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PRODOC BRA/04/029 METODOLOGIA PADRONIZADA DE INVESTIGACAO CRIMINAL NACIONAL PRODUTO 2 Diagnéstico atual do fluxo de investigacao no Brasil 0 GUARAGY MINGARDI Maio de 2910 1-RESUMO Dos OBJETIVOS CONSULTORIA Esta consultoria tem por objetivo apresentar um diagnéstico do fluxo da investigac3o criminal no Brasil. Para tanto trabalhamos na identificacdo do modelo, ou modelos, da investigacao policial, detalhando o fluxo da investigaco policial nos crimes sexuals, de homicidio, furto e roubo. 2-EsTAGIO DA CONSULTORIA Como determinado desde o projeto inicial, esta consultoria consiste na realizacao de uma pesquisa que congrega trés atividades distintas e complementares: > Visitas técnicas > Anilise de inquéritos > Entrevistas {A primeira fase, a coleta inicial de dados, foi realizada entre dezembro de 2009 abril de 2010. Nesse periodo, através de visitas a seis unidades da Federagao, fol possivel obter elementos por meio de entrevistas e da observagdo dos sistemas de registro e tratamento de dados. Além disso, as visitas também proporcionaram 0 acesso 20s inquéritos policiais necessérios para a andlise Os Estados visitados foram: © Minas Gerais duas visitas: 18.2 20 de janeiro de 2010 5. e6 de maio de 2010 © Pard—uma visita 11a 14 de janeiro de 2010 * Rio Grande do Norte ~ uma visita 27.229 de abril de 2010 = Alagoas - uma visita 13.2 15 de abril de 2010 + Sdo Paulo 3 visitas a0 Departamento de Investigacdo sobre o Crime Organizado (DEIC), 2 a Delegacias de Defesa da Mulher (DM) e 1 20 Departamento de Homicidios fe Protesio a Pessoa (DHPP) realizadas nos meses de janeiro, fevereiro e margo. ‘Além dos cinco Estados, também foram realizadas duas visitas técnicas a0 Distrito Federal. A primeira em fevereiro de 2010 e a segunda nos dias 5 e 6 de maio do mesmo Nas seis unidades da federagao onde estivemos 0 contato principal foi feito com policiais civis do alto escalio, Unica forma de agllzar as entrevistas e a obtencéo da copia dos inquéritos. Abaixo listamos 0 nome e cargo do policial mais graduado contatado em cada local: } Minas Gerais - Chefe de Gabinete do Delegado Geral da Policia Civil, Delegado Jesus Trindade Barreto Junior > S40 Paulo - Diretor do Decap, (Departamento de Policia da Capital) Delegado ‘Marco Antonio de Paula Santos" > ard - Ex-Delegado Geral, atual membro do Conselho Superior da Policia Civil, Delegado Luis Fernandez Rocha > Distrito Federal — Diretor Adjunto da Policia Civil, Delegado Joao Monteiro.” > Alagoas ~ Delegado Geral - Marcilio Barenco > Rio Grande do Norte - Varios delegados chefes de setores ou delegaciss. Foram realizadas 38 entrevistas’, que proporcionaram informagbes sobre os sistemas investigativos de cada Estado, e coletados 40 inquéritos, Com esses dados fo! possivel atingir cinco objetivos: 7p oetegade marco Antonio fo, durante a pesquisa trasferido para 0 DENARC (Departamento de Narco), mas continua sendo membto do Conselho Superior de Poi. 2 ewido ae rbpidas mudangas na chefa da Policia Civil do DF, no correr da pesquisa o cntato mais regular fo om Dra de instnato de Crminalistca Celso Neneve, que facitou os contatose apresentou policiis que saber o que fazer 4. Identificar 0 fluxo formal de investigagdo policial nos quatro crimes pesquisados. ‘ 2+ Identificar o fluxo real da investigagao nos quatro crimes pesquisados 3+ Verificar 0 que 0s policials de ponta consideram uma boa investigacdo 4e. Identificar 0 que os policias consideram uma investigagao ruim 5- Identificar quais os entraves a investigac3o © roteiro das entrevistas dependeu do numero de entrevistados. Ele foi usado na integra apenas em casos em que havia um sé entrevistado, Quando havia mais de um, 2 regra foi deixar os entrevistados falarem livremente, entrevistador intervindo apenas quando a discussdo perdia muito 0 foco. Quando a entrevista foi sobre sistemas informatizados empregados pelas policias, 4 idéia bdsica fol tirar todas as informagdes possivels sobre seu funcionamento, deixando de lado as técnicas investigativas e 0s casos concretos. O roteiro basico da entrevista passava pelas seguintes fases: > Deixar claro que sou “da casa” Experiéncia do entrevistado Estrutura e atribuigdes do Srao a que pertence o entrevistado O que é um inguérito perfeito que é uma investigacao bem feita naquela area ‘Qual 0 procedimento padro apés a queixa Qual a sequéncia de passos ‘0 que provoca a resolugdo do crime (fatores de resolucao) vvvvvVvV VY Qual a percentagem de resolucéo © trabalho com os inquéritos, mais demorado e complexo, teve duas finalidades: comparar os métodos de investigas3o que deram resultado postivo e elaborar estudos de casos, Além disso, também buscamos identificar quais os fatores de resolugdo pare cada um dos tipos criminais estudados, bem como 0 tramite do inquérito policial © © tempo gasto nos tramites burocraticos. ono enteuisas no Pard, sete em Minas Geri, selsno flo Grande do Nort, sls em Alagoas, sis no DF, nga om #0 rane ea seo zentaram com mals de um entrestado,pinpamente em S3o Paulo, Par ¢ Nagoa, acai onde retcamente todas a entrevista iveram 2 partcpasso de dois ov mas entreistados Para analisar de forma sistemética os inquéritos foi utilizada uma versio | atualizada de um formulério que j havia sido empregado de forma limitada em outra | pesquisa financiada pela SENASP intitulada “A Investigacdo de Homicidios - Construgo de um Modelo”, realizada em 2005. (Na pagina que se segue esté uma copia em branco do formulério que, embora tenha sido feito para inquéritos de homic{dio, foi adaptado para os outros trés tipos de crime que iremos analisar: roubo, furto-e estupro. Ele foi usado em todos os inquéritos obtidos, com a finalidade de ajudar a ‘entender o fluxo da investigacSo, identificando os principais documentos constantes de cada procedimento, aqueles que tinham alguma informago relevante, Durante este relatério iremos apresentar quatro desses formuladrios preenchidos, um para cada crime ‘estudado. A escolha destes quatro foi motivada por sua relevancia para explicar algum dos pontos discutidos, Tnquarito ne: 2 Data da Portarie: Data dos fatos: ‘Data do BO: Reva Local dos fotos: Fripe de to a ST RESET omy aaa SO fo ee ue ee | Fa gr ota teem Despacho do Delegaso EET Trude Necroscopico pear nne uf RG ara os a D am 7 ENR OC OTe an ee Resuado no MP lexis oe a ee) eT AURA 3-FLUXO FORMAL Este capitulo trata da formalizacio da investigaco, porém néo pretendemos aqu entrar na discussso juridica sobre o inquérito, muito menos lidar com as milhares de péginas que debater a teoria e jurisprudéncia sobre ele. Tentamos apenas mostrar base formal da investigacio, sem adentrar seus meandros, que advogados, juizes © promotores trilham hé muitos anos, sem causar qualquer mudanga de foto na investigago real, objetivo deste trabalho. 05 principios gerais que embasam a investigacio policial derivam do Cédigg de \ processo Penal (CPP) que, em 20 artigos (48 a0 23), determina o que é 0 Inquérito Poliéal, quem pode produzi-lo, seus prazos e seu contetido, £ evidente que depois da edigo do atual cédigo (1942) muita agua jé rolou debaixo da ponte. Ele foi alterado algumas vezes, muitas leis e vasta jurisprudencia o complementam, mas ainda é a principal fonte do que pode © do que deve fazer um Delegado quando na condugSo do inquérito. E logo no primeira artigo (4#) do capitulo dedicado a0 inquérito o CPP determina que: “art. 48 A policia judieiéria seré exercida pelas autoridades policiis no territério de suas respectivas circunscrigBes e teré por fim 2 apuracso das infragdes penaise da sua autor pardgrafo nico. A competéncia definida neste artigo ndo exclulrd 2 de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma funcéo"* Na prética, todo inquérito polical se inicia com a portaria do Delegado, mas ela deve ser motivada por noticia crime, requisigo do Ministério Publico ou da Justiga ou representacio da vitima. Uma quarta forma é 0 flagrante delito, mas esta no nos interessa por se tratar de situacio onde a investigagao praticamente inexiste. Em um dos crimes alvo desta pesquisa, 0 homicidio, a grande maloria dos inquéritos é instaurada através de portaria do Delegado de policia, afinal existe um corpo @, portanto, razio para a instauragSo, Nos casos de roubo € furto existern multos flagrantes, mas no nos deteremos neles pelo motivo exposto acima, Nos casos em due existe investigacio, porém, quase todos so iniciados por portaria, existindo alguns em que 0 Delegado ¢ instado por requerimento do Promotor, ¢ mals raremente do Ju, 2 instaurar 0 inquérito. 14 no crime de estupro existe a necessidade de representardo, ou seja, nao basta ® gutoridade ter noticia do crime, a vitima tem de querer que ele seja Investigado para que © Delegado possa dar inicio ao inquérito, O Cédigo de Processo Penal determina que: TZimerenante nota que na redo onighnalnSo hava o pardgrato nico, que armplio, em algumasctunstinda © leave dos que podem investiga. 4.490 inquerito, nos crimes em que a acdo piblica depender de representa¢éo, 199 ‘no poderd sem ela ser iniciado. 8 E a obrigacdo da representagio nesses crimes se basela no Cédigo Penal'que. determina: “art, 225. Nos crimes definidos nos Capitulos | ¢ Il deste Titulo, procede-se mediante aco penal publica condicionada @ representacao. Parégrafo nico. Procede-se, entretanto, mediante ago penal publica incondicionada se a vitima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerével”> Quanto aos demais passos do inquérito, 0 tramite formal ndo varia muito, e esta quase todo deserito no Cédligo de Processo Penal. 0 artigo 6° determina que a trilha a ser we seguida pela equipe seja: > Ir-ao local do crime para preservé-lo, > Apreender os objetos e colher as provas que ajudam seu esclarecimento, > Ouvir o depoimento da vitima e do suspeito (se houver), > Determinar as pericias; > Qualificar 0 suspeito e levantar seus antecedentes Quanto & identificagSo e oitivas de testemunhas 0 cédigo é menos explicito, pois s6 as menciona junto com a coleta de provas genéricas. O texto legal é o seguints sny)-cother todas 28 provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas cireunstancias;” e 1A segunda mengo as testemunhas s6 é felta no artigo 10, quando o texto ‘explicita que no relatorio final “podera a autoridade indicar testemunhas que nao tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.” Nesse mesmo artigo € que a legislagdo determina os prazos do inquérito, explicitando que em casos de réu preso 0 término deve se dar em dez dias, ‘enquanto nos inquéritos comuns 0 teto de 30 dias. Depois disso “a autoridade fard minucioso telat6rio do que tiver sido apurado e enviaré os autos ao Juiz competente.” TOs cartulos Ise referem basicamente a estupro © abuso de menor. Delegado pode “requerer a0 Juiz a devolucéo dos autos, para ulteriores diligéncias, a sero realizadas no prazo marcado pelo Juiz”. © fluxograma a seguir mostra de forma simplificada as principals etapas do inquérito polical, na hipétese que haja identificagdo do criminoso no periodo de um més. FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO REPRESENTACAO, ia Si OUNOTICIA CRIME PORTARIA Se, como normalmente ocorre, o inquérito nao & concluida em um més, 0 Delegado, em seu relatério, pede a extenséo do prazo, que deve ser concedida pelo Jul Em alguns Estados a concessio do prazo € feita diretamente pelo MP. Entdo depois de io e Ministério Publico, o inquérito volta para a mesma equipe da ‘ramitar no Judi Policia Civil, que tem mais um més para termind-lo. E esse vai e vern no tem prazo legal para terminar®. Esse € um resumo do modelo formal do inquérito, vejamos como as insttuicbes se ‘comportam na pratica. ae Segundo ttinformado em mas de ura entrevista, essa cera no se apica sempre Exster Inurtos no io anes eee ee van para hito quando recebem o resto fina, em outras palawas, 2 ogra de um més & completamente ignorada 4-FLUXO REAL ‘A investigagao de cada um dos quatro crimes aqui estudados ocorre de manelra singular, no s6 devido 20 tipo penal, mas também por causa da geografia. Ou seja, cada Estado visitado utiliza ritos ligeiramente (e as vezes muito) diferentes. Comecemos pelo ‘mais grave de todos os crimes. INVESTIGACAO DE HOMICIDIOS 0 primeiro ponto a ressaltar € que nem sempre é cumprida a principal regra da formalizacao, que é a instauracSo do inquérito. Em dois dos Estados pesquisados, Alagoas @ Rio Grande do Norte, os policiais admitiram que muitas vezes 0 inquérito no é instaurado. O corpo é encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) que produz um laudo, 6 feito um Boletim de Ocorréncia, mas estes dois documentos ficam mofando em alguma gaveta, Eles 56 viram inquérito se algum familiar reclamar, se no, ficam arquivados para sempre, segundo os entrevistados essa prética esté desaparecendo, pols existe maior fiscalizago, mas ainda ocorre algumas vezes. Mesmo no Paré um Delegado do Conselho Superior afirmou que no pode garantir 100% de instauragao de inqueritos. 44 nos outros Estados e no DF todos foram unénimes em afirmar que todo homicidio gera inquérito. Na realidade, a instauracdo de inquérito em todos os homicidios nao era padrso hd umas décadas na maioria do territério nacional, Seguia-se 0 modelo usado nos crimes contra o patriménio, que era instaurar inquérito apenas em dois casos: quando houvesse tum suspeito ou quando 0 crime provocasse comorio. O motivo disso serd mais bem detathado quando lidarmos com as investigagées de roubo e furto, Por hora, fica registrado que existe uma obrigardo legal de instaurar inguérito nos casos de homicidio. quanto a investigasao propriamente dita, ela se divide em duas fases: preliminar € de seguimento, A Investigago Preliminar € aquela que se inicia logo apés 0 descobrimento do crime e continua até a liberagdo do local pela policia. Normalmente dura poucas horas. 16a Investigagso de Seguimento ocorre apés a policia delxar 0 local © 4 felta tendo como ponto de partida os indicios ou provas obtidos na Investigacio preliminar. Pode durar dias, meses, ou mesmo no chegar a lugar algum. Vejamos como se comporta a Policia Civil em ambas separadamente. 10 Investigagao Preliminar feralg q ‘A investigacio preliminar no local do crime esta prevista no Cédigo de tessa penal e compreende basicamente © estudo do local do crime e 2 Identificagso.das,, testemunhas Normalmente a responsabilidade pela preservacdo do local do crime é da PM, uma vez que, em regra, ela é a primeira a ser acionada pela populagao. Preservar significa impedir qualquer modificagso no local do crime até a chegada da pericia técnica. Na prética a auséncia de preservagio dos locals de homicidio é a primeira de muitas falhas diagnosticadas na rotina da investigagao, em todos os Estados pesquisados, Essa falha ‘corre quando 0 local simplesmente ndo é preservado e também pela md preservasio. ‘Anno preservacio deriva, algumas vezes, de causas que fogem da esfera policial. Ha crimes nos quais o local é adulterado antes da chegada da policia. z 2 populagfo... ndo tem a cultura de preservar o local do crime até 2 chegada dda policia” (Perito Criminal ~ Sao Paulo) Mesmo quando a policia chega 20 local em tempo, também pode ndo haver preservaglo. sso ocorre quando a vitima, mesmo morta, é socorrida. O motivo disso & se livrar da ocorréncia, para que o policial no perca horas no local, esperando a Policia Civil ea Pericia Outras vezes 0 local € mal preservado. Principalmente por falta de condicdes materiais para preservaggo, mas também devido & pratica da Policia Militar de mexer no corpo e no local, tentando identificar vitima e autor e interferindo com as provas’. “Normalmente quem chega primeiro ¢ a policia militar, e nao é feito o local de crime a contento, Se for durante o expediente vai o delegado, € pra ir, né? Se for fora do expediente val a delegacia de plantio, Uma engloba todas as distritals da zona norte e a da zona sul engloba a zona leste, oeste € sul’ (Delegado de Natal) Quanto & qualidade da preservaclo, existem alguns problemas graves em todos os Estados, uns mais outros menos. A delegada de homicidios de Alagoas, por exemple, relata que o que a PM considera preservacio é cobrir 0 corpo e impedir que 2 populagso pise nele. Na maloria das vezes a preservagao, quando & bem feita, se limita apenas 20 Tpagumas veer 0 indo & subtalé para Impedt prova pera, 0 que costuma ocrrer nos casos de homicios praticados po colegas pliciais. uw que seja possivel encontrar indicios ou provas materials. ‘A falta de condigées deriva do descaso do poder publica, E comum, nos vérios Estados, que as viaturas policiais no tenham sequer a fita plastica utilzada para demarcar o local do crime. Quanto ao inicio e desenrolar da investigacSo propriamente dita, isso depende da organizagio do Estado. Alguns tém equipes especializadas outros no, mas mesmo nos que tém essas equipes, 0 momento de seu ingresso no caso varia, Na cidade de Sto paulo, por exemplo, quem comparece a0 local varia de acordo com a responsabilidade pelo caso: policia da érea ou divisdo de homicidios (Departamento de Homicidios © protegdo a Pessoa ~ DHPP). A regra que determina as competéncias diz que o DHPP é responsével pela investigago dos casos de autaria desconhecida, © as delegacias locals dos casos de autorla conhecida, No Rio Grande do Norte o homicidio, pelo menos no Inicio, & de responsabilidade da delegacla, s6 vai para o pessoal especializado apos multo tempo, as vezes meses ou anos. com excecdo do DF, as especializadas existentes atendem basicamente nas capitals e regies metropolitanas. No interior elas s6 atuam quando determinado pela chefia da poli Uma situagdo sui generis é a de Alagoas, onde a Delegacia de homicidios ¢ recém criada ¢ ainda tem algum caminho a percorrer antes de criar sua prOpria metodologla, ‘Alguma vantagem a criacdo da especializada tem, pols, como admite uma delegad: “*Nis criamos a delegacia de homicidios agora, ainda no deu tempo pra ver se funciona, mas pelo menos os inquéritos esto sendo feitos.” (Delegads, Macei6) 'A existéncia da delegacia foi precedida por duas visitas técnicas nas quals s° estudou a forma como atuavam as especializadas de Séo Paulo e Sergipe. 0 Barenco (Delegado Geral) foi ver como funciona em Séo Paulo, no DHPP, € também vimos como a Policia faz em Sergipe. No deu pra usar tudo, tem coisa que eles fazem Ié que no dev aqui. Mandar gente disfarcada pros locals [Mi Sot ee pura eilaresrever todo 0 momento unidade de federao, manteremos a nomenltura Estado, mesma sabendo ea besa &o Distro Federal mas de qualquer forma as competencies gu ratadas sho as mesimas 2 $4 corpo e seu entorno imedlato, enquanto que a regra é que se preserve toda 2 drea em £ no funcionou. Os agentes logo ficaram conhecidos. A gente atua numa érea pequena, sé dois distritos.” (Delegada, Maceié)” Em todos 0s locais tramite comeca com chegada da PM ao local do crime, depois ‘a Policia Civil e por Ultimo da pericia. Isso faz com que @ equipe da pericie seja acusada pela demora do atendimento da ocorréncia. Os motivos disso sdo, em todos os Estados, @ burocracia da comunicagao e a falta de efetivo."° Embora esteja determinado no Cédigo de Proceso Penal, nao é sempre que © Delegado comparece a0 local. Em S80 Paulo, constatamos que o comparecimento ocorre apenas quando se trata de Delegado do DHPP. Nos demals Estados @ situagéo varia muito. Em Alagoas sé agora, com a criagdo da Delegacia de Homicidios, 6 que uma equipe sempre comparece 20 local. Isso em apenas duas areas da cidade, locais onde @ nova delegacia tem jurisdicio. No modelo minelro, cujo DHPP tem cerca de 400 funcionsrios, ‘eles atendem todos os casos, mas sem a presenga de um Delegado quando o crime ocorre durante os plantées noturnos ou de final de semana, ‘Assim também ocorre em So Paulo, onde a equipe de plantdo atende 0 local de crime, mas a investigagdo enviada para outra equipe, responsavel pela regiao do crime Em outras palavras, 0 local ¢ feito por uma equipe e a investigago de seguimento, bem como 0 inquérito, é feita por outra, Outra semelhanga entre os dois Estados ¢ a existéncia de retatérios padrao que as equipes de local de crime tem de responder. Em Minas o Relatério Circunstanciado de Ocorréncia e em Sao Paulo a Recognicso Visuografica, Ambos séo documentos elaborados pelo Delegado no qual devem ser registradas informagBes minuciosas obtidas no local do crime. Neles esto contidas as seguintes informagbes: > descrigao e croqui do local > informacBes sobre a arma > descricao do cadaver pamponafia do Delegicie de Horas de Maceiéocrreu depois de sinatra de um conéro com SAAS € aaare rae de vtas onde fol acertads 2 ca¢30 da ‘unidade como forma de tar das delegacis tetova ess2 Incumbénci e criar expertcenesse tipo de investiga, 1 Gaga fata de efetivos algumas vere dria 6s bis saliis eda compensacio que & fea peas instigbes dando Iongas folgs para que o Servidor faga um “ico”. 2 lagoas também comecou recentemente 2 usar um moselo de formuéro a ser preenchido pelos pales delostna de nomic Ele 01 baseado na RecogigSo Visugrifia de Sio Paul, mas f um poucasimpiicads para scodaptor as crcunstancias locals © anexo 2trar uma cépia desseformuléro 3 > pessoas ouvidas e informacdes coletadas \ } fotos do local tiradas pelos agentes (s6 em Minas Gerais) Sis Na prética, porém, acabam por ser muito padronizados e tem sua utilidade reduzida por isso. © que difere nos dois é que em Sao Paulo o DHPP sé faz casos de autoria desconhecida, enguanto em Minas atende todos os homic{dios consumados. ‘A pericia, que em alguns casos pertence & Policia Civil, noutros é independente, trabalha com 0 espago delimitado que normalmente se restringe 8 érea imediata. Segundo constatamos, tanto nos inquéritos quanto nas entrevistas, raramente s30 coletadas impressées digitais e quase nunca pegadas. Quanto ao croqui do local, muitos peritos entendem que ele pode ser substituido pelas fotografias. Por isso no 0 fazem. © DF tem dois fatores que o diferenciam na investigagao preliminar, Um € a qualidade da pericia, que normalmente é mais minuciosa e bem equipada que nos outros Estados, inclusive S80 Paulo e Minas Gerais. 0 tempo de chegada ao local também ¢ menor, pois as distancias so relativamente curtas e com transito muito mais fluido. Em Alagoas a experiéncia de unidade especializada é recente. © Rio Grande do Norte é 0 Estado visitado em que a delegacia de homicidios tem pior estrutura, e menos atribuigBes, pois eles nunca, ou pelo menos raramente, fazem local de homicidio, Na realidade o inquérito s6 chega a eles apés meses dormindo em uma gaveta numa delegacia comum. Os problemas, porém, também tem a ver com 8 falta do trabalho inicial de qualidade, tanto pela policia como pela pericia: chega 0 pessoal (da delegacia do bairro) e faz um local de crime mediocre Faz um boletim de ocorréncia, que no é Informatizado e faz a gula pro ITEP (instituto Téenico-Cientfico de Policia). E tem dois laudos que demorem demais. Trinta dias a 3 meses o necroscépico e o de local mais de um ano.” (Delegado de Natal) 3 alia que se segue, ealetada ra ineret, mostra um padrbo que se renete em vrios focal ther de forma menos aguda nos grandes Estados, que tem melhor estrutura pola: so inattute Térico-Clentifico de Pola (ep) detou de concur quase il perlias no ano passado, A quantidade de Froceliments ndo conculGos chamou atencBo da Coregedoia Geral da Secetaris de Sequranca Pubes ¢ Oates proe eesed, que ne comego do mes Instauru 15 processosadmlnstativosdcpinares para apuraro que clasiicou soe reacio™ = athudes,neglgentes oU ator Ymprudentes do empregado que causam prejito 0 serifor” bt: /wraominuto.com] 28/07/2008 4 Quanto 8 necessidade da presenca de uma equipe no local, com aiguém com. poder de mando, o depoimento de uma delegada de Belém mostrou a diferenca que faz esse contato de quem investiga com o local. Trata-se da investigacdo da morte de um homossexual em sua residéncia. Havia suspeita inicial que os matadores, que também roubaram alguns bens, tivessem sido convidados pela vitima 2 entrar. O fator de ‘esclarecimento fol uma denuncia anénima, mas a.prova veio de outra fonte: “Teve um latrocinio que eles chegaram e atiraram, mas antes beberam um refrigerante e gua, 0 “local de crime” (pericia) néo recolheu, mas eu peguel tudo, quando os suspeltos foram presos fizemos DNA e pronto.” (Delegada, Belém) Um dos problemas da investigacao preliminar foi mencionado num artigo recente por Joana Vargas, 20 se referir ao costume de manter duas equipes diferentes no mesmo caso, Como mencionado anteriormente, tanto em Séo Paulo como em Minas a equipe de plantdo faz a investigacéo preliminar, depois passa para outra, que vai instaurar 0 inquérito e realizar as investigacdes de seguimento. ‘0s agentes de plantio podem tornar-se especialistas na coleta de locals de crimé’, mas definitivamente no compreendem a fundo a dinémica da criminalidade das localidades onde atuam, 0 que, nas palavras dos préprios operadores, prejudica sensivelmente 0 trabalho de investigacdo preliminar, criando uma descontinuidade entre as duas fases do inquérito de homicidios.” (VARGAS, Joana Domingues. P. 145) Investigago de Seguimento Pericias 1k parte da investigagSo relativa & prova material compreende tanto 3 med legal quanto a pericia técnica (criminalistica). Constatamos, tanto nos inquéritos como nas entrevistas, que a pericia serve, m2 grande maioria das vezes, apenas para determinar © que ocorreu ndo quem matou: Em alguns casos a prova técnica produzida a partir da atividade de pericia serve pare rebater alegaBes da defesa quanto as circunsténcias do homicidio, por exemplo, invalidando teses de autodefesa. Também é uma forma de corroborar 0 que fol extraido das testemunhas. 6 ‘Um exemplo da precariedade do emprego da pericia diz respelto as impresses Jigitais. A coleta de digitais, empregada pela pol hd mais de 100 anos, tem utilidade. limitada pela falta de um banco digital que possa ser usado para comparacdo das impressées encontradas no local. Todos os policias entrevistades relatam que quase n#0 ha resolucdo de casos a partir das impress6es digitals. Em Alagoas, Rio Grande do Norte € ard, todos foram undnimes em afirmar que nfo viram nenhum caso resolvido a partir das digitais retiradas no local. A falta de uso da prova técnica também é fruto da lentidéo com que é acrescentada 20 inquérito. Ainda que a pericia seja feita de imediato, como é 0 caso da necropsia ¢ do exame perinecroscépico, a confecgo do laudo demora meses, Assim, nfo 4 raro vermos inquéritos relatados sem laudos quando o responsavel pela investigacao /é desistiu de esperar sua chegada, Existem varias explicagbes para isso, uma delas ¢ 2 deficiencia da pericia, que normalmente é a irma pobre das policias, mas fora isso existe uma questio de comunicagdo, Mesmo que 0 laudo demore a ser incluldo no inquérito, nada impede que se estabelega uma linha de comunicacdo entre o perito e 0 Delegado, permitindo a este ter acesso aos dados mesmo antes do laudo estar pronto. £ 0 sistema formaimente™. de Brasfia, que em alguns locals ¢ reproduzid ‘Uma caracteristica que interfere no relacionamento entre 0 setor pericla 6a estrutura formal do aparelho repressivo do estado. Em Séo Paulo 2 pericia esta numa superintendéncia que responde diretamente a0 Secretério de Seguranca. Em ‘Alagoas 0 modelo é parecido com 0 de Sao Paulo, ja que existe um Centro de Pericias Forenses que responde ao Secretério. Em Minas e no DF a criminalistica faz parte da estrutura Policial Civil. J4 No Rio Grande do Norte e no Para as pericias so feltas por uma autarquia, o que dé ainda mais independéncie ao setor, porém dificuta o contato entre 0 delegado e o perito. Citivas ‘AtradigSo juridica brasileira determina que a Investigacdo seja centrada na prova testemunhal, mas tradigZo, como sabemos, no é sindnimo de qualidade, Na verdade 0 modelo brasileiro ests, ou pelo menos esteve durante muitos anos, igado @ conflsszo. Tura carectereica diferencia de Basia € que d= crminalistca vata todos os locas deerme, nde 8 homiis © faz perca, Olaudo, porém £6 & confecconado se for nstauradoinquérito 16 Existem pelo menos dois tipos diferentes de oitivas: 0 interrogatério, que é usado, para ‘extrair a confissio do culpado e a verdade de uma testemunha hostil, ¢ @ entrevista, que 6 usada para obter o maximo de informagdes das testemunhas, sejam elas relutantes Ou no. Nos inquéritos de homicidios analisados pudemos constatar que a seqiiéncia de citivas se inicia pelas testemunhas presentes no local do crime, quer tenham presenciado ‘mesmo ou nfo. Depois chega a vez dos familiares. A primeira rodada termina quando 2 Policia ouve as pessoas indicadas pelos primeiros entrevistados. ‘Algumas vezes no s8o ouvidos os policials miltares que fizeram @ guarda do local. Esse costume faz com que se percam informagdes que esclarecem alguns detalhes, ou mesmo fatos importantes, ouvidos pelos policiais que guardavam o local do crime. 'hs testemunhas presencials s8o arglidas sobre o que viram ou ouviram, descrico dos homicidas, identidade dos homicidas e a sequéncia de eventos que levou a morte da vitima ‘Quanto aos parentes e amigos da vitima, as perguntas versam sobre os inimigos da vitima, se era usudrio de drogas ou envolvide com o crime, se tinha inimigos € os acontecimentos do dia do crime Quando so chamadas outras testemunhas normalmente elas so indicadas pelas primeiras e 0s depoimentos variam de acordo com o relacionamento com a vitima € 2 linha de investigacdo seguida. Nos inquéritos em que o crime foi esclarecido, © suspetto geralmente & ouvido mais de uma vez: a primeira como testemunha e a segunda como suspeito, © motivo disco 6 que a maloria dos homicidios & cometida por um conhecido, ou parente da vitima, portanto ele pode ser ouvido primeiro como testemunha e, s6 depols, como suspelto, Dois dos casos de $40 Paulo analisados exemplificam isso: num deles o autor estava com as vitimas e contou uma versio dos fatos incompativel com a trajetoria dos isparos; em outro 0 marido da vitima, contou uma histéria que fol faciimente desmentida por outras testemunhas. As contradigBes foram os principals motivos Pare © esclarecimento de ambos 0s casos. (© uso das oitivas muitas vezes é excessivo, tendo por finalidade apenas mostrar servigo, ndo esclarecer 0 caso, Decorre, em algumas oportunidades, da necessidade que 0 v7 14 & fe aS. \ presidente do inquérto (0 Delegado) tem de mostrar servgo, para os superiores ou 2 ¥ imprensa. Esse tipo de inquérito normalmente é arquivado, pois néo chega a lugar algun, Acadeia de evidéncias e as provas © grande problema para constituir essa cadeia € 0 modelo do Inquérito. A aparente falta de ordem nas evidéncias, causada pela necessidade legal de incluir os documentos na ordem de chegada, toma muito dif que @ cadeia de provas figue jidente por si mesma. Outros problemas jé foram mencionadgs anteriormente. Um deles é 2 falta de um norte visivel para @ investigag3o. Mesmo no caso daqueles delegados que mantinham os rumos do inquérito sob controle, utilizando a cépia para anotar suas dividas ou suspeitas, fica dificil perceber 0 fio condutor simplesmente lendo as pegas do inquérito. ‘As dlligancias do investigagio sBo determinadas pelos delegados por melo de ordens de servico. Nos inquéritos das especializadas existe um padrdo que determina 2 prévia leitura do inquérito pelo investigador, para melhor aproveltamento 42 diligencia, costume que no é seguido em muitos locais Uma questio relevante que perpassa as seis unidades da federacao tem 2 ver com a linha de investigacao. € dificil identificar uma, ainda mais com a constante troca de responsével pelo inquérito. Encontramos inquéritos em que 0 Delegado responsével foi constantemente trocado. Delegados entrevistados no DHPP de So Paulo afirmaram que a forma de manter essa meméria das investigagdes € anotar tudo na cépia do inquérito que mantém consigo. Um problema que salta aos olhos nos inquéritos estudados € © seu direcionamento. Isso faz com que o Delegado busque apenas prova corroborative, o que 4 um erro légico. Num manual da CIA sobre andlise de informagdes os autores afirmam que existe a: +(.) tendénela para acomodar informagdo nova a imagens existentes, Isto € téeil fazer se as informagées que apbiam uma hipétese s8o aceitas como alias, enquanto informagdes que a debilita so consideradas de eonfianca questionével ou uma anomalia sem importincia. Quando 2 informaczo ¢ processada desta maneira,é fail de "confirmar” quase qualquer hipétese que 18 ‘a se acredita ser verdade.” (Hever) > ‘ Apesar destes e outros problemas, muitos casos s80 elucidados, e o fator que mats contribui para isso s80 os testemunhos, muito mais do que 2 prova técnica. Entre os entrevistados foi undnime a opinio de que os casos so resolvides através de provas testemunhais, seja pelo fato da testemunha ter visto o crime, seja por ter ouvido falar sobre a autori. Outro fator importante de resolugdo é a denuncia, muitas vezes anénima, Problemas Uma das constantes na investigaco de homicidios ¢ ser considerada uma das investigagdes mais faceis por dois motivos. © primeiro 6 que o local do crime, quando bem trabalhado, pode revelar muito sobre seu autor. £ uma questo de saber usar a pericia e o raciocinio reverso, do efeito para a causa. © segundo que nao é, normalmente, um crime cometida por desconhecidos. Ne maioria dos casos vitima e autor se conhecem, e a0 reconstruir 0 passado da vitima se pode ver quem tinha interesse em maté-la. ‘As estatisticas inglesas, por exemplo, revelam um indice de resolucdo de perto de 90% ¢ as americanas cerca de 70% na década passada. No Brasil, apesar da resolusao de hhomicidios ser ber maior do que nos crimes contra o patriménio, ela esté bem longe destas marcas. 0 Delegado chefe da Divisio de Homicidios de Minas Gerais falou em 60 ou 70% de resolugio, mas admitiv que estes nimeros tem a ver com a convicsso do Delegado que preside 0 Inquérito, nfo com o ndmero de individuos que s8o levados 20 Jur. A taxa de esclarecimento de homicidios em Belo Horizonte varia de 8,82% em 2000 2 43,48% no ‘ano de 2006, segundo Sapori. Ocorre, porém que estes niimeros nfo mastram uma evolugo linear & como se houvesse periodos de boas colheitas, intercalados com quebra da safra. Na capital paulista os dados do Ministério Pblico mostram que em cerca de 30% dos casos existe dentincia. No interior a cifra é€ um pouco malor, pols quanto menor 2 cidade mais facil resolver um 1c. Nos dois Estados do Nordeste pesquisados esse simero é inferior 2 105, embora néo existam estatisticas para comprovar isso, A situagao 19 § S&S YY de Belém é um pouco melhor, mas as estatisticas também no séo confiavels. Quanto, a0 DF, 0s policiais ouvidos estimam que cerca de 60% dos casos so resolv jos, mas pesquisas feitas com os dados do Ministério PUblico do DF revelam que esse niimero seria inferior a 40%. Um dos problemas é a burocratizacéo do inquérito, que exige a assinatura de um delegado para tudo, Mesmo nos casos em que ele passa ao largo da investigagao: “purante a pesquisa de campo fol posstvel observar que muitos escrivaes praticamente conduzem inquéritos sem que o delegado tenha sequer conhecimento dos andamentos das investigagSes... 0 delegado emite um despacho inicial padrdo, ‘A partir da emiss3o dessa portaria padrdo, alguns delegados s6 voltam a ter contato com 0 inquérito quando retorna 2 suas mdos devidamente solucionado.” (VARGAS, Joana Domingues, PP148) Cutro tipo de descaso também é fatal para as investigagbes de homicidio, Quando © inuérito é simplesmente esquecido, tanto pela policia como pelo Judiciario © pelo Ministério PGblico, que no cumprem sua fungdo de fiscalizar o trabalho policial: ‘aqui tem muito inguérito que s6 val pra justiga quando esté concluido, Tem coisa engavetada em todo canto.” (Delegado, Natal) A seguir esté 0 formulério que acreditamos mostrar o desenvolvimento do inquérito que mais representativo de uma investigagao de homicidios: 20 as da Pol r Equipe da Pericia (Local): Sem informacio. da rva do Sindicato quando retornava sozinha do almogo. SS Se BE, | a= Bal [—09/32/2000f | | ell zfajzoof | ‘Oia de Testemunha (esposs da vitima —aditamento) [omvedearesemontas preseresnotoca do homeo] J 220 z6r/onf | FFermo de Declaracbes (presidente do SINDICARGAS — Guarulhos) [13/12/2001] otiva de 5 testemunhas (colegas, aditamento) 399 20/12/01 FFermo de Acareacio (secretario geral e vice:presidente do SINCOVERG) [21/12/2001 | Tame cant : =a oe Empresas de Transporte de Cargas Secas e Mothadas de SP e itapeceric da Serra) 28/03/2002] esl aaa eee ome | eral rae | el | een | oom | L Fpeminarenroneares eer ee LO [ORDENS DE SERVICO = ir ide n674/2001) Farge oat 2 2 |e solugio: Peat: Reletério Final do Delegado, 2 autoria dos disparos fol atribulds @ Severino Teoténio 40 Nascimento ea “encomenda" do crime a Antonio Fernandes de Sous, | Data [09/08/2002 [Resultado no MP: Dentincia de Severino Teot6nlo do Nascimento {Vulgo: Titonho ou -Tonho} e Anténio Fernandes de Sousa (Vulgo: Grilo} 2a

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