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O FIM DA MORALIDADE
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Os princípios da nova civilização podem-se resumir em três enunciados: 1) toda


proibição é proibida; 2) toda repressão deve ser reprimida; 3) a única verdade é
que não existe verdade. R. R. RENO, citado por OLAVO DE CARVALHO [1]

‘...só pode existir liberdade num “espaço entre muros”, sendo esses muros a
moralidade e a lei nela baseada. É razoável argumentar qual a distância entre os
muros pode ser aceita, mas é suicídio cultural exigir todo o espaço e a
derrubada dos muros’ ROBERT H. BORK [2]

O fato de o Clube Militar lançar uma “Campanha pela Moralidade”, para a qual
me honraram com o convite para participar, significa que o diagnóstico já está
feito e todos que aceitamos participar estamos, em princípio, de acordo.
Podemos, portanto, eliminar esta etapa e passarmos à investigação das origens
e características desta queda dos princípios morais num precipício sem fundo
visível e especular sobre o futuro. E como sabemos, a moralidade anda em
ordem unida com a ética, a honestidade, a fidelidade, o respeito pelos outros
principalmente os pais, cônjuges e filhos, a gratidão, a tolerância com as
frustrações inevitáveis da vida. O que resta? O ódio, a perfídia, a inveja, a
traição, a arrogância, o narcisismo destrutivo, toda a plêiade de assombrações
demoníacas que faz com que o afundamento seja mais rápido e profundo em
direção ao caos. Como diz a tosca, mas verdadeira sabedoria popular: fica como
o diabo gosta!

Do convite consta uma série de sintomas que justificam o diagnóstico, embora


o limitem ao Brasil - corrupção em todos os níveis, encarada de forma normal;
irresponsável busca de atingir interesses pessoais, sobrepujando, em quase
todas as ocasiões, o interesse da coletividade; os fins justificando os meios;
injustificável desconhecimento do que acontece nas respectivas áreas de
responsabilidade; o pensamento do “gosto de levar vantagem em tudo”; os
direitos das minorias sobrepujando o direito da maioria; e a imposição do
politicamente correto em detrimento do livre pensar e falar. Sugere-se “elencar
medidas que, a curto e médio prazo, corrijam estas distorções”.
Lamentavelmente o mal já está enraizado e há mais de um século, vem
crescendo às vezes de forma sutil, outras vezes com picos de febre que
deveriam servir de alerta, mas geralmente são descartados quando a
temperatura baixa levando a acreditar numa ilusória cura.

A uma visão superficial a queda em direção a Sodoma e Gomorra parece ter


ocorrido espontaneamente, acontecendo sem sabermos bem como e por que.
Mas há males mais profundos que exigem estudo especializado para enxergar. A
referência bíblica não está deslocada, pois reside nas profundezas desta
situação uma total dessacralização do mundo. Nada mais é sagrado, nem os
espaços religiosos, nem os de cunho pessoal, o lar, o seio da família, local antes
privilegiado, hoje desatinado.  Eliade[3] nos fala do tempo e dos locais profanos
e sagrados. Para os primeiros existe uma homogeneidade espaço-temporal:
tudo se segue sem rupturas; para os últimos existe uma ruptura e sugere como
exemplo, já que vivemos num mundo predominantemente Cristão, uma Igreja
numa cidade moderna. “Para um crente, esta Igreja participa de um espaço
diferente da rua onde ela se encontra. A porta que se abre para seu interior
representa o limiar, uma solução de continuidade e a distância entre dois
modos de ser, profano e religioso. O próprio tempo parece parar para quem
cruza este limiar, principalmente se for durante uma Missa”.

“Uma função ritual análoga é transferida para o limiar das habitações humanas:
o lar, lugar de respeito e convivência. Os homens modernos não percebem
como os antigos, mas é assim que se passam as coisas”.

Hoje as Igrejas são invadidas por “femen”, transexuais, gays e hordas de


bárbaros que sobem nos altares para destruírem os ritos e imagens; o lar é
invadido pela pornografia televisiva, por um falso liberalismo entre os cônjuges,
pela facilitação do divórcio e do aborto. Já se ouve falar termos esdrúxulos
como “namorido”, um amálgama estúpido de namorado/marido e muitas vezes
os “casais” resolvem sequer formar um lar, morando cada um em sua casa, a
união sendo apenas para satisfações sexuais e hedonistas. A liberdade de
expressão é violada por escabrosas e asquerosas charges sobre tudo que tem
merecido respeito daqueles que conhecem o ponto de ruptura entre o sagrado e
o profano (vide Charlie Hebdo).

Mais profundamente, portanto, o âmago da doença, dificilmente atingido por


quem não tem conhecimento especializado é a abolição da diferença entre o
bem e o mal. Já em 1919, em plena euforia que tomou conta do mundo pelo fim
da “Grande Guerra”, um poeta percebia o que estava por vir. William Butler
Yeats escrevia o poema Second Coming, em que uma das estrofes afirmava

Turning and turning in the widening gyreThe falcon cannot hear the
falconer;Things fall apart; the centre cannot hold;Mere anarchy is loosed upon
the world,The blood-dimmed tide is loosed, and everywhereThe ceremony of
innocence is drowned;The best lack all conviction, while the worst

Are full of passionate intensity.[4]

Lembremos que em 17 os Bolchevistas tomaram o poder, em 19 Hitler reunia


seus primeiros aliados, o que veio a ser conhecido mais tarde por Alter Kämpfer
(Velhos Combatentes), a República de Weimar transformava a Alemanha numa
das sociedades mais pervertidas e imorais da história. Em 22, Mussolini e seus
Fasci di Combatimento faziam a Marcia su Roma. Na América os “Roaring
20’s”, o domínio da Máfia e do liberalismo moral desenfreado. No Brasil, como
em vários países do ocidente, fundava-se o Partido Comunista e o “ouro de
Moscou” financiava a palhaçada conhecida como “semana de arte moderna”.
Ia-se a arte pelo ralo, que culminou nas desastrosas Bienais, onde predomina a
barbárie, a irreverência total e a imbecilidade. Na última produziu-se um
manifesto pedindo ao Papa a “abolição do pecado” como se este não existisse,
fosse apenas uma invenção repressiva Judaico-Cristã. Não existe o bem nem o
mal, é pura invenção religiosa para reprimir a “liberdade” dos indivíduos. Não
custa para lançarem um movimento: “Abaixo os Dez Mandamentos,
instrumento de dominação e preconceito; abaixo os Evangelhos”. Abaixo tudo,
parece ser o moto da época. “Nada deve ser proibido, nem reprimido, a verdade
não existe”.  Como disse o Führer: “A verdade não tem valor enquanto houver a
ausência de vontade indomável de transformar essa percepção em ação!”.

“Os melhores perdem toda convicção, enquanto os piores estão plenos de


apaixonada intensidade”.  Yeats percebia que o fim da guerra liberava os
demônios que, insatisfeitos com o fim do conflito, voltavam-se para dominar a
paz. É daqui que devemos começar nossa investigação.

OS ALVOS DA NOVA GUERRA PARA MUDAR O MUNDO: OS JOVENS. A


ESTRATÉGIA: ABOLIR A RELIGIÃO, UNIR EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

Recuando a 1762, Jean-Jacques Rousseau publicava Emile, ou Da Educação, nas


suas palavras “a melhor e mais importante de todas minhas obras”, que teve
grande influência nas reformas educacionais da Revolução de 1789, no qual
defendia uma educação permissiva “centrada nas crianças” na qual o educador
deveria evitar disciplina estrita e lições maçantes e desinteressantes.
Juntamente com Johann Heinrich Pestalozzi acreditava que a “criança-total”
deveria ser educada através da ação e que a religião não deveria ser um
princípio norteador no processo, tema, aliás, ainda atual quando se atribui ao
Estado educar de forma laica.

No entanto, Rousseau abandonou seus cinco filhos sem sequer dar-lhes nomes,
entregando-os a um Hospital de Crianças Encontradas. Hume e Voltaire
consideravam-no um perigoso deliqüente. Emile é uma obra hipócrita, pois
tudo que defendeu depois foi a educação das crianças pelo Estado: (Ao
transferir suas reponsabilidades para o Estado) “percebi que estava
representando o papel de um cidadão e um pai, e me via um membro da
República de Platão”[5]. Rousseau pode ser considerado o precursor moderno
da ideologia que passou a tomar vulto na história da humanidade: o Estado
seria o pai, a patrie, e todos os cidadãos seriam os filhos do orfanato estatal
“paterno”. Sua influência chegou até ao hino nacional francês - Allons enfants
de la Patrie – refundando um conceito de Pátria greco-romano que  os anglo
saxões já estavam superando[6].

O abandono da educação religiosa, o rebaixamento da filosofia e da ética e suas


graves consequências sociais, são temas entrelaçados. Obviamente havia uma
“opção preferencial pelas crianças”, na “ânsia desmedida de tirar proveito da
mais dócil, indefesa e numerosa massa de manobra que um demagogo poderia
desejar”.  (Apud Olavo de Carvalho)

No início do século vinte as escolas americanas que antes ensinavam o sonho


americano se tornaram infestadas por drogas e crimes e estudantes secundários
quase se graduando mal sabiam ler, soletrar e realizar cálculos aritméticos
simples. Fenômenos que encontramos hoje no Brasil já ocorriam há mais de um
século por lá. Na época a Alemanha liderava os estudos sobre educação,
destacando-se o nome de Wilhelm Maximilian Wundt com o qual estudaram G.
Stanley Hall e, principalmente, John Dewey[7].

Segundo Dewey, um socialista Fabiano considerado um dos maiores educadores


americanos, e muito influente em todo mundo, “o supremo problema de toda
educação é coordenar os fatores psicológicos e sociais”. A coordenação exige
que a criança seja capaz de se expressar, mas de tal maneira que possibilite a
realização de sua finalidade social. (...) Segundo as diretrizes de Wundt a
redefinição de educação leva à abdicação do papel do professor como educador,
transformando-o num guia na socialização da criança, levando cada jovem a se
adaptar a um comportamento específico exigido dele para “se integrar ao
grupo”. Desde o começo da Civilização Ocidental o curriculum escolar estava
centrado no desenvolvimento das capacidades acadêmicas, nas faculdades
intelectuais e na alta literatura. Dewey queria mudar isso, e conseguiu até
mesmo indiretamente aqui no Brasil porque estas capacidades produzem
aquela forma abominável de inteligência que Dewey acreditava ser antissocial.

Os discípulos de Dewey conduziram escolas de formação de professores, sendo


a principal o Teachers College, financiado por John D. Rockfeller. Harold Rugg,
um dos mais influentes, escreveu:
“...através das escolas do mundo disseminaremos uma nova forma de governo,
que englobará todas as atividades coletivas dos homens; que postulará a
necessidade de controle científico e operação das atividades econômicas
dirigidas ao interesse do povo”.

A combinação de educação com psicologia é um elemento explosivo, que levou


a uma das mais diabólicas “profissões” jamais inventadas: a psicopedagogia.
Quando se diz que o professor funciona como um investigador para saber o que
há de errado, tendo o acompanhamento do psicólogo na busca de “soluções", a
escola se transforma em agente terapêutico e abandona sua função principal:
educar. Instaura-se o mundo maquiavélico da “psicopedagogia”, o pior dos
mundos para crianças e famílias!

ENQUANTO ISTO, DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Uma pessoa resumia em si mesma as duas especialidades. Maria Montessori,


psiquiatra a educadora, surgia como o suprassumo da educação e até hoje seu
método “construcionista” é largamente usado entre nós.

Montessori criou as Casa dei Bambini na Itália em 1907, foi recebida com
honras nos EUA em 1913 e foi para Barcelona em 1916, dizem alguns para evitar
que seu marido fosse convocado para a I Guerra Mundial. Em 1920 saiu a III
Edição de seu Il Metodo della Pedagogia Scientifica e Maria começa a retomar
contatos com sua terra natal. As referências mais explícitas mencionam que ela
retornou à Itália em 1922, foi nomeada inspetora geral das escolas fascistas. A
verdade é que voltou para seu país exatamente por apoiar Mussolini no exato
ano em que ele era nomeado Presidente do Conselho do Reino. Inicialmente
proferiu uma série de conferências em Nápoles a convite do então Ministro
Antonio Anile. Um ano após Giovanni Gentile[8] é nomeado Ministro e,
influenciado pela Rainha-Mãe, Margherita de Saboia, demonstra interesse em
colaborar com Montessori e disseminar seu método pedagógico por todo o país.
Mussolini se interessou muitíssimo pelo método pedagógico considerado
promissor para ser incorporado ao sistema escolástico da Reforma Gentile. Em
abril de 1924 a Societá Amici del Método se torna a Opera Nazionale
Montessori, fundação criada por decreto real, presidida por Gentile com Maria
Montessori como Presidente de Honra. Mussolini autorizou Gentile a
estruturar um curso montessoriano para professores em Milão. Cento e
cinqüenta alunos assistiram às aulas de Montessori, 60 por ordem direta de
Gentile. Mussolini era o Presidente de Honra do curso.

Em 1926 Mussolini é escolhido Presidente da Opera e Gentile passa a Diretor


dos escritórios de Roma. O Duce provê com fundos estatais as escolas que
seguissem o método, contribuindo com 10.000 Liras de seu próprio bolso. Já
em 1925, ano em que Maria se tornou membro honorário do Partido Fascista,
Mussolini dizia que “pessoas que objetassem ao método montessoriano eram
todos ignorantes” e “recomendou o método a outros ditadores”. No mesmo
ano foi estabelecida em Roma uma escola montessoriana de preparação de
professores, a Scuola Magistrale Montessori, e o Ministro Gentile anunciou que
este era o próprio método fascista de ensino. Neste ano (1926) foi fundada a
Opera Nazionale Balilla, responsável pela educação política e física das crianças
em curso primário. A partir de 1929 Montessori passou a controlar todo o
sistema de ensino fascista[9].

O construtivismo não passa de uma falácia. Foi e continua sendo um meio fértil
para a introdução das ideologias coletivistas, ambientalistas e a preparação,
entre outras coisas, de um mundo de pensamento uniformizado, um mundo de
crianças robotizadas a serviço de qualquer totalitarismo. Pois o tal ambiente
preparado pode ser preparado para qualquer coisa e utiliza-se a noção de
autoconstrução para esvaziar a mente dos alunos dos valores que traz de casa e
“construir os seus”. Ora, isto é uma impossibilidade, a criança aprende
inicialmente imitando, só posteriormente irá fazendo suas próprias opções e
criando outras. O que ocorre é uma verdadeira lavagem cerebral, bem ao gosto
dos sistemas totalitários. Pode-se, então, introduzir qualquer coisa como se
fosse “construção” ou “criação” da própria criança, aumentando falsamente o
sentimento de onipotência. Nada mais eficaz do que o doutrinado acreditar que
inventou a doutrina. Foi aí que o Duce encontrou a verdadeira utilização do
método montessoriano!
O método não é, portanto construtivista, mas desconstrutivista: é preciso
“desconstruir” tudo que já está na mente infantil, para deixar a criança inerme
nas mãos de professores os quais, ao invés da admitir que ensinam o que bem
entendem, fingem que a criança está autoconstruindo seu conhecimento. Com
isto eliminam-se todos os valores universais, estimula-se a onipotência da
criança para torná-la uma humanista – o homem é o centro de todas as coisas,
nada lhe transcende ou lhe é superior - que acredita que não existem
conhecimentos universais, mas todos são suas criações.

A edição de suas obras ficou a cargo da Sociedade Teosófica [10], fundada por
um grupo dos maiores escroques do século: Yelena Pietrovna Blavatsty, Alice
Bailey, Annie Bésant, Charles Leadbetter, Henrt Steel Olcott e outros. Não por
coincidência o nome da Editora era Lúcifer, posteriormente Lucis. Em sua
Education for a New World Montessori escreveu: “O mundo não foi criado para
que o aproveitemos, mas fomos criados para evoluir o cosmos”. Num número
do North American Montessori Teachers Association Journal encontramos que
Montessori profetizava nada menos do que uma nova cultura humana. Esta
nova cultura global, planetária, humanista seria a base de uma nova consciência
da unidade e interdependência de todos os seres, a interconexão de todas as
formas de energia e matéria. Haverá uma mudança de paradigma para alinhar-
nos para educar o potencial humano dirigido a uma cooperação consciente com
a evolução da vida no planeta.

UM SALTO NO TEMPO: A CONEXÃO NEURO-PSIQUIÁTRICA DO PÓS II


GUERRA E AS NAÇÕES UNIDAS[11]

Em 1946 o General George Brock Chisholm, M.D., General do Exército e


Psiquiatra canadense, apresentou na The William Alanson White Memorial
Lectures uma conferência intitulada “The Psychiatry of Enduring Peace and
Social Progress”. Dois anos depois sua mensagem foi publicada na prestigiosa
revista Psychiatry, e por seu amigo comunista Alger Hiss, editor da revista
socialista International Conciliation com o título de "The Re-establishment of a
Peacetime Society" prefaciada pelo próprio Hiss. Alger Hiss presidiu em 1945 a
Assembleia de fundação das Nações Unidas, onde se mostrou fiel sabujo de
Stalin, com o total conhecimento de Roosevelt, inclusive redigindo a
Declaração Universal dos Direito do Homem, uma extraordinária peça de
dominação travestida de direitos e liberdade. Não por acaso, certamente,
Chisholm foi o primeiro Diretor Geral e organizador da Organização Mundial
de Saúde.

Alguns trechos selecionados desta conferência podem dar ao leitor como


nossas crianças têm sido educadas. Não esqueçam que a OMS forma um par
indivisível com a UNESCO, que controla nossa educação [12]:

“O único denominador comum de todas as civilizações e a única força


psicológica capaz de produzir todas as perversões é a moralidade, o conceito de
certo e errado, o veneno já descrito desde o início dos tempos: “os frutos da
árvore do conhecimento do bem e do mal”. Por muitas gerações curvamos
nosso pescoço à canga da convicção na existência de pecado. Engolimos todos
os tipos de certezas venenosas com que nossos pais, os professores das escolas
dominicais e comuns, os políticos, os padres, os jornais nos alimentaram, com o
interesse dissimulado de nos controlar”.

“Produzir uma geração de cidadãos maduros é a tarefa maior e mais necessária


que qualquer país pode empreender. A reinterpretação e erradicação final dos
conceitos de certo e errado, que tem sido a base da formação das crianças e a
substituição da fé nas certezas dos mais velhos pelo pensamento racional, são
os objetivos de praticamente toda psicoterapia efetiva (e educação). (...) Não
seria mais sensível parar de impor às crianças nossos preconceitos e fé e
mostrar a elas todos os lados da questão de tal maneira que eles desenvolvam a
capacidade de dimensionar as coisas por si mesmas e tomar as suas próprias
decisões?”

“Ao sugerimos que devemos parar de ensinarmos moralidade e o veneno do


certo/errado, ao invés de proteger sua integridade intelectual original somos
tratados como hereges e iconoclastas, tal como Galileu foi tratado por
descobrir outros planetas. O pretexto é de que abandonar totalmente os
conceitos de certo e errado produziria pessoas não civilizadas, imoralidade,
ausência de lei e caos social. Mas o que ocorreria seria tomarmos o poder sobre
nosso destino, gentilmente pondo de lado as maneiras erradas dos mais velhos,
se isto for possível. Se não for possível de forma gentil, deverá ser feito de
forma grosseira ou até mesmo violenta, como já ocorreu antes”.

As sugestões de Chisholm contém a essência da revolução cultural neo-


Marxista dos anos 60. Embora muitos perguntem se a abolição dos conceitos
do bem e do mal, do certo e do errado não privaria a humanidade de toda a base
da Civilização, elas foram apoiadas pelos mais altos níveis da política mundial e
regiamente financiadas pelas Fundações globalistas.

A CONTRACULTURA DOS ANOS 60

Ao analisarmos a conturbada década de 60 é preciso ter em consideração outras


influências que se somaram às já mencionadas: as obras de Antonio Gramsci e
as da Escola de Frankfurt. Ambas têm sido amplamente estudadas entre nós. A
obra clássica sobre Gramsci no Brasil é a o livro do General Sérgio Augusto de
Avellar Coutinho A Revolução Gramscista no Ocidente, que creio ser bastante
conhecida por sua brilhante atuação como Diretor Cultural deste Clube. A obra
já clássica de Olavo de Carvalho, A Nova Era e a Revolução Cultural: Fritjof
Capra e Antonio Gramsci é também referência obrigatória.

O termo Escola de Frankfurt se aplica indiferentemente a um grupo de soi-


disánt intelectuais do Institut für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas
Sociais) como a uma teoria social e cultural específica: a Teoria Crítica da
sociedade capitalista. O significado desta expressão é definido por Max
Horkheimer, seu principal Diretor em sua obra Dämmerung (Crepúsculo): “Um
milionário ou até sua mulher podem dar-se o luxo de ter um caráter muito reto
e nobre, podem adquirir todas as amáveis qualidades que se possa imaginar. O
pequeno industrial está em desvantagem. Em sua própria pessoa há
necessariamente traços de explorador, senão ele não poderia sobreviver. Este
handicap moral cresce à medida que a função ocupada no processo diminui de
importância. A inteligência e todas as capacidades se desenvolvem mais
facilmente quanto mais elevado for o padrão de vida. Isto não vale apenas para
as competências sociais, mas também para o resto das qualidades do
indivíduo”.

Note-se que as qualidades de bem ou mal, de certo ou errado são “socialmente


determinadas”, portanto inexistentes por si mesmas.

Com a ascensão de Hitler em 1933 a escola se transfere para Genebra, depois


Paris e finalmente New York, afiliada à Columbia University e à California, na
Berkeley University.  Um dos livros de Herbert Marcuse, um de seus expoentes,
tornou-se a Bíblia dos estudantes rebeldes da década: Eros and Civilization,
onde a repressão é a essência da sociedade burguesa. No mundo criado por
Marcuse “cada um pode fazer o que bem entender, não haverá mais trabalho,
somente diversão”. Marcuse foi o inventor da frase “faça amor, não faça a
guerra” explorando a oposição à Guerra do Vietnam. Este é o germe da defesa
da satisfação de todos os desejos, mesmo os considerados pelo homem comum,
como perversos, por exemplo a pedofilia (o “direito sexual da crianças”). Para a
Escola de Frankfurt “os valores universais são autoritariamente impostos e
transmitidos pela família tradicional e as religiões”. Não existem por si
mesmos, são apenas subprodutos da dominação das classes conservadoras.

Os “ensinamentos” destas correntes dominadas pelo marxismo cultural não


diferem do que vínhamos investigando: a abolição dos conceitos do bem e do
mal, do certo e do errado[13].  Esta abolição só poderá ser conseguida através
da destruição de todo o conhecimento milenar transmitido pelas religiões e a
instalação definitiva e completa do relativismo moral.

Não matarás, desde que não seja um feto em sua barriga porque seu corpo é seu
direito; não roubarás, desde que seja dos ricos para os pobres, ou para o partido
dos pobres; todo cidadão honesto é um “zé mané” enquanto os espertos, que
levam vantagem em tudo, são “malandros”, espertalhões; e por aí vai!

CIVILIZAÇÃO E RELIGIÃO
O Padre Leonel Franca, s.j., em sua obra clássica A Crise do Mundo Moderno,
começa com os seguintes dizeres: “Após as esperanças ilusórias do século XIX,
a decepção dos nossos dias. A geração de ontem foi embalada com os idílios de
um otimismo confiante e satisfeito, a fé na nossa civilização era inabalável”.
Esta crença inabalável na ciência acabou afastando o Cristianismo como um
inconveniente obstáculo à fé na razão, a nova deusa. “A sua maior influência é
doutrinária. A averiguação do fato, sucede a questão de direito; a conexão
contingente dos acontecimentos, a relação necessárias das ideias.  (...) O
Cristianismo não nos trouxe um formulário prático de metodologia científica,
mas transfigurou radicalmente a nossa concepção de natureza, tornando
possível a ciência moderna”.

O abandono da herança Cristã começa a pairar a emaça de uma catástrofe de


proporções inauditas. “O dia em visse a faltar esta força de conservação, este
fundo religioso, assistiríamos ao declínio de toda cultura científica, ao descaso
de sua consciência rigorosa, ao arrefecimento de sua generosa aspiração para a
verdade, ao embotamento do senso de suas responsabilidades, ao mesmo
tempo a técnica requintada de nosso trabalho científico ficaria entregue às mais
perniciosas influências dos interesses temporais e dos instintos”.

Uma sociedade que perdeu sua religião é, cedo ou tarde, uma sociedade que
perdeu sua cultura. Começamos apenas a compreender quanto a vitalidade de
uma sociedade se acha íntima e profundamente ligada à sua religião. É o
impulso religioso que dá a força de coesão necessária a uma sociedade ou
cultura. Não são as grandes civilizações que produzem as grandes religiões
como uma espécie de subproduto cultural. Na realidade e em todo rigor do
termo são as grandes religiões que constituem os fundamentos sobre os quais
se elevam as grandes civilizações[14].

Na vida pública os valores tradicionais de honestidade, lealdade e fidelidade são


substituídas pela esperteza e a malandragem. Como antevia Yeats “Os melhores
perdem toda convicção, enquanto os piores estão plenos de apaixonada
intensidade”.
Não é exatamente isto que está acontecendo entre nós? O que fazer para
inverter esta situação, para que os melhores retomem a convicção que
perderam? Não vejo resposta a curto ou médio prazo.

***

[1] O Segredo da invasão Islâmica, Mídia Sem Máscara (versão impressa), Ano
1, Nº 1[2] Slouching Towards Gomorrah: Modern Liberalism and American
Decline, Harper Perennial[3] Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano: A Essência
das Religiões, Ed. Livros do Brasil, Lisboa[4] (Tentativa amadorística de
tradução livre):Girando e girando num redemoinho cada vez mais amploO
falcão não pode ouvir o falcoeiroTudo desmorona; o centro não consegue
manter o rumoExtrema anarquia toma conta do mundoA maré de sangue escoa
por toda parteA cerimônia da inocência se afogaOs melhores perdem toda
convicção

Enquanto os piores estão plenos de apaixonada intensidade

[5] Paul Jonhson,  Os Intelectuais[6] Fustel de Coulanges, La Cité antique. Ver


tb. Juan Bautista Alberdi, A onipotência do Estado é a negação da Liberdade
Individual, trad.: http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?
id_artigo=2210 [7] Cf. Paolo Lionni, The Leipzig Connection: The Systematic
Destruction of American Education, Basics in Education, Heron Books[8] Para
a reforma Gentile ver: http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?
id_artigo=3004 [9] Uma abordagem sobre Montessori está em La Nuova Scola
Fascista e ss., de minha autoria em
http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=3029 [10]
Ver suas ideias sobre raças:
http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=4612 [11] Um
estudo cronológico essencial é o de Charlotte Thomson Iserbyt, The Deliberate
Dumbing Down of America, disponível em .pdf em
http://www.deliberatedumbingdown.com/MomsPDFs/DDDoA.sml.pdf [12] O
idealizador e primeiro Diretor da UNESCO, que controla nossas escolas e
currículos, foi Robert Müller, também ligado a Alice Bailey e à Sociedade
Teosófica. Ver no meu livro O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem
Mundial. Ler também Brave New Schools, de Berit Kjos, e  
http://heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=99 [13] Para um
entendimento da devastação cultural nos Estados Unidos é recomendável o
livro de Tammy Bruce, The Death of Right and Wrong, Prima Forum:2003

[14] Christopher Dawson, Progress and Religion: an Historical Enquiry

http://www.rplib.com.br/index.php/artigos/item/4697-o-fim-da-moralidade

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