Professional Documents
Culture Documents
br
O FIM DA MORALIDADE
Send to Kindle
‘...só pode existir liberdade num “espaço entre muros”, sendo esses muros a
moralidade e a lei nela baseada. É razoável argumentar qual a distância entre os
muros pode ser aceita, mas é suicídio cultural exigir todo o espaço e a
derrubada dos muros’ ROBERT H. BORK [2]
O fato de o Clube Militar lançar uma “Campanha pela Moralidade”, para a qual
me honraram com o convite para participar, significa que o diagnóstico já está
feito e todos que aceitamos participar estamos, em princípio, de acordo.
Podemos, portanto, eliminar esta etapa e passarmos à investigação das origens
e características desta queda dos princípios morais num precipício sem fundo
visível e especular sobre o futuro. E como sabemos, a moralidade anda em
ordem unida com a ética, a honestidade, a fidelidade, o respeito pelos outros
principalmente os pais, cônjuges e filhos, a gratidão, a tolerância com as
frustrações inevitáveis da vida. O que resta? O ódio, a perfídia, a inveja, a
traição, a arrogância, o narcisismo destrutivo, toda a plêiade de assombrações
demoníacas que faz com que o afundamento seja mais rápido e profundo em
direção ao caos. Como diz a tosca, mas verdadeira sabedoria popular: fica como
o diabo gosta!
“Uma função ritual análoga é transferida para o limiar das habitações humanas:
o lar, lugar de respeito e convivência. Os homens modernos não percebem
como os antigos, mas é assim que se passam as coisas”.
Turning and turning in the widening gyreThe falcon cannot hear the
falconer;Things fall apart; the centre cannot hold;Mere anarchy is loosed upon
the world,The blood-dimmed tide is loosed, and everywhereThe ceremony of
innocence is drowned;The best lack all conviction, while the worst
No entanto, Rousseau abandonou seus cinco filhos sem sequer dar-lhes nomes,
entregando-os a um Hospital de Crianças Encontradas. Hume e Voltaire
consideravam-no um perigoso deliqüente. Emile é uma obra hipócrita, pois
tudo que defendeu depois foi a educação das crianças pelo Estado: (Ao
transferir suas reponsabilidades para o Estado) “percebi que estava
representando o papel de um cidadão e um pai, e me via um membro da
República de Platão”[5]. Rousseau pode ser considerado o precursor moderno
da ideologia que passou a tomar vulto na história da humanidade: o Estado
seria o pai, a patrie, e todos os cidadãos seriam os filhos do orfanato estatal
“paterno”. Sua influência chegou até ao hino nacional francês - Allons enfants
de la Patrie – refundando um conceito de Pátria greco-romano que os anglo
saxões já estavam superando[6].
Montessori criou as Casa dei Bambini na Itália em 1907, foi recebida com
honras nos EUA em 1913 e foi para Barcelona em 1916, dizem alguns para evitar
que seu marido fosse convocado para a I Guerra Mundial. Em 1920 saiu a III
Edição de seu Il Metodo della Pedagogia Scientifica e Maria começa a retomar
contatos com sua terra natal. As referências mais explícitas mencionam que ela
retornou à Itália em 1922, foi nomeada inspetora geral das escolas fascistas. A
verdade é que voltou para seu país exatamente por apoiar Mussolini no exato
ano em que ele era nomeado Presidente do Conselho do Reino. Inicialmente
proferiu uma série de conferências em Nápoles a convite do então Ministro
Antonio Anile. Um ano após Giovanni Gentile[8] é nomeado Ministro e,
influenciado pela Rainha-Mãe, Margherita de Saboia, demonstra interesse em
colaborar com Montessori e disseminar seu método pedagógico por todo o país.
Mussolini se interessou muitíssimo pelo método pedagógico considerado
promissor para ser incorporado ao sistema escolástico da Reforma Gentile. Em
abril de 1924 a Societá Amici del Método se torna a Opera Nazionale
Montessori, fundação criada por decreto real, presidida por Gentile com Maria
Montessori como Presidente de Honra. Mussolini autorizou Gentile a
estruturar um curso montessoriano para professores em Milão. Cento e
cinqüenta alunos assistiram às aulas de Montessori, 60 por ordem direta de
Gentile. Mussolini era o Presidente de Honra do curso.
O construtivismo não passa de uma falácia. Foi e continua sendo um meio fértil
para a introdução das ideologias coletivistas, ambientalistas e a preparação,
entre outras coisas, de um mundo de pensamento uniformizado, um mundo de
crianças robotizadas a serviço de qualquer totalitarismo. Pois o tal ambiente
preparado pode ser preparado para qualquer coisa e utiliza-se a noção de
autoconstrução para esvaziar a mente dos alunos dos valores que traz de casa e
“construir os seus”. Ora, isto é uma impossibilidade, a criança aprende
inicialmente imitando, só posteriormente irá fazendo suas próprias opções e
criando outras. O que ocorre é uma verdadeira lavagem cerebral, bem ao gosto
dos sistemas totalitários. Pode-se, então, introduzir qualquer coisa como se
fosse “construção” ou “criação” da própria criança, aumentando falsamente o
sentimento de onipotência. Nada mais eficaz do que o doutrinado acreditar que
inventou a doutrina. Foi aí que o Duce encontrou a verdadeira utilização do
método montessoriano!
O método não é, portanto construtivista, mas desconstrutivista: é preciso
“desconstruir” tudo que já está na mente infantil, para deixar a criança inerme
nas mãos de professores os quais, ao invés da admitir que ensinam o que bem
entendem, fingem que a criança está autoconstruindo seu conhecimento. Com
isto eliminam-se todos os valores universais, estimula-se a onipotência da
criança para torná-la uma humanista – o homem é o centro de todas as coisas,
nada lhe transcende ou lhe é superior - que acredita que não existem
conhecimentos universais, mas todos são suas criações.
A edição de suas obras ficou a cargo da Sociedade Teosófica [10], fundada por
um grupo dos maiores escroques do século: Yelena Pietrovna Blavatsty, Alice
Bailey, Annie Bésant, Charles Leadbetter, Henrt Steel Olcott e outros. Não por
coincidência o nome da Editora era Lúcifer, posteriormente Lucis. Em sua
Education for a New World Montessori escreveu: “O mundo não foi criado para
que o aproveitemos, mas fomos criados para evoluir o cosmos”. Num número
do North American Montessori Teachers Association Journal encontramos que
Montessori profetizava nada menos do que uma nova cultura humana. Esta
nova cultura global, planetária, humanista seria a base de uma nova consciência
da unidade e interdependência de todos os seres, a interconexão de todas as
formas de energia e matéria. Haverá uma mudança de paradigma para alinhar-
nos para educar o potencial humano dirigido a uma cooperação consciente com
a evolução da vida no planeta.
Não matarás, desde que não seja um feto em sua barriga porque seu corpo é seu
direito; não roubarás, desde que seja dos ricos para os pobres, ou para o partido
dos pobres; todo cidadão honesto é um “zé mané” enquanto os espertos, que
levam vantagem em tudo, são “malandros”, espertalhões; e por aí vai!
CIVILIZAÇÃO E RELIGIÃO
O Padre Leonel Franca, s.j., em sua obra clássica A Crise do Mundo Moderno,
começa com os seguintes dizeres: “Após as esperanças ilusórias do século XIX,
a decepção dos nossos dias. A geração de ontem foi embalada com os idílios de
um otimismo confiante e satisfeito, a fé na nossa civilização era inabalável”.
Esta crença inabalável na ciência acabou afastando o Cristianismo como um
inconveniente obstáculo à fé na razão, a nova deusa. “A sua maior influência é
doutrinária. A averiguação do fato, sucede a questão de direito; a conexão
contingente dos acontecimentos, a relação necessárias das ideias. (...) O
Cristianismo não nos trouxe um formulário prático de metodologia científica,
mas transfigurou radicalmente a nossa concepção de natureza, tornando
possível a ciência moderna”.
Uma sociedade que perdeu sua religião é, cedo ou tarde, uma sociedade que
perdeu sua cultura. Começamos apenas a compreender quanto a vitalidade de
uma sociedade se acha íntima e profundamente ligada à sua religião. É o
impulso religioso que dá a força de coesão necessária a uma sociedade ou
cultura. Não são as grandes civilizações que produzem as grandes religiões
como uma espécie de subproduto cultural. Na realidade e em todo rigor do
termo são as grandes religiões que constituem os fundamentos sobre os quais
se elevam as grandes civilizações[14].
***
[1] O Segredo da invasão Islâmica, Mídia Sem Máscara (versão impressa), Ano
1, Nº 1[2] Slouching Towards Gomorrah: Modern Liberalism and American
Decline, Harper Perennial[3] Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano: A Essência
das Religiões, Ed. Livros do Brasil, Lisboa[4] (Tentativa amadorística de
tradução livre):Girando e girando num redemoinho cada vez mais amploO
falcão não pode ouvir o falcoeiroTudo desmorona; o centro não consegue
manter o rumoExtrema anarquia toma conta do mundoA maré de sangue escoa
por toda parteA cerimônia da inocência se afogaOs melhores perdem toda
convicção
http://www.rplib.com.br/index.php/artigos/item/4697-o-fim-da-moralidade