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Pés-Graduardo em Citncia da Iformagdo e Documentaedo - ECAIUSP — 1° som.2004 Bie OLS ‘Journal of the American Society for Information Science (WASIS), v.45, n.5, p.351-360, 1991. bio CM ene east ete) Informac&o como coisa Michael K. Buckland ‘Schoo! of Library and Information Studies, University of Calitémia, Berkeley, CA 94720 Trés_significados de “informagdo” so distinguidos: _“Informago-como-processo"; “informago-como-conhecimento”; e “informacgo-como-coisa’, 0 uso atribuido a “informagao” para denotar coisas entendidas como informativas. A natureza e caracteristicas da. “informacdo-como-coisa” so discutidas, utiizando uma aproximac3o indireta ("Que coisas so informativas?"). Variedades de “informago-como-coisa” incluem dads, textos, documentos, abjetos e eventos. Nesse ponto de vista “informagéo” inclui comunicagéo mas ainda vai além. Qualquer que seja o sistema de armazenamento e recuperacéo da informago necesita da “informagéo-como-coisa”. Estes trés significados de “informacéo", junto com 0 “processamento da informagio", oferece uma base para a dassificacdo de atividades de informagio relacionadas com _atividades diferentes (ex., _retérica, —_recuperacao bibliografica, andlise estatistica) e, desse modo, define um campo para a “ciéncia da informagio". INTRODUGAO: A AMBIGUIDADE DO TERMO “INFORMACAO” Uma exploragéo do termo “informagio” leva a dificuldades imediatas. Desde que informacéo seja entendida como estar informado, como a reduco da ignorancia e da incerteza, é irénico que o termo “informagéo” seja ambiguo e usado de diferentes maneiras. (Para uma concisa e conveniente introducdo as variedades de sentido do termo “informagéo” e alguns termos relativos (veja Machlup, 1983); Schlader (1983); Wellisch (1972); Nato (1974, 1975, 1983), Wersig and Neveling (1975). Encarando a variedade de sentidos que o termo “informacio” carrega, podemos, no minimo, ganhar um aprendizado prético. Podemos visualizar um panorama e procurar identificar grupos de sos do termo “informacéo”. As definigées podem do ser completamente satisfatérias, os limites entre esses usos podem ser confusos e ate uma abordagem pode nao satisfazer qualquer dos significados determinados como o correto sentido do termo “informacio”. Mas os principais usos podem ser identificados, daassificados e caracterizados, ai sim algum progresso poderd ser alcancado. Usando essa abordagem podemos identificar 3 principais usos da palavra “informacao” (1) Informagéo-como-processo: Quando alguém é informado, aquilo que conhece é modificado, Nesse sentido “informagio” & “o ato de informar...; comunicac3o do conhecimento ou “novidade” de algum fato ou ocorréncia; a aco de falar ou o fato de ter falado sobre alguma coisa” (Oxford English Dictionary, 1989, v.7, p.944). (2) Informa¢do-como- conhecimento: “Informacao" é também usado para denotar aquilo que é percebido na “informago-como-processo”: 0 “conhecimento —_comunicado referente a algum ato particular, assunto, ou evento; aquilo que é transmitido, inteligéncia, noticias” (Oxford English Dictionary, 1989, v.7, p.944). A nogao de que informacao é aquela que reduz a incerteza poderia ser entendida como um caso especial de “informacdo-como- conhecimento”, As — vezes informagdo aumenta a incerteza. Discipling: Formas de estruturagao e mesiagto da informagaoinstitucionalzada Protas. Johanna W. Smt e Maria de Fatima M. Talamo os-Graduagdo em Ciéncia da Informardo e Decumenlago - ECAIUSP ~ 1° sem 2004 2 (3) Informacéo-como-coisa: 0 termo “informagio” 6 também atribuido para objetos, assim como dados para documentos, que sio_considerados como “informagéo", porque so relacionados como —_sendo informativos, tendo a qualidade de conhecimento comunicado ‘ou comunicacéo, informacio, algo informative. (Oxford English Dictionary, 1989, v.7, 1946). Uma caracteristica chave da “informacao- como-conhecimento” & que é intangivel: no se pode tocé-la ou medi-la, de modo algum. Conhecimento, convicgao e opiniéo 80 atributos individuais, subjetivos e conceituais. Entretanto, para comunicé-los, eles tem que ser expressos, descritos ou representados de alguma maneira fisica, como um sinal, texto ou comunicaciio. Qualquer _expresséo, descrigdo ou representagao seria “informacao-como- coisa”. Iremos discutir essas implicagées a seguir. Alguns tedricos tm desaprovado 0 uso do termo “informacao” para denotar uma coisa no terceiro sentido acima citado. Wiener assegura que “Informacao ¢ informacao, no um material e nem energia.” Machlup (1983, p.642), que restringiu informacéo ao contexto da comunicago, —_rejeitou informacgo sob 0 terceiro sentido (informac&o-como-coisa): “O nome ‘informagao’ tem essencialmente dois tradicionais sentidos... Aquilo que (1) informe sobre algo ou (2) que esteja sendo informado so também analogias metéforas ou resultado de uma trama para a desculpa da apropriacdo de uma palavra que nao tem sentido para os novos usudrios.” Faithorne (1954) _opds-se desdenhosamente informacdo como “coisa”: “informacéio’ é um atributo do conhecimento recebido e interpretac3o do sinal, no do remetente...” Entretanto, a linguagem possui suas limitagées e nés dificilmente podemos dispensar 0 termo “informacéo-como-coisa” até que seja_usualmente compreendido como o significado de “informacao”. De fato, a linguagem evolui e com a expansio da informacao tecnolégica, a pratica de relacionar comunicag&o a bases de dados, livros, e a semelhanga com “informacao” parece ter se transformado usual, e talvez, uma fonte significante de simbolos e de objetos simbélicos _seja_facilmente confundido com o significado de simbolo. Portanto, “informacao-como-coisa”, qualquer que seja o nome, tem um interesse especial relacionado a informacao de sistemas, porque sistemas de informagao incluem “sistemas especificos” e sistemas de recuperacao podem relacionar- se diretamente com jinformagéo nese sentido, O desenvolvimento de regras para esbocar inferéncias sobre _informacao armazenada nessa area é de interesse pratico e tedrico, Mas essas regras operam sobre e somente em “informacao-como- coisa”. © propésito dessa “informagao-como-coisa” & (1) Esclarecer seu significado em relagéo a outros usos do termo “informacéo”; (2) Estabelecer a regra fundamental je “informacao-como-coisa” no sistema de informacio; e (3) Especular 0 possivel_ uso da nocéo de “informacao-como- coisa” trazendo ordem tedrica a campos heterogéneos, mal- ordenados associados com a “ciéncia da informacao”. avaliaggo de A distingao entre intangiveis (conhecimento —_informago-como-conhecimento) ¢ tangiveis (informagdo-como-coisa) é fundamental para 0 que se segue. Se vocé pode tocar ou medi-lo, nado é conhecimento, mas deve ser alguma coisa fisice, _possivelmente _informago-como- coisa. (Essa distingdo pode estar superada. Conhecimento pode trangiilamente ser representado no cérebro._ como algo tangivel, de modo fisico, Entretanto, para os presentes propésitos, diferenciar Discipling: Formas de estruturagao e mesiagto da informagaoinstitucionalzada Protas. Johanna W. Smt e Maria de Fatima M. Talamo os-Graduagdo em Ciéncia da Informardo e Decumenlago - ECAIUSP ~ 1° sem 2004 3 logicamente conhecimento de armazenamento artificial de informacao parece razodvel e iti, Avaliacdes académicas testam habilidades individuais de responder a perguntas ou resolver problemas, 0 que se presume que produza medidas indiretas do que eles sabem. Mas essa ndo é a questiio). Conhecimento, entretanto, pode ser __representado, simplesmente como um evento que pode ser filmado. Entretanto, a representaco nada mais é que conhecimento assim como © filme & 0 evento. Qualquer outra representaciio é necessaria em sua forma tangivel (cédigo, sinal, dados, texto, filme, etc.) € somente representagées do conhecimento (e de eventos) séo necessariamente “informagéo-como-coisa”. Informago-como-coisa & de interesse especial no estudo de sistemas de informago. E com informagéo nesse sentido que sistemas de informacao lidam diretamente. Bibliotecas tratam com livros, bases de computadores em sistemas de informacéo manipulam dados na forma fisica de bits e bytes; museus trabalham diretamente com objetos, Pode ser que a intengdo seja a de que usuarios tornem-se bem informados —_(informacao-como- proceso) e 0 resultado desse processo poderia ser conhecimento (informacio- como-conhecimento). Mas o significado, no entanto, que & manipulado operacionalizado, que é armazenado e recuperado, & a informacéo fisica (informagao-como-coisa) Nessas definigées, no pode existir algo como um sistema especifico de “conhecimento fundamentado” ou um sistema de “acesso ao conhecimento”, somente _ sistemas baseados em representagdes fisicas de conhecimento. Essa discusséo__introdutéria___ pode compreender até quatro elementos: processo de informacao, 0 manuselo, a manipulagdo, e a derivagéo de varias formas de informac&o-como-coisa. (Poderia se considerar 0 processo de se tornar informado como um tipo de processo de informaco, mas, para diminuir a confuséo, preferimos separar e eliminar informacao- comorprocesso do —alcance de processamento da informacao mental), Desse modo nossa discusséo poderia se resumir em termos de duas distingdes: (1) entre entidades e processos; e (2) entre intangiveis e tangiveis, Tomados em combinacéo, esses dois campos diferentes apresentariam 4 aspectos diferentes de informaco e sistemas de informacao. Ver Fig. 1. INTANGIVEL TANGIVEL Entidade 2. 3. Informagao-como-coisa Informagéo-como-conhecimento Dados, documentos Conhecimento Processo 1. 4. Processo da informagao Informacao-como-processo Tornando-se informado Fig1: Quatro aspectos da informacéo Um aprendizado oposto: O que é informativo? Ao invés da tarefa tediosa de rever objetos candidatos e perguntar se so ou ndo séo considerados exemplos de informagio- como-coisa, podemos reverter 0 processo e pedir as pessoas para identificar ou calcular Processamento de dados por quais objetos as pessoas seriam informadas. As pessoas diréo que sao informadas por uma imensidéo de variedades de coisas, como mensagens, dados, documentos, objetos, eventos, uma vista pela janela, por qualquer tipo de evidencia, Esse fendmeno foi reconhecido por Brookes (1979, p.14): “Nas ciéncias tém-se reconhecido que a fonte primaria da Discipling: Formas de estruturagao e mesiagto da informagaoinstitucionalzada Protas. Johanna W. Smt e Maria de Fatima M. Talamo

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