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Mada, tivacidade, sigilo e regime juridico dos arquivos de consumo no Cédigo de Defesa do Consumidor. Jodo Carlos Zanon fectrel em Dio gla US. 188, este en Dieta es UCSF 202. utaarsoem eto ea FUCSP Ado ‘Sumario 1. Introdugdo. 2. A Constituigio Federal e a inviolabilidade da intimidade ¢ da vida privada. O sigilo dos dados pessoais 3. Legislagdo infraconstitucional. O regime jurt- dico dos arquivos de consumo no Cédigo de Defesa do Consumidor 4, Conclusio. Bibliografia Eh introducso O direito a privacidade é um direito fundamen- tal reconhecido ¢ consagrado no Direito Constitu- cional de praticamente todos os patses civilizados. Foi concebido e esti conceituado sob a normativi- dade da inviolabilidade, como garantia da liberdade de negagao e respectivos deveres de abstengao, de nao intromissdo e de nao divulgagio de aspectos da vida privada e intima da pessoa. Diante de novos clamores, emergentes da mo- derma sociedade da tecnologia eda informagao, que reclamam e merecem protegao juridica, a moder- na doutrina nacional tem se dedicado a redefinir 0 conceito de direito & privacidade, como reflexo do «que vem sendo diseutido, jf hd algum tempo, a tes- peito do direito a privacidade e protegdo de dados pessoais entre os autores europeus e sobre o rie” privacy na doutrina norte-americana. Reviste do Advogado & € regime juridico dos arquivos de consumo no Cédigo de Revista do Advogado & | Através de uma longa evolugao, o direito a priva- cidade é concebido, assim, sob um novo conceito, exoluido ¢ adaptado ais necessidades da sociedade contemporinea, em que se percebe: a) a ampliagl0 do seu conceito, tomando-o mais genérico e abran- gente, de modo a tutelar também os dados pessoais; }) aaproximaggo dé seu conceito a uma tutela geral da personalidade, como afirmacio de sua natureza de direito fundamental e respectiva fungio de pro- mogio da dignidade da pessoa humana, O respeito a inviolabilidade da intimidade e da vida privada aplica-se aos arquivos de consumo. A protegdo da intimidade eda vida privada dos | lividuos, sob o signo do sigilo (inviolabilidade), | témsse somado outros direitos, destacando-se os direitos & informagio e ao controle, O regramen- to juridico dos arquivos de consumo, mercé dos dispositivos do Cédigo de Defesa do Consumidor (CDC), ests adaptado a essa nova realidade O tespeito a inviolabilidade da intimidade e da. | vida privada, cujo amparo advém primacialmente da Constituigdo Federal (CF), aplica-se aos arquivos de consumo. O regime jridico dos arquivos de con- sumo, nada obstante, vai bastante além, compondo- -se plas regras e princfpios insertos no CDC. Delinear 0 contorno desse quadto juridico que rege os arquivos de consumo é 0 propésito.a que | dedicamos este artigo. | Ey A constituigao Federal e a inviolabilidade da intimidade e da vida privada. 0 sigilo dos dados pessoais A CF estabelece que a Repiblica Federativa do Brasil constitui um Estado Demoeritico de Direito, que tem entre seus fundamentos a digni- | dade da pessoa humana (CF, art. 1*, inciso III). A | dignidade da pessoa € dignidade da pessoa concre- | ta, na vida real e quotidiana, como ensinam Jorge Miranda e Anténio Cortés (MIRANDA; COR- | TES, 2010, p. 80), ndo a de um ser ideal e abstrato. | Quer isso significar que, quando a Constituicéo consagra a dignidade da pessoa humana como um. principio fundamental, é 3 pessoa conereta que 0 Estado deve protecio e assisléncia, € pessoa con- creta que se deve assegurar dirito a liberdade, a io discriminaco, ao live desenvolvimento de sua personalidade. Enfim, € a homem ¢ & mulher reais, inseridos na sociedade contemporinea, que se deve fazer valer, de fto, os direitos fundamentais {que conformam o Estado Demoeritico de Diceito Acresce que 0s direitos fundamentais no sf0 apenas aqueles inscritos no catélogo do art. 5* da Constituicdo. Também o sao aqueles, mesmo nao expressos, decorrentes do regime e dos prinefpios adotados na Constituicao ou dos tratados interna cionais em que a Reptiblica Federativa do Brasil seja parte (CF, art. 5*, § 25). A nossa Lei Fundamental adotou um sistema aberto de direitos fundamentais, nflo se poden- do considerar taxativa a enumeragdo dos direitos fundamentais do seu Titulo I. Em verdade, a | existéncia de um direito fundamental decorre da sua releréneia a posigées juridicas ligadas ao valor da dignidade humana (BRANCO, 2011, p. 192- 193), Exatamente por iso, Paulo Gustavo Gonet Branco sublinha que o propésito da norma inserta no art, 5°, § 2%, € afirmar que a enumeragdo dos direitos fundamentais pela Constituicao nao sig- nifica que outras posigdes juridicas de defesa da dignidade da pessoa humana estejam exchutdas da protegao do dircito nacional (BRANCO, 2011, p. 193). Raphael de Barros Monteiro Filho e Ronaldo de Barros Monteiro afirmam tratarse de “oma norma aberta de direitos ¢ garantias fundamen- tais” (BARROS MONTEIRO FILHO; BARROS MONTEIRO, 2010, p. 141-12). Gustavo Tepedino observa que a escolha da | dignidade da pessoa humana como fundamento da Repiiblica, associada ao objetivo fundamental de erradicagao da pobreza e da marginalizacao, e de redugao das desigualdades sociais, juntamente | com a previsio do § 2° do art. 5*, no sentido de | ido exclusiio de outros direitos garantias funda- mentais nao expressos, configura uma verdadeira cléusula geral de tutela ¢ promogio da pessoa humana, tomada como um valor maximo do orde- namento (TEPEDINO, 2004, p. 50). Proteger ¢ promover a dignidade pessoal signi- fica satisfazer duas exigéncias nucleares: respeito | pela autonomia da pessoa; ¢ preocupacdo em face | de sua vulnerabilidade (MIRANDA; CORTES, 2010, p. 84). Esses valores dio densidade ao prinespio da dignidade da pessoa humana, servindo de referén- cia axiol6gica a todo o sistema de direitos funda- ‘mentais. Aliados & cléusula de abertura do § 2*do art, 5*, ausiliam na descoberta de novos diteitos (MIRANDA; CORTES, 2010, p. 82-83). | ACF garante o sigilo de dados. E uma hipstese nova, colocada na CF de 1988 e que getou certa ‘controvérsia entre os autores. Dividem-se aqueles que entendem estar o sigilo de dados fundado no art. 5, inciso XII, da CFe outros que afirmam estar 0 reletido sigilo amparado no inciso X do mesmo artigo constitucional. A discussio assume relevan- | cia ao se tomar em conta as diferentes conclusées a aque chegam as duas correntes doutrinsrias. Para aqueles para quem o siglo de dados tem | previsdo constitucional no art. 5°, inciso XII, ea- dastros de dados em geral estariam sob sigilo. Também para essa corrente, 0 sigilo bancério 1. £ importante observa que por dados caastaisusulmente se

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