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WPOS · AVM - FACULDADE INTEGRADA

CURSO: DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL


DISCIPLINA IV
TUTORA: FERNANDA MENEZES
ALUNO: DIEGO VIEIRA SARMENTO
ATIVIDADE 01

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO NOTARIAL NO BRASIL, COM


ENFOQUE NOS DIAS ATUAIS.

A história do Direito Notarial confunde-se com a do próprio Direito,


como instrumento de regulação social – residindo aí sua beleza e importância.
É da natureza humana a necessidade premente de perpetuar seus pactos e
muni-los com a segurança necessária.
Na sociedade egípcia, o escriba realizava justamente essa função de
instrumentalização e perpetuação das vontades das partes, o que se poderia
entender, em um sentido mais elástico, como sendo um antecessor do Notário.
Era o escriba quem redigia todos os atos referentes às atividades privadas do
Estado, inclusive os oriundos da monarquia.
Assim, o escriba era aquele que sabia expressar, em uma linguagem
uniforme, a diversidade dos idiomas da sociedade grega1. Cargo que exigia
uma preparação cultural especialíssima, pertenciam os escribas à classe mais
privilegiada, recebendo tratamento diferenciado e especial – razão porque, na
maioria das vezes, a função se transmitia em linha sucessória hereditária.
Diferentemente da atual sistemática, contudo, os documentos lavrados
em suas notas e trasladados não possuíam fé pública, havendo necessidade
de serem homologadas pela autoridade superior. Tal não se repete no
ordenamento jurídico brasileiro, como prescreve o art. 3º, da Lei dos Notários2.

1 Em paralelo, notário, segundo a Lei 8.935/94 – Lei dos Notários, é aquele que traduz, por
uma linguagem clara, concisa e técnica, as variadas manifestações das pessoas nas
entabulações de atos e negócios desejados.
2 Bem como o Código Civil de 2002, em seu art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de

tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.


Insta esclarecer que, diferentemente do que sói parecer, o aporte da fé pública nos atos
praticados pelos delegatários de outorga somente fora ocorrer no séc. XIII.

1
Já na civilização romana, devido à até então dispensa do documento
escrito, imperava a lei natural e a boa-fé da palavra dada pelos cidadãos em
juízo. Posteriormente, com a expansão da sociedade e multiplicação das
relações civis, percebeu-se a presença crescente dos vícios consensuais, fato
que exigiu a previsão das formalidades romanas – surgindo, ai, a figura do
contrato escrito.
Com Justiniano, unificador do Império Romano, a atividade de tabelião
fora finalmente regulamenta. Como se sabe, seu Código Civil, conhecido como
Corpus Juris Civilis, conferiu ao Direito Romano suas dimensões elevadas –
conhecidas até hoje.
Pode-se creditar à legislação justiniana a instituição do protocolo,
determinando a lavratura do instrumento em papel identificado com a marca e
nome daquele, bem como a época de sua fabricação. Objetivava-se com sua
previsão, dificultar a falsificação. Por isso, ostenta-se ser o protocolo o ato mais
significativa, do ponto de vista da lisura do procedimento.
Como se intui, o sentido antigo do termo em nada lembra do
contemporâneo. Hodiernamente, protocolo é livro permanente do tabelião,
onde são apontados todos os títulos, documentos e papéis apresentados,
diariamente, para serem registrados, ou averbados.
Por sua vez, a atividade notarial, no Brasil, sofreu grandes influxos
portugueses. Como se sabe, a legislação alienígena fora utilizada enquanto
não editada a brasileira – perdurando, em determinadas matérias específicas,
até a vigência do Código Civil de 19163.
Diferentemente do ocorrido na Europa e na América Espanhola,
referências atuais na matéria, o Brasil manteve-se alheio durante as
transformações ocorridas ao longo do séc XVII e XVIII. Para se ter uma noção,
apesar das muitas deficiências, apenas em 11 de novembro de 1827, fora
editada uma lei regulamentando o provimentos dos ofícios da Justiça e da

3 O próprio tabelião acompanhava as expedições armadas de Portugal, registrando atos e


acontecimentos, principalmente em relação à posse das terras recém-descobertas. O primeiro
tabelião a pisar em solo brasileiro foi Pero Vaz de Caminha, português, que narrou e
documentou minunciosamente a descoberta e a posse da terra, com todos os seus atos
oficiais. Insta ressaltar, ainda, que o provimento dos cargos de Tabelião se dava por meio de
nomeação real (podendo ser inclusive comprados, ou adquiridos como recompensa),
beneficiando-se de um direito vitalício – não se exigindo o preparo e a aptidão necessários.

2
Fazenda – passando a proibir a transmissão a título de propriedade, mantendo,
contudo o regime de sucessão hereditária da função.

O mais grave e prejudicial – para a instituição notarial como


para o serviço público – é o desprestígio em que caiu o
notário, no Brasil, a ponto de até hoje, parte da sociedade,
considerá-lo como mero parasita, que, portanto, deve
desaparecer.
Ainda hoje, como fruto dessa política notarial encravada, reina
obscuridade a respeito da instituição notarial e de sua função,
levando a devaneios, desprovidos de fundamento jurídico, que
visam reduzir o alcance de sua função, ou até mesmo, estatizar
os seus serviços, o que não prospera, porque é inviável para
os cofres públicos, bem como acarretaria na diminuição da
qualidade dos serviços, o que prejudicaria o público usuário.4

Após anos de descaso, como relatado, em 1988, com a promulgação


da Constituição da República Federativa do Brasil, a atividade notarial teve sua
realidade transmudada. Seu art. 236 acarretou intensas mudanças. Não por
menos, o simples fato de inserção dessa matéria em foros constitucionais já
fora capaz de retirar tal atividade do insulamento, revelando seu formidável
papel social e jurídico.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em


caráter privado, por delegação do Poder Público.
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade
civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus
prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder
Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços
notariais e de registro.
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de
concurso público de provas e títulos, não se permitindo que
qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de
provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Salto de igual qualidade ocorrera com a elaboração e vigência da Lei


8.935/94, de 18 de novembro de 1994, conhecida como a Lei dos Notários e
Registradores, que, apesar dos defeitos e baixa amplitude, inaugurou uma
nova fase na história do direito pátrio.

4 SANDER, Tatiane. A Atividade Notarial E Sua Regulamentação. Disponível em:


<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=683>

3
Referida lei, regulamenta o disposto no supracitado art. 236 da CF/88,
disciplinando a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais e de
seus prepostos, além de definir a fiscalização exercida pelo Poder Judiciário,
bem como a forma de ingresso na atividade, a saber, por concurso público –
não mais incidindo o privilégio constante no art. 208 da Constituição de 1969.
Por esse novel dispositivo legal, além de conceituar os serviços
notariais e de registro como organizações técnicas e administrativas destinados
a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficiência dos atos
jurídicos, define notário, ou tabelião, e oficial de registro ou registrador, como
profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício
da atividade pública estatal
Por todo o exposto, pode-se perceber que a função notarial vem
ganhando grande relevância, nos últimos tempos, devido às inovações
legislativas, como a lei 11.441/2007, que atribuiu novas competências aos
notários, tendo em vista o movimento do judiciário brasileiro no sentido de
moralizar a citada atividade.

A função notarial no Brasil vem ganhando nos últimos anos enorme relevância graças
às inovações legislativas, como a Lei 11.441/2007, que atribuiu novas competências
aos notários, especialmente ao Tabelião de Notas, e mesmo por causa do movimento
do judiciário nacional orquestrado pelo Conselho Nacional de Justiça no sentido de
moralizar a atividade para que se torne possível explorar com maior intensidade o
potencial pacificador de conflitos próprio da atividade notarial.
Diante da realidade, quase desesperadora, dos nossos tribunais, não podemos deixar
de nos valer de uma atividade que tem como principal característica a
cautelaridade, garantindo a prestação jurisdicional do Estado de maneira preventiva,
evitando o surgimento de lides advindas dos negócios jurídicos particulares, o que de
maneira indireta contribui para a diminuição das demandas postas ao crivo do
judiciário já tão assoberbado.
Deste feita, se mostra pertinente a análise da origem e desenvolvimento histórico de
tal atividade que a cada dia se torna mais útil a todos os cidadãos e à administração
da justiça, de modo a nos determos à análise os seus aspectos históricos desde os
primórdios da civilização até suas prerrogativas na Constituição Federal de 1988.

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