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Avaliação Diagnóstica de Entrada

Língua Portuguesa
2ª Série do Ensino Médio Turma _________
Fevereiro de 2019 Data _____ / _____ / _____
Escola _________________________________________________
Aluno __________________________________________________

Leia o texto e responda à questão 01.

O relógio
Carlos Drummond de Andrade

Nenhum igual àquele

A hora do bolso do colete é furtiva1,


a hora da parede da sala é calma,
a hora da incidência da luz é silenciosa.

Mas a hora do relógio da Matriz é grave


como a consciência.

E repete. Repete.

1
fur·ti·vo adj.(latim furtivus, -a, -um, roubado, furtado, secreto, escondido, discreto) . In Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa 2008-2013. Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/furtivo>. Acesso em: 13 dez. 2018.
1
Impossível dormir, se não a escuto.
Ficar acordado, sem sua batida.
Existir, se ela emudece.

Cada hora é fixada no ar, na alma,


continua soando na surdez.
Onde não há mais ninguém, ela chega e avisa
varando o pedregal2 da noite.

Som para ser ouvido no longilonge


do tempo da vida.
Imenso
no pulso
este relógio vai comigo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. org. pelo autor, 23 ed., Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 252-253.

Questão 01

Leia os versos da poesia “O relógio”:

“Mas a hora do relógio da Matriz é grave


como a consciência.”

“Onde não há mais ninguém, ela chega e avisa


varando o pedregal da noite.”

2
pe·dre·gal (pedra + -g- + -al) substantivo masculino Lugar cheio de pedras. In Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013, Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/pedregal>. Acesso em 13.
dez. 2018.

2
Nesses versos, pode-se observar o emprego das seguintes figuras de linguagem:

(A) Comparação e metáfora.


(B) Metonímia e comparação.
(C) Antítese e metonímia.
(D) Onomatopeia e antítese.
(E) Metáfora e onomatopeia.

Leia o texto e responda à questão 02.

Disponível em:<http://bit.ly/2BhhKBI:>. Acesso em: 13 dez. 2018.

3
Questão 02

O quadrinista Quino, autor dessa tira, revela-se irônico porque nela ele faz criticas às
pessoas que

(A) assistem à televisão e gostam de ver os comerciais.


(B) diante dos comerciais da TV, ficam felizes ou ficam apáticos.
(C) mudam de canal na hora em que passam programas cômicos.
(D) criticam os consumistas pois eles passam o tempo todo vendo TV.
(E) não têm vontade própria e por isso tornam-se consumistas.

Leia o texto e responda às questões 03 e 04.

O Dinamarquês das Cavernas


Um fim de tarde no interior

Estávamos em 1878, 56º ano da independência do Brasil. Fazia já 38 anos do Reinado de sua
alteza Imperial, D Pedro II.
Era um fim de tarde quente na pequena vila de Lagoa Santa, no interior de Minas Gerais. As
nuvens se acumulavam atrás da Serra da Piedade. Era um prenúncio de chuva para amenizar
o calor abafado. Uma banda de música se fazia ouvir, lá para os lados da praça central.
[...]
O velhinho que cuidava da banda de Lagoa Santa era ninguém menos que Peter Wilhelm
Lund. O famoso paleontólogo dinamarquês, que havia chegado ali na pequena vila havia uns
trinta e cinco anos. Agora, já com quase oitenta anos, era uma figura pública do lugar.
[...]

4
Peter Lund, o cientista

Peter Lund foi muito importante para a Paleontologia. Seus achados de animais consolidaram a
questão das faunas de mamíferos pleistocênicos. Suas descobertas foram importantes para os
debates sobre a teoria da evolução das espécies, embora Lund tenha permanecido sem criticar
o catastrofismo de seu mestre Cuvier.
Os esqueletos humanos encontrados em lagoa Santa são os mais antigos até hoje descobertos
no continente americano. Lund, ao comparar os esqueletos humanos e a fauna pleistocênica
concluiu afirmativamente pela sua grande antiguidade. Era o famoso “homem de Lagoa Santa”.
No entanto, hoje mais famosa é uma mulher. Foi nestas cavernas que foi encontrado, no inicio
deste século, o esqueleto de Luzia. Trata-se do mais antigo esqueleto humano das Américas,
descrito pela equipe do arqueólogo Walter Neves.

A reconstrução do crânio chamado de Luzia: a mais antiga americana até hoje conhecida.
[...].

O “Pai” da Paleontologia Brasileira?

Quando se pensou numa história das ciências geológicas no Brasil, o nome de Lund não pôde
deixar de ser citado. Entretanto, os historiadores mais envolvidos com teorias positivistas
resolveram simplificar: Lund foi proclamado o “pai” da paleontologia brasileira. [...]

Holten, Birgitte, and Michael Sterll. Peter Lund e as grutas com ossos em Lagoa Santa. Editora UFMG, 2011.
Disponível em: http://www.blogs.ea2.unicamp.br/paleoblog/2017/11/14/peter_lund-o-homem-de-lagoa-santa/. Acesso
em: 13 dez. 2018. (adaptado)

5
Vocabulário:

Pleistocênica/pleistoceno – adj. de pleistoceno (subst,) Época geológica na história da Terra que


começou há cerca de 1.750.000 anos e terminou aproximadamente há dez mil anos. A época
pleistocena abrangeu um período chamado Idade do Gelo. Antropólogos creem que o ser humano
primitivo começou gradualmente a evoluir para a forma atual durante o Pleistoceno3.

Questão 03

Nos trechos “homem de Lagoa Santa” e “pai” (da paleontologia brasileira) as aspas
foram utilizadas porque

(A) houve erro na digitação, uma vez que esses sinais não deveriam ser escritos.
(B) são apelidos engraçados e populares e, por isso, eles devem ser realçados.
(C) o emprego desses sinais servem para indicar o uso de estrangeirismos.
(D) os autores do texto citam codinomes que foram criados por outras pessoas.
(E) devem ser sempre escritos com aspas: “homem de Lagoa Santa” e “pai”.

Questão 04

No trecho “Lund, ao comparar os esqueletos humanos e a fauna pleistocênica concluiu


afirmativamente pela sua grande antiguidade.”, verifica-se que há, entre as frases, uma
relação de

(A) finalidade.
(B) adversidade.
(C) Reciprocidade.
(D) causa e consequência.
(E) comparação e concessão.

3
Cf. Dicionário Online de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/pleistoceno/. Acesso em 24 de novembro
de 2017.

6
Leia o texto e responda às questões 05, 06 e 07.

iGen: Jovens em agonia


Luiz Felipe Pondé‘4

13/11/2017 02h00

Ricardo Cammarota

O conceito de geração, criação bem sucedida do marketing americano desde os chamados baby boomers,
ganhou "credencial" científica.

A pesquisadora americana Jean Twenge, em seu último livro "iGen, Why Today's Super-
Connected Kids Are Growing Up Less Rebellious, More Tolerant, Less Happy -and
Completely Unprepared for Adulthood" (Geração i, por que os jovens de hoje,
superconectados, estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes e
completamente despreparados para idade adulta), lançado pela Atria Books, constrói, a
partir de um arsenal de pesquisas, um perfil dos jovens nascidos entre 1995 e 2012.

O universo é o americano, mas, podemos aplicá-la com razoável segurança aos jovens
brasileiros das classes A e B.

Vale esclarecer que "i" (internet) aqui se refere ao "i" do iPhone, logo, a autora está dizendo
que esses jovens vivem com um iPhone nas mãos. E também "i" para "individualismo", traço
marcante da iGen.

Trabalho com jovens entre 18 e 20 há 22 anos. E posso perceber enormes semelhanças


entre o que ela descreve e o que vejo no dia a dia, não só em sala de aula, mas também,
graças ao contato alargado com jovens via mídias sociais. [...]

Escolas e famílias, muitas vezes, são parte do problema, e não da solução. Ambas se
atolam em modas de comportamento e iludem a si mesmas e aos jovens por conta, seja do

4
Filósofo, escritor e ensaísta, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, discute temas como comportamento, religião, ciência.

7
marketing das escolas, seja das projeções vaidosas dos pais sobre seus filhos. O marketing
das escolas é desenhado a partir dessas mesmas projeções vaidosas dos pais em relação
aos seus filhos, ou seja, clientes das escolas.

Algumas dessas projeções são: os jovens de hoje são mais evoluídos afetivamente, são
mais preocupados com temas sociais, mais tolerantes com o diferente, mais seguros com
relação ao que querem, menos submetidos à moral "imposta" pela sociedade, mais
sensíveis a desigualdade social, mais conscientes de uma alimentação equilibrada e, no
caso das meninas, mais autônomas, independentes e donas do seu corpo.

Algumas dessas projeções não são, necessariamente, falsas.

O discurso da tolerância entre os jovens aumentou de fato, principalmente no tema


gay/lésbica/transgênero (associado à questão "cada um é cada um").

A preocupação com a desigualdade social também aparece, mas, principalmente, limitado


ao campo das mídias sociais ou intercâmbios caros pra cuidar de crianças sírias na
Alemanha, claro, aprendendo alemão junto e conhecendo jovens do mundo inteiro.

A realidade e o clichê não se recobrem totalmente.

Segundo a pesquisa de Twenge, nunca houve jovens tão infelizes na face da Terra.
Consumidores de ansiolíticos em larga escala, a iGen busca "safe spaces" nas instituições
de ensino a fim de não sofrerem com "frases" que causem desconforto emocional. Se são
cuidadosos com os riscos físicos, esse mesmo cuidado no âmbito emocional indica a quase
total incapacidade de lidar com a realidade.

Percebe-se facilmente que os jovens, "cozidos" no discurso psi da "vulnerabilidade", vão se


tornando mais medrosos. Inseguros, morrem de medo de qualquer ideia que coloque em
xeque seus "direitos à felicidade".[...]

Fazem menos sexo, ao contrário do que o blá-blá-blá da liberação sexual diz até hoje. Têm
medo de contato físico e veem em tudo a ameaça de assédio sexual. A simples
demonstração de desejo é assédio.

Pensar em ter filhos, jamais! Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca querem
virar adultos. Melhor cachorros e gatos.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2017/11/1934981-igen-jovens-em-agonia.shtml>.


Acesso em: 13 dez. 2018 (adaptado)

Vocabulário

safe spaces - do inglês. local seguro


psi - da psicologia, psicológico.

8
Questão 05

Assinale a alternativa em cujas frases haja uma relação de causa e consequência.

(A) “[...] morrem de medo de qualquer ideia que coloque em xeque seus ‘direitos à
felicidade’ ".
(B) “[...] os jovens, ‘cozidos" no discurso psi da "vulnerabilidade’, vão se tornando mais
medrosos.”
(C) “Segundo a pesquisa de Twenge, nunca houve jovens tão infelizes na face da Terra.”
(D) “Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca querem virar adultos.”
(E) “Têm medo de contato físico e veem em tudo a ameaça de assédio sexual.”

Questão 06

Ao enfocar os problemas dos jovens da geração iGen, o autor da obra, Jean Twenge,
aborda um tema importante, com questões próprias

(A) da juventude dos anos sessenta.


(B) dos pais mais tolerantes e felizes.
(C) da sociedade atual superconectada.
(D) da época dos cavaleiros medievais.
(E) dos anciãos de um mundo informatizado.

Questão 07

Em “Pensar em ter filhos, jamais! Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca
querem virar adultos. Melhor cachorros e gatos.”, expressam a ideia de

9
A) felicidade
B) tolerância.
C) amor.
D) apatia.
E) ironia.

Leia os textos e responda às questões 08, 09. 10 e 11.


Texto 1 Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Poema de Sete Faces Eu não devia te dizer
Quando nasci, um anjo torto mas essa lua
desses que vivem na sombra mas esse conhaque
disse: Vai, Carlos! ser gauche5 na vida. botam a gente comovido como o diabo.
As casas espiam os homens ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia
que correm atrás de mulheres. Poética – 12 ed.,Rio de Janeiro: José Olympio,
1978, p. 3. Disponível em: <
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/poem
pernas brancas pretas amarelas. a-das-sete-faces-carlos-drummond-de-
Para que tanta perna, meu Deus, andrade/>. Acesso em: 13 dez. 2018.

pergunta meu coração. Texto 2


Porém meus olhos Até O Fim
não perguntam nada. Quando eu nasci veio um anjo safado
O homem atrás do bigode O chato "dum" querubim6
é sério, simples e forte. E decretou que eu estava predestinado
Quase não conversa. A ser errado assim
Tem poucos, raros amigos Já de saída a minha estrada entortou
o homem atrás dos óculos e do bigode. Mas vou até o fim
Meu Deus, por que me abandonaste
"Inda" garoto deixei de ir à escola
se sabias que eu não era Deus caçaram meu boletim
se sabias que eu era fraco. Não sou ladrão, eu não sou bom de
Mundo mundo vasto mundo, bola
se eu me chamasse Raimundo Nem posso ouvir clarim
seria uma rima, não seria uma solução. Um bom futuro é o que jamais me
esperou
Mas vou até o fim
5
Gauche - (palavra francesa) Desajeitado,
tímido, inseguro
6 querubim - Anjo do segundo coro da primeira
hierarquia;. Qualquer anjo.
10
Eu bem que tenho ensaiado um
progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto
sucesso
Em Quixeramobim7
Não sei como o maracatu8 começou
Mas vou até o fim

Por conta de umas questões paralelas


Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas
mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim

Não tem cigarro acabou minha renda


Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da
venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde9" mesmo que
vou
Mas vou até o fim
Cmo já disse é um anjo safado
O chato "dum" Querubim
Que decretou que eu estava
predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Chico Buarque de Holanda. Disponível em:


https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/ate-
o-fim-letras.html. Acesso em: 13 dez. 2018.

7 Quixeramobim: município localizado no estado


do Ceará
8 Maracatu: ritmo musical, dança com origem no

estado brasileiro de Pernambuco.

9
pronde - para onde

11
Questão 08

A figura de linguagem “comparação” é exemplificada pelo verso

(A) “botam a gente comovido como o diabo”.


(B) “Quando nasci, um anjo torto”.
(C) “se sabias que eu não era Deus”.
(D) “Não sou ladrão, eu não sou bom de bola ”.
(E)“Como já disse é um anjo safado”.

Questão 09

Observa-se que na letra de “Até o fim”, seu autor, Chico Buarque, inspira-se no texto
de Carlos Drummond para escrever

(A) um romance com detalhes realistas de sua vida.


(B) uma paródia com a figura do”chato” dum querubim.
(C) uma poesia romântica para um cantor de festim.
(D) uma canção de amor e de ódio porque a estrada entortou;
(E) um discurso sobre a firme determinação de querer ir até o fim.

12
Questão 10
Leia os versos do “Poema de Sete Faces”:

“O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.”

Apesar da mudança do enfoque da poesia, que passa do uso dos verbos em primeira
pessoa, para o uso dos verbos em 3ª pessoa, nos versos acima, está implícita a ideia
de que

(A) o homem descrito é o próprio poeta.


(B) o poeta decidiu ser gauche na vida.
(C) o homem descrito tem amigos leais.
(D) o poeta louva a solidão do indivíduo.
(E) o poeta fala de uma pessoa simpática.

Questão 11

No Texto 2, o eu lírico faz referência a um aspecto cultural

(A) da periferia carioca.


(B) da região sul do país.
(C) do nordeste brasileiro.
(D) do centro da capital paulista.
(E) do leste da região açucareira.

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Leia o texto e responda à questão 12.
POLITICOPATAS CJ

Disponível em: <http://f.i.uol.com.br/folha/cartum/images/17314187.jpeg>. Acesso em: 14 dez. 2018.

Questão 12

A tira é, ao mesmo tempo, irônica e engraçada pois

(A) os personagens pertencem ao século XXI.


(B) a ciência do futuro já resolveu esse quesito.
(C) as dúvidas desses homens foram esclarecidas.
(D) o mundo contemporâneo evoluiu nessa questão.
(E) a ciência atual não evoluiu quanto a esse problema.

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