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98 I SERIE — NOMERO 28 MINISTERIOS DA ECONOMIA, DAS CORPORACOES E PREVIDENCIA SOCIAL E DA SAUDE E ASSISTENCIA Portaria n° 53/71 de 3 de Feverciva 0 tutelar da Adiministeagio sobre os estabe- lecimentos industriais exeree-so j6, no que se relaciona com a salubridade e seguranga, desde » primeira metade do séeulo ux, tendo-lhe sido ‘atribuida, por decreto de 27 de Agosto de 1855, a competénain efectiva para licen- siamento daqueles estabelecimentos ‘Esta acgio tinha em vista predominantemente evitar os danos resultantes, para terceiros, dos inconvenientes das laboragées industriais, nas suas’ proprias pessoas © nos seus bens matoriais. 0 Decreto de 21 de Outubro de 1883 veio alterar essa competéncia, que, desde entio e até 1918, foi exercida pelos governadores civis, administradores de coneelho e baitro @ comiss5es exocutivas de cdmaras municipais, 0 Decreto com forga de lei n.° 4961, de 29 de Maio de 1918, ateibuiu ao Secretério de Estado do Trabalho com- poténcia para conceder alvaris de liconga para as explora ges industriais e serviu de base a regulamentagao publi- cada pelo Decreto n.° 8304, de 25 de Agosto de 1922, que constituiu a estrutura burocritiea da intervengao do Es- tado nas condigdes de salubridade e segurangs dos esta- delecimentos industriais até recente date, ou seja a da publicagio do Regulamento da Instalagio ¢ Laboragio dos, Estabelecimentos Industrisis, promulgsdo pelo Deereto ne 46 924, de 28 de Margo de 1966. 1.1 — Esta legislagio de 1918 trouxe consigo uma ino vagio importante, que foi a de conter disposigdes referen- tes & seguranga do trabalho © &s doengas profisionsis, problemas que, pouco considerados até ao momento, pas- savain para a onlem do dia nos paises industrializados, simulténeamente com novas preocupagdes de promogio social. Essa inovagio concretizou-se na aprovagio, pelo Decreto n.* 8864, de um Regulamento de Higiene, Salu- bridade © Seguranga dos Estabelecimontos Industriais, em conjunto com o Regulamento das Industrias Inselubres, Incémodas, Perigosas ou Téxieas, regulando este iltimo, apenas, 0 processo de intervengio da mesma linha dos citados deeretos de 1855 e 1868. Faziam parte do primeiro dos regulamentos acima refe- ridos as Instrugies Gerais de Higiene, Salubridade ¢ ‘Segurangs nos Estabelecimentos Industriais, que eonstitul- ram as primeiras disposigses téenicas com vista & seg ranga do trabalho e & prevengio das doengas profissionais publicadas em diploma regulamentar, ainda hoje em vigor, de acordo com 0 que dispie 0 artigo 2.° do Deereto-Lei n.* 46.928, de 28 de Margo de 1966, publicado ma mesma data do jé referido Decreto n.* 46 924. Nio pode dizer-se, alids, que estas disposigdes téenicas ‘estejam totalmente desactualizadas, pois nto se tem veri- fleado, de entio para cé, ovolugio essencial dos conceitos basilares da seguranga e higiene do trabalho. Carecem, niio obstante, de ser revistas ¢ completadas, 1.2—De 1922 até 1927 foram publicados 0 Regula- mento de Caldeiras (Decreto n.° 8392, de 17 de Agosto de 1922), que determinou, além do seu processo de licencia- mento, as condigées de seguranga a que deveriam passar ‘ obedecer as geradores de vapor de Agus e todos 08 reci- pientes de vapor submetidos a pressio superior & atmosfé- ica; o Regulamento das Chaminés Industrinis ¢ dos Re- cipientes de Gases Sujeitos a Prossio (Decreto n.* 9017, do 1 de Agosto de 1928), 0 quel estabelecen a obrigatori. dade do licenciamento de chaminés que nfo fizessem parte de caldeiras e também a obrigatoriedade de lieeneiar, por rardes de seguranga para operdrios e tarceiros, os re piontes de gases sujeitos a pressio; 0 Decreto n.* 11 942, de 28 de Julho de 1928, relativo & higiene, salubridade seguranga do trabalho na industria do fabrico de fésforos; ¢ 0 Regulamento de Motores (Decreto n.° 14 421, de 13 de Outubro de 1927), que continha as disposigdes téenicas mais importantes aplicaveis & instalagio de motores. com fins de seguranga para operiios e terceiros 1.3 —Desde entlo até a0 presente, foram publicados virios diplomas estabelecendo divers condieionalisino em relagio's determinados sectores industriais, mas entre faqueles que se preocuparam exclusivamente com a segu- ranga incluem-se 0 das fdbricas de mungos (despacho de 3 de Abril de 1959), o das serragses méveis (Decreto n* 84 482, de 4 de Abril do 1945), 0 Regulamento de Soguranga’ das Instalagdes para Armazenogem e Trata- mento Industrial de Petréleos Brutos, Seus Derivados © Res{duos (Decreto n.* 86720, de 9 de Maio de 1947), © Regulamento sobre Substéncias Explosivas (Decreto- “Lei n.* 87 925, de 1 de Agosto de 1950), o Regulamento de Prevengio Médioa da Silicose (Decreto n.° 44 587, de 22 de Agosto de 1962) © 0 Regulamento de Seguranga no Trabalho Mecénico da Madeira (Portaria n.* 21 343, de 18 de Junho de 1965); outros daqueles diplomas tém © duplo objectivo de concorrer para ® reorganizagao dos sectores a que se referem, do ponto do vista econémico, e estabelecer, simultémeamente, regras de seguranga € higiene aplicdveis aos mesmos sectores, como o Regula- mento do Exercicio da Industria de Acumuladores Eléc- trieos de Chumbo (Decreto n° 48726, de 8 de Junho de 1961) © o Regulamento do Exereleio da Indistria de Panifioagio (Decreto n.* 42 477, de 29 de Agosto de 1959), 14—As entidades oficiais tem podido dispor, além da regulamentagto citada, e desde a publicagio da Bor- taria n* 13074, em 17 de Fevereiro de 1950, de um instrumento de muito valor que tem servido de orientagto ‘aos peritos na apreciagio das condigées de seguranga ¢ higiene nos estabelecimentos industriais, Trata-se do Riglement-Type de Sécurité pour tes Btablissements ndustriels, editedo em 1949 pelo Buren International du Travail. A possibilidade do utilizagto pelos servigos deste notdvel conjunto de regras de seguranga ¢ higiene contribuiu substancialmente para preencher a lacuna resultante da pobreza de regulementagio existente 0 nosso pats 2— Além de redusida, » regulamentagiio em vigor esté, como atrés se viu, relativamente dispersa. A publicagto do presente Regulamento Geral tem em vista preencher parcialmente a referida falta, reunindo as regras mais orais de provenglo relativamente aos fectores de act dentes comuns & maior parte das instalagies fabris. oficinas e também regras especificas do certos processos industriais de aplicagio muito generalizada, a par de medidas de ordem higiénica. Complementarmente ser necossério instituir regula- mentagio especial que poderé, vanisjosamente, revestit forma de normas de seguranga ¢ higiene que particula- rizem, mos aspectos especiais dos factores de acidente, de cada industria, processo on operagio industrial, con- forme os casos, as regras enunciadas no Regulamento Geral 2.1—Como fonte de informagio mais directa ¢ dis- ponivel tomou-se 0 Réglement-Type citado em 14, até porque este foi elaborado precisamente para servir de apoio aos governos e As industrias, tendo-se adoptado, para slguns dos artigos, a sua tradugBo quase integral. 3 DE FEVEREIRO DE 1971 ‘Também se utilizaram, em certos casos com muito pro- veito, a Nuove Norme per la prevensione degli infortuni « Viginte del lavoro, decretadas pelo Governo Italiano. Reconhece-se que, para conferir ao texto um maior equilibrio, haveria conveniéneia em desenvolver certos capitulos ou secgdes, mas, por razdes de ordem priticn, preferiu-se remeter os interessados para a regulamentagio especial em vigor, como no caso de fabrieo @ arrecadagao de explosivos, instalacto de caldeiras e aparelhos a vapor, aparelhos © recipientes de gases sujeitos a pressio ¢ instalagies eléctricas. Introduziram-se no articulado, com tipo de letra dife- rente, certos esclarecimentos as regras obrigatérias, a fim de facilitar uma melhor interpretagio do Regulamento completé-lo com indicagées mais pormenorizadas. Nestes termos, ouvida 9 Corporagio da Industria: Manda o Governo da Repiblica Portuguesa, pelos Se- eretérios de Estado da Inddstria, do Trabalho Provi déncia e da Satide ¢ Assisténeis, nos termos do artigo 1.° do Decroto-Lei n.° 46928, de 28 de Margo de 1066, aprovar o Regulamento Geral de Seguranca © Higiene do Trabalho nos Estabelesimentos Industrais, © Secretirio de Estado da Indiistris, Rogério da Con- ceigdo Serafim Martins. —O Sccretério de Estado do Trabalho e Previdéncia, Joaguim Dias da Silva Pinto. — 0 Secretério de Estado da Satide © Assisténcia, Francisco Gongaloes Ferreira. Regulamento Geral de Seguranga e Higieno do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais CAPrruLo T Disposictes gerals SEOQKO I Objectizo « campo de aploagto Anno 1. (Objective) © presente Regulamento tem por objectivo a preven- glo téoniea dos riscos profissionsis e a higiene nos esta- Delecimentos industriais, Anmioo 2.° (Compe de aplicagéo) As disposigdes constantes deste Regulamento aplicam- -£0 8 todos os estabelecimentos indusiriais, ou seja Aque- les onde se exergs actividade constante das ru ftabela anexa eo Decreto n.* 46 924, de 28 de Margo de 1066, independentemente das limitagdes nela estabeleci- das com base na dimensio do equipamento, miimero de trabalhadores ou outros factores de produgfo. SEogxO 1 Deveres das entidades patronals @ dos trabalhadores Ammoo 8° (Deveres das entidades patrons 1. As entidades patronais so responsdveis pelas condi- goes de instalagto e laboragdo dos locais de trabalho, devendo sssegurar ao pessoal proteegho contra os aci dentes e outras causas de dano para a satide, 99 2. Aos trabalhadores devem ser dadas instrugées apro- priadas relativamente aos riscos que comportem as res- Pectivas ocupagées © As precaugdes a tomar. Anmao 4° (Deveres dou trabathadores) 1. Os trabalhadores devem cumprir as prescrigdes de seguranga e higiene estabelecidas na legislagho aplicdvel ou coneretamente determinadas pela entidade patronal ou seus representantes. 2. Os trabalhadores no podem alterar, deslocar, reti- rar, danificar ou destruir dispositivos de seguranga ou quaisquer outros sistemas de protecg#o, sem que para o efeito estejam devidamente autorizado 0s trabalhadores devom eclaborar com as entidades patronsis ‘a aplicagio das disposigdes do’ presente Regulamentoy chemer ‘atengio de quem possa tomar as nevessdrine providéncias quando verificarem defleiéacias de eoguranga e higiene © tomer as Pre 8 necessirins de forma a sssoqurar a sa. proteeglo cua » abstendo-se de quaisquer actos que originem situagtes CAPITULO I Instalagio dos estabelectmentos industrials SEOGAO T Baltclos ¢ outras constragdes Aunioo 5° (Projecte) Na elaborago dos projectos para a instalaglo de novos estabelecimentos industriais deve ter-se em conta uma conveniente implantagio dos edificios, atendendo-se & sua orientagio © disposigto relativa © ainda & necessi- dade de se reservarem espagos livres para parques de material e para operagdes de carga © descarga. A disposigio relative dos edificios 6, Sbviamente, condicionada pelo diagrams de fabrico e pela economia da citeulagio do. pes Soal ¢ dow materia Anmrao 6. (Seguranca das consteusses) 1. Todas as construgdes, permanentes ou temporirias, devem oferecer boas condigdes de estabilidade e resistén- 2. No projecto e na execugtio dos edificios devem ser cobservadas todas as disposigdes legais © regulamentares aplieéveis, Anmiao 7° (Altura © separagio dat con russes) 1. A altura das construgies deve ser condicionada pela sua maior ou menor resisténcia ao fogo, pele natureza dos materiais e mercadorias que comportem e ainda pelos riseos de ineéndio inerentes sos processos de fabrico, 2. Todas as operagdes industriais que impliquem riscos graves de explosio e de fogo devem ser efectuadas em construgdes separadas, © as instalegses, dispostas por forma a reduzir ao minimo o mimero de trabalhadores expostos simultineamente a tais riscos. 8. As operagdes industriais que impliquem elevados riscos de ineéndio devem ser efectuadas em locals sepa- rados entre si por parades resistentes ao fogo, desde que no seja possivel locslizd-las em ediffeios separados, 100 I SERIE — NOMERO 28 Anniao 8. (Altura, superficie @ cubagem dos locais de trabalho) 1. 0s loeais de trabalho devem ter, pelo menos, 8m de altura entre o pavimento e o tecto, admitindo-se, em ‘casos excepcionsis, uma tolerincis de 0,2 m. No aso de loeais com caberturas som interposiqio de tecto, 4 altura deve modirse entre © pavimento © a parte male baixs Gequeles. 2, Sobre caldeiras de vapor, fornos, estufas, ou ainds sobre equipamentos em cuja parte superior 'se devam efeetuar correntemente manabras de comando, ou trabar Ios de reparagio, afinagio, desmontagem ou lubrificagao, deve dispor-se de uma distincia mioima de 2m até ao tecto ou is partes inforiores das coberturas. 8. A superticie dos locais de trabalho deve ser tal que cada trabalhador eorrespondam, pelo menos, 2 m, com uma tolerincia de 0.2 m. sporffeie minima acima reforida nfo se incluem os espagos ‘eupadoe por mAquinas, equipamentos, matérins:primas ¢ pro- ‘Totes fabrieados e oa reservados & clreviaqio e ao distanciamento fetro miquinas paredes 4, 0 niimezo méximo de pessoas empregadas num local de trabalho deve ser fixado na raztio de uma pessoa por cada 11,5.m*, com uma tolerdncia de 1m. No célovlo da evbagem de ar nfo é obrigatério fazer.se qual ‘quer dedugio pera méveis, mestno de trabalho, méquinss ou fhateriais © nfo deve torso ein conta qualquer altura ultrapss- Sando 3m. 1. As paredes dos locais de trabalho devem ser de cor clara no brilhante, se outra cor ndo for imposta por con- digdes inerentes & laboragao. 2. Quando se mostre necessirio, as paredes devem ter um revestimento impermedvel total ou parcial de, pelo menos, 1,5 m de altura. ‘Anrigo 10° (ies 1. A largura das vias de passagem e das safdas nio dove ser inferior a 1,2m quando o mimero de utilizadores no ultrapasse cinquenta. E. recomendivel que para larguras superiores eat riltiplas de 0,60 m, 2. Quando as vins de passagem se destinem ao trinsito simultaneo de pessoas ¢ veiculos, a sua largura deve ser suficiente para garantir a seguranga na eirculagdo de uns @ de outros. 8. As vias de passagem no interior das construgdes partes de comunicagio interior e as saidas dove fem niimero suficiente © dispostas de modo a permitir a evacuagio répida e segura dos locais de trabalho; as dis- Himeias’ a percorrer para atingir a saida devem ser tanto ‘menores quanto maior for o risco do ineéndio ou de ex- plosiio. B recomendével a existéncia de, pelo mence, duas saldas em ‘cada oficina ov estabelesimento industrial. as 4. Nos locais de trabalho, os intervalos entre as mé- quinas, instalagdes ou materinis devem tor uma largura de, pelo menos, 0,6 m. ‘Aneto 11" (Gcupasio dos pavimentos) 1. Os pavimentos nao devem ser ocupsdos por méqui- ‘nas, materiais ou mercadorias por forma @ constituir qual- quet isco para os trabalhadores Quando existam raztes de ordem {denies que nto permitam fs climinegdo do risco acima referido, devern os objectos eusceptl- treis de 0 ovasionarem ser adoquadamente sinalizedos. 2, Bm redor de cada miquina ou de cada elemento de produgio deve ser raservado um espago suficiente, de- vidamente assinalado, para assegurar o seu funciona- mento normal e permitir as afinagies © reparagdes cor- rentes, assim como o empilhamento dos produtos brutos em curso de fabrieago ou acabados. Anmiao 12. (Aberturas not pavimentos © paredes) 1. As aberturas existentes nos pavimentos dos loeais de trabalho ou de passagem devem ser resguardadas com coberturas resistentes, ou com guanda-conpos eolocados & altura de 0,9 m e rodapés com a altura minima de 0,14 m. Quando of referidos reeguandos ndo forom aplicdveis, as aber. tures dovem ver devidamente sinalizadas 2. As diferengas de nivel entre pavimentos @ as aber- turas nas paredes que apresentem perigo de queda devem ser resguardadas com guarda-corpos resistentes e, se ne- cessinio, com rodapés 3. Os peitoris das janelas devem estar o altura mio inferior a 0,9 m e a sua espessura nio dove exceder 0,28 m. O limite do expessura indicudo visa a pormitir o engate das cscadas do bombelror em ea80 de incendie * 4. As portas exteriores dos locais de trabalho deve permitir, pelo seu mimero e localizagio, a rapida saida do pessoal e, salvo no caso de darem para a via publica, abrir no sentido da saida com facil manobra pelo inte- rodendo autorizarse, nos ft pouso elovado, portas de iquando se trate Se. portas 's vie publica 5. As portas de eaizas de escada e de saidas de emer- gincia devem ser do tipo corta-fogo @ poder abrir-se fheil- monte por ambas os Indos. Consideram-se como de tipo corta-fogo as portas que resistam so fogo durante, pelo menos, uma hora e trinis minutos. 6. As portas de vaivém devem ter 0 seu movimento amortecido por dispositivas adequados e nio devem ser onsideradas como saidas de emergéncia. Anmiao 18° (Comunicagées verticais) 1. A lnrgura das eseadas deve ser proporcionada ao niimero provavel de utilizedores, com um minimo de 12m. Pode, em eusos expeciais, nomeadamente quando o mimero de trabalhadores for muito pequeno, ser admitida menor largure, ‘maz nunca inferior « 0,0m. 2, Os langos e os patins devern ser provides, nos Indos abertos, de guarda ou protecedas equivalentes com a al- ‘tura minima de 0,0m, devendo, quando limitados por duas paredes, existir, pelo menos, ‘um eorriméo.

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