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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Quanto a extensão da garantia possessória
*POSSE DIRETA E INDIRETA
Quanto à sua modalidade, a posse pode ser direta ou indireta (art. 1.197 do CC/02).
A posse direta ou imediata é exercida pelo possuidor direto que recebe o bem, em razão de direito real,
ou pessoal, do contrato. Esta posse é derivada, pois procede de alguém. Assim, abrange todos os casos em
que a posse de um bem passa a outrem em virtude de obrigação ou de direito, tais como: o do usufrutuário,
do credor pignoratício, do locatário, do arrendatário, do comodatário, do depositário, do testamenteiro, do
inventariante etc. É sempre temporária por basear-se numa relação transitória de direito pessoal ou real.
A Posse indireta ou mediata é exercida pelo possuidor indireto que cede o uso do bem a outrem. É a
de quem temporariamente concedeu a outrem (possuidor direto) o exercício do direito de possuir a coisa,
enquanto durar a relação jurídica.
Vale ressaltar que as posses diretas e indiretas coexistem, justamente por haver uma relação jurídica
entre o possuidor direto e o indireto. Deste modo, a direta é sempre temporária, podendo qualquer um dos
dois defender sua posse enquanto perdurar a relação jurídica ou extinta esta, conforme Enunciado nº 76
aprovado na Jornada de Direito Civil promovida em 2002 pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da
Justiça Federal: “o possuidor direto tem direito de defender sua posse contra o indireto e este contra aquele”.
Quanto a simultaneidade de seu exercício
*COMPOSSE PRO DIVISO E PRO INDIVISO
Em se tratando de coisa indivisa, a composse sobre esta importa que duas ou mais pessoas se tornem
possuidoras deste mesmo bem, por quota ideal, exercendo cada uma sua posse sem prejudicar a da outra
(art. 1.199 do CC/02).
Composse (Compossessão ou Posse Comum) – é quando duas ou mais pessoas possuírem coisa
indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores, podendo ser: entre conjugues, consorciados pelo regime da comunhão universal de bens, e
entre conviventes havendo união estável; entre herdeiros, antes da partilha do acervo; entre consórcios, nas
coisas comuns, salvo se se tratar de pessoa jurídica; e em todos os casos em que couber a ação “communi
dividundo”
“pro diviso” – quando, embora não haja uma divisão de direito, já exista uma repartição de fato, que faz com
que cada um já possua uma parte certa. (Ex: três irmãos, condôminos e compossuidores do mesmo imóvel,
resolvem delimitar a área de uso de cada um)
“pro indiviso” – quando as pessoas, que possuem em conjunto um bem, têm uma parte ideal apenas, quando
os possuidores, indistintamente, exercem, simultaneamente, atos de posse sobre todo o bem.
Posse não violenta – a que não se adquire pela força física ou violência mortal.
Posse não clandestina – a que não estabelece às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la.
Posse não precária – a que não se origina do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com
dever de restituí-la.
Possa injusta – é aquela que se reveste de algum dos vícios como a violência, clandestinidade ou de
precariedade.
Posse Violenta – a que se adquire pela força física ou violência mortal.
Posse Clandestina – a que estabelece às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la.
Posse Precária – a que se origina do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com dever
de restituí-la, é quando você empresta algo pra alguém acreditando que essa pessoa vai te devolver,
chega o momento da devolução e a pessoa não devolve, você fica cobrando e a pessoa não entrega.
Posse “ad interdicta” (posse justa) – quando pode amparar-se nos interditos ou ações possessórias,
na hipótese de ser ameaçada, turbada, esbulhada ou perdida.
Posse “ad usucapionem” – quando der origem à usucapião da coisa, desde que obedecidos os
requisitos legais.
Toda posse de usucapionem é uma posse ad interdicta, porque a posse ad interdicta é uma posse justa, é
aquela posse que pode e autoriza o possuidor a propor ações possessórias, legitima o possuidor a busca a
defesa da sua posse no âmbito do poder judicial.
Posse Nova – quando tiver menos de ano e dia, sendo admissível pedido de liminar e rito especial, a posse
nova é dita injusta se tiver sido obtida por violência ou clandestinidade ou ainda se tiver abuso de confiança.
Posse Velha – quando possuir mais de um ano e dia, ação possessória, mas de rito comum, a posse velha no
que diz respeito a violência e clandestinidade é sempre justa, porque o vício já prevaleceu, mas se há abuso
de confiança ela continua injusta, ou seja, a precariedade não autoriza a mudança da injustiça para a justiça.
Conta-se o prazo a partir da turbação ou esbulho. Ambas serão fundadas no fato jurídico “posse” e
almejarão a tutela possessória, ou seja, discutir-se-á a posse, o que muda é o procedimento adotado.
Quanto a subjetividade
*POSSE DE BOA-FÉ E DE MÁ-FÉ
Posse de Boa-fé – é o ato de ignorar um vício ou um obstáculo que te impeça de adquirir a coisa, que te
impossibilite a aquisição da propriedade, é o desconhecimento de um vício ou de um obstáculo que impeça a
aquisição da propriedade, quando o possuidor está convicto de que à coisa, realmente, lhe pertence, por ter
entendido que lhe foi doada, quando na verdade foi cedida em comodato, ignorando que está prejudicando
direito comum de outrem.
Posse de Má-fé – é justamente conhecer esse vício, ou obstáculo que te impede a aquisição da coisa, quando
o possuidor tem ciência da ilegitimidade do seu direito de posse, em virtude de vício ou obstáculo impeditivo
de sua aquisição, na qual, entretanto, se conserva.
A posse de boa-fé é a posse em que o possuidor estiver convicto de que a coisa realmente lhe pertence,
não tendo conhecimento de que esteja prejudicando o direito de outra pessoa.
A posse de má-fé, por outro lado, ocorre se o possuidor tiver ciência da ilegitimidade do seu direito de
posse, mesmo sendo portador de um título.
Importante destacar a posse de boa-fé juris tantum: Presume-se de boa-fé aquele que tenha um justo
título, um que tenha aparência de título hábil para transferir a posse ou domínio, mas que apresente algum
vício que não leve à sua finalidade.
EFEITOS DA POSSE
DIREITO A PERCEPÇÃO DOS FRUTOS:
Frutos, são utilidades que vc pode obter periodicamente de um bem e vc retirar não vai ter
problema porque depois de retirar não vai alterar a substância da coisa principal, e possivelmente
lhe trará mais frutos posteriormente.
O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos tempestivamente,
equiparando-se ao dono, uma vez que possui o bem; o possuidor de má fé responde por todos os prejuízos
que causou pelos frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber; tem,
porém, direito às despesas de produção e custeio, a fim de se evitar enriquecimento ilícito, mas não tem
direito a quaisquer frutos.
DO DIREITO À INDENIZAÇÃO DE BEINFEITORIAS REALIZADAS
O possuidor tem direito à indenização das benfeitorias, que são obras ou despesas efetuadas num coisa
para conservá-la (necessária), melhorá-la (uteis) ou embelezá-la (voluptuárias), o possuidor de boa-fé, privado
do bem em favor do reivindicante ou evictor, tem direito de ser indenizado das benfeitorias necessárias e
úteis, e de levantar, desde que não danifique a coisa, as voluptuárias; o possuidor de má fé se é ressarcido do
valor das benfeitorias necessárias, executadas para a conservação da coisa.
DIREITO DE RETENÇÃO
É a possibilidade que o legislador dá apenas ao possuidor de boa-fé, de se manter na posse da coisa
mesmo quando já definido que o bem deve voltar ao seu legitimo possuidor proprietário, mas é o direito que
ele tem de se manter na coisa até receber as indenizações das benfeitorias úteis e necessários, se tem
benfeitoria voluptuárias ele não pode exercer o direito de retenção por elas, porque não é uma
obrigatoriedade legitimo possuidor proprietário indenizar, possuidor proprietário que vai ser reintegrado
indeniza se quiser e se não indenizar e houver possibilidade de levantamento o possuidor de boa-fé pode
levantar, mas no exercício de direito de retenção a voluptuária não é uma obrigação, Cabe ao possuidor de
boa-fé o direito de retenção, que é o direito que tem o devedor de uma obrigação reter o bem alheio em seu
poder, para haver do credor da obrigação as despesas feitas em benefício da coisa;
RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA
O possuidor tem responsabilidade pela deterioração e perda da coisa, sendo que o de boa-fé não
responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa, a não ser que concorra
propositadamente para que se dê a deterioração ou a perda do bem; (responsabilidade subjetiva)
O de má fé responde pela perda e deterioração, mas poderá exonerar-se dessa responsabilidade se
demonstrar que esses fatos se verificariam de qualquer modo, ainda que estivesse o bem em poder do
reivindicante. (responsabilidade subjetiva com presunção de culpa)
A natureza dúplice das ações possessórias se desvela a partir do comando da regra estabelecida no
artigo 556 do Código de Processo Civil, verbis: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido
em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou
do esbulho cometido pelo autor”. Ora, isto quer dizer que o réu, na ação possessória, poderá contra-atacar o
autor no seio da própria peça de contestação, razão pela qual não se admitir, nestas ações, a apresentação da
reconvenção, por ser desnecessária.
Destaca-se também que, em caso de turbação, está autorizada a legítima defesa da posse, em que o
possuidor direto ou indireto poderá, ele próprio, reagir contra o turbador, desde que essa reação seja imediata
ou sem demora e se dirija contra o ato atual, mediante emprego de meios estritamente necessários para
manter-se na posse, isto é, de maneira proporcional à ação do turbador.
De modo semelhante, agora em caso de esbulho, o possuidor poderá restituir-se, por sua própria força,
na posse do bem por meio do desforço imediato. Neste caso, pode agir sozinho ou com o auxílio de amigos
ou empregados, fazendo uso de meios necessários, inclusive armas, para recuperar a posse perdida, devendo
esta reação ser imediata e sem ir além do objetivo de recuperar a posse.
AQUISIÇÃO DA POSSE
De acordo com o artigo 1.204 do nosso Código Civil, com fulcro na teoria objetivista de JHERING,
“adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer
dos poderes inerentes à propriedade”. Ora, a posse é um fato e se caracteriza pelo exercício pleno ou não de
um dos poderes inerentes à propriedade.
O Ant. 1204 (exercício de direito) entra em jogo com o Art. 1196 (exercício de fato).
Quem Pode Adquirir a Posse
De acordo com o artigo 1.205 do Código Civil brasileiro, a posse pode ser adquirida:
I - Pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - Por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Vale destacar que a aquisição da posse não poderá ser revestida de violência, clandestinidade ou do
abuso de confiança. Ademais, a posse deve ser adquirida pela própria pessoa que a pretende desde que possua
capacidade legal ou por seu representante legal. A aquisição da posse pela coletividade sem personalidade
jurídica foi tratada pelo Conselho da Justiça Federal, na III Jornada de Direito Civil, ao publicar o Enunciado
236, que informa: “Arts 1.196,1.205 e 1.212: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a
coletividade desprovida de personalidade jurídica”. É o caso, por exemplo, das ocupações lícitas ou ilícitas de
áreas públicas ou privadas.
Perda da Posse
A perda da posse era regulada pelo Código Civil de 1916, no artigo 520, que elencava os modos pelos quais se
perdia a posse. O referido dispositivo era criticado, já que adentrava no elemento volitivo do possuidor. O
Código Civil de 2002, fiel à teoria de JHERING, afirma que a perda da posse ocorre a partir do momento em
que não se possa exercer os poderes inerentes à propriedade.
O artigo 1.223 preceitua: “perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder
sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”.
Pode-se perder a posse:
a) da coisa; b) dos direitos; e c) a posse para o possuidor que não presenciou o esbulho (CC 2002 - Art. 1.224).
São hipóteses da perda da posse da coisa:
a) pelo abandono; b) pela tradição; c) pela perda da própria coisa; d) pela destruição da coisa; e) pela sua
inalienabilidade; f) pela posse de outrem; e g) pelo constituto possessório (CC 2002 - Art. 1.267, parágrafo
único).
São hipóteses da perda da posse dos direitos:
a) impossibilidade de seu exercício (CC 2002 - Art. 1.196); e b) o desuso (CC 2002 - Art.389, III).
Já a perda da posse para o possuidor que não presenciou o esbulho encontra-se disciplinada no artigo 1.224
do nosso Código Civil.