécula de água que sofre
fotólise, isto é, o desdobramento da água por ação da luz.
𝐿𝑢𝑧
Fotólise da água: H20 → 2H+ + ½ O2 + 2e-
Repare-se que por cada molécula de água forma-se meia molécula de oxigénio, pelo
que são necessárias duas moléculas de água para originar uma de oxigénio. Os H + vão ser
utilizados na formação do NADPH e os eletrões são usados para repor os eletrões perdidos
pela clorofila.

De uma forma geral o que ocorre na fase fotoquímica é o seguinte:


- Conversão da energia luminosa em energia química por excitação dos eletrões da
clorofila;
- Fotólise da água;
- Fosforilação do ADP em ATP: ADP + Pi + Energia ATP + H2O (o ATP é uma molécula
energética essencial aos seres vivos pois vai ser ela que vai ceder a energia armazenada
nas suas ligações com os grupos fosfato, para as diferentes reações biológicas que
ocorrem nas células);
-Oxidação da clorofila: Redução do NADP+ em NADPH, por ação do H+ libertado pela
fotólise da água.
Fase química
Durante esta fase o CO2 capturado pelo ser fotossintético vai ser fixado em compostos até
dar origem a compostos orgânicos. E para este processo ocorrer vão ser utilizados os ATP e
NDPH sintetizados na fase fotoquímica.
Este processo decorre no chama Ciclo de Calvin (decorre no estroma do cloroplasto),
através de três fases:
 Fixação de CO2
 Produção de Compostos orgânicos
 Regeneração de Ribulose difosfato (RuDP)

O ciclo de Calvin inicia-se com o RuDP, e a sua regeneração na ultima fase permite
que este nunca se esgote e como tal iniciando um novo processo, pelo que se trata de um
verdadeiro ciclo.

O ciclo de Calvin decorre da seguinte forma:


 O CO2 combina-se com a RuDP (uma pentose), formando-se um composto
intermédio de 6 carbonos e instável;
 Este composto intermédio por ser instável rapidamente origina dois novos
compostos de 3 carbonos cada denominados de fosfoglicerato (PGA);
 Cada uma destas PGA vai ser fosforilada por ação do ATP (que ao perder um Pi
passa ADP e liberta energia) e reduzidas pelo NADPH (isto é, recebem um H + do
NADPH que passa a NADP+), formando um composto denominado de aldeído
fosfoglicérico (PGAL)
 Por cada 12 moléculas de PGAL formada, 10 são utilizadas para regenerar RuDP
e 2 são utilizadas para sintetizar compostos orgânicos (glícidos ou outros).
 Assim para se formar uma molécula de glicose (C6H12O6) é necessário que o ciclo
se realize seis vezes gastando 6 moléculas de CO2, 18 de ATP (3 por cada ciclo) e
12 de NDPH (2 por cada ciclo ).
2.2. QUIMIOSSÍNTESE
A quimiossíntese é um processo de síntese de compostos orgânicos que utiliza, tal como a
fotossíntese, o dióxido de carbono como fonte de carbono. No entanto, em vez da energia
solar, usa a energia proveniente da oxidação de substancias inorgânicas, como a amónia,
os nitritos, o enxofre e o ferro. Na quimiossíntese, tal como na fotossíntese, é possível
distinguir 2 fases:
- Produção de moléculas de ATP e redução de um transportador- da oxidação de
compostos inorgânicos libertam-se eletrões (e-) e protões (H+) que vão ser transportados
ao longo de uma cadeia, ocorrendo a fosforilação de ADP em ATP e a redução do
transportador.
- Fixação e redução do dióxido de carbono- esta fase corresponde à fase química da
fotossíntese, ocorrendo também aqui um ciclo idêntico ao de Calvin, onde intervêm as
moléculas de ATP e do transportador produzidas na fase anterior. Neste ciclo verifica-se a
fixação do dióxido de carbono, que é reduzido, permitindo a formação de substâncias
orgânicas.

A fotossíntese e a quimiossíntese diferem basicamente em 2 aspetos:


-na fonte de energia utilizada- energia solar (fotossíntese) e energia resultante da
oxidação de compostos inorgânicos (quimiossíntese);
-na fonte de protões (H+) e eletrões (e-)- molécula da água (fotossíntese) e oxidação de
compostos inorgânicos (quimiossíntese).

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