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Universidade estadual do Piauí

Licenciatura Plena em Letras Português

RESENHA CRÍTICA

Aluna: Merabe Pereira da Costa Data: outubro de 2010

Professor: Dra. Celestina

Identificação da Obra: O Cânone dos Escritores-Críticos. In Altas Literaturas.


São Pulo: Companhia das Letras.

Autora: Leyla Perrone Moisés,

Nasceu em São Paulo. É professora titular de literatura francesa na USP


e nos últimos tempos foi professora na Sorbonne e na Maison des
Sciences de l'Homme de Paris.
professora titular aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, e coordenadora do
Núcleo de Pesquisa Brasil-França no Instituto de Estudos Avançados da
USP.

Outras obras: Altas Literaturas (1998), As Flores da Escrivaninha (1990),


Inútil Poesia (2000), Vinte Luas (1992), Vira e Mexe, Nacionalismo
(2007) O Novo Romance Francês (1966), Falência da crítica (1973),
Texto, crítica, escritura (1978), Fernando Pessoa: aquém do eu, além do
outro (1982), Roland Barthes: o saber com sabor (1983).

O capítulo 2, que tem como título “O Cânone dos Escritores-Críticos”, relata


que a proposta do presente trabalho é mapear as literaturas valorativas dos
escritores-criticos, buscando estabelecer uma lista de autores consagrados,
justificando tal pretensão em razão desta prática ser “muito mais antiga do que
a que chamamos de literatura”, pois esta tradição remete á antiguidade greco-
latina.

A autoria define a palavra “Cânone” como “regra”, contudo, com o passar do


tempo a palavra adquiriu o sentido de textos autorizados, exatos, modelares.
Com respeito ao aspecto religioso, mais especificamente a Bíblia, cânone é o
conjunto de textos considerados autênticos pelas autoridades religiosas. Nos
primeiros dias da era cristã, a palavra no direito eclesiástico significava “o
conjunto de preceitos de fé e de conduta”, ou “matéria pertinente à disciplina
teológica a patrologia”, que examina os antigos autores cristãos.
Segundo Curtis, se conhecem algumas relações de autores do tempos
helenistas (p.256) e que “os filólogos alexandrinos foram os primeiros a
preparar uma seleção da literatura como literatura para escolas de gramáticos”.
Contudo, o cânone clássico passou a ser relativizado ou contestado por vários
escritores, tendo, ainda hoje, enorme influência no ensino literário da França,
por exemplo.
A autora tomou ainda como ponto de partida para comparar autores e obras
tão distintas contidas em sua lista, o posicionamento de Pound, quais sejam: 1º
- a função da literatura, a qual é manter a linguagem em boa forma; 2º - a
grande literatura é simplesmente linguagem “carregada de sentido no mais alto
grau possível” (p. 23).
Ainda sobre Pound, a autora cita o significado do termo “paideuma”, adotado
por por ele na obra “Data Line”, como sendo "a ordenação do conhecimento de
modo que o próximo homem (ou geração) possa achar, o mais rapidamente
possível, a parte viva dele e gastar um mínimo de tempo com itens obsoletos".
(p. 65).
A partir daí, o termo “paideuma” assume um papel de paradigma ou não para
as listas mencionadas pela autora dos mais diversos estudiosos. Entre eles, a
autora seleciona Pound, Elliot, Borges, Octavio Paz, Italo Calvino, Butor,
Haroldo de Campos e Sollers.

Conclusão

O cânone dos escritores-críticos não tem a pretensão de impor-se como “o”


cânone, mas representa escolhas feitas a partir de experiências singulares, nas
quais se fazem presentes critérios comuns como a maestria técnica, a
concisão, a exatidão, a novidade, etc. A partir de concepções por vezes
distintas os escritores-críticos constroem suas listas de autores do passado
com os quais se identificam e cuja leitura pode enriquecer os leitores
contemporâneos. Encontramos aí também a crença de Pound no poder da
literatura de manter viva a língua de um povo, impedindo o seu estiolamento.
No próprio projeto da autora encontra-se presente também uma escolha que
não esconde a sua posição: para ela, a modernidade, ao contrário do que
afirmam os críticos ditos pós-modernos, ainda não se esgotou e a utopia
literária se mantém viva, independentemente da falência das utopias socialistas
totalitárias.

Ao ler a obra resenhanda, não há como, por mais permissivos e complacentes


que sejamos, deixar de discordar deste ou daquele autor, deste ou daquele
título. Contudo, se nota a intencionalidade da autora nesse particular, pois ao
se buscar montar uma lista dos melhores escritores e dos melhores textos, ela
convida de forma intencional o leitor à dissidência, além de estimular um
espírito de competição herdado das cavernas, o qual chamamos
modernamente de “livre-arbítrio”.

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