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P. Por que o V.M. Samael critica certos autores e ao mesmo tempo utiliza os
conhecimentos deles? Isso não é contraditório?
R. Porque as obras desses autores compõem suas matrizes teóricas. Isso não é
contraditório por ser resultado da imparcialidade. A posição do V.M. em relação aos
autores que critica é imparcial e não tendenciosa, ou seja, ele os critica, aponta erros,
não por "ser contra" o autor e sim por estar realizando um trabalho de ampliação e
desenvolvimento dessas obras. O Mestre os critica e ao mesmo tempo os adota
porque sua meta é dar continuidade ao trabalho realizado por eles. Os discípulos
fanáticos desses autores ficam horrorizados e irritados porque estão presos à forma
exterior desses ensinamentos e nunca os realizaram em si mesmos, isto é, não são
verdadeiros ocultistas, somente teóricos. A postura samaeliana em relação aos demais
ocultistas é uma postura amadurecida, imparcial, e não uma postura infantil de "estar
contra" ou "a favor" do autor. Apenas pessoas infantilizadas confundem crítica
imparcial com antipatia pessoal, como é o caso dos detratores da Gnosis.
P. Por que nos seus livros há alguns trechos idênticos e outros quase idênticos aos de
outros autores?
R. Por que não houve correta revisão nesses livros e tais trechos não foram citados
segundo as normas técnicas que deveriam ter sido utilizadas. Em muitos casos, eram
transcrições de conferências gravadas em fitas e nem sempre o conferencista se
detém citando nomes de autores, páginas e parágrafos.
A meta do V.M. Samael não era ser ovacionado academicamente e nem receber
reconhecimento literário algum, sua meta era transmitir orientações esotéricas às
pessoas interessadas. Logo, não há muito sentido em julgar seus livros do ponto de
vista literário ou acadêmico, principalmente porque todo o seu trabalho se deu fora
desse âmbito.
Os detratores da Gnosis afirmam que o V.M. Samael não tinha originalidade alguma
e que suas idéias foram roubadas de outros autores. Isso é uma mentira pelo seguinte.
O ensinamento do V.M. Samael é um ensinamento de síntese, como ele mesmo
afirma. Ele não "usurpou" idéias dos outros, apenas as ampliou e aprofundou. O seu
trabalho literário é no sentido de corrigir, aprofundar, ampliar e acrescentar
informação aos ensinamentos dos mestres que o antecederam. As matrizes teóricas
utilizadas provém dos autores que ele estudou: Paracelso, Franz Hartmann, V.M.
Huiracocha, H. P. Blavatsky, Ouspensky & Gurdjieff, Eliphas Lévi, Rudolph Steiner,
Annie Besant, Leadbeater, entre muitos outros.
O V.M. Samael parte destes autores mas fundamenta-se em sua experiência própria.
Portanto, ele não "roubou" idéias de ninguém e não é um charlatão como os
detratores de sua obra dizem.
Concentração e imaginação
Quando a concentração atinge um nível máximo, podemos nos desligar até mesmo do
objeto de concentração. Então caímos no vazio da meditação.
Qualquer imagem mental serve para concentração, mas uma imagem simbólica
fornecida por um mestre é melhor porque atua de forma mais incisiva sobre o
psiquismo. Os V.M. Samael e Rabolú nos fornecem muitas imagens simbólicas para
concentração em seus livros.
Antes de começarmos a prática, nada percebemos porque o chakra não está tão ativo.
Quando nos acomodamos, relaxamos e nos concentramos em uma imagem mental, o
chakra começa a entrar em atividade e atingimos o primeiro nível acima descrito. Se
aprofundarmos a concentração, chegaremos ao segundo nível.
Diz o V.M. Rabolú que as caídas vêm pela mente. Entendo que ele quer dizer que a
ejaculação decorre do pensamento.
Quando estamos praticando o arcano, ejacularemos a energia se ficarmos pensando
em luxúria, mulheres e dando asas a fantasias sexuais.
O impulso ejaculatório parte do cérebro. Se ficarmos fantasiando morbosidades
durante a prática, lembrando de fantasias que gostaríamos de satisfazer, filmes e
imagens pornográficas, mulheres que desejamos muito mas nunca conseguimos
possuir etc. chegaremos a um estado de excitação máxima. O cérebro entenderá que é
hora de ejacular e enviará a ordem ao órgão sexual. O resultado é uma caída.
A solução é, portanto, não pensar nada durante o arcano, somente concentrar a
imaginação na transmutação e evitar todo pensamento morboso e imaginação
luxuriosa. Assim evitamos que o nível de excitação ultrapasse o limite da ejaculação.
Esse conselho também serve para aqueles que sofrem com a ejaculação precoce. Por
meio da concentração, podemos não somente atrasar mas também suspender a
ejaculação, retirando-nos do ato sem derramar uma gota sequer de sêmen.
Todo homem possui fantasias eróticas: mulheres que ele deseja mas nunca conseguiu
possuir, coisas obscenas específicas que ele gostaria de fazer etc. Tais fantasias vêm à
mente durante o ato sexual e promovem a caída. Se não permitirmos que nenhuma
fantasia entre na mente, mantendo-nos sem pensar em nada luxurioso e evitando toda
imagem mental de mulheres nuas e coisas assim, conseguiremos nos manter no ato
sexual sem ejacular. Quem for muito treinado neste campo, é capaz de manter-se em
intensa atividade sexual sem que a ejaculação sequer se aproxime.
Não devemos seguar a ejaculação, devemos evitar que ela se aproxime e a melhor
forma de fazê-lo é mantendo a mente limpa de toda fantasia luxuriosa.
A não ejaculação deve ser praticada também pela mulher? Pois notei que
nessas práticas o homem eleva seu bem-estar e a parceira continua no
mesmo patamar.. ou até decai para fantasias luxuriosas (como ser feita
de escrava sexual pelo parceiro).
No entanto, tenho que informá-lo, para o seu bem, que você abusou da
prática e cometeu Violência contra a Natura. A prática da magia sexual
não é para ser usada deste modo, para "proporcionar mais prazer" e sim
para nos dar força na morte do apego a todos os prazeres corporais.
Quanto mais o amigo se apegar aos prazeres sensoriais do corpo físico,
mais materializado ficará e mais sofrerá depois da desencarnação. O que
faz os defuntos sofrerem é o desejo carnal insaciável que foi cultivado
durante a vida terrena, sob todas as suas formas. Tal procedimento está
reforçando o Ego ao invés de enfraquecê-lo. O Ego se nutre, ainda mais,
com a energia transmutada nesses casos.
Outro ponto importante sobre esse mau uso da magia sexual é a troca
incessante e a multiplicidade de parceiras. Enquanto você tiver mais de
uma parceira, permanecerá estancado espiritualmente.
Ficar algumas horas sem ejacular não é um feito difícil para quem tem
boa concentração e qualquer um, com um pouco de treino, pode realizar
isso. A verdadeira façanha consiste em manter-se meses e anos sem
ejaculação, ou até a vida inteira.
Parece-me que você, meu caro amigo, foi confundido por orientações
falsas sobre o tantra que existem em revistas e na internet. Há milhares
de grupos, hoje em dia, que pregam o sexo tântrico como forma de
prolongamento do ato sexual com a intenção de retardar o orgasmo.
Tudo isso não é mais que adulteração das verdadeiras práticas sexuais
tântricas do Oriente, mera fornicação sob disfarce, além de constituir
portas para a magia negra. Infelizmente, os modernos ocidentais
costumam estragar todo o conhecimento que recebem, fazem mal uso e o
direcionam para fins meramente materiais, hedonistas e sensoriais, pois
não são capazes de compreender as vantagens do verdadeiro
desenvolvimento espiritual.
Hercólubus
Acrescente-se a isso o fato de que a maior parte da matéria que compõe o espaço é
invisível (matéria escura).
Portanto, Hercólubus deveria ser considerado ao menos como uma possibilidade
teórica pelas pessoas sensatas. Ao menos no nivel das possibilidades e de acordo com
as teorias científicas oficiais e academicamente aceitas, Hercólubus pode ser um
destes gigantescos planetas extra-solares ou ainda um corpo de grande massa
planetária formado por matéria escura. A propósito, qual é a prova de que a
perturbação nas órbitas dos últimos planetas do sistema solar não seja devida a ele? O
cientista Le Verrier se enganou quanto a esta perturbação? Também se enganou
Carlos Muñoz Ferrada? E quanto às imagens do South Pole Telescope e da estação
Amündsen, na Antártida? É tudo mentira? Então por que a NASA não desmentiu
tudo isso oficialmente ainda?
Finalizo esta postagem com a seguinte pergunta aos que riem e duvidam deste
planeta:
Qual é a prova de que Hercólubus não existe? Vocês afirmam sua inexistência, então
provem-na, ao invés de transferir a nós o ônus da prova.
****
Ainda assim, os céticos afirmam ser Hercólubus uma mentira, não apresentam provas
de sua inexistência (transferindo espertamente o ônus da prova aos proponentes) e
nem sequer o admitem como uma possibilidade teórica entre várias. Eles preferem
desdenhar da teoria (que para os ocultistas é um fato) a examiná-la e considerá-la
cuidadosamente. E ainda se acreditam "cientistas" (como pode alguém ser cientista
sem ter ciência daquilo que afirma?).
Segundo o meu modo de entender, a estrela Nêmesis que Richard Muller procura
talvez possa ser o corpo celeste esotericamente denominado sol Tylar. Suponho,
ainda, que o sol Tylar talvez seja Gliese 581 por três motivos.
1. O sistema solar de Tylo, centralizado no sol Tylar, possui seis planetas gigantes e o
sistema solar de Gliese 581 também possui seis planetas gigantes;
3. Ambos os sistemas planetários não estão muito distantes do nosso sol (Gliese 581
está a 20,5 anos luz da Terra).
Por outro lado, Hercolubus, ou talvez até Tylar, talvez também possa ser a anã
marrom errante UGPSJ0722-05, que está somente a nove anos luz da Terra.
Há ainda corpos bem mais próximos do nosso sistema planetario, como Próxima
Centauro. E existem corpos ainda invisíveis e não descobertos, por emitirem somente
radiações em faixas muito baixas do espectro.
Pelo que pude apurar até o momento, caso os cálculos dos astrônomos convencionais
(acadêmicos) estejam equivocados com relação a trajetória e velocidade, os possíveis
"candidatos a Hercólubus" poderiam ser os seguintes planetas/estrelas:
4. Gliese 581: anã vermelha de tipo espectral M3V localizada a 20,3 anos-luz da
Terra, na constelação de Libra. Possui seis planetas gigantes que a orbitam: Gliese
581 b, Gliese 581 c, Gliese 581 d, Gliese 581 e, Gliese 581 f e Gliese 581 g (reparem
que sistema planetário de Tylo também possui seis planetas gigantescos).
5. Barnard: anã marrom localizada na constelação de Ophiucus, está há 5,96 anos luz
da Terra. É uma das estrelas mais próximas do Sol (depois das três de Alfa Centauri)
e a que apresenta o mais rápido movimento aparente em direção ao nosso Sistema
Solar.
Para piorar e confundir ainda mais, os céticos apelam para o argumento da Navalha
de Occam, o que é hilariante, pois o mundo real não se submete ao princípio de que
"o mais simples é necessariamente o melhor e verdadeiro". Ignoram que teorias
pouco óbvias aos olhos e mais complexas, com um aparente caráter absurdo, podem
ser as teorias verdadeiras.
Lembremos que os astrônomos não são deuses infalíveis. Eles também erram. É
possível que a trajetória, velocidade, volume, peso e distância de todos esses corpos
gigantescos recém descobertos tenham sido calculados erroneamente pelos cientístas,
dado que vivemos em um universo relativístico. Hercolubus e Tylar tanto podem ser
um dos corpos já descobertos e mal calculados como podem ser corpos gigantescos
ainda invisíveis para a maioria dos astrônomos.
Por mais céticos que sejam os astrônomos, eles atualmente não negam que existam
estrelas/planetas extra-solares que perturbem nosso sistema ou que estejam se
aproximando. Mas negam veementemente que tais aproximações ou perturbações
acontecerão em um futuro próximo. Portanto, a divergência parece ser somente com
relação às datas: enquanto os ocultistas afirmam que o sistema solar sofrerá uma
grave perturbação muito em breve, os céticos afirmam que isso somente acontecerá
daqui há milhões de anos. Também não negam que existam as chamadas "estrelas da
morte" no universo, capazes de destruir planetas inteiros ao seu redor (infelizmente,
esse blog precário não está colando os links):
É um grande equívoco supor que somente os corpos distantes podem escapar aos
telescópios dos astrônomos. Corpos próximos podem muito bem existir sem serem
detectados, como são os casos de asteróides que de vez em quando passam raspando
a Terra. Corpos escuros podem muito bem estar à espreita, nas bordas do sistema
solar. Logo, o argumento muito comum "se existisse, já teria sido detectado" é sem
fundamento, pois se baseia na ridícula idéia da infalibilidade da observação
astronômica.
Conclusões:
Para a ciência oficial, o nosso planeta será destruido em um futuro distante e não tão
cedo quanto afirmam os defensores de Hercólubus.
A ciência oficial não possui prova alguma de que a destruição da Terra NÃO será
daqui há pouco, mas mesmo assim afirma,com todas as letras, que não corremos
nenhum risco.
http://eternosaprendizes.com/2010/03/13/gliese-710-sera-a-estrela-mais-
proxima-da-terra-alem-do-sol/
http://www.nasa.gov/mission_pages/WISE/news/wise20110218_prt.htm
Responder
O problema da mente
A matéria do mundo mental é utilizada por nós para compor pensamentos. A mente
não é o sentimento, não é a atenção, não é o cérebro, não é a consciência e nem o
instinto.
A mente é sempre o obstáculo principal para todo avanço esotérico, segundo uma
entrevista do V.M. Rabolú a uma delegação da Grécia. Por isso, um cuidado especial
e fundamental deve ser posto sobre ela. Silenciar a mente é prioritário para todas as
práticas. Deixar a mente vagar com suas imaginações mecânicas e raciocínios
desnecessários é criar um obstáculo que nos estanca espiritualmente.
Portanto, tudo começa pelo domínio da mente. Por isso disse o V.M. Samael, no
Matrimônio Perfeito, que o estudante deve aprender primeiramente a "deter o curso
dos pensamentos".
http://web.archive.org/web/20080310135359/http://www.iranian-blog.com/Gino
Esses temas estão bem tratados ali e me pareceram claros e didáticos, motivo pelo
qual os recomendo.
Temos que saber que a luxúria é o defeito capital mas não é o único. Para
ampliar a captação de defeitos, temos que nos observar também sob outros
parâmetros, mas sem nunca negligenciarmos este defeito fundamental.
A Morte do Eu é o Esquecimento
Fortificação da fé
A fé fortifica-se com comprovações. Coletemos fatos e experiências para nos
convencermos e eliminarmos todas as dúvidas. A fé não é a crença cega e nem a
convicção gratuita, é a certeza e esta somente pode ser conseguida mediante a
experiência e a comprovação.
Deus e o Diabo
Deus e o Diabo “falam” ao homem na alma, interiormente. A voz de Deus e a
inspiração divina podem ser identificados mediante os preceitos de nossa religião. É
assim que diferenciamos inspirações divinas das inspirações diabólicas. Deus é o Ser
e o Diabo é o Eu. O desejo é diabólico e a vontade é divina. Entretanto, a má-
vontade, que é a determinação para fazer o mal, é também diabólica por ser o próprio
desejo concentrado.
Os religiosos realizam o contato com o mundo espiritual por meio dos sentidos
internos, ainda que não tenham consciência dos nomes “clarividência”,
“clariaudiência” e outros similares.
Impulsos para fazer o mal ao próximo ou a si mesmo são malignos. Impulsos
para fazer o bem tanto ao próximo como a si mesmo são benditos. As hierarquias
divinas nos julgam e medem pelo bem que realizamos ao próximo e a nós mesmos.
Os pecados são os defeitos. Quando prestamos atenção ao coração, podemos
perceber impulsos para satisfação dos pecados e impulsos para superação dos
pecados. Os primeiros nos arrastam para baixo, para a perdição, e os segundos nos
arrastam para cima, para a bem-aventurança. Deus e o Diabo travam combate no
interior do homem por sua alma. Quando Deus vence o Diabo, então o assimila e o
destrói, dissolvendo-o.
Auto-prejuízo
O ato ejaculatório é um ato de auto-agressão sob disfarce prazeiroso. Ao
orgasmo se sucede a sensação de morte. Quando fornicamos, estamos fazendo mal a
nós mesmos sem termos consciência disso. A ilusão do ego nos engana.
O homem comum não vive sem o orgasmo. Concebe a vida sem ele como
doentia, triste e sem gosto por ignorar as felicidades que existem nos céus, que são
muito maiores.
A disciplina
A disciplina deve passar por cima de tudo, sem que se espere pela compreensão
correspondente ao ato disciplinado. Esperar desapegar-se para somente então
disciplinar-se é rumar diretamente ao fracasso. A disciplina não se sucede à morte: a
antecede.
Quando uma pessoa está tomada por um desejo, dizemos que ela está possessa por
um eu-diabo.
O ideal é não chagarmos ao extremo da possessão, trabalhando na morte dos detalhes
e evitando-a muito antes que aconteça. Entretanto, se, por descuido, caímos nesse
extremo, só nos resta sair de tão lamentável estado.
Nos livramos da possessão quando substituímos a repressão do desejo pela
observação sem identificação associada à petição por sua morte. Em lugar de resistir
ao desejo, devemos observá-lo e orar por sua dissolução.
Temos que ter o cuidado de não substituir a repressão pela satisfação. O correto é
deixamos de resistir ao defeito para observá-lo em ação e não para fortificá-lo
satisfazendo-o. Trata-se de substituir mecanismos de contenção: em lugar de reprimir
(resistir), observamos e oramos. A observação com oração é um meio de contenção
do desejo muito mais eficiente do que a repressão. Esta o represa, aquelas o
enfraquecem e o tranformam até sua extinção completa.
Satanás é o Eu e atua na primeira pessoa. Ele sopra pensamentos em nossa mente. Se
nos identificamos com os pensamentos, somos invadidos e ficamos obsessionados.
Daí o silêncio mental cultivado pelos budistas.
Quando estamos obsessionados, devemos observar a obsessão de fora, tratando-a
como algo estranho. Embora o Ego esteja dentro de nós, deve, ainda assim, ser
abordado como um sujeito distinto, como alguém ou algo que não é o Ser. Observar
esse invasor como se observa uma outra pessoa nos conduzirá à compreensão de suas
atitudes. Quanto mais dados descobrimos sobre o elemento psíquico obsessionante,
mais alívio e liberdade sentimos. Conforme a compreensão se aprofunda, o alívio se
intensifica.
Não conseguirá ser desobsessionado aquele que não for absolutamente sincero
consigo mesmo. A auto-sinceridade é requisito fundamental para a desobsessão.
Quando a obsessão é mais forte, a auto-reflexão a respeito do defeito obsessor é
altamente eficaz. Neste caso, transformamos nosso sofrimento, desejo, sentimento,
compulsão, ou o que seja, em objeto de estudo meditativo. Refletimos a respeito do
mesmo reunindo toda informação possível. O resultado será a compreensão. Quanto
mais informações reunirmos, mais compreensão teremos. O que importa é "dar-se
conta", tomar ciência daquilo que desconhecíamos sobre nós mesmos.
Não é demais lembrar mais uma vez que quem nos livra da possessão é nossa Mãe
Divina. Todo o trabalho aqui descrito será inútil se não for acompanhado por orações
sinceras à Ela para que dissolva o eu-demônio obsessor e liberte a nossa alma.
Vencendo o inimigo
Reflexão introspectiva
Quando há oportunidade, podemos nos deter para refletir sobre nosso múltiplo Eu.
Porém a correta reflexão, que estou mencionando, não é um devaneio teórico.
Tentarei descrevê-la.
Na correta auto-reflexão, não teorizamos sobre nós mesmos: trazemos à consciência
fatos psicológicos concretos. Buscamos, com base na auto-observação detalhista
realizada, formas e causas das manifestações, até onde alcancemos. Nos interessam
apenas fatos psicológicos reais: o que concretamente falamos, pensamos,
imaginamos, lembramos, planejamos, tentamos, sentimos, fizemos etc. em suas
múltiplas nuances sutis, porém concretas, e em seus múltiplos encadeamentos
sequenciais.
Esta reflexão aprofunda ainda mais a compreensão conseguida com a observação
direta, mas o ponto de apoio é sempre esta última.
Aqueles que cometem erros na vida, atos reprováveis etc. não compreendem o que
estão fazendo ou o compreendem apenas parcialmente. Se compreendessem de fato a
ridicularia inerente ao que fazem, deixariam de fazê-lo.Mas para tanto, necessitariam
conhecer a si mesmos e isso não seria possível sem auto-observação e auto-reflexão.
Temos que nos compreender, pois, ainda que pareça absurdo, não nos
compreendemos, as pessoas não compreendem a si mesmas, não se conhecem.
Observando o "desimportante"
A todo momento estamos nutrindo nossos defeitos sem perceber. Existem múltiplos
canais de nutrição que atuam fora do holofote de nossa consciência. São canais
normalmente invisíveis, mas que se tornam visíveis quando passamos a buscá-los
intencionalmente no cotidiano por meio da auto-observação. O motivo pelo qual não
os percebemos é porque os consideramos desimportantes e inofensivos.
Negligenciamos muitos elementos por os concebermos como desvinculados dos
defeitos que nos prejudicam. Então a compreensão não avança.
É justamente por não percebermos os atos que consideramos sem importância que os
mesmos prosseguem vivendo livremente e reforçando egos despóticos que tanto nos
atormentam e nos fazem sofrer.
Temos que aprender a observar o "desimportante", aquilo que acreditamos que não é
defeito, os atos comuns, que todos aceitam. Ali se esconde o delito.
Sobre este pormenor, diz o V.M. Rabolú:
Cremos que as várias manifestações da ira não são nada, ou seja, acreditamos que não
possuem importância. O ego nos engana, age livremente fora do campo de nossa
consciência. Comportamentos inofensivos podem ser defeitos disfarçados.
Isso não significa que tenhamos que ficar neuróticos com todas as coisas inocentes
que fazemos. Temos que combater somente os comportamentos inofensivos que
nutrem os egos e não todos os comportamentos inofensivos que existem. Se você não
percebe vínculo algum de um comportamento com um ego, não tem porque pedir por
sua eliminação.
Um comportamento "desimportante" será um delito somente se nutrir algum defeito,
caso contrário não.
Temos, assim, que explorar a nossa vida. Mas isso não o faremos teorizando,
elocubrando ou pensando a respeito. Temos que aprender a fazê-lo praticamente, por
meio da observação. A observação será educada neste sentido, por meio da prática, e
se desenvolverá, refinará e se tornará altamente sensível. Quanto mais a utilizarmos,
mais sensível se tornará, captando rapidamente sutis manifestações e identificando o
que nutre os defeitos. Falas, palavras, frases, olhares, movimentos, emoções tênues,
recordações, sorrisos, gargalhadas etc. serão facilmente percebidos pela consciência.
É importantíssimo não descuidarmos da fala, pois a palavra alimenta muitos erros.
******
Se começamos a prestar atenção no sutil, nos daremos conta de que estamos nutrindo
as manifestações grosseiras a todo momento, por todos os centros. Então podemos
retirar tais manifestações, mediante a Morte em Marcha, e constataremos que as
manifestações grosseiras perderão o vigor.
Concentração e meditação – dicas
Ouvir o som interno emanado pelo objeto da concentração. Não ouvir nenhum outro
som.
Ver a imagem interna emanada do objeto de concentração. Não ver nenhuma outra
imagem.
Separar-se dos pensamentos e não lutar com eles. Deixá-los, abandoná-los, esquecê-
los.
Manter os olhos fechados. Permitir que o sono tome conta do corpo físico.
Adormecer fisicamente e, ao mesmo tempo, despertar interiormente mais e mais.
Esquecer o corpo físico: coceiras, dores etc. Esquecer tudo: problemas, amigos,
coisas boas e ruins. Buscar o alvo da concentração e o Nada que está além.
Para se prestar atenção em algo, não é necessário esforço algum e nem, muito menos,
qualquer espécie de ansiedade, preocupação, tensão, desespero ou algo assim. Apenas
se faz necessário um cuidado: o de não permitir nenhuma intranquilidade.
Procure ver com o terceiro olho aquilo que estiver imaginando conscientemente. O
terceiro olho é a visão espiritual, clarividência ou endopercepção.
Acalmar primeiro
É útil acalmar a mente antes de iniciarmos uma prática de concentração.
Uma das coisas que importa nas disciplinas para concentração não é a prática
ininterrupta mas a continuidade após os intervalos. Cada prática somente pode ser
prolongada conforme nossa capacidade de suportá-las.
Duas dificuldades
Os escravos do prazer sensorial, aqueles que não são capazes de deterem a si mesmos
durante um ato prazeiroso qualquer, como o ato de comer, por exemplo, serão
incapazes de praticar a magia sexual por não conseguirem interromper e mudar o
curso de suas ações.
Namastê!
R. Sim.
Meia hora
P. Em decúbito dorsal??
Sim
Desejar é sintonizar
Quando desejamos, entramos em uma certa sintonia com o objeto de desejo. É uma
forma de harmonia, mas que pode ser destrutiva. Ao desejar qualquer coisa, estou
afinando meus sentimentos com aquilo.
O momento de iniciar a santificação é aqui e agora. Não podemos deixar para mais
tarde. Não importa quanto tempo ainda tenhamos ou o que tenhamos feito, nem quão
terrível deve ser o nosso karma. Todo empenho em santificar-se é válido e útil.
Se estamos errando e fracassando, isso se deve principalmente ao fato de não
dedicarmos tempo à oração e à comunhão com o Divino. Por mais que aperfeiçoemos
as estratégias, por mais corretos que sejam os esforços, tudo será inútil se tentarmos
trilhar sozinhos o caminho da purificação. Este caminho somente pode ser trilhado se
nos voltarmos a Deus e buscarmos a comunhão com Ele. Os monges cristãos que
oram sem cessar e devotam toda a sua vida a Deus estão no caminho correto. O
mesmo fazem os iogues que concentram sua vida na busca de Atman.
Não importa se acreditamos que Deus tenha este ou aquele nome ou seja assim ou
assado: o que importa é o fato de que Ele é o criador de tudo e, portanto, emanamos
dEle. Ora, se Ele criou o nosso Espírito, então o nosso Espírito herdou dEle o caráter
divino. Se Deus é onipresente e está em toda a criação, então toda a criação tem um
aspecto divino. Daí resulta que a incompatibilidade entre os ensinamentos das várias
religiões é aparente e que não devemos nos atormentar com dúvidas.
Sucumbimos repentinamente às piores tentações porque negligenciamos à comunhão
com o Pai (Origem ou Fonte), porque preferimos nos distrair com os tesouros
atraentes deste mundo. O corpo e a matéria em si não são maus, mas a submissão da
alma aos mesmos é ruim por ser uma forma de idolatria. Pistis Sophia sofre por ser
forçada a adorar a escuridão e é forçada ao ser enganada. Nossa alma acredita que a
felicidade está neste mundo e não compreende que há infinitos esplendores além dele.
Este é o engano que sofre Pistis Sophia, pobre vítima da ilusão de Mara. O mundo da
matéria é maya e inclui: desejos sensuais, prazeres sensoriais, corporalidade, matéria,
luxúria, gula.
É um grande erro adiar purificação, acreditando-se que ainda se tem muito tempo. É
também um erro renunciar à mesma por acreditar que não se tem mais tempo. Ainda
que o tempo que nos resta seja curto, pode e deve ser vivido como santificação
máxima. Mesmo que não sejamos capazes de viver mil dias na perfeição, se formos
capazes de fazê-lo por um dia já é um bom começo. O que importa é começar e é isso
o que não fazemos. Aí está um dos nossos erros.
Se você está desesperado, aconselho, humildemente, que inicie seu desprendimento
agora, dentro de suas capacidades. Viva em santidade e devoção, nem que seja por
um minuto, mas faça-o. Inicie, aja e não adie.
A morte do eu, a auto-observação, a concentração e a meditação não serão um fato se
você tentar alcançá-los sozinho. Tentar trabalhar sem devoção caminhar para o
fracasso.
Aqueles que cometeram muitos e graves erros acreditam-se condenados
definitivamente. Penso que, enquanto se tenha anelos superiores, existe a
possibilidade de transcender o passado. Pode ser que tenhamos que pagar karmas
gravíssimos e inegociáveis, aqui ou em outros mundos, mas, ainda assim, podemos
buscar a Deus em meio às dificuldades. Entendo que não existe dificuldade que nos
impeça de tentar buscar a Deus. Até no abismo existem mestres lutando por resgatar
almas perdidas. Então isso significa que sempre há uma porta aberta.
Todos teremos que enfrentar a desencarnação cedo ou tarde, então é melhor nos
desapegarmos do mundo material e ajudar a humanidade agora. Nada de deixar para
depois. Amanhã poderá ser tarde. Se você quer a bem-aventurança da alma, deve
trabalhar por isso o mais que puder. Desligue-se dos atrativos do mundo, liberte sua
alma da fascinação pelas chamada “coisas boas da vida”. Viva somente para o Ser (O
Espírito Divino).
Karma e sofrimento
Os Devas da natureza
A fé
Nota:
(1)Este mundo subatômico não se restringe às partículas detectadas pelos físicos.
Abrange o abismo do infinitamente pequeno, cujo limite nunca será atingido, e
envolve partículas que nunca serão conhecidas pelos estudiosos do átomo. Tais
partículas, em união, formam arranjos de extensões variáveis, algumas das quais
podem se estender muito além das dimensões de uma galáxia, formando mundos e
universos paralelos habitados. A matéria física tem origem em seus próprios
transfundos subatômicos (energia, do nosso ponto de vista humano), motivo pelo qual
as religiões afirmam que o universo foi criado pela Inteligência Divina .
Não basta apenas auto-inquirir, temos que buscar a resposta. A resposta já existe
dentro de nós mesmos, na própria dúvida. A própria dúvida traz seu conteúdo e o
expõe à nossa consciência ao se manifestar na mente. Fazer-se consciente desse
conteúdo é o indicado. Não é criando um conflito que a superamos, mas sim
"dissecando-a para ver o que escondem de real", como disse o V.M.Samael:
"Qualquer dúvida que persiste na mente converte-se numa trava para a meditação."
(idem)
"Temos que analisá-la, esquadrinhá-la, reduzi-la a pó... Não será combatendo-a, mas
sim abrindo-a com o bisturi da autocrítica, fazendo uma rigorosa e implacável
dissecação, que iremos descobrir o que havia nela de importante, o que havia nela de
real e o que havia de irreal. Assim, as dúvidas, às vezes, servem para esclarecer
conceitos. Quando alguém elimina uma dúvida mediante uma análise rigorosa,
quando a disseca, descobre alguma verdade. De tal verdade vem algo mais profundo,
mais sabedoria, mais experiência." (ibidem)
Analisá-la é transformá-la em objeto de escrutínio, em alvo de compreensão. Nos
ocupamos com ela apenas enquanto existir, mas a largamos tão logo se aquiete por ter
sido compreendida. Abrí-la com o bisturi da auto-crítica é questionar-se a respeito.
Quando nos questionamos acerca do conteúdo de uma dúvida, e buscamos
sinceramente a resposta ao nosso questionamento, a estamos abrindo para que revele
o que há dentro. Descobrimos que traz algo de real mesclado a algo de irreal. Este
trabalho cognitivo a elimina por meio da transformação. A dúvida se transforma em
experiência e nos deixa em paz para prosseguir.
Quando a mente não se aquieta e insiste com alguns pensamentos, temos que dialogar
com ela. Temos que interrogá-la sinceramente e deixar que fale. Interrogar
sinceramente é perguntar tentando buscar a resposta em nós mesmos, sem evasivas
ou justificativas. Trata-se de um auto-diálogo em que somos o inquiridor e a mente é
tratada como o sujeito estranho a ser inquirido, embora esteja dentro de nós e seja
uma parte de nós (mas não o Real Ser e sim um veículo). Quando interrogamos
sinceramente a mente, a resposta para a pergunta surge do inconsciente, pois ali jazia
antes do ato da interrogação. Todos temos conhecimento inconsciente, para o bem ou
para o mal,e é este conhecimento que fornece a resposta.
Interrogar a mente é o indicado quando ela insiste com algum palavrório inútil. A
indagação é referente ao conteúdo do pensamento insistente.
A mente deve compreender que seu falatório é inutil. O trecho acima me recorda o
que disse o V.M.Samael certa vez em uma entrevista, quando o interrogaram a
respeito de como silenciar um pensamento que estivesse atrapalhando a meditação.
Sua resposta foi: "Compreendendo a inutilidade deste pensamento". É exatamente o
mesmo que está sendo dito agora.
Ocorre que nossa cultura mentalista nos ensinou que os pensamentos são importantes
e úteis. Tal crença arraigada nos leva a dar extrema importância às bobagens que
pensamos. Dos milhões de pensamentos que temos em um dia, menos de 1 por cento
servem para alguma coisa. Por considerá-los importantes, os alimentamos e os
mantemos ativos o tempo todo. É esta inutilidade que necessitamos compreender
durante a meditação.
Quando dialogamos conosco a respeito de uma dúvida, ela normalmente nos deixa
após ser compreendida. Mas há casos em que a mente insiste em pensar, por
considerar tais pensamentos importantes. É a inutilidade deste processo que precisa
ser compreendida para que a mente silencie. É assim que adentramos ao nosso mundo
interior.
Caso ainda assim a atividade mental persista, temos que interrogar a mente ainda
mais profundamente, com mais força:
"Mas se notamos que a iluminação ainda não surge, que ainda persiste em nós o
estado caótico, a confusão incoerente do palavrório incessante com sua luta de
opostos, temos que chamar de novo a atenção mente, interrogando-a: O que queres,
mente? O que estás procurando? Por que não me deixas em paz? Há que falar claro e
dialogar com a mente, como se ela fosse um sujeito estranho, já que ela não é o Ser.
Temos de tratá-la como se fosse uma pessoa estranha. Temos de recriminá-la e de
repreendê-la." (ibidem)
sinceridade, tanto mais profundamente nos chegará a resposta. A resposta não nos
chega por um passivo ato de mágica, mas nos cai se nos tornamos receptivos a ela,
como no mencionao exemplo da pessoa dividida entre dois amores. A própria pessoa
que está meditando sabe quais são as metas (inúteis) do seu pensamento insistente, de
sua mente, mas não se torna plenamente consciente delas até o momento que se auto-
questiona.
******
Um incauto poderia concluir que defendemos a satisfação dos desejos como forma de
dissolvê-los. Tal idéia nos parece absurda pois a satisfação os fortifica, ao invés de
enfraquecê-los. A satisfação ocorre via identificação e afasta o defeito somente
temporariamente, tornando-o ainda mais despótico em momentos seguintes.
Aquele que remove os mecanismos de repressão do ego cairá sob seu domínio, caso
não lance mão imediatamente de outras armas para contê-lo de forma eficiente.
Importa entender que não estamos sugerindo a entrega ao desenfreio dos desejos sob
a desculpa de observá-los. Estamos propondo a substituição do mecanismo repressivo
por meios realmente funcionais de transmutação do desejo em neutralidade (liberdade
da alma). Os meios consistem, primeiramente, em manter-se alerta em tempo integral
para não nutrir os defeitos e, secundariamente (isto é, quando falhamos na adoção do
primeiro), na ruptura da identificação com o elemento obsessor. Em ambos os casos,
a observação de si e a oração às partes superiores do Ser são imprescindíveis.
Aceitação
Temos que trabalhar a aceitação da realidade. Não adianta nos pressionarmos contra
aquilo que somos. Ao invés disso, é melhor nos compreendermos. Há uma diferença
entre compreender o ego para dissolvê-lo e tentar sufocá-lo.
Eus bons
A tentativa de sufocação dos defeitos (recalque) é realizada por eus bons que cobiçam
virtudes. São esses eus que originam neuroses através da auto-cobrança, auto-
pressionamento, auto-condenação, auto-depreciação e auto-exigência. Os eus bons
são, portanto, extremamente perigosos e podem ocasionar doenças. Por trás da
virtude aparente de tais eus podem existir objetivos egoístas. A morte deve também
se efetuar sobre tais elementos daninhos.
Essas palavras do V.M. Samael ilustram bem a idéia deste post sobre o vício de
resistir aos desejos e tentar reprimi-los:
"A resistência é a força opositora. A resistência é a arma secreta do ego.
Com a resistência, o Ego tende a sair pela tangente, postulando desculpas para calar
ou tapar o erro.
1- Reconhecê-la.
2- Defini-la.
3- Compreendê-la.
4- Trabalhar sobre ela.
5- Vencê-la e desintegrá-la por meio da super-dinâmica sexual.
Mas o Ego lutará durante a análise de resistência para que não sejam descobertas
suas falácias, o que põe em perigo o domínio que ele tem sobre a nossa mente.
Nos momentos de luta com o Ego, há que apelar a um poder superior à mente: o fogo
da serpente Kundalini dos hindus."
(Samael Aun Weor - A Revolução da Dialética, cap. 4)
Ocorre, entretanto, que o ego jamais poderá matar o ego. De nada adianta optar por
um pólo (um desejo) porque o outro pólo (o desejo contrário), continuará existindo.
Muitos religiosos contemporâneos, desesperados para se livrarem do pecado, optam
por pela via nefasta da resistência e vemos como eles sofrem, tentando resistir aos
desejos e sendo por eles atormentados durante toda a vida, chegando algumas vezes a
cometerem aberrações.
Se você faz muitas “coisas feias” e tem uma grande besta escondida no armário, não
perca o seu tempo se sentindo culpado por tais monstruosidades. Isso nada tem a ver
com o verdadeiro arrependimento (se fosse arrependimento verdadeiro, você nunca
voltaria a fazer aquilo) e é, na verdade, um mecanismo dos egos para te enganarem e
continuarem existindo. Aproveite o seu tempo observando e pedindo para a Divina
Mãe a morte dos milhares de detalhes. Observe os resultados, você verá que as coisas
mudam. Lembre-se que o trabalho de Morte é Ela quem realiza e não você, mero
mortal do lodo da terra.
A Morte é tarefa da Mãe Divina. Devemos deixar essa tarefa com Ela e não tentar
usurpá-la. Nos mantenhamos em nosso posto, no posto que nos corresponde, e
façamos a nossa parte.
O ato de delegar a morte de um defeito à Mãe Divina é o único ato que pode
substituir o vício da resistência. Tentar a morte por si só, sozinho, é começar
fracassando.
Os mecanismos de resistência são defeitos que devem ter seus detalhes observados e
eliminados. Devem ser tratados como quaisquer outros defeitos.
Os mecanismos de resistência são muito queridos pelas pessoas que tiveram uma
educação dentro das religiões confessionais. Se não forem compreendidos e
dissolvidos, a Morte não avança. As pessoas temem eliminar seus mecanismos de
resistência, pois acreditam que, se o fizessem, se tornariam vulneráveis a possessões.
O medo é injustificado, pois a invasão violenta de paixões apenas ocorrerá se a
pessoa optar pelo pólo contrário (buscando satisfazer o desejo contido) e não é, de
modo algum, isso o que estamos defendendo. Não defendemos a opção por nenhum
dos lados: nem pelo lado da resistência e nem tampouco pelo lado contrário à
resistência, que é o da satisfação do desejo ao qual se resiste. Propomos uma terceira
via: renunciar à batalha de opostos, esquecer o processo de opção, e nos ocuparmos
em observar receptivamente, sem emitir juízos, conceitos, condenações ou
absolvições apriorísticas. Quem alimenta um desejo está tão equivocado quanto quem
resiste a ele. Em ambos os casos, o ego sobrevive.
Devemos dar tempo ao tempo e não nos pressionarmos para resistir. Quem reprime
não observa. Se eu reprimo alguém, como poderei observá-lo em ação?
O eixo central da luxúria
Cobiçar virtudes
Nos primeiros momentos em que discernimos que estamos em astral, podemos ainda
ser assaltados por dúvidas a respeito deste mesmo fato. A materialidade do mundo
astral pode nos fazer duvidar de sua astralidade, ou seja, podemos duvidar do fato de
que estamos em astral porque vemos à nossa frente um mundo material como o
mundo físico. Trata-se de um ceticismo prejudicial.
A certeza de estarmos em um mundo paralelo, extra-físico, não nos advém somente
por associações intelectuais, embora o raciocínio nesse mundo possa ser
perfeitamente articulado, mas também por uma via intuitiva.
O discernimento intuitivo me parece ser muito facilitado após a constatação de que o
mundo astral é um mundo não-físico, porém real e material.
Generalizações indevidas dos velhacos do intelecto
O V.M. Samael diz em várias passagens dos livros que devemos nos observar e
morrer de instante a instante, a cada momento e a cada detalhe. Eis a Morte em
Marcha.
Ao ensinar que os súcubus e íncubus e outras larvas e elementários somente podem
ser arrojados mediante a oração e a manutenção de um pensamento puro, Paracelso
está ensinando a Morte em Marcha.
Blavatsky afirma que o discípulo não deve permitir que nem sequer a sombra dos
desejos se aproximem dele, o que não é outra coisa senão a mesma Morte em
Marcha.
Em "A Doutrina Secreta", podemos ler:
"Não creias que a luxúria possa ser aniquilada se satisfeita ou saciada, pois isso é uma
abominação inspirada por Mâra. É nutrindo o vício que ele cresce e se robustece, tal
como a lagarta engorda no coração da flor." (versículo 76)
Jesus ensinou os discípulos a vigiarem e orarem sem cessar, para que não entrassem
em tentação. Vigiar é observar-se e orar é suplicar. Trata-se, igualmente, da Morte em
Marcha.
Em um manuscrito original dos essênios exposto em São Paulo, certa vez eu li:
Se você não resistiu a um desejo e cometeu um ato que não gostaria de ter cometido
(por ex. ejaculou seu precioso sêmen, seja fornicando ou se masturbando) isso
ocorreu por você não ter matado o defeito correspondente bem antes que se tornasse
um desejo obsessivo. Você alimentou o defeito, sem o perceber, com atos e
pensamentos sutis, desprovidos de qualquer traço delituoso aparente.
Se fizer uma retrospectiva, poderá comprovar que muito antes de sentir o desejo
propriamente dito, muitos pensamentos e ações inocente, porém de alguma forma
relacionadas ao defeito em questão, te acometeram. Se você lhes aplicasse a morte
em marcha nas primeiras fases de manifestação, a situação não teria evoluído na
direção em que se desenvolveu.
"P - Porém, se a gente se identifica, por exemplo, deu-nos ira e nos identificamos,
qualquer coisa...
V.M. - Temos que olhar o detalhe. Por que foi que lhe deu ira? No momento em que
você sentiu esse impulso, aí mesmo deve apelar à Mãe Divina. Aí se corta a ação.
Não se chega aos extremos." (V.M. Rabolú, p.140)
Por regra, o ideal é antecipar-se, por meio da morte dos detalhes, a tais obsessões, o
que consegue mediante uma observação rigorosa que capte o princípio das
manifestações:
" P - Porém, existem eus muito fortes, por exemplo, o da ira, que nos podem sacudir.
V.M. - É que, olhe, a ira, vamos a um exemplo. Eu digo uma palavra ferina que
incomodou a você. Tem um princípio. Foi por uma frase minha, ou uma ação minha
que você se desgostou. Se você está alerta em si mesmo, quando você sente este
desgosto, apele duma vez à Mãe Divina aí. Então não há nenhum problema.
V.M. - Não fazê-lo, é claro. Se nesses momentos em que disse essa frase ou fui e fiz
algo que não agradou a você, que se vê a ira, aí mesmo apelar à Mãe Divina,
instantaneamente, já. Evita-se o problema com os demais, e tudo, e vai morrendo.
V.M. - É que para poder trabalhar com estes detalhes, tem que se estar alerta em si
mesmo, a nós não fica tempo de estar olhando o que o outro está fazendo. Se estamos
aqui nesta reunião, como pode haver milhares numa reunião destas, nós não nos
devemos identificar com as pessoas, senão sempre estar pondo cuidado em si mesmo,
para ver que agregado está se manifestando nesses momentos. Não se descuidar de si;
do contrário, perde-se o tempo.” (V.M. Rabolú, p. 147)
Esse trabalho vale para todos os centros e não somente para um dos centros.
Referência:
V.M. Rabolú. A Águia Rebelde. São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal
do Brasil na Nova Ordem, 1995.
Dicas:
Não forçar o silêncio. Deixar que ele se instale. Aproveitar o pouco silêncio
espontâneo que se alcançou, permitindo-o estabelecer-se.
Não conflitar com os pensamentos e nem tampouco estimulá-los.
Tentar aquietar os pensamentos com violência é dar-lhes importância.
É tão errado criar conflito com os pensamentos, tentando silenciá-los à força, quanto
estimulá-los.
O verdadeiro silêncio encontra-se em um estado intermediário, no qual não damos
asas ao devaneio e nem tampouco tentamos forçar os pensamentos a se calarem:
simplesmente os esquecemos até onde for possível por estarmos com a atenção no
objeto de nossa concentração.
As plantas contém segredos para cura de doenças, defesa contra inimigos, proteção
contra feitiçarias, controle do clima, interferência em fenômenos naturais e sociais
etc.
Os elementais das plantas são mais poderosos do que os elementais animais por não
fornicarem e podem interferir magicamente na mundo físico e alterá-lo. Cada planta
expressa um poder específico da Mãe Natureza. O segredo de seu emprego pelo
mago consiste em descobrir qual é a planta que pode ser utilizada para um fim
específico e qual é o ritual que lhe corresponde. O conhecimento a respeito das
vocações das plantas e de seus respectivos rituais constitui uma ciência hermética,
totalmente distinta da ciência profana (a palavra "ciência" não é sinônimo de
academicismo e implica em conhecimento sistematizado, inclusive em termos de
comprovação). É um conjunto de conhecimentos de vastidão infinita, protegido pelos
guardiães da humanidade desde passados antiquíssimos. O mau uso desta ciência
implica em violação da Lei Divina e constitui a magia negra. A magia negra é o uso
das forças mágicas para fins egoístas, ainda que sejam bons e elevados em aparência.
Para não violarmos a Grande Lei, temos que rogar ao nosso Pai Ìntimo para que atue,
oficie e também para que ordene ao nosso Intercessor Elemental para que realize o
ritual correspondente às plantas que formos utilizar. O Intercessor Elemental conhece
todos os rituais existentes porque é uma parte de nós, nossa parte vegetal. Trata-se de
uma parte do Ser que criamos no passado, quando fomos vegetais. Ele não atende ao
ego, motivo pelo qual não adianta lhe ordenar ou perdir a ritualização, mas atende ao
Íntimo e o obedece prontamente.
O intercessor elemental contém todo o conhecimento das plantas e, quando
dissolvemos o ego, o absorvemos em nós. Então conhecemos todos os rituais e
funções dos vegetais, para que servem e que doenças curam, sem necessidade de ler
nenhum livro.
Para os adormecidos, as curas/adoecimento são as manifestações mais imediatamente
palpáveis e visíveis das vocações dos vegetais. Quando uma planta cura ou adoece
alguém que a ingeriu, o que está se passando é que seu respectivo espírito elemental
está atuando na matéria física da pessoa. O elemental, uma vez dentro do corpo,
promove alterações energético-físico-químico-biológicas, ou seja, atua sobre a
energia e, por extensão, sobre a matéria. O efeito de um extrato de uma planta sobre
um grupo de células, visto por um cientista através de um microscópio em um
laboratório, não é mais que a atuação física do elemental.
Os elementais atuam do espírito para a matéria, ou seja, de dentro para fora. Quando
curam o corpo físico de alguém, estão curando as causas psíquicas que originaram a
doença. Toda matéria física tem um assento metafísico (interno ou psíquico), que
corresponde uma forma mais sutil de matéria, comumente designada sob o termo
"energia". Por tal motivo, toda doença tem uma origem psíquica, mesmo aquelas que
não o aparentam.
Mas os elementais não atuam apenas quando partes das plantas são ingeridas. Eles
podem atuar à distância e não somente sobre os tecidos vivos, mas também sobre a
mente das pessoas e até sobre os fenômenos naturais. Podem provocar chuvas,
ventos, incêndios etc. desde que se conheça suas vocações específicas e se saiba
como manipulá-los.
Sílfides
Sílfides reagem de acordo com nossos sentimentos. Se quisermos impor-lhes algo,
adotando um estado interior de exigência (como querer-ia um cético para admitir sua
existência), elas não correspondem. Mas se perceber que os sentimentos motivadores
são de brincadeiras inocentes, elas correspondem modelando as nuvens em várias
formas. Gostam de saber que crianças se divertem com as figuras que criam no céu.
Salamandras
Os elementais devem ser procurados além da transparência do ar, com o terceiro olho
e com o canto dos olhos físicos. A luz a ser buscada é tênue e mais sutil que a luz
comum.
Esses seres trabalham com fluxos energéticos, que para eles são partículas sólidas e
formam estruturas palpáveis.
A matéria componente do corpo das fadas (éter) é ligeiramente mais sutil que o
hidrogênio.
A visão física é complemento para se ver as fadas.
As percepções da glândula pituitária se somam às percepções dos olhos físicos e, sob
um ponto de vista alterado ou foco específico, revela as formas vivas do Éter.
Aquilo que fisicamente é visto como parte da natureza, incluindo o espectro luminoso
visível, torna-se parte de formas discerníveis sob a percepção de luzes sutis e sob
alterações nos pontos de vista ou focos que isolam formas pelos pensamentos.
Os elementos sutis constituem estruturas orgânicas em outros níveis de matéria (leia-
se Capra).
Vida em pedras
Para sairmos em jinas, a mente deve estar em silêncio, quieta. O processo dos
pensamentos deve ser detido, ainda que, no princípio, superficialmente. As imagens
“sonhativas” (oníricas) que surgem à aproximação do sono (madorna) devem ser
apartadas da mente:
2. Chacras
“El cuerpo físico también tiene chacras (vórtices) que son los que despiertan
con la vocalización; los del astral despiertan através del fuego.” (p.1)(V.M. Rabolú,
Sobre La Enseñanza Gnóstica: Seleción de Conferências del V.M. Rabolú, tercera
edición, novembro de 2008, [on line]
disponível:http://MuertedelosDefectosyDesdoblamientoAstral.es.tl )
Uma coisa é ter experiência, que é algo definitivo por haver porções de
consciência desperta, e outra coisa é ter somente a consciência de que se está
desenvolvendo no mundo astral (id, p.2).
Não devemos pedir a outros mestres, mas somente ao nosso Íntimo (ibid, p. 4)
Pode-se ir à Igreja Gnóstica sem corpo astral solar, somente com o corpo de
desejos como instrumento momentâneo da essência (ibid, pp. 5-6)
Agarrar-se a qualquer objeto que esteja por perto é uma efetiva maneira de
evitar que emoções intensas nos tragam de volta ao corpo físico (id, p. 10-11)
2 comentários:
druidagales.blogspot.com
Quando deixamos de nos reprimir e observamos a nós mesmos (em nossos centros)
como a um sujeito estranho, os egos começam a ser percebidos aos montes. E se
pedimos à Mãe Divina, mantendo a recordação de nós mesmos e evitando a
identificação com esses defeitos, vemos que rapidamente eles perdem força como por
um passe de mágica, sem que necessitemos fazer mais nada. Nenhum esforço para
reprimí-los é necessário pois a Mãe toma a dianteira e os mata. Os defeitos
gradualmente perdem força, se enfraquecem por si mesmos sob a atuação dEla.
Entendamos que o Ego a ser morto e´a nossa própria pessoa, com tudo o que nos é
querido. Esta pessoa , que nos é tão cara, é múltipla e se manifesta através dos cinco
centros da máquina. A transformação virá quando observarmos esta pessoa em ação,
admitindo e aceitando aquilo que resistimos em admitir. Ex. um homem pode resistir
teimosamente em admitir para si mesmo que possui medo de algo por ser o medo
uma característica feminina e, portanto, algo vergonhoso. Quando for assaltado pelo
medo, tal homem tentará sufocá-lo dentro de si, tentará resistir ao sentimento
invasivo e sofrerá. Mas, se tiver coragem de admitir este sentimento indesejável,
poderá imediatamente observá-lo sem identificar-se e pedir por sua morte. O
resultado será um alívio que se aprofundará se ele insistir nessa prática. Uma parte
dele mesmo terá sido morta, isto é, transformada pois a morte é a transformação.
Aquele que reprime seus defeitos não crê que sua Mãe Divina os está desintegrando.
Se peço e tenho fé, não tenho necessidade de recalcar nada. Ao contrário: removo
minhas resistências ao desejo e observo seu progressivo enfraquecimento e
diminuição á medida em que suplico por sua morte.
Importante: temos que refinar a observação e cortar a ação dos defeitos muito antes
que aumentem sua ação sobre nós e nos obsessionem, temos que nos antecipar às
obsessões, observando-nos de instante à instante.
Esclarecimento adicional
Como deve ter ficado claro, por "reprimir" devemos entender: sufocar, bloquear,
simplesmente tentar não sentir, "forçar a barra" contra as próprias emoções. O
desbloqueio à repressão a que nos referimos é o desbloqueio emocional. O bloqueio a
ser removido é o bloqueio das emoções e não a relutância em cometer atos. É
importante que isso fique claro. Evitar reprimir não é satisfazer o desejo, pois isso
nos escraviza ainda mais, é somente remover o bloqueio das emoções, para que
possams vê-las com mais clareza.
Este ponto tem gerado muita confusão entre os estudantes do gnosticismo. Entendo
que o auto-controle por meio da vontade somente pode e deve ser exercido nos
campos em que já se conquistou o livre arbitrio, sendo uma perda total de tempo
tentar exercê-lo nos campos em que ainda não se o conquistou. Neste último caso, o
poder da vontade deve ser empregado de outra maneira.
Deixemos as tarefas do enfraquecimento progressivo e da morte dos defeitos com a
Mâe Divina e nos ocupemos unicamente com a observação e súplica. O defeito não
morre por nosso próprio esforço, mas pela atuação de um poder superior a nós. Nos
limitemos a cumprir bem nossa parte: observar, encontrar, compreender, pedir com
fé, sem dúvida. Deixemos para a Mãe o esforço para deter os "eus".
A verdadeira morte do Ego não é o aumento dos conflitos internos, mas sim sua
diminuição. Morrer não é agredir a si mesmo, nem violentar as próprias emoções e
nem entrar em conflito com os desejos.
Deixe a força avassaladora do instinto em seu curso, não se ocupe com ela, não tente
revertê-la. Ocupe-se com a tarefa de retirar-lhe o alimento.
Você deseja algo proibido e moralmente reprovável? Não se ocupe com esse desejo
em si, deixe-o de lado e se ocupe com seus detalhes ou facetas. Observe as formas
sutis de manifestação desse desejo, as coisas pequenas que você faz, pensa, sente e
que dão força ao defeito em questão. Não reprima as manifestações sutis, observe-as,
descubra-as e ore pela eliminação. Ao mesmo tempo, mantenha-os separados de si
mesmo e não se identifique. Delegue o trabalho da morte dos elementos descobertos
a uma força maior.
Olhemos para nós mesmos e não pensemos sobre nós mesmos. Se não enxergarmos
nada, que não preenchamos a lacuna cognitiva com elocubrações e teorizações a
respeito do ego.
Observar as emoções é tentar enxergar seus conteúdos e não racionalizar ou teorizar
sobre os mesmos. As conclusões devem advir a posteriori.
Convém evitar o contato com ginásios que não suportamos. Há graus e graus de
dificuldade nos distintos ginásios. Ginásios que não suportamos atualmente devem
ser encarados somente no futuro, quando estivermos preparados. Portanto: evitemos
ginásios extremos.
Não procuremos ginásios difíceis: deixemos que as hierarquias e as partes internas
nos guiem para eles.
Outras recomendações:
Contemplar-se, vigiar.
Reagir com oração (e não com tentativas de sufocar os desejos).
Refinar a observação ao extremo.
Buscar o pequeno, o sutil. Ser detalhista.
Orar todas as vezes que as sutis manifestações voltem.
Não permitir que as manifestações cresçam. Não deixar que se alimentem e nem que
tomem força. Impedí-las de se arraigarem em nossa personalidade. Cortá-las tão logo
comecem, assim que principiem a brotar.
Evitar que role a primeira pedra, para que não ocorram avalanches.
Não dar asas aos pensamentos e nem à imaginação mecânica.
1. A.28 de março de 2010 11:30
http://terceirofator.blogspot.com/
Antes que um defeito "se carregue" (V.M.R.) sobre algo ou alguém (uma dama, por
exemplo), outras manifestações, com menor gravidade, o antecederam e se
encadearam em uma sequência que conduziu até aquele estado. A partir de
manifestações sem gravidade alguma, originam-se outras manifestações, com
gravidade maior. As várias manifestações, em sequência, formam uma cadeia cujo
término é a manifestação do defeito propriamente dito (obsessão), cuja gravidade
pode ser alta e do qual almejamos nos livrar. Um erro comum que nós, estudantes e
aspirantes, cometemos consiste em não darmos importância às manifestações
antecedentes e em tentar enfrentar o defeito "já carregado", isto é, já fortificado e em
plena manifestação. Tal erro se deve à ausência de gravidade das manifestações
comuns, do ponto de vista kármico. Como essas manifestações não nos parecem tão
graves e não nos preocupam, não lhes damos importância e lhes damos curso livre. O
resultado é, então, a fortificação dos defeitos considerados "perigosos" e nossa
consequente impotência ao tentar enfrentá-los.Comportamentos que consideramos
inocentes, inócuos e desprovidos de quaisquer relações com os defeitos propriamente
ditos podem, na verdade, ser facetas pelas quais os mesmos se nutrem. A estratégia
correta consiste em identificar essas múltiplas facetas, flagrando-as em plena
manifestação. Ignorá-las e tentar enfrentar diretamente o defeito poderoso é um erro
estratégico pois isso seria o mesmo que tentar enfrentar um inimigo sitiado que está
recebendo munições e provisões diariamente. O que pensaríamos de um estrategista
de guerra que quisesse tomar uma fortaleza, mas permitisse que seu inimigo
recebesse provisões, armas e homens constantemente, não dando importância para tal
fato por considerá-lo de "pouca gravidade"? Certamente, o consideraríamos estúpido.
Ao permitir que armas, provisões e guerreiros entrassem constantemente na fortaleza,
o desventurado estrategista estaria fortificando o inimigo que almejaria combater.
Seus esforços seriam inúteis. E é exatamente isso o que muitos de nós fazemos
quando queremos tomar posse de nossa fortaleza, isto é, de nossa casa interior.
Tentamos desalojar os invasores, mas permitimos que eles recebam reforços.Uma
coisa é a gravidade kármica de um ato. Outra coisa, completamente distinta, é a
estratégia para dissolver um defeito. Atos sem nenhuma gravidade kármica aparente
podem ser o caminho para fortificação e manifestação de atos de altíssima gravidade.
Tentar reprimir os atos graves, quando já estão "carregados" de energia, é anti-
estratégico. O que se deve fazer é despotenciá-los ou, melhor ainda, evitar que se
"carreguem", dissolvendo os comportamentos inocentes que os energizam.Evitamos
que um defeito altamente prejudicial e perigoso se carregue com energia quando
dissolvemos os atos inocentes e inócuos que lhe abrem caminho. É sobre tais atos que
a auto-observação deve se dar rigorosamente.Tudo aquilo que fazemos, pensamos e
sentimos deve ser vigiado rigorosamente. Entendo que nos comportamentos inócuos
está a chave. Comportamentos inócuos podem consistir em canais de reforço
energético que fortificam comportamentos perigosos e indesejáveis. E tais canais são
insuspeitados, motivo pelo qual os V.M.s os qualificam acertadamente como "sutis".
Por isso dizem que "o mal se refina". Os comportamentos inócuos, isto é,
aparentemente inocentes, devem ser alvo de um escrutínio rigorosamente sincero que
nos permita descobrir se os mesmos fortificam comportamentos perigosos. Por
"comportamento", estou me referindo à manifestação do ego em todos os cinco
centros, pois quem não o observa em todos os cinco centro não descobre nada ou
descobre muito pouco.Dissolvendo os comportamentos inócuos condutores de
reforço, rompemos a cadeia de manifestações que vai abrindo passagem para a
invasão dos defeitos perigosos.Um exemplo específico ajudaria muito aqui. O desejo
violento de um homem por uma mulher (ou por todas as mulheres bonitas que lhe
passem na frente!) possui um núcleo, constituido pelo desejo de fornicar
propriamente dito, e algo que poderíamos comparar a uma "periferia", constituída por
múltiplas manifestações, aparentemente não luxuriosas ou pouco luxuriosas, que
energizam o núcleo. Os psicólogos chamam a este conjunto de "complexo", por ser
um amplo sistema, ou de "agregado psíquico", por constituir um agregado de
energias. Embora pareçam não causar prejuízo algum, as manifestações não
luxuriosas estão voltadas para o núcleo e para ele conduzem suas forças,
robustecendo-o cada vez mais. Debater-se contra o núcleo é uma perda de tempo
porque, ao fazê-lo, deixamos de nos ocupar com a periferia, que é por onde realmente
fluem as forças que o robustecem. No caso específico da luxúria, que é o nosso
exemplo, do núcleo poderiam fazer parte: o desejo de copular, de beijar, de pegar nos
cabelos e também tudo aquilo que a imaginação morbosa for capaz de conceber. Da
periferia poderiam fazer parte: atos amistosos, elogios, gentilezas e tudo o que,
aparentemente, for desprovido de sentido luxurioso, mas que se revelam voltados
para a luxúria quando examinados mais de perto. A gama destes últimos
comportamentos é quase infinita. O interessante é que os mesmos não opõem muita
resistência ao poder da Mãe Divina, sendo rapidamente incinerados por Ela, às vezes
imediatamente. Em alguns casos, entretanto, requerem um fogo mais poderoso: a
petição durante o maithuna.
A morte de um defeito é, portanto, a resultante natural (e não forçada) da adoção de
uma linha de trabalho correta. É por isso que se diz que morrer não é reprimir. Como
posso reprimir aquilo que está morrendo? Se algo está morrendo, não se faz
necessário reprimir.
Imaginemos que você, leitor, esteja agora mesmo com uma mulher para fornicar.
Como as coisas chegaram até este ponto? Se você revisar os acontecimentos, verá
que houve uma sequência de atos que se associaram no tempo, um após o outro, até
você chegar ao deplorável ponto em que está. Se retroceder bastante, constatará que
os "primeiros passos" que o conduziram a esta situação eram desprovidos de caráter
delituoso ou luxurioso. Os atos, pensamentos e sentimentos vão se sucedendo e se
articulando em uma corrente temporal, até culminarem no problema propriamente
dito. Evitamos o problema evitando os fatos que o antecedem, cortando o mal pela
raiz.
Na medida que você entende e sabe que àquilo é um defeito mas o deixa
do jeito como está, seria você mosaquista ou maléfico?
Quando nos observamos, é importante não esquecermos que o "Ego" é nossa própria
pessoa, embora não seja nossa essência, e corresponde a praticamente tudo o que nos
proporciona a sensação de "Eu".
Entendo que os detalhes são os eus bons e os eus inofensivos, para os quais não
damos importância por terem o caráter prejudicial sutil e de difícil detecção. Para
detectá-los, necessitamos de "olho clínico", como disse o V.M.S. em "Dialética da
Razão Objetiva". Tais eus muitas vezes não causam dano visível algum e, apesar
disso, alimentam elementos psíquicos perigosos.
O caráter prejudicial dos detalhes é sutil, nos escapa à observação superficial. Por
serem inofensivos em aparência, acreditamos que não sejam defeitos e não lhes
damos importãncia. Damos-lhes livre curso por acharmos desnecessário dissolvê-los,
já que não nos parecem prejudiciais.
O Ego a ser observado não é somente aquela parte nossa que comete delitos, é tudo o
que designamos por "Eu". Inclui tudo o que fazemos, dizemos, sentimos e pensamos,
não se limitando àquilo que a moral e a cultura definiram como "errado" ou "feio". O
Ego a ser compreendido vai muito além do que a cultura considera "imoral" ou
impróprio.
Se não for assim, se a observação não romper com os limites da moral, não se chega
aos fundamentos dos defeitos mais perigosos. Os defeitos mais prejudiciais
alimentam-se a todo momento por meio de manifestações "inocentes" que são
perfeitamente aceitáveis dos pontos de vista social, cultural e moral. Atos e
pensamentos que acreditamos ser inofensivos e até benéficos podem estar nutrindo
elementos psíquicos altamente prejudiciais e perigosos. O eu da fornicação, por
exemplo, se alimenta a todo momento sem que o percebamos. O mesmo se dá com o
eu do medo, da gula etc. Somente a observação rigorosa detecta as manifestações que
os alimentam.
O motivo pelo qual não conseguimos nos livrar deste defeito terrível é exatamente
este: porque o alimentamos a todo momento sem nos darmos conta. Reforçamos a
luxúria ao longo de todo o dia através de pensamentos, falas, atitudes e olhares. Se
nos observarmos= em plena relação com as pessoas, perceberemos atos, falas,
olhares, pensamentos, movimentos etc. aparentemente inocentes mas que, em
realidade, fortificam este defeito.
Outro erro consiste em tentar aplicar a Morte em Marcha nos defeitos já "carregados"
(reforçados com energia), sem deixar de alimentá-los. Isso equivale a pisar no freio e
no acelerador: por um lado os enfraquecemos mas por outro os reforçamos. Muitas
pessoas sinceras aplicam a Morte nos desejos intensos, mas não prestam atenção nas
muitas maneiras pelas quais os alimentam. Por exemplo: o estudante reforça a luxúria
o dia todo e, à noite, tentar conter os impulsos fornicadores/ejaculatórios. Preocupam-
se, sinceramente, em combater tais impulsos, mas não se preocupam em retirar os
comportamentos que os reforçam. É por isso que não avançam.
A libertação da luxúria e a conquista da castidade resultam naturalmente da
eliminação das pequenas facetas detectáveis no dia. Não é algo que se conquiste
diretamente pela força, mas sim pela estratégia. A castidade é um resultado e não
propriamente uma meta, pois a meta é enfraquecer o impulso sexual irrefletido e
despótico. Não se preocupe, você não ficará eunuco e nem perderá o instinto ou
potência, apenas irá adquirir maior controle sobre si mesmo e aumentará a margem
do seu livre arbítrio nesse campo.
O que tenho feito, seguindo as diretrizes deixadas pelos V.M.s em seus livros, é o que
explicarei a seguir.
Essa indagação pode ser aplicada a qualquer outro defeito. Funciona com a ira, com a
gula e com todos os outros egos. O que importa é vigiar, buscando detectar qualquer
coisa que possa reforçar o defeito. Durante a vigilância, temos que buscar o que está
por trás dos comportamentos, atos, diálogos, formas de se vestir etc.
Nossos comportamentos, por mais comuns que nos pareçam, podem ter
consequências psicológicas. Temos que nos inquirir a respeito dessas consequências
psicológicas do que fazemos. Nesse sentido, podemos dizer que nossa forma de agir,
pensar e sentir constituem "causas" (no nível tridimensional) cujas consequências são
a fortificação dos agregados psíquicos, defeitos ou complexos.
Suponhamos, por exemplo, que você esteja segurando um livro com a mão direita.
Será que por trás deste ato há alguma intenção excusa escondida? Observe-se
sinceramente. Caso você detecte alguma intenção secundária vinculada a algum
defeito, você o estará alimentando.
Todos temos, com certeza, muitas dificuldades nesse campo específico, por isso,
sugiro a leitura do livro "A Prática do Brahmacharia", de Sri Swami Sivananda. É um
livro com muitas orientações esclarecedoras e pode ser obtido aqui:
Sabemos que não devemos ejacular nosso precioso sêmen. Saber disso, contudo, não
é suficiente para deter o compulsivo processo de ejaculação. Muito sofremos, com
remorsos e medos, por não termos a verdadeira castidade.
Ocorre que tudo tem uma causa e não se pode deter a ejaculação (fornicação,
masturbação e polução noturna) sem atingirmos suas causas. Quando perdemos o
sêmen, esta triste perda se deve a processos interiores que ocorreram antes da perda,
por baixo da nossa zona de percepção consciente. Talvez os tenhamos percebido
superficialmente ou de forma vaga. Um defeito somente se "carrega" de força porque
não aplicamos a morte, antes, sobre pensamentos, emoções e ações que o alimentam.
O segredo é ir à causa. E onde está a causa? No "antes", nas manifestações que o
antecedem. Sobre essas manifestações é que temos que direcionar o poder de fogo da
Mãe Divina, e queimá-las sem recalque, apenas pela observação e oração.
Vigiar antes é o segredo.
Nós, principiante, não podemos ir conscientemente até o mundo das causas naturais,
na sexta dimensão, para "desligar a tomada" que carrega os defeitos de energia, mas
podemos, muito bem, remover as causas aqui no mundo tridimensional, que são os
primeiros resultados (efeitos) físicos dessas causas que estão bem além, no mundo
causal. No causal está a "causa causorum" e aqui estão as causas físicas. As causas
físicas são efeito das causas que se encontram na sexta dimensão e, ao mesmo tempo,
a origem da fortificação dos defeitos aqui.
O ato infeliz de ejacular deve, portanto, ser encarado como mero resultado de
processos anteriores de fortificação, processos esses que se dão sem serem vistos
claramente pela consciência, por ela não estar vigiando ativamente. Se você perde
continuamente seu sêmen, saiba que essa perda resulta de processos psicológicos que
você deveria ter observado em ação e que foi por não observá-los direito que isso está
te acontecendo. Encare sua perda como resultado (efeito) de uma causa a ser
conhecida. Qual causa? As manifestações dos detalhes. Vários detalhes se
manifestaram através de você e você não os viu, não os observou e nem pediu pela
dissolução. O resultado foi que de repente sentiu uma tremenda vontade de ejacular,
ficou tomado por aquilo e não resistiu, obviamente. E como poderia ter resistido se
deu alimento e forças ao inimigo?
Portanto, não fique se lamentando por fracassar, chorando ou duvidando de sua
capacidade, da Gnosis ou dos Veneráveis Mestres. Há algo melhor para fazer:
descubra o que te acontece antes de ficar louco de desejo. Caso se observe, verá que
bem antes de ficar doido (minutos ou horas antes) você deixou que muitos
pensamentos, frases, movimentos, lembranças, fantasias e emoções passassem em
branco. Foi lá que você errou. Você negligenciou as causas, a origem. Corte um rio e
a represa seca, arranque a tomada e maquinário se desliga. O ato de ejacular resulta
de um erro de estratégia: tentar segurar o desejo ao invés de atacá-lo em suas origens.
E onde estão as origens? Estão no cotidiano. Observe-as lá, procure-as e verá. São
milhões de coisas aparentemente inocentes que te conduziram a isso. Tire-as de si e
ficará livre dos seus efeitos nefastos. Não perca tempo fazendo esforços à toa,
medindo forças com o gigante: acerte-o logo no ponto fraco. Não queira se mais forte
que seu inimigo, seja mais astuto. Empregue toda a força que possui de maneira
correta e verá os resultados interessantes que surgirão daí.
Sabemos que precisamos da castidade, não somente para tomar ayahuasca (se você
for um gnóstico ayahuasqueiro, já que nem todos são) mas principalmente para
fortificar o kundalini e o poder da Mãe Divina e do Cristo dentro de nós, aumentando
a efetividade da morte do ego. Quanto mais casto formos, mais rapidamente o ego
morrerá.
Pensemos na masturbação e nas poluções noturnas. Em ambos os casos, o sêmen é
perdido porque a pessoa fantasia coisas "maravilhosas" com mulheres. Em que
mulheres você pensou antes e durante o ato masturbatório? Com quais beldades você
sonhou? O que imaginou estar fazendo com elas? Falarei claramente. Talvez você
tenha imaginado sexo oral ou anal, múltiplas posições, rostos lindos, peitos redondos,
peles lisas e depiladas, bocas gulosas e ávidas, lábios carnudos, traseiros empinados e
loucuras. Com que mulheres você fantasia? Atrizes pornôs? Colegas de trabalho?
Adolescentes? Sua vizinha? A esposa do seu amigo? Quem mais? Descubra, torne-se
consciente disso e de tudo o mais que houver escondido aí no baú da sua mente.
Essas fantasias "maravilhosas" são, na verdade infernais, te fascinam e te arrastam
pro fim. São fantasias que te tornam impotente sob todos os pontos de vista e acabam
com a tua vida. Aprenda a enfraquecê-las em suas origens, antes que tomem força, e
assim não ficará idiotizado.
Sócrates dizia que o vício da sensualidade deixava o homem estúpido. A experiência
nos mostra que ele estava correto. Desta forma de estupidificação estão surgindo
todas as aberrações que estamos vendo: pedofilia, zoofilia, necrofilia, coprofilia etc. e
tudo ficará ainda pior, já que o humanóide está sempre insatisfeito e se lança
desesperado em busca de novas sensações eróticas. Nessa busca infernal não há fim,
é a queda de cabeça em um precipício sem fundo.
Pois bem, meu amigo, se você quer mudar, estou do seu lado e quero te ajudar. Se
quer se livrar dessas maldições, descubra o que te acontece antes de ficar louco de
desejo e remova tudo isso.
Você falha uma e outra vez, fracassa e cai novamente na fornicação ou na
masturbação? Não importa! Continue pois, como disseram os Veneráveis Mestres,
ninguém se ergue reto como um pinheirinho, o que importa não são as caídas mas
sim a falta de coragem de nos levantarmos e continuar. O que importa é continuar,
assim a experiência se acumula. Lembre-se: para o Espírito não há tempo, Ele é
imortal.
Diferenciando os esforços
Estudantes gnósticos que confundem a verdadeira morte com o recalque giram em
círculos por tempo indefinido, oscilando entre a sufocação dos desejos e o desenfreio.
Por um tempo, controlam seus impulsos e, em seguida, os mesmos irrompem
violentamente. Somente é possível sair deste círculo vicioso quando se compreende
as diferenças entre a morte verdadeira e as várias simulações de morte. Na autêntica
morte, a pessoa não realiza o esforço interior visando sufocação dos impulsos, típica
do vício de recalcar desejos. O esforço interior correto corresponde principalmente a:
A estratégia
A estratégia, em qualquer guerra, consiste em atacar o inimigo em seus pontos
vulneráveis. Tentar vencer um inimigo atacando-o em seus pontos invulneráveis é
falta de inteligência.
Na guerra contra o ego, as facetas sutis que lhe dão alimento a todo instante são os
pontos vulneráveis a serem atacados. Enfrentá-lo frontalmente é certeza de fracasso
por ir contra a estratégia.
Com uma simples frase, expressão facial, forma de andar ou se vestir, podemos estar
fortificando algum defeito. O simples fato de imaginarmos uma mulher desejável
proporciona, por exemplo, energia ao defeito da luxúria.
Muitas pessoas lutam contra seus defeitos mas não vigiam os detalhes por meio dos
quais os alimentam e reforçam. Fazem esforços em vão, fortificam o inimigo interior,
como se pisassem no freio e no acelerador simultaneamente.
Não poderei eliminar a luxúria de modo algum se manter conversas morbosas com
meus amigos, se assistir filmes pornográficos ou ficar fantasiando sexo de várias
maneiras. Não eliminarei o medo se ficar assistindo a filmes de terror, pensando no
perigo, comentando sobre o perigo com as pessoas todo o tempo (o que difere de
alertá-las). Um determinado ego pode colher energia e alimentar-se de diversas
maneiras, por muitos canais, como fazem os capilares das raízes de uma árvore. A
auto-observação consiste em descobrir os muitos canais por meio dos quais um
defeito se alimenta, os quais estão escondidos em nossa vida, se processam na
sombra, sem que os vejamos. Lançando a luz da auto-observação a todo instante, os
descobrimos. Nisso consiste a descoberta de si mesmo, o auto-conhecimento e a
compreensão dos defeitos.
Se, mesmo aplicando esta técnica de retirada dos “capilares”, o defeito que você quer
eliminar não enfraqueceu, isso significa que você continua lhe fornecendo alimentos
sem dar-se conta, que há muitos outros “capilares” que você não está vendo, ou seja,
há muitos outros canais de alimentação escondidos em sua conduta.
Impulso de variação
Tranquilidade na concentração
O relaxamento é uma das partes mais importantes da meditação e não deve ser
negligenciado. Aperfeiçoar a meditação não é somente aperfeiçoar a concentração, é
também aperfeiçoar o relaxamento.
São palavras que exprimem mais ou menos a correta concentração: esvaziar, acabar,
relaxar, desfazer, sumir, cair no vazio, tranqüilizar-se, morrer (por que não?) e sumir,
sumir, sumir... Ainda assim a consciência é preservada, ela não se vai, a percepção
continua. São palavras que exprimem o que se sente no processo: relaxar, desfazer-se,
desprender-se, desaparecer, desligar-se de tudo, até o fim...
Não é correto falar de relaxamento mental porque temos muitas mentes. Mas
podemos definir a concentração profunda como relaxamento, descanso e inatividade
dos centros emocional e intelectual.
Não se consegue reduzir a atividade dos centros mediante o esforço, mas sim
mediante o não-esforço. O trabalho de concentrar-se é o trabalho de acabar com os
esforços para concentrar-se.
A palavra "esforço" tem duplo sentido. Em seu sentido usual no ocidente, evoca a
idéia de tensão e ansiedade. Entretanto, há também outro significado: dedicação,
empenho. Quando os V.V.M.M. se referem ao esforço e ao super-esforço, estão se
referindo à dedicação, à constancia, à tenacidade e à disciplina e não à teimosia, à
tensão, ao desespero por resultados, à ansiedade.
É necessário buscar a concentração de forma tranquila, intensificando a sensação de
tranquilidade. Precisamos ter a tranquilidade como um caminho a ser seguido, como
um guia: se a tranquilidade se perturba, estamos nos desviando do curso.
O esforço é perturbação. A mais leve perturbação ou ansiedade tem que ser evitada.
Ansiedade por concentrar-se, por ter êxito na prática, é perturbação.
Notas:
Todo defeito corresponde a uma visão distorcida da realidade. Por isso se diz que os
egs são "os elementos subjetivos das percepções" (V.M.S.).
Um defeito é uma cognição condicionada, distorcida, que resiste às simples tentativas
voluntárias de corrigí-la. Um homem pode compreender intelectualmente que um
vício o prejudica, mas ainda assim, este vício permanecerá atormentando-o, pois a
porção de sua psique correspondente ao vício (a parte que sente o desejo) entende as
coisas de modo diferente.
O ego correspondente a um vício considera este mesmo vício algo maravilhoso. Daí a
necessidade de compreendermos o defeito, se quisermos eliminá-lo. Quando se
trabalha com a morte em marcha, esta compreensão vai se configurando
naturalmente, como resultado da observação constante.
Se prestarmos atenção, perceberemos que os defeitos distorcem nossa percepção da
realidade. Por exemplo: um luxurioso não vê o sexo e nem as mulheres tal como são,
de forma objetiva, mas sim de forma subjetiva e distorcida, os vê de acordo com a
ótica do eu da luxúria. É uma visão condicionada da qual o luxurioso não escapará a
menos que dissolva a causa do problema: o ego. O mesmo se passa com a ira, a
inveja e os demais defeitos que tenhamos.
O Ego não permite ao ser humano enxergar a realidade, distorce tudo e faz com que
vivamos em um mundo de ilusões e mentiras. Por isso é tão importante destruí-lo.
Tarefas práticas
Para quem ainda não entendeu a morte do ego, algumas propostas práticas que podem
ajudar:
1. Primeira proposta:
2. Segunda proposta:
Observe, durante outro dia, as pequenas reações de todo tipo que você tem perante as
situações, pessoas etc. Anote essas reações e releia depois. Aí estão vários detalhes
descobertos.
O que se faz com esses detalhes, uma vez descobertos? Pede-se por sua morte à Mãe
Divina. Você deve pedir instantaneamente, no mesmo instante em que os vê, e não
esperar para depois. Peça pela morte deles em plena manifestação, sem reprimí-los
mas também sem satisfazê-los.
3. Outra proposta: corte toda alimentação de um defeito por um tempo, com esse
procedimento da Morte em Marcha, e observe os resultados. Você comprovará que
ele se enfraquece, perde o poder sobre você.
O erro de adotar posturas negativistas
Um erro cometido por muitos de nós, estudantes gnósticos, a meu ver, foi tomar o
ensinamento de modo negativista. A Gnosis não é, de modo algum, algo negativo e
não cultiva a negatividade. Entretanto, muitos estudantes a tomaram sob esta
perspectiva, abordando-a de modo pessimista. Ao invés de se ocuparem com a
castidade, se ocuparam com a luxúria, ao invés de se ocuparem com o despertar,
ocuparam-se com a inconsciência. Criamos o vício de prestar atenção no mal, de nos
ocuparmos com ele e, desta forma, o energizamos.
O ensinamento dos Veneráveis Mestres é um ensinamento de regeneração e não um
ensinamento derrotista. Eles nos ensinaram que existe uma Mãe Divina que liberta
nossa alma dos pecados, que há um Pai que nos guia e contra o qual a escuridão não
tem poder, que existem hierarquias que nos defendem quando estamos trabalhando.
Também ensinaram que o desenvolvimento espiritual é perfeitamente possível ao
homem, mesmo que se tenha um carma grave, desde que se mude de conduta, o que é
perfeitamente possível quando se quer e se conhece os meios.
Entendo que a Gnosis é algo positivo, superior e otimista, sem ser alienante. Uma das
razões pelas quais não avançamos é porque focamos a atenção no que não queríamos,
ao invés de focá-la no que queríamos. Sempre demos muita importância ao que não
deveria e, assim, energizamos o indesejável. Ficar pensando nos defeitos, ainda que
com a boa intenção de estudá-los, é atraí-los e dar-lhes força. Damos forças ao mal
quando nos ocupamos desnecessariamente com ele.
A Gnosis ensina que existe um Deus Único (Unidade Absoluta), de onde se origina
toda a criação, todos os mundos, todas as hierarquias e todos os Eons. Esta Grande
Origem tem o nosso Real Ser como uma de suas múltiplas manifestações. O caminho
para o retorno é amoroso: temos que amar a Deus sobre todas as coisas. O que é amar
o Divino? É querer unir-se, estar junto, em comunhão, fazendo a Sua vontade. É
querer fazer a vontade do Pai e não a nossa. Amar a Deus é chorar por Sua presença,
é não aceitar Sua distância. É sentir com todo o coração e com toda a alma um
ardente desejo de Ser. É o caminho da emoção superior. Amá-lo sobre todas as coisas
é amá-lo mais do que amamos a este mundo de vãs ilusões que passam, é amá-lo em
sua Eternidade, porque Ele é o Eterno, o Imutável, o Ser. Quem ama a Deus mais que
a tudo, deseja ir embora deste mundo e viver com Ele para sempre. Estou usando
termos masculinos (Deus, Ele), mas Deus está além dos gêneros, é Andrógino: Alfa e
Ômega, duas polaridades em uma. Sua manifestação feminina é a Mãe Divina, que
vemos em todos os cultos ancestrais da Terra.
Amar a Deus é também confiar, pedir e descansar na confiança. Se confiamos em
nosso Pai Interno e em nossa Mãe Divina, não poderemos de modo algum ter uma
visão pessimista da vida, não há espaço para o desespero, não importa o que esteja
acontecendo. Se amarmos sinceramente nosso Ser, Ele nos salvará, resgatará nossa
alma do pecado, a atração fatal da matéria, se comunicará conosco por diversos sinais
e não seremos obrigados a acreditar nas pregações de líderes religiosos, pois
estaremos bebendo da água da vida na fonte. Ele nos dará a comprovação e a
experiência direta, e não teremos que acreditar em homens. Teremos uma fé
verdadeira, apoiada na experiência espiritual direta, e não uma simples crença ou
crendice.
O conhecimento espiritual e a fé verdadeira estão ao alcance de qualquer pessoa que
os busque sincera e corretamente. Uma simples oração é respondida de diversas
formas, mas, por sermos sempre tão negativos, pessimistas e céticos, simplesmente
não vemos as respostas, já que focamos nossa atenção no mal e não no bem. É claro
que aqui na Terra o mal existe e não podemos negligenciá-lo, mas tampouco
devemos dar-lhe forças ocupando-nos com ele desnecessariamente.
Por muito tempo, cometi o erro de ser pessimista e ressaltar a negatividade, sob a
justificativa de "tentar melhorar". Na verdade, tal postura tem o efeito de atrair e
reforçar justamente o que não queremos.
Quanto mais exercitarmos a fé em Deus, mais ela se desenvolverá e é somente por
meio da fé que podemos avançar espiritualmente.
Para sermos socorridos por nossa Mãe Divina e por nosso Pai que estão nos céus, é
imprescindível amá-los e nEles confiar.
Os efeitos prejudiciais do derrotismo é bem apontado pelo V.M. Samael neste texto:
"O animal intelectual, falsamente chamado homem, tem a idéia fixa de que a
aniquilação total do Ego, o domínio absoluto do sexo e a Auto-Realização Íntima do
Ser são coisas fantásticas e impossíveis, e não se dá conta de que esse modo de
pensar tão subjetivo é fruto de elementos psicológicos derrotistas que dirigem a
mente e o corpo daqueles que não despertaram a consciência.
As pessoas desta época caduca e degenerada carregam em seu interior um agregado
psíquico que é um grande estorvo no caminho da aniquilação do Ego: o Eu do
derrotismo.
Os pensamentos derrotistas incapacitam as pessoas de elevar sua vida mecânica a
estados superiores. A maioria das pessoas consideram-se vencidas já antes de iniciar
a luta ou o trabalho esotérico gnóstico.
Temos que nos auto-observar e auto-analisar para descobrir dentro de nós mesmos,
aqui e agora, essas facetas que constituem isso que se chama derrotismo.
Sintetizando, diremos que existem três atitudes derrotistas comuns:
1) Sentir-se incapacitado por falta de educação intelectual.
2) Não sentir-se capaz de iniciar a Transformação Radical.
3) Andar com a canção psicológica: nunca tenho oportunidades de mudar ou
triunfar.
PRIMEIRA ATITUDE
Quanto a sentir-se incapacitado por uma falta de educação, temos de nos lembrar
que todos os grandes sábios como Hermes Trimegisto, Paracelso, Platão, Sócrates,
Jesus Cristo, Homero, etc, nunca foram à universidade. Na realidade e de verdade,
cada pessoa tem seu próprio Mestre, sendo este seu próprio Ser, “isso” que está
além da mente e do falso racionalismo. Não se confunda educação com sabedoria e
conhecimentos.
O conhecimento específico dos mistérios da vida, do cosmos e da natureza é uma
força extraordinária que nos permite conseguir a revolução integral.
SEGUNDA ATITUDE
TERCEIRA ATITUDE
Apesar de ouvirmos por todas as partes que a masturbação é algo muito bom e
saudável, nos atrevemos aqui a enfatizar a idéia contrária: a de que esta prática é um
vício e nos prejudica física e espiritualmente. Sendo assim, é bom descobrir os meios
de libertar alguém deste vício, tão elogiado pelos sexólogos.
Uma vez que a pessoa esteja há vários dias sem cair novamente nesta prática, sentirá
a força no órgão sexual impelindo-o à ejaculação. Deve, então, intensificar mais
ainda a morte ou retornará ao ponto de partida. Para pular a oitava, isto é, dar um
passo verdadeiro, é preciso ultrapassar as fases em que somos atraídos de volta.
Entretanto, se a pessoa cair, não deve ficar preocupada e nem lamentar-se, pois todo
crescimento espiritual é tortuoso. Dá-se vários passos para frente e em seguida alguns
para trás. Os passos para trás são resultado natural dos ensaios e não são perdas
totais: fica a experiência, a qual facilitará o avanço posterior.
O momento em que a pessoa cai nesta prática são os momentos em que a vigilância é
esquecida: pode ser à noite, antes de dormir, de manhã, logo ao acordar, durante o
banho etc.
Sabemos que não devemos reprimir os desejos, mas tampouco devemos satisfazê-los.
É útil remover bloqueios emocionais e admitir tudo com a máxima sinceridade, para
que a observação seja perfeita. Entretanto, quanto mais alguém satisfazer um defeito,
tanto mais escravo do mesmo será. Deter-se "curtindo" (saboreando) um desejo ou
suas imagens mentais, sob o pretexto de observar-se, é cair em um erro grave, que
resulta em estancamento e até em retrocesso espiritual. O masturbador comete este
erro, já que se compraz em contemplar imagens eróticas, seja na tela de sua mente,
seja na tela de uma televisão ou nas folhas de uma revista. Aquele que quer libertar-
se deste vício, deve retirar todos os canais que o alimentam.
O ato de olhar para certas partes do corpo das mulheres reforça tremendamente a
luxúria no dia a dia.
Observando-nos, percebemos que antes de cometer o ato de olhar, sentimos o desejo
incontrolável de fazê-lo. Este desejo não deve ser reprimido (sufocado) e nem
tampouco satisfeito.
O desejo é sentido como emoção. Sufocando-a, iremos simplesmente represá-la até o
ponto de explodir. O mais indicado é desbloqueá-la e observá-la "de fora" (sem
identificação) em plena ação, captando suas facetas e detalhes, enquanto pedimos
pela dissolução de cada um deles.
O bloqueio a ser removido é o bloqueio emocional.
Devemos observar o desejo agindo dentro de nós, porém sem permitir que ele se
realize, pois isso irá fortificá-lo e nos escravizará ainda mais.
Então, se queremos dissolver a luxúria, não podemos permitir que este desejo de
contemplar as formas femininas passe ao segundo nível, isto é, que se realize com o
ato de observá-las.
Sem fazer nenhum esforço para sufocá-lo, pedimos por sua morte. Então ele
enfraquecerá e não passará ao segundo nível, que é o nível da satisfação por meio da
ação. Permanecerá no primeiro, que é o nível em que apenas sentimos o desejo mas
não o realizamos na prática.
Esse vício de olhar para o corpo das mulheres é um grande problema e traz muito
sofrimento.
É importante, então, não esquecer que, tanto na meditação quanto na morte, rompe-se
toda identificação com os pensamentos e não se permite que os mesmos fascinem a
essência à vontade. Nos dois casos, se combate a fascinação e a distração.
Espero ter ajudado e boa sorte no caminho, meu irmão.
46 comentários:
1.
Lycopodium6 de março de 2011 22:54
Muito util tirar a associação da morte do ego e da meditação, pois elas
tem similaridades inclusive existe um som budista chamado "death of
the ego" para matar os egos em meditação, deixa eu ver se captei, treinar
a meditação seria unir a essencia, capacitar a concentração. Seria um
treino de limpeza, para depois. Outra hora, pós meditação praticar a
morte do ego sem poluíções mentais?
2.
Anônimo14 de julho de 2012 20:18
Olá,
5) Quem está anelando a senda do fio da navalha, pode fazer alguma arte
marcial? É possível trabalhar a morte em marcha em cima dos eus que
surgirem durante o treino? Ou é andar em círculos, sendo que estarei
retro-alimentando estes eus, logo após pedir pelas suas eliminações?
OBS: A arte marcial que me refiro é Wing Chun Kung Fu, ou até mesmo
Jiu Jitsu. (Meu intento é praticar apenas como defesa pessoal e usar
apenas em casos de extrema urgencia: casos de vida ou morte).
Muito obrigado.
Paz Inverencial.
Outras duvidas:
R. Também são.
R. É possível, desde que o seu objetivo no treino não seja vencer e você
não esteja identificado com o outro e nem com a vitória ou a derrota. Se
você não se importar se o outro vence ou não e se concentrar somente
em manter-se alerta, usando a oportunidade para tal fim, a arte irá ajudar.
O ato de lutar permite que o estado de alerta relaxado aumente e também
ajuda a esquecer os pensamentos, concentrar-se no presente etc.
Infelizmente, as pessoas usam a arte marcial com outros fins.
P. OBS: A arte marcial que me refiro é Wing Chun Kung Fu, ou até
mesmo Jiu Jitsu. (Meu intento é praticar apenas como defesa pessoal e
usar apenas em casos de extrema urgencia: casos de vida ou morte).
R. O que se passa é que tais monges, assim como outros de outras partes
do oriente, meditam muitas horas por dia e usam a arte marcial como
forma de exercitar o corpo físico e também a consciência. A defesa
pessoal é só uma consequência, mas não a meta.
Quem quer destruir seus egos, tem que apelar ao poder superior que tem
a capacidade de desintegrá-lo. Entendeu?
Treinei artes marciais por uns 3 anos, mas tive que sair por causa da
faculdade e estágio. Pretendo voltar a treinar, se não por agora, num
futuro próximo. E se eu voltar a treinar, com certeza seguirei esses
preceitos: Usar a arte marcial como uma forma de treinar a atenção
plena. Isso é muito bom. Sim, realmente, hoje em dia praticamente
inexiste pessoas que praticam com este fim (somente nos templos). Os
que praticam hoje é somente para robustecimento do ego, bater nos
outros, achar que é melhor que os outros etc. O MMA por exemplo se
enquadra nisso. Os lutadores só lutam por fama e glória, ou seja,
rebustecimento do ego.
1) A respeito da morte dos defeitos, entendo que não devemos nos ater
apenas à morte em marcha, sendo que devemos complementar este
método com a auto análise Krishnamutriana que o VM Samael se refere,
seguida pela suplica à Mãe Divina. A prática exclusiva de um desses
métodos, não é correto. Certo??
2) Pois bem, está auto análise, deve ser feita apartir de uma concentração
sobre o objeto de estudo?? Por exemplo: Estou estudando um detalhe
dos ciúmes. Eu necessito deitar-me e relaxar com o objeto de
concentração, esta imagem mental que se refira ao defeito(ou qualquer
coisa que seja), até atingir o pratyahara?? Ou simplesmente devo fechar
os olhos e contemplar este defeito, sem necessariamente alcançar o
pratyahara?? Às vezes confundo, porque já ouvi o VM Samael falar a
respeito da meditação sobre um defeito. Então me perguntava se deveria
ou não alcançar esse extase do pratyahara, para obter a compreensão.
Muito obrigado.
Paz Inverencial.
Do ponto de vista gnóstico, porque não é bom ingerir alcool? Existe uma
explicação exotérica profunda a respeito? Algum livro que aprofunde
sobre isso?
Praticante25 de julho de 2012 06:32
P. Do ponto de vista gnóstico, porque não é bom ingerir alcool?
Quem não pratica Morte em Marcha, mesmo que no final do dia analise
os seus egos, os estará fortificando a todo momento, ou seja, cairá em
um círculo vicioso. A Morte só é possível se a alimentação dos eus for
interrompida. Em outras palavras: é perfeitamente possível morrer em si
mesmo somente através da Morte em Marcha, mas não é possível fazê-lo
somente através da análise krishnamurtiana. Tal análise tem sua utilidade
no que se refere a defeitos específicos, que importunam muito (por
exemplo, uma obsessão específica por algo), mas não permite uma morte
ampla e geral do ego, somente uma morte específica (caso em que tem
sua utilidade). Em que consiste tal análise? Em recordar-se da
manifestação de algum defeito para que se possa visualizar todas as suas
facetas. Ora, a visualização das múltiplas facetas é exatamente o que
fazemos na Morte em Marcha, a diferença é que não deixamos nada para
ser feito depois, fazendo tudo no momento. Na Morte em Marcha,
capturamos e eliminamos os detalhes na mesma hora em que se
manifestam, na análise krishnamurtiana, os capturamos e eliminamos
depois. Entendido?
2) Pois bem, está auto análise, deve ser feita apartir de uma concentração
sobre o objeto de estudo??
Muito obrigado.
R. Sim, até atingir o pratyahara, isto é, até esquecer tudo o mais que
existe.
Mas pode deixar os outros, suas respostas são muito boas. Sugiro que
depois vc abra um novo tópico aqui no blog, colocando esse video e
expondo algumas verdades ocultas, que as pessoas precisam saber.
Infelizmente muitas pessoas tem olhos mas não querem enxergar a
verdade.
Perguntas:
Namastê!
P. Mas pode deixar os outros, suas respostas são muito boas. Sugiro que
depois vc abra um novo tópico aqui no blog, colocando esse video e
expondo algumas verdades ocultas, que as pessoas precisam saber.
Infelizmente muitas pessoas tem olhos mas não querem enxergar a
verdade.
Perguntas:
Pergunta:
R. Porque fica mais fácil, pois se você deita nesse horário, estará bem
descansado na hora do brahmamuhurta, que é a madrugada, quando as
energias estão favoráveis às práticas. Observe que as práticas feitas de
manhã dão mais resultado. No entanto, você pode se desdobrar a
qualquer hora se for prático e tiver boa concentração. Sempre que você
tiver sono, pode tentar a meditação ou desdobramento.
Tenho essa dúvida, pois, não sei se seria um bom negócio, sendo que o
meu dharma que pode ser gasto por recompensas espirituais, vai estar
sendo gasto com realizações materiais. O que acha disso?
P. Tenho essa dúvida, pois, não sei se seria um bom negócio, sendo que
o meu dharma que pode ser gasto por recompensas espirituais, vai estar
sendo gasto com realizações materiais. O que acha disso?
R. São dois tipos diferentes e não há como mesclá-los. Você não pode
ser recompensado materialmente por méritos espirituais e nem o
contrário.
Perfeito, entendi.
Praticante10 de agosto de 2012 10:29
Sobre o material:
A quem orar?
Não importa qual seja a sua religião, você deve orar à sua Grande Origem, à Fonte de
onde você emanou.
Os V.V.M.M. sempre nos disseram que temos que orar às diversas partes superiores
do Ser (Mãe Divina, Íntimo, Pai Interno, entre outras partes). Se este conceito te
incomoda, pela educação religiosa que você teve, simplesmente ore Àquele (ou
Àquilo) que te originou e não perca seu tempo complicando a questão com
especulações teóricas, já que quebrar a cabeça com uma questão tão gigantesca é
inútil.
As formas religiosas da Terra são somente aproximações, modelos limitados mas
importantes. Servem para nos balizar na busca por um poder maior que nos ultrapassa
e do qual somos provenientes.
Não importa muito se você se apóia na Bíblia, no Alcorão, nos cânones budistas ou
hinduístas. O que importa é que você dirija seu coração à sua Grande Origem, à Força
que te originou, de onde sua alma provém. Se você é protestante e ora ao Criador,
você não está em desacordo comigo.
Não devemos condenar àqueles que possuem uma idéia de Deus diferente da nossa.
Eles não estão errados, já que Deus, sendo a origem de todas as formas existentes,
não tem forma e pode assumir a forma que queira, para o povo que quiser. É por isso
que há várias religiões no mundo. Como tudo veio de Deus, é claro que tudo está
contido nEle, todas as formas estão ali, em estado latente, potencial, e podem ser
adoradas. Sempre que se busque o alto, o sublime, a melhora, a perfeição (sem fazer
da perfeição uma neurose...) se estará buscando o Deus verdadeiro.
A mente e o ego
Acontece que os desejos são sentidos fortemente no centro emocional, sob a forma de
emoções inferiores. Por serem sentidos no coração, aqueles que querem se livrar do
desejo tentam sufocar os próprios sentimentos ao invés de matá-los. Contudo, a raiz
do problema não está ali, mas sim na cabeça: são as imagens mentais. No fundo do
sentimento se encontra a mente e é precisamente ali que temos que trabalhar.
De nada adianta tentar "não sentir nada" porque a origem do sentir está no pensar. Se
não penso, não sinto. Se estou sentindo, é porque estou pensando. Se estou sentindo e
não percebo pensamento algum correspondente, é porque o mesmo está se
processando inconscientemente, nas sombras, sem que eu possa vê-lo. Temos que
atacar o Ego em nossa cabeça, antes de tudo. Tentar "segurar" ou controlar o centro
sexual, o emocional ou outros centros, enquanto se enche a cabeça de imagens que
nutrem o defeito, é cometer auto-agressão e cair no fracasso. Pensar é a primeira, mas
não a única, forma de nutrir defeitos.
Em "Tratado de Medicina Oculta y Magia Practica", o V.M.Samael ensina que todos
os sofrimentos humanos radicam na mente e que nenhuma dor por preocupações
terrenais, isto é, por apego à matéria, pode chegar ao Íntimo. Isto significa que
sofremos porque pensamos no sofrimento, nos lembramos dele e que aquele que for
capaz de não pensar, não será atingido, nem mesmo pelo sofrimento físico intenso
das doenças. O V.M. ensina ainda que os pensamentos são a principal forma de
alimentar e fortificar os desejos.
"La cueva del deseo está en la mente. El cuerpo de deseo es tan sólo un instrumento
emotivo de la mente." (Tercera Parte: Plantas y sus Poderes Magicos - cap. intitulado
"La Mente")
Portanto, tal como ensinam Blavatsky e Samael, a morte dos desejos requer antes de
mais nada que acabemos com os pensamentos. Tentar combater emoções,
sentimentos, vícios, impulsos etc. sem combater os pensamentos correspondentes é
arrebentar-se interiormente. É isso o que fazem muitos religiosos e os pobres sofrem
horrivelmente. Sugiro aos irmãos católicos e protestantes que buscam
verdadeiramente a santidade que disciplinem os pensamentos antes de tudo. Matar os
maus pensamentos é estratégico e todas as tentativas que não forem por aí fracassam.
Um homem poderá tentar deter seus impulsos sexuais, mas se não silenciar as
imagens e tagarelices mentais relacionadas, se despedaçará interiormente e cairá
ainda mais profundamente no vício.
A chave para a morte dos desejos é a morte dos pensamentos. E a chave para a morte
dos pensamentos são a vigilância e a oração. Nós vigiamos (observamos) e oramos
(pedimos). Então Deus os mata. É Deus que mata os inimigos interiores do homem,
não é o homem que os segura. A parte humana somente pede e a parte divina atua.
Este ensinamento dos V.V.M.M. Samael e Blavatsky, converge com uma orientação
do V.M.R. de que não devemos levar a mente ao sexo oposto durante prática do
arcano. Na verdade, podemos expandir essa orientação para todos os âmbitos da
manifestação do ego.
Sempre que estamos possessos, é porque, de algum modo, estamos levando a mente
ao problema, ao objeto da ira, da preocupação ou do desejo. O primeiro a fazer,
quando estamos obsessionados por um Ego, é focar a atenção na cabeça, na mente, e
não levar a mente ao objeto desencadeador do desejo ou do impulso.
Se você está obsessionado, é porque está pensando naquilo de algum modo. Coloque
sua atenção na cabeça um pouco, aquiete seus pensamentos a respeito e você verá que
a situação irá melhorar dali há pouco.
Suponhamos que você esteja tomado de luxúria por uma mulher. Obviamente, você
está pensando nela de diversas maneiras e não conseguirá observar nenhum centro se
continuar com tais pensamentos. Use a pequena margem de livre arbitrio que possui e
pare seus pensamentos, interrompa-os. Então você verá como irá melhorar! Em
seguida, poderá observar-se e estudar essa luxuria nos demais centros.
A mente é como uma tela de televisão ou de cinema. Por esta tela da mente, passam
sucessivas imagens ou cenas. O desenrolar das cenas segue rumos nem sempre
coerentes. De uma cena, passa-se à outra, e à outra, e à outra...e assim
sucessivamente, em uma procissão sem fim.
As cenas que passam na tela da mente são os pensamentos, lembranças e imaginações
mecânicas ou fantasias. São infinitas imagens, fixas ou móveis, através das quais
alimentamos os egos. Trata-se de manifestações dos egos no centro intelectual.
Como somos animais racionais, temos que colocar especial atenção no centro
intelectual. Não é possível dissolver o ego se negligenciarmos a Morte neste centro.
De nada adianta tentar manter-se casto quando se permite que na tela da mente
permaneçam imagens de mulheres, sexo e delícias eróticas. O trabalho da Morte
começa pela mente e termina na mente, apesar de também ter necessariamente que
passar pelos outros centros.
Quando as imagens mentais desfilam sob o controle do ego, temos o que se chama
imaginação mecânica. Trata-se de um tipo de imaginação involuntária, que ocorre
sem participação consciente. São cenas que os Egos projetam e sobre as quais
desfrutam e deleitam. O deleite do Ego sobre tais cenas se dá por meio da
identificação. Identificar-se com as imagens mentais é um grande erro, pois fortifica
os desejos.
Há também a tagarelice interior, composta por sons internos, vozes, e não por
imagens. As vozes da tagarelice podem ser a nossa própria voz ou de outras pessoas,
em situações hipotéticas passadas ou futuras ou em situações reais mescladas a
situações possíveis. Tagarelice interior e fantasia se associam no processo de
fortificação dos defeitos.
Por trás das imagens e falas mentais estão os Egos. O conteúdo da cenas indica qual é
o desejo que está se fortificando.
A guarida dos desejos está na mente. O desejo é sentido intensamente no centro
emocional, mas o fundo sobre o qual se embasa está no centro intelectual. Quando se
mata o pensamento, se torna muito mais fácil matar o desejo em seguida. Quanto
mais se pensa em um desejo ou problema, pior se torna a situação interior.
Quantidade de imagens mentais explode na cabeça, somos invadidos e não sabemos
como sair da situação. A chave é: calar a mente, não pensar.
Para que a mente não atrapalhe, temos que ter um foco de atenção. Se estivermos
andando, trabalhando etc. o foco será a nossa pessoa (auto-observação e morte em
marcha). Contudo, se estivermos meditando ou formos nos deitar, o foco poderá ser
um Koan, um mantram ou um trabalho de imaginação consciente.
A imaginação consciente é diferente da imaginação mecânica. Nela escolhemos
voluntariamente um objeto, algo para imaginar. Então fixamos a atenção nesta
imagem, até enxergá-la nitidamente com os "olhos espirituais" (clarividência - todo
mundo tem um pouco de clarividência que pode ser ativada momentaneamente com
esta prática). Ao enxergá-la, então podemos começar a penetrar o objeto da imagem e
acompanhar algumas revelações que vão ocorrendo através da imagem, escolhendo
conscientemente por onde iremos penetrá-la. As revelações vão aparecendo e vamos
aprofundando o processo. Se estivermos concentrados na imagem da chama de uma
vela, podemos penetrar nessa chama representada em nossa imaginação, para ver o
que se revela. Se for uma planta, podemos entrar na imagem da planta, como faziam
Jacob Boheme e Goethe, descobrindo o que havia dentro desta imagem. O resultado
será um desdobramento astral ou até uma viagem mais além. O trabalho de penetrar a
imagem não tem necessariamente um fim, podendo haver penetrações sucessivas e
cada vez mais profundas, até um nível em que há não haja espaço algum para
nenhuma atividade mental. Ao ultrapassá-lo, já estamos na meditação, mergulhados
na realidade. Quando se atinge tais alturas, o corpo está em sono profundo e o cérebro
em ondas Theta e Delta. Há outros níveis além, e os hindus e tibetanos os designam
por distintos nomes. Mas não vamos nos afastar tanto para "cima do telhado", já que
somos todos principiantes e nem sequer sabemos nos concentrar direito.
Quando focamos a atenção em uma imagem, a mente lança múltiplas imagens
distintas (pensamentos) para nos atrair a atenção. Se nos deixamos distrair, nos
desviamos de nosso objetivo. Se nos ocupamos com tais imagens, tentando silenciá-
las à força, criamos um conflito e igualmente nos desviamos. O indicado é manter-se
focado no objeto e, no caso da insistência ser muita, silenciarmos o pensamento
perturbador descobrindo o seu conteúdo. O que é que contém este pensamento
insistente? De que se trata? Que imagens contém, o que almeja etc. Assim, com uma
breve compreensão, ele deixa de nos perturbar e podemos descartá-lo. Importa,
especificamente em tais casos, compreender a inutilidade do pensamento persistente,
perguntando-nos com máxima sinceridade: para que serve este pensamento, neste
momento? Qual a sua importância? A mente considera seus pensamentos importantes
e temos que fazê-la compreender que o pensamento que insiste em perturbar não
serve para nada.
Importa entender, aqui, que a mente é o nosso grande inimigo, o qual sabota
implacavelmente o trabalho da morte e as práticas da meditação, sem trégua.
Podemos considerar a mente como sinônimo do Ego, já que, em nosso estado, quase
não dispomos de mente pura e límpida. Sempre que quisermos escapar
momentaneamente do Ego, na meditação, ou quisermos matar alguns defeitos, a
mente estará interferindo para impedir.
Se quisermos triunfar, a prática da meditação deve ser realizada várias vezes por dia e
a Morte em Marcha em tempo integral. Se não for assim, fracassamos.
Ficar sem dormir ou dormir pouco provoca o desgaste de todos cinco centros da
máquina. Quando dormimos, o ego se afasta do corpo físico e temporariamente deixa
de desgastar os centros. Devemos dormir até que o sono se esgote totalmente. Não se
guie pelo número de horas que os médicos recomendam, deixe que o centro instintivo
te informe quando a necessidade de sono acabou.
São muitas as situações do dia a dia que desgastam o centro emocional. Podemos
desgastá-lo sem o perceber, com reações emocionais constantes ao longo do dia,
sejam de ira, medo, tristeza, alegria, frenesi, euforia, apaixonamento etc. Se você
sofre com palpitações, arritmias cardíacas, ansiedade, depressão, síndrome do pânico,
esquizofrenia etc. é bem possível que o desgaste do centro emocional seja a causa, ou
uma das causas. Mediante a morte do ego, conseguimos dar um descanso para este
centro. Descansamos este centro quando não o usamos, isto é, quando evitamos as
emoções inferiores, principalmente as emoções intensas. Emoções inferiores são
todas as emoções comuns, ligadas aos defeitos ou aos egos, sejam eles socialmente
aceitos ou não. Cultivar as emoções superiores não desgasta este centro porque o
centro emocional superior quase não é usado por nós.
ficar entusiasmado;
rir e dar gargalhadas em excesso;
assistir a filmes de ação;
brigar;
curtir tristezas;
assistir a filmes de terror;
ouvir músicas baixas e inferiores
enfim, sempre que ficar perdendo o tempo cultivando emoções que não sejam a
devoção espiritual.
orar;
contemplar a arte edificante;
ouvir música clássica;
meditar;
extasiar-se contemplando as obras da criação.
Ficar fantasiando sexo ideal, com mulheres lindas que fazem tudo o que desejamos,
masturbar-se, fornicar e identificar-se com as fêmeas, pensar somente no sexo etc.
desgasta o centro sexual. Resultado: disfunção erétil.
Para prevenir o desgaste, temos que usar os centros levemente, sem sobrecarrregá-
los. Usar um pouco um centro, depois usar outro, depois outro...variando as
atividades: praticar a magia sexual um pouco, depois ler mais um pouco, depois
passear, depois ouvir uma música superior etc. Variando os tipos de atividades ao
longo do dia, sem ficar muito tempo somente em um tipo de atividade. Se o seu
trabalho desgasta a emoção, deixe de usar o centro emocional (inferior) durante os
períodos de folga; se desgasta os movimentos e músculos, deixe de usar o centro
motor; se desgasta o intelecto, deixe de usá-lo.
Estresse
Como nos ensinou o V.M.S., o centro emocional é como um elefante louco, difícil de
amansar. Um homem racional, como eu, talvez não o considere assim, mas tal idéia
se deve somente a falta de contato consciente com as próprias emoções.
As pessoas muito racionais, polarizadas no intelecto, tendem a acreditar que não
possuem muitas emoções/sentimentos ou que sua parte emocional não seja muito
ativa. Ledo engano! Na verdade suas emoções se processam inconscientemente, às
vezes de forma muito intensa. No nível consciente, elas realmente podem ser muito
frias, calculistas e, aparentemente, equilibradas. Mas, fora do campo de alcance da
consciência, elas podem ser altamente emotivas e até infantilizadas.
Emoções que se processam sem serem percebidas conscientemente tendem a causar
grande estrago, uma vez que não são vistas e seus efeitos somente se fazem sentir
quando em fase avançada. São como doenças que se processam na penumbra.
Um erro que pode ser cometido na morte do ego por algumas pessoas é fingir para si
mesmo que não se tem emoções, que se é altamente equilibrado, sereno, e muito
pouco sentimental. Isso acusa pouco contato consciente com as próprias emoções,
isto é, negligência em observar o centro emocional.
Sabemos que temos cinco centros, entre os quais o centro emocional (o "elefante
louco"). A observação deste centro não pode nunca ser negligenciada.
O estresse e a correria do dia a dia, os múltiplos compromissos, os traumas da
existência, as dificuldades de relacionamento, os reveses amorosos, as dores da alma,
as traições etc. atingem e desgastam diretamente este centro.
É importantíssimo conhecer o jogo de ações e reações do centro emocional, o que
pode ser conseguido pela observação direta deste centro em ação a todo momento.
Em casos extremos, em que os problemas emocionais se acumulam, ao invés de
serem resolvidos, e se transformam em enfermidades, atingindo até o nível físico sob
a forma de somatizações, se faz necessária a psico-análise ou psicoterapia, para
restabelecimento do equilíbrio. A psicoterapia é o estudo dos egos sob a supervisão
de um profissional. Nem sempre é bom e nem recomendável revelar nossas mazelas
interiores para alguém, mas nos casos graves isso se faz necessário. Todavia,
devemos lembrar que o trabalho interno é algo intimo e que as revelações de cunho
esotérico não podem ser divulgadas a ninguém, nem mesmo ao terapeuta. Mas um
profissional pode nos ajudar a ter um melhor contato com as próprias emoções e a
analisar o nosso Eu sob parâmetros e critérios distintos daqueles nos quais estamos
viciados.
Um dos grandes obstáculos ao autoconhecimento é o condicionamento do
entendimento dentro de certos parâmetros, critérios e paradigmas. Novas perspectivas
de análise podem nos dar novas descobertas. O que importa é descobrir o novo dentro
de nós mesmos, descobrir aquilo que não sabíamos antes sobre os nossos egos (no
caso, sobre nossas emoções).
Quando estamos em uma situação emocional realmente difícil, sofrendo
horrivelmente, e não conseguimos penetrar em nossos sentimentos nem a golpes de
martelo, a análise dos sonhos pode ajudar muito. Diz o V.M.R. que nos sonhos as
Hierarquias e as partes superiores do Ser nos revelam o estado em que nos
encontramos. Podemos, através dos sonhos, descobrir sentimentos/emoções que estão
se processando sub/inconscientemente. A forma em que uma pessoa aparece em
meus sonhos revela o que sinto por ela. Explorar os sonhos ajuda a explorar as
emoções. Por isso o sonho lúcido/viagem astral é tão importante.
Entendo que as análises desses conteúdos se justificam somente nos casos piores. Nas
demais situações, a simples observação receptiva dá conta do problema, sem
necessidade de ficarmos quebrando a cabeça, raciocinando e nem pensando. A
observação é direta e rápida, enquanto a análise é algo lento. Para mim, a análise do
Eu deve ser empregada somente em casos graves, de difícil penetração e que
requerem certa urgência. É algo complementar às praticas de auto-observacao, morte
em marcha, concentração, meditação e desdobramento astral. E a análise com o
auxilio de um terapeuta apenas se justifica quando a pessoa não é capaz de efetuá-la
sozinha.
Penetrar o centro emocional com a observação me parece mais difícil do que penetrar
os demais centros. A emoção é algo sutil, que escapa. Identificar pensamentos,
movimentos, processos corporais instintivos e impulsos sexuais é algo relativamente
fácil, em comparação à tarefa de identificar as emoções.
A todo momento as emoções estão se processando, o centro emocional está reagindo
às situações e eventos, mas experimentemos tentar identificar as várias emoções que
estão se processndo para vermos se é algo tão fácil como parece... O materialismo
racionalista atrofiou nossas percepções sutis e fez com que o mundo das emoções nos
parecesse algo vago.
Observar as emoções e como observar o vácuo ou como tentar enxergar o vapor com
os olhos físicos. O sentido da auto-observação está atrofiado e o resultado é nossa
imensa dificuldade em ver as emoções tal como são.
Quem enxerga as emoções com objetividade não necessita rotulá-las. Simplesmente
as vê com os sentidos internos com tanta objetividade quanto enxergaria uma pedra
com os olhos físicos e não necessita identificá-las por nomes, visto que apenas uma
parte ínfima das emoções existentes foram nomeadas pelos seres humanos.
Reprimir as emoções, fazendo de conta que não se as possui (como fizemos nós, os
estudantes gnosticos por muito tempo) é o pior dos negócios. Elas continuarão
existindo e dinamitarão a pessoa interiormente. O melhor é não se auto-enganar,
observá-las em ação, enxergando-as em detalhes. Como ensinou o V.M.R., nos
detalhes está a chave. Temos que observar os detalhes das emoções.
Durante as relações sociais, as emoções afloram espontaneamente e podem ser
perfeitamente observadas. À medida que vão sendo observadas em seus detalhes,
pouco a pouco e ao longo do tempo, vão sendo compreendidas com profundidade
crescente. E à medida que vão sendo compreendidas, podem ser eliminadas pela Mãe
Divina, sem necessidade alguma de recalques ou mecanismos repressivos. Dissolver
é muito melhor do que reprimir. Somente a Mãe Divina pode dissolver (eliminar,
decapitar, matar) uma emoção negativa. Aqueles que não apelam à Mãe Divina e não
realizam a auto-observação, terminam não tendo outra alternativa além da nefasta
repressão, com todas as suas desastrosas conseqüências. Observem o
eletroencefalograma de um sujeito reprimido e comprovem o que estou dizendo.
Gostaria também de atentar para outro erro muito comum: acreditar que o controle
das emoções inferiores é sinônimo de morte do ego. Na verdade, o controle das
emoções está condenado ao fracasso, é simplesmente algo impossível. Não podemos
controlar as emoções, podemos, no máximo, reprimi-las e elas, então, irão explodir
de uma ou outra forma, por outros canais. Podemos, também, observar, contemplá-las
e pedir pela morte do defeito correspondente (isso sim é recomendável). A Mãe
Divina tem todo o poder de matar o defeito e acabar com as emoções
correspondentes. Ao invés de perdermos tempo nesciamente tentando controlar as
emoções, é muito mais sensato observar o centro emocional e orar.
É claro que neste texto estou me referindo às emoções negativas do Ego. Não estou
me referindo de modo algum às emoções superiores do Ser. Estamos falando dos
centros inferiores da máquina, do centro emocional inferior.
O centro emocional inferior possui emoções negativas e positivas. Como existem
"eus" bons e maus, resulta que ambas as modalidades de emoções necessitam ser
observadas, compreendidas em seus detalhes, e dissolvidas para que a essência
comece a manejar este centro.
Lembremos que o Ego é nossa própria pessoa, esta pessoa que tanto amamos e que
nos é tão cara, e que observar as emoções é observar tudo o que nossa pessoa sente:
"Que estou sentindo, diante disto que está me acontecendo agora?"
Busquemos os sentimentos pequenos, sutis. Neles está a chave para a compreensão
do todo maior da emoção.
As emoções podem ser comparadas aos sabores dos alimentos. Cada emoção possui
seu sabor, indefinível porém exato. Ninguém poderia descrever o sabor da água, no
entanto a água possui seu sabor. O mesmo se passa com as emoções: seus sabores
não são claramente definíveis, mas são exatos para a consciência. Identificar uma
emoção é dar-se conta de seu sabor e não identificar seu nome. Quais são os sabores
da ira, do medo, da inveja, da tristeza? Toda emoção possui seu sabor e também
impelem para a realização de algo, para a satisfação do desejo correspondente. O
medo origina o desejo de fugir, de evadir-se. A ira origina o desejo de destruir,
trucidar, vingar-se. A cobiça origina o desejo de obter algo. Cada emoção, com seu
sabor característico, sucita um impulso que clama por satisfação. Enquanto o impulso
não é satisfeito, sente-se no coração uma sensação de falta, um vazio. Qual é o sabor
do vazio que impele para satisfação da luxúria? E qual é o sabor da luxúria em si
mesma? Tudo isso é sentido profundamente no centro emocional. A percepção do
sabor das emoções é parte imprescindível do processo de conscientização. E a
conscientização é parte do processo de dissolução. Temos que dissolver as emoções,
assimilando-as ao invés de reprimi-las. Portanto, observemos o sabor das emoções e
para que elas nos impelem.
Obrigado pela atenção e que Deus os guie nesta jornada do autoconhecimento.
"Por isso adoeceis e morreis[...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as
coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de
algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra."
Os desejos são paixões pela matéria, em suas distintas formas. Os desejos são
voltados para aquilo que é exterior, material. Desejamos mulheres, dinheiro, luxo.
Desejamos também saúde e bem estar. Tudo isso é paixão pela matéria. A matéria
produz em nós uma paixão sem limites, somos apaixonados pelo corpo físico e pelo
mundo físico. Acreditamos que a felicidade se encontra na sensorialidade.
Quando sofremos uma imensa dor física, nossa atenção é violentamente forçada a se
focar sobre o local da dor. Ali, onde está a atenção, está também o pensamento.
Pensamos mil coisas sobre o problema físico, sobre a doença, lesão ou enfermidade.
Estamos plenamente focados no sofrimento e não somos capazes de nos dissociarmos
dele. Há uma atração forçada da mente, dos pensamentos e da atenção sobre o órgão
ou parte do corpo afetada. Quanto mais atenção voltamos ao sofrimento, mais o
intensificamos. A intensificação ocorre por nossa identificação com a matéria. E nos
identificamos com a matéria porque estamos apaixonados por ela. Os seres humanos
amam o mundo material de forma desesperada.
Quando morre um ente querido, nos desesperamos porque conhecemos tão somente
sua parte ilusória. Nos apegamos à seu aspecto temporal, perecedouro. Tememos a
morte pela mesma razão. Se nos desenvolvêssemos conscientemente em outros
mundos, nos universos paralelos, as coisas seriam diferentes. Mas estamos
apaixonados por este mundo e não pelo outro. Somos feridos pela morte por causa do
materialismo arraigado em nossas almas.
O Ego é o anseio pela vida, pelos prazeres dos sentidos. Quando o Ego morre, morre
o apego ao mundo.
Quando Pistis Sophia desce até este Eon, ela se apaixona e sofre terrivelmente. A
matéria possui um poder hipnótico.
A matéria a qual este artigo se refere é a matéria física e não a matéria espiritual. A
matéria física existe para ser vencida, viemos a este mundo para vencê-lo. Vencer
este mundo é vencer as paixões, os inimigos interiores.
Não acreditar-se capaz de conjugar castidade com
imaginações morbosas
As caídas (ejaculações) são sinais de que a luxúria invadiu e dominou a mente por
algum aspecto.
Mais do que controlar a ejaculação, busquemos eliminar a luxúria. Eliminando a
luxúria, as ejaculações desaparecem.
Quando estamos há muitos dias sem ejacular (e portanto cheios de energia) e
permitimos que a mente seja invadida pela luxúria (pensamentos morbosos de
infinitos tipos), nos esquecemos de tudo o que não seja o objeto sexual do desejo. A
única meta passa a ser a satisfação do desejo.
Um importante segredo para não cairmos é este: limpar constantemente a mente de
quaisquer traços de luxúria, mesmo após muito tempo (dias, meses ou anos) de
castidade. Se, após um certo tempo, nos sentimos fortes e viris e nos acreditamos
muito capazes de deter a ejaculação, pode dar-se o infeliz caso de acreditarmos que
seremos capazes de "resistir" aos impulsos ejaculatórios da luxúria mesmo se dermos
"asas à imaginação" sexual.
Um importante motivo pelo qual os neófitos e adeptos caem sexualmente é a crença
de que poderão dar asas à imaginação luxuriosa (pensar em sexo) sem cair ne
ejaculação. Trata-se de um erro ao qual são induzidos pelo Ego.
Se houvermos guardado a energia sexual por um certo tempo (horas, dias, meses ou
anos, não importa!) e começarmos a dar asas à imaginação luxuriosa, inevitavelmente
cairemos na ejaculação novamente, seja pela masturbação, seja pela fornicação.
Se os pensamentos morbosos desapareceram de sua mente, não seja ingênuo: eles
poderão voltar a qualquer momento, ainda que tenham sumido há muito tempo.
Continue vigiando sua mente.
Não se preocupe tanto com o número de ejaculações que tenha, preocupe-se em
limpar a mente, a fala e as ações da luxúria. A castidade virá por acréscimo. De nada
adianta tentar forçar a castidade se não se está limpando a mente, o verbo, a palavra,
os gestos etc. Tal tentativa resultará em fracassos e neuroses, nada mais, além de
muitas ejaculações deprimentes!
A mente é a guarida do desejo. É ali, na mente, que temos que combater o inimigo e
vigiá-lo, mesmo que ele pareça já estar morto.
Não pense nas ejaculações que teve e nem se preocupe com elas. Apesar de nefastas,
são meras consequências com as quais não vale a pena se ocupar. Esqueça-as.
Concentre seu empenho em vigiar a mente. Lamentar-se pelas ejaculações é cultivar
eus de sofrimento que mais tarde terão que ser eliminados. É também perder o tempo
com o que não interessa: com os resultados indesejáveis. Mais sensato é ocupar-se
com as causas do problema.
Usamos a voz interior para pensar porque usamos a voz exterior (física ou material)
para significar o mundo. Entretanto, existem pensamentos também na ausência da
voz (tagarelice) interior. Há pensamentos não tagarelantes e, não obstante,
interiormente "sonoros" e interiormente "visuais", que são percebidos pela
clariaudiência e clarividência residuais do ser humano. Podemos silenciar o aspecto
"tagarelante" dos pensamentos e, ainda assim, continuarmos pensando por meio de
representações visuais e auditivas, neste último caso correspondentes a sons distintos
da fala humana. A imagem mental de um pássaro cantando, por exemplo, não
apresenta tagarelice alguma e, mesmo assim, é um pensamento e contém
representações sonoras e visuais.
Quando se diz que "imaginar é ver", está-se dizendo que, por meio da clarividência,
podemos ver claramente e objetivamente as imagens interiores. Tais percepções se
dão através dos sentidos internos.
Quando nos concentramos em um objeto, fazemos passar por nossa mente tudo o que
está contido nele (sua história, utilidade, constituição, seu futuro etc.). O fluxo
contínuo e direcionado do pensamento subtrai a consciência do corpo físico e das
exopercepções, desligando-a de tudo o que não seja o objeto e fixando-a em tudo o
que seja aquele objeto. Então, conscientemente, pensamos somente naquilo.
Uma vez que o pensamento esteja bem firme no objeto, podemos até ir mais longe e
descartar esse pensamento único. Então cairemos no vazio.
A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito
diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto
atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação
consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o
próprio pensamento conscientemente dirigido.
Uma coisa é concentrar o pensamento e outra é concentrar a atenção. São duas coisas
distintas, apesar de relacionadas. Obviamente, a concentração do pensamento exige
concentração da atenção, mas concentrar a atenção não implica, necessariamente, em
concentrar o pensamento, visto que podemos concentrar a atenção nos movimentos,
em processo externos etc. sem necessariamente pensar a respeito daquilo. Por outro
lado, é impossível concentrar o pensamento sem concentrar sobre ele a atenção, pois
uma tal tentativa resultaria em dispersão mental. Para que o pensamento seja
conscientemente conduzido, necessita-se atenção plena sobre os seus rumos.
A imensa distância entre o estado dos mestres e o nosso foi um fator que
dificultou a interação, pois somos todos débeis mentais. Como eu
também sou um débil mental, adormecido e ignorante, fica mais fácil
para mim me fazer entender e transmitir o conhecimento dos mestres em
uma linguagem e com uma didática para outros seres débeis mentais
como eu.
Não pensem que tenho algum tipo de grau ou iniciação ou algo assim.
Portanto, o nosso foco parece ser sempre o mal e aquilo que não presta,
damos ênfase demasiada ao que não presta e, sob tal ótica tendenciosa, é
que lemos os livros. Quando lemos um livro gnóstico, tendemos a
ressaltar tudo o que há de ruim e a negligenciar tudo o que há de
esperançoso e favorável. Entendido?
Ontem, quando fui meditar, tive uma paralisia. Ao invés de tentar me mover, tentei
relaxar mais, aquietar mais a minha mente e ficar mais consciente. Tomei a paralisia
como um dos sinais de que a meditação estava se aprofundando e tentei aumentá-la.
O resultado foi que ela sumiu imediatamente.
Lobsang Rampa afirma que a paralisia é provocada pelo desejo de reverter o processo
do sono, o que faz com que a pessoa fique ansiosa e apressada para se movimentar,
travando o processo: o sono não aprofunda e não reverte.
1.
Temos que alcançar a aceitação das perdas, nos tornarmos dispostos a perder tudo.
No final, tudo o que conhecemos deste mundo nos será tirado, não há saída, não há
alternativa, além de aprendermos a conviver com essa fatalidade.
A aceitação da perda implica em morrer completamente em si mesmo. Mas não
poderemos morrer para este mundo se não chegarmos a compreender que o mesmo é
uma ilusão, que não é de modo algum como se nos apresenta.
Isso que chamamos de "meu mundo", meus amigos, minha família, meu emprego,
minha amada, meus entes queridos, meus prazeres, minhas diversões enfim, minha
vida (horizontal), não passa de um engano, uma ilusão, melhor dito: uma mentira.
Mas não compreendemos isso e o tomamos por uma verdade, e é justamente aí que
reside o nosso sofrimento. Sofremos porque damos importância ao que não existe, ao
que é falso. E lhe damos tal importância porque cremos ser real.
Aquilo que entendemos como sendo nossa vida horizontal é um conjunto de imagens
e significados e não coisas em si mesmas. Nossa consciência está aprisionada no
mundo relativo das formas e não alcança penetrar na realidade maior. Não somos
capazes de perfurar o véu da ilusão para penetrar no mundo verdadeiro. Como
consequência, não conhecemos o mundo verdadeiro e, aos primeiros contatos com o
mesmo, o tememos. Tememos o desconhecido e nos sentimos à vontade no mundo
conhecido, o qual entreanto é falso. Em outras palavras: nos sentimos à vontade no
mundo de mentira.
Eliminar os sentimentos de apego à vida e à matéria é importante, mas não é tudo. Há
que se desenvolver conscientemente em outras dimensões, adquirir uma vida
consciente paralela em outros mundos e ali estabelecer alicerces. Nós, adormecidos
humanóides ignorantes do lodo da Terra, estabelecemos nossa base no mundo físico.
Amamos a vida física, adoramos o corpo, os prazeres e as sensações. O mundo
sensorial é aquele em que nos sentimos familiarizados.
Entretanto, cedo ou tarde seremos arrancados deste mundo sensorial. Então,
necessitamos estabelecer bases mais sensatas, no interno.
Os inexperientes e desconhecedores imaginam que o mundo exterior, o sensorial, seja
o mundo real e objetivo. Ignoram que não percebem os objetos em si (por ex. seus
parentes e amigos), mas sim imagens fabricadas pelos seus cérebros, imagens que
correspondem tão somente a uma parcela ínfima do que as coisas são em si mesmas.
Em si mesmo, qualquer objeto existente é inacessível, pois seu aspecto absoluto é
infinito.
Deste modo, compreender a nulidade deste sistema de coisas é parte fundamental
para se adquirir a verdadeira felicidade. Somente o conseguiremos se morrermos
muito em nós mesmos e nos desenvolvermos conscientemente na parte espiritual.
A necessidade de aceitarmos o que somos
Ser alguém como Milarepa, Krishna, Cristo ou Budha é algo maravilhoso. Mas
tornar-seobsecado por tal estado, estando ainda com a consciência adormecida e o
Ego bem vivo, é criar graves problemas emocionais e psicológicos para si mesmo.
Nosso estado interior encontra-se muito distante dos elevados níveis dos turyas,
santos,mahatmas e mestres. Somos mortais do lodo da Terra. Nossas metas devem ser
realistas: pular apenas um ou dois degraus da escada, ao invés de ficarmos
dolorosamente contemplando os últimos degraus. Após galgarmos nosso degrau
imediatamente superior, teremos condições de galgar o próximo e assim por diante,
continuamente e sem limite.
Os mestres não nascem do dia para noite, são o resultado de longos e lentos trabalhos
de superação gradativa diária de si mesmo. normalmente ao longo de mais de uma
existência. Esses estudantes que se torturam emocionalmente porque não
conquistaram amaestria e nem mesmo o adeptado em 10 ou 20 anos, estão fora da
realidade, alimentam perspectivas irrealistas. Analisemos mais de perto tal equívoco.
Por incrível que pareça, há, dentro de nós, ao lado dos eus da luxúria, eus que
rejeitam a fornicação e almejam a castidade e todas as demais virtudes.
São egos moralistas que querem nos manter dentro dos preceitos do que aprendemos
ser moralmente correto, de acordo com a lei do homem ou com a Lei de Deus.
Portanto, em nosso interior os egos formam polaridades: alguns querem nos arrastar
para a direita e outros para a esquerda, alguns querem obedecer rigidamente à moral,
enquanto outros querem subvertê-la completamente.
Entendo que a culpa é um defeito, um ego. Se me sinto culpado após realizar algo
errado, isso se deve a crenças que carrego a respeito do caráter delituoso daquilo.
Detalhando,esquadrinhando e explorando a culpa, descobrimos que sua natureza não
é a mesma do arrependimento e nem do remorso.
A culpa e o remorso podem se misturar, mas ainda assim são distintos. O remorso é o
princípio do arrependimento, enquanto a culpa é algo assim como uma preocupação
ou tristeza porque nos sentimos responsáveis por algo prejudicial a nós mesmos ou ao
outro. A culpa não é exatamente a vontade de não realizar novamente o ato que
reprovamos. Para diferenciar ambos, basta verificarmos o teor real do que sentimos
após cometermos um erro: sentimos medo de suas consequências ou vontade de não
realizá-lo mais?
Os egos imediatistas podem se vincular estreitamente aos eus de culpa, até mesmo se
confundindo com eles. De todas as maneiras, correspondem àquela parte nossa que
nos leva a ficar lamentando a perda de tempo e os fracassos, impedindo-nos de
arregaçarmos as mangas e nos pormos à ação. Enquanto ficamos nos lamentando e
pensando a respeito dos nossos fracassos, erros, perdas ou caídas, perdemos o tempo
inutilmente na inércia e deixamos de agir.
Tomada pelo imediatismo, a pessoa não suporta seu estado atual. Ao invés de aceitá-
lo em seu cru realismo, tenta desesperadamente evadir-se. Transforma isso em um
grave problema emocional e sofre muito. Não aceita sua crua realidade interior, a
rejeita por não compreender que a aceitação é o primeiro passo para a transformação.
Se não aceitarmos o que realmente somos no atual estágio, se não admitirmos a
realidade crua e desagradável do nosso estado interior, jamais podermos transformá-
lo. Transformar-se é compreender e compreender é aceitar uma dada realidade que
não se aceita e contra a qual erigiu-se muitos muros, defesas e resistências.
Na verdadeira Morte do Ego, retiramos tudo o que nos prejudica, sem piedade,
mesmo que se trate de algo com aparência espiritual ou sublime. Não nos orientamos
pela moral e nem pelo politicamente correto, nos orientamos unicamente pela
compreensão. O trabalho consiste basicamente em vigiar e orar (observar e pedir à
Mãe Divina), e não em cultivar sentimentos negativos de culpa, tristeza, derrotismo e
fracasso. Se não formos capazes de realizar avanços fenomenais nesta existência,
aceitemos os avanços que conseguirmos. O que importa é sempre estarmos
melhorando mais, dia após dia. Se certos defeitos graves e reprováveis persistem, não
importa. Melhoremos em outros aspectos, enquanto prosseguimos trabalhando sobre
os renitentes, de forma disciplinada mas sem pressa. Há defeitos que levam vários
anos e até uma vida inteira para serem dissolvidos.
O estudante que avança é aquele que sabe ser altamente disciplinado sem ter pressa
alguma, que aceita sua crua realidade e opera sobre ela de forma realista, não
fantasiando avanços absurdamente velozes. Aquele que procede assim, verificará
que, quando menos espera, já realizou um grande avanço.
Esses são alguns detalhes e correspondem a apenas alguns exemplos de como damos
energia ao complexo da luxúria. Há muitíssimos outros mais no cotidiano, que
podemos capturar com a auto-observação.
Onde que um corpo vai abandonar a luxuria onde a mente vai abandona-
la? O objetivo é sugar a energia deste ponto. Como um cara pode se
tornar um cristão, se somos agredidos de forma tempestuosa?
Parece que não nos resta outra forma a não sermos um pouco agressivos
também.
Primeiro que precisamos de nos concentrar, nos organizar para pode não
nos identificar,e isto só é possivel mediante um silêncio externo
inicialmente.
Uma vez que você não evita você aceita de forma passiva.
Não ficar passando nas ruas onde as prostitu-las trabalham só para dar o
ar da graça.
A Condição Social do Homem5 de março de 2011 14:27
Quando essas imagens te bombardearem, você deve manter sua mente
quieta e não ir atrás delas e nem ficar recordando das mesmas. Nada de
acompanhá-las ou seguí-las. Assim se resolve isso.
Bloquear é represar, como se faz com um rio: coloca-se um dique, mas não se
diminui sua força. O dique deve ser cada vez mais reforçado e, à medida que o rio
enche, sua força aumenta e a tensão também. Se o homem dispusesse de um meio
para retirar a força com que um rio flui, represá-lo tornar-se-ia desnecessário: o rio
deixaria de fluir a partir de um determinado ponto. A força que impele o rio é a força
da gravidade, pois ele quer descer através do relevo, a água sempre procura as regiões
mais baixas. Quando represamos um rio, aumentamos e força com que ele se opõe à
barragem ao invés de diminuí-la, pois mais quantidade de água se acumula,
pressionando mais. Em uma enchente violenta e anormal, a barragem se rompe, caso
não se abram as comportas...
Com o ego, é algo igual. A maioria das pessoas represam desejos que consideram
errôneos ou prejudiciais, aumentando sua força progressivamente, até que os mesmos
rompam violentamente suas defesas. Esse foi um erro de muitos estudantes gnósticos:
confundiram a verdadeira morte do ego com bloqueios de suas manifestações.
Quando enfraquecemos realmente um defeito, não necessitamos bloqueá-lo ou
reprimi-lo, pois seus ataques são cada vez mais fracos. Aqueles que estão bloqueando
seus desejos são justamente os que os possuem mais vivos e poderosos. Se esses
estudantes querem a Morte verdadeira, devem corrigir o erro, aprendendo a
enfraquecer o ego progressivamente.
Barrar, bloquear, reprimir, resistir e recalcar os impulsos são uma só coisa. Quem,
dentro de nós, reprime os defeitos? Outros defeitos contrários. O bloqueio é um
mecanismo do ego para continuar existindo.
Por que temos tendência de reprimir? Por que acreditamos que isso seja uma forma
de enfraquecer e de matar o desejo e porque temos .medo de fortificá-lo caso
removamos os bloqueios. Não nos damos conta de que, por tal mecanismo, o
fortificamos, do mesmo modo que o fazemos quando nos entregamos ao desenfreio.
Temos aprendido a resistir e a reprimir desde a infância, pela religião, pela cultura e
pela moral, e agora nos condicionamos a isso.
Há então dois pólos, dois extremos: resistir e satisfazer. Temos que transcender esse
par de opostos. Por um lado, identificar-se e satisfazer o Ego o nutre e o fortifica, por
outro lado, reprimi-lo o represa até o ponto da explosão.
Como fazemos para eliminar ambos os pólos? Por meio da conhecida didática de
observar e pedir, sem identificação.
1. Quando nos recordamos de nós mesmos (de nosso verdadeiro Ser, manifestado sob
a forma de nossa essência), rompemos com a fascinação;
4. Quando vemos nosso defeito como algo alheio, podemos então observá-lo cada
vez com mais clareza, compreendendo-o cada vez mais;
O segredo para não cairmos na repressão e nem tampouco no desenfreio é não nos
identificarmos com nenhum dos dois lados.
Se você quiser um alívio na sua alma, deve entrar por esta porta do meio. Não perca
tempo fazendo esforços inúteis para reprimir, faça esforços corretos para não se
identificar. Separe-se dos seus desejos, pensamentos, movimentos, emoções e
instintos e passe a observá-los conscientemente. Contemplação é a verdadeira
natureza do Ser. Não tente conter seus impulsos, apenas os observe conscientemente
e peça pela Morte. Quanto mais se disciplinar nesse sentido, mais feliz ficará. Busque
uma disciplina de ferro nesse sentido.
Confesso que hoje está mais tranquilo, porque não sofro mais por
refrimir, desvio o pensamento pensando em outra coisa, faço a suplica, e
troco a imagem mental pela imagem do cosmos destruindo a escuridão
dentro de mim.
Hoje esses egos me atacam de forma sutil, sempre com algo que não tem
nada haver, tentando me induzir, quando me deparo ja estão jogando
perversões mentais me poluíndo.
Estou sentindo minha energia voltando mas aos poucos. Preciso eliminar
outros egos de forma não luxuriosa.
Podemos suplicar em estado onírico?
Isso não é algo fácil de explicar, mas é fácil de fazer quando se pega o
jeito.
Lycopodium20 de março de 2011 19:30
realmente a explicação não é facil, encontro-se no estado que tive uma
vida na pré e na adolescencia e no inicio da fase adulta desviada. Então
quando você diz para não se lembrar, de fato as lembraças nos trazem
atona o efeito dos desejos sucumbidos erroneamente no passado. Mas
não só as lembranças mentais, mas as que ligão alguma cena que
visualizado no nos jovens de hoje, em fim uma boa quantidade de
imagens do que os jovens fazem hoje , me fazem recordar, forçando-me
a não olha-los para que não crie alguma especie de ancorarem e
nostaugia.
Antes eu até tinha a equivocada postura de pedir aos bons espíritos que
me isolassem energeticamente enquanto me masturbava, para não sofrer
nenhum ataque vampirizador ou obsessivo.
Acreditar que se pode deter o sexo e ao mesmo tempo robustecer a atividade mental
luxuriosa é ingenuidade, um erro que necessita ser corrigido. Temos que gravar
firmemente na consciência que o nosso alvo se encontra na mente e não no sexo.
Quando este conhecimento não fica fortemente gravado na consciência, não focamos
a atenção onde devemos, a desviamos e não percebemos os processos de
intensificação da luxúria até o resultado inevitável da caída. Logo, importa gravarmos
firmemente na consciência que nosso alvo está na mente. Temos que priorizar a
mente antes de tudo ou nada conseguiremos.
Sexo e emoção são coisas que não se submete e nem se reprime: se desenvolve. Se
não os desenvolvemos voluntariamente para cima, se desenvolverão para baixo e nos
arrastarão.
Como este blog parece que ficou maluco, pois eu não consigo ativar os comentários
em todos os posts, somente em alguns e não sei o motivo, resolvi deixar esta ala
reservada somente para as dúvidas dos amigos praticantes.
Se você tiver qualquer dúvida e quiser me interrogar, pode fazê-lo aqui. Peço
somente paciência, pois não tenho sempre tempo para entrar aqui e, além disso, não
terei resposta para tudo...mas farei todo o possível para ajudar.
Dúvidas:
2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?
Muito obrigado.
Paz Inverencial.
2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?
R. Pode, não será arriscado. Esse risco existirá somente se você praticar
ilegitimamente (com várias mulheres ou com a mulher de outro, por
exemplo)
Se você prestar atenção, após ter intimidade com uma mulher por um
certo tempo, você se acostuma com sua presença. Cada pessoa emana
uma frequência vibratória específica, percebida por nós somente
parcialmente, sob a forma de cheiros, sons e imagens que a pessoa emite.
A troca brusca provocaria um choque que afetaria a anatomia sutil.
Entendido?
R. A anatomia energética.
Pode me indicar um livro que explique bem todo esse
processo?
R. Sim.
2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?"
Abraços!
Praticante25 de julho de 2012 06:24
P. Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna?
R. Pode.
P. Sendo que nos dias de hoje não é 100% seguro o casamento, é bom
estarmos sempre de olhos abertos com nossas parceiras. Fica a minha
dúvida: Realmente nao tem perigo o Maithuna fora do casamento
(mesmo que o casal esteja namorando e more juntos a aproximadamente
1,5 ano)?
R. Depende de qual casamento você se refere. Fora do casamento
espiritual, o maithuna é perigoso e fulmina a pessoa. Mas se você se
refere ao casamento tridimensional (papéis de cartório) saiba que esse
casamento não ata e nem desata, simplesmente não tire e nem põe.
Muitos gnósticos fanáticos acreditam, por falta de estudo, que o
casamento legal é o verdadeiro casamento. Se isso fosse assim, como
ficariam os povos que vivem apartados da civilização ocidental e nunca
ouviram falar em cartórios e nem em igrejas?
Bom o que ele disse sobre o fato de ser casado no papel nao
garante que esteja casado em outras dimensoes
isso que as pessoas confundem.
R. Sim, é possível.
O que importa é nos tornar nosso erotismo cada vez mais leve
e espiritual. O erotismo brutal é animalesco e nos faz
retroceder a etapas ultrapassadas, animalizando-nos. Aquilo
que é pesado desce, o erotismo pesado nos leva para baixo,
para o abismo. Em contraposição, a sexualidade sublime nos
eleva.
O que se passa é que, eu quero o caminho reto, mas ela não se interessa
pelo mesmo. Já a chamei para a gnosis algumas vezes, mas ela realmente
não quis, então não insistirei mais. Pelo menos ela não me atrapalha no
objetivo que eu almejo.
Então, ela continuará com a prática comum e corrente, com suas funções
meramente biológicas, enquanto eu farei o meu trabalho de transmutação
e oração à Mãe Divina, no ato.
Nota: Nunca a traí (pretendo seguir assim também), e acredito que ela
nunca tenha me traído também.
R. O grau não é menor e nem maior, o objeto é que é diferente, pois você
se concentra no avanço e elevação de sua própria energia.
R. Sim: você pratica em um local onde ficará tranquilo, sem medo de ser
interrompido ou surpreendido, e onde não existam interferências que
arrastem para a fornicação.
R. Sim.
R. Quase nada, mas, mesmo sendo pouco, trata-se de algo real e, por isso
mesmo, válido. O bem estar já é um dos primeiros sinais. Não devemos
ficar buscando esse êxtase, devemos nos ocupar somente com a prática e
deixar que o resto venha, quando vier.
Pelo que entendi então, nesse caso, o correto seria NÃO OLHAR a
qualquer custo, as fêmeas desejáveis que passem por nós no dia a dia, a
fim de não alimentarmos esses egos??
Namastê!
R. Sim, continuar aplicando, pois ele pode ter eliminado algumas facetas
mas as outras continuam vivas e se confundem, motivo pelo qual o
estudante pensa que não houve avanço algum.
P. Pelo que entendi então, nesse caso, o correto seria NÃO OLHAR a
qualquer custo, as fêmeas desejáveis que passem por nós no dia a dia, a
fim de não alimentarmos esses egos??
Esse desejo intenso de olhar para mulher linda deve-se ao fato de que a
pessoa pensa na beleza e está se recusando a polarizar-se na não-
identificação, ou seja, está tentando conciliar identificação com a Morte,
o que é um ato contraproducente.
Veja se entendeu bem isso porque é um dos pontos que considero mais
importantes.
R. Entre outras coisas e desde que não seja mero recalque da tendência
contrária: sim.
R. Sim, é possível.
R. O risco sempre existirá, mas mesmo assim, neste caso é menor do que
quando simplesmente se fornica. Além do mais, as chances desenvolver
o kundalini é claro que aumentam, mesmo que você ainda não tenha
eliminado a luxúria, pois com o fogo sexual as chances de vencer a
luxúria são maiores.
"Você não deve prosseguir com essa curiosidade, buscando saber quem
são, se são loiras ou morenas, como estão vestidas, a idade que possuem,
quais são as formas corporais etc."
Saudações Inverenciais.
E num certo dia, durante o ato, ele faz as petições à Mãe Divina, para
eliminar certos defeitos com o seu fogo.
Pergunta: Se após essas petições, o ato resultar em 'queda', a eliminação
dos defeitos pedidos, serão anulados?
R. Não.
R. Não, visto que isso é uma forma leve de transmutação. Carezza é sexo
sem penetração.
R. Correto
R. Não. Neste caso, a energia não trilha os canais que deveria e você,
após algumas semanas, terá uma polução noturna, por excesso de
acúmulo. Além disso, caso se aproxime do orgasmo e se retire sem a
respiração, poderá causar danos ao sistema nervoso.
PS. Estou fechando o blog para comentários por hora. Obrigado pelas
perguntas.
Anônimo12 de outubro de 2012 15:17
Sobre a transmutação das energias:
R. Sim, pode ajudar, mas tem que estar muito atento com essa prática,
pois o V.M. a suspendeu por expor as pessoas ao vício da masturbação.
R. Até onde eu saiba, isso ajuda, mas desde que depois você não deixe
de transmutar a energia por meio da concentração e da respiração. Se
reter o esperma por meio do esfincter e não elevar a energia depois, você
terá problemas.
"R. Sim, pode ajudar, mas tem que estar muito atento com essa
prática, pois o V.M. a suspendeu por expor as pessoas ao vício da
masturbação."
http://www.youtube.com/watch?v=VTG1a3E0zTg
Pode ser?
A concentração serve apenas como uma ajuda para não caírmos, é isso?
É a Nossa Mãe Divina que faz todo o trabalho de transmutação de
energias, certo?
http://www.youtube.com/watch?v=VTG1a3E0zTg
Pode ser?
R. Correto.
R. Quase certo. Ela faz esse trabalha desde que você se concentre.
R. Ele não menciona uma quantidade horas. Sendo assim, o mais sensato
é banhar-se somente quando o corpo estiver totalmente sem os efeitos da
prática, esfriado totalmente. Ele diz para banhar-se durante o dia.
R. Não tem problema, tanto faz se ela transmuta ou não: conte sete dias a
partir do início da menstruação. São orientações que estão no livro
Ciência Gnóstica.
Obrigado.
Anônimo15 de outubro de 2012 20:39
Após a transmutação, em decúbito dorsal temos 2 métodos:
R. Sim.
R. Nesse caso a pessoa deve optar entre adquirir um karma para agradá-
la ou rebelar-se contra esse despotismo. O homem estará ante o dilema
de agradar a mulher ou progredir espiritualmente. Como os homens são
muito submissos à vontade das mulheres, costumam fracassar quando
elas colocam as primeiras barreiras. O ideal seria rebelar-se contra esse
domínio feminino. Este é o meu ponto de vista.
R. Seria.
P. Porque se nao há compreensao do sexo oposto da transmutacao
sexual, a mulher nao se transforia apenas em uma alavanca sem ao
menos saber?
R. Sim, se transforma em uma alavanca. Se você não lhe dizer, ela não
saberá disso. Se lhe disser, ela saberá.
R. Seria."
P. Nao seria conflito de vivencia interna com externa? nao poderia ser
uma colisao vivencial do seu interior com exterior?, a colisao psiquica
nao pode gerar doencas graves?
R. Pode ser falta de méritos, o que não significa que a pessoa esteja
condenada para sempre a ser mantida afastada, o que ela deve fazer
nesses casos é continuar trabalhando na Morte até que se torne uma
pessoa aceitável. Pode ser também por falta de exercício e de preparo no
astral. Quando você suplica para ser levado a algum lugar, deve aguardar
um pouco e esperar que oambiente se modifique. Se você não puder ser
levado à Igreja, poderá ser levado a outros lugares, a outros templos da
natureza. É claro que você deve procurar evitar os templos de magia
negra.
R. Não, durante o sono os centros não estão sendo gastos, pois estão com
a atividade reduzida ao mínimo.
Como já foi dito aqui neste blog, pelo Praticante, os ascetas e padres que
cometem esses erros, é pq simplesmente reprimem a vida toda os
desejos. E quando se reprime os desejos, sem analisar, observar e depois
suplicar pela Morte deles, isso faz com que o desejo vá para partes mais
internas do subconsciente, fazendo-o mais forte ao invés de mais fracos.
É isso que acontece no caso deles.
R. Não, nesse caso o final seria feliz para o aspirante e infeliz para sua
esposa. O aspirante teria um fim triste somente caso se deixasse arrastar
pela esposa para baixo.
2) Como passamos a saber que as coisas que nos ocorrem no dia a dia,
são pequenas provas que as Hierarquias nos mandam (ou se não são
provas)?
3) O V.M. Rabolú disse que podemos pedir à Mãe Divina para curar
doenças que temos. Se não for karmica ela cura. Como desdobrimos se
doenças que temos, são karmicas ou não-karmicas?
http://dwere.blogspot.com.br/search?q=medita%C3%A7%C3
%A3o
http://dwere.blogspot.com.br/search?q=medita
http://dwere.blogspot.com.br/search?q=concentra%C3%A7%
C3%A3o
Grato.
Sabemos que a união karmica termina quando o karma dos 2 já foi pago.
Quando sabemos que o karma (dessa união) dos 2 já foi pago? É quando
os dois terminam e ambos compreendem o rompimento da relação?
Porque vc ora para desintegrar tal defeito interno e tbm na sua amada,
vide o ensinamentos de Samael quando um ora para a morte do ego do
outro isso independente do maithuna tbm, mas ao mesmo tempo se a
amada nao eh praticante do sexo superior, ela alimenta a luxuria e seus
demais apegos, como colega citou acima.
Um sobe e outro desce, um vai para o inferno e o outro para o ceu, náo
faz sentido isso, pois se a pessoa nao torna ciente, no caso parceira, vc
estaria usando ela como escada para subir e tbm usando ela para descer,
vc seria responsavel por fazer ela descer.
Acredito por isso o Kundalini ser perigosa e ja foi fechada a porta uma
vez no passado e depois aberta, obvio que cada um eh responsavel por si.
2) Como passamos a saber que as coisas que nos ocorrem no dia a dia,
são pequenas provas que as Hierarquias nos mandam (ou se não são
provas)?
R. Não há como saber. Se você soubesse que são provas elas não seriam
mais provas, pois você fingiria um comportamento para agrader quem
está te avaliando, concorda?
3) O V.M. Rabolú disse que podemos pedir à Mãe Divina para curar
doenças que temos. Se não for karmica ela cura. Como desdobrimos se
doenças que temos, são karmicas ou não-karmicas?
R. Sim.
R. O mesmo do homem.
R. Não necessariamente.
R. Nos casos em que não haja mais contato sexual por mais de um ano.
R. Sim
Anônimo1 de novembro de 2012 09:27
"Se eu cometi algum erro me corrijam, se tiverem algum ponto de vista
que não entendi, ou melhor, que eu não vi, continue a postar."
Ao amigo Kernel:
"Um sobe e outro desce, um vai para o inferno e o outro para o ceu, náo
faz sentido isso, pois se a pessoa nao torna ciente, no caso parceira, vc
estaria usando ela como escada para subir e tbm usando ela para descer,
vc seria responsavel por fazer ela descer."
Isso depende de como o aspirante irá agir com a esposa. Se ele passa e
explica o caminho para ela, mas ela não tem interesse (Afinal de contas
são poucas as mônadas que anelam a liberação), explica o que irá fazer,
porque irá reter o semen, então não há problema algum nisso, ele não
será prejudicado.
Ela apenas irá continuar com o sexo com suas funções meramente
biológicas, tendo orgasmos, enquanto o aspirante irá fazer o trabalho
dele de magia sexual. Veja que, ela segue o livre arbítrio dela. A escolha
é algo individual, ninguem pode obrigar ninguem a fazer nada. Logo, o
aspirante não será punido por isso.
Agora, se ele não contar à parceira o que está fazendo (em reter o
sêmen), estará pecando por omissão: Por não passar o ensinamento dos 3
fatores à parceira.
olha como isso entra bem na intimidade fica meio dificil, por
que a base do Maithuna em toda sua historia sao os pilares do
amor, sem amor nao ha uniao, eh ai que entra o grande X da
questao, se nao tiver uma uniao sem base no amor nao eh
maithuna.
"olha como isso entra bem na intimidade fica meio dificil, por
que a base do Maithuna em toda sua historia sao os pilares do
amor, sem amor nao ha uniao, eh ai que entra o grande X da
questao, se nao tiver uma uniao sem base no amor nao eh
maithuna."
Em outras palavras, se o ato for feito mais de uma vez por dia, se adquire
karma por violencia contra a mãe natureza?
Entendido.
R. Sim.
P. Em outras palavras, se o ato for feito mais de uma vez por dia, se
adquire karma por violencia contra a mãe natureza?
R. Sim.
R. Não.
Uma pessoa que fique pedindo pela morte de uma certa emoção ruim
mas nada faça em relação aos acontecimentos que a levaram até aquela
situação está girando em círculo, sem sair do lugar, pois está se
ocupando somente com os resultados nefastos finais de todo um
processo que deveria ter sido detido muito antes.
Deste modo, ao estarmos tomados por uma emoção ou desejo, é justo
pedirmos pela Morte, mas temos que ir além e observar quais foram os
fatos que nos conduziram até ali e suplicar pela morte dos elementos que
os desencadearam. Se a pessoa não suprime de sua vida os fatos que
antecedem e desencadeiam a emoção negativa, não se liberta. A cada um
desses fatos corresponde uma faceta ou detalhe do ego em questão.
Temos, portanto, que aprender a olhar, refinar a observação.
3) Algumas vezes essas coisas não parecem ser provocadas por emoções
intensas (eu acho). Existe algum outro motivo que faça essas coisas
ocorrerem?
4) Será que essas coisas (forte sonolência dentro do astral, não enxergar,
ou durar pouco tempo no astral) ocorrem porque eu só me desdobro no
horário da manhã? Ou o horário não faz diferença alguma nessas coisas?
"V.M. – Não, pedir à Mãe Divina e ao Pai força e que nos controlem,
sim?
R. Certo.
Anônimo6 de novembro de 2012 08:48
ok!
Algumas vezes essas coisas não parecem ser provocadas por emoções
intensas (eu acho). Existe algum outro motivo que faça essas coisas
ocorrerem?
R. Correto.
P. Será que essas coisas (forte sonolência dentro do astral, não enxergar,
ou durar pouco tempo no astral) ocorrem porque eu só me desdobro no
horário da manhã? Ou o horário não faz diferença alguma nessas coisas?
Até mais
Por exemplo: "Meu Senhor e Meu Deus", ou "O Senhor é o meu Pastor e
nada me faltará". ? Também podemos usar esses mantras como um
lakshya, certo?
Obrigado.
R. Sim.
R. Sim
R. Sim.
Por exemplo: "Meu Senhor e Meu Deus", ou "O Senhor é o meu Pastor e
nada me faltará". ? Também podemos usar esses mantras como um
lakshya, certo?
R. Sim, pois qualquer coisa existente pode ser usada com lakshya.
Resistir aos desejos é o mesmo que reprimir, bloquear, sufocar: uma falsa morte que
ocasiona doenças emocionais, como vimos na fileiras gnósticas.
VM. – Não, se o reprime então não pode chegar a eliminá-lo, há que deixar que
aflore, para ver, não deixa-lo atuar, senão que aflore.
Pergunta – Por exemplo, deixamos de ver televisão, deixamos de escutar todo o que
não seja música clássica, todos nossos hábitos que temos trazido, deixamos de uma
vez.
VM. – É melhor eliminar os defeitos. Que lhe gostou a música essa que chamam
modiva ou moderna, você pode por um disco desses e auto-observar-se por seus
centros.
Eliminar os defeitos é o que importa, fazer as coisas consciente." (V.M. Rabolú,
Fragmentos de entrevista ao Mestre Rabolú, pelo grupo de Andaluzia, 10 de junho de
1981, transcrição literal)
Ou seja, fazendo as coisas conscientemente, você as vai compreendendo por meio da
auto-observação e eliminando, por meio da oração à Mãe Divina. Se você é viciado
em músicas horríveis, continue a escutá-las, porém em auto-observação. Então,
gradativamente, compreenderá múltiplos detalhes daquilo e começará a se
desinteressar. É claro que se você simplesmente ouvir mecanicamente, como sempre
fez a vida toda, irá simplesmente reforçar o vício e afundar-se ainda mais! Isso é faca
de dois gumes: se você observa o ato, enquanto o comete, e ora, o enfraquece; se
você o comente identificado, sem auto-observação e nem oração alguma, se afunda
ainda mais no vício. E se você o reprime e perde o tempo resistindo, recairá nele
novamente, um milhão de vezes ou somatizará alguma doença. Isso vale não somente
para o vício de ouvir alguma música imprestável, mas para qualquer outro vício,
como a masturbação, a fornicação, a gula etc.
Há uma diferença entre atuar e aflorar. Devemos deixar o defeito aflorar, mas não
atuar. Deixamos que aflore, mas impedimos que atue. Como deixamos que aflore?
Removendo os bloqueios e resistências. Como impedimos que atue? Observando e
pedindo pela Morte. E quando é que permitimos que o defeito atue? Quando nos
identificamos, ficamos "gozando", curtindo e saboreando o desejo, ou seja, quando
nos fascinamos. Isso é o que não se deve fazer: dar-lhe alimento, o que acontece
quando nos identificamos e deixamos as coisas à deriva.
"¿Se le debe llevar la contraria al Ego? Ejemplo: si tengo ganas de estar sentado,
digo: 'No, me pongo a caminar'.
Eso lo puede hacer con la pereza, pero no con todos los elementos psíquicos.
Portanto, o que se opõe a um ego é outro ego, o que significa que o mero esforço
equivocado para "ir contra" um impulso é provocado por um ego contrário. São os
egos contrários que promovem a repressão, o recalque, a resistência. E muitos
gnósticos supõem que isso seja o Morrer!
Sobre a resistência e as disciplinas equivocadas para resistir aos desejos, nos diz o
V.M. Samael:
Com a resistência, o Ego tende a sair pela tangente, postulando desculpas para calar
ou tapar o erro.
Mas o Ego lutará durante a análise de resistência para que não sejam descobertas
suas falácias, o que põe em perigo o domínio que ele tem sobre a nossa mente.
Nos momentos de luta com o Ego, há que apelar a um poder superior à mente: o fogo
da serpente Kundalini dos hindus." (Samael Aun Weor, A Revolução da Dialética,
cap. "A Resistência")
Todos nós que passamos por escolas, colégios e universidades sabemos bem o que é
a disciplina: regras, palmatórias, repreensões, etc.
Se lutamos contra o vício da bebida, este desaparecerá por um tempo, mas como não
o compreendemos a fundo, em todos os níveis da mente, ele retornará mais tarde,
quando nos descuidemos da guarda, e beberemos de uma vez por todo o ano.
Muitos são os que rechaçam a cobiça, os que lutam contra ela, os que se disciplinam
contra ela seguindo determinadas normas de conduta. Mas, como não
compreenderam de verdade todo o processo da cobiça, terminam no fundo
cobiçando não ser cobiçosos.
Muitos são os que se disciplinam contra a ira, os que aprendem a resisti-la, mas ela
continua existindo em outros níveis da mente subconsciente, mesmo quando
aparentemente tenha desaparecido de nosso caráter. Ao menor descuido, o
subconsciente nos atraiçoa e trovejamos e relampejamos cheios de ira. E quando
menos esperamos e talvez por algum motivo sem a menor importância.
São muitos os que se disciplinam contra o ciúme e por fim crêem firmemente que o
extinguiram. Mas, como não o compreenderam, é claro que aparece novamente em
cena, e justamente quando já o julgávamos bem mortos.
A liberdade criadora não pode existir jamais dentro de uma armadura. Precisamos
de liberdade para compreender nossos defeitos psicológicos de forma integral.
Precisamos com urgência derrubar muros e romper grilhões de aço para sermos
livres.
Temos que experimentar por nós mesmos tudo aquilo que os professores na escola e
os pais em casa disseram que é bom e útil. Não basta aprender de memória e imitar.
Necessitamos compreender.
Todo o esforço dos professores e professoras deve ser dirigido à consciência dos
alunos. Devem se esforçar para que eles entrem no caminho da compreensão.
Não é suficiente dizer aos alunos que devem ser isto ou aquilo. É preciso que os
alunos aprendam a ser livres para que possam por si mesmos examinar, estudar e
analisar todos os valores, todas as coisas que lhes disseram ser boas, úteis, nobres;
não basta meramente aceitá-las e imitá-las.
As pessoas não querem descobrir por si mesmas, têm as mentes fechadas estúpidas;
mentes que não querem indagar; mentes mecânicas que jamais indagam e que só
imitam.
Se aos alunos se diz o que devem e o que não devem fazer e não se lhes permite
compreender e experimentar, onde então está a sua inteligência? Qual foi a
oportunidade que se deu à inteligência?
Para que serve passar em exames, se vestir bem, ter muitos amigos, etc., se não
somos inteligentes?
Hoje em dia, a única coisa que interessa aos pais de família e aos professores é que
os alunos façam uma carreira, que se tornem médicos, advogados, engenheiros,
contadores, etc., isto é, autômatos viventes. Que depois se casem e se convertam em
máquinas de fazer bebês. Isso é tudo!
Quando um rapaz ou uma moça quer fazer alguma coisa nova, diferente, quando
sente a necessidade de sair dessa armadura de preconceitos, hábitos antiquados,
regras, tradições familiares, nacionais, etc., os pais de família apertam mais os
grilhões da prisão e dizem ao rapaz ou à moça: "não faça isso, não estamos
dispostos a te apoiar nisso! Essas coisas são loucuras”, etc., etc.
Os alunos devem gozar de perfeita liberdade para averiguar por si mesmos, para
inquirir, para descobrir o que há realmente de certo nas coisas e aquilo que podem
fazer na vida.
Por disciplina, o estudante presta atenção e gasta energia criadora muitas vezes de
forma inútil.
A energia criadora é o tipo mais sutil de força fabricado pela máquina orgânica.
Para onde quer que dirijamos a atenção, gastamos energia criadora. Poderemos
economizar essa energia se dividirmos a atenção, se não nos identificarmos com as
coisas, com as pessoas ou com as idéias.
O estudante ou a estudante atento em sua classe, à sua lição, em ordem, não precisa
de qualquer espécie de disciplina.
Há que saber prestar atenção sem se identificar. Quando prestamos atenção em algo
ou alguém e nos esquecemos de nós mesmos, o resultado é a fascinação e o sonho da
consciência.
O aluno deve ver a si mesmo em cena quando estiver prestando exame ou quando
estiver no quadro negro por ordem do professor, quando estiver estudando,
descansando ou brincando com seus colegas.
Quando não cometemos o erro de nos identificar com as pessoas, com as coisas ou
com as idéias, economizamos energia criadora e nos precipitamos no despertar da
consciência.
Quem quiser despertar a consciência nos mundos superiores, deve começar por
despertar aqui e agora.
Aquele que não se deixa fascinar com o insulto, aquele que não se identifica com ele,
aquele que não se esquece de si mesmo, aquele que sabe usar sua atenção
conscientemente, seria incapaz de dar valor às palavras do insultador, de feri-lo ou
de matá-lo.
Todos os erros que o ser humano comete na vida são devidos a que se esquece de si
mesmo, se identifica, fascina-se e cai no sonho.
É claro que o mestre está se referindo a uma disciplina equivocada, orientada para a
repressão dos impulsos e não para a sua compreensão. A disciplina criticada acima é
a disciplina para o cultivo da resistência. Mas mesmo a compreensão não surgirá se
tentarmos obtê-la por meio de uma disciplina baseada no mero esforço irrefletido e na
resistência aos impulsos. Melhor que resistir, é compreender e morrer de fato.
Os mestres são unânimes em orientar que não se deve dar passe livre aos desejos e
nem permitir que atuem livremente. De fato, o poder da compreensão e observação
conscientes, associados ao fogo interior da Mãe Divina, enfraquecem a ação do
defeito e não lhe permitem atuar, embora lhe permitam aflorar para que sejam
percebidos conscientemente.
A obsessão por virtudes nos lança no pólo contrário. Os obsecados por castidade são
os mais fornicários, pois não vêem o sexo com naturalidade. Os obsecados por
mansidão são os mais furiosos e iracundos, quando provocados.
Observem que os mestres não estão dizendo para ninguém dar corda ou estimular os
defeitos, identificando-se com os mesmos. Tampouco estão recomendando que se
fique "curtindo" a sensação de satisfazer o desejo (identificação). Estão unicamente
orientando a não perder o tempo com resistências e repressões tolas, porque elas não
matam e não eliminam nada.
Creio que essas citações sejam suficientes para convencer os gnósticos fanáticos que
sempre acharam que temos que viver reprimindo nossas emoções, desejos e impulsos,
ao invés de acompanhá-los conscientemente e sem identificação para compreendê-los
em profundidade crescente.
Excelente blog.
Abraços.
Concentração e esforço
Se estou prestando atenção, com os olhos abertos, nos detalhes anatômicos de uma
planta, estou com a atenção concentrada, recebendo sensorialmente suas
características. Se começo a refletir sobre a planta, estou com a mente concentrada na
planta (pensamento único). A reflexão sobre a planta exige o recurso da imaginação,
que é uma forma assumida pela mente. Quando fecho os olhos, imagino e reflito
sobre a planta, sem me desviar para outros temas, estou percebendo os conteúdos
imaginativos supra-sensorialmente e não de forma meramente sensorial. Se, mesmo
com os olhos abertos, obtenho insights e revelações sobre a planta na qual estou
prestando atenção, estarei concentrado mentalmente nela.
Se podemos usar a concentração para fazer coisas ruins, por que não usá-la para fazer
coisas boas, que nos elevem espiritualmente? E se fazemos isso inconscientemente o
tempo todo, por que não fazê-lo conscientemente?
O esforço tenta travar o pensamento, tenta congelá-lo. Ao tentar travá-lo, impede que
flua e sabota o desenvolvimento da concentração.
Concentrar-se é contemplar ininterruptamente. Contemplar não é fazer força, é ser
receptivo. Ser receptivo é "dar-se conta" de algo, daquilo que nos interessa. Nada
disso se relaciona a qualquer tipo de tensão.
Quando algo nos interessa, nos tornamos receptivos àquilo.
Quando se diz que devemos nos manter concentrados, está-se dizendo simplesmente
isso: que devemos nos manter contemplativos, que temos que aprender a contemplar
algo de forma prolongada e sem interrupções.
Portanto, o silêncio mental na meditação é algo que nos advém quando aprendemos a
provocá-lo e não algo que impomos.
*********
Nada mais existe para mim, somente a cachoeira. Me desligo do resto do mundo.
Estou no presente, penetro e me perco completamente no agora, me entrego à prática.
Nota:
Recordar-se do Ser
Recordar-se do Ser é dar-se conta do que se possui de nobre e digno dentro de si, é
lembrar-se desta parte superior e sublime, evocá-La e manter-se unido a Ela. Isso é
recordar-se de si mesmo.
A parte boa do homem vem de Deus, portanto, recordar-se do Ser é recordar-se de
Deus.
Todos os impulsos bons, superiores e sublimes vêm do Ser e os impulos maus,
inferiores e degradantes vêm do Ego. Aquilo que nos prejudica ou prejudica os
demais não provém do Ser. É assim que os diferenciamos.
Recordar-se de si é recordar-se do Ser em nós (a Essência), diferenciando-se do Ego.
Quem se recorda de si mesmo, se diferencia do Ego e se dissocia de tudo o que não
seja o Ser. Então compreende que o corpo físico, as emoções, os pensamentos, as
lembranças, as dores, os sofrimentos, as alegrias, os temores, os sentimentos
variados, a mente etc. não são o Ser, pois o Ser está além de tudo isso. É assim que
adquirimos o pré-requisito para observar o Ego em ação.
Quem não se recorda de si, fascina-se e identifica-se com aquilo que deveria
observar, tornando-se cego para si mesmo. Não é possível observar algo com o qual
estamos identificados, algo que consideramos ser indistinto de nós mesmos. Se
quisermos observar o Ego, temos primeiramente que abordá-lo como um elemento
estranho, alheio. Recordemos o exemplo da tábua, dado pelo V.M.S.
Se estivermos sentados sobre uma tábua, não poderemos estudá-la. Para examiná-la,
temos primeiramente que nos separarmos, sair de cima da tábua para, então, levantá-
la, tomá-la nas mãos e examiná-la. O mesmo sucede com as manifestações dos egos
em todos os centros da máquina humana.
Se tomarmos nossos funcionalismos como se fossem partes do nosso Verdadeiro Ser,
não poderemos tomar a distância necessária para observá-los criticamente e
objetivamente, pois os teremos demasiadamente unidos a nós mesmos. Há que se
tomar uma certa distância do Ego para vê-lo em ação. Que Ego é esse? Aquele que
responde "Eu!" quando batemos em uma porta e nos indagam "Quem é?"
Esse "Eu" que tanto amamos e que sentimos equivocadamente que somos nós de
verdade é que deve morrer. Esse "Eu" que nos desperta tanta piedade, do qual
gostamos muito e que sente que deseja, que pensa, que faz e acontece. Esse é o "Eu"
que tem que morrer pelas mãos da Mãe Divina, seja aqui ou no abismo. É melhor que
seja agora. Se não colaborarmos com Ela, Ela o matará da mesma maneira, porém
contra a nossa vontade, no Inferno.
Tal "Eu", que não é o Ser, é múltiplo e não único como nos parece. Quando nos
recordamos de nós mesmos, nos dissociamos do Ego e torna-se possível observá-lo,
examiná-lo, compreendê-lo e entregá-lo à Morte.
À medida que o Ego morre, o verdadeiro em nós surge, nasce.
A recordação de si é um pré-requisito para a auto-observação. Recordar-se de si
mesmo não é somente diferenciar-se do não-ser, é também abrir-se às influências do
que há de mais elevado, digno e superior dentro de nós mesmos, é tornar-se veículo
do Homem Verdadeiro que aguarda em nosso interior.
A Essência e o Ser
Em estado original, a alma é pura e perfeita. Quando se identifica com a matéria, cria
desejos e se corrompe.
O Espírito Divino é o Real Ser, o qual não pode encarnar totalmente devido ao
obstáculo do Ego. Quando o Ego morre, o Ser toma posse do seu veículo.
Além da Essência, o Espírito possui outras partes autônomas, que atuam de forma
independente em outros universos.
Embora encarnada, nem sempre a Essência está no corpo físico, muitas vezes ela
viaja, adormecida, para outros mundos, enquanto muitos egos usam o seu veículo
para cometer diabruras.
Recordação de si e observação são as primeiras formas de exercitá-la e desenvolvê-la.
A alma que não se recorda de si, se fascina e se confunde com os egos, gozando e
sofrendo suas dores e euforias.
O Espírito está além da Essência, mas vela por ela e a auxilia desde os universos
divinos mais distantes, acompanhando seu desenvolvimento. A alma é um membro
do Espírito, uma fagulha ou emanação. Assim como o Espírito emana da Grande
Realidade Única (o Deus Uno), a Essência ou alma emana do Espírito ou Real Ser.
O Real Ser possui várias emanações, sendo uma delas a nossa Essência, pura e
primordial. Outras emanações são: a Mãe Divina, o Cristo Interior, o Íntimo e outras
mais. O todo, a soma de todas as emanações constituem o Real Ser.
Nosso veículo físico deve ser entregue ao seu verdadeiro e legítimo dono: o Real Ser.
Temos que buscar, amar e nos vincular ao que verdadeiramente somos e não ceder
nosso veículo a elementos estranhos, invasores que unicamente roubam suas energias
e o destroem. Os egos, sejam nossos ou de outras pessoas, são mercadores do templo
que precisam ser expulsos com o chicote.
O conhecimento do coração
Existe uma sabedoria do intelecto, que pertence à cabeça, e existe uma sabedoria do
coração.
A emoção também é veículo de conhecimento. O mundo das emoções que podem ser
experimentadas é infinito e corresponde a todo um universo a ser conhecido.
Podemos conhecer um objeto a partir das sensações físicas que o mesmo nos
proporciona e a partir das sensações internas que provoca.
O mundo inteiro, com todos os seus objetos físicos exteriores, toca o homem
psiquicamente, de forma análoga à que o toca com suas vibrações físicas. A luz
refletida porum pássaro afeta a retina, o som produzido por seu canto, afeta seus
ouvidos. Mas há algo além: a imagem, o canto, a presença do pássaro provoca em nós
uma reação psíquica: emoções de variados tipos, recordações, imagens mentais etc. O
pássaro também nos atinge interiormente.
Quem tem o ego desenvolvido não pode ter conhecimento intuitivo porque suas
emoções são desordenadas, caóticas e subjetivas.
À medida que o Ego morre, as emoções não deixam de existir: se tornam mais e mais
objetivas, correspondendo-se com a realidade.
Não temos que nos tornar seres frios e sem emoção, temos que eliminar as emoções
inferiores e desenvolver as emoções superiores.
Aqueles que supõem não existir relação alguma entre a emoção e a realidade estão
enganados. A realidade não pode ser capturada objetivamente na frieza porque a
emoção é, ela própria, uma parte da realidade. A emoção humana é parte do aspecto
emocional do universo.
A frieza do intelecto, que exclui a emoção, não pode penetrar no aspecto mais
profundo do universo. Pode ser útil para a compreensão da secção sensorial do
mundo, mas se torna desorientante quando aplicada à tentativa de se ir além, como
vemos nos casos dos cientistas que tentam penetrar o mundo subatômico sem
renunciar ao paradigma sensorialista.
Usar nossa pequena margem de livre arbítrio intelectual para parar de pensar é o
primeiro passo. Observar e pedir a morte dos pensamentos que fogem ao alcance
deste livre arbítrio é o segundo passo.
Então, fazemos duas coisas: pedimos a morte dos pensamentos existentes e, mediante
o exercício da vontade, deixamos de recriá-los ou de criar novos pensamentos.
Quando nos propomos a eliminar um ego, o primeiro a fazer é não ocupar nossa
mente com os objetos de sua libido (desejos, medos, sofrimentos etc.). Se ocuparmos
nossa mente com os pensamentos emitidos pelo Ego, o fortificaremos e jamais o
eliminaremos. A verdadeira morte é o enfraquecimento progressivo, até o
definhamento e morte totais (decapitação). Morte é esquecimento.
A vigilância no sentido de não reprimir e nem deixar de pedir pela morte da faceta
expressa no pensamento deve ser rigorosa. Temos que encontrar um ponto interno de
equilíbrio, onde não reprimimos os pensamentos, mas também não deixamos que
passem sem serem queimados pela Mãe Divina. Não os reprimimos, mas não
deixamos de pedir à Mãe Divina que os mate. Aí está o rigor da disciplina mortal e
não repressora.
Os pensamentos devem morrer porque não são o Ser e obstaculizam o Ser. Somente o
Ser (ou Essência) deve ser admitido em nós.
Buscamos o Ser Verdadeiro, nosso Espírito Divino, que é o que temos de melhor e
mais decente. Então, não cultivemos o Ego, apressemos sua morte e o Ser
resplandecerá. O Real Ser é Deus em nós.
Uma sugestão minha: em vigília, reparta o seu tempo entre a meditação e a dedicação
ao ginásio psicológico (morte em marcha), dedicando 50% do tempo a cada uma.
Durante a meditação, deixamos para trás tudo o que é denso: corpo físico, corpo
etérico, corpos astral e mental, pensamentos, sentimentos, recordações. Nos
dissociamos dos elementos que nos prendem à realidade temporal, ao mundo
relativístico. Buscamos aquilo que é sublime, divino, superior, elevado, leve, divino.
Na verdade, nos desligamos de tudo para experimentar aquilo que nunca antes
experimentamos e que não pode ser descrito e nem imaginado. Qualquer tentativa de
se imaginar o que se poderia experimentar fracassa e pode até sabotar a meditação
caso se converta em guia do que deveríamos fazer. A experiência da meditação é a
experiência do desconhecido.
O esforço que se faz na meditação pode ser qualificado como um esforço negativo.
Um esforço negativo é um esforço menor que zero. Todo o empenho é no sentido de
se atingir o esquecimento e a despreocupação totais. Meditar é uma forma de dormir
e semelhante a morrer (embora não seja a mesma coisa que morrer).
Quem pressupõe um caminho ou meio, através do qual deva se esforçar para meditar,
está se sabotando antes de iniciar a prática. Pressupostos sobre a meditação a travam
de antemão.
Arrependimento e culpa
A culpa nada tem a ver com o verdadeiro arrependimento. Aquele que se culpa não
está verdadeiramente arrependido, está somente preocupado consigo mesmo. A culpa
é simplesmente um defeito a mais.
http://hypescience.com/nao-saber-afastar-os-arrependimentos-pode-causar-
problemas-de-saude/
À medida que morremos, o arrependimento verdadeiro vai surgindo, até o dia em que
negamos totalmente a nós mesmos. Então, deixamos os velhos costumes, não por
temor das consequências, mas por compreendermos que realmente não serviam para
nada e só atrapalhavam a nossa vida e a dos demais.
De nada adianta culpar-se por não ter se transformado em um Buda após vinte ou
trinta anos de trabalho. Tal sentimento de culpa não mudará a situação para melhor
(embora possa causar doenças). Ao invés de sofrermos com sentimentos de culpa,
melhor é sermos sérios daqui para frente, dissolver os egos de culpa, praticar todos os
dias e esquecer o tempo, colhendo os resultados no final da existência.
9 comentários:
1.
"Toma a resolução firme de, por exemplo, não alimentar de modo algum
a luxúria amanhã, durante todo o dia. Então você compreenderá que é
capaz, terá comprovado seu poder e poderá tomar outras resoluções
posteriores, cada vez mais rigorosas. Essa é a disciplina correta, que não
é voltada para o cultivo das resistências e recalques."
Vou dar exemplo do meu ponto de vista, quando eu fazia artes marciais.
Bom vou resumir para não ficar extenso, mas a não-ação não seria uma
especie de resistência contrária?
Diante dos desejos e sentimentos proibidos, o primeiro impulso das pessoas é sufocá-
los, na vã ilusão de se livrarem assim do incômodo. Por desconhecimento,
costumamos acreditar que ignorar as emoções ou "fazer força para não sentir aquilo"
eliminará o problema. A experiência mostra o contrário.
Qualquer grupo social possui suas proibições, suas regras de conduta. Nem todos os
impulsos instintivos são aceitos e alguns são furiosamente condenados pela
sociedade. Normalmente, as regras envolvem principalmente a questão sexual: os
tabus sexuais costumam ser os mais radicais e rígidos. Em certos casos, quebrar tais
tabus significa perder a vida, ser condenado à tortura e à morte.
Neste ínterim, é mais que natural que a maior parte dos desejos reprimidos (mas nem
de longe todos) envolvam, de um modo ou de outro, a questão sexual. Os tabus
sexuais são inúmeros e relacionam-se diretamente com uma série de sofrimentos
emocionais.
Sendo assim, nos círculos gnósticos não poderia ser diferente, existem também as
proibições, que possuem suas razões de ser e suas funções sociais, tendo surgido para
o bem coletivo. Entretanto, como somos pessoas comuns, tomamos tais proibições
inconscientemente e, identificados com e a partir delas, criamos ou reforçamos vários
defeitos: culpas, medos, resistências. Não nos damos conta de que o ego se disfarça
de virtudes e assume aparências santíssimas.
Movidos por tais enganos, muitos estudantes enveredaram pelo caminho da repressão
dos desejos, acreditando que estavam trilhando o verdadeiro caminho da Morte.
Acreditaram que, sufocando o que sentiam, estavam morrendo, e não se deram conta
de que estavam tão somente polindo a personalidade e fortificando egos de
resistência.
O problema não são as proibições, as quais possuem sua razão de ser. O problema é a
forma como tomamos as proibições. Se determinada atitude é errada ou prejudicial,
não devemos tomá-la. Mas isso não significa que devamos reprimir as emoções
correspondentes (e nem que devamos cultivá-las ou estimulá-las).
Reprimir ou explodir? Segurar ou deixar a emoção tomar conta? Eis o dilema dos
estudantes gnósticos. Deixar a emoção tomar conta, mantendo-se passivo e não
fazendo nada, é o meio mais rápido para a auto-destruição. Viciar-se em entorpecer a
vontade, deixando-se levar pela fascinação, é atirar-se de cabeça no precipício da
loucura. Mas tentar reprimir é inútil e também perigoso. O que fazer então?
Compreender!
No que se refere às proibições, temos que compreender ambos os lados do problema:
tanto o impulso de "infringir a lei", como o impulso de obedecê-la. O impulso de
acatar as proibições é um ego e o impulso de desobedecê-las é outro ego. Ambos são
egos, são defeitos! Por isso diz o V.M.S. que devemos compreendê-los sem absolvê-
los e nem condená-los, temos que simplesmente compreendê-los, sem julgamento
moral algum, ainda que a moral tenha seu sentido e sua razão de ser na vida social.
Cada "eu" possui seu sentido, sua lógica própria inerente, seu significado. Tentar
analisá-lo a partir de um preceito moral, ainda que gnóstico, é distorcer a análise,
sabotar a própria compreensão. Uma moral religiosa qualquer, por mais
imprescindível que seja, serve aos egos santarrões que se vestem com a túnica do
Cristo.
Não fornicar, não adulterar, não xingar, não mentir, não roubar, não ferir o próximo
são virtudes maravilhosas, mas deixar que o ego as comande é adormecer ainda mais
a consciência e nutrir elementos psíquicos enganosos, que gostam de aparentar
santidade, martírio, altruísmo. A moral é um produto do Ego e quem é moralista está
longe de morrer.
Não será com repressões moralistas que se conseguirá a Morte. Quem quer a Morte
de verdade, deve ser capaz de observar sem julgamento e sem resistências morais os
pecados mais feios, vergonhosos e abomináveis. Deve-se observar e enxergar tais
defeitos imparcialmente, sem culpas e nem auto-depreciações. Culpa e auto-
depreciação são egos disfarçados de virtudes.
O V.M.S. fala de auto-crítica. A verdadeira crítica de si mesmo é imparcial. É tão
grave desculpar e absolver os defeitos, quanto condená-los sem compreensão. Após a
compreensão, haverá sempre a conclusão, espontânea e natural. É na conclusão que
estarão os resultados da análise, do julgamento. A condenação de um defeito é
posterior ao seu julgamento e não anterior, surge quando finalmente compreendemos
que aquele desejo, que antes nos pareceu tão agradável e maravilhoso, não serve para
nada além de prejudicar e destruir a nossa vida. Mas não chegaremos a tal
compreensão se sabotarmos a própria observação ou análise de antemão.
Então, vejam que curioso: o moralismo religioso (gnóstico ou não), que tanto detesta
e quer banir os desejos pecaminosos da alma, os preserva da Morte e nos impede de
matá-los, pois não permite que os enxerguemos. O moralismo religioso é aliado dos
pecados!
O conceito de pecado é faca de dois gumes: serve para orientar a conduta, mas pode
também servir para criar "eus" que ficam atormentando o pecador com a culpa. Os
atormentadores egos de culpa não são nada dignos e nem decentes, são meros
defeitos disfarçados de virtudes, demônios interiores sabotadores da Morte.
A consciência possui um poder desinfectante e regulador que nos possibilita deixar
que um desejo aflore sem que nos possua e nos domine. Para tanto, basta não nos
identificarmos. Não precisamos temer a possessão. Se não nos identificamos com o
desejo e o observamos, extrairemos dele a compreensão e podemos deixá-lo aflorar
livremente sem nenhum problema. O que importa é aprender a separar-se do desejo,
observá-lo de fora, como um elemento estranho. O que provoca a possessão não é o
afloramento do desejo, mas sim a identificação. É a identificação que deve ser evitada
e é nesse sentido que temos que nos disciplinar com rigor.
Tenho falado em análise, mas a simples auto-observação já é um processo analítico e
amplia a compreensão progressivamente, dia após dia. A observação de si mesmo
deve ser absolutamente livre de julgamentos morais. Se você tem desejos feios e
condenáveis, dos quais se envergonha, observe-os sem julgamento moral, apenas
tentando compreendê-los. Observe de forma imparcial e crítica até mesmo os
impulsos de culpa, auto-depreciação, auto-condenação, moralismos etc. Que nada
escape de vosso crivo analítico dissolvedor.
Suponhamos que você tenha um desejo bem ridículo, daqueles que todo mundo
condenaria se soubesse, e que você o esconda com unhas e dentes do olhar de todos.
Você o satisfaz em segredo, sem que ninguém veja, e se sente culpado, imprestável,
inútil, condenável e não sei que mais. Pois bem, digo-lhe que tais sentimentos
negativos, que conflitam com o desejo em questão, são emoções inferiores e não
superiores, não são arrependimentos e não te livrarão desse pecado indesejável. Se
quiser se livrar, terá que, antes de mais nada, ser capaz de observá-lo de forma
imparcial. Só assim poderá começar a enxergar de fato o que é aquilo. Simplesmente
condenar-se a priori é guiar-se pela moral convencional, a qual é inútil para quem
quer ir além de si mesmo.
Veja bem: não estou afirmando que devamos gostar dos defeitos, cultivá-los ou
alimentá-los. O que estou afirmando é que temos que ser capazes de observá-los sem
preconceitos morais para compreendê-los, o que é totalmente diferente.
Quando um mestre desperto condena atitudes, desejos e sentimentos, o faz a
posteriori, pois está expondo o resultado de suas experiências. O mestre sabe que a
fornicação, por exemplo, é altamente prejudicial e expõe tal fato, de forma crua, clara
e contundente. Mas isso não significa que você ou eu tenhamos compreendido
verdadeiramente tais prejuízos. E se não os compreendemos, mas nos opomos a ela
gratuitamente, estaremos simplesmente nos auto-enganando. Se você quer
compreender os prejuízos da fornicação, observe-os em si mesmo, imparcialmente, e
os verá. Quem observa a sua própria fornicação (e não a dos outros!) em suas
múltiplas manifestações de forma realmente imparcial, inevitavelmente concluirá que
é algo altamente prejudicial. Mas o mestre afirmou isso apenas para a sua informação
e não para que você forjasse um problema e criasse um "eu" de culpa ou medo. A
culpa não é dele e sim sua, pois foi você que criou mais um problema para a sua
sofrida vida.
Comumente confundimos sentimentos negativos como culpa, medo e auto-
condenação com o arrependimento. Achamos que temos que sentir culpa para nos
arrependermos. Achamos até que a culpa vem de Deus! A prova de que estamos
equivocados é que podemos sentir culpa por vários anos sem nos arrependermos do
ato que nos faz sentir culpados, pois se realmente nos arrependêssemos, não
tornaríamos a cometê-lo.
Então, aprendamos a tomar nossos pecados feios e vergonhosos tal como são, sem
culpa e nem tampouco justificativas. Todos fizemos coisas feias ao longo da vida,
nessa ou em outras existências, e não adianta nada identificar-se com isso e ficar se
lamentando. O que importa é mudar, dar outra oitava na existência, elevar nosso nível
de Ser. Os estudantes gnósticos são humanos e também possuem seus monstros no
armário e não há nada demais nisso, a não ser o fato de ficarmos passivos e fugirmos
do problema por toda a vida. Tudo bem, erramos, mas e daí?
Observe calmamente a sua podridão interior, com coragem. Veja toda a imundície,
reconheça-a, mas sem parcialismos. Não seja contra e nem a favor de um pecado,
simplesmente conheça-o. Eduque sua vontade nesse sentido.
Você não é só lixo, existem coisas boas dentro de você, ainda que você não esteja
consciente delas. Então porque enveredar pelo caminho da auto-depreciação?
Uma coisa é achar que um defeito é maléfico; outra coisa é compreender de fato que
um defeito é maléfico. Na Morte do Ego, não se "acha" nada, se compreende. Não se
acredita que o Ego seja isso ou aquilo, se sabe, por experiência direta. Podemos
acreditar ou supor que um comportamento seja bom ou ruim, pecaminoso ou
virtuoso, mas isso não significa que tenhamos plena consciência disso.
Conscientizar-se não é acreditar, nem supor e nem "achar". Conscientizar-se é
experienciar diretamente. Temos que experienciar os pecados tal como são e não o
conseguiremos se qualquer crivo tendencioso, favorável ou desfavorável, estiver
condicionando a observação.
Não tenha medo de enxergar a realidade dos seus desejos, é a verdade que te
libertará. Vá até ela de braços abertos.
Por mais vergonhoso e reprovável que seja um defeito, temos que observá-lo e
analisá-lo de forma imparcial, sem cair no desespero. Desesperar-se diante de um
defeito ou pecado terrível é tornar-se incapaz de abordá-lo objetivamente. Se
queremos a compreensão, temos que abordar os pecados objetivamente e se os
queremos abordar objetivamente, temos que ser absolutamente imparciais, ainda que
o comportamento a ser estudado esteja contra os princípios mais sagrados em que
acreditamos. Somente a abordagem imparcial nos permitirá compreender de verdade
todos os prejuízos do defeito. Ao contrário do que pode parecer, a condenação
antecipada de um defeito é um mecanismo engenhoso para escondê-lo de nossa
consciência. Quem condena um defeito antes de observá-lo e examiná-lo, está
protegendo-o do julgamento objetivo e, portanto, da Morte. É assim que evitamos
tomar consciência e nos recusamos a morrer de verdade.
Temos medo da condenação, medo do inferno, medo do que somos. Tais medos se
devem a crenças negativas que forjamos sobre nós mesmos, a partir da experiência de
vida. Temos que dissolvê-las. Se, por um lado, somos criaturas perigosas e
imprestáveis, que se encontram em um estado horrível, por outro lado, temos muitas
possibilidades e anelos. Temos um Ser Interior Profundo e Real, do qual emana tudo
o que é divino em nós. Focarmos exclusivamente no que não presta é ignorá-lO.
Temos que recordar que temos Deus conosco, se quisermos vencer a escuridão do
pecado.
Todos temos alguns defeitos que são maiores, mais fortes e mais perigosos e outros
mais fracos, menores, menos perigosos e até inofensivos. De acordo com nossa
personalidade, poderão ressaltar mais certos defeitos (ex. ira, cobiça, luxúria) ,
enquanto outros se manifestarão muito pouco e nos perturbarão. Essa é uma das
razões pelas quais nos parece tão fácil julgar e condenar os outros, mas não a nós
mesmos.
Um erro que podemos cometer é o de não darmos atenção aos defeitos que causam
pouco prejuízo, manifestam-se raramente ou apresentam fraco poder sobre nós,
priorizando exclusivamente os defeitos piores e mais perigosos. Motivados pela justa
necessidade de nos livrarmos de tais defeitos, que configuram uma linha psicológica
principal em nossa personalidade, podemos cair no erro de nos dedicarmos
exclusivamente à morte dos mesmos, engajando-nos em uma luta sem fim em que
não há vencedor e nem vencido. O motivo? Não se pode matar tiranossauros antes de
se ter aprendido a matar lagartixas. Exercite-se matando lagartixas, depois lagartos,
depois jacarés, depois crocodilos e por fim será capaz de matar o tiranossauro. É uma
questão de lógica: ninguém pode começar pelo pior, embora seja natural que
sintamos certa urgência em derrubar o inimigo principal
Não é demais lembrar que, quando falo de "matar o defeito" e menciono sua
eliminação, não estou me referindo a nenhuma forma de repressão, recalque,
bloqueio ou resistência aos desejos e impulsos, os quais são meros comportamentos
fingidos. Por "matar" estou me referindo à assimilação e a consequente dissolução
dos nossos defeitos.
Prazer mental
Há uma diferença entre o ato sexual real e o ato sexual mental. Este último se dá pela
contemplação de imagens eróticas, sejam elas imagens mentais, lembranças, fantasias
eróticas ou então filmes, fotografias e películas pornográficas. O ato sexual real é
concreto e vivo, enquanto suas diversas representações são abstratas. Viciar-se em
imagens sexuais abstratas equivale a atrofiar o poder de praticar o sexo real. Quem
gosta de se divertir com sexo virtual, mental ou em telas de computadores, termina
com impotência psico-sexual, pois perde o poder de se excitar e se relacionar com
mulheres reais. O poder sexual tem que ser mantido vivo através da prática com a
mulher concreta.
A Águia Rebelde
Tratado de Psicologia Revolucionária
A Grande Rebelião
Ciência Gnóstica
Etc
A recordação do Ser
Por ser uma parte do Ser Real (Espírito Divino ou Deus Interior), a Essência (alma
pura e primordial) participa da mesma natureza natureza divina. A Essência é Deus
em miniatura.
· contemplação (observação).
Damos o choque da recordação de nós mesmos para romper nossa identificação com
o Ego. Rompemos a identificação com o Ego para podermos observá-lo.
Aquele que se identifica com o Ego, sente-se como ego e se confunde com o mesmo.
Identificado, sentirá como se os seus pensamentos, atos e desejos fossem ele mesmo,
sua própria Essência, o seu próprio Ser Real ou Espírito, perdendo a capacidade de
diferenciar-se dos mesmos.
Vocês já viram uma pessoa distraída com algo, algum entretenimento? Observem-na:
nada mais existe além do objeto do seu interesse. Ela se esquece de todo o resto do
mundo. A concentração é semelhante à distração, no que se refere ao envolvimento,
mas oposta a ela no que se refere à consciência. o distraído não está consciente do
que faz, está esquecido de si mesmo, ao passo que a pessoa concentrada está
percebendo plenamente o que faz.
Quando estamos distraídos, estamos com atenção plena, natural e espontânea naquilo
que nos interessa, mas, ainda assim, não é correto dizer que estamos concentrados,
pela simples razão de que não estamos conscientes do que estamos fazendo.
As pessoas leigas costumam confundir uma pessoa concentrada com uma pessoa
distraída. Se alguém caminha por uma estrada altamente lúcido e concentrado, os
demais podem achar que ele está distraído com seus pensamentos, isso porque,
aparentemente, os dois estados são semelhantes, mas diferem radicalmente no que
tange à lucidez e a recordação de si.
A concentração está para a imaginação consciente assim como a distração está para a
imaginação mecânica (fantasia).
Que ninguém suponha que a concentração seja um conflito com a mente, pois é a
superação ou transcendência dos conflitos. Na concentração, tudo vai ficando para
trás, inclusive os conflitos com a mente.
Um homem dirigindo em uma estrada, plenamente lúcido e relaxado, sem que nada o
distraia, está altamente concentrado.
Tanto na concentração quanto na distração há receptividade, a pessoa está aberta ao
objeto, porém na distração não há aprofundamento, a pessoa muda constantemente de
objeto.
No cotidiano, temos que aprender a nos concentrar naquilo que estamos fazendo, sem
distração, isto é, temos que contemplar a nós mesmos em cena, em ação. Então
descobrimos muita coisa sobre o ego que antes não suspeitávamos.
Tenho visto pessoas tentarem meditar sem concentração e até rejeitando o sono, o
que me parece um absurdo. A mesma similaridade antitética que existe entre a
concentração e a distração, existe entre a meditação e o sono. A meditação é um sono
consciente, enquanto o sono comum é algo assim como uma espécie de meditação
inconsciente (digo isso para fins didáticos, pois a verdadeira meditação é consciente).
Tentar meditar rejeitando o sono é forçar uma falsa meditação, cujo efeito é danificar
o cérebro. A verdadeira meditação não cria transtornos psiquiátricos, mas a falsa
meditação ou meditação sem sono sim. Por isso é tão importante compreender
corretamente a teoria. Ninguém pode meditar de verdade sem baixar as ondas
cerebrais e o metabolismo. Assim como no sono, os batimentos cardíacos, a
respiração e muitas outras funções corporais reduzem-se durante a meditação.
Quando você ouvir falar em meditação, pense em algo análogo ao sono que você tem
todas as noites, porém consciente.
O êxtase que se atinge por meio da concentração e da meditação não tem nada a ver,
no que se refere à consciência, com os transes, sejam hipnóticos, mediúnicos ou de
quaisquer outros tipos. Também entre o transe e o êxtase existem similaridades
antitéticas, ambos são semelhantes e contrários.
O V.M.R. nos diz que, quando criança, se concentrava, por medo, no som dos grilos à
noite, ao deitar-se, e que tal concentração instintiva tinha por resultado o
desdobramento astral consciente. Isso demonstra que a concentração não é algo
artificial e nem forçado, mas sim espontâneo e natural. "Atenção plena, natural e
espontânea, sem artifício de espécie alguma é a concentração perfeita", escreveu o
V.M.S.
Se ainda assim a concentração não está clara para você, imagine o seguinte. Suponha
que você tenha que carregar uma xícara cheia de água sem derrubar uma só gota e
sob a mira de um arqueiro, pronto para disparar a flecha contra você caso não cumpra
a meta. Você obrigatoriamente terá que se concentrar da forma correta! Se pensar na
flecha, se desconcentrará.
Temos que diferenciar a atenção do esforço. Atenção é uma coisa e esforço é outra.
Na concentração existe atenção pura, sem esforço nenhum, somente a atenção,
separada do esforço e de modo algum mesclada ao mesmo.
O V.M. Rabolú nos fornece alguns parâmetros que permitem melhor compreender o
que é uma prática da concentração. Ele nos diz que concentrar-se em um objeto é
refletir sobre seus seguintes aspectos:
Aprofundando a concentração
Quando tentamos praticar o relaxamento, a concentração e a meditação e não
obtemos nenhum resultado transcendental, a causa do fracasso pode estar na falta de
sono.
O trabalho aqui descrito poderia ser comparado a dirigir por uma estrada. Você está
dirigindo, rumo ao que está além do horizonte. De repente, um problema acontece
com o seu carro. Você para, verifica qual é o problema, conserta-o e prossegue.
Posteriormente surge outro e você faz o mesmo. E assim prossegue.
Diz o mestre que chega um momento em que todos os pensamentos se esgotam, então
vislumbramos o mundo que estava além das montanhas mais distantes. É quando
então podemos abandonar o pensamento único, que é o último que restou, para
cairmos no vazio e experimentarmos o indescritível.
O V.M.S. diz que "a procissão dos pensamentos cessa". Essa procissão é composta
pelos pensamentos que vão esporadicamente interferindo na concentração. Não se
trata de um conjunto de pensamentos encadeados, que devem ser observados
enquanto passam para, somente depois, nos preocuparmos com a concentração. Se
nos detivermos somente contemplando os pensamentos, deixando definitivamente a
concentração de lado, simplesmente dormiremos e sonharemos. Não se trata de
ocupar-se somente em contemplar conscientemente os próprios pensamentos (algo
assim como assistir a uma televisão) pois o resultado inevitável seria o
adormecimento da consciência. A "procissão de pensamentos" é constituída pelos
pensamentos que vão esporadicamente se intrometendo na concentração, para desviá-
la.
Muitas pessoas poderiam supor que a primeira etapa da meditação consiste em
contemplar conscientemente os próprios pensamentos, deixando a concentração de
lado. Se apenas contemplarmos os pensamentos, sem penetrar através deles com a
concentração em nos interessa, levaremos a consciência somente até um nível, além
do qual adormeceremos normalmente e teremos sonhos.
A relatividade da distância
A distância é uma ilusão da mente e não existe no mundo real. Dois objetos que nos
parecem separados por um espaço, em um nível profundo de realidade, estão unidos.
Se a distância entre dois objetos existisse objetivamente, não poderia ser encurtada
com o aumento da velocidade e seria sempre a mesma. A distância entre dois pontos
poderá ser maior ou menor, consoante a escala espaço-temporal em que se vive ou à
velocidade com que se desloca de um a outro.
Uma pessoa poderá transformar dois pontos distantes em pontos muito próximos,
caso se desloque a grandes velocidades. Caso dê um salto e passe a viver na escala do
seu Espírito, os pontos distantes lhes serão vizinhos.
Consideramos que São Paulo e Tóquio estão distantes porque estamos quase
divorciados do nosso Ser.
O Ser tem o poder de transitar por diversas escalas de espaço e de tempo, de acordo
com sua vontade. No mundo do Espírito, o passado pode ainda estar acontecendo e o
futuro já ter chegado, ambos irmanados em um agora contínuo.
O mundo das relatividades não é o mundo verdadeiro, é o mundo das ilusões, dos
pontos de vista.
Se o espaço e o tempo fossem absolutos, não poderiam ser alterados pela velocidade.
Mas a verdade é que podem ser alterados pela velocidade. Quando estamos atrasados,
pedimos ao motorista para que aumente a velocidade. Um lugar será ou não distante
de outro em dependência da velocidade de deslocamento de que dispusermos.
A observação é algo menos sujeito ao erro e a cair no teoricismo, mas por isso
mesmo, mais trabalhoso. O preguiçoso tende a ficar preso na teoria. Teorizar sobre si
mesmo é perder o tempo, muito melhor é observar e descobrir. Observamos o ego
como observaríamos o comportamento de qualquer pessoa ou como um psicólogo
observa o comportamento do seu paciente: buscando detalhes. Quanto mais detalhes
descobrimos, melhor. Não existem detalhes depreciáveis. A descoberta de inúmeros
detalhes vai configurando uma compreensão em contínua construção, que jamais
termina.
A observação exige desbloqueio das emoções pois emoções bloqueadas não podem
ser observadas. Mas isso não significa que devamos nos entregar à fascinação e
deixar de exercer controle sobre as ações. Desbloquear a emoção não é sair por aí
gritando e descabelando, fazendo tudo o que dá vontade. É simplesmente não freiar
brutalmente as emoções, mas também não se esquecer de observá-las.
O hedonista, aquele que vive para satisfazer todos os seus desejos, não observa nada,
pois está identificado. O agente assimilador das emoções (a consciência) não está
ativo no hedonista. Por isso, o hedonista não é um observador de si mesmo, é tão
somente um desfrutador dos próprios desejos. Hedonistas como Marquês de Sade ou
Crowley quiseram esgotar o desejo mediante a satisfação, o que é um absurdo, pois a
a satisfação o fortifica cada vez mais. Queremos o enfraquecimento verdadeiro do
desejo e não sua fortificação. E o enfraquecimento somente advém com a
assimilação, com a compreensão.
Então, pude extrair coisas boas apesar das ruins que me ocorreram
durante esta crise. O sofrimento vs descobrimento de coisas novas á meu
respeito e do mundo. Aceitar a existência da maldade, porém, sem me
identificar com ela.
Todo ser humano possui uma parte superior, que é o seu verdadeiro Ser.
Este Ser se distribui por várias dimensões em partes autônomas, sendo a
Mãe Divina uma delas.
Se não sou capaz de conceber como real e concretamente existente um outro mundo,
paralelo a este em que eu vivo, muito menos serei capaz de reconhecê-lo quando
estiver inserido no mesmo. A crença na inexistência origina confusão, falta de
discernimento. Condicionado pela crença de que somente a matéria densa é real, o
materialista dorme profundamente e não reconhece as figuras astrais quando está
diante delas, tomado-as sempre por objetos deste mundo e não daquele.
Uma dica que auxilia na magia sexual é ser capaz de retirar-se antes da satisfação
plena, não prolongando o ato indefinidamente. Preserve a vontade para outro dia, não
a esgote. Praticar magia sexual é como tomar banho quente em um dia bem frio: você
quer sempre prolongar mais. É também similar a comer um alimento saboroso: você
não quer parar até ter terminado de empaturrar seu estômago. Aí reside um dos erros,
pois temos que aprender a moderar o desfrute dos prazeres. Se você não é capaz de
um interromper um ato prazeiroso qualquer no momento certo, muito menos será
capaz de se retirar do coito após um tempo pré-determinado. Outra dica que pode
ajudar é estabelecer previamente o horário de término da prática e segui-lo a todo
custo, ainda que o mundo desabe. Comunicar e pedir ajuda à parceira também
costuma ser favorável.
O erro dos que fracassam consiste em tentar prolongar demais o ato, acreditando-se
muito fortes.
Na prática do arcano, a excitação nunca dever ser alta e nem baixa, deve ser sempre
média e constante. Se você estiver muito excitado, acalme-se.
O refinamento da energia sexual está diretamente ligado à santidade na prática do
arcano. Quanto mais espiritual e intensa for a prática, mais evoluída estará a energia.
Quanto mais animal, mais baixa estará.
Algo semelhante acontece com os sintomas físicos de doenças: quanto mais atenção
lhes damos, mais energia lhes conferimos. A identificação com uma doença física ou
psíquica (o Ego é uma doença) atrapalha os processos de cura realizados pelo Ser.
1. Começar a partir do hoje e não voltar
atrás
Um único dia de castidade verdadeira (não forçada e nem tampouco simulada pela
pessoa para si mesma) pode ser prolongado infinitamente, desde que se mantenha a
compreensão e se aprofunde neste sentido a vigilância. Pode-se adquirir a castidade a
partir de um simples e único dia, desde que se realize neste dia a morte dos detalhes
de forma correta, com todo o rigor aplicado sobre TODAS as manifestações
luxuriosas daquele dia. Porém, esse dia especial somente chegará depois de uma certa
experiência, a qual leva algum tempo para ser conseguida. Esse dia especial, então,
pode ser prolongado por tempo indefinido, desde que a pessoa se polarize cada vez
mais na castidade e abandone o pólo da fornicação.
Quanto mais nos polarizamos na castidade, tanto mais firmemente nela nos
estabelecemos (isso inclui pensamentos, sentimentos, ações e PALAVRAS!).
Inversamente, uma simples concessão à luxúria resulta em uma cadeia sucessiva de
fracassos sexuais. Por tal razão, temos lutar muito para não nos deixarmos cair, pois,
uma vez caídos, é muito mais difícil, mas não impossível, subir. Logo, um dos
segredos é "não começar": não começar a pensar, não começar a falar e não começar
a fazer as besteiras. Temos que nos adiantar aos defeitos.
Entretanto, os irmãos que fracassarem hoje, não devem desanimar. Devem continuar
tentando, pois o dia D sempre chega para aqueles que nunca desistem. Se o irmão
fracassou hoje, ontem, anteontem ou nos anos e décadas que já passaram, saiba que é
porque sua compreensão dos processos ainda está se configurando, amadurecendo.
Esse é o seu tempo , que cada um tem o seu.
Para muitos, o dia D pode demorar muito, seja pelo karma, seja por pactos tenebrosos
de outras existências. Daí a importância de não desistir, ainda que se passe por muitos
anos de fracasso. O que importa é sempre descobrir por onde se erra e prosseguir.
Conforme disse o V.M.S., o problema não são as caídas, mas a falta de vontade de se
levantar e prosseguir.
Embora seja importante desbloquear as emoções, nem todas as ações devem ser
desbloqueadas. Há ações que necessitam ser bloqueadas e isso depende das
circunstâncias.
As ações que necessitamos bloquear são aquelas que acarretam consequências
desastrosas para nós ou para os nossos semelhantes, originam karma etc. Ações que
não necessitam ser bloqueadas são as ações úteis ou inofensivas.
A MULHER CURIOSA E MÁ
Era uma vez um homem que recebeu de Deus o dom de entender as falas
dos animais.
Estava passeando pelo mato com a sua mulher.
De vez em quando, êle dava risada. A mulher perguntava por que. — Èle
dizia: à tôa. Mas ela foi ficando curiosa. Tanto o apertou, tanto o apertou
que êle confessou que estava escutando as vozes dos pássaros. Daí há
pouco, estavam dois cavalos conversando. Um dizia assim: opa! eu hoje
trabalhei, trabalhei e não comi quase nada. O outro retrucava: e eu fui
feliz, estou com a barrica cheia. O homem deu risada. A mulher já quis
saber por que, e o que os cavalos estavam falando.
O marido respondeu-lhe: — ah! isso eu não conto, se eu contar, morro!
Daí então, até chegarem em casa, e muitos dias seguidos, ela
importunava o marido. Que tinha de lhe contar. Não adiantava êle dizer
que seria a morte. Ela: — não tem que nada, quero saber!
Teimou, teimou, até que o marido não agüentou mais e resolveu falar.
Mandou o camarada buscar um caixão de defunto e o pôs no meio da
sala. Dizia para a mulher: você não me estima, sabe que vou morrer e
está me amolando para eu lhe contar a conversa dos cavalos. Nisso o
galo veio do quintal, trepou no caixão e bateu as asas e cantou. O
cachorro já veio da cozinha e repreendeu o galo: — Mas, sim, senhor,
não vê que o nosso dono vai morrer, e você alegre, cantando!
O galo retrucou: — Que me importa? Êle vai morrer, porque quer.
— Porque quer, não, senhor, disse o cachorro. Não vê que a mulher não
deixa mais de o importunar?
— Ah! se fosse comigo! disse o galo. Eu tenho vinte mulheres por
minha conta no terreiro. E’ só alguma querer abusar um pouco, que eu já
vou de esporas e ensino!
E daí o homem chamou o camarada e disse: — vá por aí e troque esse
caixão por um chicote. O camarada obedeceu. O homem segurou o
chicote atrás das costas e foi-se chegando à mulher:
— Ainda quer saber a prosa dos cavalos?
— Quero, sim!
O homem segurou-a com a esquerda e com a direita desceu-lhe o chicote
sem ouvir os seus grilos.
— Ainda quer saber o que os cavalos falaram?
— Não, não quero saber de nada, gemeu a mulher. Desde aí ficou
boazinha e mansa ! E o homem viveu muitos anos feliz com sua
família...
Toda pessoa vive aprisionada em um mundo que ela mesma criou com seus
pensamentos. Este mundo é forjado pela mente, sendo composto pelas concepções,
pontos de vista, idiossincrassias e ideologias pessoais. O mundo assim criado se torna
um verdadeiro universo, que a segue em vigília e durante o sono. As imagens terão
um colorido especial, dados pela frequência dos pensamentos em que a pessoa vive.
Quem dissolve o Ego, altera radicalmente este mundo pessoal.
Uma pessoa que odeia forja para si um inferno que a perseguirá onde quer que vá.
Enquanto odiar, o inferno do ódio a estará acompanhando e dará às percepções um
colorido especial.
Dissolver a luxúria não é combater a sexualidade física propriamente dita, mas sim os
aspectos internos equivocados da sexualidade: as formas mentais, formas de
pensamento, formas equivocadas de entender e de enxergar o sexo, percepções
enviesadas e subjetivas do corpo e do prazer sexual. Precisamente aí, na concepção
de sexo, está o problema e a tal concepção é algo mental, encontra-se na mente.
Portanto, dissolver a luxúria é alterar radicalmente um estado psíquico.
De nada adianta tentar acorrentar as ações se os elementos geradores das ações (as
emoções e os pensamentos) as estão fomentando a todo instante.
Cada "eu" é uma pequena garrafa e o Ego, como um todo, é uma grande garrafa. As
porções de essência aprisionadas dentro de cada defeito ou "eu" estão em um estado
de sonolência profunda. As porções de essência livre, mas fascinadas pelo Ego, estão
em estado de distração e preguiça, inativas. Estão distribuídas ao longo das regiões
inconscientes da psique, espalhados através dos vários níveis. Os pensamentos são o
agente que mantém a essência livre fascinada, inativa, distraída.
Trazer o que está desatento à atenção é acordar o que temos de alma e que está
"esparramado" entre os Egos, atraído pelo poder fascinatório da mente. A essência
que está ativa, incipientemente acordada, chama a atenção da essência que está livre,
porém distraída, adormecida, sonhando com as bobagens, cenas mentais etc.
oferecidas pelos Egos.
Quando buscamos nos concentrar, ficar lúcidos, despertos etc. uma parte de nossa
essência livre se empenha neste trabalho, enquanto as outras partes da mesma, ainda
que estejam livres, gozam com os sonhos e pensamentos. Temos que ser capazes de
enxergar o adormecimento destas partes e trazê-las à lucidez, mas sem procurar
pensamentos e nem estimulá-los.
Para cada fato ao qual damos grande importância há alguns fatos contrários que o
anulam. Quando estamos exageradamente preocupados com um problema, outro
problema ainda pior ou uma alegria imensamente superior podem torná-lo
imediatamente insignificante. Quando estamos envolvidos com alguma modalidade
de prazer, outro prazer muito maior ou uma dor exagerada poderão torná-lo sem
sentido. Os valores que conferimos são relativos. Algo valerá muito ou pouco de
acordo com o referencial adotado. No mundo fenomênico em que vivemos, os
objetos, os fatos, as coisas, não possuem valor absoluto. Estamos aprisionados na
relatividade.
Aplicar a dualidade não significa deixar uma identificação por outra, simplesmente
trocando-a. Não é identificar-se com algo novo. É aprender a anular ambas as
identificações, uma pela outra. O fato contrário anulante é evocado somente com o
intuito de cancelar a identificação com seu contrário e não de gerar uma nova
identificação. Caso isso ocorra, temos que apelar para um terceiro que irá anular o
segundo. O ideal, no entanto, é evocar o segundo fato sem, entretanto, nos
identificarmos com o mesmo. Como previamente estamos em recordação de nós
mesmos e não fascinados pelo fato a ser evocado, torna-se mais fácil evitar a
identificação.
Esta prática, normalmente, deve ser empregada somente nos pensamentos teimosos,
que não nos abandonam mesmo após serem contemplados e insistem em atrapalhar a
concentração/meditação.
V.M. – Não, seguir o Koan, a concentração no Koan. Deixar isso que chegou à
mente. Abandoná-lo. Dizer: ‘Veja, eu não estou buscando isto, estou numa
concentração’. E abandona isso.
P. – Verbalmente?
"P. – Diz-se que a concentração é fixar a mente num só pensamento. Porém, temos
que entender que, por exemplo, vamos concentrar-nos neste aparelho, podem vir
distintos pensamentos relacionados com esse aparelho e estaríamos concentrados.
Por exemplo, penso: É feito de plástico, serve para gravar, é um aparelho que se
compra nas lojas eletrônicas… Tudo isso seria o mesmoς Não é um só pensamentoς
V.M. – Sim. Por exemplo, você, para se concentrar, tem que olhar a forma, de que
material é feito, para que foi feito, e você vai penetrando dentro desse aparelho, até
ver por dentro como é, tudo, para poder chegar a uma síntese, a um só pensamento.
Do contrário, a nossa mente então começa a trazer cinqüenta coisas aí, referentes ao
mesmo aparelho. Então, tratar de penetrar dentro do próprio aparelho." (1)
Neste caso, os múltiplos pensamentos (forma, do que está feito, para que está feito
etc.) sobre o objeto são partes do pensamento único que está se desenvolvendo.
Quando se chega à síntese do objeto, atinge-se um pensamento único envolvente
(dharana), no qual se está a um passo do estado em que, no Raja Yoga, se diz que foi
alcançada a união com o objeto e sua essência foi capturada pela consciência
(dhyana). Esta captura da natureza essencial e íntima do objeto segue imediatamente
após estado que o V.M.R. descreve como “chegar à síntese”. Para se alcançá-la, há
que se aplicar a dualidade ao pensamento síntese que restou (buscar o seu oposto
neutralizante), pois este ainda não é a realidade, mas tão somente um pensamento
sobre a realidade, ainda que dirigido e concentrado.
Assim, se você está identificado com algo, pode anular esta identificação recordando-
se de algo que seja o seu contrário, que o esvazie de sentido. O que pode ser
considerado o contrário daquilo que está te fascinando? Que fato o tornaria sem
sentido algum? Se você está identificado com uma mulher linda, o que tornaria sua
beleza totalmente desprovida de sentido?
Esta é uma medida paliativa para uma necessidade momentânea e não pode ser
confundida com a morte do ego emissor do pensamento. Anular temporariamente um
pensamento é muito diferente de eliminar o "eu" que o criou.
Nota:
Um koan é um problema insolúvel que propomos à mente, para que ela encontre a
solução. Por "propor" um problema à mente entenda-se: quebrar a cabeça para
solucioná-lo através do pensamento.
Quando nossa parte mental se convence de que não pode resolver o problema, isto é,
que a via racional não dá conta do mesmo, ela se aquieta e se retira, deixando a
consciência, temporariamente, pura e livre.
Qualquer problema insolúvel da vida pode funcionar como koan e não somente os
koans propostos pelos sábios chineses e tibetanos. Enigmas científicos, filosóficos ou
problemas insolúveis do cotidiano também podem ser usados como koans.
Há uma crença corrente de que, para enfrentar problemas e perigos, temos sempre
que neles pensar. Isso é algo questionável.
Obviamente, em certas situações, pode ser útil raciocinar para encontrar a solução.
Mas há situações em que a solução já foi encontrada ou é impossível e, ainda assim,
nossa mente insiste em tentar imaginar soluções.
Se, mesmo sem ter (outra) solução para um problema, eu insisto em procurá-la, estou
procurando algo inexistente. Tal insistência indica que não estou aceitando a
realidade e indica, também, que não acredito que a solução, se existir, possa chegar
por vias não racionais (ex. maçã de Newton e outras sincronicidades). A insistência
teimosa em pensar em um problema, grave ou não, contra toda possibilidade de
solução, assinala confiança cega e extrema na faculdade racional. Isso não significa,
entretanto, que nunca se possa procurar soluções raciocinando e nem que sempre seja
útil renunciar ao intelecto.
Vemos, então, que pensar às vezes é bom e às vezes é ruim.
Nós, pessoas normais, temos uma relativa e pequena capacidade de não pensar em
problemas menores, menos ameaçadores. Se tivermos que enfrentar ameaças
terríveis, podemos apelar aos seguintes recursos:
Creio que os quatro pontos acima merecem maior aprofundamento, mas pretendo
fazê-lo em outra oportunidade.
Até logo
Certamente, há algo mais além do corpo físico das pessoas, pois é sabido que temos
emoções, pensamentos e percebemos. Quem, dentro do sonho, atua? Quem anda, fala
e vivencia as cenas dos sonhos? Não pode ser o corpo físico, pois o mesmo não entra
no sonho, permanece na cama, adormecido. Há, portanto, algo mais que necessita se
definido e elucidado. Quem sente, fala e experiencia o sonho de forma direta? Qual
porção da pessoa? Qual é a parte da pessoa que adentra ao sonho, enquanto o corpo
físico permanece desfalecido?
Se estou sonhando que escalo uma montanha, certamente meu corpo físico não estará
escalando a montanha com a qual estou sonhando, pois estará deitado. Quem, em
mim, então, estará escalando a montanha? Quem, dentro de mim? Qual parte de
mim?
Se não existisse nada além do corpo físico, o ser humano não poderia sonhar.
Todas as pessoas dormem e sonham. Se todas as pessoas sonham, todas as pessoas
viajam para dentro de si mesmas, para as regiões do inconsciente.
Se todas pessoas que dormem e sonham viajam para as regiões do inconsciente, então
nós e as pessoas que amamos também viajamos para lá.
Porém, onde se encontra tal região do inconsciente? Em que parte do universo estão
as pessoas enquanto sonham. Onde se encontra o mundo dos sonhos?
O mundo dos sonhos não se encontra em nenhum local físico do planeta, em nenhum
país. Não se encontra ao leste, ao oeste, ao norte e nem ao sul, porém continua
existindo, pois sonhamos. Onde está?
O mundo dos sonhos não é visível fisicamente e não se encontra parte alguma do
universo visível. Então, somente pode haver uma explicação: o mundo dos sonhos é
um mundo real, porém invisível e intangível para o corpo físico, mas não para a parte
de mim que experimenta o sonho diretamente. E onde se encontra? Dentro do ser
humano e paralelamente ao mundo físico sensível, em um multiverso imediatamente
próximo a este. O mundo dos sonhos está na quinta dimensão do Planeta.
Quando sonho, caio para dentro de mim mesmo e, quando outras pessoas sonham,
fazem o mesmo, caem para dentro de si mesmas. O mundo dos sonhos é o mundo
interior e psíquico da Terra.
Assim como cada pessoa possui um mundo interior e psíquico, o nosso planeta
também o possui. É para lá que vamos quando dormimos e sonhamos. Nos sonhos,
contatamos as pessoas que também estão dormindo mas, como não temos
consciência, não nos damos conta do processo.
Abrç.
1. Sentindo conscientemente
Sentir algo conscientemente é também uma forma de conhecer. Sentir uma emoção
conscientemente é o caminho para conhecê-la.
Quando sinto conscientemente uma brisa, estou conhecendo as sensações que ela
provoca em meu corpo. Posso conhecer, também, as emoções que a brisa evoca em
meu coração pois, quando sinto conscientemente uma emoção, a estou conhecendo.
Sentir algo conscientemente é permitir que aquilo nos chegue à consciência pela via
do coração.
O conhecer não vem somente pelo pensar, como supõe a educação acadêmica formal.
O pensar nos leva a conclusões, mas o sentir também nos leva a conclusões. Posso
chegar a conclusões por meio de associações lógicas de idéias ou por meio do
saborear consciente de minhas emoções.
Quando sinto que a presença de uma pessoa me causa mal estar, não estou
conhecendo a pessoa em si, mas estou conhecendo a emoção que tal pessoa provoca
em mim.
O teor qualitativo de uma emoção não pode ser definido e nem descrito com exatidão,
pois escapa à linguagem e ao intelecto. Mas pode perfeitamente ser saboreado pela
consciência, o que se consegue quando a mesma é sentida de forma consciente.
Nossa consciência pode perceber o que se passa no mundo que nos rodeia e o que se
passa em nós. Quando praticamos a auto-observação, estamos "recebendo o ego na
consciência", ou seja, recebendo nossa pessoa, quem somos, de forma aberta, para
investigá-la e conhecê-la. Observar-se é receber os próprios pensamentos, os próprios
movimentos e as próprias emoções. Quando nos recusamos a receber uma emoção
conscientemente, ela se torna obsessiva ou extravasa por meio de doenças
psicossomáticas. Se queremos a tranquilidade emocional, temos que aprender a
"sentir o que estamos sentindo", sentir conscientemente. A serenidade assombrosa
dos Budas não é algo que se consegue simplesmente querendo. Não basta somente
querer e nem tentar ser calmo. A serenidade dos Budas resulta de um longo trabalho
ao longo de existências. Forçar ou fingir serenidade é perigoso e prejudicial. A
verdadeira serenidade não é forçada.
Temos que identificar a emoção, mas não nos identificarmos com ela. Identificar uma
emoção difere de identificar-se com a emoção. Identificar uma emoção é discernir
qual é a emoção que está no assaltando. Identificar-se com a emoção é misturar-se
com a emoção, encontrar-se na emoção, confundir-se com a emoção, considerar que a
emoção não é algo alheio, estranho à consciência e ao Ser.
Nossos egos provocam utilização excessiva de cada um dos cinco centros inferiores e
a subutilização dos centros superiores. Os “eus” provocam pensamentos, emoções,
movimentos, atividades sexuais e instintivas de forma exagerada e intensa,
sobrecarregando cada um do cinco centros.
É importante analisar como o Ego (ou egos, no plural) atua para desgastar cada centro
e provocar um desequilíbrio geral na máquina.
Temos que cultivar, no dia a dia, a calmaria mental. Não estou dizendo que um
principiante como nós deva viver em êxtase contínuo, mas sim que temos que
minimizar a atividade mental o quanto pudermos no dia a dia para nos tornarmos
mais lúcidos. Para tanto, basta nos concentrarmos naquilo que estamos fazendo
agora, no presente. Procedendo assim, se algum pensamento intruso aparecer, o
perceberemos. Perceber a intromissão de um pensamento, dar-se conta da distração, é
algo análogo à prática do pratyahara, embora não tenha a mesma profundidade,
porque não podemos desligar os sentidos físicos no dia a dia, durante o trabalho ou na
rua.
Simplesmente reprimir as emoções, tentando “não sentir nada”, costuma ser o pior
dos caminhos. O elefante louco não se deixa controlar e se torna cada vez mais
furioso. O que se requer é estratégia. Antes de tudo, temos que sentir
conscientemente as emoções. Tentar não sentir as emoções e ao mesmo tempo querer
compreendê-las é um contra-senso. Quem quer se livrar de uma emoção ruim deve
senti-la conscientemente e não tentar fazê-la retroceder pela força, assim de qualquer
maneira e violentamente. Assim como a mente, as emoções reagem às tentativas de
controle arbitrário.
Há ainda o desgaste do centro instintivo pelo Ego, o qual me parece ser o centro de
acesso mais difícil à auto-observação. O desgaste do centro instintivo se verifica por
excesso de processos corporais indispensáveis à sobrevivência e à manutenção da
vida. O ego provocará o desgaste deste centro ao provocar exageradamente processos
digestivos (comendo muito), impedir o descanso e recuperação (dormindo pouco),
processos excretores, processos de regeneração (ingerindo substâncias prejudiciais) e
todos os processos corporais relacionados com a manutenção da vida biológica.
E, por último (ou talvez em primeiro lugar) temos o desgaste do centro sexual, o qual
provavelmente é algo muito claro para todo mundo. A atividade sexual excessiva, tão
comum e incentivada hoje em dia, sob todas as suas formas, provoca este desgaste.
Toda vez que sentimos uma excitação morbosa na parte sexual, estamos utilizando a
energia deste centro. Se o utilizarmos em demasia, “queimaremos o seu
combustível”. Após um orgasmo, podemos perceber certa sensação mórbida de vazio.
Tal sensação assinala falta de energia neste centro.
O problema não é o uso, mas sim o abuso de cada um dos referidos centros. Os
centros existem para serem usados. O erro está somente em usá-los em demasia, seja
por fazê-los trabalhar por longas horas seguidas, seja por fazê-los trabalhar de forma
intensa, seja por fazê-los trabalhar com uma freqüência exagerada.
Portanto, se você não é emotivo, não pense que, por tal motivo, você está livre do
desequilíbrio emocional ou, se você é sedentário, que está livre do desequilíbrio do
centro motor. Quem quer equilibrar-se, deve eliminar o desgaste excessivo de todos
os centros e isso não será possível sem a Morte, pois são os egos que provocam
atuações excessivas.
Outro ponto que merece nossa atenção é o desgaste inconsciente. Podemos usar os
centros sem nos darmos conta. Nossos comportamentos inconscientes também
desgastam os centros. Pensamentos de luxúria que passam sem serem notados não
deixam de usar a energia dos centros intelectual e sexual. Todo ego, ao atuar, utiliza
as energias dos centros, ainda que não os estejamos observando. O fato de um dado
comportamento ser inconsciente não significa que o mesmo não esteja consumindo
energia. Não somente os comportamentos conscientes, mas também os
comportamentos inconscientes necessitam da energia dos centros para se
processarem. A Morte do Ego, ao trazer à consciência e promover a eliminação de
comportamentos prejudiciais, abusivos e desnecessários que antes se processavam
inconscientemente, permite deter tais desgastes.
Eliminar os detalhes do Ego é como caminhar por uma vasta região desconhecida.
Vamos prestando atenção no caminho e evitando as trilhas que possam nos conduzir
para lugares que não queremos. Cada ato realizado, cada atitude tomada, apresenta
múltiplas e infinitas consequências. A um ato se seguem muitos fatos, externos e
internos. Identificar-se com uma pequena manifestação do Ego, satisfazê-la, equivale
a entrar por um caminho que resultará em alguma forma de escravização. Morrer é
caminhar rumo à liberdade da alma e enveredar por caminhos que conduzem à
escravidão é errar o curso.
A região desconhecida por onde caminhamos é vasta, infinita e obscura, mas o Sol
está no horizonte. O único ponto de orientação que temos é o Sol, é para lá que
queremos ir. Se erramos o caminho, entramos na escuridão.
Evitar os caminhos para os quais nos arrastam os detalhes do Ego não é evadir-se do
confronto, pois o confronto se dá na encruzilhada.
O problema está em começar, em dar o primeiro passo. Temos que aprender a não
começar: não começar a fazer as besteiras, a cometer as diabruras. O primeiro passo
para cada diabrura é a satisfação de um detalhe. Evitamos o primeiro passo, não pela
repressão, mas pela verdadeira Morte.
Afastando as lembranças
Escute-me, você que luta para libertar sua alma das amarras do desejo: nos frágeis
momentos em que sua alma está pura e livre, ela repousa sobre a palma gigantesca da
mão do Budha. Basta um simples pensamento ou recordação para que você caia dali e
volte novamente à escuridão do desejo.
Quem quer libertar-se de um desejo tem que descobrir quais são os elementos que
constantemente o evocam em sua vida e erradicá-los de si mesmo. Tudo aquilo que,
de modo direto ou indireto, se relacione com o desejo tem que ser retirado,
dissolvido.
Uma pessoa poderia tentar apartar-se dos agentes evocadores mediante a mera
repressão e este seria um procedimento equivocado. Propomos que o afastamento
seja por meio da observação, descoberta, oração e morte, jamais do mero recalque.
Os múltiplos elementos que recordam e evocam um desejo são seus detalhes e
necessitam ser dissolvidos e não meramente reprimidos.
Quando tudo o que recorda um desejo é erradicado de nossas vidas, o mesmo deixa
de existir em nós.
Limpar a vida de tudo o que se relacione com um defeito ou desejo não é evadir-se de
confrontá-lo, como pode parecer à primeira vista. É, antes, afrontá-lo diretamente
para retirar-lhe a fonte de vida. A fonte de vida de um desejo são os vários elementos
que o recordam e a ele se associam.
Uma vez descoberto e eliminado um detalhe, não devemos, de modo algum, tornar a
cometer novamente o pequeno ato que lhe correspondia ou perderemos o pequeno
avanço conquistado.
Há um inimigo principal (o desejo em si) e há inimigos secundários que lhe dão força
e o alimentam. Os inimigos secundários correspondem a tudo aquilo que possa
recordar o desejo, a começar pelos pensamentos.
Sempre que alguém tenta mudar sua conduta, depara-se com as resistências do Ego,
sejam detalhes ou desejos principais. Quando, em tais situações, observamos e
oramos pela Morte, somos presenteados com muitas constatações.
Para ser mais claro: se você está querendo se libertar de um desejo nefasto qualquer,
tem que começar por afastar toda lembrança e retirar de si tudo o que possa recordá-
lo. Todo comportamento que, de um modo ou de outro, apresentar alguma relação
com o desejo em questão, tem que ser abandonado. Empenhe-se em retirar de sua
vida, mediante a Morte, tudo o que possa levá-lo de volta às garras do vício e verá
que os resultados serão bons.
Desenvolvendo a contemplação
Ocupar a atenção com um objeto exterior é ocupar-se sensorialmente, uma vez que o
objeto é acessado pelos sentidos.
Podemos, ainda, nos ocuparmos com objetos internos, imaginais. Neste caso,
estaremos exercitando a supra-sensorialidade. Se vocalizo um mantram mentalmente,
estou exercitando a clariaudiência e a concentração. Se me concentro na imagem de
uma cachoeira, estou exercitando a clarividência, embora aí exista também um menor
emprego e ativação da clariaudiência. Em todo caso, contemplar uma imagem mental
é trazer à consciência informações sobre o objeto correspondente.
Quando um objeto fere nossos olhos físicos, sua correspondente contraparte interna
nos atinge supra-sensorialmente, criando uma imagem mental correspondente ao
mesmo. Ao fecharmos os olhos, podemos prosseguir concentrados na imagem
mental, desligando-nos dos sentidos físicos e apreendendo informações sobre a
mesma, informações antes inconscientes. Assim, contemplar uma imagem interna é
recebê-la supra-sensorialmente, compreendendo-a. A recepção compreensiva do
conteúdo de uma imagem pode ser facilmente conseguida quando se aprende a
observar as coisas discernindo em silêncio, sem o recurso da tagarelice interior.
Conclui-se, até aqui, que podemos observar objetos exteriores e interiores, fixos e
móveis, mutáveis ou imutáveis (cuja mutação não pode ser percebida na escala
espaço-temporal em que atua nossa consciência); que a partir da observação de um
objeto exterior, podemos fechar os olhos e prosseguir observando-o interiormente,
imaginativamente; e que a observação é um ato receptivo que pode ser realizado sob
silêncio mental.
Para ser contemplado, um objeto qualquer necessita ser acessado pela consciência,
seja por via sensorial ou supra-sensorial. A contemplação por via sensorial objetiva a
atenção mas não exercita os sentidos internos. Se quisermos exercitar os chakras e
desenvolver os sentidos internos, temos que usá-los e os usamos quando
contemplamos um objeto supra-sensorialmente.
Equilibrando os centros
Sempre que colocamos algum centro em atividade, estamos utilizando sua energia.
Após um certo tempo, esse centro dará sinais de cansaço e deve entrar em repouso.
Caso não seja posto em repouso, começará a usar a energia do centro que estiver mais
próximo, isto é, mais à mão. E o que estará mais à mão será aquele segundo centro
que estiver em atividade diretamente relacionada ao primeiro (se estou pensando em
sexo, ambos os centros estão em atividade interativa).
O ideal seria que os centros fossem usados somente até um nível que antecedesse ao
cansaço. Evitar o cansaço, a sensação de estresse no centro, é o ideal. Colocar em
repouso um centro após o uso, muito antes que o mesmo se estresse, evita o
falseamento de suas energias.
O que interessa é dissolver os egos para que os centros trabalhem menos e possam
descansar. Quem não morre em si mesmo, não dá uma trégua aos seus centros e
destrói sua máquina orgânica, apressa o envelhecimento.
No cotidiano, convém não fixar-se em uma só atividade por muito tempo. O ideal é
dar pausas: ler um pouco, depois caminhar, depois ouvir música, depois praticar
magia sexual, depois descansar, meditar, depois consertar a cerca quebrada, depois,
contemplar um quadro etc. A fixação em uma só atividade por muito tempo
desgastará e desequilibrirá os centros, nos deixando pesados ao invés de leves.
Portanto, foram explicadas aqui duas medidas a tomar para equilibrar os centros: a
morte do Ego e a meditação. A magia sexual, a terceira medida, não foi explicada
neste texto.
Até logo!
Quem realmente elimina um desejo, não necessita fingir que não o tem.
Se o desejo morreu, não sinto nada. Se não sinto nada, o que bloquearei dentro de
mim?
A correta postura interior em relação aos baixos desejos é aquela em que não os
procuramos, não os satisfazemos e nem os consideramos como parte de nosso Ser,
mas também não tentamos barrá-los, sufocá-los e nem fugimos deles quando
aparecem.
Encarar um defeito de frente é deixar-se tocar conscientemente por ele sem temor
algum. Fugir de um defeito é tentar segurá-lo à força e baní-lo de modo que nos seja
impossível observá-lo e conhecê-lo.
Pequenas experiências íntimas com o Ser Interno são acessíveis a qualquer um, a
qualquer momento. Peça para sua Mãe Divina te lembrar de algo realmente
importante e ela o fará.
Não "force" as transformações, trabalhe corretamente e deixe que elas venham por
sim mesmas.
Na concentração, não force o silêncio mental, deixe que ele venha. Vivencie o
relativo silêncio existente e deixe que ele se aprofunde. Não perca tempo tentando
"forçar mais silêncio" para "ir além". Aprenda a esquecer.
O silêncio mental forçado não é verdadeiro. Lutar pelo falso silêncio é amarrar-se e
estancar-se com as próprias amarras que se teceu.
Obviamente, tal ente, agora regenerado, deveria expiar seu karma por meio do
sofrimento e de boas ações. Se ele cobrisse o mundo com suas boas ações,
inevitavelmente deixaria de ser quem foi e seria outro. Onde estaria o antigo
criminoso? Não existiria mais! As pessoas o procurariam, mas não o encontrariam.
Nunca é tarde demais para se deixar o mal. Por pior que tenhamos sido, podemos
inverter os caminhos e trilhar em direção oposta. A estrada da vida pode ser trilhada
para cima ou para baixo.
Dizem os V.V.M.M. Samael e Rabolú que Judas se dedica a instruir e resgatar almas
do Abismo. Esta é uma prova de que é possível a regeneração mesmo em estágios
avançados de degeneração. O V.M.Samael relata que os demônios Belzebu e
Astaroth se arrependeram de seus caminhos malignos e buscaram a regeneração
(Astaroth, para piorar, era o demônio da luxúria). Tais ensinamentos deveriam animar
os estudantes pessimistas: se Astaroth e Belzebu foram aceitos na luz e trilharam a
dissolução do Ego, se Judas tem discípulos no Abismo, por que nós, pessoas comuns,
não poderíamos nos recuperar?
Antes de mais nada, temos que ter cuidado para não estagnarmos nos terríveis alertas
e advertências dos mestres a respeito dos efeitos kármicos das más condutas. Tais
alertas visam apenas orientar e auxiliar o estudante, jamais aprisioná-lo no
medo. Pode dar-se o caso de um estudante tornar-se apavorado com tais alertas e cair
imobilizado no pessimismo. Então, há que se trabalhar esses eus negativistas.
Um caso particularmente grave parece ser o dos antigos gnósticos que não
conseguiram a castidade e, em segredo, dão vazão aos seus vários impulsos
luxuriosos. Esses irmãos sofrem muito, sentem vergonha e medo das consequências.
Mas mesmo eles estão em melhores condições do que estavam Astaroth, Belzebu e os
discípulos Judas no Abismo. Então, por que perdermos o tempo com prejuízos do
passado? Por que nos mantermos aprisionados lá, naquilo que fizemos de ruim no
passado, ao invés de nos ocuparmos com atos benevolentes no presente? E por que
esperar para amanhã, se já podemos tomar as atitudes agora?
Por diversas razões, entre as quais, talvez, não permitir que o estudantado caísse na
negligência, o V.M. Samael não aprofundou muito os aspectos otimistas do
ensinamento. Ele pôs ênfase nos alertas e advertências, por uma questão de
necessidade, e o estudantado se deixou levar pelo pessimismo, estagnando-se na idéia
de que tudo é muito difícil ou impossível. Nossa mente negativista nos deixa quase
insensíveis às mensagens de ânimo e força dos mestres. É como se eles nos dessem
tais mensagens somente com o intuito de nos consolar e estivessem, na verdade,
maquiando a terrível realidade. No fundo, a maioria de nós acredita que não há mais
salvação e que a ascensão espiritual é impossível.
No entanto, há também uma parte dentro de nós que nos impulsiona, que nos diz que,
sim, é possível revolucionar-se. Sem esta parte, há muito teríamos desistido de nossa
revolução. Temos que dar-lhe voz, cultivá-la e alimentá-la mediante as práticas que
nos dêem comprovações.
Que tenhamos sido fornicários, e daí? Deixemos de sê-lo. Que tenhamos adulterado,
não importa! Paremos de adulterar. Que tenhamos sido promíscuos, não faz mal!
Sejamos agora castos. E se não somos capazes de sê-lo agora, seremos daqui há
pouco, desde que realmente comecemos a mudar e não esperemos que se opere
alguma mágica em nossa vida.
Algumas pessoas esperam que uma mudança mágica se opere em suas vidas, em seus
sentimentos e pensamentos, para então adotar novas atitudes. Esta é outra armadilha
do Ego. Não temos que deixar as práticas e a nova conduta para amanhã. Temos que
implementá-las agora.
Se eu ficar esperando o dia em que não sentir mais luxúria para praticar o arcano e
deixar de adulterar, ficarei esperando eternamente sem resultado. Se quero mudar
minha vida, tenho que implementar as mudanças já. Se não sou capaz de suprimir um
ato em si, sou pelo menos capaz de retirar de minha vida tudo o que recorde tal ato.
Contemplar uma imagem luxuriosa sempre irá fortificar a luxúria, não importa se a
imagem esteja em nossa mente, em uma revista, na tela de um computador ou seja a
imagem de uma mulher real, que esteja ao vivo e a cores em nossa frente.
O ego que deseja acredita que o desejo é bom e não compreende seus prejuízos.
Corresponde a um entendimento condicionado, parcial e tendencioso, que nos afasta
da realidade. A realidade estaria na síntese, mas a síntese não é acessível ao ego
desejante. À medida que a compreensão se aprofunda, outros aspectos da realidade,
excluídos pelo elemento psíquico que deseja, são apreendidos e o significado
atribuído ao objeto se transforma.
Refletir sobre o objeto pode ser útil em certos casos, mas não resulta na morte do
elemento que o deseja. Se queremos a Morte, temos que compreender o desejo em si.
A todo momento estão se manifestando os detalhes ou facetas dos desejos, mas não
os observamos, seja por negligência ou por falta de orientação. As manifestações
corriqueiras, comuns e tênues, fortificam o ponto de vista equivocado do desejo de
uma forma espantosa e não lhes damos a importância devida, motivo pelo qual não
conseguimos nos livrar dos seus efeitos posteriores. Somos escravos do desejo
porque os alimentamos continuamente, durante todo o dia.
Se não sou capaz de contemplar a imagem sem me identificar, então não devo
contemplá-la, pelo menos enquanto não houver conquistado tal capacidade. Mas se
tenho total capacidade de contemplá-la sem identificação alguma (e estou
absolutamente certo de não estar caindo em nenhum auto-engano), então posso
contemplá-la sem problemas. O problema não está em contemplar ou não, mas em se
identificar ou não. Você saberá se está identificado se sentir alguma forma de prazer
erótico ao ver a imagem.
Entendo que nós, os principiantes, não devemos ficar contemplando os corpos das
mulheres pois, ao fazê-lo, estamos fortificando as amarras das quais queremos nos
libertar. Sob este ponto de vista, descobrir e eliminar detalhes inclui descobrir e
eliminar formas insuspeitadas de contemplar as mulheres com luxúria. Contemplar
sob a desculpa de que se vai "estudar o desejo" equivale a cair em uma auto-
armadilha, no auto-engano.
Quem quer morrer deve retirar de si e de sua vida tudo o que alimente o desejo. É
nesse sentido que devemos nos observar de instante a instante, não somente em
relação ao desejo pelas mulheres, mas em relação a todos os desejos. Mas não se
entenda o "retirar" como mero recalque sem ruptura com a identificação. Retirar,
aqui, significa morrer de fato e quem mata é a Mãe Divina.
Não somente pelos pensamentos e emoções, mas também pelas atitudes está vivo o
ego. Temos muitas atitudes que sustentam os desejos e nem sequer as notamos.
Nossas falas, movimentos e outras coisas mais estão a todo momento fornecendo
energia ao desejo. A auto-observação deve descobrir esses meios, pelos quais o Ego
se fortifica.
Pensar no desejo não adianta, melhor é observar por onde o mesmo se alimenta. A
mente silenciosa é um requisito para a observação e para o discernimento.
A forma de nutrir um defeito pode variar de uma pessoa para outra. Uma pessoa
poderá alimentar um defeito principalmente pelas palavras, outra pelos olhares e
assim por diante.
A verdade é que não há como praticar magia sexual, rir diante do insultador e resistir
às tentações em geral se não estivermos morrendo realmente. Comportar-se como se
estivéssemos mortos sem estarmos realmente é fingir, é ser hipócrita consigo mesmo,
o que é outra faceta da repressão. Não há como resistir à tentação sem a Morte
verdadeira e não há Morte verdadeira na repressão, apenas comportamento simulado.
A resistência à tentação é algo natural para quem está de fato morto. E ninguém
consegue morrer resistindo aos desejos, mas sim observando-os. Simular a Morte do
Ego para si mesmo é uma forma de reprimi-lo.
Ainda hoje esse equívoco faz estragos entre os estudantes gnósticos. Os estudantes
resistem e acreditam estarem assim morrendo. As disciplinas traçadas, em geral, não
passam de meros cultivos sofisticados da resistência. O que muitos pensam ser a
Morte do Ego é, na verdade, mera simulação, pois esses estudantes, assim que
percebem uma mínima manifestação de um defeito, imediatamente a recalcam,
suplicam por sua morte, e continuam recalcando-a. É assim que querem morrer,
embora isso não esteja nas orientações dos Veneráveis Mestres. Eles conflitam com a
mente, querem segurá-la e aquietá-la à força, e lutam com as emoções e desejos,
fazendo esforços terríveis para "manter-se sem desejar". Nem sempre o esforço
intenso é o esforço correto. Melhor seria que fizessem esforços corretos.
Nem toda disciplina, empenho ou esforço é útil, como pensam esses estudantes. Se
um homem se disciplinar para comer um pouco de veneno todos os dias, logo estará
morto. Se alguém se empenhar com muito esforço em beber somente refrigerantes e
mais nada, sem falhar um só dia, terminará encurtando sua vida. Logo, temos que
diferenciar a disciplina correta da disciplina incorreta. Disciplinas podem ser inúteis e
perigosas. Disciplinar-se para resistir aos desejos com todo o empenho que se possa é
disciplinar-se inutilmente. A disciplina para resistir é mero polimento da
personalidade, não é Morte coisa nenhuma.
Não poderei compreender os passos de uma dançarina caso eu amarre suas pernas.
Quem poderia? Querer enxergar detalhes nos passos da dançarina e ao mesmo tempo
imobilizá-la é algo ilógico e absurdo. É exatamente isso o que fazem os amantes da
resistência.
A partir do afloramento, as coisas podem tomar dois rumos, um bom e outro mau
(vamos dizer assim por enquanto). Se nos identificamos com o conteúdo aflorado, as
coisas tomam um rumo "mau". Se não nos identificamos e o observamos
conscientemente, as coisas tomam um rumo "bom", que é o rumo que nos interessa: o
conteúdo vai sendo assimilado e compreendido aos poucos e seu poder sobre nós vai
se enfraquecendo progressivamente.
O recalque é um mecanismo pelo qual bloqueamos um impulso, o que faz com que
ele extravase por outro caminho ou em outro momento; o impulso não sofre nenhum
enfraquecimento ou morte, somente é represado e desviado, para aflorar
posteriormente sob a forma de perversões, doenças e compulsões.
A negligência em observar e pedir será fatal, o negligente cairá cada vez mais baixo
na degeneração. O trabalho interior não é isento de riscos. O primeiro pensamento,
golpe emocional ou ato reforçador do desejo ganha força se não for trabalhado
imediatamente e se converte em manifestações secundárias, terciárias, quaternárias
etc. cada vez mais fortes. A obsessão é o resultado de ações primárias não trabalhadas
ou trabalhadas incorretamente, seja por causa da negligência, seja por causa do
recalque.
O que devemos buscar é clareza. Você não será capaz de enxergar os detalhes com
clareza cada vez maior se aprender a olhá-los corretamente, com interesse real e
sincero em conhecê-los. Não condene e nem perdoe nada, somente observe e
compreenda mais e mais. Aquilo que perceber que prejudica, peça para ser eliminado
e continue a observar.
A palavra "aceitar" tem duplo significado. Aceitar pode significar passividade,
aceitação da manifestação plena sem tomar atitude alguma. Mas pode também
significar atividade, no sentido de render-se à realidade inevitável para compreendê-
la. No último caso há atividade da consciência. Neste sentido, temos que "aceitar" o
Ego, recebê-lo tal como é, sem evasivas.
Se não permitirmos que nada aflore, o que será observado, julgado, ajuizado,
compreendido e eliminado? Se não permito que o animal saia da toca, como posso
pretender descobrir detalhes do seu comportamento?
O afloramento é diferente da atuação livre, em que não se observa e não se faz nada.
Se você permitir que o desejo se satisfaça, ele irá embora e não poderá ser estudado.
Se você se identificar com ele, irá fortificá-lo de uma forma absurda.
O que é identificar-se?
Quando nos identificamos com uma manifestação sutil do Ego, a mesma colhe força
e se torna gradativamente mais e mais poderosa.
Uma coisa é permitir-se sentir uma emoção, outra coisa é identificar-se com a
emoção sentida.
Um defeito qualquer faz muitas coisas, age de muitas maneiras que precisamos ver.
Realiza muitos movimentos, toma muitas atitudes e diz muitas coisas. Tudo isso
constitui a forma como um defeito age.
Um defeito é uma pessoa completa dentro de nós. Observando esta pessoa, coletamos
informações sobre sua conduta e seu perfil. Reunindo tais informações, chegamos a
conclusões (sempre provisórias, pois a compreensão é algo elástico). As conclusões a
que chegamos é a compreensão.
Dedico este texto aos irmãos de todas as religiões que sempre lutaram para se libertar
da luxúria e sofrem por terem fracassado. É para vocês que estou escrevendo agora.
Quero detalhar um erro que comumente cometemos em nossa incansável busca pela
pureza da alma: o equívoco de enfrentar o inimigo do qual queremos nos libertar.
O Ego é a Medusa da mitologia: seu olhar petrifica. Se você o olha nos olhos,
inevitavelmente se transformará em pedra. O que isso significa? Que não temos
capacidade de afrontar o Ego em bruto, de contemplar suas emanações sem sermos
afetados. Transformar-se em pedra significa adormecer a consciência. Olhar a
Medusa nos olhos significa enfrentar e contemplar os objetos de desejo, estejam eles
na mente ou no mundo exterior sensorial.
Mas, dirão vocês e com razão, evitar encarar a Medusa e evitar os caminhos que
conduzem ao enfrentamento não é fugir do Ego? Eu direi: não! É apenas combatê-lo
por outras alternativas, outros meios.
Sabe aqueles momentos em que o desejo está esquecido e não está atormentando?
Aquele é o estado interior que deve ser preservado. Se verificarmos com cuidado
nossas vidas, veremos que enveredamos por situações facilitadoras muito antes de
sermos tomados por um desejo. Essas situações facilitadores, que antecedem a
obsessão (às vezes por dias ou meses) são canais de alimentação por onde os defeitos
recebem energia. Pequenos e sutis impulsos nos impeliram a enveredar por ali.
E onde entra a auto-observação nisso tudo? Na descoberta dos impulsos sutis que nos
impelem a cair nas muitas situações facilitadoras e na descoberta dos muitos hábitos
de contemplar os objetos de desejo. Muitas vezes, contemplamos objetos de desejo
sem sequer nos darmos conta. A desculpa de "olhar sem identificação" é utópica e
esfarrapada, quando se trata de defeitos poderosos como a luxúria. É uma justificativa
(Pilatos) do defeito, um mecanismo de auto-engano.
Quem quer eliminar a luxúria não pode permitir que mulheres desejáveis estejam em
sua mente e necessita impedir que entrem pelas portas da percepção. Mesmo que
esteja no trato direto com elas, deve fazê-lo de modo a não percebê-las enquanto
fêmeas desejáveis. Olhar e não desejar não é algo para mortais do lodo da terra.
Na verdade, se você quer realmente se libertar da luxúria, as mulheres desejáveis não
devem existir para você, não devem sequer entrar em sua percepção, devem ser
excluídas do seu mundo (não enquanto seres humanos, mas somente enquanto fêmeas
desejáveis para o sexo). Não é possível ocupar-se com elas sem desejá-las.
Quem realmente começa a morrer para a luxúria, sente uma pureza específica que
não quer perder, algo assim como um estado angelical. Evitando-se as situações
nefastas que resultam em profunda identificação, podemos preservar este estado e, ao
mesmo tempo, impedimos que os defeitos se alimentem.
Davi não mediu forças com Golias, não o enfrentou diretamente e nem lutou com o
gigante. Davi evocou o poder de Deus e o atingiu no ponto fraco, certeiramente. Davi
é a alma e Golias é o Ego, a soma dos nossos desejos. O ponto fraco do Ego são os
impulsos sutis que nos impelem a enveredar por situações que resultam em
identificação profunda. Tal ponto é a têmpora de Golias. Ali devemos atingir o
gigante e derrubá-lo.
Se Davi houvesse tentado medir forças com Golias, teria fracassado. E se não
houvesse evocado o Poder Superior, sua mão não teria sido guiada em direção ao
ponto fraco do Gigante. O homem, sozinho, não pode dissolver o Ego jamais,
necessita da atuação de uma força superior, não humana.
Quando a mente atua, pensando em alguma coisa, dizemos que ela está fluindo. O
fluir da mente é a reflexão a respeito de algo.
A mente volúvel interrompe o curso de seu fluxo constantemente, pensa um pouco
em algo e depois pensa em outra coisa. Quando trocamos o objeto de nossa reflexão
constantemente, nos tornamos superficiais.
O pensamento não será único se permitirmos que o fluxo mental sofra constantes
interrupções, que mude constantemente de objeto, de tema. O papel da atenção
consciente é perceber o que se está pensando e dar pequenos "tapas" para "balizar"
(direcionar) a reflexão, caso a mesma se desvie do assunto em pauta.
O fluxo mental consciente possui duas características: não é aleatório e não se dá sem
participação da consciência. A consciência o acompanha, o percebe. No fluxo mental
consciente há contemplação do que acontece na mente. A consciência observa o
trabalho da mente, contempla o desenvolvimento da reflexão, do pensamento único.
Além disso, não há troca do tema da reflexão, a mente não mariposeia de tema em
tema. Portanto, no fluxo mental consciente pensa-se conscientemente em uma só
coisa, até onde se alcance. O fluxo mental consciente é a própria concentração
mental.
Deixar a mente fluir é permitir que trabalhe, porém sob nossa vigilância. A mente
trará as informações sobre o objeto.
Reunindo informações
Assim como, no dia a dia, temos que contemplar conscientemente o que fazemos para
não cometermos erros, não nos acidentarmos etc. do mesmo modo temos que
contemplar os pensamentos quando, durante a prática da concentração, todas as
atividades motrizes cessam.
O fato de um pensamento ser único não significa que seja composto por uma única
idéia ou que não flua. Também não significa que as informações não fluam para a
consciência.
O pensamento único exige o esquecimento e abandono total de tudo o que não seja o
lakhsya (objeto de concentração). O abandono (vairagya) é algo que pode ser
exercitado e desenvolvido indefinidamente. Vairagya é o desligamento, o abandono,
o desapego, o esquecimento do mundo.
Pensamentos maus
Quando pensamos em coisas mundanas e pecaminosas, nossa mente flui facilmente.
Quando tentamos pensar de forma concentrada em algo sublime, o pensamento não
flui com a mesma desenvoltura. A mente flui com facilidade na direção dos desejos
mundanos porque foi adestrada para isso, mas flui com dificuldade em direções
sublimes porque não foi treinada durante a vida.
O pensar concentrado em algo superior é uma função atrofiada, que necessita ser
desenvolvida. O pensar concentrado no mal é uma função hipertrofiada, que
necessitamos deixar de exercitar. Degenerar-se, depravar-se e afundar no lodo da
miséria é algo muito fácil de ser conseguido.
Os problemas existem para que aprendamos a não nos ocupar com eles. Entram em
nossa vida para que aprendamos a neles não pensar, a deixar de percebê-los, de dar-
lhes importância e de prestar-lhes atenção.
Por meio dos problemas da vida horizontal, podemos fortificar nossa capacidade de
não permitir que a mente se desvie dos objetivos maiores e mais elevados. Se os
problemas mundanos não existissem, a concentração e outros atributos, como a
Morte, não se desenvolveriam. Portanto, os problemas são necessários àquele que
quer se elevar espiritualmente.
Deste ponto de vista, retirar problemas e situações da vida não é fugir do ego, mas
parte do trabalho de eliminá-lo. Tirar o alimento dos defeitos inclui não ocupar-se
com situações que lhes são favoráveis e retirá-las da nossa vida.
Não é possível contemplar um objeto de desejo sem desejá-lo e sem alimentar o ego
correspondente, não há tal coisa.
Se você quer matar um desejo, não olhe para o objeto. O objeto do desejo não deve
existir para você. Não preste atenção no objeto fisicamente e nem mentalmente,
retire-o completamente de sua vida e de sua cabeça. Como poderia alguém desejar
algo que desapareceu de sua vida, de suas percepções, de sua mente e de suas
lembranças?
Quando temos um problema grave, seja uma paixão intensa não correspondida, um
perigo grave que nos ameaça ou algo assim, nossa mente se torna obcecada por
aquilo. A mente pensa de forma intensa no problema e o torna monstruoso. As
tentativas de pensarmos em outras coisas falham, a mente se torna teimosa e pensa
violentamente no problema.
Uma das razões para tal fixação teimosa da mente é a crença de que tais pensamentos
são, de algum modo, úteis ou necessários. A mente crê que, ao pensar no problema,
irá melhorar a situação. Falta à pessoa, em tais momentos, viveka (discernimento
entre o real e o falso).
Deste modo, os problemas existem para que aprendamos a não pensar neles, não nos
ocuparmos. Entram em nosso caminho para que exercitemos a capacidade de não
permitir que penetrem em nossa mente. Em certos casos, nem sequer devemos tomar
consciência de que o problema existe.
Há alguns poucos casos em que vale a pena tomar consciência dos problemas, mas na
maioria das vezes isso é prejudicial. Somente a reflexão sincera proporcionará tal
discernimento.
Bem, estamos tratando de uma disciplina mental, mas podemos ir além. Podemos,
mediante o poder da Mãe Divina, chegar a matar aquele que pensa dentro de nós.
Então estaremos mortos para aquele problema.
Na vida, temos relações de diversos tipos e com muitas pessoas, coisas e objetos.
Com cada pessoa temos uma relação distinta, que necessita ser trabalhada
especificamente.
Na análise e observação do Eu, nada pode ser descartado, nada é depreciável. Todas
as reações que os acontecimentos nos provocam merecem ser descobertas,
conscientemente percebidas.
Temos que nos perguntar: "O que sinto diante desta pessoa? E diante dessa outra? E
diante daquela?". Temos que nos tornar conscientes das reações mentais, emocionais,
motrizes, instintivas e sexuais que TODOS os fatos da existência (pessoas, objetos,
acontecimentos, problemas etc. ) desencadeiam em nossa pessoa. Nos detalhes, no
sutil, está a chave. Um complexo sistema resulta sempre da associação de múltiplos
elementos sutis, pequenos. Observando os detalhes, compreendemos paulatinamente
todo o sistema complexo. Teorizações não adiantam, importa perceber fatos. Os fatos
são concretos e definitivos.
Quanto mais nos observamos, mais material teremos para refletir. A reflexão sobre o
Eu deve ser o mais objetiva possível, pautada em fatos reais, vividos, verificados
diretamente, e não em meras elocubrações estéreis.
As reações sutis são as mais importantes, do ponto de vista da Morte, pois escondem
aquilo que normalmente não vemos. Quem quer descobrir o novo em si mesmo, deve
observar as reações sutis. Em um ônibus, por exemplo, há muitas reações sutis às
situações e acontecimentos presentes: reações ao motorista, aos demais passageiros,
ao estado em que se encontra o ônibus etc. Em casa, no lar ou no trabalho, temos
múltiplas reações ao que cada pessoa diz ou faz. Normalmente, as múltiplas reações
passam despercebidas porque não lhes damos importância, não as consideramos
dignas de observação cuidadosa. Ao não serem observadas conscientemente,
processam-se de forma inconsciente, reforçam os defeitos, causam muitos danos e
percebemos somente as consequências, quando já estão bem graves. É assim que
ficamos nos debatendo contra a ira, o medo e a luxúria, tentando reprimi-los e
controlá-los ao mesmo tempo em que os reforçamos sem nos darmos conta.
O que sentimos, pensamos e como reagimos perante cada fato ou pessoa precisa ser
percebido conscientemente, de forma sincera, imparcial e sem preconceitos. Se não
procedemos assim, não avançamos no auto-conhecimento.
Muitas vezes acreditamos estar relaxados, mas nada nos acontece porque existem
tensões inconscientes, das quais não estamos nos dando conta. Temos que
nosconscientizar de tais tensões para nos libertarmos e aprofundarmos o relaxamento.
Uma vez que tenhamos alcançado o grau de relaxamento satisfatório, podemos passar
à meta de nos libertarmos dos pensamentos. Aqui começa o pratyahara.
Assim como tomamos consciência das tensões musculares com o fim de nos
libertamos delas sem nos opormos, temos agora que tomar consciência do que está se
passando na mente. Passamos a observar a mente, nos dando conta do conteúdo de
cada pensamento, sem entrar em conflito e nem fazer esforço algum para silenciá-los.
Cada pensamento possui seu conteúdo particular, seu tema ou assunto. Tomar
consciência do mesmo promove seu silenciamento. A procissão de pensamentos vai
passando e não tentamos interrompê-la à força, deixamos que passe, sem nos
identificarmos e nem tampouco entrarmos em conflito. Ambos os extremos são
desnecessários e atrapalham.
Cada pensamento que vai sendo percebido conscientemente vai nos deixando, até um
momento em que a mente fica calma e pode então se ocupar com o pensamento único
da concentração. Nesta etapa, estaremos totalmente desligados do mundo exterior,
receptivos e abertos somente ao mundo interior. Esse é o pratyahara.
Não devemos nos identificar com os defeitos e nem tampouco bloqueá-los, temos que
simplesmente observá-los. Quem se identifica com os defeitos os fortifica. Quem
tenta bloqueá-los, os represa. Quem quer enfraquecê-los, deve aprender a contemplá-
los de forma objetiva, sem adotar uma postura favorável e nem contrária. O
enfraquecimento resulta da compreensão, não da satisfação e nem tampouco da
repressão.
Quem satisfaz o defeito está identificado, assim como quem resiste. Ambos os
extremos são prejudiciais.
Uma coisa é condenar um defeito a posteriori, concluindo algo após tê-lo observado.
Outra coisa é condenar um defeito a priori, tirando conclusões precipitadas.
Se você se observar com cuidado, verá que reage continuamente a fatos externos
aparentemente sem importância. Em tais reações sutis se escondem os detalhes ou
facetas do Ego que necessita compreender. Observar as pequenas reações é a chave
para trazer à consciência as partes ocultas do iceberg do Ego.
De nada adianta tentar enfraquecer um desejo se não removemos seus sutis canais de
alimentação.
Fazer-se consciente de algo é dar-se conta do que antes não era percebido. Não nos
tornamos conscientes das partes ocultas dos defeitos se não as observamos em ação.
As porções ocultas do Ego não estão inativas, estão em atividade, atuam no dia a dia,
apesar de não as percebermos. E não as percebemos porque o holofote de nossa
consciência não está direcionado aos detalhes, não está focado nas manifestações
pequenas, evocadas pelos fatos sutis e sem importância do cotidiano.
As pessoas temem estar receptivas ao Ego, acreditam que ficarão tomadas e perderão
o controle. Na verdade, a perda do controle sobrevém quando nos identificamos ou
quando reprimimos.
Ser devocional a todo momento nada tem a ver com reprimir a natureza mundana, são
coisas distintas. A não-repressão do ego não serve como desculpa para sermos
desleixados na devoção. A não-repressão também não serve como desculpa para a
fascinação e nem para alimentarmos pensamentos pecaminosos. Sim, devemos
observá-los de forma imparcial, deixando que aflorem espontaneamente, mas de
modo algum reforçá-los em nossa natureza. Recusar alimento ao Ego não é reprimi-lo
e é algo que deve ser levado até as últimas consequências.
Todos aqueles que fracassam, fracassam porque reforçam o inimigo que almejam
enfraquecer. Enfraquecer e reforçar são coisas antagônicas. Quem quer enfraquecer o
Ego não pode reforçá-lo.
Muitas vezes alimentamos os defeitos sob a desculpa de que não devemos reprimi-
los.
Temos que entender que reprimir é tentar controlar ou deter o desejo com o qual
estamos identificados. Quando rompemos com a identificação e nos observamos para
descobrir por onde o estamos alimentando, cortando a fonte de alimentação em
seguida, não o estamos reprimindo mas sim enfraquecendo. Enfraquecer é diferente
de reprimir. A repressão não enfraquece, apenas desvia e represa.
A morte dos detalhes ou facetas dos defeitos não é realizada por nós e sim pela
Divina Mãe Kundalini. Nós os descobrimos e Ela os mata. Quem os enfraquece é a
Mãe Divina e não a essência e nem tampouco a mente.
Não é possível combinar a Morte com o hedonismo. Não é possível morrer enquanto
se satisfaz os desejos. Um defeito que está sendo constantemente satisfeito não
morrerá. Por meio da satisfação, os desejos colhem energia. A não-repressão não é
desculpa para satisfazer.
A confusão do Ego
Impotência da ciência
Nem os neurocientistas, nem os filósofos da mente, nem os psicólogos e nem os
psiquiatras sabem o que fazer com as emoções e desejos. Entre eles não há sequer um
consenso a respeito do que sejam as emoções, os desejos e a mente. Eles sabem que
reprimir é mau e que satisfazer é igualmente mau, mas não conhecem o terceiro
caminho.
Desligar-se
O poder do pensamento
As formas de alimentarmos um defeito são inúmeras, mas não as vemos todas porque
são inconscientes. A auto-observação permite jogar luz nas trevas da inconsciência.
Podemos reforçar um defeito por meio de pensamentos, mas também por meio de
falas, atitudes, movimentos, formas de vestir, olhares, tons de voz etc.
Cultivamos o Ego sem nos darmos conta, pois vivemos distraídos com as coisas
mundanas e não prestamos atenção em certos pormenores cruciais da nossa vida
psicológica.
Há defeitos violentos, muito fortes, que nos sacodem e arrastam, parecem todo-
poderosos. São defeitos que estão exageradamente arraigados em
nossa personalidade porque foram alimentados de forma intensa e descomunal. De
nada adianta nos debatermos, o indicado é suprimir a alimentação e aguardar o
enfraquecimento.
Embora reprimir seja contra-indicado, temos que aprender a viver "fora do Ego" e
não dentro dele. Vivemos dentro do Ego quando estamos identificados. Quando nos
identificamos com o Ego, nos tornamos indistintos. Em tais situações, ou o
satisfazemos ou o reprimimos. É, porém, uma ilusão acreditar que os desejos
reprimidos não se satisfarão por canais alternativos. Em casos extremos, os desejos
reprimidos se satisfarão através da somatização de doenças.
Há pessoas sinceras que gastam o tempo correndo atrás dos seus próprios defeitos,
sem se darem conta de que assim os estão fortalecendo. Quem almeja se libertar dos
próprios defeitos, deve deixar de alimentá-los, o que inclui não pensar nos mesmos,
ainda que seja para condená-los e recriminá-los. Podemos pensar em um defeito de
forma favorável ou desfavorável, para justificá-lo ou para condená-lo. Em ambos os
casos estaremos identificados e o alimentaremos.
A Morte do Ego é parecida com o ato de sair de uma masmorra ou caverna prisional
escura, húmida e fria. Dentro da caverna nos sentimos mal e quando saímos dela nos
sentimos bem, porque há luz, pássaros, ar fresco, liberdade etc. Não podemos
desfrutar a beleza de fora enquanto estivermos dentro da caverna. Quem está morto
em si mesmo, está fora da luxúria, da ira, da cobiça etc. Quem está morrendo, está
dando passos para fora da caverna.
Imaginar que se possa dissolver o Ego mantendo-se identificado com ele é tão
absurdo quanto supor que alguém possa estar fisicamente livre sem sair da prisão.
Quem está morrendo, passa a ver os atrativos da luxúria, da ira, do ódio etc. como
algo estranho, que não lhe pertence, pois não se identifica com aquilo. As tentações
atraem, mas aquele que está morrendo vê as tentações como algo que lhe é estranho e
não como algo que lhe pertence. Ainda que se sinta atraído, verá as atrações como
algo invasivo, algo que se intromete em sua vida e, à medida que avança na
compreensão, cada vez mais se dissocia daquilo para não voltar. Neste sentido, a
Morte é um abandono.
Imagino que um anjo ou uma hierarquia celestial talvez nos vejam com total
estranhamento, horror e piedade, como criaturas nas quais eles não gostariam de se
converter de modo algum. Eles estão fora da caverna.
Se você não entrou em certas cavernas, sugiro que não entre, pois será difícil sair. Se
você já entrou, sugiro que saia, pois isso e perfeitamente possível quando se conhece
a forma.
Aquele que vai morrendo em si mesmo, vai deixando de se envolver com fatos
tentadores ou perturbadores, passando a tratá-los como algo distinto de si mesmo,
algo alheio, distante e que não lhe diz respeito. Se apartará das tentações e problemas
e os perceberá como algo distante. Ao ver as pessoas envolvidas em confusões,
brigas, fornicações, orgias e festins, não se identificará e nem se misturará. Não
sentirá mais curiosidade em conhecer ou experimentar as sensações provocadas por
tais fatos. Dirá para si mesmo: "Não quero sentir o mesmo que eles estão sentindo e
nem quero mais me recordar das sensações que se tem em tais situações".
Compreenderá, cada vez mais, que as pessoas estão em estado de alucinação e
loucura, fascinadas pela mentira do mundo ilusório de maya. A identificação estará
sendo rompida.
1.
O que é "identificar-se"?
Os Veneráveis Mestres Samael e Rabolú nos falam constantemente sobre o problema
da identificação. Ensinam que não devemos nos identificar com as coisas da vida e
nem tampouco com os egos. É um tema que merece maior explicação pois muitas
pessoas não o compreendem bem.
Podemos nos identificar com objetos externos (pessoas, fatos, problemas, corpo
físico, doenças etc.) ou com objetos internos (pensamentos e emoções), podemos nos
identificar com objetos físicos ou psicológicos.
Nos identificamos com as coisas da vida porque nos deixamos fascinar. A fascinação
e a identificação estão intimamente relacionadas mas não são a mesma coisa. A
fascinação provém da força hipnótica emanada do órgão kundartiguador e que
confere um caráter atraente e irresistível aos objetos. A identificação é a indistinção, a
perda da noção de diferença entre o que somos e aquilo que nos fascina. A fascinação
é o deslumbramento e a identificação é a indistinção. Ambos coexistem intimamente
o tempo todo.
Podemos nos identificar com uma briga, com pessoas sexualmente atraentes, com
alimentos saborosos, com roupas caras, com programas de televisão, com filmes etc.
Podemos nos identificar também com nossos defeitos, com os pensamentos, com os
desejos, com os impulsos, com lembranças, com fantasias, com medos etc. O ideal
seria que nos separássemos de tudo isso e os percebêssemos de fora, com algo
distinto de nós e alheio ao Ser.
Não estamos conscientes da maior parte das fascinações que sofremos. Percebemos,
conscientemente, apenas uma pequena fração das identificações. Vivemos
identificados com as coisas de dentro e de fora e não sabemos disso. Acreditamos, em
nossa ingenuidade, que estamos despertos.
Quem se identifica com o Ego não pode eliminá-lo porque está lhe fornecendo
energia. O Ego colhe energia dos centros da máquina por meio das identificações. Os
detalhes do Ego são milhares de identificações pequenas e sutis, às quais não
conferimos importância por nos parecerem inocentes, inofensivas e até necessárias.
Tenho visto alguns psicólogos sugerirem às pessoas que se identifiquem "um pouco"
com seus desejos, com o intuito de "conhecê-los melhor". A pessoa deveria "deixar-
se atingir" pelos desejos sem deixar-se dominar por eles. O pressuposto equivocado
nessa idéia é o de que é possível identificar-se sem perder a consciência, o que é
totalmente falso. Remover a repressão não é mesmo que deixar-se tomar pelo desejo.
Esses conceitos não devem nos confundir e nem perturbar nossa prática, destinam-se
apenas a um melhor entendimento e visualização concreta do que é ensinado.
Sobre o silêncio mental
No capítulo em questão, intitulado "Mo Chao", nos é ensinado que a mente não se
aquieta pela força e sim pela compreensão. Tentarei aprofundar alguns pontos do
capítulo aqui.Não tratarei agora da concentração, da meditação. Estarei me referindo
aos pensamentos invasivos que atrapalham tais práticas e insistentemente voltam
mesmo quando nos desviamos deles e focamos a atenção em nosso lakhsya (o alvo da
concentração).
Cada pensamento possui uma meta própria (carga de libido), sendo, portanto,
tendencioso. Se analisarmos a meta de cada pensamento, vemos que aponta para um
lado, para uma direção específica. Como a toda direção existe uma direção oposta,
resulta então que o processar dos pensamentos é um batalhar de antîteses. Todo
pensamento tem o seu contrário e o silêncio advém quando nos damos conta de
ambos os lados.
O erro de conflitar
Um dos erros comuns que cometemos é acreditar que os egos enfraquecem por um
mero esforço de vontade no sentido de não sentirmos o que sentimos. Basta um mero
descuido e já estamos lá, tentando segurar e reprimir as emoções ao invés de observá-
las.
Nos envolvemos em conflitos infindáveis com o Ego porque acreditamos que a Morte
é conflito e não esquecimento. Conflitamos porque queremos "matar o inimigo", mas
o inimigo não morre, simplesmente fica mais forte e ataca mais furiosamente, pois
não temos o poder de matar nenhum defeito. O ser humano não tem o poder de
dissolver um desejo ou impulso, tem somente o poder de ocultá-lo de si, empurrá-lo
para outros níveis da mente (recalque) ou então de observá-lo, analisá-lo e
compreendê-lo sem identificação. Somente a Mãe Divina tem o poder de desintegrar
atomicamente os egos. Portanto, deixemos esta tarefa para Ela e não façamos
esforços inúteis. Façamos a nossa parte: observar incansavelmente e pedir. O resto
acontece.
2. Ginásios desperdiçados
O ginásio psicológico é como um espelho que reflete o que somos. Por meio do
ginásio, descobrimos o novo em nós.
Por mais incrível que possa parecer, o sentimento de culpa impede a essência de se
libertar do defeito correspondente. O sentimento de culpa turva a observação,
tornando-a tendenciosa. É por isso que temos que lutar contra o bem e contra o mal.
Interessa-nos captar o defeito tal qual é, o que não será possível se o condenarmos
antecipadamente, se observarmos sob a perspectiva de que "não presta", "é ruim",
"vergonhoso" ou algo assim. Por mais bonito e politicamente correto que possa
parecer, o ato de condenar "coisas erradas" antes de conhecê-las bloqueia o seu
conhecimento.
Uma coisa é supor ou acreditar, sem ter consciência alguma, que um comportamento
é errado. Outra coisa é fazer-se consciente de que o mesmo é prejudicial. Você fala
mal da luxúria mas...será que sabe realmente do que está falando? Você tem plena
consciência de que a fornicação é prejudicial ou está somente repetindo o que ouviu
de algum mestre? Você realmente sabe que ela é nociva ou somente acredita nisso
porque te ensinaram? Pergunte a si mesmo e responda com a maior sinceridade que
conseguir.
Faça um levantamento dos defeitos mais vergonhosos que você possui, aqueles que
você não deixa ninguém saber (todo mundo os tem, te asseguro). Agora me responda:
Você realmente tem uma experiência consciente com eles? Ou você simplesmente os
considera maus, sem ter experimentado conscientemente tal maldade? Já os sentiu
conscientemente em plena ação? Em seguida, analise-os e observe-os
imparcialmente, sem condenação e nem justificativa antecipada alguma.
Despertar a consciência é uma questão de ter coragem de encarar a verdade sem sair
correndo dela, de encarar o pecado sem tentar afugentá-lo. Não tenha medo, sua
consciência e o seu Ser te protegerão. Alguém poderia condenar um réu antes de
estudar seu caso, sem provas e sem nenhum embasamento? O que diríamos de uma
pessoa que condenasse outra sem prova alguma, somente porque alguém a acusou? É
exatamente isso o que fazemos com nós mesmos e por isso é que não nos
compreendemos.
Não é muito fácil observar os detalhes do Ego em ação. Eles surgem de forma
inesperada e, por causa de sua sutileza, passam sem serem notados. A natureza sutil
dos detalhes os torna difíceis de serem enxergados, a menos que os observemos
intencionalmente.
A natureza sutil dos detalhes é o seu meio de disfarce. Entenda-se por "natureza sutil"
o caráter leve, tênue e fraco de uma manifestação. Uma manifestação sutil é o oposto
de uma manifestação grosseira, pesada, densa e facilmente visível. Como nosso
sentido de auto-observação está atrofiado, enxergamos as manifestações do Ego
somente quando são violentas e estão causando um grande estrago.
Uma manifestação leve quase não provoca mal estar algum, quase não é sentida. Não
obstante, fornece alimento para as violentas manifestações de egos maiores.
Cada detalhe é um pequeno ego, uma pequena faceta. Vejamos exemplos: uma leve
irritação com algo ou alguém, daquelas que quase não se sente, é um detalhe; uma
leve excitação sexual, daquelas que quase não nos alteram, é outro detalhe.
Quem não observa os centros, não percebe as alterações leves e é incapaz de eliminá-
las.
Há uma relação direta entre o pensar e o sentir. Não é possível pensar em algo que
seja significativo para nós sem sentirmos as emoções correspondentes.
Não é possível pensar em um inimigo e não sentir raiva ou ódio, não é possível
pensar em uma mulher desejável e não sentir o desejo de possuí-la, não é possível
pensar em um perigo e não sentir temor ou receio. Quem tenta dissolver as emoções
negativas sem renunciar aos pensamentos correspondentes, está se auto-sabotando e
agindo de forma contra-producente.
Portanto, os fatos exteriores que evocam as emoções negativas não devem existir em
nossas mentes. Os problemas, inimigos, objetos de desejo ou aversão etc. não devem
existir para nós, caso queiramos eliminar as emoções negativas correspondentes. Não
devemos lembrar, falar, imaginar ou pensar em tais coisas. A mente deve ser
controlada e direcionada, pois não podemos controlar as emoções diretamente, senão
pelo controle da mente, dos sentidos e da morte do Ego.
Se você quer a castidade, os objetos de desejo não devem existir para você. Se você
não suporta olhar para as belas mulheres sem desejo, retire-as completamente de sua
vida, de sua percepção e dos seus pensamentos.
O segredo está na mente: não deixe que as mulheres desejáveis entrem e nem que
estejam em sua mente. Trate-as bem, seja cortez e protetor quando necessário, mas
não deixe que elas existam para você, enquanto mulheres desejáveis e mentalmente
falando. Elas podem existir como ser humano, mas não como mulheres.
O problema não está fora, está dentro. Retire-o de dentro e não existirá. O primeiro
passo está na mente: quanto mais pensar, pior ficará o problema. O segredo consiste
em não ocupar-se com o mal, em desligar-se dele.
Quando nos apartamos de algo, as lembranças vão se apagando, sofrem atrofia e vem
o esquecimento. A luxúria é uma má função que foi erroneamente desenvolvida e que
precisamos atrofiar, enquanto a transmutação e o erotismo espiritual se desenvolvam.
Esse mesmo princípio vale para qualquer defeito. O medo da morte, das doenças e
dos problemas, por exemplo, se fortificam à medida que neles pensamos e com eles
nos ocupamos. Esse medo, em si, não modificará nada, mas nossa mente tende a crer
que pensar nos problemas é necessário. A mente não compreende a inutilidade do
pensar. Quando temos um problema, cremos que, se nele pensarmos, encontraremos a
solução. Movidos por tal crença, disparamos a pensar sem parar e fortificamos várias
emoções negativas, tais como medo, preocupações etc. Os pensamentos em torno dos
problemas são obsessores.
É claro que há algumas situações nas quais devemos pensar de forma concentrada
para buscar soluções. O que estou asseverando é que não adianta debater-se
mentalmente contra o inevitável. Se um problema é definitivo e não possui solução,
não adianta pensarmos, melhor é desviarmos a mente.
Quanto mais nos ocupamos com um problema, mais ele se torna monstruoso. Por isso
é importante aprender a não pensar naquilo que nos preocupa. Se aquietamos a
mente, as emoções loucas se aquietam. Quando a agitação cessa, muitas vezes a
solução surge espontaneamente, depositada pelo Ser em nosso campo de consciência.
A capacidade de encontrar soluções é maior quando a mente está calma.
Se o pensamento for muito teimoso e insistente, temos que nos perguntar: Qual a
utilidade deste pensamento? Em que irá me ajudar? Então buscamos a resposta
sinceramente e descobriremos que o mesmo é inútil.
Mesmo que o mal venha e bata às portas, ainda assim não devemos nele pensar.
Temos que recebê-lo sem resistência, sem reações (psicologicamente falando).
Mesmo que o fim esteja acontecendo e a destruição nos esteja tragando, ainda assim,
pensar na mesma não irá melhorar a situação. Um verdadeiro adepto é capaz de
atravessar a morte sem ocupar-se mentalmente com a mesma, sem se identificar e
sem nela pensar.
O sofrimento está na resistência, em "ir contra". Quem aquieta sua mente e não
pensa, não resiste, recebe, contempla e não sofre.
Vigiar a mente
Vigie a mente. Vigiar a mente é prestar atenção na cabeça, nos pensamentos. Não
deixe que os pensamentos maus, sutis ou não, se instalem. Aprenda a concentrar os
pensamentos nas coisas boas. Pratique a concentração do pensamento e da atenção.
Contemplação na concentração
Ocupar a atenção com um objeto exterior é ocupar-se sensorialmente, uma vez que o
objeto é acessado pelos sentidos.
Podemos, ainda, nos ocuparmos com objetos internos, imaginais. Neste caso,
estaremos exercitando a supra-sensorialidade. Se vocalizo um mantram mentalmente,
estou exercitando a clariaudiência e a concentração. Se me concentro na imagem de
uma cachoeira, estou exercitando a clarividência, embora aí exista também um menor
emprego e ativação da clariaudiência. Em todo caso, contemplar uma imagem mental
é trazer à consciência informações sobre o objeto correspondente.
Quando um objeto fere nossos olhos físicos, sua correspondente contraparte interna
nos atinge supra-sensorialmente, criando uma imagem mental correspondente ao
mesmo. Ao fecharmos os olhos, podemos prosseguir concentrados na imagem
mental, desligando-nos dos sentidos físicos e apreendendo informações sobre a
mesma, informações antes inconscientes. Assim, contemplar uma imagem interna é
recebê-la supra-sensorialmente, compreendendo-a. A recepção compreensiva do
conteúdo de uma imagem pode ser facilmente conseguida quando se aprende a
observar as coisas discernindo em silêncio, sem o recurso da tagarelice interior.
Conclui-se, até aqui, que podemos observar objetos exteriores e interiores, fixos e
móveis, mutáveis ou imutáveis (cuja mutação não pode ser percebida na escala
espaço-temporal em que atua nossa consciência); que a partir da observação de um
objeto exterior, podemos fechar os olhos e prosseguir observando-o interiormente,
imaginativamente; e que a observação é um ato receptivo que pode ser realizado sob
silêncio mental.
Se fico pensando em mulheres, desfrutando deste prazer mental, terei ereções. Meu
órgão sexual entrará em atividade e começará a trabalhar, empregando suas
energias sem que haja necessidade real de e sem estar realizando um ato sexual
concreto e verdadeiro.Portanto, além do uso normal e cotidiano do aparelho sexual,
estarei forçando-o a entrar em atividade sem que haja necessidade, além da conta,
sobrecarregando-o. Estarei desrespeitando sua necessidade de repouso (se houver o
vício da masturbação, será ainda pior). Além disso, e para piorar tudo, estarei também
malgastando energias do centro intelectual, pois o estarei ocupando com tais
pensamentos. Resultado: ao faltar energia ao centro intelectual, porque o desgastei,
ele começará a roubar a energia do centro sexual, pois os pensamentos serão de tipo
erótico, e, ao faltar a energia ao centro sexual, porque igualmente o desgastei, ele
começará a usar a energia do centro intelectual, pois forcei sua atividade através do
pensamento.
Sempre que colocamos algum centro em atividade, estamos utilizando sua energia.
Após um certo tempo, esse centro dará sinais de cansaço e deve entrar em repouso.
Caso não seja posto em repouso, começará a usar a energia do centro que estiver mais
próximo, isto é, mais à mão. E o que estará mais à mão será aquele segundo centro
que estiver em atividade diretamente relacionada ao primeiro (se estou pensando em
sexo, ambos os centros estão em atividade interativa).
O ideal seria que os centros fossem usados somente até um nível que antecedesse ao
cansaço. Evitar o cansaço, a sensação de estresse no centro, é o ideal. Colocar em
repouso um centro após o uso, muito antes que o mesmo se estresse, evita o
falseamento de suas energias.
O que interessa é dissolver os egos para que os centros trabalhem menos e possam
descansar. Quem não morre em si mesmo, não dá uma trégua aos seus centros e
destrói sua máquina orgânica, apressa o envelhecimento.
No cotidiano, convém não fixar-se em uma só atividade por muito tempo. O ideal é
dar pausas: ler um pouco, depois caminhar, depois ouvir música, depois praticar
magia sexual, depois descansar, meditar, depois consertar a cerca quebrada, depois,
contemplar um quadro etc. A fixação em uma só atividade por muito tempo
desgastará e desequilibrirá os centros, nos deixando pesados ao invés de leves.
Portanto, foram explicadas aqui duas medidas a tomar para equilibrar os centros: a
morte do Ego e a meditação. A magia sexual, a terceira medida, não foi explicada
neste texto.
Até logo!
Quem realmente elimina um desejo, não necessita fingir para si mesmo que não o
tem.
Se o desejo morreu, não sinto nada. Se não sinto nada, o que bloquearei dentro de
mim?
Encarar um defeito de frente é deixar-se tocar conscientemente por ele sem temor
algum. Fugir de um defeito é tentar segurá-lo à força e baní-lo de modo que nos seja
impossível observá-lo e conhecê-lo.
O que nos leva a tentar banir um defeito de nossa presença, sem observá-lo e matá-
lo, é o medo de sermos possuídos e perdermos o controle. O que nos faz temer a
possessão e a perda do controle é o desconhecimento de que a consciência e o Ser
enfraquecem o defeito.
Não "force" as transformações, trabalhe corretamente e deixe que elas venham por si
mesmas.
O silêncio mental forçado não é verdadeiro. Lutar pelo falso silêncio é amarrar-se e
estancar-se com as próprias amarras que se teceu.
Tipos de estresse
O estresse e os centros
Os egos, com suas emoções inferiores, vão destruindo o corpo físico aos poucos,
desequilibrando os centros. A Morte do Ego é um meio de prolongarmos um pouco
mais nossa estadia na Terra. Quem vai corrigindo as emoções inferiores e retirando
os estressores emocionais de sua vida vai dando um alívio ao seu coração, o qual
pode trabalhar de forma cada vez mais leve. Isso é o que interessa: estar com o
coração leve.
Libertando-se do estresse
De nada adianta remediarmos os sintomas físicos de qualquer tipo de estresse se não
removemos suas causas. O remediamento dos sintomas é útil em casos emergenciais
mas não resolve o problema de forma definitiva. Enquanto as causas não forem
removidas, o estresse estará sendo alimentado. Quem quer curar-se do estresse, deve
remover as causas. Quem quer remover as causas do estresse, deve primeiro
identificá-las, descobri-las em sua vida. Identificamos as causas por meio da reflexão.
É muito útil termos um caderno para anotar as causas do nosso estresse. O que nos
deixa nervosos, ansiosos, irritados ou com medo? Quais são os excessos que estamos
cometendo?
Há alguns agentes estressores dos quais estamos conscientes e outros dos quais não
temos consciência alguma. Esses últimos ocasionam grandes prejuízos porque
exercem seus efeitos na sombra, sorrateiramente, e não podem ser removidos porque
não sabemos que estão lá. A lista tem a função de trazer à consciência os agentes
estressores inconscientes, para que possamos operar sobre eles.
Alguns elementos da lista podem ser removidos de nossa vida imediatamente, outros
podem ser diminuídos e outros necessitam ser interiormente resolvidos pela
compreensão e morte dos egos relacionados.
O estresse emocional é algo psicológico, interior. Um mesmo fato pode ser altamente
estressante para uma pessoa e altamente relaxante para outra (ex. andar na floresta,
entrar em um rio). Tudo depende do significado atribuído ao fato pela mente. Não
podemos alterar o significado das coisas à força, pela mera repressão ou esforço para
não sentirmos as emoções negativas.
Temos que afastar de nossa vida aquilo que causa estresse emocional. Estando
atentos em nós mesmos, podemos prever muitas situações de intenso estresse
emocional antes que aconteçam e evitá-las.
O equilíbrio dos centros requer que se tenha uma vida calma, desprovida de grandes
emoções e agitações.
Certos agentes estressores não podem ser evitados mas podem ser resignificados. A
resignificação de fato estressor é uma transformação psicológica, cujo primeiro passo
é a observação de si mesmo, com o intuito de identificar os elementos psíquicos que
se irritam, temem e sofrem. A morte dos “eus” que reagem diante das situações
estressantes é imprescindível. Paralelamente, temos que aprender a não nos
ocuparmos mentalmente com os problemas. Enquanto pensarmos em um problema,
estaremos aprisionados ao mesmo. O que importa é nos libertarmos dos problemas
interiormente. Quem está profundamente morto em si mesmo pode atravessar
furacões e tempestades sem ser perturbado porque não permite que sua mente pense
nas ameaças que o cercam, está interiormente livre do perigo.
Nosso tempo necessita ser bem aproveitado. Em nossa agenda, devem ter prioridade
a meditação, o descanso e o sono. Em segundo plano devem vir as obrigações
materiais fundamentais e indispensáveis, tais como o trabalho remunerado e outros
indispensáveis. Necessitamos, ainda, de tempo para o trabalho voluntário pela
humanidade e para o lazer. Logo, não nos sobra tempo para compromissos
caprichosos.
Organizando os compromissos
O estresse no desejo
Por incrível que pareça, o desejo extremo também provoca estresse. Quando estamos
prestes a satisfazer um desejo exageradamente intenso e brutal, o corpo manifesta
sinais de estresse. Um desejo ou uma alegria extremos nos deixa agitados. O ideal é o
equilibrio e a moderação.
Estresse e pensamento
Pelas razões expostas, é conveniente praticar a meditação todos os dias, várias vezes
por dia.
Conclusão
Se queremos nos libertar do estresse para equilibrar os centros, temos que praticar o
esquecimento, o despojamento, simplificar a vida ao máximo e limpá-la de emoções
inferiores e de pensamentos negativos.
Sobre os referenciais teóricos que adotamos
As obras dos mestres Samael e Rabolú são o nosso principal referencial teórico. No
entanto, convém fazer algumas aclarações.
Àqueles que apreciam os livros do V.M. Samael Aun Weor, alerto que há
adulterações e falsificações impiedosas em algumas de suas obras, feitas por pessoas
mal-intencionadas.
O livro "Tratado de Medicina Oculta e Magia Prática" possui duas versões, sendo que
as modificações da segunda versão, segundo o V.M. Rabolú, não foram introduzidas
pelo Mestre, como as editoras alegam. A segunda versão deste livro está repleta de
práticas de feitiçaria introduzidas por inimigos. A primeira versão, portanto, é a
correta.
Há também alguns livros nos quais o yagué (ayahuasca ou ayawasca) e o peyote são
citados em certas versões e excluídos em outras, conforme o gosto fanático do editor.
O livro "A Montanha de Juratena" é um exemplo. Muita atenção nesse aspecto.
Além das adulterações descaradas, há ainda o caso de obras compiladas cujas fontes
originais dos textos e os nomes dos organizadores não são citados, dando a entender
ao leitor que se trata de uma nova obra do Mestre. Na verdade, são simplesmente
textos retirados de outros livros de Samael e reunidos a gosto dos editores. O
exemplo mais gritante é o livro "As Partes do Ser" que contém retalhos de "A Pistis
Sophia Desvelada", " O Matrimônio Perfeito", "Sim há Inferno, Diabo e Karma"
entre outros livros. Os editores simplesmente recortam alguns trechos de outros
livros, juntam tudo e formam uma obra frankeinstein, enganando todo mundo. É claro
que eles não dizem isso pra ninguém, mas basta você ler vários livros para perceber
que os textos foram roubados.
Toda a obra do V.M. Samael Aun Weor é recomendada, desde que seja
verdadeira. Outros livros que podem ajudar são:
http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.pdf
http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.htm
Sivananda, outros livros:
http://www.dlshq.org/download/download.htm
http://www.reuniting.info/download/pdf/KarezzaEthics2fv.pdf
http://www.findthatfile.com/search-2712753-hPDF/download-documents-
malecontinencefv.pdf.htm
Além das obras citadas acima, há ainda muito mais, porém não tenho tempo agora de
citar todas. Citarei somente alguns autores e posteriormente acrescentarei mais:
Sócrates/Platão
Lobsang Rampa
Helena Blavatsky
Ane Besant
Rudolf Steiner
Charles Leadbeater
Eliphas Lévi
Arnold Krum Heller
Ouspensky
Gurdjieff
Milarepa (canções)
Tsong Kappa
Paracelso
Pitágoras
Concentração: prolongar e desligar-se
Se quisermos esquecer tudo o que existe, menos o lakhsia, temos que começar
pormantê-lo no campo da consciência e prolongar sua permanência. Uma pessoa
comum, destreinada, é capaz de inseri-lo no campo de consciência por breves
instantes, mas não é capaz de mantê-lo. O que queremos desenvolver é justamente a
capacidade de prolongar a permanência no lakhsia.
Temos que aprender a prolongar a atenção sem fazer força, o que requer a
compreensão de um trabalho psicológico qualitativamente específico e que não sou
capaz de descrever. Creio que não existem palavras para descrever o que seria manter
a atenção contínua sem estar preocupado em mantê-la. O que importa é prolongar,
prolongar e prolongar, de forma despreocupada.
Objetos abstratos são objetos puramente internos, psicológicos, e que não são
percebidos fisicamente, com os cinco sentidos externos. Dito de outra maneira,
são objetosimaginados ou pensamentos escolhidos. Escolhemos alguma coisa boa e
dignificante, que nos interesse muito, e começamos a pensar somente naquilo e em
mais nada. Deixamos que o pensamento se desenvolva sem se desviar e o
prolongamos ao máximo. Conforme o pensamento se prolonga, surgem múltiplas
imagens e cenas do objeto, em diversas situações e circunstâncias. Imagens e cenas
sobre o lakhsia são aceitas, imagens e cenas sobre outros assuntos são abandonadas.
Quando a mente se desvia, a focamos novamente. Assim, a concentração vai se
prolongando. As atenções periféricas dispersas vão sendo recolhidas e tudo o mais
vai sendo abandonado, esquecido. Concentrar-se é esquecer, abandonar, e é, ao
mesmo tempo, acordar para aquilo com que nos ocupamos. É como abrir um aspecto
da realidade com uma lupa, para conhecê-lo, estudá-lo e compreendê-lo mais e mais.
Quando andamos por uma cidade grande, ouvimos muitos sons altos e não notamos
certos detalhes sonoros sutis. Se nos concentramos em um som fraco e sutil
específico, começaremos a perceber detalhes antes não percebidos, nossa audição irá
se apurar. A concentração funciona como uma lente, que "abre" ou amplia um
aspecto qualquer da realidade para a consciência.
Se você ficar tenso para prolongar a atenção e mantê-la no objeto, irá logo desfocar-
se porque sua tensão terá se tornado sua maior preocupação. Até mesmo a
preocupação em não desviar-se deve ser abandonada. Quem se preocupa muito em se
concentrar acaba transformando essa preocupação em prioridade, em detrimento do
verdadeiro lakshia.
Se, em plena prática, ainda estivermos percebendo objetos e temas periféricos, isso
indica que a concentração ainda não atingiu o nível máximo esperado. Quando tudo o
mais for esquecido, então você estará plenamente concentrado. Estará insensível,
surdo e cego para o mundo, mas plenamente consciente do objeto que lhe interessa. E
poderá voltar a esta realidade a qualquer momento, bastando para isso querer. Se ficar
com medo ou preocupado com o seu retorno, voltará imediatamente. É um estado no
qual é difícil entrar mas do qual é muito fácil sair.
Você poderá sentir emoções intensas relacionadas com o lakhsia e isso é normal.
Portanto, prolongar e esquecer são dois pilares fundamentais da prática da
concentração.
interior
Após a satisfação do desejo, ele nos dá uma trégua e muitas vezes nos arrependemos.
Há, por assim dizer, um vácuo ou ruptura em sua manifestação. Uma vez alimentado,
o desejo se afasta temporariamente, somente para retornar com mais poder sobre nós
em seguida, pois colheu energia e se nutriu. A satisfação exige identificação e arraiga
fortemente o desejo em nossa personalidade, reforçando e criando sanskaras
(conjuntos de sinapses).
A trégua pós-satisfação nos permite conhecer, por um breve tempo, o que seria o
estado de tranquilidade na ausência do desejo. O desejo é uma perturbação que insiste
teimosamente e nos abandona após a satisfação, durante a meditação e também após
a morte do "eu" correspondente. Na ausência do desejo há paz e felicidade, sem
perturbação. Tal é o estado que buscamos alcançar e perpetuar. As pessoas buscam a
satisfação do desejo para se livrar do desassossego, pois o desejo incomoda, perturba.
A satisfação não é uma forma recomendável de nos livrarmos do problema, há outras
muito melhores. Experimentamos de forma positiva tal estado através da meditação e
o concretizamos definitivamente através da Morte Mística.
Se você olhar para si mesmo após a satisfação, verá que se encontra tranquilo em
relação ao desejo. Contudo, bastará um simples pensamento ou lembrança
relacionados com o objeto desejado para que o elemento psíquico comece a colher
força novamente. Sendo assim, o segredo para se manter em tal estado de liberdade
espiritual consiste em:
3. Sempre orar à Mãe Divina pela morte de cada detalhe psíquico descoberto.
Preservar o estado de liberdade interior é a meta. Não permitir que os pensamentos
criem força é imprescindível e também crucial. A queda do homem começou pelo
pensamento e seu resgate também deve começar por aí.
Os egos, sejam detalhes ou não, são criaturas mentais viventes. Quem suprime a
alimentação mas não pede a morte dos detalhes alimentadores, não irá longe, apenas
adiará um pouco suas manifestações. Quando não oramos à Mãe Divina pela Morte,
os detalhes continuam vivos e permanecem molestando.
Um simples pensamento poderá tirá-lo do estado de paz interior em que você talvez
se encontra agora. Você está na palma da mão do Buda e daí cairá por uma simples
lembrança, um simples pensamento.
A atuação do Ego pode ser comparada ao efeito borboleta: um simples bater de asas
pode provocar uma tempestade. Não permita que o inseto bata as asas. A cada vez
que o inseto bate as asas, uma tempestade de nutrição e criação de defeitos se forma.
Impeça-os de nascer, aborte-os. Vá direto ao ponto inicial, "de onde dependem todas
essas coisas" (V.M. Rabolú). Assim você preservará a paz interior.
Procedendo desta maneira, podemos nos firmar mais e mais no Ser, dimuindo
progressivamente o domínio dos egos. O Ser é o verdadeiro e legítimo Senhor do
corpo físico. O ser humano não foi feito para sofrer, mas sofre porque alimenta a dor
dentro de si mesmo.
As quedas e fracassos no trabalho não devem nos perturbar, devem apenas ser usadas
como indicadores do momento em que erramos. Os fracassos fazem parte do caminho
do sucesso e devem ser tomados com naturalidade, porém sem conformismos e nem
passividades.
Você prolongará o estado de paz interior e ausência de desejo se não permitir que os
pensamentos comecem a exauri-la.
Não devemos jamais entrar na frequência do Ego. Quem entra na frequência dos
desejos se torna incapaz de livrar-se dos seus resultados. Nesse sentido, há
necessidade de empenho e férrea determinação para resistir às identificações.
Há situações sem retorno, das quais não saímos sem que o ego tenha se alimentado,
fortificado e satisfeito. São situações irresistíveis, em que perdemos completamente o
controle de nós mesmos e nas quais o ego forçosamente se manifesta com todo o
vigor. Um luxurioso não resistirá à tentação de fornicar se entrar em um prostíbulo,
um viciado em jogos não resistirá à tentação de jogar se entrar em um cassino.
Enfrentar tais situações é o mesmo que atirar-se contra uma parede: você
inevitavelmente se arrebentará.
Todo ato que, de alguma forma, esteja relacionado a um defeito o fortifica. Temos
que vigiar os atos e corrigi-los, retirá-los, mediante a Morte em Marcha. Através da
fala, milhares de defeitos se fortificam; através dos movimentos (andar, gesticular,
deslocar-se), outros tantos; através dos pensamentos, outros mais. Em muitos casos,
somente o fato de percebermos determinados objetos acende o desejo. Se nos
entretemos ali, com o defeito evocado, estamos lhe fornecendo energia. Embora não
devamos reprimir e tenhamos que permitir que aflorem espontaneamente, não
devemos ficar passivos diante da manifestação, alheios à mesma, sem nada fazer.
Diante da mais tênue manifestação, temos que reagir imediatamente, não com
repressão, mas com oração pela Morte.
Morrer é descobrir e retirar da vida os atos que nos levam às situações sem volta, nas
quais o Ego fatalmente toma o inevitável controle. Deixar-se arrastar para tais
situações é agir equivocadamente. Melhor é aprender a agir bem antes e desviar o
caminho mediante a Morte em Marcha.
Se não sou capaz de olhar para uma mulher bonita sem sentir desejo, então por que
devo olhar? Melhor é não olhar e não percebê-la. E para não percebê-la, devo aplicar
a Morte em Marcha no impulso motor de dirigir o olhar para as partes mais
desejáveis do seu corpo.
Entre o Ego e o Ser temos que tomar uma posição definida. Temos obrigatoriamente
que nos definir: de que lado queremos ficar? Quem não se define e, mesmo assim,
tenta morrer, fica estancado por tempo indeterminado, talvez por toda a vida. Não é
possível morrer quando não nos enraizamos no Ser.
Estar definido pelo Ser é ser radical com tudo o que seja Ego, não deixando que nada
escape. O Ego é como uma praga: ressurge facilmente de qualque resíduo que seja
deixado.
Dentro de você há aquele que pensa, que fala sem parar, e aquele que observa.
Aquele, dentro de você, que observa é sua essência. Aquele que tagarela é sua mente.
Concentrar-se é esquecer: deixar para trás tudo o que não seja o lakshya, abandonar.
Concentre-se com leveza, sem fazer esforços para concentrar-se. Apenas toque
levemente os vários aspectos do tema. Não faça esforços para aprofundar a
concentração, deixe que o aprofundamento ocorra por si mesmo.
Se a concentração atrapalhar o sono, isso indica que o praticante está ansioso por
concentrar-se. A ansiedade por concentrar-se trava a prática.
Concentrar a atenção e concentrar o pensamento não são a mesma coisa, mas são
indissociáveis e intimamente relacionados. Não é possível concentrar o pensamento
se a atenção não estiver focada.
O observador silencioso (nossa alma ou essência) contempla aquilo que lhe interessa.
O observador silencioso recebe e compreende. Em silêncio, o observardor
contemplará o desenvolvimento do pensamento único, percebendo inclusive os sons
internos que possam acompanhá-lo.
Há uma diferença entre o fluxo mental que se esgota espontaneamente, dando lugar à
meditação, e o fluxo que é interrompido bruscamente sem ter sido esgotado.
Suponhamos que eu queira meditar na planta do bambu. O bambu será, então, o meu
lakshya. Começo a concentrar meus pensamentos no bambu e, dali há instantes, o
pensamento deixa de fluir, nada mais sobre o bambu me ocorre, mas também não
recebo nenhuma revelação e, para piorar, pensamentos alheios ao tema começam a
aparecer. Como eu daria um empurrão adicional à mente para que ela continuasse a
pensar no bambu?
O que importa, quando o asno empaca, é encontrar aquilo que ainda não foi cogitado,
aspectos do lakshya que ainda não foram imaginados, questionados ou pensados. O
passo do asno irá destravar quando descobrirmos algo novo sobre o tema. Qualquer
conteúdo ou aspecto que estiver intrinsecamente ligado ao bambu será válido e
poderá ser acolhido.
Caso as imagens do bambu estejam sendo visualizadas com certa nitidez, podemos
experimentar entrar em seus detalhes morfológicos como se o observássemos com
um microscópio. Escolhemos uma parte qualquer do bambu e tentamos "vê-la mais
de perto", isto é, ampliá-la, com o intuito de descobrirmos o que há ali, quando
observado a uma escala microscópica. Se a concentração estiver profunda,
poderemos ver pequenos canais por onde circula sua seiva, talves vejamos suas
células, partículas ou algo assim. Tudo isso imaginativamente.
Em fases mais profundas da concentração, pode ser que sintamos uma indefinível
sensação de podermos ir além do bambu para capturarmos algo que não conseguimos
definir o que é, mas que pressentimos estar "depois" ou "além" dele. Se não tivermos
medo, podemos transpor essa passagem e já estaremos no começo da meditação
propriamente dita. Estaremos então meditando de fato no bambu e muitas coisas
interessantes serão reveladas. As pessoas experientes permanecem por certo tempo
neste estado, mas os principiantes experimentam apenas "flashes" momentâneos, pois
retornam quase imediatamente após entrarem.
Os egos da luxúria não nos atacam logo após o orgasmo, porque o corpo está
descarregado e não dispõe de energia para sustentar os processos fisiológicos sexuais,
tais como excitação, ereção e outros. É algo similar ao que acontece com quem está
extremamente cansado por muito esforço físico: ele não conseguirá brigar com
ninguém.
Há uma contradição no sexo: quanto mais forte nos sentimos sexualmente, mais
assaltados somos pelo desejo e mais propensos a uma descarga energética estamos.
Esse processo pode ser comparado a encher uma vasilha com água: quanto mais
cheia, mais próxima de derramar. Quem transmuta sua energia evita que a vasilha se
encha.
Ficar passivo, sem nada fazer, enquanto o desejo se manifesta e se arraiga, é o mesmo
que auto-acorrentar-se para depois tentar se libertar.
Buscamos a Morte para não termos que satisfazer e nem reprimir. Não satisfaça e
nem reprima: descubra, suplique e esqueça. Não fique procurando os defeitos, deixe
que eles apareçam.
Transmutar a energia sexual é modificá-la, tornando-a mais leve, sutil e refinada. A
energia que não é transmutada é inevitavelmente ejaculada ou sofre uma deterioração
dentro do organismo.
*****
Tal fato demonstra a relação intrínseca entre desejo e esperma: ao perder o esperma,
esvai-se o desejo. Portanto, o desejo vincula-se estreitamente a presença do esperma
dentro do organismo do homem.
Sem o esperma, não há como acender o desejo. Uma mulher poderá lançar mão de
todos os recursos existentes e disponíveis para excitar um homem após o
esgotamento sexual, mas não terá sucesso. A excitação do homem não é possível ou é
muito fraca após o orgasmo, o que indica que o aparelho fisiológico sexual necessita
do combustível espermático para repetir suas façanhas.
Algum tempo após o orgasmo, o macho começa a sentir leves impulsos: começa a
sentir algo ao olhar para as fêmeas. Isso indica que a energia está sendo aos poucos
reposta. Tempos depois, estará novamente em ponto de bala: sentirá ereções e fortes
excitações sexuais, pois sua energia terá sido reposta. Neste ponto crítico, o homem
se deixa levar pelo desejo e repete o ciclo, caindo novamente na fornicação. Vivendo
neste círculo vicioso, o homem passa os seus dias, até a impotência sexual total.
Fica evidente, pelos fatos mencionados, que há alguma força especial no esperma,
alguma energia, algo que se perde com ejaculação. Esse algo é a força sexual ou
energia criadora. Quanto maior a quantidade de energia sexual, maior a intensidade
do impulso de relacionar-se sexualmente. O homem vive no círculo vicioso da
fornicação. A energia possui um caráter contraditório: quanto mais energia, maior o
vigor para exauri-la e enfraquecê-la.
Para sair do círculo vicioso, é necessário aprender a transmutar (redirecionar) a
energia sexual. A força sexual é altamente explosiva e de difícil condução, sendo
impossível simplesmente armazená-la. Quando tentamos armazenar a energia sexual,
ela simplesmente explode na forma de ejaculações involuntárias. Quem quer livrar-se
do vício da fornicação deve aprender a redirecionar a energia para dentro e para cima,
redistribuindo-a pelo corpo físico e pelos corpos internos. Isso se chama transmutar.
A energia ascenderá somente se for transformada. Caso não seja, não será possível
seu ascenso. Mediante a concentração e a meditação nas glândulas sexuais, a energia
se tornará mais leve, mais refinada e mais sutil (o que equivale a dizer que ela se
tornrá mais espiritual e menos animal). A energia em estado comum é bruta, densa e
pesada demais para subir, se comparada à energia transmutada. Apenas a energia
transmutada pode ascender pela coluna. A luxúria deixa a energia pesada e não
permite seu redirecionamento.
Os momentos em que estamos mais carregados com a energia bruta são os que
estamos mais expostos à sua perda. Sendo assim, quanto mais carregados estivermos,
mais intensamente deveremos trabalhar na Morte em Marcha.
Alguns dias após o orgasmo, o macho se sente forte, poderoso. Pilatos diz em sua
mente: "Tenho bastante energia agora, não haverá problema em perder só um
pouco..." e ele então lava suas mãos e não se sente culpado. Este é o momento crucial
para pularmos a oitava, por meio de um choque consciente adicional. Se
intensificamos a Morte e as práticas nesses momentos, damos um salto para outro
nível.
A mente flutua e se ocupa com vários assuntos de acordo com os desejos e emoções
que os mesmos proporcionam. Os pensamentos são acompanhados por emoções: ao
pensarmos em algo, sentiremos emoções correspondentes.
Quanto mais prazer ou emoção sentirmos ao pensarmos em algo, por mais tempo
pensaremos naquilo. Quando algo não nos dá prazer ou emoção alguma, torna-se
impossível pensarmos naquilo por tempo prolongado.
Um aluno não pensará profundamente e por longo tempo em uma matéria escolar
detestável. Ainda que seja obrigado àquilo, o fará de forma forçada e superficial.
Uma mulher não pensará em um homem que lhe pareça desinteressante ou sem graça
e jamais se apaixonará pelo infeliz.
Se você tem a porta aberta para as emoções negativas, sugiro que comece a cultivar
as emoções superiores de forma cada vez mais intensa e abandone as emoções
inferiores.
Quando elegemos um tema como lakshya, de nada adianta tentarmos nos concentrar
se não nos abrirmos para as emoções correspondentes. Quanto mais intensa for a
emoção que liberarmos, mais a mente se prenderá ao tema e nele pensará longamente,
esquecendo tudo o mais. Ao mesmo tempo, a visão espiritual e as emoções superiores
estarão sendo postas em atividade e se desenvolverão.
Nossa capacidade de sentir o superior está atrofiada. Passamos a vida gozando com o
que é baixo, infernal, tenebroso e negativo. O caminho para reverter esse quadro
nefasto é o cultivo do contrário. De nada adianta perder o tempo tentando reprimir as
emoções negativas, melhor é substituí-las pelas emoções superiores.
Em maya está a nossa fé: cremos cegamente que o mundo sensorial da matéria é a
verdadeira realidade. Vemos os mundos espirituais como vagas possibilidades ou,
quando muito, como mundos meio "vaporosos" ou "abstratos". Para a maior parte da
humanidade, espiritual é sinônimo de não-concreto. Por não termos experiência
direta com os outros mundos, duvidamos, no fundo, de que possam ser reais.
A idéia de que a energia seja matéria em outro estado é professada por muitos
intelectualmente, mas poucos a sentem profundamente no coração ao ponto de
realizarem prodígios. No fundo, desconfiamos que a energia seja menos real e menos
concreta que a matéria.
Não poderá amar a Deus quem está apaixonado pela matéria. Não deixará de estar
apaixonado pela matéria quem a considerar a essência da realidade.
Amar a Deus é amar Àquilo que temos de melhor dentro, de mais elevado, de
sublime, nosso próprio Espírito. Se o Espírito Divino do Homem emana de Deus,
então é óbvio que possui Sua mesma Natureza Divina. Os impulsos elevados provém
de Deus. Quem quer ser capaz de amar o Deus Universal e Cósmico, deve começar
aprendendo a amar o seu próprio Íntimo, que é o próprio Deus Cósmico dentro do ser
humano.
Há, no ser humano, assim como no resto da criação, um aspecto superior que é o
próprio Deus em manifestação. Temos que fazer uma opção: ou amamos o Ego e a
matéria ou amamos o Espírito. Do Ego provém os impulsos de satisfação sensorial e
o amor pela matéria. Do Espírito provém os impulsos de auto-superação, de elevação,
de crescimento espiritual, de unir-se à criação, de conhecer e viver nos céus, de
libertar a alma dos desejos, de libertar a humanidade do sofrimento. O Espírito
impele para cima e para s união com o Todo. O Ego impele para baixo e para a
separação do Todo. Acreditamos que somos diferentes dos demais seres por causa da
ilusão de separatividade projetada pelo Ego.
Alguns temas são facilmente penetráveis pela mente, enquanto outros são de difícil
penetração. Um tema facilmente penetrável é um tema no qual conseguimos pensar
com facilidade durante um certo tempo, sem esforço. A mente flui com facilidade
dentro do tema e seus vários aspectos vão se revelando progressivamente.
Infelizmente, a maioria dos temas facilmente penetráveis são ruins, negativos e nos
conduzem perigosamente a estados indesejáveis e prejudiciais. As fantasias sexuais
são um exemplo de tema facilmente penetrável porém destrutivo.
Por que alguns temas são facilmente penetráveis? Porque neles pensamos há bastante
tempo e deles gostamos. Quando estamos acostumados a pensar constantemente em
um tema, a mente flui com facilidade devido aos sanskaras criados. A mente pensa
com facilidade naquilo que está acostumada a pensar, mas empaca quando queremos
que pense em algo fora dos seus trilhos. Além disso, é mais fácil pensar
prolongadamente em um tema geral e amplo do que em um tema específico e
singular. Por exemplo: é mais fácil pensar demoradamente em múltiplas técnicas de
luta do que em uma certa luta específica de Yip Man. Quando pensamos em um tema
geral e amplo, os diversos subtemas surgem por associação e a mente flui dentro do
objeto com certa facilidade, por este não ser tão restrito.
Por outro lado, há temas de difícil penetração: são, normalmente, os temas com os
quais pouco nos ocupamos, que rejeitamos, que nos enfastiam, incomodam ou
irritam. Podem também ser temas muito singulares e específicos. Quando tentamos
nos concentrar, o fluxo de idéias rapidamente se esgota e experimentamos um fastio
irritante. Se tentarmos forçar as coisas, obrigando a mente a pensar, podemos adquirir
um pouco dor de cabeça. A dor de cabeça na concentração advém quando tentamos
arrebentar violentamente os sanskaras (condicionamentos mentais). O ideal é
descondicionar a mente gradativamente e não tentar fazê-lo com violência.
Após alguns poucos pensamentos, nada mais nos ocorre sobre o tema, mas muitos
pensamentos intrusos aparecem e nos desviam. A mente não silenciou de forma geral,
não esgotou o processo do pensar, simplesmente se recusou a pensar no que
havíamos escolhido. O asno está teimando: não quer pensar no assunto, mas pensa
em muitíssimas coisas inúteis que não interessam no momento. A mente deixa de
pensar no lakshya para pensar em outros temas, desviando-nos do objetivo. A mente
atira para todo lado e não se fixa em um alvo. Não será possível escapar da mente e
atingir o silêncio mental se antes não direcionarmos o fluxo dos pensamentos em uma
só direção.
Nesses casos, a pessoa nem sequer começa a se concentrar direito e logo já lhe faltam
conteúdos para prosseguir com a prática. A pessoa procura e procura, mas não lhe
ocorre nada mais além do que já é conhecido a respeito. De tanto repassar as mesmas
informações, o praticante termina desistindo e deixando a prática para depois. O
motivo: ele não tinha muito o que pensar a respeito do objeto escolhido e isso
facilitou a invasão por pensamentos intrusos.
Essa interrupção do fluxo mental nada tem a ver com o silêncio da mente, muito pelo
contrário, trata-se de uma teimosia do asno, que quer insistentemente pensar em
outras coisas. A mente não está em silêncio, somente se recusou a pensar no lakshya
para poder pensar em milhares de besteiras.
Para minimizar esta sabotagem específica do asno (de recusar-se a pensar no
lakshya), podemos nos valer dos seguintes meios:
3. escolher um tema concreto que seja amplo, como o oceano, o céu, uma floresta, os
Andes ou os Himalayas.
Temas concretos, amplos, familiares e/ou que nos interessem muito reduzem as
chances do asno recusar-se a neles pensar. São temas adequados para aqueles que
estão começando, cuja mente ainda não está disciplinada e pensa em demasia sobre o
que não interessa (a maioria de nós). O principiante deve começar com temas de fácil
penetração e, aos poucos, ir entrando em outros temas conforme seu poder de
concentração se desenvolva. É claro que o ideal é atingir um estado em que pensemos
pelo tempo que quisermos e sem esforço algum no Íntimo, no Atman, no Buddha, em
Cristo ou em Deus, mas não podemos chegar ao objetivo de uma vez. Enquanto isso,
nos contentemos em prolongar o pensamento nEles pelo tempo e com a profundidade
que conseguirmos.
A forma usual da mente pensar é subjetiva: ela pensa um pouco sobre cada coisa e
vai mudando de tema constantemente. O pensar profundo e direcionado é algo
incomum, ao qual a mente não está acostumada. A mente pensa superficialmente e
mariposeia sem parar. Parar em um tema para aprofundá-lo é algo novo e incomum
para a mente. Ao longo da vida, nos acostumamos com o pensar superficial e
subjetivo.
Entenda-se que por "pensar", neste texto, estou me referindo principalmente ao ato de
imaginar.
Assim como existe o êxtase espiritual sublime da alma, existe o transe obsessivo
infernal da mente. Se cultivarmos os maus pensamentos, eles nos conduzirão ao
abismo. Se cultivarmos o pensamento elevado, seremos conduzidos a vários céus. A
queda no mal é uma espécie de concentração, realizado ao contrário, para a
escuridão. Os vícios e falhas de caráter que todos temos são o resultado do cultivo
dos maus pensamentos. A mente é como um cavalo: pode nos conduzir em várias
direções. O que importa é aprender a pensar corretamente.
Um motivo pelo qual a mente se ocupa facilmente com o mal é a crença inconsciente
de que se pode atenuá-lo através de tal procedimento. A mente realmente acredita
que é necessário pensar nas coisas ruins para melhorá-las. Quanto mais pensarmos no
mal, mais afundaremos em pensamentos negativos.
A mente humana pode ser considerada como a substância ou matéria (manas) que
compõe os pensamentos e imaginações. Os conteúdos dos pensamentos são
adquiridos ao longo da vida, desde a infância. Isso significa que aquilo que se passa
em nossa cabeça é resultado de múltiplas e infinitas combinações de elementos
capturados sensorialmente e retidos na cabeça, sob a forma de representações.
Quem prestar atenção em seus próprios pensamentos perceberá que são constituídos
principalmente por imagens de tipo visual e por representações de tipo sonoro.
"Vemos" e "ouvimos" cenas e acontecimentos na tela da mente.
Algo similar acontece com os sons. Os sons que ouvimos na vida formarão
pensamentos "sonoros", sendo sua principal forma a tagarelice interior. Nas cenas
mentais, nós falamos e outras pessoas falam. A mente imagina milhares de situações
em que discursamos, discutimos, conversamos, perguntamos, brigamos etc. Tais
pensamentos usam o recurso do idioma (português, inglês, francês etc.) para se
processarem. Um latino-americano pensará em espanhol ou português. Um oriental
pensará em árabe, japonês, chinês ou sânscrito. O idioma aprendido desde a infância
serve como base para a tagarelice inútil da mente.
Além das tagarelices internas, merecem destaque as músicas insistentes que invadem
a mente e "ficam na cabeça". Às vezes tais músicas se repetem por dias a fio, sem dar
descanso. Tais músicas entraram na mente no momento em que as ouvimos e nos
identificamos. Em geral, são músicas que detestamos ou das quais gostamos muito.
Uma música pela qual nutrimos indiferença dificilmente se fixará na cabeça. Um bom
antídoto para o problema é ouvirmos os sons da natureza por um longo tempo,
deixando que impregnem a mente. Mantrans vocalizados por longo período também
costumam ajudar. O que importa é substituir os sons indesejáveis pelos desejáveis.
Os sons mentais são recordações de sons ouvidos ao longo da vida, sob múltiplas
combinações. O silêncio mental é a ausência de sons mentais. Um surdo de
nascimento não terá tagarelices interiores e nem ouvirá sons mentais, embora tenha
muitas representações mentais de conteúdos visuais.
O tema da concentração pode e deve ser algo bom que nos interesse: o Senhor Jesus,
o Senhor Buda, o Senhor Krishna, o sol, o céu. Podem também ser temas abstratos,
como a nossa origem e destino.
Neste universo fenomênico e relativo no qual vivemos, temos que pensar em coisas
boas ou então pensaremos em coisas ruins. No entanto, além dos bons pensamentos
da concentração, está o não-pensamento do samadhi. O não-pensamento autêntico é a
forma mais elevada de pensar que existe.
Concentração e compreensão
O ideal é que a imaginação consciente nos arrebate, nos arraste completamente, para
viajarmos em estado de lucidez. Nesse ínterim, o corpo físico deverá ser esquecido e
adormecerá. As coisas do mundo também deverão ser esquecidas. Concentrar-se é
dissociar-se de tudo o que não seja o lakshya. Concentração é esquecimento e
desligamento, é entrega (consciente).
Quem quer separar-se da mente, deve separar-se dos pensamentos. Quem quer
separar-se dos pensamentos, deve primeiro ligar-se a um único pensamento, para
depois descartá-lo. Ligar-se a um único pensamento é aprender a pensar em uma só
coisa e esquecer tudo o mais.
Quem não sabe concentrar a atenção não pode concentrar o pensamento, pois no
pensamento concentrado a atenção contínua está presente. É a atenção que denuncia
os desvios do tema. Se o praticante não está atento ao que está pensando, não se dá
conta dos desvios e viaja nos sonhos e fantasias subjetivos da mente.
Pode suceder que, ao prestar atenção, o praticante queira perceber algo mais do que
está de fato percebendo e faça imensos esforços (1) para "ver o que ainda não
consegue alcançar". O esforço articial para enxergar além das capacidades se
transforma na meta e toma o lugar do lakshya, travando o desenvolvimento. Portanto,
temos que trabalhar em nossa própria esfera atual de alcance, sem tentar dar pulos
forçados.
É comum que uma pessoa bem intencionada, mas ainda não bem preparada, faça
esforços adicionais para "concentrar-se mais". Tal erro se deve ao desconhecimento
do que é a verdadeira concentração. A pessoa ainda não compreende bem o que é
"concentrar-se" e julga que uma concentração intensa resulta de um esforço intenso.
Ao começar a concentrar-se, o pobre estudante faz esforços desesperados para
aumentar sua concentração e cria conflitos com a mente, ao invés de abandoná-la aos
poucos.
Ao pensar no lakshya, não procure "algo mais" a ser feito e nem esforços adicionais,
pois o necessário já está sendo feito: você está pensando no lakshya. Por quanto
tempo conseguirá pensar?
Procure simplesmente pensar no tema (de forma prolongada) e não ir além desse
empenho. Não queira ter visões, revelações e outras coisas esplendorosas. Esqueça-
as. Elas virão um dia, no seu devido momento. Deixe que venham. Não tente se
forçar a isso. Tente apenas prolongar o pensamento pelo máximo de tempo que
puder, sem desviá-lo. Ao concentrar-se em uma planta, por exemplo, não se preocupe
em ver sua fada, contente-se com o que é capaz de alcançar no momento e vá
aprofundando e aperfeiçoando sua prática dia após dia. Um dia a fada aparecerá.
Na prática espiritual, as tentativas de conseguir algo mais do que estamos
conseguindo podem assinalar uma espécie de artificialismo que nos impede de
receber e apreciar corretamente a realidade que alcançamos até o momento presente.
Uma espécie de cobiça espiritual (um defeito) nos motiva a ansiar pelo futuro ao
invés de trabalharmos e contemplarmos o presente. Trata-se do extremo oposto da
preguiça: o desejo de avançar rápido demais, por meio de passos maiores que nossas
pernas. Se, por um lado, o preguiçoso fica estancado pela inércia, o ansioso ficará
estancado por atrapalhar-se em suas próprias complicações. Eis a contradição: quem
quer andar rápido demais termina andando tão devagar quanto aquele que não se
empenha por preguiça. Aquele que escapar aos dois extremos, praticando bastante e
sem desespero, progredirá na maior velocidade que lhe for possível.
Portanto, sejamos simples e ativos, mas esqueçamos o tempo e não nos preocupemos
pelo que não conseguimos obter agora. Concentrar a mente é simplesmente pensar
em algo por tempo prolongado e mais nada. Concentrar a atenção é observar algo por
bastante tempo. Não inventemos artificialismos e nem complicações. Se praticarmos
bastante e de forma correta, os horizontes irão se expandir e aprofundar de forma
espantosa e rápida.
PS. Esse mesmo princípio, de ater-se ao que se está percebendo de fato e não ao que
poderia ser percebido, vale para as práticas de observação dos detalhes do Ego e de
observação da realidade circundante para se discernir em qual universo se está (se no
mundo físico ou no mundo astral).
Esse erro não é algo individual, está enraizado na própria cultura ocidental. Quase
todo ocidental relaciona os estados de alerta e concentração com tensões, apreensões
e esforços. A crença está enraizada subconscientemente e o resultado é que as
pessoas contraem músculos da cabeça, do pescoço, da face e dos olhos quando
querem concentrar o pensamento.
A capacidade da mente fluir já existe de forma prévia em todo ser humano, pois é
muito fácil pensar aleatoriamente, em bobagens inúteis, o dia inteiro. O problema é
que o fluxo mental, nas pessoas destreinadas, é aleatório e não direcionado. A mente
das pessoas é um asno teimoso que insiste em andar pelos seus próprios caminhos
inúteis ou então empaca. Temos que traçar um caminho (o lakshya) e conduzir os
passos do asno em tal direção. E nada disso requer tensão, conflito ou esforço, no
sentido usual desta última palavra. O que se requer é empenho, dedicação e
seriedade, o que é diferente.
Quando focalizamos a mente no lakshya, temos que sentir que o estamos fazendo de
forma agradável, confortável e leve. Se a leveza e o conforto desaparecem, temos que
recuperá-los imediatamente. A perda do conforto é um indicador de que está havendo
tensão e a concentração está começando a ser feita de maneira errônea. Na verdade, a
concentração mental verdadeira irá se aprofundar somente se a leveza e o conforto se
aprofundarem também. Portanto, a concentração é para promover um bem-estar
(ananda) e não um mal-estar. Quem fica tenso para se concentrar desenvolve dores de
cabeça e frustrações.
Se queremos abaixar as ondas cerebrais até theta ou delta, como conseguem os ioguis
e monjes do oriente, temos que aprofundar a descontração na concentração e chegar a
compreender que ambos são quase uma só coisa. Um dos segredos está em não se
preocupar com os possíveis desvios do lakshya. Caso os desvios ocorram, "algo"
dentro de nós irá nos alertar. Não nos preocupemos, pois, com esse problema e
esqueçamos tudo. A concentração não é possível sem desligamento.
A sexualidade animal é aquela que objetiva o orgasmo. Tal modalidade de sexo teve
sua função no passado, quando éramos somente animais. Hoje somos em parte
animais e semi-humanos, necessitando de uma sexualidade espiritual para nos
humanizarmos completamente.
Não há como suprimir o sexo de nossa natureza ou detê-lo. Quem quer a purificação
da alma, tem que direcionar seu erotismo para o alto, sublimando-o. O luxurioso e o
passional não são capazes de elevar a energia sexual, estão aprisionados na cadeia
dos impulsos violentos que arrastam para baixo.
Se queremos nos livrar do inferno da luxúria, temos que aprender a perceber o corpo
da mulher da forma mais espiritual possível. Temos que alcançar sentir no ato sexual
as mesmas emoções devocionais da oração intensa, transformando o ato sexual em
um ato religioso. Trata-se de uma inversão completa da sexualidade, um giro de 180
graus em direção oposta à sexualidade comum.
O sexo espiritual e puro que estou tentando descrever neste post não tem nada a ver
com o passionalismo romântico, o qual é egoísta e possessivo. Não há nenhum tipo
de orgasmo em tal modalidade de sexo. Há, ao contrário, um anti-orgasmo, que é o
êxtase espiritual da alma.
Os pontos acima servem como referenciais do que seria uma prática e conduta ideais,
mas nada do que tentei descrever acima será possível sem a Morte do Ego.
Nos dias atuais, não há quem não tenha um ou outro problema emocional. O coração
está sobrecarregado com emoções negativas e inferiores, emoções brutais e
destrutivas, que algumas vezes se manifestam de forma sutil e outras vezes de forma
grosseira.
Muitas pessoas sedentárias quase não utilizam o centro motor mas, em contrapartida,
desgastam o centro intelectual com pensamentos inúteis e o centro emocional com
emoções inferiores constantes.
O estresse está matando muitas pessoas e isso é a prova de que o coração humano
está sendo oprimido.
Quem quer o equilíbrio emocional, necessita retirar imediatamente de sua vida todos
os atos e fatos que alimentem o desequilíbrio. Isso implica em isolar-se das situações
estressantes após descobri-las, até onde se consiga. Reduzindo ao máximo as
situações estressantes inúteis em que costumamos nos meter, iremos adquirir
resistência para as situações estressantes inevitáveis da vida, àquelas que não podem
ser abandonadas. Somente quem reduz o estresse ao mínimo terá reservas de
hidrogênio para transmutação.
Uma noção clara do que são as emoções inferiores é muito importante. Quem não
tem o discernimento do que é uma emoção inferior, não tem a capacidade de
descobri-la em ação. O que são emoções inferiores? Todas as emoções dos egos,
todas emoções ligadas ao material, desvinculadas do espiritual. Emoções inferiores
são o oposto das emoções superiores. As emoções superiores são as emoções ligadas
ao Ser.
O equilibrista que passeia sobre a corda bamba nas alturas necessita imaginar-se
andando sobre uma linha desenhada no chão para sentir-se seguro ou,caso se imagine
em risco, cairá. Se o equilibrista tentasse não sentir medo mas ao mesmo tempo se
imaginasse sob risco,fracassaria. Se você, ou qualquer um de nós, tentar "ir contra"
uma emoção negativa.mas continuar nutrindo as imaginações mecânicas que a
sustentam, conseguirá apenas uma cisão interna, uma neurose, mas não se livrará da
emoção infernal. O elefante louco da emoção somente se aquieta se o centro
intelectual e os demais centros se aquietarem. As emoções obedecem ao fluxo
imaginativo: se eu me imaginar em risco, sentirei medo; se imaginar que algo é
urgente, sentirei pressa; se imaginar que sou inferior às pessoas, sentirei vergonha; se
imaginar que uma mulher proporciona mil prazeres ocultos, sentirei desejo e assim
por diante. Podemos perder uma existência inteira lutando em vão pela Morte do Ego
simplesmente por nos imaginarmos incapazes de realizá-la. Temos que transformar
os fluxos imaginativos mecânicos através da imaginação consciente. Ao invés de
digladiar-se com a teimosa imaginação mecânica, substitua-a pela imaginação
consciente.
Os níveis de excitação
A cultura atual é marcada pelo cultivo da excitação intensa e violenta. Todos vivem
excitados em níveis extremos e se tornam desequilibrados. Em todos os lugares
vemos o apelo para a excitação extrema. Só faltam cartazes com os dizeres: "excite-
se ao máximo".
A Morte do Ego e a meditação são, entre outras coisas, formas de reduzir os níveis de
excitação. Obviamente, um nível mínimo é necessário para a sobrevivência do corpo
físico, mas tal nível não será determinado pelo Ego.
A melhor parte do ato sexual é aquela em que estamos dentro da mulher mas ainda
distantes do orgasmo. Podemos nos manter em tal fase e prolongá-la quando
refreamos a empolgação, o entusiasmo e a excitação, o que é possível por meio do
controle da mente. É a mente que dispara a ejaculação, através da excitação
progressiva que culmina em estados de entusiasmo e empolgação incontroláveis.
A transmutação, e não os esforços para levar uma vida assexuada, é o antídoto para a
luxúria,a promiscuidade e a depravação compulsivas. Mas a transmutação não
ocorrerá se não houver uma mudança na mente.
Quem não observa a si mesmo, não percebe quando se identifica, não vê quando se
altera e nem se dá conta das manifestações que vão ocorrendo. Esquecido de si
mesmo, o pobre adormecido vegeta, sem ter consciência alguma dos processos
psicológicos que lhe acometem, somente percebendo os frutos desastrosos da atuação
do Ego, quando os desastres já estão consumados.
Observar a si mesmo não é ficar recordando dos defeitos, pensando nos erros,
procurando os desejos a toda hora. Não é ficar correndo atrás do Ego, ainda que com
a boa intenção de compreendê-lo. Quem fica correndo atrás do Ego perde sua
existência.
Não corra atrás do Ego, deixe que ele venha até você e esqueça-o quando não estiver
aparecendo. Não se preocupe, ele surgirá no seu devido tempo. Aprenda a olhar para
si mesmo sem se recordar do mal. Preste atenção no presente, no que está fazendo
aqui e agora, e se esqueça de tudo o mais. Em tal estado receptivo, você perceberá
quando algum defeito invadir sua personalidade, estará consciente e poderá colocar a
Morte em Marcha em ação. Um dos erros que nós cometemos no passado, quando
estávamos na Nova Ordem, foi nos ocuparmos com o Ego em tempo integral, motivo
pelo qual não morremos. Fomos vítimas da crença errônea de que deveríamos correr
atrás do Ego para eliminá-lo e compreendê-lo.
Ocupar-se com os desejos é uma forma de fortalecê-los. Não se ocupe com as coisas
feias e erradas que você fez ou faz, esqueça-as. Apénas observe-se no presente, o Ser
proverá o resto.
O que buscamos é penetrar na realidade do Ego por meio da observação direta do que
acontece no presente e não por meio de elocubrações teóricas e imaginações
absurdas. Queremos enxergar a realidade concreta dos egos e isso não é possível fora
do terreno observacional do presente. Você não pode ver o Ego ontem, amanhã, lá ou
acolá, somente agora e aqui.
Temos que aprender a lidar com a mente. Há duas formas de lidarmos com a mente,
as quais devem ser conjugadas em nossa vida: a meditação e a Morte do Ego. Não
podemos negligenciar nenhuma das duas.
Temos que meditar várias vezes por dia, o mais que pudermos, para que a mente
fique domada. Ao mesmo tempo, fora das sessões de meditação, temos que eliminar
os funcionamentos mentais viciosos (sanskaras) pela Morte em Marcha. Na
meditação, escapamos dos sanskaras temporariamente e nos fixamos na Essência. Na
Morte em Marcha, os dissolvemos.
Um simples pensamento é suficiente para desencadear toda uma avalanche de desejos
e emoções dos quais não seremos capazes de nos livrar. Melhor é não dar o primeiro
passo, evitando entrar na "masmorra da identificação".
Quem medita muito e pratica a Morte em Marcha, mantém sua mente ocupada e não
dá espaço para pensamentos invasivos. Em momentos de desespero e intensa
tentação, busquemos o vazio mental e o silêncio interior.
Não é possível desejar aquilo cuja existência jamais foi sequer cogitada. Essa é a
felicidade dos inocentes.
Há uma diferença entre a felicidade daquele que nunca conheceu o mal e a felicidade
daquele que experimentou o mal e o superou.
Uma coisa é não desejar algo cuja existência nem sequer suspeitamos, outra coisa é
não desejar aquilo cuja existência já nos é conhecida.
O mal não existe para os Budhas e os seres vitoriosos. Tais seres vivem sintonizados
com frequências altíssimas, fora do alcance do mal sob todas as suas formas. O mal
existe para as almas que com ele se sintonizam, por bom grado ou à força. Para a
nossa infelicidade, o Ego nos aprisionou nas frequências malignas, vibramos em
sintonia com o mal, queiramos ou não.
Quanto mais nos ocupamos com o mal, mais força lhe damos. O mal existe para que
tomemos consciência de sua existência, nos ocupemos com ele e o abandonemos em
seguida, de forma voluntária e intencional. O mal existe para ser abandonado
conscientemente, para ser voluntariamente deixado para trás. Os esforços que
fazemos para reprimir o mal no mundo o alimentam e o mantem vivo, torturando a
humanidade.
As almas que se debatem contra o desejo, lutando pela libertação, ainda não
compreenderam que o estão nutrindo por esta via. O desejo morre somente quando
não é mais alimentado. De nada adianta a alma gritar, clamar, chorar, debater-se,
sofrer e lutar se, ao mesmo tempo, continua ocupada com o mal, alimentando-o. A
alma que pensa, fala e protesta contra aquilo que a oprime está se aprisionando ainda
mais.
As almas que se libertam do desejo são aquelas que renunciam completamente ao
mundo, a todos os objetos sensíveis que evocam lembranças e pensamentos,
acendendo dentro dela a chama das paixões. Libertar-se de um desejo não é possível
quando não abrimos mão das formas sensíveis que o acordam e o nutrem. Enquanto o
objeto evocador do desejo existir para mim, isto é, enquanto houver identificação
minha com o objeto, enquanto eu o aprisionar em minha consciência, continuarei a
desejá-lo, para deixar de desejá-lo, o mesmo não deve mais existir para mim.
Desejamos por não compreender o mal que o desejo ocasiona. O desejo entorpece,
confunde, engana.
O mal do qual temos que nos libertar possui dois aspectos: o interior e o exterior.
Interiormente, o mal é o desejo, sob todas as suas formas. Exteriormente, o mal são
os objetos sensíveis que evocam o desejo.
A alma que, uma e outra vez, cai em tentação, sofre tais derrotas porque, sem se dar
conta, continua dando vida ao desejo dentro de si. Inconscientemente, aprisionamos
os objetos do desejo dentro de nossa mente, não os largamos. Somente tomando
consciência de tal erro é que alcançamos nos libertar. Daí a auto-observação. Dito de
outra maneira: não permitimos que aquilo que provoca o desejo, o sofrimento e a dor
deixem de existir para nós, mas não nos damos conta do erro. Cometemos o erro sem
saber que o estamos cometendo. Acreditamos estar fazendo tudo corretamente e, no
entanto, estamos fortificando as grades de nossa prisão, a mesma prisão contra a qual
nos debatemos em vão tentando escapar.
1. Não nos distrairmos prestando atenção ou pensando nos milhares de defeitos que
temos mas sim nos mantermos atentos ao que estamos fazendo no momento;
2. Nunca "passar para o outro lado da margem", ou seja, nunca nos identificarmos
com um desejo;
3. Não perder o tempo prestando atenção e/ou nos distraindo com os objetos que
provocam desejo ou perturbação.
Portanto, temos que evitar o processo de identificação com os defeitos a todo custo.
Identificar-se com um desejo é como passar para o outro lado da margem de um rio e
transformar-se em algo completamente diferente. Quando você está identificado,
você se torna outro.
Para não passar para o outro lado, temos que vigiar nossa conduta e deter as
manifestações diminutas do desejo antes que cresçam. Quando as manifestações
crescem, tomam conta do veículo físico e o comandam. Não basta somente resistir à
identificação, é preciso evocar o poder superior da Mãe Divina e aplicar a Morte em
Marcha.
Existem egos visíveis e egos ocultos. Há uma parte de nós que enxergamos e da qual
temos consciência, porém há outras partes do Eu que não alcançamos enxergar e nem
sequer suspeitamos que existem. Apesar de não serem percebidas conscientemente, a
parte oculta do Ego está ativa, atua. O ego oculto atua na escuridão, sem ser visto, e
em várias dimensões, não somente no mundo físico. Portanto, temos defeitos que
atuam no mundo físico, nos centros da máquina, sem que o saibamos. São muitos os
pensamentos, emoções, movimentos e ações que temos mas desconhecemos. Não
percebemos a totalidade do que somos e do fazemos neste mundo e nem, muito
menos, nos mundos paralelos.
Não estamos conscientes da maior parte dos nossos defeitos, mas tal inconsciência
não os impede de atuar livremente, de se alimentarem e colherem energia. Estamos
constantemente criando e alimentando defeitos sem nos darmos conta.
A alimentação dos egos acontece por meio da identificação (fascinação). A
identificação ocorre por via sensorial e extra-sensorial. Quando contemplamos
fisicamente um objeto de desejo, estamos alimentando o desejo por via sensorial.
Quando contemplamos mentalmente um objeto de desejo, estamos fortificando o
desejo por via extra-sensorial (a extra-sensorialidade existe de forma germinal em
todos os seres humanos).
Perceber o objeto de desejo é alimentar o desejo, perceber o objeto do ódio é
alimentar o ódio, perceber o objeto do medo é alimentar o medo.
Quando se tem o Ego vivo, não é possível olhar para uma linda mulher desejável sem
desejá-la, não é possível olhar para o inimigo sem detestá-lo, não é possível olhar
para o perigo sem sentir medo. Similarmente, não é possível pensar em tais objetos
sem sentir as emoções correspondentes. Quem tenta eliminar os defeitos sem
renunciar aos pensamentos que lhes correspondem, está se partindo, se despedaçando
interiormente, pois fortifica o inimigo e ao mesmo tempo faz esforços para matá-lo.
A pessoa, em tal caso, faz dois esforços contrários, que se anulam: esforço para matar
e esforço para dar vida. A infeliz pessoa girará em círculos por tempo indefinido, a
não ser que se dê conta do equívoco e se defina em uma única direção, em um único
objetivo.
O ginásio psicológico é faca de dois gumes: pode ser usado para enfraquecer os
defeitos ou para fortificá-los. Quem se identifica, fortifica.
Quando olhamos para nós mesmos e não vemos defeito algum, isso não significa que
os egos não estejam atuando ou que a Morte tenha terminado, significa somente que
os defeitos estão agindo fora do alcance de nossa consciência.
A auto-observação é para descobrir o novo. Controlar os sentidos, deixar de perceber
os objetos que provocam emoções negativas, não é renunciar ao novo, não é
esconder-se e nem enganar-se. É resolver um problema para ocupar-se com outros
problemas que virão a ser detectados, pois há outras atuações do sentidos a serem
descobertas. Aí reside um equívoco, pois muitas pessoas imaginam que devem
cultivar a percepção dos objetos do desejo para descobrir os egos que evocam. Na
verdade, tal cultivo prende a pessoa em um círculo vicioso, no qual ela fortifica os
egos ao mesmo tempo em que tenta observá-los e compreendê-los. Se não
resolvemos os problemas atuais, não podemos nos ocupar com problemas futuros.
A crença de que podemos "olhar sem nos identificarmos" com os objetos que
desejamos é absurda. Se desejamos e olhamos, nos identificamos, obrigatoriamente.
Somente quem está realmente morto pode olhar sem identificar-se. Quem está vivo,
forçosamente se identifica.
Não contemple o objeto dos desejos fisicamente e nem mentalmente. Ainda que
contemplemos o objeto dos desejos com os olhos físicos, o estaremos fazendo através
de alguma forma mental.
O prisma do desejo é como uma lente colorida: se olhamos o mundo com uma lente
vermelha ou azul, as cores dos objetos mudam. Sob a lente da luxúria, o mundo se
torna repleto de erotismo e sensualidade, cada mulher passando a ser avaliada
segundo seu potencial para o sexo. As mulheres se dividem entre as sexualmente
desejáveis e as indesejáveis. O luxurioso não enxerga mais nada na vida. A Morte do
Ego, no entanto, reverte tal situação miserável.
Em quarto lugar, aplique a Morte em Marcha no ego teimoso que está emitindo o
pensamento intruso.
Se nada disso funcionar, deixe sua prática por um instante e a retome dali há pouco.
Quem nunca tomou consciência da existência de algo desejável, não pode desejá-lo.
Quem toma consciência da existência de algo desejável, passa a desejá-lo. Quem
renuncia voluntariamente à percepção dos objetos de desejo, após ter consciência da
existência dos mesmos, volta a não desejá-los mais. Há, portanto, três estágios no
desenvolvimento da alma:
Uma é a felicidade dos seres inocentes, que nunca se deram conta ou não
compreendem a existência dos objetos de desejo. Outra é a felicidade daqueles que
sofreram desejando os objetos mas conseguiram esquecê-los, renunciando aos
mesmos. Tormentosa é a existência daqueles que estão na fase intermediária,
percebendo os objetos e os desejando continuamente, afogando sua consciência na
embriaguês da matéria.
Quem nunca viu ouro ou jóias, não poderia desejá-los. As crianças não desejam
dinheiro, porque neles não pensam e não “entendem” o seu valor. Alguém que tenha
contato com ouro ou jóias, passará a entender, com o tempo, que os seres humanos os
valorizam em demasia, desenvolverá um entendimento enviesado ou distorcido a
respeito e então irá desejá-los. Porém, se tal pessoa decide aprofundar a compreensão
a respeito do desejo que sente e, por extensão, do verdadeiro ou essencial valor do
ouro e das jóias, chegará a compreender que o valor atribuído aos mesmos é tão
somente uma ilusória criação mental, ou seja, o valor não existe objetivamente,
somente subjetivamente (as pessoas o inventaram). Caso tal pessoa se divorcie do
ouro e das jóias, os abandone, esqueça e deixe de percebê-los, estará, de certo modo e
em um certo sentido, retornando ao estado inicial de desconhecimento. Após a
compreensão, a pessoa estará “desconhecendo intencionalmente” o objeto de desejo.
Para tanto, a pessoa terá que deixar de ocupar-se fisica e mentalmente com aquilo.
Mas se aquele que percebe que deseja as jóias, ao vê-las, as continua contemplando
após tê-lo compreendido, estará, a partir deste ponto, alimentando seu desejo ao invés
de enfraquecendo, por uma simples razão: o desejo se nutre pela fascinação,
intencional ou não. Estejamos ou não conscientes da fascinação, ela alimentará os
desejos e os reforçará. Este é o motivo pelo qual aqueles que se entretém fascinando-
se pelo que desejam jamais se libertam. Temos que descobrir os processos
fascinatórios inconscientes e interrompê-los, caso queiramos nos libertar.
Temos que saber como nos relacionar com as coisas desejáveis da Terra. Podemos
usá-las para tomarmos consciência de que as desejamos, mas também podemos, caso
nos relacionemos equivocadamente, usá-las para nos prejudicarmos, alimentando os
desejos que elas provocam e nos afundando cada vez mais no lodo da miséria
espiritual.
O que se passa é que um certo fato exterior qualquer do mundo físico que provoca
um dado desejo serve para que o mesmo desejo seja descoberto em plena ação. O
mérito das almas vitoriosas consiste justamente em não se identificar com tais fatos
mesmo que estejam se dando a seu redor a pleno vapor. Por esta via, as almas
vitoriosas alcançaram uma pureza semelhante à das almas inocentes, com a diferença
de que isto foi conquistado de forma consciente, intencional e voluntária. As almas
vitoriosas são crianças porque querem sê-lo.
Não podemos explorar o Ego senão através dos fatos que nos acontecem, nos
acometem e nos ferem. Não é possível explorar o Ego através de teorizações,
conjeturando a respeito do que somos ou sentimos. Temos que vê-lo em ação e tal
percepção é possível exclusivamente em contato com os fatos da vida, do mundo
exterior. É algo muito interessante: temos que aprender a nos isolar dos fatos do
mundo, mesmo estando eles acontecendo ao nosso redor, e fazemos isso após
percebermos as reações que provocam em nós. Se você percebeu que sua vizinha está
dançando de calcinhas na laje, melhor é não ficar espiando porque senão ficará
tomado por um desejo desesperador, se você percebeu que a carta ou mensagem
enviada por alguém é negativa e malcriada, melhor é não abri-la e jogá-la na lixeira
ou então ler somente as primeiras linhas para se certificar de que se trata de algo
prejudicial. Assim vamos cortando os canais de alimentação dos desejos. Tudo isso, é
claro, tem que ser realizado através da Morte em Marcha.
O que estamos aqui descrevendo vale para todos os tipos desejo, todos os tipos de
defeitos, emoções inferiores ou negativas. Quem teme ser assassinado e fica
contemplando assassinatos, seja em filmes ou livros, está alimentando o seu medo.
Quem teme fantasmas e assiste a filmes de terror, ficará ainda mais atemorizado.
Aquele que alimenta um defeito, torna-se incapaz de libertar-se do mesmo.
O segredo, a chave da Morte, está no processo de nutrição dos egos. É o que diz
aquele conto indígena dos dois cachorros em conflito que existem dentro do ser
humano. Qual dos dois cães irá ganhar a luta? Aquele que alimentarmos.
Tenho medo de não estar sendo claro. O que quero transmitir neste texto é a
necessidade de tomarmos consciência dos fatos físicos para, em seguida, nos
isolarmos (psicologicamente) dos mesmos e não para nos fascinarmos ainda mais.
Quero que compreendam que os mesmos fatos que servem para descobrir os defeitos
podem servir para alimentá-los. Temos que saber usar esses fatos em nosso favor e
não contra nós. Quero que compreendam que os fatos da vida são facas de dois
gumes, podem servir para o nosso bem ou para o nosso mal, são males necessários.
Não devemos fugir deles, nos isolando para sempre nas montanhas ou em cavernas, e
nem tampouco mergulhar nos mesmos. Quem mergulha nos fatos da vida se afoga e é
arrastado por suas correntezas. Os fatos da vida constituem um ginásio psicológico
mas também uma porta para o abismo, tudo depende do modo como nos
relacionamos.
Imaginação e emoção
Quando uma pessoa faz ameaças diretas a outra, o faz com o intuito de ferir sua
imaginação, induzindo-a a imaginar-se em perigo. Se a imaginação da vítima for
ferida como deseja o agressor, ela sentirá medo, ficará intimidada e retrocederá.
Quando um homem exibe um carrão ou sinais de riquezas e poder para uma linda
mulher, o faz com o intuito de ferir-lhe a imaginação, induzindo-a a imaginar que ele
pode lhe dar conforto, segurança e proteção sem fim.
A emoção é rápida como um tiro, mas a imaginação é a mão que direciona o cano da
arma. A mente não é mais rápida que a emoção, mas é o fator que a direciona. E não
podemos controlar a mente entrando em conflito com os maus pensamentos e más
imaginações, mas sim reforçando os seus contrários. Somente deixarei de pensar em
um perigo se preencher minha mente com pensamentos e imaginações de segurança.
A concentração serve para preencher a mente com os pensamentos que queremos,
redirecionando a imaginação. Ao imaginarmos algo em um rumo que desejamos,
modificamos o funcionamento mental (sanskaras) e alteramos as emoções.
Uma pessoa que sofra cronicamente com emoções ruins deverá procurar, dentro de si,
as imaginações e pensamentos que as provocam.
http://www.youtube.com/watch?v=G1PFFnBQsP0
Dinheiro e posses também são enganadores; então se eu os tenho, dou para os outros.
Coisas do mundo externo são todas ilusões; a mente interna é a que observo.
Livros escritos em tinta preta são todos enganadores; apenas medito no âmago das
instruções da Linhagem Sussurrada.
Palavras e dizeres também são enganadores; calmo, descanso minha mente no estado
sem esforço.
Nascimento e morte são ambos ilusões; observo somente a verdade do Não Elevar.
Rechungpa pensou:
'Meu Guru é o próprio Buda, não há idéia ilusória em sua mente. Mas, por minha
incapacidade de devoção e também a dos outros, ele cantou para mim, esta canção.'
E Rechungpa cantou em resposta para explicar ao seu guru sua compreensão sobre o
ensinamento da visão, prática e ação:
'Ouça-me, por favor Pai Guru, minha mente escura é cheia de ignorância, segure-me
com a corda de sua compaixão.
Sonolento e distraído a toda hora, alegria e Iluminação ainda não são minhas e assim
não conquistei todo o apego.
Fui incapaz de afastar todos feitos de fraude e observar os preceitos tântricos sem
falha, ainda não conquistei todas as tentações.
A distinção ilusória entre o Samsara (ciclo da reencarnação) e o Nirvana (Felicidade
Eterna) ainda não percebi na própria mente do Buda, então ainda tenho que encontrar
meu caminho ao Darmakhaya.
Não fui capaz de equalizar esperança com medo e a minha própria face para
contemplar, então ainda tenho que ganhar os Quatro Corpos de Buda.
Assim Milarepa, mandou sua Graça compassiva para abençoar Rechungpa e disse a
ele, fingindo:
'OH, Rechungpa, você tem mais conhecimento e experiências que aqueles que acabou
de me contar. Não deveria esconder nada de mim. Seja franco e cândido.'
Quando Milarepa disse isto, Rechungpa se tornou iluminado e ele cantou as 'Sete
Descobertas'.
'Através da Graça do meu pai guru, o sagrado Jetsün, agora percebi a Verdade nas
Sete Descobertas.
Em manifestações, descobri o Vazio, agora não tenho pensamento de que nada exista.
'Sua experiência e compreensão estão próximos da real iluminação, mas ainda não
são o mesmo. Experiência Real e compreensão verdadeira deveriam ser assim; e ele
cantou 'Os Oito Reinos Supremos':
Canção dos Oito Reinos Supremos
'Aquele que vê que o mundo e o vazio são o mesmo, alcançou o reino da Verdadeira
Visão.
Aquele que não sente diferença entre sonho e despertar, ele alcançou o Reino da
Verdadeira Prática.
Aquele que não sente diferença entre Alegria e Vazio, atingiu o Reino da
Verdadeira Ação.
Aquele que não sente diferença entre 'agora' e 'depois', atingiu o Reino da Realidade.
Aquele que não vê que a mente e o vazio são o mesmo, atingiu o Reino de
Dharmakaya.
Aquele que não sente diferença entre dor e prazer, atingiu o reino do Verdadeiro
Ensinamento.
Aquele que vê como a própria mente e o Buda são semelhantes, alcançou o Reino da
Verdadeira Realização.'
Além de toda a apreensão está a Não Existência agora. Da visão esta é minha firme
convicção.
No Bardo do Vazio e da Alegria não há objeto no qual a mente possa meditar, então
não preciso praticar a concentração.
Descanso minha mente sem distração no estado natural. Esta é minha compreensão
da Prática.
Não me sinto mais envergonhado diante dos amigos iluminados. No Bardo, com
luxúria e sem luxúria, eu não vejo felicidade samsárica, e então, não sou mais um
hipócrita, eu não encontrei má companhia alguma.
Tudo o que eu vejo diante de mim tomo como minha companhia. Esta é minha
convicção na ação.
Não sinto mais vergonha diante de um encontro de grandes yogues. Entre vícios e
virtudes, não discrimino mais; os puros e impuros são agora para mim iguais.
Assim eu nunca devo ser falso ou pretensioso. Agora conquistei totalmente a maestria
da Auto-Mente. Esta e minha compreensão de Moralidade.
Não sinto mais vergonha diante da assembléia dos Santos. No reino recém descoberto
do Samsara e Nirvana, seres senscientes e os Budas são para mim o mesmo.
Então, não espero e nem anseio pela qualidade de Buda. Neste momento, todo o meu
sofrimento tornou-se um prazer. Esta é minha compreensão de iluminação.
Não sinto mais vergonha diante dos seres iluminados. Tendo me libertado das
palavras e significados, não falo mais a linguagem de todos os estudiosos.
Não tenho mais dúvidas em minha mente. O Universo e todas as suas formas agora
não aparecem senão como o Dharmakaya. Esta é a convicção a que cheguei.
Eu não gosto do discípulo que fala demais; a prática real é muito mais importante.
Até a completa realização da Verdade ser obtida, ele deve fechar sua boca e trabalhar
em sua meditação. Meu Guru, Marpa, disse para mim: Não importa o quanto e se
alguém sabe grande coisa sobre Sutras e Tantras. É preciso não apenas seguir as
palavras e livros, mas a pessoa deve fechar sua boca, seguir sem erro as instruções
verbais de seu guru e meditar. Assim, você deve também seguir seu conselho, não
esquecendo e colocando-o em prática. Se você puder deixar todos os assuntos
samsáricos para trás, os grandes méritos e realizações serão todos seus.'
Rechungpa replicou:
'Querido Jetsün, por favor seja bom o bastante para dizer o que Marpa disse.
Ele disse: Aquele que não purifica seus pecados com os quatro poderes, estará atado a
vagar no Samsara.
Aquele que, com diligência, não acumula mérito, nunca ganhará a Benção da
Liberação.
Aquele que não refreia cometer os Dez Males está atado a sofrer as dores junto ao
Caminho.
Se você gostou, pode assistir também outros vídeos onde Milarepa compartilha seu
conhecimento.
http://www.youtube.com/watch?v=w7RLNBFKiPw&feature=relmfu
http://suprememastertv.com/pt/bmd/?wr_id=763&url=link1_2&page=4#v
Boa reflexão.
Compreender o caráter ilusório dos elementos que nos rodeiam, do mundo em que
vivemos e daquilo que desejamos ou tememos é compreender que os mesmos não
passam de formas mentais criadas pela mente, desprovidas de realidade. São artifícios
que não existem em si mesmos. A essência de um pássaro não é o que vemos, assim
como não o é a essência de um belo carro ou de uma linda mulher. As características
que percebemos nas coisas são atribuídas por nossa mente. Uma mulher desejável
não é desejável em si mesma, se o fosse, seria desejável para todos os seres, todos
criaturas a veriam como desejável. Um objeto qualquer (ex. um tênis) é desejável
apenas para algumas pessoas, sendo desinteressante ou detestável para outras. Se as
coisas não são desejáveis em si mesmas, então o são para alguém, ou seja, em relação
a alguém. E, se o são somente em relação a alguém, isso significa que o caráter
desejável da coisa está dentro e não fora, além de ser subjetivo. Em suma: aquilo que
vemos e consideramos desejável não existe, é somente uma forma mental, uma
maneira de entender e de perceber as coisas.
O boneco de vidro que está enfeitando a sala não é, em si mesmo, exatamente como o
vemos. Vemos uma imagem forjada pela mente, através dos sentidos. O mesmo
objeto pode ser percebido de formas distintas por outras pessoas ou por animais de
outras espécies. Se o olharmos com o microscópio, através de câmeras de raios X,
infravermelho ou ultravioleta, o veremos de forma distinta, pois entre os sentidos e a
consciência está a mente, dando às percepções o seu tom e sua nota tendenciosa.
Como a coisa em si mesma não é percebida, pois é infinita e sua infinitude escapa à
mente, o que percemos é uma imagem ilusória. Não vemos os objetos do mundo de
forma integral, mas de uma forma parcial, muito limitada. Esta é a ilusão da qual
escapamos durante a meditação.
Quando desejamos ou tememos de forma intensa alguma coisa, isso deve à uma
sólida impressão de realidade conferida ao objeto pela mente. Acreditamos piamente,
sem sombra de dúvida, na realidade daquilo. Não é o objeto em si que desejamos ou
tememos, mas sim uma forma criada por nossa mente.
Compreender o caráter ilusório do mundo é compreender que o mesmo não existe, tal
como o vemos. Aquilo que desejamos inexiste e aquilo que tememos é falso, pelo
simples fato de que não correpondem ao que imaginamos.
Dizem também os veneráveis e santos mestres que estamos presos aos opostos. Que
opostos são esses?
Os opostos aos quais a mente está presa são as características que percebemos nas
coisas. Quando achamos algo bonito, temos a fealdade como referencial, quando
consideramos algo bom, temos a maldade como referência, quando sentimos prazer,
temos a dor como referência e assim por diante, ainda que não estejamos conscientes
disso.
É pelos opostos que os objetos do mundo adquirem suas qualidades (para nós). Nosso
modo de entender as coisas oscila entre os opostos: para nós, as coisas são boas ou
ruins, belas ou feias, agradáveis ou desagradáveis, grandes ou pequenas etc.
Entendemos e percebemos o mundo dentro das polaridades. Esse é o batalhar das
antíteses.
Reflita sobre um tipo de mulher que você deseja e descobrirá que a deseja em
oposição outro tipo, que possui características contrárias. Analise algo que você teme
ou detesta e descobrirá que teme aquilo em oposição a alguma outra coisa,
considerada desejável ou inofensiva. Você se sente seguro em certas situações em
oposição a outras situações, que provocam insegurança. Aquilo que nos irrita ou
incomoda sempre terá o seu oposto, algo que nos proporciona agradáveis sensações
de bem estar. Vivemos oscilando entre os opostos.
A mente presa nos opostos é o próprio Ego, uma vez que é o Ego que confere
características às coisas. As qualidades dos objetos são aprendidas ao longo da vida,
não nascemos sabendo as diferenças. As coisas se tornam o que são (para nós) à
medida que o Ego se desenvolve. É pelo contraste que achamos e sentimos que as
coisas são boas ou ruins. Nossa visão de mundo atual resulta de experiências
passadas.
Quando meditamos, perdemos a noção dos opostos. Então não há diferença entre dia
e noite, doença e saúde, vida e morte, velhice e juventude, antes e depois. Nos
libertamos desses opostos e, então, aquilo que nos perturbava deixa de nos perturbar.
Essas perdas de noção não fazem mal algum e não são patologias mentais. As noções
são imediatamente recuperadas assim que terminemos a prática.
O escape dos pares de opostos não é algo que se consiga por meio da simples força.
E, antes, o resultado natural do aprofundamento do pensamento concentrado e do
posterior abandono do mesmo.
Perguntas importantes
Porque o perigo ameaçador que tememos existe somente dentro de nossa cabeça e
não fora de nós. Se deixássemos de existir, o perigo deixaria de existir para nós,
"escaparíamos" do perigo. Um mesmo fato que ameaça uma pessoa pode ser visto
como inofensivo ou até um fator de proteção para outra. Portanto, o caráter
ameaçador de algo é uma qualidade que lhe atribuímos mentalmente. Mesmo os
perigos universalmente ameaçadores não meterão medo em ninguém se não houver
ninguém para ser ameaçado. Não estou dizendo que o fato da ameaça, em si mesmo,
não existe, mas sim que seu caráter terrível é subjetivo, atribuído pela mente. Uma
barata, por exemplo, pode amendrotar uma pessoa e não despertar medo algum em
outra.
3. Por que uma bela e desejável mulher não existe?
Não estou afirmando que as mulheres em si não existam, mas sim que a
beleza/fealdade são atributos mentais que estão na mente de quem as contempla. Uma
mulher não é bonita "em si mesma", mas sim aos nossos olhos.
Porque estão dentro da mente e não fora dela. Não estou afirmando, com isso, que o
mundo exterior seja mais real que o mente e sim que ambos, mente e matéria, não
correspondem à realidade última das coisas. Os problemas não existem
objetivamente, mas sim subjetivamente. O que existe objetivamente são alguns fatos
que em essência são neutros mas aos quais atribuímos um caráter problemático. Um
problema é um problema porque assim o entendemos e assim o entendemos porque
nele pensamos deste modo. As coisas, em si mesmas, não são boas e nem más,
apenas existem, se processam na natureza rumo a determinados fins, às vezes
inevitáveis, mas, ainda assim, naturais.
5. Se todas as coisas que vemos não existem, por que acreditamos e sentimos tão
fortemente que existam tal como as percebemos?
6. Por que a mente costuma não fluir quando tentamos concentrá-la em algo superior?
Passamos a vida toda pensando no que não presta, por isso é tão fácil concentrar o
pensamento negativo e prejudicial. Os pensamentos prejudiciais fluem com facilidade
e levam muita gente à desgraça e ao crime. Não flerte com os pensamentos maus,
mas também não conflite com eles, simplesmente abandone-os, substituindo-os por
pensamentos elevados.
Quando um pensamento maligno e vergonhoso te assaltar, não se assuste e nem se
preocupe, mantenha-se neutro e simplesmente aplique a Morte em Marcha ao ego que
o emitiu.
Sim, há. Eu não faria isso...As coisas não existem tal como as percebemos (tal como
nos parecem ou se nos afiguram), mas isto não significa que não possuam realidade
em si mesmas. Quando digo que as coisas não existem, estou me referindo à
aparência que assumem ante nossos olhos (não existem da maneira como as
imaginamos ou entendemos) e não ao aspecto absoluto que as permeia. Elas existem
como coisas em si, inacessíveis aos nossos sentidos. A rocha que você vê na sua
frente não existe, o que existe é outra coisa distinta do que você vê, mais completa. A
rocha que você vê é uma imagem parcial (e portanto falsa, pois não corresponde à
realidade). Por outro lado, a rocha completa (absoluta) é invisível, mas pode
perfeitamente ferir o crânio de alguém, por isso...não a jogue em ninguém!
Em grande medida, nós mesmos somos os autores de nossas desgraças, mas não nos
damos conta.
Cometer um delito é como caminhar por uma estrada rumo a um grande perigo,
quanto mais caminhamos em direção àquele objetivo, mais difícil é retornar, quanto
mais longe, mais fácil. Melhor é não dar os primeiros passos naquela direção.
Não é tão fácil deter a fornicação, mas não é tão difícil manter-se distante da
mulherada. A fornicação, uma vez provocada, dificilmente retrocederá. Aprendemos
o Morrer quando aprendemos a evitar as situações que desencadeiam os atos que
queremos eliminar de nós mesmos. O que importa é antecipar-se à compulsão, agir
antes.
Quando queremos nos livrar de um vício, temos que nos afastar de tudo o que esteja a
ele relacionado. Tudo o que lembre ou conduza ao vício tem que ser removido. Mas,
para remover os fatores do vício, temos primeiramente que descobri-los.
Por trás de cada pequeno e inofensivo ato, fala ou pensamento que conduz a uma
posterior situação de satisfação do desejo há um pequeno ego. Temos, portanto,
milhares de pequenos elementos psíquicos que convergem rumo à satisfação de um
dado desejo poderoso e violento. Um desejo violento não atua sozinho, mas por
intermédio ou facilitação de inúmeros desejos menores, sutis e quase imperceptíveis.
Portanto, aprendamos a evitar aquilo que nos levará a situações das quais não
poderemos retornar. Aí está uma das chaves para a Morte.
A atenção dispersa é a atenção repartida entre muitos alvos. Saltar de alvo em alvo é
o oposto de concentrar-se.
Assim como nos dissociamos dos pensamentos quando observamos um alvo físico,
nos dissociamos dos sentidos e dos pensamentos quando observamos um alvo mental
(o pensamento único).
Compreendamos que:
Quando os pensamentos tentarem atrair sua atenção, não lute com eles, simplesmente
confira mais importância ao tema e se aprofunde.
A substância manásica em si mesma é neutra, não é boa e nem má, mas pode assumir
uma forma destrutiva ou construtiva. A substância manásica dota o ser humano do
poder imaginativo. Quando a imaginação se dá na ausência do contato sensorial
direto com o objeto imaginado, dizemos que é abstrata. Somente os animais
intelectuais são dotados de imaginação abstrata, os demais animais possuem somente
imaginação concreta, em diversos níveis, sendo incapazes de associar imagens
mentais na ausência dos objetos.
O poder imaginativo pode ser consciente ou inconsciente. A maior parte dos seres
humanos ainda não desenvolveu o poder da imaginação consciente, suas mentes são
rebeldes e não obedecem. A mente rebelde trilha sempre seus próprios caminhos e
conduz a desastres. A mente rebelde é a chamada "imaginação mecânica". A
imaginação mecânica não é mais que o pensamento comum, subjetivo,
desorganizado.
Nesse ínterim, temos que entender que o pensamento pode ser disperso ou
concentrado. O pensamento disperso é o pensamento sem meta, aquele cujo fluxo não
se detém em nada, mas mariposeia sobre infinitos assunto. O pensamento disperso é
superficial, "pincela" um pouco de cada assunto e muda constantemente de objeto.
Pela lei das associações, a mente pensa um pouco em algo e logo muda de objeto,
passando a pensar em outra coisa distinta, porém relacionada. Essa é a classe de
pensamentos das pessoas comuns, que não disciplinam a mente. São pessoas que
pensam muito mas de forma superficial, pois sua função imaginativa não tem foco.
O pensamento não pode ser confundido com a atenção, pois é algo diferente. O
pensamento é um funcionamento da mente e a atenção uma faculdade da essência ou
alma. Concentrar a atenção é perceber um objeto de forma ininterrupta, concentrar o
pensamento é ter muitas idéias sobre um objeto de forma ininterrupta. Ambos são
interdependentes. Durante a concentração, o objeto imaginado é o objeto da
observação.
Visualizações com os olhos fechados, desde que se dêem dentro do tema proposto e
não se desviem, constituem o pensamento único que nos interessa, mesmo que não
pareçam encadeadas logicamente. Concentrar o pensamento é desenvolver e educar a
imaginação. O fato das imagens não apresentarem um aspecto analítico à primeira
vista não significa que não sejam parte do pensamento. Essas imagens, com o
aprofundamento da prática, se transformam em um sonho lúcido. O sonho lúcido,
com o aprofundamento da prática, se transforma em desdobramento e viagem astral.
Tudo é acompanhado por relaxamento crescente até o nível do sono REM, das ondas
delta.
*****
Mantendo os olhos fechados, convém "ver" com clareza aquilo em que queremos nos
concentrar. Um praticante avançado, verá o objeto imaginado com a mesma nitidez
com que o veria com os olhos abertos, caso estivesse em sua frente. Um principiante,
não verá, no sentido literal da palavra, o objeto, mas o perceberá imaginativamente de
forma tênue. Por mais vaga e tênue que seja a forma imaginada, marca o princípio do
desenvolvimento da clarividência, que não é outra coisa senão a faculdade
imaginativa desenvolvida e objetivada. Trabalhar o poder imaginativo é importante.
Uma prática de meditação, como a da Deusa Kakini, requer um mínimo de poder
imaginativo para ser iniciada. Convém, portanto, trabalhar bastante o poder de ver
imaginativamente aquilo que escolhemos como objeto de nossa concentração.
Também podemos exercitar o "ouvir" imaginativamente, como no caso da pronúncia
mental dos mantrans, e o resultado é o desenvolvimento do ouvido mágico.
Paralelamente ao exercício do poder imaginativo, convém trabalharmos em nós a
tranquilidade durante a prática. Quem quer demais obter resultados, sente muita
pressa e torna-se ansioso por progredir rápido. O resultado é uma tensão durante o
exercício da imaginação, pois a pessoa está ávida por obter logo as experiências
espirituais. A tensão das pessoas ávidas costuma provocar dores de cabeça. Assim, é
importante também exercitarmos a capacidade de pensar com suavidade e levemente
no lakshya. Principalmente quando o fluxo de idéias se esgota ou quando a mente
teima em pensar milhares de bobagens inúteis que não nos interessam no momento,
costumamos tentar forçar as coisas. O ideal é praticar várias vezes por dia, mas sem
tensões de nenhuma espécie. Aprendamos a ficar cada vez mais desinteressados, à
medida que o pensamento único se desenvolve. Quanto mais concentrado estiver o
pensamento, mais desinteressados e calmos devemos estar. Que haja,durante a
prática, um progresso paralelo das duas coisas: da capacidade de pensarmos
demoradamente em um mesmo tema e da capacidade de nos desligarmos de qualquer
preocupação com o sucesso da prática. Conforme o pensamento vai fluindo no que
nos interessa, mais calmos, tranquilos, esquecidos e desligados de tudo devemos ir
nos tornando. Nesse ínterim, vamos deixando de perceber e de recordar tudo o que
não seja o lakshya. É assim que vamos nos desligando dos pensamentos.
Não brigue com as recordações e percepções teimosas, deixe-as lá. Ao invés disso,
torne-se mais e mais consciente do objeto de sua concentração. Vivencie seu objeto e
não o que há fora dele. O desligamento ocorrerá por si mesmo. Se as gargalhadas do
vizinho estão se intrometendo e você não consegue deixar de ouvi-las, não se
importe. Empenhe-se em tomar mais consciência do objeto de sua concentração. Com
o tempo, você aprenderá a ficar "surdo" àquilo que não interessa.
Se as imagens sobre o objeto faltarem e a mente teimosamente não quiser mais fluir
dentro do tema, não tente obrigá-la. Interrogue-se a respeito do que você ainda não
sabe a respeito daquilo e use suas indagações como um koan. Se ainda assim a mente
obstinadamente se recusar a cooperar, retome a prática mais tarde.
Mentiras sobre a Gnosis e os Veneráveis Mestres Samael e
Rabolú
Atenção
Movi este texto para cá mas deixei em aberto o antigo post para esclarecimento de
perguntas. Se você tem alguma dúvida, pode postá-la aqui:
http://dwere.blogspot.com.br/2011/04/mentiras-sobre-gnosis-samael-e-
rabolu.html?showComment=1351087842953#c5541548789053862587
Obrigado.
Peço aos leitores para que traduzam este post para outras línguas e o publiquem onde
quiserem.
"Samael foi adúltero, pois praticou magia sexual simultaneamente com sua esposa e
com a mulher chamada Anjo Filadelfia"
Mentira. Quando Samael trocou de mulher, já fazia oito anos que não tinha contato
sexual com sua esposa. Para uma relação ser qualificada como adultério, o período de
abstinência sexual necessita ser de, no máximo, um ano. Se o período for maior, não
se qualifica como adultério e sim como uma nova relação. E Samael já estava sem
realizar a prática sexual há oito anos.
É óbvio que, após toda uma vida conjugal com Dona Arnolda, o V.M. Samael lhe
devia muita consideração e tinha para com ela obrigações morais, motivo pelo qual
não poderia simplesmente abandoná-la e ir embora. Isso estaria contra tudo o que ele
pregou. O V.M. Samael continuou dando-lhe assistência e apoio familiar, somente
isso.
Os falsos discípulos que saíram acusando-o de adúltero depois deste incidente não
passam de fanáticos que não entendem de leis esotéricas. Esses fanáticos deram
inúmeros depoimentos públicos com a intenção de denegrir a imagem do Mestre e se
alinharam com os detratores.
Mentira! O que acontece é que seu bodhisattwa louvava o Ser Interior. O Íntimo de
todo ser humano é um mestre e merece louvor, pois é Deus dentro do homem. Não há
nada demais em louvar a Deus, que é onipresente e está dentro do homem, dos
animais, das plantas e em toda a criação.
Qualquer alma que se desprenda da mediocridade por alguns momentos e se fusione
com seu Íntimo experimentará o estado divino e se converterá no Esplendor dos
Esplendores, em um Dragão de Sabedoria, podendo dar testemunho disto quando
retornar. E não haverá presunção alguma em tal testemunho pois reconhecer e atestar
a Grandeza de Deus é prova de humildade e não de arrogância, orgulho ou
petulância. Louvar a Grandeza de Deus dentro de você não é convencimento, pois
você não estará louvando a si mesmo e nem a seu Ego, mas sim ao Espírito Divino do
qual você faz parte e é tão somente uma fagulha.
Quando o bodhisattwa Victor enaltece Samael, não está se auto-elogiando, como
supõem os ignorantes que desconhecem a constituição interna do Homem, está
louvando, venerando e enaltecendo o Poder Maior que o considerou digno de ser Seu
instrumento de expressão. Entenderam, difamadores?
"Cristo é o demiurgo criador do mundo físico que os gnósticos dos primeiros séculos
combatiam"
Mentira! Se isso é assim, então porque Ele mesmo é enaltecido nos evangelhos
gnósticos de Tomé, Felipe, Maria Madalena, Pistis Sophia e muitos outros? Estudem
antes de blasfemar, seus ignorantes.
"A gnosis samaeliana adora o demiurgo que os antigos gnósticos dos primeiros
séculos combatiam"
"O termo demiurgo provém do latim demiurgus, e este por sua vez do
grego δημιου γό (dēmiourgós), literalmente "o que produz para o povo", e foi
originalmente um termo comum que designava qualquer trabalhador cujo ofício se
faz de uso público: artistas, artesãos, médicos, mensageiros, advinhos etc, e no século
V a.C. passou a designar certos magistrados ou funcionários eleitos.Platão o utilizou
em seu diálogo Timeu, uma exposição sobre cosmologia escrita por volta de 360 a.C.,
onde o Demiurgo figura como o agente que, embora não seja o criador da realidade,
organiza e modela a matéria caótica preexistente de acordo com modelos perfeitos e
eternos." (Wikipédia, fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Demiurgo).
Qualquer criador de qualquer coisa pode ser chamado de demiurgo e não somente um
criador de mundos. Os ignorantes difamadores da Gnosis não sabem disso,
desconhecem o significado desta palavra e, ao verem o V.M.S. usá-la, imediatamente
concluíram que ele estava se referindo ao criador deste Eon e não ao criador maior de
todos os Eons. Em nenhum momento o Mestre Samael diz que devemos ficar
rendendo culto aos poderes fascinatórios deste mundo físico, muito pelo contrário: a
morte do Ego é a libertação da alma das correntes deste mundo.
Nem na gnosis samaeliana e nem na gnosis dos livros apócrifos dos primeiros séculos
a palavra "demiurgo" é usada em sentido antropomórfico, como imaginam os
desconhecedores.
É claro que o Verdadeiro Deus Inefável, que envia o Christos para salvar Pistis
Sophia, é também um criador e, portanto, um demiurgo divino.
Mentira! Se, por um lado há textos que afirmam isso, por outro lado há também
textos da antiguidade que afirmam o contrário e dizem que Samael é um anjo
exaltado, habitante do sétimo céu, líder do quinto céu, o "quinto anjo dos sete",
guardião de Esaú etc.
Portanto, na literatura antiga, Samael aparece ora como uma hierarquia celeste
elevada e ora como um demônio.
O motivo dessa aparente contradição são os processos de ascensão, queda e descida
pelos quais esse Ser Divino passou. Quando um mestre cria seus veículos solares e
cai, recria o Ego e adquire um duplo centro de gravidade, o que é horrível e doloroso.
O V.M. Samael levantou-se e caiu três vezes em passados remotos, por isso as
mitologias dos antigos o retratam de forma contraditória.
http://en.wikipedia.org/wiki/Samael
"Samael é homofóbico"
"Samael copiou os rituais de Aleister Crowley, pois Crowley veio antes dele"
Mentira! O fato de existirem alguns pontos de semelhança entre dois rituais não
significa que um tenha sido copiado do outro, assim como o fato de duas pessoas
terem pensamentos parecidos não significa que outras mil pessoas não tenham os
mesmos pensamentos e nem que uma tenha roubado o pensamento da outra.
Os rituais da Igreja Gnóstica são praticados desde tempos imemoriais nos mundos
superiores e não foram inventados por ninguém, são ritos da natureza, que refletem a
inteligência solar. Se Crowley aprendeu tais ritos e depois os aplicou, com
significados invertidos, em suas práticas imundas de magia negra, a culpa é toda dele
e não dos verdadeiros mestres da Loja Branca. Nem Samael e nem Huiracocha
podem ser responsabilizados pela demência de um mago negro, seja Crowley ou
Papus, que se meta em estudos esotéricos para aprender ritos e depois os profane e os
inverta, como faziam certos padres diabólicos da Idade Média com os ritos da Igreja
Católica.
"Samael é nazista, pois escreveu um livro intitulado 'A Doutrina do Super Homem' "
Mentira! Deixem de ser ignorantes: a idéia do super homem é muito anterior a Hitler,
existe nas culturas antigas. Todo mito do herói é o mito do super homem.
"Samael era vigarista, pois há pessoas que usam seu nome para ganhar dinheiro"
Mentira! Se uma pessoa é culpada porque outra usa seu nome para enganar os outros,
então VOCÊ, que pensa de tal maneira, deveria ir para a cadeia caso alguém usasse o
seu nome para cometer crimes, enganar os outros etc, sem que você soubesse disso.
Um mestre não tem culpa se alguns idiotas se dizem seus discípulos e exploram a
humanidade. Os culpados são os exploradores.
Nenhum discípulo autêntico do V.M.S. é vigarista. Os vigaristas são ex-discípulos,
desviados, ou então pessoas que nunca pertenceram ao discipulado autêntico mas que
se intrometeram nos círculos gnósticos. A doutrina samaeliana é "anti-vigarice", basta
ler seus livros.
Mentira! O que existem são erros técnicos nos seus livros (paráfrases e frases de
outros autores citadas sem recurso a normas técnicas), que seriam facilmente
corrigidas simplesmente acrescentando-se aspas. Tais erros técnicos não foram
corrigidos pelos revisores e editores e, para piorar, seguidores fanáticos do Mestre
não permitem que se corrija até hoje (o que prova que o fanatismo é uma praga). O
acréscimo de simples aspas com notas de rodapé corrigiria imediatamente o
problema.
Leve-se em conta que muitos livros são transcrições literais de conferências, sendo
comum que alguém, ao dar uma conferência, mencione certas frases de autores,
muitas vezes conhecidos dos presentes, e se esqueça de ficar decorando e recitando as
respectivas fontes. Além do mais, publicar livros em países subdesenvolvidos como a
Colômbia e o México nas décadas de 50 e 60, sendo o autor pobre e sem recursos, é
um grande feito ao qual nem sempre se pode exigir perfeitas correções e revisões
gráficas e técnicas.
Mentira! Não há problema algum em contradizer ou ser contradito por alguém, isso é
simplesmente algo natural quando se trabalha honestamente com a construção
contínua de conhecimento. Quando um mestre corrige ou contradiz outro, não o faz
por inveja, ódio ou intenção de denegrir, como imaginam os detratores da Gnosis.
Para os mestres, ser contradito não é uma desgraça, como costuma ser para vocês, ó
detratores anti-gnósticos! Eles não se incomodam com isso nem um pouco e até
agradecem quando são corrigidos.
Quando você (ou eu ou qualquer um de nós, mas vamos usar o "você" agora) estiver
tentando se concentrar, não busque nada além de simplesmente perceber e pensar no
objeto. Não busque manifestações extraordinárias, experiências espantosas. Não force
nada em nenhum sentido, simplesmente se contente em estar ali. O simples fato de
estar percebendo o lakshya já é uma concentração.
Não se pergunte: "Será que 'ainda' ou 'já' estou concentrado?" Tal pergunta conduz a
mente a analisar e a pensar fora do lakshya. Essa é uma má dúvida (existem as
dúvidas boas e as más). Não tema o desvio da mente e não fique checando se você já
se desviou ou não. Entregue-se ao seu Deus e confie. Não tema o fracasso na prática,
tal temor leva a mente a pensar fora do tema. Deixe que as coisas aconteçam.
Para a correta prática, é necessário saber apenas isso: concentrar-se em algo é pensar
e perceber aquilo, nada mais.
Não faça esforços inúteis para "aprofundar" ou "concentrar-se mais". Saiba que o
aprofundamento ocorrerá por si mesmo com o simples ato de ocupar a mente e a
atenção com o lakshya. Descomplique e simplifique a prática ao máximo.
Se você pensa ou percebe conscientemente algo por apenas alguns segundos, esses
poucos segundos são o princípio de sua concentração. A breve concentração foi
verdadeira, embora curta. Só o que você precisa é prolongá-la. Para prolongá-la, você
precisa somente compreender bem a qualidade deste estado e mantê-lo. O
prolongamento promoverá naturalmente o aprofundamento.
Mantenha o frescor dos instantes iniciais durante toda a prática. Não fique tenso,
preocupado em ter sucesso. Abra mão até mesmo do sucesso. O sucesso na prática é
também uma forma de desviar a mente do lakshya.
Nota:
Este mantra abre o Olho de Dagma. Este mantra, profundo, um dia os levará a
experimentar o Vazio Iluminador, na ausência do Ego.
Perseverança é o que se necessita, com este mantra vocês poderão chegar muito
longe. Convém experimentar a Grande Realidade alguma vez, isso nos enche de
ânimo para lutar contra nós mesmos.
Esta é a vantagem do Sunyata, esta é a maior vantagem que existe com relação à
experiência do Real.
Parassamgaaateee... Booodhiii-suaaahaaa...
Observem como as pessoas que se dizem intelectuais são cheias de estranhas manias,
alguns deixam o cabelo desalinhado, se coçam espantosamente, fazem mil
palhaçadas; claro, é produto de uma mente mais ou menos deteriorada, destruída pelo
batalhar das antíteses.
Se a todo conceito colocamos uma objeção, nossa mente termina brigando sozinha.
Como conseqüência, vêm as enfermidades ao cérebro, as anomalias psicológicas, os
estados depressivos da mente, o nervosismo, que destroem órgãos muito delicados
como o fígado, o pâncreas, o baço etc. Mas se nós aprendemos a não ficar fazendo
objeções, e deixar que cada qual pense como quiser, que diga o que quiser,
terminarão as lutas dentro do intelecto e em seu lugar virá uma Paz verdadeira.
A mente das pobres pessoas briga o tempo todo. Briga consigo mesma
espantosamente, e isso nos conduz por um caminho muito perigoso, que leva a
enfermidades do cérebro e de todos os órgãos, destruição da mente, porque muitas
células são queimadas inutilmente.
Há que viver em santa paz, sem fazer objeções, que cada qual diga o que quiser e
pense o que quiser. Nós não devemos fazer objeções, assim andaremos como deve
ser, conscientemente.
Temos de aprender a viver. Infelizmente, não sabemos viver, estamos metidos dentro
da Lei do Pêndulo. Mas reconheço aqui, conversando com vocês, que não é coisa
fácil não colocar objeções.
Saímos daqui, pegamos nosso carrinho e logo adiante alguém vem e nos dá uma
fechada. Se não dizemos nada, pelo menos tocamos a buzina em sinal de protesto.
Ainda que seja buzinando, protestamos.
Se alguém nos diz algo, em um momento que abandonamos a guarda, é certo que
protestamos, fazendo objeções. É muito difícil, espantosamente difícil, não fazer
objeções. No mundo oriental já se refletiu muito sobre este assunto, e também no
mundo ocidental. Eu creio que há vezes em que é necessário apelar a um poder
superior a nós mesmos, se é que queremos liberar-nos desta questão das objeções.
Mas o pobre teve sorte. Quando estava quase desmaiando, lhe apareceu em
meditação Amitaba (Amitaba em verdade é o Deus Interno de Gautama, o Buda
Sakyamuni) e lhe entregou um mantra para que pudesse manter-se forte e não fazer
objeções, uma ajuda para que ele não ficasse protestando toda hora, contra si mesmo,
contra a neve, contra o mundo.
Esse mantra é utilíssimo, vou vocalizar bem para que vocês o guardem na memória e
para que fique também gravado nas fitas que vocês trazem em seus gravadores:
Houve necessidade dessa ajuda, porque não é tão fácil deixar de colocar objeções.
Um momento em que a pessoa se descuida da guarda, já está colocando objeções a
tudo, à vida, ao dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor etc. Muitos protestam porque
está fazendo frio, ou porque está fazendo calor, protestam porque não têm dinheiro,
protestam porque um mosquito lhes picou, protestam por tudo.
Fonte: http://www.be8.com/profiles/blogs/concentration-part1-by-1
Queridos todos,
Se você concentrar os raios do sol através de uma lente, poderá queimar um algodão
ou um pedaço de papel, mas os raios espalhados não podem realizar este ato. Se você
quer falar com um homem à distância, você faz um funil com a mão e fala. As ondas
sonoras são coletadas em um ponto e depois direcionados para o homem. Ele pode
ouvir o seu discurso de forma muito clara. A água é convertida em vapor e o vapor é
concentrado em um ponto. A locomotiva se move. Todos estes são exemplos de
ondas concentradas. Da mesma maneira, se você coletar os raios dissipados da mente
e concentrá-los em um ponto, você terá concentração maravilhosa. A mente
concentrada servirá como um holofote potente para descobrir os tesouros da alma e
alcançar a riqueza suprema do Atman (o Ser), a felicidade eterna, a imortalidade e
alegria perene.
O Raja Yoga real começa a partir de concentração. Concentração se funde na
meditação. Concentração é uma parte de meditação.
Você nasceu para concentrar a mente em Deus, após coletar os raios mentais
dispersos em vários objetos. Esse é o seu importante dever. Você esquece o dever em
razão da paixão (Moha) pela família, filhos, dinheiro, poder, posição, respeito, nome
e fama.
O QUE É A CONCENTRAÇÃO?
Uma vez um erudito em sânscrito aproximou-se de Kabir e lhe perguntou: "Ó Kabir,
o que você está fazendo agora?". Kabir respondeu: "Ó Pundit, estou destacando a
mente dos objetos mundanos e anexando-a aos pés de lótus do Senhor". Esta é a
concentração.
Concentração ou Dharana é centrar a mente em um pensamento único. Os
vedantinos tentar fixar a mente no Atman. Esta é a sua concentração (Dharana).
Hatha yogues e Raja yogues concentram sua mente nos seis Chakras (centros de
energia). Devotos (Bhaktas) concentram-se em sua divindade tutelar. A concentração
é uma grande necessidade para todos os aspirantes.
Quando você estuda um livro com profundo interesse, você não ouve se um homem
grita e te chama pelo seu nome. Você não vê uma pessoa quando ela está na sua
frente. Você não sente o cheiro da doce fragrância das flores que colocadas sobre a
mesa ao seu lado. Esta é a concentração ou unidirecionalidade da mente. A mente
está fixa firmemente em uma coisa. Você deve ter uma concentração profunda assim,
quando pensar em Deus ou no Atman.
Todo mundo possui alguma habilidade para se concentrar. Todo mundo se concentra
em certa medida, quando lê um livro, quando escreve uma carta, quando joga tênis e,
de fato, quando faz qualquer tipo de trabalho. Mas, para fins espirituais, a
concentração deve ser desenvolvida a um grau infinito.
Há grande concentração quando você joga cartas ou xadrez, mas a mente não está
preenchida com pensamentos puros e divinos. Os conteúdos mentais são de natureza
indesejável. Você dificilmente poderá experimentar a emoção divina, o êxtase e a
elevação quando a mente estiver cheia de pensamentos impuros. Cada objeto tem
suas próprias associações mentais. Você terá que encher a mente com pensamentos
sublimes, espirituais. Só então a mente será expurgada de todos os pensamentos
mundanos.
A imagem do Senhor Jesus, Buda ou do Senhor Krishna está associada com idéias
sublimes, ativadores da alma; xadrez e cartas estão associados às idéias de jogos de
azar, enganações e assim por diante.
! Continuará!
Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/como-funciona-o-stress3.htm
Você precisará da lista de estressores que fez na página anterior para tirar proveito
dos conselhos dessa página. Nessa seção, mostraremos o que fazer com os causadores
que você categorizou.
A lista E
Uma vez que tenha classificado sua lista de estressores em Es, Rs e Cs, você já está
pronto para ficar ocupado. Comece separando sua lista E - a lista de estressores que
você decidiu eliminar de sua vida. Olhe bem essa nova lista. Respire fundo pelo nariz
e solte o ar lentamente pela boca. Se você for como a maioria das pessoas, já deve
estar se sentindo melhor.
Se sua lista E for pequena, considere as seguintes formas de adicionar itens:você não
consegue enfrentar seu ambiente de trabalho (ou seu chefe)? Se possível, faça uma
observação para preparar seu currículo e procurar outro emprego;
A lista R
Como a lista E, a lista R refere-se ao controle das forças externas que freqüentemente
tiram o melhor de você. Embora a lista E ofereça uma gratificação instantânea pela
eliminação, literalmente, de suas preocupações, a lista R requer um pouco mais de
criatividade. É uma questão de reorganização e nova priorização. É fazer com que
alguns estressores inevitáveis pareçam mais suportáveis.
Invista em uma agenda de compromissos. Quando você tem muita coisa para fazer e
pouquíssimo tempo, é comum se sentir sobrecarregado. Embora não acabe com seus
compromissos, um diário de compromissos, uma agenda eletrônica ou um caderninho
de bolso simples pode ajudar a diminuir o estresse de ter que lembrar o que você
deveria fazer nos próximos 15 minutos. Para algumas pessoas, ser capaz de olhar
rapidamente as prioridades do dia pode restabelecer a confiança e dar um sentido de
direção e controle.
Quando tiver criado sua lista, priorize as tarefas. Se alguma tarefa parecer muito
pesada ou consumir muito tempo até ser concluída, tente dividi-la em estágios ou
passos "factíveis", discretos e menores que você possa realizar nos períodos de tempo
disponíveis.
Se você acha útil fazer listas diárias ou semanais, experimente fazer o que os
especialistas em listas fazem: mantenha duas listas - uma lista para tarefas de curto
prazo, que você precisa fazer hoje ou essa semana, e outra lista de metas de longo
prazo que você precisa concluir dentro do mês ou do ano. Chame a última de lista
"em tempo". Ela pode incluir necessidades de manutenção da casa ou do carro,
compras que precisa fazer ou tarefas que precisa concluir (como limpar a garagem).
Não importa o que você anotou, desde que você acredite que, se está na lista, de
algum modo você cuidará daquilo.
Procure compromissos leves. Muitas situações estressantes - mesmo aquelas que não
podem ser totalmente eliminadas - podem ser amenizadas por meio de negociações.
Por exemplo, se você está sofrendo porque seu chefe está fazendo com que fique no
trabalho até tarde, tente elaborar um plano que atenda às necessidades de vocês dois.
Sugira que você terá prazer em trabalhar até tarde uma ou duas noites por semana,
desde que nos outros dias você possa ir para casa no horário. Se o rádio do vizinho o
acorda todo dia às 6h da manhã, estabeleça com ele o horário do silêncio e o horário
do barulho. Você não está se livrando desses estressores, mas sim reduzindo sua
força.
Reorganize sua vida. Assim que começar a fazer uma programação e uma lista,
consulte-as antes de iniciar seu dia. Tente imaginar onde você pode combinar tarefas
para reduzir a quantidade de energia necessária para concluí-las. Veja se consegue
adiar alguns itens até o final de semana, quando terá mais tempo disponível para se
encarregar dos serviços. Coordene as tarefas, de modo que possa realizar mais coisas
ao mesmo tempo (como deixar a roupa na lavanderia no caminho para o trabalho e
pagar as contas enquanto a panela está no fogo).
Pense em cada hora que você se organiza como uma hora que você terá para relaxar.
Se você se organizar o suficiente, talvez pare de se sentir como se estivesse sendo
esmagado por suas muitas responsabilidades.
Mude suas prioridades. Sempre que achar que está ficando realmente sobrecarregado,
tire cinco minutos e classifique os itens da lista por ordem de importância. Então,
continue de cima para baixo. Mesmo que você não consiga concluir todas, pelo
menos poderá ficar despreocupado por ter lidado com as mais importantes.
Se sua lista de tarefas diárias está passando para a página seguinte, faça o exercício
de classificação descrito acima e desenhe uma linha de separação. Passe tudo que está
abaixo da linha para o dia seguinte. E não entre em pânico: seu mundo não acabará só
porque alguma tarefa ficou para o outro dia.
Solte as rédeas. Tentar ser perfeito pode contribuir muito para seu nível de estresse.
Se você acha que tudo que fizer terá que ser perfeito, saiba que sofrerá muita pressão.
Essas dicas podem ajudá-lo a diminuir seu perfeccionismo:
Experimente a técnica "que importância tem isso?". Quando você estiver estressado
porque a casa está desarrumada ou porque está atrasado para um compromisso,
pergunte-se que importância terá se você adiar a limpeza ou chegar 10 minutos
atrasado. Elimine de sua cabeça os piores cenários possíveis (sua sogra aparecendo de
surpresa e achando que você é uma péssima dona de casa ou sua companhia do
almoço deixando o restaurante antes de você chegar).
Às vezes, realmente, pode ser importante que você faça as coisas com perfeição. No
entanto, muitas vezes, conseguirá se convencer de que o mundo compreenderá que
você é um ser humano. A última atitude mais bondosa pode ajudar a diminuir
significativamente seu nível de estresse.
Delegue tarefas. Muitas pessoas vivem seguindo o lema "se quer bem feito, faça você
mesmo". Essa atitude pode sobrecarregá-lo com um volume excessivo de trabalho.
Aqui vão algumas dicas para ter tempo suficiente para "você":
Faça uma pausa para o almoço. Mesmo que você tenha um trabalho muito exigente,
esforce-se para fazer uma pausa ao meio-dia, mesmo que seja por apenas 20 minutos.
Use o tempo para caminhar, recompor-se, respirar fundo e relaxar. Você ficará
surpreso ao perceber como uma pausa faz bem.
Não comprometa todo seu dia. Reserve uma hora não programada todo dia da semana
e duas (ou mais) horas nos finais de semana. Faça disso uma regra e viva por ela.
Todo mundo precisa de um pouco de descanso.
Durante a sua hora, não pague contas, lave pratos, nem separe as correspondências.
Tire o telefone do gancho. Use seu tempo para fazer atividades relaxantes: tome um
banho, deite-se, medite, leia um livro ou assista a TV. Se seu corpo precisar, use esse
tempo para uma atividade saudável, como uma caminhada rápida ou jardinagem.
Vá para a cama cedo. Se no final do dia você achar que ainda há muito para fazer,
finja que seu dia terminou e vá se deitar. Quando estiver sozinho, leia um bom livro
ou ouça a músicas relaxantes com fones de ouvido. E não se sinta culpado. Esse
comportamento é perfeitamente saudável.
Coloque seus sentimentos no papel. Ter um diário de seus sentimentos pode ser uma
maneira saudável de desabafar. Também pode servir como um "barômetro" de
estresse eficaz, permitindo que você calcule a pressão sob a qual está e que efeito isso
está tendo em você. Aqui vão algumas orientações para manter um diário de
estresse:pegue folhas em branco. Não compre aquelas com data na parte superior de
cada página. Ao contrário, compre um caderno em branco. Dessa forma, se você
deixar de escrever alguns dias, não se sentirá culpado. Seu caderno não precisa ser
caro. Serve até um caderno espiral de escola;
descreva os acontecimentos do dia. Escreva sobre o que está levando você a ter os
sentimentos que está tendo agora. Isso pode ajudá-lo a compreender algumas das
razões que o deixam estressado;
liste quaisquer preocupações que tiver na parte de trás da sua mente. Nem sempre
temos consciência do que está nos incomodando. Colocar no papel pode fazê-lo
entender mais claramente;
tente escrever uma mensagem de encorajamento a você mesmo. Escrever para você
como se estivesse escrevendo a um amigo que precisa de ânimo pode ser uma
maneira eficaz de dar a si mesmo o apoio e o cuidado de que está precisando;
faça desenhos. Às vezes, as palavras podem não ser adequadas para expressar o que
está sentindo. Nessas horas, ilustrar seus sentimentos pode ser mais fácil e útil;
não permita que escrever no diário se torne uma outra tarefa. Se começar a achar que
escrever no diário é só mais uma tarefa que você precisa fazer antes de dormir, tente
outro caminho. Procure enxergar seu diário como uma forma positiva de relaxar do
estresse do dia.Aprenda a relaxar. Uma maneira de diminuir os efeitos prejudiciais do
estresse é aprender a relaxar, seja imaginando uma cena calma, se entretendo com o
passatempo favorito ou fazendo um exercício de relaxamento. Quando aprender uma
técnica que funcione em você, poderá usá-la antes de um acontecimento estressante.
Entretanto, para ter mais benefícios, reserve pelo menos alguns minutos por dia para
que sua mente e seu corpo se soltem.
Embora todo mundo tenha que lidar com um certo grau de estresse, o estresse
prolongado pode ter efeitos negativos na saúde. Entretanto, se você seguir nossos
passos simples, será capaz de tornar sua vida mais tranqüila.
Ph.D. Betty Burrows: A dra. Betty Burrows recebeu seu douturado em psicologia
clínica pela DePaul University in Chicago, onde coordena o programa de
aconselhamento. Ela também mantém um atendimento privado especializado em
controle do estresse e questões relacionadas.
Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/como-funciona-o-stress2.htm
Todos nós nos sentimos estressados por diferentes motivos. Uma situação que faz
uma pessoa querer se jogar no precipício pode ser um pequeno obstáculo ou até
mesmo um grande desafio para outra. O primeiro passo na superação de seus
estressores pessoais, ou indutores do estresse, é identificá-los.
Os estressores geralmente estão nas categorias relacionadas a seguir.
Os estressores químicos são quaisquer drogas que uma pessoa usa em excesso, como
álcool, nicotina, cafeína ou tranqüilizantes.
Os estressores de fobia são aqueles causados por situações das quais você tem muito
medo, como andar de avião ou estar em lugares fechados.
Entretanto, provavelmente existem itens na sua lista de estressores que você pode
deixar de lado. Se limpar a casa inteira no seu dia de folga, toda semana, está fazendo
com que você não tenha nenhum momento de lazer, talvez você possa incluir em seu
orçamento uma faxineira. Se passar roupa está fazendo com que você fique até tarde
acordado, mande-a para a lavanderia. Se você acha que não pode se dar ao luxo de
tudo isso, tente rever seu orçamento. Lembre-se de que seu tempo também é valioso.
Não há dúvida de que enfrentar os estressores é a única opção para a maioria dos
itens de sua lista. Entretanto, isso não deve ser tão impossível quanto possa parecer.
Existem várias técnicas para aprender a ficar calmo e lúcido sob pressão. À medida
que você as domina, até mesmo os seus maiores estressores serão cada vez menos
uma ameaça.
Reveja sua lista de estressores e marque E para cada item que você pode eliminar, R
para cada estressor que você pode diminuir e C para cada item que você pode
aprender a enfrentar. Para os itens marcados com E ou R, anote qualquer idéia que
você tenha sobre como chegar a essas metas (por exemplo, mandar as roupas para a
lavanderia ou comprar tampões de ouvido).
Freedom and endowment are difficult to find, and there is no time to waste.
By acquainting your mind with this, overcome attachment to this life;
And by repeatedly contemplating actions and effects and the sufferings of samsara,
Overcome attachment to future lives.
When, through contemplating in this way, the desire for the pleasures of samsara
Does not arise, even for a moment,
But a mind longing for liberation arises throughout the day and the night,
At that time, renunciation is generated.
But, even though you may be acquainted with renunciation and bodhichitta,
If you do not possess the wisdom realizing the way things are,
You will not be able to cut the root of samsara;
Therefore strive in the means for realizing dependent relationship.
When, in this way, you have correctly realized the essential points
Of the three principal aspects of the path,
Dear One, withdraw into solitude, generate strong effort,
And quickly accomplish the final goal.
A concentração no cotidiano.
Ao contrário do que todo mundo imagina, quem medita não está distraído, está
plenamente lúcido e consciente em outro plano. Pode não estar com a consciência
direcionada ao mundo físico exterior, mas onde quer que sua alma esteja, estará
plenamente lúcida e consciente. É claro que o meditador, de olhos fechados, estará
desligado do corpo físico e das percepções sensoriais externas, mas isso não significa
que ele esteja distraído, que tenha perdido sua consciência e não saiba o que está
fazendo. O meditador não está em eikásia, está em dharana e dhyana. Quando o
meditador retorna do mundo espiritual e se levanta, está mais lúcido do que nunca,
pois trouxe a lucidez consigo e a manterá.
As tarefas do cotidiano são ótimas para exercitar a consciência e a lucidez. Focando a
percepção nas mesmas, vamos tornando a mente cada vez mais passiva.
Na Morte do Ego é comum que cometamos muitos erros. Este blog foi aberto com a
intenção de permitir a reflexão, e não a mera teorização ao ar, sobre os erros que nos
deixam estancados. Por um erro não detectado, uma pessoa pode ter o seu passo
espiritual travado por muitos anos.
Os erros que as pessoas cometem nem sempre são os mesmos, podem variar de uma
pessoa para outra. Neste blog apontamos alguns, na esperança de alcançar as pessoas
que precisam ser alcançadas. Pode ser que os erros que você cometa não estejam
apontados em meus textos.
De todas as maneiras, a Morte é algo que se aprende aos poucos e se aperfeiçoa com
a prática. Se você tem recaídas aqui e ali, cometendo atos que não gostaria de
cometer, não deve se preocupar muito com isso. As falhas de caráter, ainda que
graves, não devem ser motivo para não continuarmos trabalhando. Por mais
degenerado ou pecador que você se considere, não deve desistir. Se você não
consegue deixar de ser "mau" por um lado, trabalhe outros lados de si mesmo, outros
aspectos, mas não deixe de se aperfeiçoar. Suas piores fraquezas irão ceder cedo ou
tarde, nesta ou em outra vida.
Os erros que cometemos na Morte são, entre outras coisas, artimanhas do Ego para
sobreviver. Para permanecer vivo, o Ego nos engana.
Lamentar-se e prender a atenção aos prejuízos ocasionados por um determinado
defeito é um exemplo de erro. A lamentação não resolverá o problema, mas nos
distrairá e desviará eficientemente a atenção de suas causas. Enquanto eu fico
prestando atenção e pensando nos prejuízos de um ato de fornicação, por exemplo,
não estou pondo cuidado em suas causas, nos fatos que o ocasionaram. Como
consequência, serei incapaz de remover o problema da minha vida.
Portanto, as causas das manifestações do Ego apresentam dupla face, dois aspectos:
um aspecto físico, exterior, correspondente às situações da vida que as evoca, e um
aspecto psicológico, interior, correspondente às leves alterações nos centros, às
manifestações sutis do Ego. A Morte só é possível quando, por meio da auto-
observação, descobrimos as causas e as removemos.
Muitas pessoas acreditam que devem se manter presas às adversidades da vida para
que possam se desenvolver. Particularmente, considero que estão equivocadas
completamente. As adversidades existem para que possamos superá-las, transcendê-
las. Transcender uma adversidade é deixá-la para trás, desligar-se. Se fico prestando
atenção, pensando e me ocupando com aquilo que me altera ou me perturba, estou
identificado e jamais poderei me libertar. Se discuto com quem me irrita, jamais
eliminarei a ira correspondente; se fico contemplando ou dialogando com a mulher
que desejo, jamais eliminarei a luxúria correspondente; se fico abrindo e lendo cartas
malcriadas que me escrevem, jamais dissolverei o mal estar que provocam; se fico
olhando para a ameaça que me atemoriza, jamais dissolverei o temor. O motivo é
simples: somos incapazes de ter contato com o objeto provocante sem nos
identificarmos e sem sermos afetados.
Porém, vocês poderiam me contestar, dizendo que existem situações negativas das
quais não podemos escapar, tais como a doença, a morte, a velhice e os problemas
econômicos da vida. Eu lhes responderia o seguinte: quando avançamos muito na
Morte, somos capazes de desviar os pensamentos e os sentidos até mesmo de tais
dificuldades. Um adepto desenvolvido seria capaz de enfrentar tais situações sem
levar o pensamento ou os sentidos às mesmas. Como isso seria possível? Ocupando-
os com outros elementos, mais elevados, que os anulassem. Porém, isso é para
pessoas mais desenvolvidas e não para nós, meros principiantes.
(1) Não se confunda a causa aqui referida com as origens do Ego no mundo causal,
ou seja, as causas que se encontram na sexta dimensão natural. Neste artigo, estou me
referindo às causas detectáveis enquanto estamos neste mundo físico tridimensional.
As origens causais da sexta dimensão não podem ser acessadas por pessoas comuns,
enquanto que as causas aqui referidas podem ser detectadas por qualquer pessoa que
preste um pouco de atenção em si mesma e em sua própria vida.
Cultivar e reprimir
Vamos detalhar um pouco um erro que muitos cometem no trabalho da Morte. Pode
ser que você também o tenha cometido. O erro consiste em reprimirmos e
cultivarmos os defeitos ao mesmo tempo.
Uma pessoa corretamente preparada pode retirar a repressão que pôs sobre os seus
defeitos ao mesmo tempo em que remove todas as formas que adotou para seu
cultivo.
Não se pode reprimir aquilo que não existe, não aparece ou não se manifesta. A
repressão, portanto, exige que ocorra manifestação prévia de algo. No entanto, a
manifestação de um defeito é resultado de um cultivo que a antecede. Cultivamos um
defeito através de lembranças, de falas, de atitudes. Se, ao invés de nos ocuparmos
com a repressão, formos diretamente às causas da manifestação, não haverá defeito
manifesto para ser reprimido. As manifestações se tornarão progressivamente mais
fracas, até desaparecerem, sem necessidade de serem sufocadas e nem contidas. O
segredo, aqui, consiste em irmos às causas e removê-las. Quando removemos as
causas, não há manifestação a ser reprimida.
Muitas vezes confundimos tudo e achamos que remover as causas é o mesmo que
reprimir, o que é falso. Reprimir é sufocar aquilo que está manifesto, não é
despotenciar as manifestações. Despotenciar uma manifestação é algo totalmente
diverso de reprimir.
Cultivamos constantemente aquilo que nos faz mal e não nos damos conta disso, pois
o fazemos inconscientemente.
As causas das manifestações devem ser buscadas nos atos comuns e inocentes do
cotidiano. Alguns atos comuns e sem importância resultam em posteriores
manifestações violentas de defeitos. Se os removemos, desarmamos o problema. As
causas se escondem em frases, olhares, expressões, nos modos, nas vestimentas e em
inúmeros detalhes do nosso comportamento. Removendo-os, deixamos de cultivar os
defeitos correspondentes e não necessitaremos reprimir.
Um defeito é como um animal que você criou e continua a cuidar dele. Agora o
animal cresceu e se tornou forte. Não tente brigar diretamente com a fera,
simplesmente deixe de cuidar dela. Observe-se e descubra por onde você está
mantendo-a viva. Você a alimenta, cuida do animal todos os dias e não se dá conta.
Vá descobrindo e retirando todos os cuidados e ele aos poucos enfraquecerá e
morrerá.
Uma pessoa que tenha fobia de aranhas, por exemplo, não poderá sujeitar-se ao
perigo das aranhas sem identificar-se. O simples ato de permanecer no meio de
aranhas já é uma forma de alimentar o seu medo. Quanto mais tal pessoa tentar
encarar aranhas, mais medo sentirá. O medo se fortificará com o próprio medo.
Quanto mais medo sentir, mais medo terá. Quanto mais a pessoa se ocupar com o
objeto do seu temor, quanto mais pensar, falar, precaver-se, ver etc. o objeto em
questão, pior ficará o seu problema. Para que seu medo morresse, ela deveria
primeiramente deixar de alimentá-lo. Novos samskaras seriam criados em sua mente,
até o dia em que a pessoa se estabelecesse totalmente em uma forma mental diversa,
em um outro modo de entender os aracnídeos. Somente quando outro modo de
encarar o problema se enraizasse, é que as aranhas poderiam ser encaradas de frente.
Com o desejo sexual acontece a mesma coisa. Um homem sexualmente ativo não
poderá jamais tentar afrontar situações perante as quais não pode resistir. Se um
sacerdote fosse pregar a Palavra do Senhor em um prostíbulo, terminaria fornicando
com as prostitutas. Um homem que queira contemplar imagens de lindas mulheres
altamente desejáveis não deixará de desejá-las ainda mais e de fortificar, assim, seu
desejo. O ideal, nesses casos, seria controlar os Indryas: não ver, não olhar, não ouvir,
não percebê-las. O simples desejo de querer percebê-las já assinala o princípio da
manifestação causal, a qual deveria ser removida através da Morte em Marcha ao
invés de ser reprimida.
Acreditar que se pode enfrentar certas situações sem ser afetado pelas mesmas é
ilusório. Temos que diferenciar as situações que podemos enfrentar daquelas perante
as quais somos impotentes. Por "enfrentar" entenda-se: olhar, perceber, ocupar-se. Há
situações que não nos afetam de modo algum, mas há outras que provocam intensa
identificação, quer queiramos ou não.
Escolhamos uma imagem qualquer, perante a qual você é impotente. Você é incapaz
de perceber aquela imagem ou situação (um conjunto de imagens) sem ser afetado. A
imagem ou situação te provoca inúmeras emoções negativas indesejáveis e
prejudiciais. Pois bem, se você cometer o erro de tentar enfrentá-la, acreditando que
poderá percebê-la sem identificar-se, estará também cometendo um auto-engano,
sendo iludido por seu próprio Ego, que se nutrirá desta maneira. Quanto mais você se
ocupar, pensar e perceber aquilo que te afeta, mais afetado ficará, por uma simples
razão: você não tem forças para resistir, mas está tentando fazê-lo, em vão.
Inconscientemente, você está preso ao problema por diversos laços, de diversas
maneiras. Você se ocupa com o problema e não sabe disso. Caso queira se livrar, tem
que descobrir e cortar todos esses laços. Tome consciência dos laços e os corte.
Eu, por exemplo, não tenho medo de andar em uma floresta sozinho. As serpentes e
outros perigos não existem para mim. Posso andar pela floresta sem nenhum
problema. No entanto, uma pessoa que tenha pavor de florestas não poderá sequer
contemplar uma mata sem fortificar sua fobia. Tal pessoa necessita controlar os seus
Indryas nesse aspecto, até o dia em que seu medo desapareça por completo.
O que foi dito aqui vale para todos os defeitos da personalidade humana. Morrer para
algo é deixar de existir completamente para aquilo, não é ocupar-se cada vez mais.
Morrer é desligar-se, abandonar. A Morte do Ego consiste em deixar tudo para trás,
em romper com o passado para sempre.
Provavelmente, você deve estar se perguntando: "Mas o que deve fazer a pessoa que
não pode evitar um problema e se vê obrigada a enfrentá-lo, contra a sua vontade?"
Este é um ponto importante a ser esclarecido.
Existem situações que realmente não podem ser evitadas. Se uma pessoa que esteja
trabalhando o seu vício em doces for atirada em uma confeitaria, o que deve fazer?
Minha proposta: deve fazer o mesmo que faz o equilibrista que anda sobre uma corda
entre dois prédios.
O equilibrista não leva sua mente e nem os seus sentidos ao perigo, mesmo estando
dentro da situação perigosa. Ele controla seus Indryas, pois não olha para baixo, e
imagina estar caminhando sobre uma linha traçada no chão e não sobre uma corda.
Ao imaginar que caminha no chão, o equilibrista mantém sua mente concentrada. A
concentração o protege, forma uma espécie de escudo protetor que o deixa blindado
contra a sensação de que está prestes a cair. A sensação de que se pode cair é o
princípio do medo. Se o equilibrista olhar para baixo, sua mente se desviará do
lakshya e o medo irá invadi-lo. A chave não está fora, está dentro: é a imaginação
concentrada. A imaginação definirá o rumo dos acontecimentos. O que sentimos
depende, em grande medida, do que imaginamos. Se nos imaginamos vulneráveis,
nos sentimos vulneráveis. Se nos imaginamos protegidos, nos sentimos protegidos.
Portanto, o equilibrista seleciona o que percebe e ao mesmo tempo o que imagina.
Ele evita perceber e se recusa a concentrar sua mente no perigo, criando assim uma
outra forma de ver a situação. Levada às últimas consequências, a correta
concentração da imaginação nos permite atravessar tempestades e terremotos
mantendo a serenidade do Budha.
Vejamos outro exemplo. Um praticante de tantra ioga não poderá levar sua mente à
mulher no momento do ato sexual ou sofrerá uma ejaculação involuntária. Ele se
concentra em seu próprio órgão sexual, procura sentir e imaginar sua energia sendo
transmutada. Ao manter a imaginação assim focalizada, o iogue tântrico se torna
blindado contra a luxúria e pode prolongar o seu ato por muito tempo. Ele faz o
mesmo que faz o equilibrista: controla a imaginação e se recusa a perceber e imaginar
o que pode conduzi-lo pelo caminho indesejável. Se o iogue concentrasse sua mente
em fantasias e fetiches eróticos ou concentrasse sua atenção nas formas femininas,
nos gemidos, nas sensações proporcionadas pela mulher etc. finalizaria
involuntariamente o ato sexual e não atingiria a sua meta, que é retirar-se do ato antes
da finalização para continuá-lo outro dia.
Mais um exemplo, para entendermos melhor. Um lutador que fique prestando atenção
nos pontos fortes do inimigo e deixe de lado os seus pontos fracos, terminará
acreditando que está completamente vulnerável. Ao acreditar-se vulnerável, levaria
sua mente à derrota, pensaria e imaginaria mil coisas, problemas e perigos. Tal
lutador estaria derrotado de antemão. Por outro lado, se prestasse atenção somente
nos pontos fracos do rival, terminaria acreditando que é invulnerável (o que está em
questão aqui não é quem objetivamente irá vencer a luta, mas sim o processo
psicológico envolvido). Se o lutador escolher como lakshya seus próprios pontos
fortes e os pontos fracos do inimigo, impedirá que sua imaginação seja ferida e não
sentirá as emoções correspondentes.
Uma bailarina ou um músico que levem sua mente, sua percepção e sua imaginação à
platéia poderão ser tomados pela insegurança e, então, errarão a execução do
trabalho. O que eles fazem? Se concentram no que estão fazendo. Alguns usam a
tática de imaginarem que estão tocando/dançando sozinhos. Quanto mais
concentrados estiverem, menos ansiosos ficarão. Com o tempo, suas mentes sofrem
uma modificação e não mais acreditam ou imaginam que estão vulneráveis.
Se uma pessoa apontar para você uma arma de brinquedo dizendo que se trata de uma
arma de verdade, você provavelmente se sentirá em perigo. Sua imaginação terá sido
ferida e provocará várias emoções negativas correspondentes.
Portanto, o que deveria fazer nosso amigo viciado em doces que caísse de para-
quedas dentro de uma confeitaria? Deveria escolher algo em que concentrar a
percepção e a imaginação para, assim, atravessar incólume a "tempestade de açúcar".
Deveria evitar olhar para os doces e imaginar que está em um lugar distinto da
confeitaria.
Que fique claro, no entanto, que esta é somente uma dica para as situações extremas.
O procedimento de desviar a imaginação e a percepção, embora muito útil, não chega
realmente a matar os egos envolvidos, somente nos blinda.
Enfraqueça o ódio evitando tudo o que alimenta o ódio. Enfraqueça a cobiça evitando
tudo o que alimenta a cobiça. Enfraqueça a gula evitando tudo o que alimenta a gula.
Enfraqueça a luxúria evitando tudo o que alimenta a luxúria. Enfraqueça o medo
evitando tudo o que alimenta o medo. Enfraqueça o apego evitando tudo o que
alimenta o apego.
Mediante a Morte em Marcha, evite aquilo que alimenta o defeito que você almeja
eliminar de sua natureza. Muitas situações exteriores alimentam inevitavelmente
defeitos específicos. Evite-as mediante a morte dos impulsos (nos cinco centros) que
te impelem para elas. Retire de sua vida TUDO o que conduz ao problema
psicológico. Retire de si todas as recordações, não mediante o conflito da oposição
força-a-força, mas mediante a descoberta seguida da aplicação da Morte em Marcha e
do esquecimento. Se não houver esquecimento, o defeito será reavivado. Se o
esquecimento não for possível, por mais esforço que se faça, é porque está sendo
reativado por algum canal subconsciente.
Desejo e aversão (temor) são as duas formas básicas assumidas pela natureza animal
inferior. Todos os egos se enquadram em uma das duas categorias. A luxúria, o
apego, a gula e a inveja são formas de desejo. O medo, a valentia e o ódio são formas
de aversão. A preguiça é o desejo de não fazer nada. A cobiça é o desejo de posses. O
ódio é a aversão pelo inimigo. Todos os defeitos são formas mentais que reforçamos
continuamente, através de atos, palavras e, principalmente, de pensamentos e
recordações.
Caímos em situações exteriores que reforçam os defeitos porque somos levados por
impulsos internos. Dissolvendo os impulsos nos cinco centros, deixamos de ser
arrastados para elas e os defeitos começam a enfraquecer. Querer livrar-se de um
defeito sem abandonar as situações exteriores que o alimentam é um contra-senso
absurdo.
Ampliação em 12/12/2013
Quando deixamos de usar uma função psicológica, ela sofre uma atrofia. O Ego é um
conjunto de funções ou funcionamentos psicológicos mantidos vivos pelo uso
constante, formas de pensar, sentir e entender continuamente exercitadas. Sinapses,
sanskaras e circuitos cerebrais que se tornaram poderosos começam a se enfraquecer
e a atrofiar ao deixarem de serem usados. E isso o que queremos com a Morte do
Ego.
Que este conhecimento chegue aos desesperados que estão perdidos na luta pela
superação de seus próprios defeitos e estejam necessitando das informações que
seguem.
Vamos falar um pouco sobre os egos úteis e bons. Dizem os V.V.M.M que existem
eus bons que, ao serem eliminados, são substituídos por partes correspondentes do
Ser que desempenham as mesmas tarefas, porém de forma muito mais eficiente e sem
os efeitos colaterais destrutivos dos egos que anteriormente as realizavam. Se um
homem trabalha como vendedor, por exemplo, e dissolve seus egos vendedores, o ato
de realizar as vendas passará a ser realizado por alguma parte do Ser que tem
habilidade na área, porém o fará de forma superior. Um mesmo ato pode ser realizado
por um ego ou por alguma parte do Ser. O ato de compor e executar músicas, por
exemplo, pode ser um ato inferior e animalesco ou um ato superior e sublime.
Quando o ego o realiza, teremos um tipo de produto e, quando o Ser o realiza,
teremos outro. Se o ego que realiza um ato é eliminado, alguma parte do Ser poderá,
sempre que necessário, substituí-lo na realização do mesmo ato que, a partir de então,
será realizado de forma diferente. Até mesmo o ato sexual pode ser realizado pelo Ser
ou pelo Ego. São os resultados que irão nos mostrar.
Há, no entanto, um tipo específico de ego bom que descreverei hoje: os egos que
almejam a santidade e cobiçam a liberação dos pecados. São egos que possuem
intenções veneráveis e irreprováveis mas apresentam efeitos colaterais danosos.
Aqueles que desejam intensamente libertar a alma dos pecados sofrem muito com a
lentidão natural do processo da Morte. A Morte dos Defeitos não é algo rápido, que
ocorra do dia para a noite. No entanto, os egos ascetas e espiritualistas podem
ocasionar grande sofrimento e graves danos emocionais aos irmãos de todas as
religiões que almejem ardorosamente o estado de santidade e pureza.
Quando uma pessoa não aceita a crua realidade dos seus próprios defeitos e não se
conforma com a situação em que se encontra (refiro-me a uma inaceitação e a um
inconformismo doentio) pode desenvolver neuroses. Certas neuroses são típicas de
religiosos e ascetas espiritualistas e se devem à atuação de poderosos egos que
anseiam pelo estado de pureza e entram em choque frontal com os egos que amam os
prazeres da vida mundana.
Por mais estranho que pareça, existem egos que desejam, de forma inconsciente e
condicionada, a evolução espiritual e os mesmos necessitam ser eliminados como
quaisquer outros. Ao serem eliminados, partes correspondentes do Ser os substituem
e realizam com maior eficiência o trabalho de nos impulsionarem para cima.
Bem, este é apenas o meu ponto de vista pessoal sobre o problema. Espero ter me
feito entender.
Um mesmo defeito pode ser analisado segundo múltiplos critérios. Podemos estudá-
lo no que se refere aos danos que ocasiona, aos centros da máquina pelos quais se
manifesta, às suas metas, aos seus padrões recorrentes de manifestação diária, aos
conteúdos de suas fantasias no pensamento, aos fatores externos da vida horizontal
que o evocam, às formas sutis como principia a se manifestar, às suas causas
psicológicas ocultas, às justificativas inventadas pela mente para desculpá-lo etc. Não
há um limite definido para as facetas de um defeito e, portanto, não há um limite
definido para os critérios a serem levados em consideração. Ao analisar um defeito,
podemos levar em consideração múltiplos critérios, o que significa, em outras
palavras, que podemos analisá-lo, durante a concentração e a meditação, segundo
múltiplos pontos de vista.
Cada defeito tem uma forma particular de ver os fatos do ginásio psicológico, uma
ótica pessoal. O defeito da luxúria vê o corpo feminino de determinada maneira, o
defeito da gula vê os alimentos de outra, o defeito da ira vê os insultos e gracejos de
outra maneira e assim por diante. Não poderemos ver os elementos exteriores de
outra forma, ou seja, desde outro ponto de vista, se não eliminarmos os defeitos
correspondentes. Quem quer ver e sentir as coisas de outro modo, tem que
compreender e eliminar os defeitos que condicionam sua visão e percepção. E a
compreensão se consegue por meio da concentração e da meditação sobre os defeitos.
Aqui, concentrar e meditar significa refletir a respeito sem desviar-se e nem distrair-
se com mais nada.
Os desejos podem formar grupos que apresentam relações sinérgicas entre si. Por
relação sinérgica entenda-se uma relação não conflitante e de reforço mútuo. Quando
vários desejos diferentes apontam exatamente na mesma direção, para o mesmo
objetivo, estamos diante de uma relação sinérgica. Os grupos concordantes de
impulsos são chamados pela psicologia de "complexos" ou "agregados psíquicos".
Normalmente, um defeito não é constituído somente por um desejo, mas por vários
desejos agregados, sendo a maior parte deles ocultos: sentimos os impulso para a
satisfação, mas não sabemos exatamente o "porquê". O "porquê" está nos desejos
ocultos, que atuam como causas psicológicas.
Suponhamos que você esteja apaixonado(a) e sua libido esteja fixa em determinada
pessoa. Você está sofrendo uma obsessão, quer se livrar e não consegue. Ao olhar
para si mesmo, à primeira vista, verá somente um impulso cego e louco. No entanto,
se você for prático na concentração/meditação e se perguntar a respeito dos motivos
de tal impulso ("Por que a desejo tanto?"), descobrirá desejos, emoções, temores e
valores escondidos. Concentre-se na pergunta e busque as respostas com a máxima
sinceridade e coragem possível. Você verá que, além do desejo visível de ter aquela
pessoa para si, há outros desejos que o reforçam. Pode ser que você a deseje tanto
porque simplesmente ela se negou a você, originando o desejo de vencer sua
resistência; pode ser que você a deseje porque deseja uma pessoa como aquela para
exibir como um troféu para seus amigos e parentes; pode ser que você a deseje
porque ela se pareça com alguma pessoa parecida do passado que você desejaria ter
de volta; pode ser que você a deseje porque esteja curioso(a) por saber se ela irá lhe
proporcionar prazeres inimagináveis etc. As causas psicológicas ocultas de um desejo
variam de um caso para outro.
Que fique claro, porém, que, no trabalho da Morte dos Egos, a compreensão não é
tudo. A compreensão é metade do caminho. A outra metade é completada pela
devoção intensa à Mãe Divina, que é quem realmente decapita e mata os nossos
defeitos. Sem a Mãe Divina, não haverá Morte. A psicoterapia, por exemplo, não
alcança a Morte porque exclui a Mãe Divina. A Morte somente se concretiza quando
oramos e suplicamos intensamente à Mãe Divina.
Que essas palavras cheguem exatamente àqueles que estiverem delas precisando.
da Dualidade.
Aprendemos, em passadas reflexões, que devemos controlar os sentidos (Indryas),
evitando as percepções daquilo que reforça os egos. Aprendemos também que
devemos nos antecipar aos defeitos, removendo suas causas. No entanto, algumas
vezes somos inevitavelmente atirados em certas situações das quais não podemos
escapar. Quando isso ocorre, somos impactados emocionalmente pelos eventos de
forma brusca e repentina, sem chance de nos anteciparmos aos mesmos para evitá-los
ou desviarmos as percepções, fechando as portas às impressões destrutivas e
negativas. Em tais situações, a prática da transformação das impressões é uma
adicional ferramenta de trabalho que nos ajuda a modificar a maneira de recebermos
e percebermos os eventos da vida que nos atingem emocionalmente. Vamos analisá-
la mais de perto.
Por que Kaspar Hauser era insensível a ofensas e ameaças? Porque sua mente não
processava as ofensas como ofensas e nem as ameaças como ameaças, não havia
aprendido a entendê-las como tal. Certa vez um estudioso golpeou violentamente a
parede logo acima de sua cabeça e Kaspar Hauser não moveu sequer um músculo e
nem esboçou a menor reação. O estudioso então exclamou: "Totalmente insensível!".
Por ter crescido isolado do contato social, a mente de Kaspar Hauser não aprendeu a
reagir aos fatos externos. Sua mente era, num certo sentido, semelhante à mente que
gostaríamos de ter. No entanto, Kaspar Houser não possuía consciência disso, ou
seja, seu caso não se tratava de um processo consciente e voluntariamente adquirido.
Nossa forma de entender os fatos é equivocada, o que nos leva a reagir com emoções
negativas àquilo que percebemos. Aquilo que chamamos de "fatos desagradáveis"
não são mais que formas tendenciosas de compreender o mundo. O caráter
desagradável não está no fato exterior em si, mas em nossa forma de entendê-lo, de
recebê-lo e processá-lo mentalmente. Um mesmo fato pode ser desagradável para
uma pessoa e agradável para outra, o que prova o caráter subjetivo de tais
percepções.
A forma pela qual a mente processa as percepções exteriores guarda estreita relação
com a imaginação. Se nos apontam uma arma de brinquedo e acreditamos que a
mesma seja real, sentiremos as emoções correspondentes. O motivo é que nos
imaginamos em perigo. Entre imaginar e entender há grande interdependência. O que
acontece quando uma pessoa, ao ser insultada, não entende direito o que está se
passando e imagina que o insultador está brincando, fingindo insultá-la? Ela não
reage com ira, pelo menos não antes de entender o insulto como tal. O motivo está na
imaginação: a pessoa se imagina em uma situação diferente do insulto.
Insultar ou ameaçar alguém é uma forma de ferir sua imaginação. A pessoa que grita
e ofende quer ferir a imaginação do outro. Quando a imaginação da vítima é atingida,
ela passa a pensar constantemente naquilo, sua mente é invadida por maus
pensamentos relacionados ao problema e assim permanece por um tempo
relativamente longo, de acordo com a intensidade da identificação da pessoa com o
fato.
Quando alguém tenta refrear suas emoções negativas sem corrigir o entendimento
equivocado que lhes corresponde, cria um conflito entre a imaginação e a vontade, ou
seja, entre a mente e as emoções, originando uma neurose. O resultado é a
intensificação do sofrimento. Se constantemente penso e ocupo minha imaginação
com um problema, não poderei deixar de sentir as emoções correspondentes.
Assim, temos que corrigir os entendimentos equivocados, mas como fazê-lo? Antes
de mais nada, corrigindo a imaginação. Se, no momento em que somos impactados
por um fato, o imaginamos da maneira oposta, desarmamos o ego naquele instante.
Isso se chama "transformar a impressão". Há que se entender claramente isto.
Todo entendimento dos fatos possui um entendimento contrário que o anula. Quando
encontramos a antípoda de um entendimento tendencioso e colocamos na mente, o
anulamos e chegamos a uma síntese, isto é, à neutralidade. Em última instância, os
fatos não são, em si mesmos, bons e nem maus, simplesmente existem, são processos
naturais. Por pior e mais traumático que seja um fato, o será somente do ponto de
vista subjetivo, isto é, do ponto de vista de quem o percebe assim. O Ego faz com que
sempre vejamos as coisas como boas ou más, desejáveis ou detestáveis. Passamos a
vida entre tais opostos, os quais são subjetivos, e não enxergamos a realidade
objetiva.
Quando uma pessoa nos ridiculariza ou tenta nos trapacear, podemos anular o efeito
emocional provocado se procurarmos entendê-la (ou imaginarmos, se você preferir
assim) como alguém que se encontra em um estado lamentável, muito pior que
aquele em que estamos. Essa imaginação fornecerá o pólo contrário necessário para a
correção da percepção tendenciosa equivocada. Então, se estivermos práticos, a ira
poderá se transformar em piedade e não sofreremos. A irritação diante do escárnio
provém da idéia, ainda que inconsciente, de que o escarnecedor está em condições
superiores às nossas (e, portanto, em condições de nos ridicularizar), o que é um
equívoco, pois o escárnio, em si mesmo, não é bom e nem mau, simplesmente é um
fato que existe, mas que a ira não nos permite perceber objetivamente. Tampouco o
escárnio, de um ponto de vista objetivo, coloca o escarnecido em uma posição
inferior ao escarnecedor, somente o faz desde um ponto de vista subjetivo, pois,
objetivamente, a vítima, em si mesma, não perde e nem ganha nada ao ser
escarnecida (prova disso é que, quando o escárnio não é compreendido como tal, não
atinge a pretendida vítima). Portanto, o ponto de vista da ira de quem é vítima do
escárnio é subjetivo, tendencioso e equivocado, necessitando ser corrigido. Uma
pessoa como o Buda é completamente imune ao escárnio e não necessita fazer força
alguma para tanto, porque simplesmente vê o mundo de forma objetiva, sem os
equívocos tendenciosos da dualidade.
A transformação das impressões não é uma análise dos defeitos, mas sim das
situações que os evocam. A análise dos defeitos pertence a uma outra instância do
trabalho interior. Transformamos as impressões no momento de entrada, no instante
em que os acontecimentos exteriores nos impactam e chocam o nosso psiquismo. A
impressão deve ser transformada imediatamente, por me, meio da compreensão.
Transformar a impressão é "mudar a forma de ver", modificar o ponto de vista, alterar
o significado do fato que nos impacta ou choca. Os acontecimentos sempre nos têm
chocado sem que os percebamos conscientemente, mas agora temos que nos tornar
conscientes desses choques. Quando começamos a perceber conscientemente o
impacto dos eventos da vida, experimentamos o Primeiro Choque Consciente (pois
até então os eventos nos chocavam inconscientemente, ou seja, tínhamos somente
choques inconscientes). O choque consciente é o choque modificado pela
compreensão.
A visão que temos do mundo, da vida, dos problemas, dos prazeres etc. são falsas e
mentirosas, mas acreditamos que sejam reais, pois estamos enganados pelas
impressões equivocadas que fortificamos no presente e no passado. E Ego nos engana
e nos faz ver o mundo de determinada maneira condicionada, a qual nos leva a temer
a dor e desejar os prazeres, pois estamos presos na dualidade. E isso está diretamente
ligado à imaginação pois imaginamos as coisas de acordo com a impressão que delas
tenhamos.
Super-esforço e negligência
Você está andando na rua e de repente alguém ri da sua cara. Você então fica bravo.
O que isso indica? Entre outras coisas, que você não enxergou a realidade do riso.
Sua visão está "enviesada" pelo eu da ira. A ira está "colorindo" e subjetivando sua
percepção do fato.
Em si mesmo, como coisa em si, nenhum riso é irritante. No entanto, nós atribuímos
ao riso significados variados, conforme os contextos em que ele se dá. Se
possuíssemos uma percepção absolutamente objetiva, não consideraríamos o riso
como uma provocação, mas apenas como um som, pois é isso o que ele é. Nossa
mente, então, não reagiria. Teríamos o estado mental dos budas, os quais são
impenetráveis ao escárnio e não necessitam "resistir" à ira, pois não a possuem, a
desarmaram dentro de si mesmos.
Para modificar a impressão que os acontecimentos deixam em nós, temos que refletir
sobre os mesmos até o ponto em que a reflexão modifique a forma como os
encaramos. Tentando olhá-los de forma cada vez mais objetiva, exata e profunda,
vamos corrigindo os equívocos e recebendo as impressões de outro modo.
Ampliação em 21/05/2014
Cada objeto que percebemos nos impressiona de uma forma específica, ou seja, fere o
nosso psiquismo e deixa uma impressão. A impressão corresponde ao viés pelo qual
tomamos o fato.
No mundo real, além da mente, não existem problemas. Problemas são significados
que atribuímos a certos fatos, ou seja, uma forma de entendê-los. Nenhum fato, por
cruel que seja, é um problema em/por si mesmo, nenhum fato é problema sozinho,
sem a presença humana. Os fatos se tornam problemas apenas quando existe alguém
para sofrer por causa deles.
Não adianta tentar forçar essa compreensão, não é possível obtê-la pela força bruta.
Somente a meditação profunda pode nos conduzir a ela.
Por mais sofisticada que seja a linguagem utilizada na conversa que alguém tenha
consigo mesmo, será tão somente um indício de que a concentração não se
aprofundou, ainda está em um nível superficial.
Quando as imagens e sons internos começam a fluir, o praticante deve deixar que
fluam livremente e tomem o seu curso, sem tentar controlá-las. Aqui reside uma
dificuldade, pois o praticante tende a analisar constantemente se o seu curso
imaginativo está se desviando do lakshya ou não. Tal análise racional interrompe o
processo. O mais indicado é não preocupar-se com tal desvio, esquecê-lo
completamente. Dúvidas e checagens a respeito de se estar ou não fazendo as coisas
corretamente matam o curso da prática e a sabotam. Portanto, ao mesmo tempo em
que buscamos desenvolver o pensamento sem desviá-lo, tampouco devemos nos
preocupar em não desviá-lo. Neste nível, começamos a sair da lógica e do racional:
queremos nos manter focados no lakshya sem nos preocuparmos em estar focados no
lakshya. É normal que a mente considere isso uma contradição e fique confusa. A
confusão assinala dúvidas. Se corrermos atrás das dúvidas, voltamos para trás e não
avançamos.
Quando queremos pensar sem palavras em algo concreto, que faz parte de nossa
experiência sensorial, basta imaginarmos silenciosamente o objeto e tudo o que seja
intrínseco ao mesmo. Porém, se queremos pensar em algo abstrato sem recorrer à
linguagem, é normal nos sentirmos confusos, como se estivéssemos perdidos, pois
faltam-nos imagens. É difícil prescindir das palavras quando queremos pensar em
algo abstrato; é muito fácil fazê-lo ao pensarmos em algo concreto.
Quando percebemos algo no mundo físico, uma pessoa ou um cavalo por exemplo,
sentimos um "algo" específico em relação àquilo. Esse "algo" possui um teor
qualitativo indefinível e corresponde a uma forma interna de sensorialidade. É
exatamente este "sentir" específico que pode ser usado para nos concentrarmos em
algo abstrato sem nos valermos do recurso da palavra, da linguagem e dos conceitos.
Em si mesmo, o Atman não é abstrato, mas nossa experiência atual com o Atman,
por ser subjetiva, é abstrata.
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Explicada de outro modo, a Morte do Ego pode ser definida como uma atrofia, pelo
desuso, dos estados mentais e emocionais negativos.
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Aprenda a desviar o caminho muito antes que o desejo cresça e se torne
incontrolável.
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Quando você estiver sonolento e quiser concentrar-se em uma imagem com os olhos
fechados, visualize a imagem e procure enxergá-la com o terceiro olho como se este
fosse um olho físico. Não entendeu? Explico melhor: procure literalmente VER com
os olhos da imaginação. Mantendo os olhos fechados, VEJA o objeto que você está
imaginando. Sua percepção clarividente se tornará assim cada vez mais clara.
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Seja seu próprio instrutor, esteja sempre aprendendo algo novo, estabeleça metas. Ao
refletir sobre suas próprias práticas em busca da correção de erros e problemas, você
está ensinando a si mesmo. Ao ensinar a si mesmo, você está, na verdade, dando
oportunidades às Partes Superiores do Ser para que te instruam, te guiem, te levem e
te orientem. Seu poder de refletir sinceramente e compreender, assim como as
conclusões e aspirações que daí advém, provém do Alto.
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Saibam vocês, que estão lendo estas linhas, que o mundo físico em que vivem não é o
único e nem o mais real mundo existente. Os mundos espirituais apresentam impacto
realístico mais intenso que este mundo fenomênico de relatividades. Os mundos
internos, apenas postulados pelos físicos como multiversos, são universos materiais
muito reais, que coexistem paralelamente a este.
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Não espere as catástrofes emocionais começarem para correr atrás delas. Aprenda a
trabalhar com o mínimo e com o que antecede. Aborte o furacão antes que se instale.
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Ore várias vezes ao dia e não somente nos seus horários habituais.
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O problema está nas pequenas concessões que fazemos ao desejo a cada instante.
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Quem se deixa guiar pelo Ser faz rápidos progressos. Aprenda a não sabotar e a não
ignorar as orientações do seu Íntimo. Se você prestar atenção, Ele te mostrará
exatamente onde está errando. Após cada fracasso, medite e pergunte-se: "qual foi o
erro que cometi desta vez?" Revise sua conduta, procure pela resposta e a resposta
virá. Assim, os degraus da escada do ascenso vão sendo construídos. Sua inteligência,
discernimento e poder de intuição são virtudes do seu Íntimo. Ele te guiará através da
tua própria inteligência e discernimento.
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Por mais afundados e perdidos que estejamos, há momentos em que a mente repousa
e desfrutamos de uma pureza temporária. Se soubermos como não voltar para a
masmorra da identificação, podemos prolongar esses momentos indefinidamente.
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Pense com leveza no objeto da concentração. Busque sempre a leveza nas práticas.
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Os mínimos sinais corporais que se sente durante o relaxamento devem ser tomados
como indícios favoráveis de avanço na meditação.
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Quem cai sexualmente, após ter se mantido casto por alguns meses, semanas ou
mesmo dias, tende a cair nos dias seguintes. Quem cai após alguns anos de castidade
ininterrupta, tem lutar muito para recuperar o perdido, pois tende a ficar escorregando
a cada vez que tentar levantar-se. Por tais razões, é melhor lutar para não se deixar
cair do que apoiar-se na possibilidade de cair e se levantar. É mais fácil manter-se em
pé e não cair do que levantar-se após cair. Por outro lado, as caídas, por mais
numerosas que sejam, devem ser tomadas como meros acidentes naturais do
percurso. Aprender a manter-se em pé, caminhando, leva muito tempo.
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A imaginação determina o que sentimos diante das coisas. Se imagino que uma
formiga é perigosa, tremerei diante dela, ainda que faça todos os esforços para não
temer. Se imagino que meditar é impossível, tal imaginação atuará como um freio
que sabotará a minha prática.
Temos muitas imaginações inconscientes, das quais não suspeitamos nem de longe
que existam. Temos que corrigi-las ou não avançamos.
Se imagino que sou incapaz de vencer a luxúria, a gula, o medo ou a ira, me debaterei
inutilmente contra tais tentações, por toda a vida, e não experimentarei sucesso
algum.
Temos que descobrir as imaginações inconscientes equivocadas e corrigi-las.
Quando um sacerdote fica dizendo constantemente para os fiéis que as tentações são
impossíveis ou muito difíceis de vencer, está condicionando a imaginação de seus
adeptos ao fracasso.
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Uma chave indispensável, durante a prática do arcano, é manter a mente sem imagens
de mulheres e de atos sexuais de quaisquer tipos ou naturezas. A mínima imagem
erótica é suficiente para desencadear um processo de excitação descontrolado.
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Aquilo que experimento diretamente faz parte da realidade em que vivo e constitui
meu mundo. O que vivencio de forma direta e crua no mundo físico, no mundo astral
ou em outro mundo, é um conhecimento que não me pode ser arrancado por nenhuma
teoria.
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Quando estiver concentrado em algo (um mantram, um koan, uma oração ou uma
tarefa cotidiana), sinta-se o mais lúcido e consciente que puder.
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A morte de um defeito é uma cura espiritual realizada pela Mãe Divina. Do mesmo
modo o são a cura de quaisquer enfermidades emocionais e mentais.
As curas, físicas ou psíquicas, são realizadas pelas Partes Superiores do Ser.
As curas efetuadas pelo Ser sempre são realizadas de acordo com a lei do karma e
jamais a violam. Portanto, não basta somente pedir, é necessário realizar boas obras.
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Fusione o sono com o profundo relaxamento consciente e entrará facilmente do outro
lado sem perder a lucidez.
Muitas vezes, ao estar profundamente relaxado, você pode já estar do outro lado e
não se dar conta disso, pois continua deitado na cama.
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Se presto atenção em mim mesmo, descobrirei coisas sobre mim mesmo. Se presto
atenção no mundo que me rodeia, descobrirei coisas sobre o mundo que me rodeia.
Para discernir se estou no mundo astral ou no mundo físico, tenho que prestar atenção
na realidade circundante, pois se prestar atenção somente em mim mesmo, estarei
estudando meu ego, ainda que dentro do mundo astral, e compreenderei coisas sobre
este ego, mas não necessariamente discernirei que estou em astral. Convém não
confundir ambas observações.
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A Mãe Divina é a arma do estudante na Morte do Ego. É a Mãe Divina que mata os
nossos inimigos interiores. Peça e Ela os matará.
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Aqueles que dizem ser a morte do Ego impossível nem sequer sabem do que estão
falando.
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Observe todos os seus atos inocentes e verifique se os mesmos não alimentam algum
defeito sem que você perceba.
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Reaja à aproximação do desejo com a morte em marcha.
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A morte do eu é a correção das incompreensões.
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Uma prática completa de meditação possui várias fases, desde a postura até a
meditação propriamente dita. Após a meditação, ainda temos outros estágios mais
profundos que não podem ser descritos por meio de palavras das línguas ocidentais.
Antes de mais nada, você deve escolher o tema (lakshya) em que irá meditar e uma
postura ideal (asana) para fazê-lo. É claro que o ideal são temas sátwicos (sagrados e
espirituais), mas podemos começar com temas mais concretos para compreender
melhor como se realiza uma concentração. Um tema que nos faça bem e no qual
pensemos com certa facilidade poderá servir.
A postura ideal deve, em primeiro lugar, permitir que você respire sem problemas,
mesmo nos estágios mais avançados, quando você estiver bem longe do corpo e dos
sentidos. Uma postura que não permite que o corpo respire com facilidade em sono
profundo irá atrapalhar e estancar a prática, pois o praticante terá que interromper e
retornar ao estado comum para ajustar a posição da cabeça, do pescoço ou algo
assim. Em segundo lugar, a postura não deve permitir incômodos, tais como dores ou
circulação sanguínea obstruída. Um braço, uma perna ou o pescoço mal posicionados
poderão apresentar dor ou dormência, o que irá atrapalhar. Podemos meditar sentados
ou deitados, o que importa é termos uma boa posição que não incomode quando o
relaxamento atingir níveis bem profundos. Meditar não é muito diferente de dormir,
embora seja algo consciente. Particularmente, acho muito estranha essa idéia de
dissociar meditação de sono e de concebê-los como coisas contrárias e incompatíveis.
Quem realmente sabe meditar, dorme e descansa enquanto medita sem problema
algum, na verdade dorme mais profundamente.
Uma vez que tenhamos conseguido um relaxamento razoável, passamos agora à etapa
de nos desligarmos dos pensamentos. Como a mente está em ebulição, convém
tomarmos consciência dos pensamentos que vão desfilando em nossa mente,
"rotulando-os" à medida que passam. Não devemos nos identificar com os
pensamentos e isso significa que temos que ser neutros, nem contra e nem a favor dos
mesmos, simplesmente observá-los de fora, sem compromisso algum. Tanto aquele
que se detém com os maus pensamentos, lutando com eles para silenciá-los, como
aquele que gosta e "curte" os maus pensamentos, se divertindo em saboreá-los, está
preso eles e não pode abandoná-los. O trabalho de observar os pensamentos vai
retirando a consciência dos cinco sentidos e concentrando-a nos processos internos.
Aqui principia o que se chama "pratyahara", que é o desligamento dos indryas
(sentidos externos) e o direcionamento da consciência para dentro, para o mundo
interior, que na verdade é o outro mundo.
Quando o pratyahara está bem estabelecido, o praticante já desligou seus cinco
sentidos externos comuns: ele não ouve, não vê e não sente mais o mundo físico e, às
vezes, nem mesmo o corpo físico. É aqui que algumas vezes somos assaltados pela
paralisia do sono e podemos começar a ter percepções alteradas e incomuns.
Normalmente, o praticante sente muito medo, crê que está morrendo e não vai além
desta etapa. São percepções alteradas comuns nesta fase: estar paralisado e não
conseguir mover-se, ver com os olhos fechados, ouvir sons estranhos, ter a sensação
de que o corpo está em outra posição, achar que se está em outro lugar, ter flashes de
cenas da infância, recordar-se de traumas e perdas, lembrar-se de algo que
atemorizante, sentir-se flutuando etc. Se você quiser ir além de uma prática
superficial, terá que manter-se neutro e indiferente em relação a todas essas
percepções, como fez o Buddha Gautama embaixo da Árvore, e deixá-las todas para
trás. Você deve ir atrás de sua meta e não perseguir mais nada.
Muitas interferências mentais podem ocorrer para tentar nos desviar nessa etapa.
Imagens de lindas mulheres, de problemas familiares, de compromissos, de perigos,
de ameaças, de doenças etc. tentam absorver nossa atenção e nos desviar da meta. Se
continuamos focados no que nos interessa, atravessaremos essa fase e cada vez mais
a concentração se aprofundará. Então só restarão imaginações referentes ao tema em
que estamos meditando e nada mais. Teremos nos libertado de todos os demais
pensamentos.
Sabemos que nosso propósito, ao meditar, é sairmos da mente. Sair da mente é deixar
os pensamentos para trás, esquecê-los, nos desligarmos deles. Em Dharana, ainda
resta um pensamento único, que apresenta vários sub-pensamentos, todos dentro do
mesmo tema. A mente ainda está nos prendendo, como uma corda amarrada ao pé de
um pássaro. Se quisermos ir além e descobrir o que há além daquele pensamento,
temos que abandoná-lo.
O pensamento restante, por mais concentrado que esteja, ainda não é a realidade.
Esse pensamento único pode realizar prodígios, produzir insights, revelações,
soluções, pode afetar até o funcionamento do corpo físico, mas ainda não é a
realidade sobre o tema. A realidade está além de qualquer pensamento. Todo
pensamento é parcial, polarizado e possui seu contrário. Para abandonar o
pensamento restante, temos que encontrar seu pólo oposto e confrontar ambos,
transcendendo a dualidade e compreendendo que ambos são um. Ao
compreendermos o caráter ilusório do pensamento que havia sobrado, nos libertamos
da mente e caímos em Dhyana, que é a meditação propriamente dita.
Por que é tão fácil ficarmos tomados por um mal pensamento e tão difícil fazer o
mesmo com um pensamento sublime? Porque os pensamentos maus são carregados
de conteúdo emocional. Se levado às últimas consequências, o cultivo de um
pensamento mau afeta todos os centros e até o metabolismo do corpo físico se torna
direcionado àquele objetivo. Isso significa que, se quisermos inverter o processo
psicológico para cima, temos que procurar sentir as emoções superiores
correspondentes ao pensamento sublime que estamos tentando cultivar por meio da
concentração. Não basta somente empenhar-nos em manter certas imagens na cabeça:
temos que permitir que as emoções superiores correspondentes nos invadam e que o
pensamento sublime nos arrebate e atinja todos os centros da máquina.
Se você escolheu como tema de sua concentração a Mãe Divina, o Ìntimo, o Cristo ou
um mantram, por exemplo, não basta somente tentar imaginá-los, é necessário ir
muito além e buscar sentir as emoções superiores correspondentes. É assim que
vamos nos abrindo para as influências superiores e cooperando com o Alto.
"No mundo quântico, uma partícula elementar, ou um conjunto delas, pode existir em
uma superposição de dois ou mais estados possíveis. Um elétron, por exemplo, pode
estar em uma superposição de diferentes posições, velocidades e orientações de spin.
Ainda que não se possa medir quaisquer dessas propriedades com precisão, em
qualquer instante, é possível obter um resultado bem definido - somente um dos
elementos da superposição e não uma combinação deles. Nunca vemos objetos
macroscópicos em superposições. O problema da medição se resume em uma única
questão: como e por que o mundo único da nossa experiência emerge da
multiplicidade de alternativas possíveis no mundo quântico superposto?" (Byrne,
s/d.)
Stephen Hawking
As teorias de Stephen Hawking sobre o surgimento do universo não são mais lógicas,
mais realistas ou menos fantasiosas que quaisquer explicações mitológicas e
esotéricas. A diferença é que estas são analógicas e simbólicas, enquanto aquela não.
Não sei porque todo mundo aclama os produtos da imaginação deste cientista e
depreciam as descrições dos Mestres do Esoterismo.
Os materialistas estão em um beco sem saída, já que constataram que a matéria, tal
como sempre a entenderam, não existe.
Qualquer um sabe que acontecimentos muito velozes não podem ser percebidos a
olho nu, assim como acontecimentos de amplitude espacial muitíssimo pequena.
Se uma bala ultrapassasse a velocidade da luz, ela passaria através do nosso corpo
sem nos ferir. Suas partículas pertenceriam a uma escala espaço-temporal distinta ou,
em termos mais simples, a outro mundo.
Imaginemos a bala de revólver. Ela me é invisível por ser muito veloz, mas eu
também serei invisível em relação a um hipotético ser que esteja montado sobre esta
bala, uma vez que ele passará por mim muito rapidamente. Se eu estiver caminhando
ao lado de uma ferrovia e um trem me ultrapassar na velocidade da luz, serei invisível
para os passageiros por ser muito mais lento que eles. Minha baixíssima velocidade
me tornará invisível e me colocará em outro mundo paralelo, em outra escala espaço-
temporal. Isso significa que a lentidão, e não somente a rapidez, pode ser um fator
que promove a invisibilidade e até a inexistência de um objeto em um determinado
lugar e momento.
Ora, se algo é muito rápido em relação a mim, então é lógico que serei muito lento
em relação a este corpo veloz. Do mesmo modo, nós, que nos acreditamos fixos ou
lentos, estamos nos movendo muito velozmente em relação a universos cuja
velocidade para nós é inconcebivelmente lenta.
O erro de muitas pessoas consiste em imaginar que objetos que lhes parecem em
repouso tenham velocidade nula e que nada pode se mover mais lentamente que
aquilo que consideram "em repouso". Em relação a seres de um universo ultralento
(infra-dimensões), nos movemos a velocidades altíssimas.
Assim como porções infinitamente gigantescas de espaço não podem ser percebidas
pela consciência humana comum, os fatos que se dão em velocidades ultra-lentas
também não o podem.
A percepção comum do ser humano não pode abarcar fenômenos imensos, pois os
mesmos lhe escapam por sua amplitude. É por isso que a Terra nos parece plana e
fixa em relação ao Sol e à Lua. Ora, como o infinitamente lento corresponde,
comumente, à escala espaço-temporal do infinitamente gigantesco, resulta então que
acontecimentos que se dão em tal escala nos são imperceptíveis.
Ainda que certos objetos nos pareçam parados (ex. um prato fixo sobre uma mesa),
eles na verdade estão se movendo em relação a algo, como, por exemplo, a outros
corpos celestes, em relação aos quais talvez também estejamos nos movendo. Além
disso, suas micro-partículas se movem no interior dos seus átomos. É tudo isso que os
torna visíveis e palpáveis ao nosso tato. Caso suas partículas ou todo o objeto se
movessem a velocidades muito mais lentas ou rápidas que aquelas que correspondem
à nossa escala de percepção, os mesmos nos seriam invisíveis e, o mais interessante,
impalpáveis.
Não deve ser muito difícil entender que, se um objeto se move velozmente em
relação a mim, isso significa que me movimento lentamente em relação a ele.
Similarmente, se eu me movimento velozmente em relação a outro objeto, o mesmo
estará se movendo lentamente em relação a mim, talvez tão lentamente que não
sejamos visíveis um ao outro. Se a diferença de velocidade entre dois seres é
exageradamente grande, eles não são mutuamente perceptíveis. Portanto, a lentidão, e
não somente a rapidez, é um fator que oculta a existência de seres e mundos. A
velocidade dos corpos e das partículas define a escala espaço-temporal em que atua
nossa consciência.
Velocidades e dimensões
São esses os corpos e seres acessados nas visões da ayahuasca, na meditação e nos
estados místicos verdadeiros, não alucinatórios.
O mundo das partículas sutis
A relatividade do espaço
A distância é uma ilusão da mente e não existe no mundo real. Dois objetos que nos
parecem separados por um espaço, em um nível profundo de realidade, estão unidos.
Se a distância entre dois objetos existisse objetivamente, não poderia ser encurtada
com o aumento da velocidade e seria sempre a mesma. A distância entre dois pontos
poderá ser maior ou menor, consoante a escala espaço-temporal em que se vive ou à
velocidade com que se desloca de um a outro.
Uma pessoa poderá transformar dois pontos distantes em pontos muito próximos,
caso se desloque a grandes velocidades. Caso dê um salto e passe a viver na escala do
seu Espírito, os pontos distantes lhes serão vizinhos.
Consideramos que São Paulo e Tóquio estão distantes porque estamos quase
divorciados do nosso Ser.
O Ser tem o poder de transitar por diversas escalas de espaço e de tempo, de acordo
com sua vontade. No mundo do Espírito, o passado pode ainda estar acontecendo e o
futuro já ter chegado, ambos irmanados em um agora contínuo.
O mundo das relatividades não é o mundo verdadeiro, é o mundo das ilusões, dos
pontos de vista.
Se o espaço e o tempo fossem absolutos, não poderiam ser alterados pela velocidade.
Mas a verdade é que podem ser alterados pela velocidade. Quando estamos atrasados,
pedimos ao motorista para que aumente a velocidade. Um lugar será ou não distante
de outro em dependência da velocidade de deslocamento de que dispusermos.
Referência:
Nos dias atuais, a ansiedade se tornou uma doença emocional muito comum.
A ansiedade é algo que pode atrapalhar muito o praticante de meditação e até nos
estancar na Morte do Ego. Por isso, vamos agora estudá-la um pouco. A questão será
tratada do ponto de vista espiritual e não do ponto de vista médico. As informações
que seguem não se destinam a substituir as receitas e nem os tratamentos da medicina
convencional, são somente uma outra abordagem do problema.
Crises de ansiedade são, basicamente, o resultado emocional de vários problemas que
a pessoa atravessou na vida. Todas as experiências vulnerabilizantes se somam em
torno de um medo terrível, normalmente o medo de morrer. A pessoa se sente
vulnerável e na iminência de falecer. Isso é a ansiedade: um monstro que nasce da
somatória dos problemas emocionais que tenhamos. O religiosos não estão totalmente
errados quando dizem que se trata de um demônio que entra no corpo da pessoa.
Coisas ruins que fizemos aos outros (e nos deixaram apreensivos a respeito de
represálias e consequências) e coisas ruins que nos fizeram, ao longo de toda a vida,
ficam gravadas subconscientemente e provocam efeitos somáticos. Os efeitos
somáticos são manifestações desses egos no centro instintivo.
Os fármacos inibem os efeitos somáticos mas, como não trabalham as causas (que
são internas e psíquicas), os represam. São úteis e importantes em situações de
emergência, mas não atingem a “causa causorum”. Os processos orgânicos, químicos,
não são a causa última da ansiedade e sim sua causa “horizontal”. A causalidade
última pode ser encontrada na linha vertical: em outras dimensões, são brutais egos
invasores. Em outras palavras, a ansiedade vem de cima para baixo, desde a quinta
dimensão até o mundo físico. O segredo da cura está em dissolver os egos que a
ocasionam. Afastá-los já promove uma boa melhora.
Consciência limitada
A ansiedade nunca é causada por um só ego ou por uma única experiência traumática,
mas por um conjunto e, devido à Lei de Recorrência, tem sua última e mais distante
origem em existências anteriores.
Erros
São erros que o doente comete: tentar reprimir ou controlar as emoções negativas da
ansiedade ao invés de compreendê-las para abandoná-las, tentar reverter os sintomas
da ansiedade pelo mero esforço de vontade, checar constantemente como está o seu
estado, evitando esquecer a ansiedade, prestar atenção nos sintomas, fazendo com
que eles aumentem.
Como qualquer ego, a ansiedade está viva porque a alimentamos por meio da
identificação. O primeiro passo para livrar-se é não alimentá-la, enfraquecendo-a "de
fome".
Alimentamos a ansiedade (os egos que temem a morte, doenças e outros afins) por
meio de pensamentos, falas, recordações, lembranças, constantes checagens de nosso
estado etc. Temos que retirar a ansiedade de nosso pensamento. Além disso, temos
que descobrir e retirar de nossa vida as situações que a nutrem.
Todas as situações que nos façam sentir medo, principalmente o medo de morrer e de
adoecer, estão alimentando a ansiedade. Devemos descobri-las, extirpá-las de nossas
vidas e, depois disso, nem sequer tomar consciência de que existam, abandoná-las.
Não devemos pensar no mal, na morte, nas desgraças e nas doenças, nem mesmo
quando eles estão passando por nós. Eles devem passar "ao largo", como uma
passeata que passa pela rua e vai embora.
É importante compreender que o medo, em si, não tem a utilidade que alguns
psicólogos atribuem. Se o medo for dissolvido conscientemente, a pessoa não deixará
de ter consciência das consequências dos atos desastrosos. A crença de que o medo é
útil e importante o reforça. Temos que chegar à compreensão de que o medo é inútil e
prejudicial. Quando meditamos bastante e nos desligamos de tudo, inclusive do corpo
físico, esta compreensão "nos cai".
Quem sofre de neurose cardíaca (a atual síndrome do pânico) alimenta seu problema
ao prestar atenção nos ritmos cardíacos. A menor alteração é motivo para a pessoa
acreditar que irá morrer em seguida. No entanto, a ansiedade pode se manifestar
também sob outras formas, nas quais a mente e a percepção podem se fixar
teimosamente sobre outros sintomas corporais. Qualquer que seja o caso, temos que
alcançar o vairagya sobre o corpo físico, isto é, o desinteresse e o esquecimento,
enquanto estivermos meditando.
Não devemos nos ocupar mentalmente com o mal, nem mesmo quando ele está nos
acometendo. Cada vez que nos ocupamos com o mal, o alimentamos mentalmente.
Há pessoas que morrem felizes, porque em vida desenvolveram a capacidade de não
se ocupar mentalmente com a morte e nem com as doenças. Isso é o que buscamos.
Para obter alívio das crises por meio da meditação, podemos fazer o seguinte:
4) praticar a respiração abdominal por alguns instantes, sem esquecer de relaxar a barriga;
Quando sua atenção for sequestrada por algo maligno, não tente arrancá-la à força.
Ao invés disso, empenhe-se em prestar cada vez mais atenção em algo superior e
positivo que lhe faça bem. O mesmo vale para os pensamentos intrusivos e teimosos.
A situação pode ser melhorada se a pessoa deixar de brigar com a mente doente, ao
mesmo tempo em que confere mais atenção e importância ao lakshya que escolheu
voluntariamente. Dissocie sua consciência dos elementos atrativos que a sequestram
(os problemas) conferindo mais valor e importância ao lakshya. O lakshya serve para
desviar a atenção e os pensamentos daquilo que prejudica, desde que você lhe dê
mais importância do que aquilo que te distrai e te arrasta. A capacidade de prestar
atenção em algo se desenvolverá com a prática. Não pense que você irá se libertar
completamente logo no início das práticas, o que você experimentará são melhoras
gradativas de intensidade variável. A concentração, que é a capacidade de prestar
atenção e pensar em algo que escolhemos, esquecendo e nos desligando de tudo o
mais, irá deter o processo da ansiedade e do pânico pois, se você não pensa e não
percebe algo, aquilo não existe para você.
Quem tem a concentração bem desenvolvida, pode rapidamente sair das crises pela
simples focalização da mente e da atenção sobre algum lakhsya calmante, bom e
interessante. O desvio da atenção rompe a corrente de identificação que alimenta a
ansiedade e proporciona alívio. Quanto mais nos esquecermos dos sintomas, menos
iremos nutri-los. A concentração é um poderoso antídoto não só para a ansiedade,
mas também para compulsões e outros problemas psicológicos. Quando você estiver
desesperado com o desejo de cometer algo que não deve, experimente concentrar-se
em outra coisa e sentirá um alívio.
Entrando na ansiedade
As causas do medo podem ser muitas e variam de uma pessoa para outra. Alguns
temem sofrer dor física, outros temem a condenação do inferno, outros temem as
privações dos prazeres da vida ou a ausência dos entes queridos. Há uma raiz comum
a todos os medos: a sensação de que se vai perder a posição confortável à qual se está
acostumado.
O doente deve buscar as causas particulares do seu medo, passeando, por meio da
reflexão, pelos motivos que o fazem temer (sem, no entanto, ocupar-se com o objeto
do medo). Não é possível vencer a ansiedade sem vencer o medo da morte que, em
última instância, é a essência de todos os medos. E não se vence os medos pelo mero
esforço no sentido de sufocá-los ou fazê-los retroceder. A palavra "vencer", aqui, não
tem o significado de opor-se a algo até forçá-lo a retroceder. Também não possui o
significado de envolver-se com alguma coisa e lutar com aquilo.
Se o medo não existisse, não existiria a ansiedade. A ansiedade é ocasionada por uma
soma de agregados psíquicos que obsessionam o doente.
Conclusão
Para maior aprofundamento, recomendo fortemente que você leia dois livros de Sri
Swami Sivananda: "Concentração e Meditação" e "A Conquista do Medo". São
imprescindíveis. Recomendo também o estudo das canções do santo iogue Milarepa.
Ampliação em 22/09/2013
Ampliação em 15/10/2013
Ampliação em 20/10/2013
Ampliação em 24/11/2013
Ampliação em 26/11/2013
As dicas que seguem são para o dia a dia e não para os momentos em que estiverem
ocorrendo as sessões de meditação. No dia a dia, ao invés de ficar observando os
sintomas somáticos, procure observar as causas das crises. Por "causas das crises"
refiro-me aqui aos fatos externos que as desencadeiam.
Ampliação em 27/11/2014
A ansiedade pode também ser entendida como uma invasão por pensamentos
negativos e prejudiciais, os quais, por sua vez, provocam uma invasão por emoções
igualmente destrutivas, tais como a tristeza, a angústia ou o medo.
“Então ela disse: ‘Caro professor, não tenho feito nada para me preparar para a
próxima vida. Agora eu vou fazê-lo. Por favor, partindo de sua grande compaixão,
cuide de mim e me dê instrução à meditação.’
Ele cantou esta música com quatro exemplos e cinco pontos sobre a meditação e a
prática da mente:
Na Índia sagrada dos Vedas, os yogues praticam a meditação interna quatro vezes por
dia. Em nosso mundo ocidental, devido à preocupação pelo viver diário e ao duro
batalhar pela existência, só se pode praticar a meditação uma vez por dia. Só isso é o
suficiente. O importante é praticar diariamente, sem faltar um só dia. A repetição
incessante, contínua, tenaz, põe, afinal, os chacras a girar, e, depois de algum tempo,
iniciam−se as primeiras percepções clarividentes e clariaudientes.
As manchas luminosas, os quadros de luz, as figuras vivas, o soar de sinos, as vozes
de pessoas ou de animais, etc., indicam com segurança que o estudante está
progredindo no desenvolvimento dos seus poderes internos. Todas essas percepções
aparecem nos instantes em que, submerso em profunda meditação, encontra−se
adormecido.
Também no Lótus das Mil Pétalas, situado na parte superior do cérebro, costumam
sentir−se certas sensações elétricas. O devoto deve vencer o medo, se quiser
progredir no desenvolvimento dos seus poderes internos.
Algumas pessoas têm estas visões em poucos dias de práticas. Outras pessoas
começam a ter as primeiras visões depois de seis meses de exercícios diários.
O devoto que começou a ter as primeiras percepções dos Mundos Superiores, deve
ser, no princípio, como um jardim selado com sete selos. Aqueles, que andam
contando aos outros tudo o que vêem e ouvem, fracassam nesses estudos pois as
portas dos Mundos Superiores se fecham para eles.
Um dos perigos mais graves que assalta o devoto é a vaidade. Muitos estudantes se
enchem de vaidade e orgulho quando começam a perceber a realidade dos mundos
supra−sensíveis e então se qualificam de MESTRES. E, sem terem alcançado o pleno
desenvolvimento dos seus poderes internos, começam a julgar os outros
erroneamente, fundamentados nas suas percepções clarividentes incompletas.
O resultado desse proceder equivocado é que o devoto lança então muito Karma em
suas costas, porque se converte em caluniador do próximo e enche o mundo de
lágrimas e de dor.
O estudante que teve as primeiras percepções clarividentes, deve ser como um jardim
selado com sete selos, até que seu MESTRE interno o inicie nos GRANDES
MISTÉRIOS e lhe dê ordem para falar.
Outro dos graves erros que assaltam a todos aqueles que se submetem à disciplina
esotérica é depreciar a IMAGINAÇÃO. Nós aprendemos que a imaginação é o
translúcido, o espelho da alma, a divina clarividência. Para o devoto, imaginar é ver.
O clarividente sem Iniciação verá ali o Satã dos santos revivendo incessantemente
todos os crimes e maldades que eles cometeram em remotíssimas reencarnações,
antes de serem Santos. Porém, o clarividente inexperiente, sem Iniciação, não saberia
distinguir realmente entre o passado e o presente. Entre o Satã de um homem e o Ser
Verdadeiro de um homem. O resultado seria a calúnia. O clarividente inexperto diria:
"Esse homem, que se crê santo, é um assassino, ou um ladrão, ou um terrível mago
negro, porque eu, com a minha clarividência, assim o estou vendo". Isso é
precisamente o que se chama calúnia. Muitos clarividentes degeneram horrivelmente
em caluniadores. Um dos mais graves perigos da calúnia é o homicídio.
O devoto deve ser como um jardim selado, e com sete selos. Aquele que já tem as
primeiras percepções clarividentes e clariaudientes é ainda um clarividente inexperto
e, se não souber calar, converter−se−á em um caluniador das pessoas. Só os grandes
Iniciados clarividentes não se equivocam. Rama, Krishna, Buda, Jesus Cristo,
Hermes, etc., foram verdadeiros clarividentes infalíveis, oniscientes.
O sono na meditação
"Em certa ocasião, escutamos dos lábios de um swami hindu uma exótica afirmação.
(Ampliação ao final)
A mente se concentra e flui facilmente naquilo que não presta porque os pensamentos
correspondentes são prazeirosos. É prazeiroso pensar em coisas mundanas: em
vingança, em comidas, em pornografia etc. Em contrapartida, o asno empaca e não
quer caminhar quando o lakshya é algo sublime e espiritual.
Uma forma de superar essa teimosia mental é escolhermos como alvo de nossa
concentração a solução de algum problema no qual valha a pena pensar. Relaxamos,
nos concentramos buscando a solução até que ela "nos caia", sob a forma de um
insight ou uma revelação. Perguntas relacionadas ao tema ("como resolver isso?)
podem ser usadas sob a forma de um koan. Tudo o mais deve ser esquecido e
abandonado. É importante focar naquilo que queremos (a solução) e não naquilo que
nos incomoda (o problema) pois, uma vez que uma idéia prevaleça na mente de
forma completa, o corpo físico reagirá em consonância com a mesma. Se o problema
tomar conta da mente, o corpo reagirá com estresse, mas se a solução tomar conta, o
corpo reagirá com alívio.
Existem infinitas coisas para se pensar sobre o lakshya, mas a mente não quer saber
delas. Ela prefere saborear seus próprios objetos e temas.
Até o momento, não vejo outra solução além de dar pequenos empurrões no asno
para que ele continue a pensar no que queremos. Sivananda aconselha que tentemos
inicialmente concentrar o pensamento em algo que nos interessa muito, pois isso
desobstruirá o fluxo mental (haverá uma junção entre nossa meta e um sanskara
específico da mente). No entanto, há que se ter cuidado pois, se escolhermos como
lakshya algo que pode nos prejudicar espiritualmente, não conseguiremos nos livrar
dos nefastos resultados. Se eu me entreter pensando detidamente em alguma fantasia
sexual, serei escravizado por tal fantasia e não serei capaz de preservar meu virya. De
todas as maneiras, quando mais interesse o objeto despertar em nós, mais facilmente
conseguiremos pensar nele.
Pela Lei das Associações, a mente tentará trazer outras cenas relacionadas ao objeto,
das quais ele próprio estará ausente. Vejamos um exemplo: você está imaginando
uma cena em que um coco está sendo vendido e, repentinamente, passa a imaginar
coisas sobre o vendedor ao invés de acompanhar o que aconteceu com a fruta ao ser
adquirida pelo cliente. Nesse caso, a imaginação foi transferida de um objeto (o coco)
para outro objeto relacionado (o vendedor), tal como ocorre no pensamento comum
desconcentrado ou imaginação mecânica. É a Lei das Associações que provoca os
desvios da imaginação e nos faz cair na atividade mental comum. A Lei das
Associações faz com que a imaginação passe de um tema a outro tema relacionado,
formando uma corrente de temas que se prolonga infinitamente, fascinando e
adormecendo a consciência. O pensar em muitos temas provoca excesso de atividade
mental e nos afasta do nosso objetivo, que é reduzir os pensamentos para, no final,
escaparmos da mente. Aconteça o que acontecer, observe e acompanhe o seu objeto e
não outras coisas.
A domesticação do asno da mente é algo progressivo, não adianta ter pressa. A cada
dia amansamos mais o asno, até o momento em que se torne obediente.
Não force sua mente a pensar sobre o lakshya, simplesmente focalize-a no objeto e
deixe que o pensamento surja e flua. Se forçar, terá dores de cabeça. Ao invés de
forçar, prefira conferir bastante importância ao objeto e nenhuma importância a
outras coisas. Não brigue com os pensamentos indesejáveis, vire-lhes as costas.
Confira importância e valor ao que interessa. Pratique a concentração repetidamente
em um mesmo tema durante vários dias, até que não seja mais preciso "procurar"
idéias sobre ele. Quando somos principiantes na prática da concentração, a mente não
flui continuamente, constantemente falha e se desvia.
Nós, seres humanos, não somos somente aquilo que percebemos de nós mesmos,
somos muito mais do que achamos que somos.
Ampliação em 12/12/2013
A Meditação
(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 17)
Contam as velhas tradições, que se perdem na noite dos séculos, que o Mestre chinês
Meng Shan conheceu a ciência da meditação antes dos vinte e cinco anos de idade.
Dizem os místicos amarelos que desde essa idade até os 32 anos ele estudou com 18
anciães.
Resulta certamente interessante, sugestivo e atraente, saber que este grande
Iluminado estudou com infinita humildade aos pés do venerável ancião Wan Shan,
quem lhe ensinou a utilizar inteligentemente o poderoso mantra WU, que se
pronuncia com um duplo U, imitando sabiamente o uivo do furacão na garganta das
montanhas.
Este irmão nunca esqueceu o estado de alerta percepção, de alerta novidade, tão
indispensável e tão urgente para o despertar da consciência.
O venerável guru Wan Shan disse−lhe que durante as doze horas do dia é preciso
estar alerta como um gato que espreita um rato ou como uma galinha que choca um
ovo, sem abandonar a tarefa por um segundo sequer.
Nestes estudos, os esforços não contam e sim os superesforços. Enquanto não
estejamos iluminados, temos de trabalhar sem descanso, como um rato que rói um
ataúde. Se praticamos dessa forma, nos libertaremos da mente e experimentaremos
diretamente esse elemento que a tudo transforma radicalmente, ISSO que é a
Verdade.
Um dia, Meng Shan, depois de 18 dias e noites contínuas de meditação interior
profunda, sentou−se para tomar chá e… ó maravilha!… compreendeu o sentido
íntimo do gesto de Buda ao mostrar a flor e o profundo significado de Mahakasyapa
com seu exótico e inesquecível sorriso.
Interrogou a três ou quatro anciões sobre a experiência mística, mas eles guardaram
silêncio. Outros disseram−lhe para que identificasse a vivência esotérica com o
Samádhi do Selo do Oceano. Este
sábio conselho, naturalmente, inspirou−lhe grande confiança em si mesmo.
Meng Shan avançava triunfante em seus estudos, mas nem tudo na vida são rosas,
também há espinhos. No mês de Julho, durante o quinto ano de Chindin (1264),
infelizmente contraiu desinteria em Chunking, província de Szechaun.
Com a morte nos lábios, decidiu fazer testamento e distribuir seus bens terrenos.
Feito isto, incorporou−se lentamente, queimou incenso, e sentou−se num sítio
elevado. Ali orou em silêncio aos três Bem−aventurados e aos Deuses Santos,
arrependendo−se diante deles de todas más ações que cometera em sua vida.
Considerando certo o fim de sua vida, fez aos inefáveis um último pedido: Desejo
que mediante o poder de Prajna e de um estado mental controlado, possa eu me
reencarnar em um lugar favorável, onde possa fazer−me monge (swami) em tenra
idade. Se por casualidade, me recobrar de sta enfermidade, renunciarei ao mundo e
tomarei os hábitos para levar a luz a outros jovens budistas.
Depois de formular estes votos, submergiu em profunda meditação, cantando
mentalmente o mantra WU. A enfermidade o atormentava, os intestinos
torturavam−no espantosamente, porém ele resolveu não lhes dar atenção.
Meng Shan esqueceu por completo de seu corpo e suas pálpebras fecharam−se
firmemente, ficando como se estivesse morto.
Contam as tradições chinesas, que quando Meng Shan entrou em meditação, só o
verbo, isto é, o mantra WU (U… U…), ressoava em sua mente, depois não soube
mais de si mesmo.
E a enfermidade…? Que houve com ela…? Que aconteceu…? Resulta claro, lúcido,
compreender que toda afecção, doença, dor, tem por embasamento determinadas
formas mentais. Se conseguimos o esquecimento radical, absoluto, de qualquer
padecimento, o cimento intelectual se dissolve e a indisposição orgânica desaparece.
Quando Meng Shan se levantou do sítio no começo da noite, sentiu com infinita
alegria que já estava quase curado. Sentou−se de novo e continuou submerso em
profunda meditação até a meia−noite, quando sua cura se completou.
No mês de agosto, Meng Shan foi a Chiang Ning e cheio de fé ingressou no
sacerdócio. Permaneceu um ano naquele mosteiro e depois iniciou uma viagem
durante a qual ele mesmo cozinhava seus alimentos, lavava as suas roupas, etc.
Então, compreendeu na íntegra que a tarefa da meditação deve ser tenaz, resistente,
forte, firme e constante, sem se cansar nunca.
Mais tarde, caminhando por terras chinesas, chegou ao mosteiro do Dragão Amarelo.
Aí, compreendeu a fundo a necessidade de despertar a consciência. A seguir
continuou sua viagem em direção a Che Chiang.
Chegando lá, arrojou−se aos pés do Mestre Ku Chan de Chin Tien e jurou não sair do
mosteiro enquanto não atingisse a Iluminação. Depois de um mês de meditação
intensiva, recobrou o trabalho perdido na viagem, porém seu corpo encheu−se de
horríveis bolhas, as quais foram intencionalmente ignoradas por ele, tendo
continuado com a disciplina esotérica.
Um dia qualquer, não importa qual, convidaram−no para uma deliciosa comida. No
caminho tomou sua Hua Tou e trabalhou com ela. Submerso em meditação, passou
diante da porta de seu anfitrião sem se dar conta, foi quando compreendeu que
poderia manter o trabalho esotérico mesmo em plena atividade.
No dia 6 de março, quando estava meditando com a ajuda do mantra WU, o monge
principal do mosteiro entrou no Lumisial de Meditação com o evidente propósito de
queimar incenso. Porém, aconteceu que ao golpear a caixa de perfumações, produziu
um ruido específico. Então, Meng Shan reconheceu a si mesmo e pôde ver e ouvir o
Chao Chou, notável Mestre Chinês
"Desesperado, cheguei ao ponto morto do caminho. Bati na onda (porém) não era
mais que água. Ó,
esse notável velho Chao Chou, cuja cara é tão feia!"
Todos os biógrafos chineses estão de acordo ao afirmarem que, no outono, Meng
Shan entrevistou−se com Hsueh Yen em Ling An e com Tui Keng, Hsu Chou, Shih
Keng e outros notáveis anciões. Sempre entendi que o Koan ou frase enigmática
decisiva para Meng Shan foi, sem sombra de dúvida, aquela com a qual Wan Shan o
interrogou:
"Não é a frase 'a luz brilha serenamente sobre a areia da praia' uma observação
prosaica desse tom de
Chang?"
A meditação nessa frase foi suficiente para Meng Shan. Quando Wan Shan o
interrogou mais tarde com a mesma frase, isto é, repetiu−lhe a mesma pergunta, o
místico amarelo respondeu atirando ao chão o colchão da cama, como que dizendo:
JÁ ESTOU DESPERTO.
Tentar eliminar a gula enquanto se fica prestando atenção nos mais variados tipos de
alimentos saborosos é um contra-senso. São os egos de gula que arrastam a
consciência para os alimentos desejados e a prende nos mesmos. Isso vale para todos
os defeitos. O medo, por exemplo, não pode ser eliminado se nos ocuparmos com
aquilo que causa o temor. Se pensarmos, lembrarmos, falarmos ou mantermos a
atenção posta sobre aquilo que nos atemoriza, o medo irá se fortificar.
Em relação aos eventos da vida, temos que aprender a nos isolar psicologicamente,
mesmo estando fisicamente cercados por fatos perturbadores. Os acontecimentos da
vida devem passar por nós, sem nos arrastarem, e tomar seus cursos.
Se queremos nos desenvolver espiritualmente, temos que nos ocupar com aquilo que
dignifica e eleva, não com aquilo que rebaixa e degrada. Aquilo que provoca
emoções inferiores, negativas, nos rebaixa e degrada. Aquilo que provoca emoções
elevadas, superiores, nos eleva e dignifica. Temos, portanto, que aprender a
selecionar os objetos com os quais iremos nos ocupar. Acima de tudo, não devemos
cair no absurdo de tentarmos nos elevar sem nos desvencilharmos daquilo que nos
rebaixa.
Muitas pessoas acreditam que podem “resistir” às tentações enquanto se ocupam com
as mesmas. Entendo que isso é algo ilógico e sem sentido. O máximo que se
consegue com isso é uma cisão interna. Quando nos ocupamos com algo tentador,
estamos fortificando o desejo correspondente por meio da identificação (fascinação).
A libertação da alma advém quando a afastamos, a apartamos, dos objetos tentadores,
ainda que os mesmos continuem a nos rodear e a nos perseguir.
O Ego está sintonizado com o mal, com os desejos materiais e carnais, os quais
somente provocam sofrimento, com as dores, com os perigos e temores, com tudo o
que nos seja destrutivo. O Ego enfraquece gradualmente conforme vamos nos
sintonizando com o espiritual e abandonando as preocupações deste mundo material,
tão adorado pelos hedonistas que idolatram o prazer carnal.
Os aspectos acima devem ser exercitados aos poucos, de forma organizada e didática,
e o maior número de vezes possível.
(Perdoem pelo texto mal escrito, mas ainda não tive tempo de revisá-lo e elaborá-lo.
Pretendo fazer isso assim que for possível)
"Acaso vocês refletiram sobre o que é a consciência? Com que poderíamos compará-
la? A um raio de luz que se pode dirigir a uma parte ou outra, isso é óbvio. Devemos
aprender a colocar a consciência onde deve ser colocada. Onde estiver a
consciência, ali estaremos nós."
Portanto, está claro, aqui, que a consciência é algo análogo ao feixe de luz de um
holofote ou ao foco luminoso de uma lanterna. Esta é a mesma concepção defendida
pelo filósofo Baars.
Quando a consciência é direcionada a algo, ela passa a agir sob a influência daquilo.
Os egos submetem a consciência e a focalizam nos objetos dos seus desejos:
"A consciência é algo que devemos aprender a colocar inteligentemente onde deve
ser colocado. Se colocarmos nossa consciência em um bar, ela agirá em virtude do
bar. Se a colocarmos em uma casa de prostituição, ali estará e, se a colocarmos em
um mercado, teremos um bom ou mau negociante. A consciência está,
desgraçadamente, aprisionada. Um eu de luxúria poderá levá-la a uma casa de
prostituição. Um eu de bebedeira poderá carregá-la para um bar. Um eu cobiçoso
levar-nos-á a um mercado. Um eu assassino nos levará à casa de algum inimigo etc."
"A vocês parece, acaso, correto não saber manejar a consciência? Tenho entendido
que é absurdo levá-la a lugares onde não deve estar, isso é óbvio. Desgraçadamente,
nossa consciência está engarrafada, aprisionada entre distintos elementos não
humanos que carregamos em nosso interior."
"Assim, precisamos nos tornar donos de nossa própria consciência, colocá-la onde
deve ser colocada, situá-la onde deve situar-se, aprender a pô-la em um lugar e
aprender a retirá-la. É um dom maravilhoso, porém é um dom que não é usado
sabiamente. (...) O único digno, o único real o que vale a pena em nós, é a
consciência, porém está adormecida, não a sabemos manejar. Os agregados
psíquicos levam-na para onde querem. Realmente não sabemos usá-la e isso é
lamentável. Se queremos uma transformação, uma mudança de base, devemos
também ir aprendendo o que é isso que se chama consciência."
Quem quer despertar a consciência tem que aprender a não identificar-se com os
eventos dos quais alemja libertar-se. Mas não será possível romper com a
identificação se permitirmos que nossa consciência se prenda a esses fatos e isso
acontece quando perdemos o tempo prestando atenção ao que não devemos. Se
prendo minha atenção a cenas pornográficas, obrigatoriamente estarei fortificando a
luxúria, ainda que acredite no contrário. A crença de que é possível "olhar sem se
identificar" é absurda pois o simples fato de direcionarmos a atenção já assinala a
manifestação de um desejo, o qual colhe energia com o ato e nos escraviza ainda
mais. Se prendo minha atenção a cenas de terror ou amendrotadoras,
obrigatoriamente fortificarei o medo. Se me entretenho percebendo cenas de brigas,
estarei me identificando com as mesmas e fortificando a ira.
O que se passa é que, para nós, adormecidos, não é possível contemplar sem
identificação aquilo que nos afeta. Se algo nos afeta, positiva ou negativamente,
obrigatoriamente iremos nos identificar com aquilo ao contemplá-lo. Portanto, o
primeiro passo é romper com a identificação, o que se consegue quando aprendemos
a controlar os indryas (sentidos) e deixamos de direcionar a percepção para aquilo
que nos altera, perturba ou afeta. Com isso, rompemos a identificação e começamos a
deixar de alimentar os defeitos correspondentes.
Se nos deparamos com uma briga e sentimos uma certa vontade de contemplá-la, tal
vontade já é o princípio da identificação e da alimentação de alguns defeitos
envolvidos. Caso cedamos ao impulso, estaremos nos identificando e fornecendo
energia a tais defeitos.
Além de controlar os cinco sentidos externos para não percebermos aquilo que nos
afeta ou perturba, temos que aprender a controlar também o sentido interno de
percepção psicológica que nos leva a contemplar mentalmente imagens relacionadas
a cenas perturbadoras. Contemplar algo com a imaginação tem um efeito análogo a
contemplá-lo fisicamente. Se fico imaginando cenas perturbadores, contemplando-as
na tela de minha mente, estarei me identificando e fortificando os defeitos do mesmo
modo que o faria se os estivesse contemplando fisicamente.
Os motivos pelos quais gostamos de contemplar com a imaginação cenas que nos
afetam, perturbam ou alteram podem ser vários. No caso da luxúria, o fazemos
porque sentimos um prazer morboso. No caso do medo, o fazemos porque cremos ser
útil ou importante. No caso da ira, porque consideramos necessário e até satisfatório.
E em todos esses casos as crenças são falsas e enganosas, já que a contemplação
mental ou imaginativa dos fatos dos quais almejamos nos libertar nos torna ainda
mais escravos. Quem quer se libertar de algo não pode aprisionar ali sua atenção, tem
que abandoná-lo, deixá-lo para trás.
Na prática da concentração interior, temos que fazer uma diferença exata entre
controlar os pensamentos e direcionar os pensamentos.
Não há sentido em esperar que se possa aprender algo novo sobre um objeto no qual
pensamos quando os pensamentos são controlados de forma absoluta pois, neste caso,
os conteúdos que chegam à mente são somente os conteúdos previamente
conhecidos. A verdadeira concentração está além do mero repassar dos mesmos
pensamentos de sempre.
A concentração exterior, por outro lado, não exige controle dos pensamentos, mas
apenas descarte, porque nosso alvo, neste caso, não é um pensamento mas um objeto
exterior. O motorista que está dirigindo um ônibus não necessita e não deve
direcionar sua atenção para os pensamentos, sob o risco de provocar um acidente, e
sim para a realidade presente com a qual está se ocupando: pedestres, trânsito, pista
etc.
Portanto, saibamos diferenciar as coisas com clareza para não cairmos em erros que
possam nos estancar espiritualmente.
Estamos cansados de ouvir que temos que nos tornar pessoas melhores. Todos dizem
isso em todos os lugares. No entanto, ninguém efetivamente nos ensina a fazê-lo. São
muitas as pessoas que gostariam realmente de se aperfeiçoarem espiritualmente e
erradicar seus erros de conduta, mas, infelizmente, ninguém nos dá um meio efetivo
para tal realização. Os V.M.s nos explicaram muito bem a respeito do caminho e, no
entanto, ainda assim é como se suas explicações não nos alcançassem, não nos
chegassem. Espero que as linhas que seguem possam ajudar pelo menos um pouco.
A remoção dos contextos que conduzem ao erro vem ANTES e não depois da Morte
do Ego. É um pré-requisito, uma condição que a ANTECEDE e não algo que a
sucede, como muita gente erroneamente acredita. Muitas pessoas sinceras esperam
equivocadamente que os contextos sejam removidos depois ou durante o processo da
Morte e este é, segundo o meu ponto de vista, um equívoco entre os tantos nos quais
podemos cair nesse trabalho.