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Esquerda Diário
ALCOOLISMO
Fábio Nunes
Vale do Paraíba
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As casas são ruínas, há lixo pelas ruas, a fome é um fantasma que ronda os
bairros operários ingleses. Engels fala de crianças deformadas por mais de dez
horas de trabalho forçado no chão das fábricas e de trabalhadores embriagados
perambulando pela miséria produzida em nome do lucro da indústria capitalista.
O mundo é vasto e velho e por isso não podemos afirmar que toda bebida
alcoólica consumida é em nome da miséria. Outros povos, outras histórias e
mesmo nas sociedades capitalistas não podemos trabalhar com tal afirmativa.
Pois nem tudo que é bebido, fumado ou inalado é resposta ao desespero. Nem
tudo que delira sofre. O álcool pode fazer parte de uma celebração.
O corpo ganha novos movimentos, estes não são compassados pelo tempo das
fábricas, por alguns reais a liberdade temporária, o lúdico momentâneo enfeita a
jaula de ferro. Para Engels, amortecida, culpando-se por estar jogada nas
piores formas de vida e habitação, adoecida, inválida, a classe trabalhadora,
lançada ao microcosmo do fracasso individual, encontra dificuldades para
organizar uma revolução social.
@EsquerdaDiario