Professional Documents
Culture Documents
br
ZEZÉ DI CAMARGO
& LUCIANO
Por dentro da captação e mixagem
do novo disco da dupla
WAVES BUTCH
VIG VOCALS AO VIVO
GRAVAR
O plug-in cinco em um POR QUE
S EM
modelado para voz e útil OS SHOW ?
TAS
MULTIPIS
para muito mais (PARTE 2
)
VCAS NO LOGIC X
Perguntas e respostas que PRODUTOR FONOGRÁFICO
podem facilitar a sua vida Uma profissão muito além do áudio
A
Edição Multicâmera no Media Composer: Múltiplos ângulos sem dor de cabeça áudio música e tecnologia | 1
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
IssN 1414-2821
EdItorIAL
Áudio Música & tecnologia
Ano XXVIII – Nº 299/agosto de 2016
Fundador: sólon do Valle
NO CLIMA OLÍMPICO
lucinda@musitec.com.br
Edição jornalística: Marcio teixeira
Consultoria de PA: Carlos pedruzzi
Mas, você, aí no estádio, acompanhando a marcha atlética... Tá chata a pro- dIrEÇÃo dE ArtE E dIAGrAMAÇÃo
va? Abra a revista na nossa matéria de capa! Nela, você ficará por dentro Client By - clientby.com.br
da captação e da mixagem do novo disco de Zezé Di Camargo & Luciano, Frederico Adão e Caio César
que apostaram num som mais enxuto, sintonizado com o que eles faziam no
começo da carreira. E ainda há um belo de um box em que os engenheiros Assinaturas
Grimaldi Gomes e Pepeu Fonseca contam detalhes sobre o processo de trans- Karla silva
crição de todos os tapes gravados pela dupla. São mais de 300, que contam assinatura@musitec.com.br
a história musical dos dois filhos de Francisco ao longo das últimas décadas.
Distribuição: Eric Brito
Então você está quase deitado no sofá, não aguentando mais o futebol de
Neymar & Cia, que querem porque querem a medalha de ouro justamente Publicidade
numa hora em que fica claro que só o Brasil ainda leva o futebol olímpico a Mônica Moraes
sério? Então, anime-se: abra, no seu tablet, a nova edição do Notícias do monica@musitec.com.br
Front. Nela, Renato Muñoz apresenta a segunda parte da série “Por que todo
técnico de PA ou monitor deveria gravar os shows em multipistas?”, que es- Impressão: Gráfica stamppa Ltda.
clarece coisas e incentiva o leitor a ter, por diferentes motivos, os registros
dos seus trabalhos ao vivo. Áudio Música & tecnologia
é uma publicação mensal da Editora
Música & tecnologia Ltda,
Conseguiu ingresso pro badminton mas, apesar de estar aí, curtindo o dia olím-
CGC 86936028/0001-50
pico, não entrou no clima do esporte? Confira a análise que o Cristiano Moura
Insc. mun. 01644696
fez do plug-in Butch Vig Vocals, da Waves. O plug-in, que leva o nome do bate-
Insc. est. 84907529
rista do Garbage e produtor do Nevermind, do Nirvana, apesar de feito para o
periodicidade Mensal
tratamento da voz, pode ser útil de diversas formas diferentes.
AssINAturAs
E se falamos batante de esportes olímpicos, vale destacar que a matéria de
tel/Fax: (21) 2436-1825
capa do caderno Luz & Cena trata do espetáculo de luzes que aguçou emo-
(21) 3435-0521
ções na final do Campeonato Brasileiro de League of Legends. Sim, os eSports
Banco Bradesco
vieram pra ficar, e seu filho ou sobrinho, pode apostar, já tem suas equipes
Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
preferidas nesse universo. Daqui a umas duas décadas, vai saber, um dos
moleques da sua família poderá estar em uma olimpíada, de joystick na mão,
Website: www.musitec.com.br
lutando por uma medalha para o Brasil. A conferir.
Marcio Teixeira
AM&t não se responsabiliza pelas opiniões
de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
2 | áudio música e tecnologia dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 3
26 32 César santos & Duocondé
Amigos se juntam e gravam disco
em universidade mineira
rodrigo sabatinelli
Zezé Di Camargo
& Luciano
por dentro da captação
36 Always on The Road
Em entrevista, diego soares revê os dez anos de
e mixagem do novo estrada que o levaram de roadie a diretor de palco
rodrigo sabatinelli
disco da dupla
rodrigo sabatinelli
40 Desafiando a Lógica
VCAs no Logic X: perguntas que não calam,
dúvidas que não acabam e respostas que
podem facilitar a sua vida também
André paixão
14 Em Tempo Real
Fernando Narcizo
Marcio teixeira
44 Produtor Fonográfico
uma profissão muito além do áudio
José Carlos pires Junior
16 notícias do Front
por que todo técnico de pA ou monitor deveria
gravar os shows em multipistas? (parte 2) 64 Lugar da verdade
Engordar a mix (ou a master)
renato Muñoz Enrico de paoli
22 Plug-ins
Waves Butch Vig Vocals – o plug-in cinco em
um modelado para voz, mas útil para muito mais seções
Cristiano Moura
editorial 2 notícias de mercado 6
novos produtos 10 índice de anunciantes 63
54
60
capa
media composer
League of Legends Brasil – Luzes da
Edição Multicâmera no Avid Media Composer
final do Campeonato Brasileiro de LoL
Múltiplos ângulos sem dor de cabeça
emocionam público e ciberatletas
por rodrigo sabatinelli por Cristiano Moura
produtos .................................. 50
EM FoCo .................................... 52
noTÍCIAs dE MErCAdo
Quem vencer o Imagine Brazil 2016 (a grande final acontece no dia 29 de outubro) receberá instrumentos e equipamentos
musicais, 12 horas em um estúdio profissional para a gravação de um EP, além de participar da final internacional do Imagine
– com todas as despesas pagas pelo concurso – em 2017, concorrendo com vencedores de vários países europeus.
áudio música e tecnologia | 9
novos produtos
Divulgação
cante, excepcional cobertura. tura texturizada
preta. Mede 227
O headroom estendido para alta frequência garante res- x 600 x 374 mm e
posta plana para uma ampla extensão de 120 Hz a 20 kHz. pesa 27 kg.
A combinação de cobertura horizontal de 100º com o alto
fator de headroom proporciona detalhada resolução para www.attack.com.br
De acordo com a IK, a Lurssen Mastering Inc. vêm ‘cozidos’ no próprio aplicativo”.
Console é uma abordagem totalmente Os Lurssen Mastering Console para iPho-
única de masterização de áudio, que re- ne/iPad é um app universal grátis que
cria não apenas a cadeia de equipamen- opera em modo demo (sem recursos de
tos usada, mas também as interações e a exportação de áudio e com ruído inter-
influência exercida por cada processador mitente durante o playback). Usuários
em outros equipamentos da cadeia du- podem liberar funcionalidades completas
rante o processo de masterização. através das opções de compra in-app.
da linha Truesonic, com duas vias, falante De acordo com a fabricante, todas as caixas acústicas de duas
de 12 polegadas e que oferece 800 wat- vias Truesonic foram concebidas com versatilidade e longe-
ts Classe D. Os drivers do produto, que vidade em mente. São caixas de polipropileno durável e leve
tem alcance de frequência (-10 dB) de 53 que são montáveis em pedestais para shows de fim de semana
Hz – 20 kHz e resposta de frequência (±3 e suspensas para instalações mais permanentes. Além disto,
dB) de 70 Hz – 19 kHz, são projetados de elas têm um design trapezoidal que diminui muito a ressonân-
modo a evitar que energia seja desperdi- cia na caixa para uma reprodução de som mais verdadeira e
çada, e isso se traduz em mais do poder exata. A Truesonic TS112A é a uma solução que a marca indica
do amplificador, que trabalha para gerar para músicos e Djs, sendo adequada para locais como salões,
som, em vez de calor, dando ao alto-falan- shoppings, centros comerciais e casas de culto.
te um desempenho superior ao observado
em outros com especificações semelhantes. www.altoproaudio.com
A Truesonic TS112A apresenta um falante de 12’’ LF (2’’ bobina de www.altoprofessionaldobrasil.com.br
áudio música e tecnologia | 11
novos produtos
divulgação
tivos valores de atenuação para determinado cenário, levando múltiplos line
ainda em conta as condições meteorológicas existentes. Com es- arrays, subwoo-
tas ferramentas, a experiência sonora ideal é entregue de forma fers e sistemas
confiável e fiel aos corretos destinatários. de delay.
XLR integrado com phantom power. Alimentado o suporte para smartphone e substituí-lo por uma câmera de
por duas pilhas AA, iKlip A/V traz uma entrada vídeo portátil graças ao seu suporte para
XLR com 48V de phantom power, permitindo a câmera padrão. O equipamento também
conexão de microfones condensadores high-end, pode ser acoplado a um monopé ou tripé
e também apresenta um suporte embutido para graças à sua rosca fêmea padrão no lado
acoplar os mais populares receptores de micro- de baixo, tornado-o apto a capturar vídeos
fone sem fio. O iKlip A/V é também desenhado estáveis para Facebook, Periscope e Snap-
para uma experiência simplificada ao gravar com chat, entre outros.
controles de ganho de entrada, saída de monitora-
ção por fone de ouvido e saída de áudio de 1/8” TRRS. www.ikmultimedia.com
FernAndo
nArciZo
O
técnico de PA Luiz Fernando Narcizo de Oliveira, De vez em quando, quando ainda na Instalsom, Tuka, dono
conhecido no mundo do áudio simplesmente como da Tukasom, ia pegar caixas de som na empresa e Narcizo
Fernando Narcizo, nasceu em São Paulo há 43 sempre fazia a limpeza delas antes da entrega ao cliente.
anos. Sua lembranças mais antigas que remetem a música “Ele ficava falando para eu ir trabalhar com ele, e eu dizia
lhe falam sobre uma atração que, aparentemente, sempre que não podia... (risos) Um dia fui ver o Tuka fazendo um
existiu. “Ainda criança, eu pegava vinis da Som Livre e show do Ney Motogrosso. Quando vi aquele acabamento no
ouvia Ataulfo Alves, Altemar Dutra, Lupcínio Rodrigues e palco, fiquei mais louco ainda. Pedi as contas e fui para a
Dorival Caymmi”, diz Fernando, lembrando-se de discos Tukasom. Foi então que tudo ‘bombou’. Cada dia de trabalho
nada infantis que pertenciam à sua mãe, Dona Zilda. Na era uma verdadeira aula que eu recebia”, diz Fernando (que
época, suas tias frequentavam bailes como Chic Show, Os também atuou nas empresas Sunshine, Transasom, R4 Som,
Carlos, os do Palmeiras, onde, de acordo com palavras do Maxi Audio, Loudness e Piu Som). A partir daquele momento
próprio Narcizo, endossadas por quem lembra, o som comia ele passou a trabalhar com bandas e não parou mais.
solto. “Minha tia tinha um Polivox eu queria ouvir Tim Maia
, Commodores, Earth Wind and Fire... Sempre gostei de De lá pra cá, Narcizo já fez ou ainda faz o PA de nomes
cantar. Imitava cantores... Era aquela graça (risos)”, lembra de diversos estilos dentro da música brasileiro. A lista é
o técnico. Bem-humorado, ele revela que até hoje, quando grande: Chico César, Titãs, Zeca Baleiro, Rita Ribeiro, Funk
um artista não vai passar o some, ele já corre para o palco, Como Le Gusta, Paula Lima, Nando Reis, Sérgio Brito, Pau-
sempre pronto para mostrar um pouco de seu talento. lo Miklos, Itamar Assumpção, Anelis Assumpção, Arnaldo
Antunes, Art Popular, Wilson Simoninha, Max de Castro,
Em 1989, Narcizo ingressou na empresa de som Instal- Thaíde, Trio Mocotó, Jair Oliveira, Jair Rodrigues, César
som, onde começou atuando como office boy. “Eu fazia o Camargo Mariano, Mestre Ambrósio, Jorge Ben Jor, Emi-
pagamento dos funcionários do galpão, e, quando vi uma cida, Sandy e Junior, Nação Zumbi, Passo Torto, Rodrigo
mesa de som pela primeira vez na vida, fiquei alucinado”, Campos, Bixiga70, Swami Jr., Marcelo Jeneci, Metá Metá,
recorda. Daí para o trabalho com o áudio em si foi um pulo. Karina Bhur, 5aSeco, Isca de Polícia e Russo Passapusso,
Ainda na Instalsom, Narcizo se lembra de ter ido fazer o entre muitos outros. Para a cantora Céu, uma exceção:
carnaval no Rio de Janeiro, e nessa aventura teve a oprtu- Fernando fez o monitor, e não o PA. Entre os artistas com
nidade de trabalhar ao lado de nomes como Sólon do Valle, os quais Narcizo trabalha atualmente, destaque para Black
Vinicius Brasil, Chuvisco, Carlinho e Enzo Mauri. “Aprendi Alien, Criolo, Luiza Possi, Arnaldo Antunes, Elza Soares, Tó
muita coisa com eles”, afirma. Brandileone, Guilherme Kastrup e Marcia Castro.
BAte-BolA
Consoles: Midas XL4 e Amek Recall Rupert Neve Plug-in: Classic Limiter 1176, da Universal Audio
Microfones: DPA SPL alto ou baixo? Na medida. Som gostoso, com aque-
la gordurinha, mas sem deixar o colesterol alto (risos).
Equipamentos: Compressor dbx 160 e Manley Vox Box
Melhor posicionamento da house mix: Sempre no
Monitores: d&b audiotechnik centro, para você ouvir o que tá rolando. Posicionada ao
lado funciona, mas não é legal. O mais chato é quando
Periféricos: Meus pedais (risos) você tá em festivais quem têm dois palcos e a organiza-
ção coloca a house no meio. Aí seu estéreo foi pro saco.
Melhor equipamento que já usou: Sistema d&b au-
diotechnik no festival Roskilde, na Dinamarca Unidade móvel: Audiomobile e Mix2Go
Última grande novidade do mercado: Consoles DiGi- Técnicos inspiração: Tuka, Armando Baldassarra, Ro-
Co e Allen & Heath berto Ramos, Victor Correa, Marcelo Salvador, Evaldo
Luna, Gustavo Lenza, Daniel Ganjaman, Buguinha Dub,
Melhor casas de shows do Brasil: HSBC Brasil, em Bruno Buarque e Victor Rice. Eu não tenho palavras so-
São Paulo bre esses caras.
Melhor companheiro de estrada: São vários. Pos- Sonho na profissão: Viajar com um baita equipamento
so citar Antônio Marques Piu-Piu, Gustavo Lenza, Ma- (risos), o que é utopia nos dias de hoje
rio Amaral, Andreas Schmidt, Gabriel Spazziani, Fes-
ta Galo, Eduardo Lemos, Renato Coppoli, Canrobert, Sonho já realizado na profissão: Ter feito som pra
Ohata, Nivaldo Costa, Paulo Seminati, Rubens Damas- muita gente boa
ceno, Paul Lewis, Gury, Nino e Dalvino Machado, além
do nosso garande amigo, o falecido Claudio Fujimori. Dicas para iniciantes: Andar limpinho! (risos) Agora,
falando sério, estar sempre atento ao que você vai fazer
Melhor sistema de som: Os da d&b audiotechnik e estudar música. Pelo menos um instrumento. Você vai
ver que a vida muda. Agora, depois de velho, estou es-
Processador: Dolby Lake tudando piano e baixo.
www.digico.biz
N
o artigo anterior eu iniciei essa série falando sobre rações de guerra, envolvendo uma grande quantidade de
o desenvolvimento dos métodos de gravação ao equipamentos, muitos deles projetados para trabalharem
vivo, começado pelos dois canais, passando por fixos dentro do ambiente controlado dos estúdios de gra-
gravadores em fita analógicos e digitais e depois por vação, começaram a se transformar em algo simples e
gravadores em HD. Falei das dificuldades iniciais e tam- corriqueiro, principalmente com a utilização dos DAW (Di-
bém de como os equipamentos e as técnicas se desen- gital Áudio Workstations) para as gravações ao vivo.
volveram no últimos anos, fazendo com que o processo
ficasse mais acessível. Com os consoles digitais tudo ficou ainda mais simples.
Agora você pode fazer uma gravação ao vivo sem um con-
Mostrei também como as unidades móveis de gravação sole dedicado exclusivamente a isso. Na minha opinião,
surgiram e se desenvolveram no mercado musical, fazen- as gravações feitas direto dos consoles de PA ou monitor
do com que as gravações em multipistas se tornassem um não devem ter uma finalidade comercial, como um CD ou
grande produto, lucrativo tanto para artistas, gravadoras DVD. Sempre precisaremos de técnicos e equipamentos
e técnicos, devido, principalmente, às melhoras tecnológi- extras para este tipo de serviço.
cas que ocorreram nestes últimos 50 anos.
Como veremos neste texto, as gravações multipistas dos
Gravações ao vivo, que eram consideradas pequenas ope- shows podem ter diversas aplicações além de um retorno
Acervo r. Muñoz
tarmos para a mixagem do PA serão os
mesmo para a gravação (alguns conso-
les podem oferecer controles indepen-
dentes), ou seja, a nossa atenção deve
focar em dois equipamentos diferentes
(console e sistema de gravação) rece-
bendo o mesmo nível de sinal, situação
que nem sempre é a mais confortável.
Quando se usa a passagem de som virtual para checar o vei o show pela primeira vez foi poder ver todos os canais
sistema e deixar a mixagem pronta para o show, alguns ao mesmo tempo, saber exatamente o lugar em que cada
cuidados devem ser tomados. O principal deles é que com instrumento toca e, principalmente, conseguir ouvir todos
a passagem de som virtual nós não estamos nunca ou- eles individualmente. Poder ter acesso a toda esta infor-
vindo o som dos instrumentos no palco, então na hora de mação me fez entender melhor a dinâmica do show.
escolhermos os volumes dos instrumentos na mixagem
devemos levar este fator em consideração. Desta forma pude ver como é o nível de vazamento entre
os microfones. Pude, por exemplo, ver que os microfones
Sempre uso o áudio de algum show, mas conheço pes- de pratos (usados por debaixo destes) realmente captam
soas que pediram aos músicos que tocassem de formas pouco vazamento do palco, que os microfones dos metais
diferentes seus instrumentos por um determinado perío- captam mais som de guitarra do que eu imaginei e tam-
do de tempo, como se estivessem realmente passando o bém que os microfones das vozes devem ser bem filtrados
som. Então, o técnico pode usar estes áudios para fazer para evitar a captação de frequências mais graves.
o que devemos
grAvAr e o
que devemos
FAZer com os
Áudios grAvAdos
Como já foi falado, se estamos
gravando um show ao vivo, o
mais importante é gravar, e
bem, a plateia (normalmente
coloco dois microfones na beira
do palco apontados para o meio
da plateia e dois na house mix,
no caso de posteriormente fazer
uma mixagem 5.1). Os microfo-
nes da gravação são exatamen-
te os mesmos que utilizo para a
Visualização dos canais de áudio do show por inteiro captação do PA e monitor.
Um problema que logo pode se tornar uma boa dor de cabeça é saber o que
fazer com todos os shows gravados, levando-se em consideração um show
de duas horas com 48 canais e uma resolução de 48 kHz. Podemos estar
falando em algo perto de 50 GB por show, e dependendo da quantidade
de shows dos artistas, isto pode gerar uma boa quantidade de informação,
levando-se também em consideração o backup.
Sei que este olhar comercial pode dar origem a algo rentável, mas a minha
maior preocupação em relação a este novo formato de gravação ainda é a gran-
de melhora que pode haver na performance do técnico da banda, como o seu
trabalho pode evoluir se ele souber utilizar esta nova possibilidade da maneira
correta. Minha dica é: aproveitem esta novidade o mais rápido possível. •
Waves Butch
Vig Vocals
O plug-in cinco em um modelado
para voz, mas útil para muito mais
A
parceria da Waves com o lendário produ- cus” (fig. 2E), que internamente trabalha como um
tor Butch Vig já tem alguns anos, e dela compressor multibanda já pré-regulado para com-
novamente surgiu um belo trabalho, que primir e depois dar ganho em busca de ênfase. O
simplifica a vida de quem esta começando, mas usuário apenas escolhe se quer o processamento
também não deve ser menosprezado pelos pro- centralizado em torno de 1 kHz ou 2 kHz.
fissionais. Neste artigo vamos dar uma olhada no
Butch Vig Vocals. ORGANIZANDO O PENSAMENTO
PARA CONFIGURAR
ESTRUTURA DO SINAL DO PLUG-IN
Quando você pega um processador comum para
Como mencionado no subtítulo, não se trata de um
usar, existem centenas de maneiras de trabalhar,
processador único – é um multiprocessador, com
quais parâmetros escolher primeiro, quais deixar
parâmetros pré-estabelecidos e direcionados para
por último. Mas se você vai partir para uma so-
voz. Seu fluxo de sinal é bem interessante (fig. 1),
lução destas, desenvolvidas em torno da linha de
porém não muito intuitivo olhando pela interface.
pensamento específica, é legal saber mais sobre
Vamos primeiro conhecer o fluxo para depois pensar
como ele foi projetado incialmente. A melhor par-
em como utilizá-lo a nosso favor.
te disto é que você também acaba aprendendo
muito sobre mixagem, e os mesmos conceitos
Após a regulagem do input, o sinal segue pelos fil-
poderão ser aplicados em qualquer outra combi-
tros passa-baixa e passa-alta e além do parâmetro
nação de processadores.
MID DIP (fig. 2A), que é um filtro peaking regu-
lado com atenuação de -6.5 dB. Após estes cor-
tes, o sinal segue para a área de processamento Grande parte dos mixadores concordam que é me-
de dinâmica. Primeiro o de-esser, e, em seguida, lhor começar fazendo cortes, retirando excessos ou
o compressor (fig. 2B). Depois da compressão, áreas que não interessam. E é por este motivo que
o sinal volta para a seção de equalização, desta no Butch Vig Vocals temos os filtros atuando logo no
vez processado pelos controles low, presence e air primeiro estágio do sinal.
(fig. 2C). O ciclo de processamentos em série ter-
mina por aqui, mas ainda há outros processamen- Na maioria das vozes, não há muita informação
tos que acontecem em paralelo. abaixo de 80 Hz, e mesmo que tenha, nem sempre
é necessário ou desejável manter. Então, o primei-
Entra em campo o setor de saturação (fig. 2D), ro parâmetro a ajustar é LoCUT passa-alta. Quando
onde temos um controle que emula a saturação de a voz começar a perder corpo, é hora de parar. O
válvula, e outro que emula a saturação de transis- mesmo conceito vale para o HiCUT, porém seja bem
tor (Solid State). Para limpar um pouco a saturação, mais cuidadoso para não exagerar.
também foram incorporados outros filtros passa-
-baixa e passa-alta. O controle MidDIP está fixo em -6.5 dB, e pode
ser usado em dois casos: primeiro, para amenizar
Também em paralelo, encontramos o controle “fo- os médio-graves, que, em excesso, embolam e ti-
Após o De-Esser, é hora de partir para a com- quanto para dar ganho.
pressão. Segundo o próprio Butch Vig, este com-
pressor foi emulado com as características do TLA Por fim, vale mencionar o LED “Sensitivity” (fig.
100 e 1176, mas o que vale mesmo é entender os 4), que serve para garantir que seu sinal está bem
efeitos práticos. Apesar do usuário acessar ape- equilibrado, para o melhor desempenho do plug-in.
nas um controle, na verdade vários parâmetros O ideal é o LED permanecer o máximo possível no
estão mudando ao mesmo tempo. Usando valores amarelo. Use o controle “Input” para compensar
baixos, ele é bem sutil, como se o ratio tivesse caso o sinal esteja muito baixo ou muito alto.
ajustado em 2:1 ou similar. A partir da metade,
tudo fica mais intenso. Tanto o Ratio quanto as FOCUS E SATURATION – O
características timbrísticas começam a ficar mais TOQUE FINAL
aparentes. Para saber o quanto está comprimindo
(Gain Reduction), é preciso configurar os medido- Como visto no fluxo de sinal, o output é o en-
res para a posição GR (fig. 3). contro de três sinais, e até agora vimos apenas
o primeiro, que vem dos processadores em série,
Agora vamos partir para o ajuste final, que são os onde o último é o equalizador. Em paralelo, temos
equalizadores. Vamos às informações técnicas: o mais dois componentes.
controle Low está ajustado em 250 Hz, o Presen-
ce em 3 kHz e o Air em 15 kHz. Estes três con- A área de saturação é bem interessante, pois foi
troles visam terminar de esculpir o “alicerce” do construída com duas opções. As nomenclaturas
seu timbre. É muito comum, após a compressão, são sugestivas (Tube e Solid State), mas, since-
precisarmos de um novo equalizador, e estas três ramente, não gosto muito desta abordagem por
faixas de frequências são, de fato, as que vão conta da polêmica em torno da intepretação. Mui-
funcionar em 99% dos casos, tanto para cortar ta gente simplesmente associa “Tube” a algo bom
e “Solid State”
a algo ruim, e
é aí que mora
o perigo.
característica sonora, e não com o componente. Em especial, os controles de saturação e Focus fun-
Para um som mais “rasgado”, use o controle Tube. cionam incrivelmente bem com guitarras, caixa,
Para um som mais “ardido”, prefira o controle So- sintetizadores, Hammond e Rhodes. Recomendo a
lid State. Ainda com relação à saturação, você todos fazerem seus próximos experimentos e tenho
vai reparar que em certas faixas de frequências certeza de que vão descobrir muitas outras utilida-
a saturação cai bem, mas em outros casos fica des para este plug-in.
extremamente exagerada ou desagradável. É aí
que entra o segundo par de filtros. Por exemplo, Abraços e até a próxima! •
é comum a saturação estar suave na área mé-
dia, onde a voz tem mais destaque, porém estar
exagerada na região médio-grave. Use, então, o
controle LoCUT para filtrar os graves.
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves,
Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha
Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br
ZeZé di
cAmArgo
& luciAno
Por dentro da captação e mixagem do novo disco da dupla
H
á 25 anos o hit É o Amor ecoava nas rádios single, farão parte de mais um álbum dos sertanejos.
de todo o país e consolidava os filhos de Fran-
cisco, ou melhor, a dupla sertaneja Zezé Di Gravado pelo engenheiro Sidnei Garcia, o Sidão, e
Camargo & Luciano, como uma das mais importantes com 12 das 16 faixas mixadas pelo engenheiro Beto
da história da música brasileira. E, para brindar as Neves (Kiko, ex-KLB, produziu e mixou outras três
ditas “bodas de prata”, os irmãos apresentaram, em no KLB Studios, em São Paulo, enquanto Vinicius
abril passado, sua nova música, Eu e Você. Mas as Leão produziu e Sandro Estevan mixou, no estúdio
comemorações não pararam por aí, e nesse momen- Avalon, também em São Paulo, uma outra faixa, em
to Zezé encontra-se no Mosh Studios, em São Paulo, que Luciano canta sozinho), o trabalho – ainda sem
para finalizar outras 14 canções que, juntamente ao nome definido –, produzido por César Augusto, Hélio
dedé Moreira
diversos trabalhos da dupla, conta que pela pri-
meira vez esteve à frente de um disco inteiro, no
qual registrou todas as faixas, do início ao fim.
“Desde 1992, como funcionário do Mosh, traba-
lho com eles [Zezé Di Camargo & Luciano], mas
sempre fazendo uma coisa ou outra. Agora, no
entanto, assumí todo o processo de gravação de
um mesmo trabalho”, conta ele.
histÓriA PreservAdA
Paralelamente à mixagem do novo disco, engenheiros grimaldi gomes e Pepeu Fonseca
cuidam de transcrição de todos os tapes gravados pela dupla
Divulgação
tendo todas as fitas já gravadas pela dupla, que foram
liberadas pela gravadora dos artistas e vieram do Rio
[de Janeiro] para cá, onde estão sendo transcritas. O
processo está bem avançado, pois já trabalhamos em
diversos desses tapes.
césAr sAntos
& duocondé
Amigos se juntam e gravam disco em universidade mineira
O
músico, produtor e engenheiro de som César Santos rios aspectos. A começar pelo prazo estipulado para sua
– que tem, em seu portfólio, trabalhos para Seu Jor- conclusão, visto que o grupo já estava inscrito em diver-
ge, Samuel Rosa, Milton Nascimento, Djavan, Ivan sos festivais de jazz & blues por todo o país e precisava
Lins, Aerosmith, Roger Daltrey, Flavio Venturini e para a Music de material para sua divulgação. Os engenheiros Wesley
Playground, que deu origem ao game Guitar Hero – aceitou Dias, André Torres e Fred Tafuri se dividiram entre as ses-
o convite do baterista André Torres para, juntamente ao bai- sões, produzidas por mim com coprodução de Fred, que
xista Rodrigo Chaffer, compor e registrar um material autoral, além de ter atuado na edição e na pós-produção do mate-
inédito, que simbolizasse a união entre amigos. Como fruto rial, teve gestão artística sobre o projeto.
dessa ideia, nasceu Blues For My Friends, disco gravado ao
vivo pelos engenheiros Wesley Dias, Fred Tafuri e pelo próprio Fred Tafuri: Também tivemos o apoio do Rafael Maizé,
André no estúdio da Universidade de Música Popular de Bar- assistente de estúdio impecável, que nos ofertou seus
bacena-MG, a Bituca, onde César, que produziu o trabalho, valores a todo o momento; dos alunos da turma do cur-
ministra o curso de Engenharia de Som e Produção Musical. so de Engenharia, que se intitulam É-Noise; do multi-
-instrumentista Enéias Xavier, que gravou solo de gui-
“Da noite para o dia montamos a banda, escrevemos as tarra na faixa Giant Gentle Guy, e do cantor solista João
canções e entramos em estúdio. Essa era a condição para Melo, do grupo Ponto de Partida, que ficou responsável
que o projeto saísse do papel em tempo recorde, afinal, por cantar, ao lado de César, 64 vozes que formaram um
já havia uma agenda a ser cumprida, por incrível que pa- coro em Blues For My Friends.
reça, antes mesmo de a banda ser formada”, conta César.
“E fazer tudo ao vivo era a outra condição!”, acrescenta. rec “Ao vivo”
ProduÇÃo “FAmÍliA” Fred: O power trio (guitarra base, baixo e bateria) foi
gravado ao vivo na sala principal de gravação do estúdio
César Santos: A gravação do disco foi “peculiar” em vá- em um Pro Tools 10 com as sessões em 24 bits/88.2
miXAgem hÍBridA
Victor Martins
César Santos durante registro de voz do disco: músico usou o TLM 170 Após uma bateria de testes para garantir
a fidelidade e coerência de fase entre as
tracks, iniciamos o processo criativo, que consistia, basi-
“cArinho” se estende camente, na escolha de um compressor para cada track,
A demAis instrumentos
Victor Martins
Wesley Dias: A captação de todas as vozes do disco foi
feita pelo Neumann TLM 170. A exceção ficou a cargo
de My Misery Me, faixa em que utilizamos o Neumann
U87 por ter uma resposta de graves mais acentuada. O
baixo, um Fender Jazz Bass, foi gravado no Instrument
Input de um pré-amplificador Avalon SP 737 10th An-
niversary Edition, e os solos de violão foram gravados
com um par de Neumann KM 184 em “XY”, passando
pelo pré BAE 1073 MP.
Victor Martins
cada música. Os modelos citados oferecem carac-
terísticas e texturas bem diferentes, o que pro-
porcionou variáveis muito positivas para o produ-
to final. O Manley Variable Mu, por exemplo, foi o
escolhido para todas as vozes, enquanto que os
demais tiveram atuações diversas.
AlwAYs on
the roAd
diego soares revê dez anos de estrada
que o levaram de roadie a diretor de palco
Diego Soares em visita à fábrica da Mesa Boogie
N
os últimos dez anos, o mineiro Diego Soares exer- evolução profissional?
ceu as funções de roadie, produtor técnico e diretor
de palco local ou em tour para artistas como Jota Diego Soares: Aprendi muito, conheci grandes músicos,
Quest, New Order, Paul McCartney, Beyoncé, Red Hot Chili toquei com amigos, gravei um disco que não foi lançado,
Peppers, Megadeth, Faith No More, Guns N› Roses, Mo- estudei inglês, visitei lojas, fábricas, estúdios, enfim, fiz
törhead, Chemical Brothers, Deep Purple, Black Eyed Peas, muita coisa por lá, e, assim que cheguei ao Brasil, fui con-
Alice in Chains e David Gilmour, entre inúmeros outros. tratado por Wilson Sideral para trabalhar como técnico de
suas guitarras. Ele é um excelente músico, manja muito
Mas, até “chegar lá”, lembra ele, “a caminhada foi longa!”. de equipamento, e isso acabou sendo desafiador, pois eu
Ex-aluno do IAV, de São Paulo, onde estudou no início dos sabia que teria que dar o meu melhor, fazer tudo 100%,
anos 2000, ele admite ter se “viciado” em “devorar” ma- senão seria cobrado.
nuais de equipamentos, catálogos de produtos e arquivos
com diagramas de bloco, solicitados, por cartas, a empre- E quais foram suas experiências seguintes?
sas como Mesa Engineering, Lexicon, Midas, Yamaha, T.C.
Electronics, Fender, Gibson, PRS e Roland. “Numa época Depois de trabalhar com Sideral, fui contratado pelo Pato Fu,
em que a internet ainda ‘engatinhava’, não havia outra embora por tempo não muito longo, mas bastante provei-
opção a quem quisesse aprender”, afirma. toso. O John (guitarrista da banda) me ensinou muito sobre
conexões MIDI, programação etc. Em 2006, no entanto, tive
Em entrevista à AM&T, Diego, um defensor ferrenho do minha primeira experiência gigante, digamos, internacional:
estudo e planejamento sem limites, conta um pouco de o festival Pop Rock Brasil, realizado em Belo Horizonte, que
sua trajetória. Hoje, em terras estrangeiras, onde busca trouxe shows de New Order e Black Eyed Peas.
novos desafios, ele revê o passado certo de que seu fu-
turo será “uma verdadeira colheita do que foi plantado ao Esse evento foi, na verdade, o ponto de partida de uma
longo de toda essa década”. história que teve, como capítulos seguintes, o Nokia New
Years Eve, realizado ainda naquele ano, e o Tim Festival,
AM&T: Diego, em 2003 e 2004, antes de ingressar no ano seguinte, nos quais, junto a outros parceiros, tra-
no mercado nacional do show business, você este- balhei na direção de palco decupando os riders dos grin-
ve em países como Estados Unidos e Inglaterra. De gos, fechando pedidos e acompanhando montagens de
que maneira essas viagens contribuíram para a sua som, luz, vídeo, geradores, backline, palco e rigging.
O Jota Quest foi a banda com a qual você mais tempo trabalhou.
Concorda que a passagem pela equipe foi das mais significantes
da sua carreira?
vcAs no
logic X
Perguntas que não calam, dúvidas que
não acabam e respostas que podem
facilitar a sua vida também
D
esde quando comecei a escrever
esta coluna, achei que a divulga-
ção dos meus contatos poderia
ser uma boa opção para que começasse
a surgir algum tipo de diálogo ou troca
de ideias com os leitores. Passei, então,
a responder todos e-mails sempre que
havia algum tempo disponível, e durante
esse período mantive contato com pesso-
as interessadas não apenas no Logic, mas
em sintetizadores e produção musical em
geral. A motivação maior para continuar
com essa interação, que havia se estag-
nado, surge agora, com a criação de uma
coluna dedicada aos leitores. Que tal? Es-
pero que ajude você também. Vamos lá.
car automações básicas, como volume e pan. Até configurar os elementos do seu mixer no Logic. No
aí, você afirma, já temos os Tracks Stacks (Sum- alto da tela, vá em View > Channel Strip Compo-
ming Groups), Canais Auxiliares ou mesmo o Uti- nents > VCA. Provavelmente essa opção não está
lity Plugin Gain, que vem com o próprio Logic e marcada. Assim que você o fizer, vai se deparar
ajuda a controlar o ganho de canais, especialmen- com essa nova seção na sua interface, logo abaixo
te quando lidamos com uma mixagem batendo em dos botões de Pan. Outra opção é selecionar os ca-
0 db. Porém, o controle de volumes desses canais nais aos quais deseja criar um VCA, e, com a tecla
não tem influência sobre o volume de uma man- Control pressionada, escolha “Create New VCA”.
dada de efeitos, por exemplo. Apesar de similares,
canais auxiliares e VCAs são bem diferentes. Va- Assim que conseguir visualizar a opção VCA na
mos entender melhor essa diferença. sua janela Mixer, comece a aplicar e a nomear
grupos de VCAs de modo a organizar seu traba-
criAndo vcAs lho. Para ter uma ideia mais específica da dife-
rença básica entre VCA e Stacks, direcione os
Para que isso fique mais claro, vamos criar alguns mesmos canais a esses citados subgrupos – os
canais percussivos e outros harmônicos a partir chamados Track Stacks. Crie um canal auxiliar e
de loops da Apple presentes no pacote do Logic. A insira um Reverb. Crie uma mandada de 50% nos
eles vamos aplicar faders de VCA. Caso você não dois canais de vocais e direcione-os ao auxiliar
consiga visualizar a opção respectiva, ela deveria com Reverb. Coloque as vozes para tocar e baixe
estar presente ao lado esquerdo da janela Mixer, o fader de grupo completamente. Repare que a
onde nos deparamos com as opções Input, Audio mandada de reverb continua ativa, ou seja, o si-
FX, Sends, Output, Group etc. Ou seja, para ter nal dos canais auxiliares continua ativo. A relação
acesso aos slots de VCA é necessário, a princípio, entre som limpo e efeitos não é mantida!
MÚLTIPLOS OUTPUTS?
Vamos supor que você tenha 12 canais de bateria associados a
um grupo e deseja direcionar dois canais (Over L R, por exem-
plo) para um outro grupo e deste grupo para o output principal.
Se os canais desse grupo de bateria estiverem associados a um
mesmo fader VCA, eles continuarão a manter as mesmas rela-
ções de volume. Cool!
Espero ter sido claro. Qualquer dúvida, seguimos com o papo. Não
deixe de escrever. A troca de ideias é fundamental, além de ser
uma grande motivação. Um abraço! •
André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade
e cinema. Já trabalhou como roteirista nos canais Telecine e Multishow. Assinou a
direção musical de espetáculos teatrais como “Medea en Promenade” e “O Médico
que Tinha Letra Bonita”.
O SuperStudio é a sua casa e também de artistas que passam por lá. Alguns deles
chegam ao mundo através do selo Super Discos. Como músico, gravou e lançou discos
com bandas como Acabou La Tequila, Matanza, Beach Lizards, Nervoso e os Calmantes,
Lafayete e os Tremendões. Atualmente tenta finalizar o projeto Fora do Ritmo, um disco
autoral com 12 bateristas, entre eles, Wilson das Neves, Pupillo, Guto Goffi e Rodrigo
Barba, entre outros. Acesse foradoritmo.com e descubra mais.
andre@suprasonica.com.br | www.superstudio.com.br
www.facebook.com/DesafiandoLogic
PRODUTOR
FONOGRÁFICO
Uma profissão muito além do áudio
H
oje resolvi abordar este assunto, que além em produção fonográfica foram regulamentados
de soar muito autobiográfico, atualmente no Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de
carece de algumas explicações para aqueles Tecnologia, criado pelo MEC no ano de 2006. Nesse
que gostariam de tornar a produção fonográfica sua ano, além de professor no curso de Música da Uni-
profissão. Atualmente, no Brasil, podemos encontrar versidade Estadual de Londrina, também era profes-
alguns cursos de Tecnologia em Produção Fonográ- sor no curso de Música e Tecnologia da Universidade
fica, dentre os quais a Fatec-Tatuí figura como o pri- do Oeste Paulista. Foi nesse momento que todos os
meiro curso gratuito do país. cursos superiores que envolviam áudio, música e
tecnologia passaram a ser enquadrados como cursos
A profissão produtor fonográfico não é nova. Pelo con- superiores de tecnologia em produção fonográfica.
trário, sempre existiu na indústria fonográfica, mas de
maneira descentralizada. Já o profissional de nível su- De lá pra cá, alguns cursos abriram, outros fecha-
perior chamado de tecnólogo em produção fonográfica ram, e por uma manobra do destino participei desde
existe no Brasil há mais ou menos dez anos. o inicio do curso de Tatuí e continuo até hoje. No
entanto, depois de mais de 13 anos como professor
O INÍCIO universitário tanto de música quanto de produção
fonográfica, eu consegui identificar algumas angús-
Poucas pessoas sabem, mas os cursos de tecnologia tias gerais dos alunos que procuram a produção fo-
O ESTÚDIO, SONHO
MALDITO
Invariavelmente, acabo sen-
do o responsável pela falên-
cia prematura do tão sonhado
“Projeto do Estúdio de Grava-
Galego Teixeira e Igor Kasuya: alunos usando o estúdio para produções próprias
ção”. Quando os alunos chegam para minhas disci- específico, como gospel, sertanejo ou jazz, ou
plinas de consoles ou de gravação, o estúdio passa investir em equipamentos garimpados e raros.
a ser um “prato de comida para um faminto”. Pa- Quando somos reconhecidos como produtores es-
rece que tudo perde importância. Música, som e pecialistas, somos sempre lembrados como pes-
arte dão lugar a marcas, equipamentos e dinheiro, soas especiais.
e as perguntas mais dramáticas começam a surgir.
“Professor, de quanto eu preciso pra montar meu Em certo momento tive um aluno pianista de jazz
estudiozinho e fazer alguns trabalhos pequenos?” que tinha o sonho de comprar um ótimo piano de
“O que eu compro primeiro: interface e um micro- meia calda para poder estudar melhor e também
fone ou um computador Apple?” para sua satisfação pessoal. Logo ele percebeu que
pra receber o piano ele precisava reformar com-
Sempre sou muito sincero com meus alunos, e isso pletamente uma sala para torná-la acusticamente
nem sempre é bem recebido, mas ao longo desses tratada. Quando o sonho se tornou realidade e ele
anos entendi que o estúdio e o produtor fonográfico conseguiu seu piano e sua sala, em pouco tempo
não existem um sem o outro. Porém, eles podem ser passou a ser procurado para gravar as partes de
entidades diferentes. Administrar um estúdio pode piano de alguns discos ou alugar a sala para algu-
ser uma atividade massante e muito cara, além de, mas gravações de piano. Assim, ele passou a ser o
muitas vezes, pouco rentável. especialista em gravação de piano, com a sala mais
bem preparada da região.
Um home studio básico, de qualidade mínima,
do chão ao teto, custa, em média, R$ 50.000, Quem não conhece a história do Gustavo Vas-
incluindo equipamentos modestos. Um médio quez, dono do Rocklab Produções Fonográficas,
que permita um fluxo razoável de clientes com pode conferir no YouTube um trecho de sua entre-
atendimento satisfatório, carece, em média, de vista no #15 Unconvension de 2011. Nesse vídeo
R$ 400.000 e necessita mensalmente de uma re- ele relata exatamente como a busca por um mo-
ceita mínima de R$ 20.000 para pagar funcioná- delo standard de estúdio o levou inicialmente à
rios, manutenção e gerar um lucro mínimo para falência, provocada por investimentos e escolhas
a atividade compensar financeiramente. Estúdios erradas. O fato só foi revertido quando resolveu
grandes devem ser encarados como indústrias de realmente abrir mão de um modelo pré-estabe-
alguns milhões de reais, e para dar certo devem lecido de estúdio e investir em um segmento em
ser geridos por “mestres dos negócios”, e não por
artistas ou produtores.
Acervo José C. P. Jr.
NÃO TENHO
DINHEIRO!
O QUE EU FAÇO?
Não desista. Desapegue
do óbvio. Comprar tudo
o que o mercado “exige”
é um péssimo negócio.
Invista em algo positi-
vo e especial que você
sabe fazer melhor do
que ninguém. Não faltam
exemplos de pessoas que
encontram um caminho
original e passam a ser
reconhecidas por isso.
Seja atender segmento
Busca por novos talentos: músico em potencial deve estar parcialmente pronto
ou, de preferência, muito bem preparado musicalmente para iniciar sua carreira
FARO FINO
Em toda história da indús-
tria fonográfica a percepção
do artista em potencial sem-
pre foi decisiva na carreira
do produtor. Nesse sentido,
Custa muito mais construir um estúdio do que locar um de ponta para realizar
em vez de ser somente um
trabalhos como gravação de bateria e voz. Fora isso, é possível realizar quase tudo
proprietário de um estúdio,
“in the box”, baixando o custo da produção e aumentado o lucro compartilhado
por que não ser um caçador
de talentos? Uma pessoa
bem relacionada é sempre lembrada e isso atrai Quando o artista em potencial não consegue
recursos financeiros. Eu mesmo já encontrei no equilibrar esses três quesitos e essa deficiência
caminho muita gente talentosa precisando de uma não pode ser melhorada com o planejamento de
força. Então elaborei uma tríade de quesitos que uma equipe de produtores, fica muito difícil atrair
o artista precisa atender para que ele se torne um os recursos financeiros necessários para se pro-
investimento em potencial. duzir essas gravações.
- Talento musical: O músico em potencial deve estar Nesse sentido, se você está no começo e precisa
parcialmente pronto ou, de preferência, muito bem entrar no mercado, encontre parceiros e juntos bus-
preparado musicalmente para iniciar sua carreira. quem um potencial artista. Invistam juntos, pois
assim se arriscam na mesma proporção e você não
- Presença de palco: A presença no palco tem que precisará fazer um investimento de milhares de re-
ser do mesmo nível ou ainda melhor do que seu ta- ais para poder se destacar no mercado da produção
lento musical. Desenvoltura com a banda, entrosa- fonográfica. Custa muito mais construir um estúdio
mento e performances arrasadoras atraem público. do que locar um de ponta para realizar trabalhos
como gravação de bateria e voz. Fora isso, é possível
- Carisma com o público: O artista carismático tem realizar quase tudo “in the box”, baixando o custo da
público cativo e potencial pra atrair mais público pe- produção e aumentado o lucro compartilhado com
los lugares por onde passa. É o público que vai fi- setores de digital media, produtores de shows, pro-
nanciar os projetos do artista, ou seja, ir aos shows, dutores de vídeo e com o artista.
comprar discos, camisetas, canecas e colaborar com
crowdfunding, e é esse dinheiro que vai fazer girar a Para encerrar, não se esqueça: o áudio é só o veículo
engrenagem financeira do negócio. da música. •
José Carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de Gravação e Acústica Apli-
cada ao Instrumento. E-mail: cravelha@gmail.com.
EDIÇÃO MULTICÂMERA
Múltiplos ângulos no Media
Composer sem dor de cabeça
à produtos
WAsHBEAM roBE spIKIE
O Spikie, da Robe, é um pequeno e extremamente transforma a saída em um raio dinâmico
veloz washbeam LED que utiliza uma única fonte de de três feixes estreitos, criando outros
luz de 60 W RGBW com lentes frontais de 110 mm novos efeitos visuais ao show. A rotação
especialmente desenhadas, produzindo, assim, um contínua de pan e tilt dão origem a novos
Divulgação
feixe sólido. O equipamento permite zoons ultrarápi- elementos dinâmicos através do palco.
dos, indo de uma abertura suave de 28° wash para
um feixe afiado de 4°, ou um ou dois incríveis novos O Spikie é um equipamento muito compacto, de apenas
efeitos aéreos (air-effects). 7.3 kg, que pode ser pendurado em qualquer posição.
Pode ser encontrado nas versões unitária e em cases.
O novo e inovador Flower Effect cria picos coloridos e afia-
dos de luz, girando nas duas direções e com velocidade www.robe.cz
variável. Adicionalmente, um único motor de efeito beam www.tacciluminacao.com.br
dupLICAtor 4K dA BLACKMAGIC
O Blackmagic Duplicator 4K torna fácil entregar múlti- comercializado tão logo o evento seja encerrado.
plas cópias de conteúdo para clientes no momento que
um evento é concluído. Trata-se de uma ferramenta de O sistema funciona com codec H.265, que garante
gravação em cartões SD que trabalha com conexões de várias horas de gravação em SD Cards , além de pos-
vídeo em SDI 12G e conta com 25 portas para cartões suir saídas para ligação em cascata, o que torna pos-
SD. De acordo com a Blackmagic, conforme um evento sível a expansão em série com outros Duplicator 4K,
vai sendo realizado, as imagens enviadas de um swi- ampliando a capacidade de cópia. Também há a pos-
tcher, por exemplo, podem ser gravadas em tempo real sibilidade de emendar gravações no mesmo arquivo
e em 4K nos cartões, de modo que o conteúdo possa ser de modo a evitar um número excessivo de arquivos
no disco. Entre as possíveis aplicações estão cultos
e shows, entre outros eventos de grande audiência.
Divulgação
www.blackmagicdesign.com
www.pinnaclebroadcast.com.br
Divulgação
Com vários efeitos e cores, o Disco LED, produto PLS potência de 40 W, oito lâmpadas LED CREE de
que chega ao mercado nacional via ProShows, conta – como já citado – 5W RGBW e oito canais
com LEDs RGBW de 5 W e uma estrutura que propor- DMX, trabalhando com tensão de 110/240
ciona que seus raios beam ofereçam efeitos dos mais V – 60 Hz. Suas medidas são 280 x 260 x
variados tipos. Além de funcionar com sua controlado- 200 mm. Para conferir um vídeo com o
ra DMX, o usuário poderá operá-lo de forma manual, Disco LED PLS em funcionamento, visi-
automática ou por ativação sonora. te http://tinyurl.com/disco-led.
LANCEr BEAM 7r
O Lancer Beam 7R, outro produto da PLS que está dis- mento, e de dimensões reduzidas, o Lancer Beam 7R
ponível nas prateleiras brasileiras por meio da gaúcha possui 15 canais DMX, disco de 14 cores fixas e
ProShows, é um moving head com lâmpada 7R disco de gobos com 17 gobos, conta com lâm-
de 230 watts. O equipamento é conhecido no pada que tem potência de 230 W e trabalha
mercado por sua alta qualidade, confiabilidade, com pan/tilt de 540°/265°. A exemplo do Dis-
desempenho e relação custo-benefício, além de co LED, citado anteriormente, o Lancer Beam
poder ser adquirido em case ou separadamente. 7R também tem garantia de seis meses.
Divulgação
“Proporcionar esses encontros com os profissionais de todo o Brasil nos fortalece como empresa líder que busca uma capacitação do
setor de uma forma ampla. Os cursos oferecem, ainda, aos profissionais de iluminação, a oportunidade de conferir de perto os nos-
sos produtos e tirar todas as dúvidas com relação aos equipamentos, aplicações e suas mais diversas formas de uso”, declara Costa.
Entre os equipamentos apresentados no workshop está a M 1, um console de iluminação da próxima geração da Martin Professional,
que conta com a potência completa de uma mesa maior e agilidade de uma de menor proporção. Já o M2 GO, também presente no
workshop, é um console de iluminação exclusivo, portátil e avançado, que oferece um nível profissional de recursos. Além deles, os
participantes têm acesso à M6 e ao software 3D MSD, da Martin.
Divulgação
O segundo Workshop M Series aconteceu nos dia 19 e 20 de julho no
Centro de Convenções do Manaus Plaza Shopping, em Manaus (AM),
e reuniu 17 profissionais. A próxima parada do M Series acontece no
dia 16 de agosto, em Recife. Depois, os profissionais da Martin se-
guem para mais quatro cidades brasileiras, encerrando a temporada
de 2016 dos workshops.
LEAGUE OF
LEGENDS BRASIL
Luzes de mega espetáculo na final do Campeonato
Brasileiro de lol emocionam público e ciberatletas
N
o Brasil, o League of Legends é chamado fotografia Yamada, o rider, totalmente alimentado
por alguns ciberatletas de “joguinho”. Mas o pela locadora paulistana, ainda passou pelas mãos
apelido, embora carinhoso, é para lá de mo- de outros dois renomados profissionais – os lighting
desto, especialmente se considerarmos os números designers Bruno Lima e Erich Bertti. Em entrevista à
que cercam o game. Ou melhor, se considerarmos Luz & Cena, Bruno, Yamada e Erich contaram deta-
somente a final do CBLoL, o Campeonato Brasileiro lhes sobre a empreitada, indiscutivelmente uma das
de League of Legends, evento que, no último 9 de mais ousadas já vistas neste país.
junho, reuniu no Ginásio do Ibirapuera, em São Pau-
lo, cerca de 10 mil torcedores dos times INTZ e CNB rider “trAnsBordA” movings
– adversários na disputa pela coroação do ano –, roBe e mArtin
além dos mais de cinco milhões de pessoas ligadas
à final via internet e pelo canal Sportv. O mapa de luz da final do CBLoL foi composto por
um grande número de estruturas, que sustenta-
Acostumada a participar de eventos de grande por- ram centenas de aparelhos. De acordo com Bruno
te, como esse, a LPL foi responsável pelo forneci- Lima, “em 14 quadrados de cinco metro por cin-
mento de todos os equipamentos de iluminação co metros, por exemplo, estiveram instalados, em
utilizados no espetáculo. Desenhado pelo diretor de cada, cinco moving lights ColorSpot 2500 e cinco
Carol Pereira
central, onde estava insta-
lada uma robocam, estive-
ram mais dois Viper AirFx,
da Martin.
“Internamente, ao redor de
toda a arena onde ocorreu
o evento, foram instalados
três grupos de anéis. Considerando-os de baixo
para cima, os anéis do chão receberam 12 Ato-
mic 3000, da Martin; 36 Robin 600 LED Wash, da
Robe, e seis BMFL WashBeam, também da Robe,
enquanto que os do meio ficaram com 70 Rush
MH3, da Martin, e mais dez BMFL WashBeam, da
Robe, e os superiors com 120 unidades de lâmpa-
das PARLED LP-365, de 3 W, cada, todos eles con-
trolados, via fibra ótica, por um sistema grandMA
composto por uma mesa FullSize 2 e uma Light
2”, completou.
OPERAÇÃO NA MÃO DO
ESPECIALISTA
A operação – literal – das luzes, bem como sua
programação, ficou a cargo de Erich, que, ao con-
Carol Pereira
rar uma mesa como
se estivesse tocando
um instrumento mu-
sical, que, em vez de
notas, emite luz, e,
quando levei esse pro-
jeto para a LPL, meu
primeiro pedido ao
Bruno [Lima] foi que
tivéssemos ele [Erich]
por trás da operação,
afinal de contas, trata-
-se do melhor usuário
de grandMA do Brasil”,
completou Yamada,
acrescentando que a
criação e a direção de
arte do CBLoL levaram
a assinatura de Marco A criatividade foi o ponto forte da iluminação do espetáculo
Aurélio ‘Wendigo’.
De acordo com Erich e Yamada, para cada momen- No segundo, emendou o diretor de fotografia,
to do espetáculo, a iluminação exerceu um papel, três personagens duelavam em cena e o papel
digamos, único. No primeiro ato, disse o lighting da luz foi dar suporte a eles, variando a operação
designer, o foco da cena foi valorizar a dramatici- em intensidade e velocidade, sempre de acordo
dade da trilha sonora, baseada na força e na ex- com seus movimentos e permitindo que o map-
pressividade de grandes tambores, e no impacto ping atuasse livremente nas áreas de projeção.
da atmosfera que invadiu o espaço cênico quando E, no terceiro e último – no qual os “players”, de
fato, entraram em cena –,
as luzes, inicialmente, se
Carol Pereira
assemelharam às de um
show de rock, mas aos
poucos tornaram-se mais
sóbrias, apresentando,
com isso, a magnitude do
design e do evento em si.
Carol Pereira
Carol Pereira
Em sequência, dois momentos distintos nos quais as cores refletem o conceito do game
da iluminação, uma incrível experiência. E a re- de imersão em cores. De início, faríamos o com-
ação deles mostrou o quanto a integração de luz bate com canhões seguidores, que acompanha-
e som foi impactante e importante na exibição. riam os personagens protegendo o chão, mas a
A verdade é que, ali, o que eu queria era jogar claridade desses canhões prejudicava demais a
com eles! E tentei alcançar isso ‘jogando’ com as visualização da projeção, quase que ‘apagando-a’
luzes”, detalhou Erich. por inteiro”, contou Yamada.
Luz & Cena: Como vocês veem esse projeto do vimos que a programação “in loco” e a operação da
ponto de vista do planejamento e da execução? mesa em "manual mode" ainda estão na moda.
Erich Bertti: Desde o início, o CBLoL mostrou-se, para O conceito de luz do espetáculo, embora tenha
mim, [um projeto] audacioso. E, a cada decisão toma- ligação com a proposta original do game, refle-
da, não nos importávamos em pensar “fora da caixa”, te muito da “mão” de vocês. Como foi negociar
como chamamos no nosso meio. Essa é, na verdade, essa “autoralidade” com a direção do CBLoL?
uma característica nativa do trabalho do Yamada, e tal-
vez por isso nos demos tão bem. Para mim, esse pro- Yamada: Olha, quando me disseram que o even-
jeto representa o começo de algo grandioso que está to seria no Ibirapuera e que teríamos 360 graus de
nascendo por aqui, já que os e-sports vieram pra ficar, plateia, a primeira coisa que pensei foi que teríamos
bem como a iluminação cênica em programas televisi- que utilizar todo o espaço aéreo do ginásio com algo
vos e streams. Fazer parte dele foi incrível. que envolvesse o público em um clima de realismo
não usual, que surpreendesse, que fizesse o ar rodar
Yamada: O League of Legends é um game que mo- e as pessoas verem a atmosfera de cor passar diante
vimenta cifras do patamar de gente muito grande. de seus olhos e sobre suas cabeças.
No que concerne ao nosso trabalho, temos que des-
tacar o uso de enormes telas de projeção, mapping Erich: Criar uma luz conceitual é o motivo pelo qual
por toda a área cênica e uma mecânica que, apesar trabalhamos diariamente. Afinal de contas, com li-
de muito complicada, deu certo. Acredito, sincera- berdade, colocamos um pouco da nossa personali-
mente, que isso vem da segurança e confiança que dade em cada espetáculo realizado, pois queremos
a Riot Games, idealizadora e realizadora do evento, que eles fiquem guardados na memória do espec-
tem nos seus gestores, que, por sua vez, confiam tador. A iluminação é uma arte como tantas outras
nos parceiros convocados para projetos como esse. que, aos poucos, vêm sendo reconhecidas em nosso
Hoje, é muito bom você trabalhar com pessoas que país. Quando você faz seu trabalho e vê mais de três
acreditam, apostam e compram suas ideias, por mais milhões de tweets falando sobre ele, é sinal de que
diferentes que elas pareçam ser num primeiro olhar. realmente impactou as pessoas. E isso, meu amigo,
Bruno Lima: Por termos como conceito desse even- é arte, ou melhor, é a nossa paixão sendo transferida
to a imersão do espectador no audiovisual, decidi- a outros por meio da luz. •
mos, por consenso, que seria
importantíssimo o tempo de
Carol Pereira
ediÇÃo multicÂmerA
no Avid mediA
comPoser
múltiplos ângulos sem dor de cabeça
A
edição de múltiplas câmeras pode ser útil em diver- no mesmo exato momento, então, para editar multicâmera
sos cenários. Entrevistas, reality shows, esquetes, (em qualquer programa de edição) é necessário encontrar
shows, videoclipes e muito mais. O Avid Media Com- alguma referência que possa servir de sincronismo.
poser possui uma gama de recursos que fazem desta desa-
fiadora edição algo prático e confortável. Em um mundo ideal utilizamos câmeras capazes de forne-
cer e receber informações de timecode, que funciona como
Vamos conhecer alguns dos principais fluxos de trabalho e um relógio universal para posteriormente servir como re-
recursos a partir de agora! ferência de sincronismo. O processo é relativamente sim-
ples, em que um câmera “mestre” gera informações de
tempo (timecode) para as demais câmeras, e assim todas
métodos de sincronismo registram informações baseadas na câmera mestre.
seja, vamos carregar um clip por vez no source monitor e co- a mão na cabeça, ou mesmo um flash disparado por
locar um In Point em um momento de fácil identificação em algum fotógrafo pode ser facilmente identificável (figs.
todas as câmeras. Este é um dos vários motivos de se usar 2A, B, C e D).
uma claquete a cada novo take de uma cena. Ela fornece
uma informação precisa de áudio e vídeo, então basta locali- AgruPAndo os cliPs PArA multicAm
zar o frame exato onde a claquete é feita e marcar o In Point.
Continuando nossa preparação, temos que avisar ao Avid
Se você pretende filmar algo com múltiplas câmeras e não Media Composer que temos diversos master clips, que
possui uma claquete, não se preocupe: simplesmente bata na realidade são da mesma cena, porém gravadas por
uma palma antes de cada take que será suficiente para este ângulos diferentes.
processo. Agora, se você quer, de fato, ser mais organiza-
do e ter registro de take, cena e tudo mais, mas não quer O procedimento é bem simples. Primeiro, selecionamos
comprar uma claquete, uma boa solução são os aplicativos todos os master clips, e, depois, pelo menu Clip, acessa-
de claquete para iOS e Android. Basta procurar pelo termo mos a opção “Group” (obs.: em versões anteriores ao Me-
em inglês “Slate” (fig. 1). dia Composer 8.5 a mesma função encontra-se no menu
Bin, com o nome de “Group Clips”).
Por último, se o material já foi filmado e entregue a
você sem nenhuma referência de claquete, palmas ou Na caixa de diálogo a seguir (fig. 3), temos que informar
similar, você pode procurar um momento de fácil iden- qual é o método de sincronismo que usamos. Basta esco-
tificação em todas as câmeras. Pode ser um frame em lher qual dos métodos mencionados acima foi usado para
que o baterista bate em um prato, o entrevistado coloca fornecer referência de sincronismo e apertar ok.
Um novo clip será criado no mesmo ção como se fosse “ao vivo”, em uma
bin, e repare que o ícone é bem di- mesa de corte. Basta acionar o playba-
ferente. Este clip contém todos os ck e seguir clicando com o mouse nos
masterclips selecionados. Agora es- ângulos de preferência. Ao pressionar
tamos prontos para editar! o stop, os cortes serão feitos.
editAndo rePensAndo
multicÂmerA seus cortes
Obviamente, a primeira coisa a se fa- Dificilmente vamos conseguir fazer, de
zer é criar uma sequência e jogar o primeira, uma edição perfeita. Fatal-
master clip recém-criado na sua timeli- mente, dois ajustes serão solicitados:
ne. A princípio, parece um clip comum, ou alteração no ponto/momento do
mas todos os ângulos estão embutidos corte, ou uma substituição da câmera
neste único segmento. Para acessar os escolhida. Para o primeiro caso, pode-
outros ângulos, vamos acessar, pelo mos usar a função Trim com o Dual
menu Composer, a função Multicamera Roller habilitado (fig. 5) ou Extend
Mode (obs.: em versões anteriores ao Figura 3 – Opções para alterar o ponto de corte.
Media Composer 8.5 a mesma função de sincronismo
encontra-se no menu Special). Por fim, para a troca de câmeras,
basta posicionar o cursor da timeline em qualquer ponto
Com a função habilitada, o usuário pode visualizar quatro do clip em questão e utilizar as setas para cima e para
ou nove ângulos simultaneamente pelo source monitor (fig. baixo no seu teclado para alterar os ângulos.
4). Para fazer a edição/troca de câmera, basta posicionar
o cursor na timeline no local onde a edição deve ser feita e E, com isso, vamos ficando por aqui. Até a próxima!
clicar em um dos vídeos do source monitor.
Abraços. •
Esta edição pode ser feita tanto com o cursor parado quanto
com o playback ativo, com o usuário podendo simular a edi-
Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. por meio da proClass, oferece consultoria e treinamentos customizados,
além de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.
62 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Expomusic 41 www.expomusic.com.br
FZ Audio 5 www.fzaudio.com.br
Gigplace 63 www.gigplace.com.br
shure 07 www.shurebrasil.com
tsI 11 www.microfonetsi.com.br
Enrico De Paoli é engenheiro de música e produtor. Conheça um pouco de seus discos premiados visitando o site www.EnricoDePaoli.
com. Lá você também pode conhecer seus treinamentos particulares Mix Secrets.