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1 Em paralelo, notário, segundo a Lei 8.935/94 – Lei dos Notários, é aquele que traduz, por
uma linguagem clara, concisa e técnica, as variadas manifestações das pessoas nas
entabulações de atos e negócios desejados.
2 Bem como o Código Civil de 2002, em seu art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de
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Já na civilização romana, devido à até então dispensa do documento
escrito, imperava a lei natural e a boa-fé da palavra dada pelos cidadãos em
juízo. Posteriormente, com a expansão da sociedade e multiplicação das
relações civis, percebeu-se a presença crescente dos vícios consensuais, fato
que exigiu a previsão das formalidades romanas – surgindo, ai, a figura do
contrato escrito.
Com Justiniano, unificador do Império Romano, a atividade de tabelião
fora finalmente regulamenta. Como se sabe, seu Código Civil, conhecido como
Corpus Juris Civilis, conferiu ao Direito Romano suas dimensões elevadas –
conhecidas até hoje.
Pode-se creditar à legislação justiniana a instituição do protocolo,
determinando a lavratura do instrumento em papel identificado com a marca e
nome daquele, bem como a época de sua fabricação. Objetivava-se com sua
previsão, dificultar a falsificação. Por isso, ostenta-se ser o protocolo o ato mais
significativa, do ponto de vista da lisura do procedimento.
Como se intui, o sentido antigo do termo em nada lembra do
contemporâneo. Hodiernamente, protocolo é livro permanente do tabelião,
onde são apontados todos os títulos, documentos e papéis apresentados,
diariamente, para serem registrados, ou averbados.
Por sua vez, a atividade notarial, no Brasil, sofreu grandes influxos
portugueses. Como se sabe, a legislação alienígena fora utilizada enquanto
não editada a brasileira – perdurando, em determinadas matérias específicas,
até a vigência do Código Civil de 19163.
Diferentemente do ocorrido na Europa e na América Espanhola,
referências atuais na matéria, o Brasil manteve-se alheio durante as
transformações ocorridas ao longo do séc XVII e XVIII. Para se ter uma noção,
apesar das muitas deficiências, apenas em 11 de novembro de 1827, fora
editada uma lei regulamentando o provimentos dos ofícios da Justiça e da
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Fazenda – passando a proibir a transmissão a título de propriedade, mantendo,
contudo o regime de sucessão hereditária da função.
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Referida lei, regulamenta o disposto no supracitado art. 236 da CF/88,
disciplinando a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais e de
seus prepostos, além de definir a fiscalização exercida pelo Poder Judiciário,
bem como a forma de ingresso na atividade, a saber, por concurso público –
não mais incidindo o privilégio constante no art. 208 da Constituição de 1969.
Por esse novel dispositivo legal, além de conceituar os serviços
notariais e de registro como organizações técnicas e administrativas destinados
a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficiência dos atos
jurídicos, define notário, ou tabelião, e oficial de registro ou registrador, como
profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício
da atividade pública estatal
Por todo o exposto, pode-se perceber que a função notarial vem
ganhando grande relevância, nos últimos tempos, devido às inovações
legislativas, como a lei 11.441/2007, que atribuiu novas competências aos
notários, tendo em vista o movimento do judiciário brasileiro no sentido de
moralizar a citada atividade.
A função notarial no Brasil vem ganhando nos últimos anos enorme relevância graças
às inovações legislativas, como a Lei 11.441/2007, que atribuiu novas competências
aos notários, especialmente ao Tabelião de Notas, e mesmo por causa do movimento
do judiciário nacional orquestrado pelo Conselho Nacional de Justiça no sentido de
moralizar a atividade para que se torne possível explorar com maior intensidade o
potencial pacificador de conflitos próprio da atividade notarial.
Diante da realidade, quase desesperadora, dos nossos tribunais, não podemos deixar
de nos valer de uma atividade que tem como principal característica a
cautelaridade, garantindo a prestação jurisdicional do Estado de maneira preventiva,
evitando o surgimento de lides advindas dos negócios jurídicos particulares, o que de
maneira indireta contribui para a diminuição das demandas postas ao crivo do
judiciário já tão assoberbado.
Deste feita, se mostra pertinente a análise da origem e desenvolvimento histórico de
tal atividade que a cada dia se torna mais útil a todos os cidadãos e à administração
da justiça, de modo a nos determos à análise os seus aspectos históricos desde os
primórdios da civilização até suas prerrogativas na Constituição Federal de 1988.