You are on page 1of 100

TRABALHO CIENTÍFICO

O PAPEL DO MERCADO DE CAPITAIS NO PROCESSO DE


DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA

Autor: Ph.D. Doutor João Maria Funzi Chimpolo

Professor Associado da Faculdade de Economia da Universidade

Agostinho Neto
RESUMO

A presente dissertação, subordinada ao tema: O papel do mercado de capitais no processo de


diversificação da economia angolana, tem como objectivo compreender o papel do mercado de
capitais no processo de diversificação económica angolana. Para materialização deste
desiderato, socorremo-nos da pesquisa descritiva. Em função das constatações, chegamos a
conclusão de que com o mercado de capitais o empresariado desenvolve-se e as empresas de
diferentes portes vêem as suas possibilidades de captação de recursos ampliadas. Para que tudo
isto se vê materializado, é necessário que o mercado de capitais funcione de facto, para tal tem
de enfrentar e resolver alguns desafios que são estratégicos. O interesse deste tema surgiu da
necessidade de despertar nos decisores e demais agentes económicos que a banca não é a única
fonte de financiamento da economia, e que uma aposta séria ao mercado de capitais reveste-se
de extrema importância.
Palavras-chave: Mercado de capitais, Empresariado, Diversificação, Economia

I
ABSTRACT

The purpose of this dissertation is to: The role of the capital market in the process of
diversification of the Angolan economy aims to understand the role of the capital market in the
process of Angolan economic diversification. In order to materialize this desideratum, we come
to the descriptive research. Based on the findings, we conclude that with the capital market, the
business sector develops and companies of different sizes see their possibilities of raising funds.
For all this is materialized, it is necessary for the capital market to work in fact, so it has to face
and solve some challenges that are strategic. The interest in this topic arose from the need to
awaken in decision-makers and other economic agents that banking is not the only source of
financing for the economy, and that a serious investment in the capital market is extremely
important.
Keywords: Capital market, Entrepreneurship, Diversification, Economy

II
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Rendimento Nacional Bruto 2007 - 2012 ............................................................... 7


Gráfico 2 - Rendimento Nacional Disponível 2007 - 2012 ....................................................... 8
Gráfico 3 - Poupança bruta/PIB e a Poupança Bruta/ Renda Nacional Disponível ................ 10
Gráfico 4 - Poupança vs investimento 2007-2012 ................................................................... 12
Gráfico 5 - Poupança, investimento e crescimento económico 2007 – 2012 .......................... 14
Gráfico 6 - Distribuição dos participantes por género ............................................................. 61
Gráfico 7 - Distribuição dos participantes por faixa etária ...................................................... 62
Gráfico 8 - Distribuição dos participantes por habilitações académicas ................................. 63
Gráfico 9 - Distribuição dos participantes por tempo de serviço ........................................... 64
Gráfico 10 - O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia
angolana .................................................................................................................................... 65
Gráfico 11 - O MCA desempenha um papel fundamental no processo de diversificação da
economia sem o funcionamento em pleno do mercado accionário .......................................... 65
Gráfico 12 - O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento
eficiente? ................................................................................................................................... 67
Gráfico 13 - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação? ..................................................................................................................................... 67
Gráfico 14 - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro? .................................. 68
Gráfico 15 - Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu
desempenho? ............................................................................................................................ 69
Gráfico 16 - A Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano ................................................................................................... 71
Gráfico 17 - O MCA tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de
financiamento da economia? .................................................................................................... 71
Gráfico 18 - Qual destes papéis o MCA desempenha actualmente? ...................................... 73

III
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Negociação da dívida pública ................................................................................. 39


Tabela 2 - Distribuição dos participantes por género .............................................................. 61
Tabela 3 - Distribuição dos participantes por faixa etária ....................................................... 62
Tabela 4 - Distribuição dos participantes por habilitações académicas .................................. 63
Tabela 5 - Distribuição dos participantes por tempo de serviço .............................................. 63
Tabela 6 - O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana . 64
Tabela 7 - O MCA desempenha um papel fundamental no processo de diversificação da
economia sem o funcionamento em pleno do mercado accionário .......................................... 65
Tabela 8 - O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento
eficiente? ................................................................................................................................... 66
Tabela 9 - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação? ..................................................................................................................................... 67
Tabela 10 - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro? .................................... 68
Tabela 11 – Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu
desempenho? ............................................................................................................................ 69
Tabela 12 - A Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano ................................................................................................... 70
Tabela 13 - O MCA tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de
financiamento da economia? .................................................................................................... 71
Tabela 14 - Qual destes papéis o MCA desempenha actualmente? ........................................ 72
Tabela 15 - Resultados estatísticos do análises multivariado. ................................................. 77
Tabela 16 - Resultados das Correlações. ................................................................................. 78

IV
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos mercados financeiros................................................................ 24


Quadro 2 - Membros negociador do mercado de capitais ....................................................... 43
Quadro 3 - Membros negociadores 2015-2016 ....................................................................... 45
Quadro 4 - Estrutura do PIB não petrolífero ........................................................................... 52
Quadro 5 - Taxa de crescimento por sectores de actividades ................................................. 52
Quadro 6 - Classificação das questões .................................................................................... 56

V
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAVV – Vários Autores


APB – Associação Portuguesa de Bancos
ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros
BNA – Banco Nacional de Angola
BODIVA – Bolsa de Dívida e Valores de Angola
BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo
CEIC – Centro de Estudos e Investigação Científica
CMC – Comissão do Mercado de Capitais
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
DSI – Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras
EOCMC – Estatuto Orgânico da Comissão do Mercado de Capitais
FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo
FECUAN – Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto
IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores
IF – Instituições Financeiras
IFBA – Instituto de Formação Bancária de Angola
IMEL – Instituto Médio de Economia de Luanda
INE – Instituto Nacional de Estatística
ISS – Instituto de Supervisão de Seguros
LBNA – Lei do Banco Nacional de Angola
LIF – Lei das Instituições Financeiras
MCA – Mercado de Capitais Angolano
MinFin – Ministério das Finanças
PIB – Produto Interno Bruto
PIBpm – Produto Interno Bruto ao preço de mercado
RNB – Rendimento Nacional Bruto
RND – Rendimento Nacional Disponível
SF – Sistema financeiro
UAN – Universidade Agostinho Neto
UCAN – Universidade Católica de Angola

VI
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxo do sistema financeiro .................................................................................... 19


Figura 2 - Estrutura orgânica do DSI do BNA ........................................................................ 27
Figura 3 - Organigrama do ISS ............................................................................................... 29
Figura 4 - Estrutura orgânica da CMC .................................................................................... 33
Figura 5 - Funções do Mercado de Capitais ............................................................................ 35

VII
ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................................I

ABSTRACT .............................................................................................................................. II

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................ III

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. IV

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................. V

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. VI

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ VII

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................... 5

1.1. Rendimento ...................................................................................................................... 5

1.1.1. Conceito .................................................................................................................... 5

1.1.2. Tipos de rendimento .................................................................................................. 6

1.1.2.1. Rendimento nacional (a preços de Mercado) ................................................... 6

1.1.2.2. Rendimento Nacional Disponível .................................................................... 7

1.1.2.3. Rendimento de propriedade ............................................................................. 8

1.1.2.4. Rendimento misto ............................................................................................ 8

1.2. Poupança, investimento e crescimento económico .......................................................... 9

CAPÍTULO 2 - SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO, O MERCADO DE CAPITAIS E A


DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA ........................................................................................ 17

2.1. Conceito e funções do sistema financeiro ...................................................................... 17

2.2. Fluxos do sistema financeiro ......................................................................................... 19

2.3. Papel do intermediário no sistema financeiro ................................................................ 20

2.4. Mercados financeiros ..................................................................................................... 20

2.4.1. Conceito e funções .................................................................................................. 21

2.4.2. Classificação do mercado financeiro....................................................................... 22

2.4.3. Entidades reguladoras e supervisoras do mercado financeiro angolano ................. 24

VIII
2.4.3.1. Banco Nacional de Angola ............................................................................. 24

2.4.3.2. Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros ........................... 27

2.4.3.3. Comissão do Mercado de Capitais ................................................................. 33

2.5. O mercado de capitais angolano .................................................................................... 34

2.5.1. Razões para a criação do mercado de capitais angolano ......................................... 34

2.5.2. Funções do Mercado de Capitais angolano ............................................................. 35

2.5.3. Instrumentos do Mercado de Capitais angolano ..................................................... 36

2.5.3.1. Instrumentos representativos do capital social ............................................... 36

2.5.3.2. Instrumentos representativos da dívida .......................................................... 37

2.5.3.3. Instrumentos derivados .................................................................................. 40

2.5.4. Mercado de capitais e crescimento económico ....................................................... 41

2.5.5. Os desafios estratégicos do mercado de capitais angolano ..................................... 42

2.5.6. O papel da BODIVA no fomento e desenvolvimento do mercado de capitais ....... 45

2.6. A Diversificação económica angolana........................................................................... 46

2.6.1. Os problemas do processo de diversificação da economia angolana ...................... 47

2.6.2. Indicadores de diversificação da economia angolana ............................................. 51

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA UTILIZADA NA INVESTIGAÇÃO .............................. 54

3.1. Método de pesquisa e justificativa da escolha ............................................................... 54

3.2. Instrumentos................................................................................................................... 55

3.3. Procedimentos de recolha de dados ............................................................................... 57

3.4. Universo e amostra da pesquisa. .................................................................................... 58

3.5. Análises de relação entre variáveis ................................................................................ 58

3.6. Análises multivariadas ................................................................................................... 60

CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....... 61

4.1. Caracterização da amostra. ............................................................................................ 61

4.1.1. Distribuição dos participantes por género ............................................................... 61

4.1.2. Distribuição dos participantes por faixa etária ........................................................ 62

IX
4.1.3. Distribuição dos respondentes por habilitações literárias /Académicas.................. 63

4.1.4. Distribuição dos respondentes por tempo de serviço .............................................. 63

4.2. Análise e interpretação dos resultados .......................................................................... 64

4.3. Analises dos resultados estatísticos ............................................................................... 73

4.3.1. Análises multivariadas. ........................................................................................... 76

4.3.2. Correlações. ............................................................................................................. 77

CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 79

SUGESTÕES ........................................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 82

ANEXOS

X
INTRODUÇÃO

A presente dissertação tem como tema O papel do mercado de capitais no processo de


diversificação da economia angolana.
Os desafios do mercado de capitais para economia angolana têm provocado discussões sobre
que papel poderá desempenhar um modelo de mercado de capitais eficiente no crescimento e
desenvolvimento, no actual contexto que o país enfrenta recessão e desaceleração económica.
Portanto, o processo de diversificação da economia angolana que se almeja, terá sucesso se o
nível de poupança das famílias e das empresas for alto, e se houver alocação eficiente desta
poupança ao investimento. O mercado financeiro se apresenta com um meio para a realização
dessas alocações, proporcionando melhores condições aos agentes económicos de realizarem
suas actividades.
Assim sendo, nos tempos actuais com a existência do mercado internacional de capitais e
crescimento dos fluxos internacionais, exige da nossa economia o aprimoramento do sistema
financeiro, proporcionando alocações mais eficientes, por meio da melhor estruturação das
formas de transição, com mais segurança e transparência, o que só será possível se a Comissão
do Mercado de Capitais, desmistificar e acabar com os entraves que permitem o funcionamento
pleno e eficiente do mercado de capitais angolano; e se a BODIVA implementar modelos que
promovam a expansão, fomento e desenvolvimento do nosso mercado de capitais. Sendo este
mercado um dos segmentos de mercado financeiro, cuja importância reside no facto de ser
promotora das poupanças, dos investimentos e crescimento económico. É necessário haver
competência de gerir os mercados regulamentados nomeadamente a bolsa, mercado de balcão
organizado e mercado especial de vida pública e que esta última tem sido a função mas visível,
não se esquecendo que ela terá a função de prestação de serviços complementares, assistência
nas ofertas públicas, divulgação de informação e formação, é também necessário que incorpore
no seu plano director diversas medidas com objectivo de estimular utilização do mercado, com
instrumento para crescimento das empresas em particular e do país no geral.

Formulação do problema

Considerando a actual situação económica e financeira que o país atravessa, onde o petróleo
continua a ser a commodity que mais contribui para o PIB, e a consequente queda do preço do
petróleo na arena internacional, apraz-nos apresentar o seguinte problema: Que papel
desempenha o mercado de capitais no processo de diversificação da economia angolana?
Objectivos

Traçamos e subdividimos os objectivos a serem alcançados em geral e específicos.

Objectivo geral

Compreender o papel do mercado de capitais no processo de diversificação económica


angolana.

Objectivos específicos

1. Conceptualizar, poupança, investimento, crescimento económico, sistema e mercado


financeiro;
2. Identificar os desafios estratégicos do mercado de capitais no actual contexto.
3. Descrever a importância do mercado de capitais na diversificação económica angolana;
4. Perceber a opinião de economistas, sobre o papel que o Mercado de Capitais angolano
tem desempenhado no processo de diversificação económica.

Importância do tema

Tendo em conta que, num ambiente económico, existem os que produzem e os que consomem.
É normal que alguns agentes económicos consomem menos do que produzem e, com isso
tenham poupança disponível, enquanto que os outros agentes consomem mais do que produzem
e precisam utilizar os recursos desses poupadores, são inúmeros motivos pelos quais isso
acontece e através do mercado de capitais a transferência desses recursos fica mais eficiente e
segura. Esse fluxo de capitais é de extrema importância para a economia possibilitando mais
desenvolvimento das empresas e das zonas em que elas se situam, assim como melhorar a
utilização dos recursos dos poupadores.
Em termos práticos, a presente dissertação vai permitir despertar nos decisores e demais agentes
económicos que a banca não é a única fonte de financiamento da economia, e que uma aposta
séria ao mercado de capitais reveste-se de extrema importância. Outrossim, o estudo do
mercado de capitais é de vital relevância para o desenvolvimento socioeconómico do País, pois
é por intermédio do mercado de capitais que as empresas conseguem se desenvolver cada vez
mais, verificando-se o aumento e expansão do seu negócio e assim gerando mais empregos e
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para os investidores que compram acções de tal empresas, também é importante pois eles são
os agentes super-activos do mercado, entes que além de financiar a expansão e desenvolvimento
das empresas, desenvolvem a sua própria consciência económica e também a de pessoas que as

2
cercam e ainda não têm esse tipo de consciência, essa investigação científica nos possibilitará
analisar e reflectir sobre o papel deste mercado.

Delimitação do tema

O tema que nos propusemos abordar é abrangente, pois, aborda “O papel do mercado de
capitais no processo de diversificação da economia angolana”. Por esta razão, restringimos a
nossa pesquisa à compreensão do papel do mercado de capitais no processo de diversificação
económica. E, como limite temporal o período compreendido entre 2012 e 2017, em virtude de
ser um período em que os dados da CMC se apresentam mais actualizados.

Limitação do tema

Cientes da nossa limitação no mundo do saber, erros involuntários surgirão nas diversas fases
da elaboração do estudo. No entanto, a investigação conhece algumas limitações dentre as quais
dificuldade no acesso à informação de interesse para se desenvolver a presente dissertação.
Estamos de igual modo abertos para as críticas e outras contribuições que nos serão benéficas,
pois, favorecerão o melhoramento de futuras pesquisas.

Estrutura do trabalho

No que tange a sua estrutura, a presente dissertação, comporta cinco capítulos antecedidos da
presente introdução.
No primeiro capítulo, intitulado fundamentação teórica, apresentamos alguns conceitos
essenciais, que pensamos serem bastante úteis na medida em que surgirá com alguma
frequência ao longo do trabalho que temos estado a desenvolver. Outrossim, por facilitarem a
compreensão do presente trabalho. Assim que, neste capítulo, abordamos os conceitos e tipos
de rendimento, poupança, investimento e crescimento económico.
No segundo capítulo, intitulado sistema financeiro angolano, o mercado de capitais e a
diversificação económica, apresentamos o conceito e funções do sistema financeiro (SF), os
fluxos do SF, o papel do intermediário do SF e os mercados financeiros. Nos mercados
financeiros abordamos o conceito, funções, classificação bem como as entidades reguladoras e
supervisoras do mercado financeiro angolano, abordaremos o mercado de capitais angolano
desde os seus antecedentes aos desafios estratégicos que o mesmo tem de enfrentar. Outrossim,
abordaremos a diversificação económica desde os problemas do processo de diversificação da
economia aos indicadores de diversificação da economia angolana.
No terceiro capítulo, intitulado metodologia utilizada na investigação, apresentamos os
métodos de pesquisa e as razões das suas escolhas, o carácter da investigação, os dados que
3
serão necessário à realização da pesquisa, onde os dados serão obtidos – aqui referimo-nos as
fontes. E, finalmente, os instrumentos e procedimentos metodológicos utilizados para a recolha
de dados com vista a satisfazer os objectivos traçados para a presente dissertação.
No quarto capítulo, intitulado apresentação, análise e discussão dos resultados. Por último,
apresentaremos as nossas conclusões que é uma súmula das principais questões abordadas ao
longo deste trabalho, bem como referências bibliográficas e anexos.

4
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para compreensão do presente trabalho, é imperioso a apresentação de alguns conceitos


essenciais, que pensamos serem bastante úteis na medida em que surgirá com alguma
frequência ao longo do trabalho que temos estado a desenvolver. Outrossim, por constituírem
recursos financeiros dos agentes económicos.
Assim que, neste capítulo, abordaremos os conceitos e tipos de rendimento, poupança,
investimento e crescimento económico.

1.1. Rendimento

Não se pode falar de poupança, investimento e crescimento económico, sem antes aflorar o
rendimento, ou seja, só é possível poupar o que se tem.
“Este ano tive um bom rendimento”. Certamente, já ouvimos esta frase vinda de agentes
económicos.
Mas, afinal, o que é o rendimento? Será que as famílias, as empresas e o governo podem ter
rendimentos?
Respostas a estas e outras inquietações, veremos nas secções a seguir.

1.1.1. Conceito

O termo rendimento é polissémico, ou seja, apresenta vários significados. O Dicionário Integral


da Língua portuguesa apresenta o rendimento como “acto ou efeito de render; acto de se render
ou de se entregar; lucro; renda; juro; produto; luxação ou deslocação do osso” (AAVV,
2012:1281).
Para o enfoque que pretendemos dar ao termo rendimento, no presente trabalho, diz respeito a
“àquilo que uma pessoa ou uma colectividade (bancos, instituições de crédito, etc) aufere ou
recebe, seja em géneros ou em dinheiro, como fruto de um capital investido (juros sobre um
empréstimo ou um crédito, dividendo sobre um capital) ou como sendo a remuneração de uma
actividade comercial, produtiva ou ainda laboral (o salário)”1. Existem vários tipos de
rendimentos, mas estes serão vistos já a seguir.

1
https://conceito.de/rendimentos
5
1.1.2. Tipos de rendimento

As contas nacionais (2007-2012), divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE),


contemplam quatro tipos de rendimentos, designadamente “o rendimento misto do total da
economia, o rendimento nacional a preço de mercado, o rendimento nacional disponível e o
rendimento de propriedade” (INE, 204:9). Estes tipos de rendimentos serão aflorados a seguir
com as suas respectivas ilustrações.

1.1.2.1. Rendimento nacional (a preços de Mercado)

O dicionário de termos económicos apresenta o rendimento nacional como sendo a “ soma das
remunerações pagas aos agentes económicos pela sua participação na produção de bens e
serviços. Rendimento nacional = PIB – amortizações – impostos + saldos dos rendimentos
recebidos e pagos ao exterior” (Ménard,1990:70).
Entende-se, ainda, por rendimento nacional,
“o conjunto dos rendimentos primários recebidos pelas unidades
institucionais residentes, remunerações de trabalhadores, impostos
sobre a produção e importações menos subsídios, rendimentos da
propriedade (a receber menos a pagar), excedentes de exploração
(brutos ou líquidos) e rendimento misto (bruto ou líquido). O
rendimento nacional bruto (a preços de mercado) é igual ao Produto
Interno Bruto ao preço de mercado (PIBpm) diminuídos dos
rendimentos primários pagos pelas unidades residentes a unidades não
residentes e aumentado dos rendimentos primários recebidos do resto
do mundo por unidades residentes” (INE, 2014:9).
Importa referir que o Rendimento Nacional Bruto (RNB) concentra-se nos resultados registados
em Angola ou no estrangeiro pelos agentes que vivem efectivamente em Angola. A guisa de
exemplo, uma empresa angolana que tenha realizado um investimento directo no exterior, os
seus rendimentos é registada no RNB.
Em termos ilustrativos, o RNB de Angola de 2007 a 2012 foi crescendo de ano para ano tendo
conhecido um decréscimo no ano de 2009. De lá para 2012 é só crescimento assinalável,
conforme se pode ver no gráfico 1, abaixo.

6
12000000

10000000
Unidade: Milhões de kwanzas

2007
8000000
2008
6000000 2009
2010
4000000 2011
2012
2000000

Gráfico 1 - Rendimento Nacional Bruto 2007 - 2012


Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INE, 2014:39-43

1.1.2.2. Rendimento Nacional Disponível

O Rendimento Nacional Disponível (RND) bruto ou líquido


“ é igual à soma dos rendimentos disponíveis brutos ou líquidos dos
sectores institucionais. O RND bruto ou líquidos é igual ao rendimento
nacional a preços de mercado bruto ou líquido diminuído das
transferências correntes (impostos correntes sobre o rendimento, o
património, etc., contribuições sociais e outras transferências correntes)
pagas a unidades não residentes, e aumentado das transferências
correntes recebidas do resto do mundo por unidades residentes” (INE,
2014:9).
Em 2007 o RND foi de 4318500 milhões de kwanzas, em 2008 registou-se 5534867 milhões
de kwanzas, em 2009 registou-se 5158717 milhões de kwanzas, em 2010 registou-se como
RND 6864950 milhões de kwanzas, em 2011 houve um registo de 9619298 milhões de
kwanzas, e em 2012 registou-se em moeda nacional 11218764 milhões.
Importa referir que nos anos 2007 e 2008 houve um crescimento em termos de RND, já 2009
decresceu o RND, tendo conhecido um novo crescimento nos anos subsequentes. Para ilustrar
o que temos vindo a aflorar, confira o gráfico 2.

7
12000000

10000000
Unidade: Milhões de kwanzas
2007
8000000
2008
6000000 2009
2010
4000000 2011
2012
2000000

Gráfico 2 - Rendimento Nacional Disponível 2007 - 2012


Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INE, 2014:39-43

1.1.2.3. Rendimento de propriedade

Por rendimentos de propriedade entende-se “os rendimentos a receber pelo proprietário de um


activo financeiro ou de um activo não produzido corpóreo para remunerar o facto de pôr fundos
ou o activo não produzido corpóreo à disposição de outra unidade institucional” (INE, 2014:9).
Os rendimentos de propriedade classificam-se em: a) Juros; b) Rendimentos distribuídos das
sociedades: dividendos e levantamentos de rendimentos das quase-sociedades; c) lucros de
investimento estrangeiro directo reinvestidos; d) rendimentos de propriedade atribuídos aos
detentores de apólices de seguros; e) rendas de terrenos e jazigos2.

1.1.2.4. Rendimento misto

O rendimento misto também conhecido por excedente líquido de exploração constitui o “ saldo
contabilístico que corresponde ao rendimento que as unidades geram pela utilização dos seus
activos de produção. É obtido retirando ao Rendimento de Factores as Remunerações dos
Assalariados. O excedente líquido de exploração avalia o rendimento da terra, do capital e do

2
http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-rendimento.html?m=1
8
trabalho não assalariado. É o saldo da conta de exploração, que indica a distribuição do
rendimento entre os factores de produção e o sector das administrações públicas”3.

1.2. Poupança, investimento e crescimento económico

Poupança é entendida como sendo “acto ou efeito de poupar; os rendimentos que não são gastos
em consumo” (AAVV, 1196-1197).
Por seu turno, Ménard (1990:53) apresenta a poupança como sendo “parte do rendimento
disponível não consagrado à compra imediata ou próxima de bens de consumo”.
Na mesma senda de pensamento, encontramos o INE que entende por poupança a “ parte do
rendimento nacional disponível que não é afectada à despesa de consumo final. A poupança
nacional bruta (ou líquida) é igual à soma das poupanças brutas (ou líquidas) dos diversos
sectores” (INE, 2014:8).
Importa referir que tanto as pessoas singulares, ou colectivas que são as empresas, as famílias,
ou mesmo o governo podem poupar. Para o efeito, é necessário que os três factores de que a
poupança depende, estejam salvaguardados, designadamente:
“a) capacidade de poupar: o indivíduo ou agente económico deve ter
uma renda suficientemente alta para tal;
b) desejo de poupar: motivações que levam o agente a poupar,
podendo variar de acordo com as expectativas e cultura do potencial
poupador; e
c) oportunidades de poupar: opções de aplicações financeiras
disponibilizadas pelo mercado” (Oliveira, 1984, apud Carvalho,
2014:12).
Estando salvaguardados estes três factores, qualquer agente económico poderá poupar, e com
as poupanças poderá investir, contribuindo não só para o crescimento económico, mas também
para a tão apregoada diversificação económica.
Tal como vimos na secção sobre os rendimentos, o ano 2009 foi um ano de decréscimo no que
tange a RNB. O mesmo também se verificou com as poupanças. De 2007 a 2009 o peso da
poupança bruta no PIB tem tendência decrescente, tendo tomado um sentido inverso a partir de
2010, pois são níveis que ultrapassam os 40%.
Para melhor ilustrar o que temos vindo a aflorar, confira o gráfico abaixo, que espelha a
poupança bruta/PIB e a poupança bruta/ Renda Nacional disponível.

3
http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-rendimento.html?m=1
9
50
45
40
35

Percentagem
30
25
20
15
10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Poupança Bruta /Renda
46,07 45,25 33,71 42,04 45,54 46,64
Disponível Bruta

Gráfico 3 - Poupança bruta/PIB e a Poupança Bruta/ Renda Nacional Disponível


Fonte: Elaboração própria com dados do INE (2014:31)
Voltaremos a este gráfico para fazer uma correlação com o investimento, mas antes, porém,
apresentar o conceito de investimento.
O investimento é toda a “acção ou efeito de aplicar capitais na aquisição de bens para retirar
proveito dessa operação” (AAVV, 2014:887).
Tal como a poupança, o investimento também pode ser realizado pelos distintos agentes
económicos, para o efeito é necessário que haja “o capital inicial, oportunidade e meios para
investir” (Berté, 1998 apud Carvalho, 2014:12).
A correlação entre a poupança e o investimento é vista a partir de olhares diferentes, uns
privilegiam a existência de poupança para que haja investimentos, e outros defendem que não
é bem assim, ou seja, para que haja investimento não deve existir necessariamente poupança.
Keynes defensor desta última ideia, coloca o acento tónico no papel da banca. Pois, para ele,
“o investimento pode ocorrer independentemente de haver uma
poupança inicial, devido à presença de um sistema bancário
desenvolvido que poderia fornecer crédito ou financiamento para
realização de investimentos. Estes, por sua vez, gerariam poupança. O
acto de poupar não significaria necessariamente consumir futuramente
em detrimento do consumo presente, mas uma diminuição líquida da
demanda, que influenciaria as expectativas do mercado, reduzindo o
consumo futuro e causando uma queda no preço dos bens. Assim,
10
Keynes contesta a ideia de que a poupança individual favorece o
investimento na mesma medida em que diminui o consumo presente”
(Carvalho, 2014:12).
Em países em que o sistema bancário funciona efectivamente, é normal corroborar com Keynes,
pois, quando a banca desempenha de facto o seu papel, vai, certamente, contribuir para
alavancar a economia, financiando projectos rentáveis, com ideias realistas e não fictícias.
Importa referir, que a posição de Keynes, não é isolada, ou seja, não é exclusiva, ou se
preferirmos, não é a única. Existe outra corrente que defende justamente o contrário, aliás esses
apareceram primeiro, daí serem considerados de «os clássicos».
Pois é, para os clássicos,
“a realização de um investimento necessita previamente de uma
poupança correspondente, na qual se verifica uma relação de igualdade
ex-ante entre poupança e investimento. Uma economia estará em
equilíbrio quando, dada uma taxa de juros, houver igualdade entre
poupança e investimento. Se a poupança for maior que o investimento,
não haverá demanda o suficiente para o total produzido na economia;
se o investimento for maior que a poupança, haverá uma demanda em
excesso, causando aumento dos preços (Carvalho, 2014:11).
Esta corrente para além de considerar o poupador e o investidor como dois agentes
importantíssimos do sistema financeiro, sendo que o investidor depende do poupador, por outro
lado considera que a poupança tem uma função essencial na actividade económica, já que é por
seu intermédio que é assegurado o financiamento dos investimentos e, através deste, o nível de
produção (cf. Ménard, 1990:53).
A partir das contas nacionais de Angola, é possível verificar a poupança e o investimento ao
longo de um determinado período, estamos a falar de 2007 a 2012.
Tal como dissemos acima, voltamos ao gráfico 3, mas desta vez incluímos no mesmo gráfico a
taxa de investimento.
Importa referir que, no gráfico abaixo, apesar de o ano 2009 ter sido o ano com um decréscimo
considerável em termos de poupança bruta, ou seja, ser o ano que menos se poupou em Angola,
por outro lado é o ano que registou a taxa de investimento mais elevada, estamos a falar de
(42,26%) quarenta e dois vírgula vinte e seis porcentos. Outro elemento, igualmente, merecedor
de atenção prende-se com o facto de que, enquanto a poupança bruta se estava a reerguer a
partir de 2010, foi-se desacelerando, em contrapartida, a taxa de investimento de formação bruta

11
de capital fixo (FBCF) [que engloba as aquisições líquidas de cessões, efectuadas por
produtores residentes, de activos fixos durante um determinado período e determinadas mais
valias dos activos não produzidos através da actividade produtiva de unidades produtivas ou
institucionais]. Estes dados podem ser vistos no gráfico 4.
50
45
40
35
30
Percentagem

25
20
15
10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Poupança Bruta /Renda
46,07 45,25 33,71 42,04 45,54 46,64
Disponível Bruta
Taxa de Investimento
25,16 29,22 42,26 29,16 27,54 29,73
(FBCF/PIB)

Gráfico 4 - Poupança vs investimento 2007-2012


Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INE (2014:31)
No gráfico acima, é possível verificar que não existe um equilíbrio entre a poupança e o
investimento. Pois, enquanto a poupança bruta/ renda disponível bruta diminuía nas primeiras
três séries, a taxa de investimento seguia um rumo contrário, ou seja, aumentava. De 2010 até
2012 enquanto a poupança bruta/ renda disponível bruta aumentava, a taxa de investimento não
seguia uma linha uniforme, ou seja, houve uma variação ora crescia ora decrescia.
Mas, por que é que não existiu neste período um equilíbrio entre a poupança e o investimento?
Vários estudos já foram realizados neste sentido, não particularizando o caso de Angola, mas
que apresentam similitudes com o nosso caso. Estamos a falar, por exemplo, de estudos
realizados em países cujo modelo é a economia de mercado, países em vias de desenvolvimento
e países que são petro-dependentes – os números ora apresentados apontam para uma época em
que o petróleo era o maior contribuinte para as contas do Estado, sendo Angola o “segundo
maior produtor da África subsariana, a seguir a Nigéria” (INE, 2014:29). Assim, numa
economia de mercado que é a nossa, a igualdade entre poupança (S) e investimento (I), (S = I),
seria mais completa na seguinte fórmula:
S + (G – T) = I + (X – M)
12
Onde:
G – T (gastos – renda do governo): o déficit orçamentário do governo;
X – M (exportações – importações): balança comercial.
Desse modo, a soma da poupança privada e pública é igual à soma dos investimentos privados
e das exportações líquidas, onde pode ser observado que o deficit orçamentário do governo
desestimula os investimentos privados e que um saldo positivo da balança comercial estimula
a poupança no longo prazo.
De acordo com o Banco Mundial “a incerteza continuada da economia global continua a ser o
risco maior para o crescimento projectado para Angola. A dependência do país das exportações
do petróleo deixa a sua economia altamente sensível às tendências económicas globais e as
alterações de preços do petróleo têm impacto imediato e profundo nas contas externas e
orçamentais” (Banco Mundial citado pelo INE, 2014:29).
Assim, o equilíbrio entre poupança e investimento é afectado pelos fluxos de capitais com o
exterior e pelas contas do governo. Vale ressaltar, ainda, que em condições de perfeita
mobilidade de capital, as poupanças de um país iriam migrar para lugares onde a eficiência do
investimento é maior e, consequentemente, não se verificaria uma correlação forte entre
poupança e investimentos em nível nacional (lembrando que o principal atractivo para o capital
internacional é a taxa de juros interna, quanto maior esta for, mais capital atrairá).
Os modelos econométricos de Jansen e Schultz (1996), que avaliam a correlação entre
investimento e poupança, se mostraram factíveis em relação aos países com economias de
mercado desenvolvidas, mas apresentou resultados contraditórios quando os países em
desenvolvimento são analisados, mostrando que o grau de desenvolvimento e a estrutura da
economia condiciona uma relação estável entre investimento e poupança. Essa discrepância
entre investimento e poupança dependerá da proporção da poupança em relação ao PIB. Em
processos de industrialização, além da implementação de novas tecnologias, verificou-se o
aumento considerável da taxa de poupança, que se manteve mesmo no período pós-industrial
(Pavelescu, 2008 apud Carvalho, 2014:13-14).
Se quisermos ter de facto crescimento económico, temos de estar atentos e reunir um conjunto
de factores tais como: assegurar uma taxa elevada de poupança, acumulação de capital humano,
inovações tecnológicas e, principalmente, velar pela eficiência do investimento.
Oliveira, Beltrão e David (1998:4) tentam explicar a relação entre poupança, investimento e
crescimento. Para eles,

13
“... embora o crescimento económico tenha um efeito positivo sobre a
poupança na medida em que aumenta o nível de renda, não podemos
afirmar, univocamente, que um aumento no nível de poupança
implicará uma aceleração do crescimento. Os estudos empíricos
caminham no sentido de confirmar tal relação de causalidade [ver
Schmidt-Hebbel et al. (1996) e Reis (1996)]. Os resultados obtidos por
Reis mostram que as variações temporais do produto devem preceder
às variações da poupança doméstica, assim como as da formação bruta
de capital fixo”.
Em função do acima exposto, vamos compulsar os dados que temos e procurar relacionar à
nossa realidade. Assim que, apresentamos já a seguir um gráfico que espelha o comportamento
do crescimento económico em termos percentuais de 2007 a 2012, bem como a sua relação com
a poupança e o investimento. Para o efeito, recuperemos o gráfico 4, sobre a poupança e o
investimento e nele incorporamos o crescimento do PIB.
Neste gráfico 5, que veremos abaixo, é possível verificar que até 2008 o crescimento económico
situava-se em dois dígitos, tendo conhecido uma desaceleração nos anos subsequentes, ou seja,
em 2009 o crescimento do PIB foi de 2,14%, em 2010 foi de 3,56%, em 2011 foi de 1,86%, e
em 2012 houve uma ascensão para 7,63%. Apesar de ser um crescimento na ordem de um
dígito, o ano 2012 deu um claro sinal de recuperação comparando com o período anterior.
Estes dados podem ser vistos no gráfico a seguir.
50
45
40
35
Percentagem

30
25
20
15
10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Crescimento económico 14,01 11,17 2,14 3,56 1,86 7,63
Taxa de Investimento
25,16 29,22 42,26 29,16 27,54 29,73
(FBCF/PIB)

Gráfico 5 - Poupança, investimento e crescimento económico 2007 – 2012


Fonte: Elaboração Própria com dados do INE (2014:68)

14
Para o aumento da poupança nacional as famílias, as empresas e o governo são chamados a
contribuírem para o efeito.
Assim, as famílias são chamadas a fazerem um esforço no quesito poupança familiar, embora
não seja um assunto de fácil abordagem devido a complexidade dos seus intervenientes.
De acordo com a Cepal (2002) citada por Carvalho (2014:18), a poupança familiar é
“um ponto complexo por ser difícil identificar como se dão as decisões
de poupança individual e familiar. Apesar dessa dificuldade, é possível
a realização de esforços institucionais de fomento aos hábitos de
poupança, além das reformas do sistema previdenciário e dos sistemas
de pensões. Esses esforços, ou estímulos fiscais, seriam focados em
poupanças destinadas a fins específicos como a educação dos filhos
(que receberia subsídios específicos) e os seguros de vida e de
acidentes”.
As empresas, por seu turno, são chamadas a reinvestir os seus lucros, pois “o reinvestimento
dos lucros substitui outras fontes de financiamento e, para estimulá-lo são necessárias políticas
específicas. Por exemplo, de acordo com a teoria do investimento, impostos baixos sobre os
lucros reinvestidos tornam o reinvestimento a fonte principal de financiamento, sendo, portanto,
um importante estímulo à poupança. A revisão de normas contábeis e fiscais seria um dos
principais meios para facilitar que os lucros sejam reinvestidos nas empresas” (Cepal, 2002
apud Carvalho, 2014:18).
E, por fim o governo, que é chamado a prestar uma atenção especial ao financiamento dos
investimentos públicos. Neste quesito, propõe-se um conjunto de medidas para incrementar a
receita pública, elevar a produtividade e transparência dos gastos públicos e construir
instituições democráticas. O objectivo maior é atingir um equilíbrio ou superávit das contas
fiscais, já que o déficit fiscal, em última instância, reduz a poupança nacional. Esse desafio é
de carácter estrutural. Uma das correcções seria avaliar separadamente a evolução a longo prazo
dos termos de troca, diferenciando-a das flutuações de curto prazo. Desse modo, a
institucionalização de fundos de estabilização dos principais bens de importação e exportação,
com contabilidade separada das contas fiscais, seria um importante mecanismo para a
estabilidade fiscal (Idem).
Para um país como o nosso, com dependência excessiva no petróleo, a toda a necessidade de se
diversificar a economia, para que tenhamos bons níveis de poupança, de investimento e de
crescimento económico. Pois, pensamos que altos níveis de poupança, de investimento e de

15
crescimento económico vão contribuir para o desenvolvimento do país, diminuindo os níveis
de pobreza extrema que ainda graça pelo nosso país, assim como as desigualdades sociais e as
assimetrias regionais.
Não podemos descurar do papel do sistema financeiro para a materialização de objectivos tão
premente da diversificação económica. Mas sobre o sistema financeiro, conceito, funções e o
seu papel, desenvolveremos no capítulo a seguir.

16
CAPÍTULO 2 - SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO, O MERCADO DE CAPITAIS
E A DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA

Tal como frisamos no capítulo anterior, neste capítulo abordaremos o sistema financeiro
angolano que desempenha um papel preponderante na economia. Para a compreensão do papel
do sistema financeiro na economia angolana é imperioso saber o conceito, as funções, e os tipos
de sistema financeiro. Também neste capítulo abordaremos o mercado de capitais angolano
desde os seus antecedentes aos desafios estratégicos que o mesmo tem de enfrentar. Outrossim,
abordaremos a diversificação económica desde os problemas do processo de diversificação da
economia aos indicadores de diversificação da economia angolana.

2.1. Conceito e funções do sistema financeiro

O sistema financeiro condiciona os níveis de crescimento económico das economias e por


conseguinte, condiciona o bem-estar das populações. Mas afinal, o que é o sistema financeiro?
Sistema financeiro é o “conjunto de instituições e processos através dos quais a poupança dos
agentes excedentários é transferida para os agentes deficitários” (Pacheco, 2015:5).
A associação portuguesa de bancos (APB) apresenta o sistema financeiro como sendo “o
conjunto de instituições financeiras que asseguram, essencialmente, a canalização da poupança
para o investimento nos mercados financeiros, através da compra e venda de produtos
financeiros”4.
Podemos depreender do acima exposto que, o sistema financeiro é o conjunto de mecanismos
pelos quais as pessoas singulares (indivíduo) ou colectivas (empresas), as famílias ou o governo
a nível interno, ou ainda os mesmos agentes a nível externo, dispõem os seus recursos
excedentários para outros agentes que deles tenham necessidade para investir.
De acordo com Pacheco (2015:5), o sistema financeiro tem como funções:
 Promoção da Poupança;
 Arrecadação e concentração da poupança em grandes volumes;
 Encaminhamento das poupanças às actividades produtivas;
 Disponibilização de ferramentas para a redistribuição e diversificação dos riscos;
 Gestão das aplicações e a manutenção de um mercado para elas.
A poupança é sem dúvidas um recurso de extrema importância quando se trata do sistema
financeiro, mas este não cuida só da poupança. O Sistema Financeiro cuida de toda a cadeia

4
http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e
17
que envolve desde o acúmulo de poupança, por parte de alguns, e a necessidade destes recursos
por parte daqueles que desejam consumir ou investir, e necessitam dos recursos de terceiros.
Cuida, também, de prestar assessoria aos investidores e de outros serviços diversos. Portanto,
o Sistema Financeiro propicia toda a estrutura necessária ao bom funcionamento do Mercado
de Capitais, que se encontra inserido em seu âmbito. Busca, em síntese, maximizar a
circulação e utilização dos recursos financeiros (Silva, 2008:45).
Quando funciona bem, o sistema financeiro contribui para o bem-estar das populações, fazendo
circular as poupanças daqueles que têm a mais, para aqueles que têm a menos, no sentido destes
poderem utilizar estes recursos para o consumo ou para investimento, gerando desta forma
riqueza. Ao contrário, isto é, um mau funcionamento do sistema financeiro gera perturbações
nos fluxos monetários, cujos efeitos, quando excessivos, são de demorada correcção e
manifestam-se sob as seguintes formas:
a. “luta desenfreada pelos recursos financeiros, encarecendo-os;
b. transferência de actividades económicas próprias da iniciativa
privada, para o sector público;
c. instabilidade do nível de preços e consequente inutilização das
previsões económicas;
d. desvirtuamento das funções das instituições financeiras elevando o
custo do dinheiro e gerando um descrédito com o público;
e. insuficiente dinamização do mercado financeiro nacional, que passa
a funcionar como um sistema arterial esclerosado; e
f. desestímulo à poupança espontânea dos indivíduos e das empresas,
que passa a ser substituída pela de carácter forçado, nem sempre
transformada em investimento, mas em despesa de custeio do estado” (
Silva, 2008:45-46).
Para que o sistema financeiro angolano funcione bem, ele está estruturado da seguinte forma: a
moeda, os instrumentos financeiros, os mercados financeiros, as instituições financeiras e as
autoridades de supervisão.
De acordo com a lei n.º 13/05 de 30 de Setembro, o sistema financeiro angolano conta com
instituições financeiras subdivididas em: Instituições Financeiras Bancárias – que são os bancos
– cuja responsabilidade de supervisão é do Banco Nacional de Angola (BNA). E as Instituições
Financeiras Não Bancárias que subdividem-se em três níveis, designadamente: a moeda e o
crédito – cuja responsabilidade de supervisão também é do BNA; as seguradoras e a previdência

18
social cuja responsabilidade de controlo, supervisão e regulação é do Instituto de Supervisão de
Seguros; e o mercado de capitais e investimento cuja supervisão é da responsabilidade da
Comissão do Mercado de Capitais (CMC)5.

2.2. Fluxos do sistema financeiro

Nesta secção, vamos procurar demonstrar como é que o sistema financeiro funciona.
Os agentes que observam um excedente de fundos são os mutuantes ou aforradores primários
e são a origem de todos os fluxos de financiamento. Já os agentes que observam um déficit de
fundos são os mutuários ou devedores primários e são os destinatários últimos dos diferentes
fluxos de financiamento.
Para ilustrar, confira a figura 1, onde do lado esquerdo encontramos os agentes excedentários,
aqueles que têm a mais, ou que conseguiram realizar as suas poupanças, deixando de utilizar os
recursos hoje, para os utilizar amanhã. São normalmente as famílias, mas poderão ser o governo
se as contas públicas forem excedentárias, ou os agentes não residentes. E do outro lado, direito,
encontramos os agentes deficitários, ou seja aqueles que têm a menos, aqueles que têm
necessidades de recursos. São normalmente as empresas, mas o governo – caso as contas
públicas forem deficitárias, as famílias ou o resto do mundo podem assumir este papel. Importa,
ainda, referir que no centro encontramos os intermediários financeiros, aqueles que podem ser
as instituições financeiras bancárias que são os bancos ou outras instituições financeiras não
bancárias como as seguradoras, previdência social e o mercado de capitais e investimento,
conforme se pode ver na figura 1.

Figura 1 - Fluxo do sistema financeiro


Fonte: Pacheco (2015:5)

5 Mais adiante voltaremos de forma pormenorizada a abordagem das Entidades reguladoras e supervisoras do mercado
financeiro angolano, isto é, na secção 2.4.3.

19
O financiamento da economia ocorre em duas vias. Através do financiamento directo, os
agentes deficitários endividam-se directamente junto dos agentes excedentários nos mercados
financeiros, vendendo-lhes títulos (activos financeiros). Ou pelo financiamento indirecto onde
os intermediários financeiros aparecem para mediar para fazer a difícil missão de coincidir a
vontade dos agentes excedentários com as dos deficitários (Cf. Abreu et al, 2012:6-7).
Nem sempre os agentes deficitários necessitam dos intermediários financeiros, por causa da
difícil missão de fazer conciliar as vontades das partes. Sobre o papel do intermediário no
Sistema financeiro, veremos a secção a seguir.

2.3. Papel do intermediário no sistema financeiro

De acordo com Abreu et al (2012:7-8), a função dos intermediários financeiros é a de canalizar


os fundos dos agentes com capacidade de financiamento (tradicionalmente as famílias) para os
agentes com necessidade de financiamento (tradicionalmente as empresas), em função dos
desejos de uns e outros. Para o fazer, eles compram títulos de dívida primária (emitidos pelas
empresas) e vendem títulos de dívida secundária (por eles próprios emitidos) aos agentes com
capacidade de financiamento (as famílias). Os títulos que os intermediários financeiros
compram aparecem no activo do seu balanço e os títulos que vendem constituem
responsabilidades (dívida) e por isso figuram no seu passivo.
Em suma, os intermediários financeiros são os agentes «transformadores» encarregues de
adaptar um montante global da dívida primária emitida pelos agentes com necessidade de
financiamento às preferências dos agentes com capacidade de financiamento.
Um dos componentes do sistema financeiro é o mercado financeiro que também tem grande
relevância na estabilização do mercado e onde os agentes deficitários e excedentários
encontram-se e realizam negócio com ou sem a intervenção dos intermediários financeiros.
Mais pormenor sobre os mercados financeiros, será abordada na secção a seguir.

2.4. Mercados financeiros

O mercado é o local em que compradores e vendedores se encontram para realizar a transacção.


É o elemento fundamental para a estabilização dos preços, através da lei da oferta e da procura.
Mas, o que é o mercado financeiro?
É o que vamos ver a seguir.

20
2.4.1. Conceito e funções

De acordo com Abreu et al (2012:8), “mercados financeiros são os mercados nos quais uma
entidade que se encontra numa situação excedentária disponibiliza fundos a entidade que se
encontra numa situação deficitária”.
Pacheco (2015:8), define mercado financeiro como sendo “o mecanismo ou ambiente (físico
ou virtual) através do qual se produz um intercâmbio de activos financeiros e se determinam
seus preços”.
Outra definição bastante prática e elucidativa defende que, Mercado financeiro “é um ambiente
de compra e venda de valores mobiliários (acções, opções, títulos), câmbio (moedas
estrangeiras) e mercadorias (ouro, produtos agrícolas)”6.
Em outras palavras, ao mercado financeiro dirigem-se os agentes excedentários e os agentes
deficitários, ou seja, aqueles que têm recursos de que não necessitam por hoje (poupança) e
podem dispor do seu para aqueles que necessitam para investir, esta manifestação de interesse
em ceder e aceder aos recursos vai determinar os preços.
Os mercados financeiros têm várias funções, Abreu et al (2012:8) consideram três funções
essenciais, designadamente:
1. “Permitir a transferência de fundos dos agentes com capacidade de
financiamento (mas sem oportunidades de investimento) para os
agentes com necessidade de financiamento (mas com oportunidades de
investimento);
2. Aumentar a eficiência económica, aumentando a eficiência na
afectação do capital;
3. Partilhar o risco na economia, permitindo o financiamento de mais
projectos de investimentos produtivos , aumentando o crescimento
das economias e aumentar a poupança, uma vez que possibilitam a
sua rentabilização (ou remuneração)” (Abreu et al, 2012:8).
Já Pacheco (2015:8) considera quatro funções, a saber:
1. Estabelecer o contacto entre os agentes superavitários e deficitários;
2. Ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para os activos;
3. Proporcional liquidez aos activos; e
4. Reduzir os prazos e custos de intermediação.

6
www.btgpactualdigital.com
21
Podemos afirmar que o mercado financeiro tem como função principal facilitar o encontro entre
os agentes excedentários com os agentes deficitários no sentido de fixarem um preço a contento
das partes.

2.4.2. Classificação do mercado financeiro

O mercado financeiro classifica-se tendo em conta diversos critérios, em função das


características essenciais que evidenciam, isto é, para cada critério existe uma classificação do
mercado.
Assim, constam dos critérios para classificar os mercados financeiros, os seguintes: a fase de
negociação; o grau de transformação dos activos; os tipos de activos; o prazo ou as condições;
o tipo de moeda; o grau de intervenção e as necessidades dos clientes (Pacheco, 2015:9).
Se tivermos em conta o momento da transacção dos títulos em relação à sua data de emissão,
em outras palavras, se tivermos em conta a fase de negociação o mercado financeiro classifica-
se em mercado primário e mercado secundário.
Por mercado primário entende-se o local onde são transaccionados os títulos pela primeira vez,
isto é, no momento da sua criação: emissões de acções, emissões de obrigações. É considerado
mercado primário, porque os fundos dos agentes excedentários são colocados directamente nas
mãos dos utilizadores finais que são os agentes deficitários.
Já o mercado secundário é aquele onde se transaccionam os títulos, previamente emitidos no
mercado primário, em momentos posteriores à sua emissão. Diferentemente do mercado
primário, as transações no mercado secundário não correspondem a nenhum financiamento de
agentes primários, mas sim ajustamentos de carteira (venda e compra de títulos, com vista a
aumentar o lucro ou realizar a liquidez) (Abreu et al, 2012:9).
A diferença entre os dois mercados cinge-se ao facto de que no mercado primário as empresas
procuram obter recursos para os seus negócios e no mercado secundário acontecem as
transações de acções entre os compradores e vendedores sem que ocorra alterações financeiras
na empresa. Ou seja, após ter passado algum tempo da compra de acções no mercado primário,
o investidor almejará converter as aplicações realizadas novamente em dinheiro através da
venda das mesmas, a realização da venda será então denominada como operação secundária.
Quanto ao grau de transformação dos activos, o mercado financeiro classifica-se em mercado
directo e mercado intermediado.
Quanto aos tipos de activos o mercado classifica-se em mercado de capitais e mercado
monetário.

22
Sobre o mercado de capitais, falaremos mais detalhadamente no capítulo a seguir, por ser o
foco da nossa pesquisa. Por agora, interessa-nos saber um pouco sobre o mercado monetário.
O mercado monetário é o local “onde são realizados os empréstimos de curto prazo, com
vencimentos inferiores a um ano. A negociação se dá principalmente através de títulos do
tesouro”7. É por via do mercado monetário que o BNA enquanto banco central procura
influenciar as condições do mercado monetário, em termos de liquidez (efeito quantidade) e de
taxa de juro (efeito preço).
Quanto ao prazo ou as condições, os mercados podem ser a vista ou swap, futuros e opções.
De acordo com Abreu et al (2012:13) swap, futuros e opções constituem contractos financeiros
cujo valor depende do preço de outros activos, e transaccionam-se nos mercados de derivados.
“Um contracto de futuros é um contracto de compra ou venda de títulos
ou mercadorias a um preço predeterminado, ocorrendo a transacção
numa data futura específica. As opções são instrumento financeiro que
conferem ao seu detentor o direito mas não a obrigação, de comprar ou
vender determinados activos a um preço pré-determinado numa certa
data futura. Um swap é um acordo de transacção de fluxos de tesouraria
futuros de acordo com uma fórmula pré-acordada”.
Quanto ao tipo de moeda pode ser moeda nacional ou local e moeda internacional ou externa;
Quanto ao grau de intervenção pode ser mercado livre ou mercado regulado. E quanto as
necessidades dos clientes podemos classificar em: mercado de câmbio, mercado de crédito,
mercado de seguros e pensões, mercado de capitais, mercado de derivados e mercado
monetário.
Alguns mercados como o de derivados e monetário já foram abordados. O mercado de capital
já foi anunciado que terá tratamento especial no próximo capítulo. Por agora, importa apresentar
os três primeiros mercados do parágrafo anterior.
Assim, por mercado de câmbio entende-se o local onde se transaccionam divisas, isto é onde
se trocam entre si moedas de diferentes países.
Já o mercado de crédito “trata dos empréstimos bancários. É o mercado que se acessa ao
solicitar um financiamento ou usar o cheque especial”.
Mercado de seguros e pensões é o local onde se acessa aos serviços de seguros contra potenciais
riscos e de planos de previdência social.

7
www.btgpactualdigital.com
23
De forma resumida, o que apresentamos até aqui, pode ser visto no quadro 1 que ilustra os
critérios e a respectiva classificação dos mercados financeiros.
Quadro 1 - Classificação dos mercados financeiros

Fonte: Pacheco (2015:9)

2.4.3. Entidades reguladoras e supervisoras do mercado financeiro angolano

Tendo em conta que, na secção acima, apresentamos a classificação do mercado financeiro, nas
negociações estão envolvidas diversas instituições que facilitam o encontro entre os agentes
deficitários e os excedentários, mas também a presença dos intermediários. Para o seu bom
funcionamento, o mercado financeiro carece de instituições que regulam, fiscalizam e
supervisionam as transacções.
De acordo com Lei nº 13/05 de 30 de Setembro, as entidades reguladoras e supervisoras do
mercado financeiro angolano são: O BNA, o Instituto de Supervisão de Seguros e a CMC.
É sobre estas entidades que nos vamos ater nas próximas secções.

2.4.3.1. Banco Nacional de Angola

O Banco Nacional de Angola (BNA) é o banco central e emissor angolano.


As suas funções são regidas pelas Leis n.º 16/10 de 15 de Julho e a 13/05 de 30 de Setembro.
A Lei n.º 16/10 de 15 de Julho é a Lei do Banco Nacional de Angola (LBNA) e a Lei n.º 13/05
de 30 de Setembro é a Lei das Instituições Financeiras (LIF).
É com base nestas duas leis, que iremos desenvolver a presente secção.
24
Assim, o BNA tem como função principal “assegura(r) a preservação do valor da moeda
nacional e participa(r) na definição das políticas monetária, financeira e cambial” ( LBNA art.
3.º, número 1). No seu número 2, a lei acrescenta que “compete ao Banco Nacional de Angola
a execução, acompanhamento e controlo das políticas monetárias, cambial e de crédito, a gestão
do sistema de pagamentos e administração do meio circulante no âmbito da política económica
do País”.
O BNA é para esta secção chamada devido ao facto de supervisionar o sistema financeiro
angolano. Esta questão também tem respaldo legal, no mesmo diploma que temos vindo a citar,
designadamente a LBNA. No seu artigo 16.º e), compete ao BNA “velar pela estabilidade do
sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de
última instância” O artigo 20.º a) “Compete ao Banco Nacional de Angola, nas suas relações
com as instituições financeiras domiciliadas no País: a) supervisioná-las”;
Dentro do sistema financeiro, o BNA exerce a supervisão, a fiscalização e o controlo dentro de
três mercados. Tratam-se dos mercados de câmbio, de crédito e monetário (cf. LIF, art. 2.º,
n.º14; art. 5.ºe),f); LBNA, arts. 21.º e); 40.º).
Mas como, o BNA realiza esta supervisão?
Resposta a esta questão é-nos dada pela LBNA. Assim, voltemos a LBNA no seu artigo 21.º
que trata especialmente da supervisão dada a sua revestida importância.
1. “Para assegurar a supervisão das instituições financeiras, compete ao
Banco Nacional de Angola, em especial:
a) apreciar os pedidos de constituição das referidas instituições, bem
como da sua fusão, cisão ou modificação de objecto;
b) apreciar a idoneidade e aptidão dos Administradores e Directores das
mesmas Instituições;
c) definir o âmbito da supervisão em base consolidada, emitindo as
instruções a que devem obedecer as Instituições abrangidas;
d) determinar e fiscalizar o cumprimento de todas as relações
prudenciais que essas Instituições devem observar com o fim de
garantir a respectiva liquidez e solvabilidade;
e) dispensar temporariamente do cumprimento de determinadas
obrigações, designadamente as estabelecidas na alínea anterior, as
Instituições em que se verifique uma situação que possa afectar o seu
regular funcionamento ou o dos sistemas monetários e financeiro;

25
f) estabelecer normas para a actuação das Instituições, nomeadamente
quanto à sua organização contabilística, estruturas de receitas e controlo
interno, bem assim como aos elementos de informação a prestar ao
B.N.A. e ao público, e respectiva periodicidade;
g) manter organizado o registo especial a que estão sujeitas as
instituições sob à sua supervisão.
2. Compete, igualmente, ao Banco Nacional de Angola:
a) realizar inspecções às Instituições sujeitas à sua supervisão e aos seus
respectivos estabelecimentos, e proceder à averiguações em qualquer
entidade ou local onde haja suspeição de prática irregular de actividades
monetárias financeiras ou cambiais;
b) consultar todos os ficheiros, livros e registos, e obter comprovativos
das operações, registos contabilísticos, contratos, acordos e demais
documentos que entenda necessários ao exercício da sua função de
supervisão;
c) instaurar, nos termos da lei, os processos adequados à verificação das
infracções cometidas”.
Como pudemos observar, a LBNA dá instruções claras e precisas de como o BNA supervisiona
o Sistema financeiro (SF).
Para além das instituições financeiras bancárias que são os bancos, as instituições financeiras
não bancárias ligadas à moeda e crédito abrangidas pelo controlo e supervisão do BNA são:
a) casas de câmbio; b) sociedades cooperativas de crédito; c)
sociedades de cessão financeira; d) sociedades de locação
financeira; e) sociedades mediadoras dos mercados monetário ou de
câmbios; f) sociedades de micro crédito; g) sociedades prestadoras
de serviço de pagamento; h) as sociedades operadoras de sistemas
de pagamentos, compensação ou câmara de compensação, nos
termos da Lei do Sistema de Pagamentos de Angola; (LIF, art. 5.º,
número 1).
Para a materialização destas funções, o BNA dispõe de um departamento que se ocupa com a
supervisão das Instituições Financeiras (IF), este departamento denomina-se: Departamento de
Supervisão de Instituições Financeiras (DSI).

26
O Departamento conta com cinco divisões, a saber: divisão de acompanhamento directo,
divisão de acompanhamento indirecto, divisão de organização do sistema financeiro, divisão
de pesquisas e normas e a divisão de acompanhamento de instituições financeiras não bancárias.
A par das divisões, o departamento conta, na sua estrutura orgânica, com dois sectores,
designadamente: o sector central de informação de risco de crédito e o sector de secretariado.
Para melhor ilustração, confira a Estrutura orgânica do DSI do BNA na figura 2.

Figura 2 - Estrutura orgânica do DSI do BNA


Fonte: BNA, 2011:2

2.4.3.2. Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros

Para nos ajudar a compreender a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros


(ARSEG), apresentamos a seguir o seu antecessor.

Antecessor da ARSEG (Instituto de Supervisão de Seguros)

De acordo com o Decreto n.º 63/04 de 28 de Outubro, no seu artigo 2.º, o número 2, determina
que “O Instituto de Supervisão de Seguros (ISS) é o órgão especializado de supervisão da
actividade seguradora, tutelado pelo Ministério das Finanças”.
O ISS tem por objectivos “a) supervisionar a actividade de seguros, resseguros, fundos de
pensões, mediação de seguros e/ ou resseguros, em conformidade com a política económico-
financeira nacional impulsionando o desenvolvimento equilibrado do mercado, definindo as
regras para o bom funcionamento do sector segurador e o exercício da actividade de mediação
de seguros, das sociedades gestoras de fundos de pensões e actividades complementares dos
27
seguros; b) fiscalizar e supervisionar o sector segurador bem como as actividades referidas no
número anterior, implementando acções com vista à normalização do funcionamento legal,
técnico e financeiro, nomeadamente os critérios de solvabilidade, a gestão prudente das
provisões técnicas e suas aplicações financeiras e sobre os produtos colocados à disposição do
consumidor, nos termos estabelecidos pela legislação aplicável;” (Decreto n.º 63/04, art. 3.º,
número 1);
Para alcançar os objectivos do ISS, cabe-o
“a) emitir pareceres sobre a constituição de empresas do mercado de
seguros, resseguros e das Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões,
bem como sobre o cancelamento de autorizações das mesmas;
b) emitir parecer e/ou autorizar a exploração de novos ramos ou
modalidades de seguro, bem como aprovar as bases técnicas e
condições gerais e especiais dos diversos ramos e modalidades de
seguro, de conformidade com a legislação específica, bem como emitir
parecer para o cancelamento da autorização dos mesmos;
c) estabelecer apólices e tarifas uniformes para os ramos e modalidades
de seguros obrigatórios e submeter à aprovação do Ministro das
Finanças;
d) emitir parecer sobre os pedidos de transferência de carteira de
seguros, alterações de estatutos e de capital social das empresas de
seguros e Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões;
e) apreciar e emitir parecer sobre as contas de exercício das empresas
do sector, fundamentalmente sobre os critérios de solvabilidade e
gestão prudencial;
f) inspeccionar ordinária ou extraordinariamente, sempre que seja caso
para tal, a actividade das empresas que operam no sector, com o fim de
verificar a regularidade técnica, financeira e jurídica da sua actividade;
g) praticar os actos necessários à regularização das anomalias
detectadas nas inspecções;
h) instaurar e instruir processos de transgressão, aplicando as
respectivas sanções ou propondo ao Ministro de tutela a aplicação das
sanções que sejam da sua competência, de conformidade com o artigo

28
15.º do Decreto n.º 7/02 de 9 de Abril, bem como proceder nos termos
legais ao acompanhamento e liquidação das multas aplicadas;
i) atender e dar parecer sobre reclamações que lhe sejam apresentadas
por presumíveis violações de normas do sector;
j) apresentar relatório periódico ao Ministro das Finanças sobre a
actividade desenvolvida pelo sector;
k) apresentar ao Ministro das Finanças contribuições para a política
nacional de seguros e resseguros; (Decreto n.º 63/04, art. 4.º, número
1);
O ISS está estruturado em órgãos de gestão e serviços e órgãos executivos e de apoio.
Constam dos órgãos de gestão e serviços o Director Geral; o Director Geral Adjunto; o
Conselho Directivo; o Conselho Técnico Consultivo e o Conselho Fiscal.
São órgãos executivos e de apoio os seguintes: o Departamento de Supervisão e Mediação; o
Departamento de Administração e Serviços Gerais; o Departamento de Fundos Autónomos; o
Gabinete de Inspecção; e o Gabinete Jurídico.
Organicamente o ISS apresenta-se conforme vê-se na figura 3.

Figura 3 - Organigrama do ISS


Fonte: Estatuto Orgânico do ISS, Anexo 1

29
O ISS tem um departamento que se ocupa da supervisão e mediação, cabe a este departamento:
a) “acompanhar a actividade técnica, actuarial e financeira das entidades
supervisionadas por forma a assegurar a estabilidade e eficiência das mesmas
em função da legislação aplicável;
b) emitir pareceres sobre os aspectos técnico-económicos relativos à
constituição de seguradoras;
c) elaborar estudos técnico-económicos e financeiros do sector e do mercado
em geral, bem como emitir pareceres sobre bases técnicas, tarifas e condições
gerais e especiais dos diversos ramos e modalidades de seguro, formulando
pareceres sobre a autorização ou cancelamento da sua exploração;
d) cuidar da elaboração de apólices uniformes e tarifas para os ramos ou
modalidades de seguro obrigatório;
e) proceder à organização dos registos estatístico-económicos do sector e
normalizar o controlo dos elementos fundamentais da actividade empresarial;
f) assegurar a realização das tarefas referidas nas alíneas a), b), c), d) e e) do
n.º 1 do artigo 4.º do estatuto e das que sejam acometidas pelo director geral”
(Decreto n.º 63/04, art. 17.º, número 1).
O Departamento de Supervisão e Mediação possui uma divisão (Divisão Técnica e Mediação)
e duas secções (Secção Vida/Ramos Pessoais; e a Secção de Estatística das Seguradoras).
Esta instituição deu lugar a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, de que
nos debruçaremos a seguir.

Natureza jurídica da ARSEG

A ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros foi criada pelo Decreto
Presidencial n.º 141/13, que aprova o seu Estatuto Orgânico. Nos termos deste estatuto, a
ARSEG é o órgão especializado da administração indirecta do Estado ao qual incumbe a
regulação, supervisão, fiscalização e o acompanhamento da actividade seguradora,
resseguradora, de fundos de pensões e de mediação de seguros e resseguro, com o objectivo de
criar um mercado equilibrado, idóneo e eficiente.
A ARSEG distingue-se da sua antecessora nas atribuições e nos instrumentos de intervenção.
Para Aguinaldo Jaime “no actual contexto (ISS), a supervisão não dispensa que possa haver
visitas dos representantes do Órgão Regulador e Supervisor para inspeccionar, no local, os
diferentes operadores do mercado. A supervisão (no local), sublinhou, vai analisar as
demonstrações contabilísticas e de outros documentos que espelham a vida financeira de cada
30
um desses órgãos. As visitas de supervisão visam, entre outros objectivos, analisar a forma de
administração das instituições, com destaque ao modo como são geridos, os órgãos que as
compõem e quem os integra”8.
De acordo com o artigo 1.º do Decreto Presidencial 141/13 de 27 de Setembro a “Agência
Angolana de Regulação e Supervisão de seguros, enquanto órgão central na tarefa de supervisão
do mercado de seguros no Estado Angolano, é uma pessoa colectiva de direito público, dotada
de autonomia administrativa, financeira patrimonial e regulamentar”.
Actualmente, a ARSEG tem sob sua jurisdição 24 Seguradoras, 6 Sociedades Gestoras de
Fundos de Pensões, 51 Sociedades de Mediação e Corretagem e 446 Mediadores Individuais.

Atribuições

As atribuições da ARSEG vêm espelhados no artigo 9.º do Decreto Presidencial 141/13 de 27


de Setembro que aprova o estatuto orgânico. São mais de vinte atribuições, entre eles
destacamos:
A regulação, a supervisão, e a promoção do mercado de seguros, resseguros e fundos de
pensões, mediação de seguros ou de resseguros, em conformidade com a politica económica e
financeira nacional, impulsionando o desenvolvimento equilibrado e eficiente do mercado, e
definindo as regras para o bom funcionamento do sector, bem como das actividades de todos
os operadores que, directa ou indirectamente, ali intervenham, com o intuito de proteger os
investidores, assegurar a eficiência, o funcionamento regular, a transparência e evitar o risco
sistémico.
Enquanto órgão sob a “superintendência do Presidente da República e Titular do Poder
Executivo, que pode delegar, no todo ou em parte, e através de instrumento próprio, os poderes
de superintendência num membro do Executivo” (Decreto Presidencial 141/13, art. 2.º, ponto
1), a ARSEG tem o dever de assessorar o Executivo e o Ministro das Finanças (enquanto órgão
de tutela) em todas as matérias relacionadas com os seguros e propor ao Ministro das Finanças
a convocação do Conselho de Seguros e Fundos de pensões, nos termos da legislação vigente
e dos seus regulamentos.
No que ao poder sancionatório diz respeito, a ARSEG tem poder de instaurar e instruir
processos de transgressões, aplicando as respectivas sanções ou propondo ao órgão de tutela a
aplicação das sanções que sejam da sua competência, de conformidade com a legislação, bem
como proceder ao acompanhamento da liquidação das multas aplicáveis.

8
Aguinaldo Jaime in ANGOP, 06 jun. 2013.
31
Estrutura Orgânica

A ARSEG subdivide-se em órgãos e serviços.


São órgãos da ARSEG o Conselho de Administração, o Presidente do Conselho de
Administração, o Conselho Técnico e o Conselho Fiscal.
O Conselho de Administração é o órgão colegial de gestão ao qual compete, em geral, deliberar
sobre todos os assuntos relativos à sua administração e gestão. Este Conselho só pode deliberar
validamente estando presente a maioria dos seus membros, cabendo ao Presidente o voto de
qualidade.
O Presidente do Conselho de Administração é o órgão de gestão unipessoal da ARSEG.
Compete-lhe entre outras funções “tomar decisões e praticar todos os actos que estejam
dependentes de deliberação do Conselho de Administração, mas que, por motivo imperioso de
urgência, não possam aguardar pela reunião do Conselho de Administração, devendo tais
decisões ou actos serem submetidos à ratificação do Conselho de Administração na primeira
reunião subsequente” (Decreto Presidencial 141/13, art. 23.º ponto 3).
O Conselho Técnico é “o órgão de consulta, ao qual incumbe pronunciar-se sobre a definição
das linhas gerais de actuação da ARSEG e os demais assuntos relacionados com a actividade
da ARSEG, com vista a auxiliar o Conselho de Administração no exercício das suas funções e
na tomada das suas deliberações” (Decreto Presidencial 141/13, art. 25.º).
O Conselho Fiscal é o órgão responsável pelo controlo da legalidade e racionalidade da gestão
financeira e patrimonial da ARSEG e de consulta do Conselho de Administração, nesses
domínios.
Para além dos órgãos de que nos debruçamos acima. A ARSEG compreende os seguintes
serviços:
a) Gabinete de Apoio ao Conselho de Administração;
b) Gabinete de Estudos e Planeamento Estratégico;
c) Gabinete Jurídico;
d) Gabinete de Auditoria Interna;
e) Gabinete de Tecnologias de Informação e Comunicação;
f) Direcção de Supervisão e Inspecção;
g) Direcção de Recursos Humanos;
h) Direcção de Administração e Finanças.
A estrutura interna dos órgãos de gestão, serviços executivos e de apoio da ARSEG consta do
Regulamento Interno da ARSEG, a aprovar pelo Conselho de Administração.

32
A seguir apresentaremos a Comissão de Mercado de Capitais.

2.4.3.3. Comissão do Mercado de Capitais

Cada entidade reguladora e supervisora está para um/ vários mercados específicos. Assim que,
a Comissão do Mercado de Capitais supervisiona e regula os mercados de valores mobiliários,
dos sistemas de liquidação, das ofertas públicas sobre valores mobiliários, dos sistemas
centralizados de valores mobiliários e ainda de todos os intervenientes directos do mercado de
capitais (cf. Artigo 5º do Estatuto Orgânico da Comissão de Mercados de Capitais). Em outras
palavras, a CMC tem sob sua alçada os mercados: obrigacionista (entidades públicas e privadas
que se financiam por via da emissão de títulos de dívida); Accionista (entidades privadas que
se financiam por via da abertura de capital); de Mercadorias (onde se efectuam compras e se
vendem de forma regulamentada títulos representativos de mercadorias (Petróleo, milho, trigo,
arroz, etc); de Derivados (onde são transaccionados instrumentos financeiros de cobertura de
risco tais como Forwards, Futuros, Opções e Swaps). A par disso, vela também pelos Fundos
de Investimento que são patrimónios autónomos que tem como finalidade o investimento
colectivo de capitais.
Mas, afinal, o que é a CMC?
De acordo com seus estatutos, a CMC é uma pessoa colectiva de direito público e rege-se pela
Lei dos Valores Mobiliários, pela Lei das Instituições Financeiras, pelo seu Estatuto Orgânico
e pelo regulamento interno.
Conforme o EOCMC, a sua actual estrutura orgânica compreende três órgãos, a saber: Conselho
de Administração, Conselho Consultivo e o Conselho Fiscal, conforme a figura 3.

Figura 4 - Estrutura orgânica da CMC


Fonte: Decreto n.º09/05 de 18 de Março, Anexo

33
2.5. O mercado de capitais angolano

Embora tenhamos dito alguma coisa a respeito do mercado de capitais, numa ou noutra ocasião
ao longo dos capítulos que antecederam a este, importa reforçar que o mercado de capitais
angolano encontra-se dentro sistema financeiro angolano, mais concretamente dentro do
mercado financeiro e está sob supervisão da CMC.
Mercado de capitais “é o espaço físico ou virtual onde instrumentos de investimentos e
cobertura de risco são transaccionados” (Santos, 2016:15).
Para compreendermos o mercado de capitais angolano é imperioso a apresentação das razões
que estiveram na base da criação deste espaço onde os instrumentos de investimentos e
cobertura de risco são transaccionados.

2.5.1. Razões para a criação do mercado de capitais angolano

Os agentes económicos sobretudo as famílias, as empresas e o governo, enquanto agentes


deficitários precisam dos agentes excedentários para poderem ver materializadas as suas
necessidades quer de investimento quer de financiamentos do seu negócio ou dos seus
projectos.
Durante muito tempo em Angola, os agentes deficitários recorriam aos bancos para fazerem os
créditos para verem satisfeitas as suas necessidades, quer para investimento, quer para verem
financiados os seus projectos/ negócios. Mas isso, nem sempre funcionou como era de se
esperar pois, a necessidade de investimento e financiamento era muito superior a capacidade de
resposta dos agentes excedentários por via dos bancos. Ou seja, o sector bancário mostrou-se
incapacitado para responder a necessidade de investimento ou financiamento dos agentes
deficitários.
Posto isto, é imperioso a apresentação daquilo que esteve na origem da criação do mercado de
capitais angolano.
Em nosso entender, o mercado de capitais angolano surge da necessidade do próprio mercado,
isto é: da “necessidade de investimento e financiamento; incapacidade do sector bancário para
financiar toda a economia; investidores procurarem retornos superiores aos dos instrumentos
do mercado monetário” (Santos, 2016:13).
Os instrumentos financeiros do mercado monetário são fundamentalmente “instrumentos de
dívida de curto prazo, transaccionáveis, líquidos e de baixo risco. São também tipicamente
instrumentos de rendimento nominal fixo” (Abreu et al, 2012:23).

34
Para fazer face a tudo quanto acima foi aflorado, é necessário olhar para as funções do mercado
de capitais angolano. E, é sobre estas funções que nos vamos concentrar na secção a seguir.

2.5.2. Funções do Mercado de Capitais angolano

Tendo em conta as razões que estiveram na base da criação do mercado de capitais angolano e
que mereceram a nossa atenção na secção anterior, importa realçar que o mercado de capitais
angolano deve ter condições de atrair o capital externo por via da produção de informação, onde
os agentes deficitários e os agentes excedentários têm como um local propício de oportunidades
de investimento e de financiamento dos seus projectos cuja protecção da carteira de
investimento sentem-se salvaguardadas. Outrossim, a liquidez dos activos devem ser garantidas
para que se verifique a diversificação do negócio.
Importa referir que liquidez de activos consiste na “capacidade de um activo ser convertido em
meio de pagamento imediato (moeda), rapidamente e sem custos significativos. Um activo é
tanto mais líquido quanto mais o mercado tem muitos compradores e vendedores e nele se
efectua um elevado número de transacções” (Abreu et al, 2012:152).
Este elevado número de transacções vai permitir que haja diversificação do negócio.
Em suma, o mercado de capitais angolano tem como funções atrair capital externo, criar
oportunidades de investimento e de financiamento, produzir informações, criar liquidez de
activos, proteger a carteira de investimentos dos agentes económicos e diversificar o negócio.
Confira a figura 5, que ilustra as funções do mercado de capitais angolano.

Figura 5 - Funções do Mercado de Capitais


Fonte: Santos, 2016: 16

35
Com o mercado de capitais em pleno funcionamento, contribuirá significativamente para a
diversificação económica do país, para o efeito é necessário que tenha instrumentos que o
permitem funcionar em pleno.
É sobre estes instrumentos do mercado de capitais angolano que nos vamos ater a seguir.

2.5.3. Instrumentos do Mercado de Capitais angolano

Constam entre os principais tipos de instrumentos do mercado de capitais angolano, os


seguintes: “os instrumentos representativos do capital social de determinada sociedade ou
empresa (Acções); os instrumentos representativos de dívida (Obrigações; hipotecas); e os
instrumentos derivados” (Santos, 2016: 15).
Embora o mercado de capitais congregue estes três instrumentos, há autores que fazem
justamente o contrário, ou seja, fazem a separação dos instrumentos por mercado, ou seja, cada
instrumento pertence a um mercado específico, embora sejam todos, considerados,
instrumentos financeiros.
Autores como Abreu, Afonso, Escária e Ferreira (2012:24-26) defendem que os instrumentos
representativos de dívida de médio e longo prazo constituem instrumentos financeiros do
mercado obrigacionista; Já para o mercado de capitais, as acções constituem o instrumento
financeiro mais relevante; Enquanto que os instrumentos dos derivados fazem parte do mercado
de derivados.
Apesar desta diferença, e como o que nos interessa mesmo é o mercado de capitais angolano, a
estratificação do mercado de capitais angolano é que merecerá a nossa análise e descrição. Pois
então, importa sublinhar os três instrumentos que o mercado de capitais angolano utiliza,
designadamente as acções, as obrigações e os derivados. Passemos agora a descrição.

2.5.3.1. Instrumentos representativos do capital social

Os instrumentos representativos do capital social de uma sociedade ou empresa são as acções.


De acordo com Abreu et al (2012:25), “ uma acção corresponde a uma parte do capital social
da empresa, sendo o detentor da acção proprietário da percentagem correspondente da empresa,
o que lhe confere um conjunto de direitos. O máximo que um accionista pode perder em caso
de falência é o valor do seu investimento inicial, não sendo o seu património pessoal passível
de responder ou satisfazer obrigações da empresa”.
Os mesmos autores que temos vindo a citar, apresentam-nos três formas, como é que o mercado
estabelece o preço das acções. Para eles,

36
1) “O preço é estabelecido pelo comprador que está disposto a pagar o
preço mais elevado – pode não ser o valor máximo que ele está
disposto a pagar, mas será sempre superior ao valor que o segundo
comprador está disposto a pagar;
2) O preço do mercado é definido pelo comprador que valoriza mais a
acção – o comprador que valoriza a acção é aquele que está disposto
a pagar o preço mais elevado, logo é ele que fixa o preço;
3) Quem tem mais informação pode pagar mais pois reduz o risco: na
medida em que sabe mais sobre os fluxos futuros, desconta-os a
uma taxa inferior” (Abreu et al, 2012:189-190).

2.5.3.2. Instrumentos representativos da dívida

Nos instrumentos representativos de dívida, destacam-se as obrigações. Importa sublinhar que


as obrigações mais comuns são as emitidas pelos Estados, muito embora as empresas também
emitam obrigações, na medida em que as mesmas oferecem uma forma de financiamento
externo alternativa ao financiamento bancário.
De acordo com Abreu et al (2012:142-143) existem dois tipos de obrigações, a obrigação de
cupão e a obrigação de cupão zero.
Quanto a obrigação de cupão – paga ao proprietário da obrigação (mutuante) um juro fixo
(rendimento de cupão) todos os períodos até a maturidade, momento em que, por último, um
montante específico (valor facial) é pago.
Uma obrigação de cupão é identificada por 4 tipos de informação:
O emitente da obrigação; a maturidade da obrigação; a taxa de cupão, expressa como uma
percentagem do valor facial do cupão; valor facial da obrigação.
Na obrigação de cupão regista-se um caso particular, que é a obrigação perpétua que se
consubstancia na obrigação que proporciona um rendimento fixo (rendimento de cupão) sem
prazo de maturidade (sem data de vencimento), isto é, perpétua e portanto também sem
reembolso do principal.
Quanto a obrigação de cupão zero consiste em uma obrigação que não vence rendimento de
cupão e que é comprada abaixo do valor facial, recebendo o seu proprietário como rendimento
apenas o valor facial, o qual é pago na data de vencimento.

37
Existem três factores que influenciam a curva da oferta de obrigações, designadamente a
rentabilidade dos investimentos, a expectativa da taxa de inflação e o saldo orçamental (cf.
Abreu et al, 2012:157).
Quanto a rentabilidade dos investimentos, importa referir que quanto mais elevadas forem as
expectativas de lucro associadas a novos projectos de investimentos numa empresa, maior é a
vontade de os implementar e consequentemente maior é a necessidade de recurso a
financiamento externo. Em períodos de forte crescimento económico aumenta frequentemente
a viabilidade económica dos projectos. Isso pressupõe que, em períodos de expansão económica
aumenta a oferta de obrigações enquanto que em períodos de recessão a oferta de obrigações
se contrai.
Quanto a expectativa da taxa de inflação, importa referir que para uma dada taxa de juro, um
aumento da taxa de inflação esperada, provoca uma diminuição da taxa de juro real. Sendo o
custo real do endividamento mais baixo aumenta a oferta de obrigações, para cada nível de
preço e taxa de juro.
No que ao saldo orçamental diz respeito, um aumento do deficit público provoca um aumento
da emissão de obrigações públicas.
Em suma, os instrumentos representativos da dívida podem ser divididos em dois eixos: por um
lado, os instrumentos da dívida pública e por outro, os instrumentos da dívida corporativa.
Nos instrumentos da dívida pública encontramos para além das obrigações do tesouro (OT-NR;
OT- TXC; OT- ME), cujo
“valor nominal da OT, as taxas de juro de cupão e o prazo de resgate –
que deverá ser de 1 a 30 anos, sempre múltiplo de 6 meses – são
definidos por decreto executivo do Ministro das Finanças;
Os cupões de juro são pagos semestralmente;
O resgate é efectuado pelo valor ao par, acrescido dos juros do último
cupão;
A OT pode ser transaccionada em mercado secundário mediante registo
de alteração de titularidade” (Pacheco, 2015:16).
Os bilhetes do tesouro apresentam um prazo de resgate variável na ordem de 28, 63, 91, 182 e
364 dias;
São colocados no mercado primário pelo valor facial descontado do montante correspondente
aos juros, devendo na data de vencimento ocorrer o resgate pelo valor nominal;

38
Os mesmos podem ser transaccionados em mercado secundário mediante registo de alteração
de titularidade.
As obrigações do tesouro são as mais procuradas comparando com os bilhetes do tesouro. Para
se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2017 foram negociados 252 OT contra os 21 BT,
conforme se pode ver na tabela abaixo, discriminado por meses.
Tabela 1 - Negociação da dívida pública

Meses Obrigações do Tesouro Bilhetes do Tesouro Total


Janeiro 78 6 84
Fevereiro 78 2 80
Março 96 13 109
Total 252 21 273
Fonte: BODIVA, 2017

Nesta tabela, é possível verificar que, durante o primeiro trimestre de 2017, foram negociados
mais obrigações do tesouro do que bilhetes do tesouro. Se por um lado, estes números são
importantes para a compreensão do fenómeno, mais importante ainda é a ilação que se retira
dos mesmos, pois apesar dos Bilhetes do Tesouro serem poucos comparativamente às OT, deve-
se sublinhar o facto do crescimento da procura por BT.
Nesta ordem de ideias, de acordo com a BODIVA, no seu relatório mensal de Abril do ano que
temos vindo abordar, 2017, o aumento da procura por BT consubstancia-se no seguinte:
“(i) recente aumento das taxas de remuneração no mercado primário,
que actualmente se situa acima dos 20% e (ii) maior preferência por
activos de curto prazo, dado o actual contexto de mercado, (iii) cenário
de estabilidade cambial que retira atractividade aos títulos indexados ao
dólar-americano, sendo que o BT´s surgem como alternativa de
investimento”.
No que tange a dívida corporativa, importa referir que os investidores compram títulos emitidos
pelas empresas que precisam de dinheiro. Esses títulos dão aos investidores o direito de receber
a quantia emprestada, mais juros previamente determinados. Os títulos são chamados de títulos
de dívida e esse mercado é conhecido como mercado de renda fixa.
No nosso caso em particular, os instrumentos da dívida corporativa não se fazem sentir porque,
infelizmente, “as empresas nacionais ainda não cumprem os requisitos para abrirem o capital
em bolsa” (Pacheco, 2015:22).

39
2.5.3.3. Instrumentos derivados

Tendo em conta que no mercado de capitais os recursos dos poupadores são destinados à
promoção do desenvolvimento económico de forma directa, isto é, de projectos e empresas. É
no mercado de capitais que empresas que precisam de recursos conseguem financiamento, por
meio da emissão de títulos, vendidos directamente aos poupadores/investidores, sem
intermediação bancária. Dessa forma, os investidores acabam emprestando o dinheiro de sua
poupança a empresas, também sem a intermediação bancária.
Os instrumentos derivados podem ser subdivididos em quatro classes, designadamente: os
forward, os futuros, as opções e os swaps.
Começando pelo primeiro instrumento, os forward são acordos específicos entre duas partes
para a realização de uma transacção financeira numa data futura. Se esses contratos estiverem
ligados a títulos de dívida, fala-se de contratos forward de taxa de juro. Estes envolvem a venda
futura de um título de dívida (cf. Abreu et al, 2012: 26).
Consta num contracto forward de taxa de juro, os seguintes elementos: “o título que será objecto
de transacção; o montante envolvido na transacção; o preço (a taxa de juro) do título no
momento da transacção; e a data da transacção” (Idem: 210).
A negociação deste contracto é feita pelos dois agentes interessados permitindo que os
montantes e condições do contrato possam ser ajustados aos interesses das partes, aliás os
contratos constituem a manifestação da vontade das partes. Este facto permite que os contratos
forward sejam tão flexíveis quanto a vontade das partes, permitindo, igualmente, uma cobertura
total do risco.
Se por um lado, essa flexibilidade em termos de chegar a um acordo directo entre as partes
interessadas constitui uma vantagem, por outro pode estar na origem de alguns inconvenientes.
Ora, vejamos:
O primeiro inconveniente é a “dificuldade em encontrar a contraparte ou, quando se encontra,
dada a exiguidade do mercado, os preços podem não ser muito competitivos (falta de liquidez
do mercado). O segundo é o “risco de falência, que deriva de não existir nenhuma garantia
contra perdas, se a contraparte for a falência” (Abreu et al, 2012:211).
Pelo facto de existir o risco de falência da contraparte, os intervenientes antes de firmarem o
contracto necessitam de informação sobre a situação financeira da contraparte.
Embora haja um mercado importante no tocante aos títulos de tesouro ou hipotecas, o papel do
contracto forward vê-se cada vez mais reduzido pelo facto combinado do risco de não
pagamento e a falta de liquidez.
40
Existe uma similitude entre os contratos forward e os futuros, na medida em que especifica que
uma das partes tem que entregar um certo instrumento financeiro à outra, numa certa data
futura. O contrato de futuros tem características que permitem superar as desvantagens dos
forward, ou seja, os riscos de liquidez e de falência destes contratos, uma vez que os contratos
de futuros são transaccionados em mercados organizados (como as bolsas) (cf. Abreu et al ,
2012:26).
As opções são contratos que dão ao seu proprietário a opção, isto é, o direito de comprar (ou o
direito de vender) o activo subjacente a um preço pré-determinado, designado por preço de
exercício (strike price), dentro de um período de tempo (o prazo até à expiração). O vendedor
de uma opção (designado também por writer) é obrigado a vender (ou a comprar) o activo
subjacente ao comprador da opção se este decidir exercer o seu direito de compra (ou de venda).
Já a swap é um contrato em que cada parte troca (swap) um conjunto de pagamentos ou fluxos
de tesouraria futuros (e não de activos) que detém por um conjunto de pagamentos ou fluxos de
tesouraria futuros que a outra parte detém.
Existem vários tipos de swap, destacando-se dois: swap de taxa de câmbio ou swap cambial e
swap de taxa de juro.
O primeiro, swap de taxa de câmbio ou swap cambial, envolve a troca de um conjunto de um
conjunto de pagamentos numa moeda por um conjunto de pagamentos noutra moeda; mais
concretamente, um swap cambial é a transacção simultânea à vista e a prazo de uma moeda
contra a outra moeda. Por exemplo, uma parte compra à vista (spot) um dado montante de
kwanzas contra dólares e, simultaneamente, vende, a prazo (forward) o mesmo montante de
dólares contra kwanzas.
Já o segundo, swap de taxa de juro, envolve a troca de um conjunto de pagamentos de juros por
outro conjunto de pagamentos de juros com características diferentes, ambos denominados na
mesma moeda (cf. Abreu et al, 2012:221-222).
Embora não sendo fácil devido as especificidades de cada instrumento, importa sublinhar que,
de maneira geral, os instrumentos derivados têm como função: permissão da gestão e cobertura
do risco; e favorecimento da liquidez no mercado.

2.5.4. Mercado de capitais e crescimento económico

O desenvolvimento do mercado de capitais proporciona o desenvolvimento empresarial e


estimula a adopção mais ampla de práticas de sustentabilidade e de governação corporativa,
ampliando as possibilidades de captação de recursos por empresas de diferentes portes. Ao

41
mesmo tempo, fruto da estabilidade económica e de uma série de avanços institucionais que se
traduzem em incentivos ao empreendedorismo, regista-se um crescimento expressivo no
número de empreendedores (Cf. IBRI; CVM, 2015:9).
O mercado de capitais é eficiente na medida em que a captação de recursos por empresas é mais
barata, pois não há necessidade do pagamento da spread aos bancos. Para o investidor é
vantajoso, pois ele pode desfazer-se do título a qualquer momento, o que não seria possível
num empréstimo tradicional. Ou seja, se o investidor mudar de opinião quanto ao risco de
investir em determinada empresa, pode vender os títulos no mercado. Essa liquidez (facilidade
de compra e de venda) reduz o seu risco de perda. Assim, o mercado de capitais faz com que o
repasse de recursos dos poupadores às empresas seja mais interessante para ambas as partes.
Em função de tudo quanto foi acima exposto, não nos resta concluir que o mercado de capitais
é fundamental para o crescimento económico de um país, pois sem ele muitos projectos não
conseguiriam sair do papel por falta de capital e financiamento. Muitas empresas perderiam sua
competitividade e dificilmente conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num
ambiente sem a injecção de capital de investidores. Vale também recordar, que com o mercado
de capitais o empresariado desenvolve-se e as empresas de diferente portes vêem as suas
possibilidades de captação de recursos ampliadas.
Para que tudo isto que elencamos acima, se vêem materializados, é necessário que o mercado
de capitais funcione de facto, para tal tem de enfrentar e resolver alguns desafios que são
estratégicos.
É sobre os desafios estratégicos do mercado de capitais angolano que nos vamos concentrar na
próxima secção.

2.5.5. Os desafios estratégicos do mercado de capitais angolano

O mercado de capitais angolano tem vários desafios. Estes circunscrevem-se no seu


funcionamento.
Os players do mercado de capitais angolano são vários, a saber: instituições que facilitam o
processo de negociação (corretoras, distribuidoras), local de negociação (bolsa de valores)
instrumentos (acções, obrigações e outros títulos), os organismos de supervisão do mercado
(CMC), os emitentes, investidores (empresas e pessoas singulares) e legislação correspondente.
É vital que o nosso MC (Mercado de Capitais) cresça, que os juros reais conheçam uma queda
e que se verifique um aumento na competição com a entrada de novos players nacionais e
internacionais. A título ilustrativo, no MC, os únicos membros negociadores são IFB

42
(Instituições Financeiras Bancárias), para sermos mais rigorosos o BNA tem registado e
autorizado trinta IFB, e destas apenas sete negoceiam na bolsa. Ou seja, apenas 24, 3(3)%. É
um número bastante aquém, quando os investidores podem ser empresas e pessoas singulares.
Estes dados podem ser vistos no quadro abaixo intitulado membros negociador do mercado de
capitais que, infelizmente, tem registado um único membro negociador que são os bancos.
Quadro 2 - Membros negociador do mercado de capitais

Fonte: BODIVA, Abril 2017.

Dissemos infelizmente, porque o que esteve na origem da criação do Mercado de Capitais entre
outros elementos foi a incapacidade dos bancos financiarem toda economia, hoje com tristeza
assistimos, que são os mesmos bancos, os únicos membros negociadores do mercado. Há toda
a necessidade de se reforçar a mensagem no sentido de outros membros poderem vir e
negociarem, pois só é desta forma que se vai estimular o crescimento económico com membros
diversificados, pois aumentará o montante negociado. Aliás, a CMC tem como visão
“acredita(r) no Mercado de Valores Mobiliários e Instrumentos Derivados como alternativa
preferencial de capitalização e financiamento do Estado e das empresas, e como veículo, por
excelência, de canalização das poupanças da sociedade para instrumentos de investimento
diversificados” (CMC, 2014: 17).
Outro elemento, igualmente, de importância extrema que se alia ao que temos vindo a aflorar é
o facto de que até ao preciso momento a dívida corporativa ainda não se negoceia na bolsa
porque “as empresas nacionais não reúnem os requisitos para estarem registados na bolsa” (já
citado).
Tudo o que elencámos acima ainda não se verifica, em nosso entender, porque o MC não tem
sido suficientemente atraente aos olhos das empresas.
Nesta ordem de ideias, a BODIVA, a CMC, a CEVAMA, o fundo de investimentos, os
accionistas minoritários e vários departamentos ministeriais de forma isolada ou conjunta

43
devem tomar uma série de medidas capazes de contribuir para o sucesso do MC, sucesso este
que passa pela atracção das empresas, pois este constitui um dos grandes desafios do MC.
Estudos comparados em outras paragens dão conta que o “principal instrumento de promoção
do mercado de capitais deverá ser a governação corporativa que, de um lado, é, entre outras
coisas, quem dará a segurança necessária ao investidor e, de outro, valorizará as empresas que,
assim, poderão ter um custo de captação menor. Este processo possibilitará que o benefício da
abertura de capital se estenda sobre um número maior de empresas pois, tanto do lado dos
investidores quanto do lado das empresas alguns bons casos de sucesso vão projectar e atrair
outros. Portanto, a principal barreira a ser superada é a criação de alguns casos de sucesso”
(Bovespa, 2000:10).
Apesar dos esforços que se tem feito no sentido da governação corporativa, onde a CMC
reconhece que a confiança dos investidores é legítima e “é um pilar fundamental sobre o qual
os Mercados de Valores Mobiliários surgem e se robustecem. E essa confiança estabelece-se e
afirma-se pela transparência dos processos de gestão das empresas que sejam ou queiram ser
emitentes de valores mobiliários. A adopção de boas práticas de governação corporativa e a sua
boa divulgação dão aos investidores uma sólida compreensão de como são tomadas as decisões
que podem afectar os seus investimentos. Além disso, os investidores que confiam nas práticas
de governação corporativa de uma determinada empresa são mais propensos a manterem-se ou
tornarem-se accionistas” (CMC, 2014:5).
Para o efeito, a CMC enquanto regulador, supervisor, fiscalizador e também dinamizador
comprometeu-se já em 2014 em “tudo (estamos a) fazer para tornar realidade os Mercados de
Valores Mobiliários e Instrumentos Derivados em Angola, proporcionando novas formas, mais
atractivas e seguras, de remuneração das poupanças e de financiamento a longo prazo do nosso
desenvolvimento socioeconómico. E estamos certos de que o edifício institucional e legal que
estamos a construir, e cuja construção está na recta final, irá acolher a seu tempo um núcleo de
investidores e emitentes capazes de colocar Angola no lugar a que justamente aspira no atlas
mundial dos mercados financeiros” (CMC, 2014:5).
Dizíamos, apesar deste posicionamento da CMC em tudo fazer para atrair empresas neste
mercado a realidade é diferente. Se por um lado, houve esforço que culminou com a abertura
do mercado secundário da dívida pública a 19 de Dezembro de 2014. Por outro lado, este
mercado em termos de negociadores não evoluiu muito.

44
Em 2015, por exemplo, a BODIVA contou com cinco membros negociadores, designadamente:
o Banco de Fomento Angola (BFA), o Standard Bank Angola (SBA), o Banco Angolano de
Investimentos (BAI), o Banco de Negócios Internacional (BNI), o Banco Millenium Atlântico.
Já em 2016, os negociadores subiram de cinco para oito membros, acrescentando, deste modo,
na lista anterior os bancos Internacional de Crédito (BIC), regional do Keve e o banco
económico.
Importa ainda sublinhar, que durante estes dois anos, o BFA figurou no topo do ranking como
o banco que realizou mais negociações em termos de montante negociado, ocupando desta
forma parte significativa da quota de mercado, conforme se pode ver no quadro abaixo.
Quadro 3 - Membros negociadores 2015-2016

Fonte: BODIVA, 2016:7

Em Janeiro de 2017, o número de negociadores da dívida pública desceu de oito para seis,
abandonando a negociação os bancos Económico e o BNI. De Fevereiro à Abril do mesmo ano,
o número de negociadores voltou a subir, ou seja, subiu de seis para sete membros, com o
retorno do Banco Económico (cf. Quadro 6).
Em suma, os resultados obtidos até agora ainda não satisfazem as razões que estiveram na base
da criação do MC. A seguir, veremos o papel da BODIVA no fomento e desenvolvimento do
mercado de capitais.

2.5.6. O papel da BODIVA no fomento e desenvolvimento do mercado de capitais

A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) enquanto Sociedade Gestora de Mercados


Regulamentados desempenha um papel basilar no processo de implementação e promoção do
mercado de valores mobiliários no nosso país.

45
Neste contexto e considerando que o acesso equitativo a informação de mercado constitui um
dos principais pilares da transparência e democraticidade no mercado de valores mobiliários,
“a BODIVA, no âmbito das suas competências, propõe-se a divulgar, numa base regular, toda
a informação relevante sobre as operações realizadas nos mercados sob sua gestão” (BODIVA,
2016:3).
Para o efeito, a BODIVA disponibiliza mensalmente um relatório dos mercados. Neste relatório
consta informações sobre a negociação e a pós-negociação.
Na secção negociação vem espelhada o montante negociado, o montante negociado (por
membro negociador), o montante negociado (por ano de vencimento), os negócios realizados,
os negócios realizados (por membro negociador), o preço médio dos negócios realizados (por
negociador), o preço médio dos negócios realizados (por maturidade). Já na secção pós-
negociação vem o montante sob custódia, a liquidação e o rating Angola.
Apesar desta informação ser de grande utilidade, a BODIVA declina-se de qualquer
responsabilidade pois considera que o relatório “não é uma recomendação de investimento, não
constitui qualquer tipo de aconselhamento, nem é uma oferta de compra ou de venda de
instrumentos financeiros” (cf. Relatórios BODIVA, último parágrafo e última página).
Para além dos relatórios mensais, a BODIVA disponibiliza igualmente o relatório anual dos
mercados, onde vem espelhado as actividades de negociação, a custódia e liquidação bem como
outros factos relevantes que ocorreram no ano em relato (cf. BODIVA, Relatório anual de
2016).
Por último, mas não menos importante, a BODIVA realiza formação de operadores de mercado,
admite novos membros e envia à CMC ofícios circulares.

2.6. A Diversificação económica angolana

Em quase todos os discursos dos políticos angolanos, a unidade multi-lexémica diversificação


económica passou a fazer morada. Para o efeito, basta ligar a Tv e assistir um telejornal, ou
comprar o jornal de Angola, e verá a ocorrência elevada desta unidade.
Mas afinal, o que é a diversificação económica?
Porquê é que os nossos dirigentes falam muito sobre o assunto?
Será que se tem dado passos sérios e seguros neste sentido?
São apenas algumas das muitas questões que nos poderíamos ter colocado quando o assunto é
diversificação da economia angolana.

46
Por enquanto, recuperemos a primeira questão, aliás é o princípio de todo um processo.
Diversificação económica, o que é?
Para um país dizer-se que tem ou está a diversificar a sua economia depende dos “índices que
existem nos manuais de economia internacional que medem a diversificação das exportações”
(Alves da Rocha in Voaportugues.com).
Embora a autora Penrose recomenda para o cuidado a termos com o termo diversificação fruto
de várias acepções que pode acarretar, ainda assim defende que uma empresa “diversifica suas
actividades sempre que, sem abandonar completamente suas antigas linhas de produtos, ela
parte para a fabricação de outros, inclusive produtos intermediários, suficientemente diversos
daqueles que ele já fabrica, e cuja produção implique em diferenças significativas nos
programas de produção e distribuição da empresa” (Penrose, 1979:9).
Para o nosso caso em particular, a diversificação da economia vai pressupor que com as receitas
da maior commodity que suporta o PIB, o petróleo, o Estado vai diversificar as fontes que
suportam o PIB, ou seja, com as receitas vindas do petróleo o Estado vai impulsionar outros
sectores como a agricultura, florestas e pescas, o sector mineiro, a indústria transformadora, o
sector da construção civil, o turismo e outros sectores que podem contribuir significativamente
para o PIB. Outrossim, com um aumento do peso em cada um destes sectores, o peso do petróleo
diminui e a estrutura da economia passa assentar em vários sectores.
Para o efeito, o Estado não tem necessariamente que descobrir a roda, mas, no entanto, procurar
analisar o que é que outros Estados têm feito e poder adaptar à nossa realidade.
Na próxima secção, abordaremos os problemas do processo de diversificação da economia
angolana.

2.6.1. Os problemas do processo de diversificação da economia angolana

Para abordarmos os problemas do processo de diversificação da economia angolana, é


imperioso a apresentação de alguns exemplos, bem sucedidos, de diversificação da economia
com os quais Angola pode aprender.
Claro está que, devemos acautelar as situações e fazermos as adaptações pontuais.
Na obra de Alves da Rocha (2016), intitulado Estudos sobre a diversificação da economia
angolana, três exemplos de diversificação económica são trazidos e que não estão muito
distantes da nossa realidade. Ou seja, temos com estes países que são tidos como exemplos,
nesta obra, alguns pontos convergentes com os quais devemos repensar a nossa política de
diversificação económica.

47
Os exemplos vêm da Coreia do Sul, da Malásia e da África do Sul.
Países como a Coreia do Sul teve a sua economia diversificada assente em: “intervenção
moderada do Estado; Grandes grupos empresariais diversificados que actuam em vários
negócios; uma oferta abundante de gestores competentes; uma oferta abundante de força de
trabalho qualificada e de baixo custo” (Francisco Paulo in Rocha, 2016:53-54).
Podemos aprender com o exemplo da Coreia do Sul, que o Estado não pode ser o faz-tudo, ou
seja, não pode continuar a intervir em tudo, deve deixar que o mercado se auto regule. O Estado
não pode continuar a competir com o privado defendendo um número reduzido de agentes
económicos. O Estado deve criar condições para que haja grupos empresariais diversificados e
fortes no mercado, mas que actuam em diversos negócios, e deve deixar de apadrinhar os
monopólios e os oligopólios – deve abrir-se ao mercado.
Por outro lado, a educação tem que ser visto como uma prioridade pois apostar na educação é
apostar no investimento. Uma aposta séria na educação, nos seus mais diversos subsistemas de
ensino é criar alicerces para que as empresas possam estar dotadas de pessoal qualificado. Com
quadros qualificados e competentes é sem sombra de dúvidas sucesso garantido, para a
satisfação de todos os intervenientes da empresa e não só, até do Estado que ganha nos seus
mais diversos sectores.
Outro exemplo vem da Malásia. As similitudes com Angola prende-se com o facto de ser
também produtor de petróleo, aliás não é um produtor qualquer, é tão-somente “o segundo
maior produtor de petróleo e gás natural no sudoeste da Ásia e segundo maior exportador de
gás natural liquefeito no mundo” (Rocha, 2016:60).
A par disso, temos a sublinhar o facto de que, a Malásia apostou seriamente na diversificação
da sua economia na década de 60 com a queda do preço da borracha no mercado internacional,
numa altura em que dependia maioritariamente da borracha e do estanho.
Para fazer face a situação que vivia na altura, a Malásia decidiu investir seriamente no sector
industrial e apostou significativamente no sector agrícola, na produção de óleo de palma,
madeiras tropicais e cacau.
O mais importante a reter da experiência da Malásia é o facto deste país não descansar à sombra
dos rendimentos provenientes dos produtos acima mencionados, desde o petróleo, gás natural,
estanho, madeira, óleo de palma, borracha e no seu sector industrial, mas sim pensar e repensar
em alocar estas receitas “de modo a promover investimento em novas actividades produtivas”
para acelerar ainda mais a diversificação económica (Rocha, 2016:60).

48
De acordo com Jomo e Roch (1998:6) apud Rocha (2016:60) “grande parte destes
investimentos tem sido canalizada para a diversificação, especialmente para a industrialização,
inicialmente com base na substituição das importações e, em seguida a promoção das
exportações”. Este investimento sério contribuiu para que o País “em 2011 se tornasse na 29.ª
(vigésima nona) maior economia do mundo, com o sector industrial responsável por cerca de
25% do PIB e 74% do total das exportações” (Idem).
Podemos aprender muito com a experiência da substituição das importações pelas exportações,
mas isto não faz-se com restrições ou proteccionismo, nem com discursos políticos, é necessário
sairmos da teoria e evoluirmos para a prática. Devemos abrir o nosso mercado a empresas que
vêm trazer competitividade, o que dará um novo impulso tanto para as nossas empresas que
também vão crescer fruto da competitividade no mercado internacional e podem contribuir
deste modo para a exportação.
Um terceiro exemplo vem da África do Sul que partilhamos a mesma região do continente, os
partidos no poder, MPLA e ANC, de Angola e África do Sul, respectivamente, gozam de boas
relações, que bem exploradas podem facilitar a troca de experiência.
A economia sul africana é um bom exemplo de diversificação económica, pois a sua estrutura
assenta em dez sectores principais e o peso relativo de cada no PIB é razoavelmente equilibrado.
Para se ter uma ideia, o sector primário tem um peso relativo de 10,6%. Constam do sector
primário a agricultura, florestas e pescas com 2,3% e o sector mineiro com 8,3%.
O sector da construção civil, indústria transformadora, electricidade, gás e água, em conjunto
pesam 17,2%.
Os serviços financeiros em conjunto com a actividade imobiliária representam 19,3% da
produção nacional, enquanto os serviços de comércio a grosso e retalho e alojamento têm um
peso de 14,3%.
Os serviços públicos gerais (fornecidos pelo governo) têm 14,9% e os serviços pessoais
particulares têm 5,3% (cf. Rocha, 2016:65).
O actual nível de diversificação da economia sul-africana só foi possível graças a construção
de infra-estruturas que facilitassem a produção, distribuição e comercialização de bens e
serviços quer a nível nacional como internacional. As estradas, os portos, aeroportos, caminhos-
de-ferro estão em constante manutenção e expansão, o que permite uma livre e eficiente
circulação de bens e serviços dentro e fora do país (Rocha, 2016:64).
Podemos aprender muito com a experiência da África do Sul. Embora alguns passos foram
dados no sentido da construção de infra-estruturas como estradas, portos e aeroportos, a verdade

49
é que questiona-se a qualidade das infra-estruturas pois em pouco tempo, muitas das estradas
construídas já se encontram inoperantes, aeroportos construídos e reabilitados continuam
inoperantes até mesmo os amigos do alheio já se apossam das lâmpadas do aeroporto. O CFL
(Caminho de ferro de Luanda) não consegue tirar funcionários ou demais interessados do
Bungo para Catete a partir das seis e meia da manhã. Olha que Catete já é Luanda de acordo
com a nova divisão administrativa da província de Luanda, mas mesmo assim a nível de Luanda
que é a capital em termos de transporte ferroviário não há uma livre e eficiente circulação de
bens e serviços.
Voltando na experiência sul-africana, importa dizer que para o financiamento do processo de
diversificação económica concorreram pelo menos quatro fontes principais, designadamente:
1. “O Estado – por meio dos bancos de desenvolvimento e outros programas que são
criados com o intuito de fornecer créditos, com taxas de juro competitivas, aos agentes
económicos que actuam em determinados sectores;
2. Os Bancos Comerciais – que concedem empréstimos para o investimento a operadores
económicos com propostas credíveis e viáveis;
3. Bolsa de valores – que possibilita às empresas cotadas a emissão de títulos (acções ou
obrigações) transaccionáveis que lhes permite obter fundos para expandirem os seus
negócios ou investirem em novos;
4. Investidores estrangeiros – que por meio do investimento directo estrangeiro realizam
investimentos por adquirirem parte de negócios locais ou por directamente abrirem
novos negócios em áreas do seu interesse em função das orientações indirectas dos
governos locais por meio de incentivos e outros mecanismos” (Rocha, 2016:70).
Estas quatro fontes de financiamento por si só não constitui novidade, pois em Angola, Estado
existe, existe de igual modo os bancos comerciais, a bolsa de valores (BODIVA) também existe,
e vários mecanismos de investimento estrangeiro já foram criados e ensaiados na nossa
realidade.

Cada uma destas fontes de financiamento daria para uma dissertação. Mas aqui, vamos procurar
sermos os mais telegráficos possíveis.

O Estado tem criado bancos de desenvolvimento, mas que os efeitos para os quais são criados,
ficam muito aquém das expectativas;

Quanto aos bancos comerciais, estes já provaram que são incapazes de financiar a economia
angolana. Talvez porque a procura por financiamento de projectos têm sido muito elevada

50
comparando com a capacidade de oferta dos bancos comercias. Infelizmente, se tem registado
em bancos comerciais onde o cidadão fez depósito de divisas, no acto de levantamento, o banco
impõe restrições. Sabendo que muitas empresas têm o exterior como fonte de aquisição de
matéria-prima para o seu normal funcionamento, estas restrições impostas pelos bancos
dificultam o investidor/ empreendedor.

Quanto a BODIVA, pensamos que deve funcionar em pleno para satisfazer as expectativas que
estiveram na base da sua criação, pois, até hoje, ainda não superou estas expectativas. Visto que
até hoje as empresas ainda não conseguem aceder a financiamento pela emissão de títulos
financeiros que podem ser adquiridos por investidores quer nacional quer estrangeiros.

No que tange ao investimento estrangeiro, pensamos que já é sem tempo para as autarquias no
sentido de os governos locais, fruto das reais necessidades locais poderem de forma indirecta
dar orientações de investimentos. Ao nível central caberá ao Executivo melhorar o ambiente de
fazer negócios no país, para que os investidores se sintam seguros sem se preocuparem com a
corrupção, tráfico de influências e o excesso de burocracia tanto para a concessão de vistos
como burocracia a nível interno que em muito dificulta a prática de qualquer actividade
económica (Rocha, 2016:73).

Em suma, deve-se aprimorar os instrumentos já existentes, e procurar sair da teoria. Pois como
reconheceu o ex-presidente da República de Angola, temos boas ideias, mas a prática fica muito
aquém das expectativas.

2.6.2. Indicadores de diversificação da economia angolana

Os indicadores de diversificação da economia assentam nos sectores que determinados Estados


exportam e que contribuem para o PIB. Não queremos com isto defender a ideia de que as
exportações são as únicas fontes que contribuem para o PIB. Aliás, se fosse assim, diríamos
que a nossa economia é diversificada, pois em 2015 registou-se uma diminuição do peso do
petróleo no PIB na ordem dos 35%. Segundo Rocha in voaportugues.com “isto por si só não
significa diversificação da economia”.

Angola tem uma estrutura económica que permanece, no essencial, inalterada ao longo de oito
anos consecutivos, conforme se pode ver no quadro baixo.

51
Quadro 4 - Estrutura do PIB não petrolífero

Fonte: Rocha, 2017: 21

O quadro acima refere-se a estrutura do PIB não petrolífero em virtude do petróleo continuar a
ser a commodity que mais contribui para o PIB, e por esta razão seria a alavanca para a
dinamização de uma verdadeira diversificação da economia.
Assim, de acordo com o quadro é possível vislumbrar a estrutura da economia nacional que se
manteve, praticamente, inalterada ao longo dos oito anos. É no entanto, uma estrutura assente
na agricultura, pecuária e florestas, pescas, diamantes e outros, indústria transformadora,
electricidade, construção, comércio, transportes, correios e telecomunicações, bancos e seguros,
Estado e serviços, serviços imobiliários e outros serviços.
Estes sectores de actividade incluindo o petróleo e gás apresentaram de 2003 a 2016, a seguinte
taxa de crescimento.
Quadro 5 - Taxa de crescimento por sectores de actividades

Fonte: Rocha (2017: 11)


52
Apesar de muito se ter dito em relação a diversificação da economia, pouco ou nada se faz no
sentido de se ter, efectivamente, uma economia diversificada. Pois, pensamos que uma
economia diversificada deve assentar em indicadores estatísticos ilustrativos da situação. Em
termos simples, com as receitas do petróleo e gás se poderia dar maior in put para os sectores
da indústria transformadora e para o sector da agricultura. Isso não acontece se olharmos para
os OGE dos anos anteriores em que se muito propalou de diversificação económica.
De acordo com o relatório económico de Angola de 2016, apresentado em 2017, pela CEIC, as
áreas estruturantes da diversificação económica não mereceram a atenção necessária.
“A agricultura e a indústria transformadora continuaram e continuam a
ter papéis marginais na estratégia de sustentabilidade do crescimento e
de consolidação do valor agregado nacional. Os investimentos públicos
em infra-estruturas económicas, apesar da enormidade dos seus valores,
não têm propiciado condições aceitáveis e estimulantes de rentabilidade
aos investimentos privados (um factor importante da sua atractividade,
mormente estrangeiros) devido à sua geral baixa qualidade, nem de
melhoria considerável das condições devida da população” Rocha,
2017:14
Tivemos oportunidade para apostar, seriamente, nestes sectores, quando deu-se o boom no
preço do petróleo no mercado internacional, mas infelizmente isso não ocorreu. Embora o
sector petrolífero tenha perdido o peso no que tange a sua contribuição no PIB “de 44% em
2002 para 38% em 2016”, mas isto não despertou-nos no sentido de colmatar esta lacuna com
o investimento sério na agricultura ou na indústria transformadora. Por esta razão, os “serviços
acabaram por aproveitar o espaço que o petróleo e gás deixaram vago, tornando-se hoje no mais
importante sector da economia nacional” (Rocha, 2017:20) .
Com a conclusão deste capítulo, pensamos que estão reunidas as condições para analisarmos
os dados obtidos e a sua competente discussão. Para o efeito, temos de trazer a tona a
metodologia utilizada para recolha e análise dos dados. Desta feita, e como estes dois elementos
(Metodologia e análise dos dados) não podem circunscrever no mesmo capítulo por orientações
metodológicas a luz do manual de instruções para a elaboração, apresentação e avaliação de
dissertações e teses (FECUAN, 2016:58), traremos a seguir o quarto capítulo, intitulado
Aspectos Metodológicos da Pesquisa.

53
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA UTILIZADA NA INVESTIGAÇÃO

Neste capítulo são apresentados os métodos de pesquisa e as razões das suas escolhas, o carácter
da investigação, os dados que serão necessário à realização da pesquisa, onde os dados serão
obtidos – aqui referimo-nos as fontes. E, finalmente, os instrumentos e procedimentos
metodológicos utilizados para a recolha de dados com vista a satisfazer os objectivos traçados
para a presente dissertação. Em seguida, será descrita em detalhes cada etapa metodológica.

3.1. Método de pesquisa e justificativa da escolha

Não podemos escolher um método de pesquisa e justificar a razão da sua escolha sem antes
apresentar o conceito de método.
Assim sendo, Marconi e Lakatos (2003) apud Galhanone (2013:176) apresentam o método de
pesquisa como sendo “um conjunto de actividades sistemáticas e racionais que permitem
alcançar o objectivo definido para a investigação, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do pesquisador”.
Na mesma senda encontramos Predanov e De Freitas (2013: 24) que apresentam o Método
como “o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação.
É a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa”. De forma simplificada, o método
científico é apresentado pelos mesmos autores como “um conjunto de procedimentos adoptados
com o propósito de atingir o conhecimento”.
Galhanone (2013:177) citando Gil (1999) refere que os métodos “têm por propósito fornecer
ao investigador a orientação e os meios técnicos necessários à realização da pesquisa, sobretudo
no que se refere à obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes ao problema sob
investigação”.
Atendendo a tudo que atrás foi exposto, utilizou-se diferentes metodologias de pesquisa para a
realização do presente Trabalho.
Baseando-se nos objectivos, utilizou-se a pesquisa descritiva porque este tipo de pesquisa
permite “descrever as características de grupos, estimar a parcela de elementos da população
que possuem certos atributos ou comportamentos e verificar as relações entre as variáveis” (Cf.
Mattar, 2005 apud Galhanone, 2013:177).
Com base nos procedimentos técnicos utilizou-se as pesquisas bibliográficas, cuja fonte é o
material já elaborado escrito em papel (livros, revistas científicas, monografias de licenciatura,
dissertações de mestrado e teses de doutoramento) incluindo as fontes on-line. Este tipo de
pesquisa ajudou-nos na organização do trabalho e serviu-nos de suporte no momento do
54
direccionar e de planificar a pesquisa, possibilitando-nos fazer uma destrinça clara do que é
importante ou não nas etapas do trabalho. Para além disso, ajudou-nos, de igual modo, na
definição dos métodos a ser utilizado e, consequentemente, nos procedimentos e instrumentos
para a investigação que estamos a levar a cabo.
Utilizou-se os métodos comparativo, pois permitiu-nos comparar as várias fontes;
Fez-se igualmente recurso ao método indutivo que consiste em raciocinar partindo de aspectos
particulares para se chegar a uma conclusão geral. De acordo com Lakatos e Marconi (2007:86)
apud Predanov e De Freitas (2013: 28) a “Indução é um processo mental por intermédio do
qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas
quais se basearam”.
Estes métodos levaram-nos a escolher instrumentos e procedimentos de recolha de dados. A
seguir veremos os instrumentos escolhidos para a realização do presente trabalho.

3.2. Instrumentos

Nesta secção os instrumentos são os programas de colecta de dados.


A fim de se compreender o papel do mercado de capitais no processo de diversificação
económica angolana utilizou-se como instrumento para a recolha de dados o inquérito por
questionário.
E, questionário, na opinião de Predanov e De Freitas (2013:108) “é uma série ordenada de
perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante (respondente)”.
Optámos pelo questionário em detrimento da entrevista por causa da disponibilidade imediata
que alguns economistas não dispunham. Verificámos ser muito mais difícil encontrar
economistas com disponibilidade para entrevista do que para preencher um questionário. Com
vista a minimizar o tempo gasto, o esforço no preenchimento e assegurar o máximo de
comodidade por parte dos economistas, elaborámos um questionário cujo preenchimento é feito
em suporte de papel e na hora, ou seja, inicialmente, a recolha era na hora, mas isso nem sempre
foi possível por causa da falta de disponibilidade por parte dos economistas. Nos casos em que
o economista mostrou-se impossibilitado em preencher e devolver na hora, disponibilizamo-
nos em recolher em data acordada com o respondente. Queremos, também, lembrar que o
questionário é simples e possui poucas questões e está disponível em apenas uma folha A4
(frente e verso).

55
O questionário foi elaborado para submeter aos economistas que têm alguma experiência no
quesito mercado de capitais e obedeceu as seguintes regras: a linguagem clara, simples e directa,
para que o respondente compreendesse com clareza o que está a ser perguntado; tivemos em
conta a objectividade, o limite em extensão e estar acompanhado de instruções que expliquem
a natureza da pesquisa e ressaltem a importância e a necessidade das respostas, a fim de motivar
o informante (Cf. Predanov e De Freitas, 2013:108).
A entrega do questionário foi antecedida de uma explicação sobre o que se pretende com este
inquérito por questionário, dizer que é no âmbito do mestrado em mercado de capitais da
Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (Vide anexo I).
A estrutura do questionário subdivide-se em duas partes.
A primeira parte é constituída por questões que nos permitem conhecer os respondentes. Para
salvaguardar interesses futuros e por formas a obter respostas mais realistas possíveis,
excluímos dos dados do respondente o seu nome para garantir o anonimato. Desta forma,
pensamos que em anonimato o respondente não se inibe em dar as respostas, o mesmo fizemos
com a identificação do local de trabalho actual. Estas questões permitem-nos aferir os dados
estatísticos como sexo, idade, tempo profissional enquanto economista, nível académico e
principais funções já desempenhadas, bem como nos permitirá traçar o perfil dos economistas
que responderam ao nosso questionário.
Numa segunda parte, denominada papel do mercado de capitais, apresentamos um conjunto de
nove (09) questões que nos permitem aferir os pontos fortes e fracos do MCA, bem como aferir
dos economistas o papel que o mercado de capitais desempenha no processo de diversificação
da economia angolana. Estas nove questões estão subdivididas em questões fechadas e semi-
abertas.
Para ilustrar o que temos vindo a dizer até agora, pode ver-se, em anexo I, a estrutura do
instrumento de recolha de dados elaborado para o efeito.
Outrossim, a caracterização das questões podem ser vistas no quadro abaixo.
Elaborámos cinco questões fechadas e quatro questões semi-abertas.
Quadro 6 - Classificação das questões

Questões Semi-aberta Fechada


Número 2, 4, 6, 8 1, 3, 5, 7, 9
Total 4 5
Fonte: Elaboração própria

56
Este quadro permite-nos identificar no anexo I, as questões semi-abertas, e fechadas. Entende-
se por questão fechada toda questão em que as modalidades de resposta são impostas, ou seja,
é apresentado ao respondente as únicas possíveis respostas.
Já, nas questões semi-abertas encontramos um misto dos dois tipos de questões (aberta e
fechada), conforme pode-se ver na questão número um (2) do questionário.
Embora se reconheça que as questões fechadas são as mais cómodas do ponto de vista da análise
de resultados (Cf. Ferreira e Campos: online), um questionário com apenas um tipo de questão
pode ser fastidioso para o respondente. Foi nesta perspectiva que elaboramos um questionário
com dois tipos de perguntas, sendo que nas questões semi-abertas o respondente terá a
oportunidade de apresentar o seu ponto de vista sem limitações da nossa parte.

3.3. Procedimentos de recolha de dados

O presente trabalho refere-se a um estudo de caso, onde recorremos a uma abordagem


qualitativa (cf. FECUAN, 2016:20) para conseguirmos uma compreensão mais clara e completa
do problema que nos propusemos a abordar.
Numa primeira etapa, recolhemos a bibliografia que se prende com o Mercado de Capitais, os
vários relatórios tanto da BODIVA como da CMC, bem como vários diplomas legais (todos
descritos na bibliografia do presente estudo) com o intuito de obter uma visão global do
funcionamento do MCA.
A segunda etapa englobou a realização de um inquérito por questionário a ser preenchido por
economistas. Este questionário serviu para aferirmos a opinião destes acerca do papel que o
MCA desempenha no processo de diversificação da economia angolana.
A participação dos economistas (respondentes) dependeu sempre da sua livre declaração de
colaboração, sendo-lhes garantidos a confidencialidade e o anonimato como já tivemos a
oportunidade de anunciar na secção anterior. Estes requisitos, que achamos serem importantes
para a livre colaboração dos respondentes, foram apresentados à estes de forma oral no qual
também tivemos a oportunidade de informar acerca da possibilidade de acesso aos resultados,
que virão espelhados nesta dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Mercado de
Capitais, a apresentar na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto.
Em termos de recolha, a taxa de recolha na hora é de 100% (cem por centos), mas registamos
a ocorrência da não devolução de certos questionários que ficou acordado por recolher, ou
porque o respondente não se fez presente no dia e local acordado ou porque esqueceu o
questionário em casa.

57
Concluímos que, a recolha na hora é a mais exequível e que apresenta melhores garantias, dando
a possibilidade aos respondentes de questionarem sempre que alguma dúvida vier a existir.
Dito isto, damos por concluído os aspectos metodológicos da pesquisa e por conseguinte,
estamos em condições de efectuar o quinto e último capítulo que é análise e discussão dos
resultados.

3.4. Universo e amostra da pesquisa.

Depois de analisar o universo da população de 100 economistas, decidiu-se aplicar o inquérito


a 39 participantes que têm vasta experiência, pois já exerceram várias funções dentre as quais
destacam-se:
“Técnicos de estudos e análises; técnico de supervisão de organismos de investimentos
colectivos; consultor bancário; técnico de negociação; Desenvolvimento de novos produtos;
análise de demonstrações financeiras; pesquisa e desenvolvimento de mercado; docência;
responsável pelo departamento de planeamento e controlo; Técnico sénior da direcção
financeira do Banco Caixa Geral Angola, especificamente na sala de mercado; secretário
executivo; director provincial; assessor económico e analista de projectos de investimentos”.
Este manancial de experiência vai permitir que os participantes respondam com clareza e
objectividade as questões que lhes são propostas.

3.5. Análises de relação entre variáveis

Para as análises estatísticas utilizou-se o software Statgraphics. Este pacote estatístico permite
as análises que se realizam para determinar as relações entre variáveis; tem como objectivos
específicos:
 Projectar o valor de uma variável, dado o valor determinado de outra.
 Determinar se uma variável é capaz de explicar o comportamento da outra.
Para o desenvolvimento de análises estatísticas realizou-se através de análises de regressão
entre as variáveis, onde se consideraram para este estudo as principais variáveis que intervieram
no diagnóstico do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana e que foram
incluídas no inquérito; baseado nesta lógica tivemos em conta as seguintes variáveis:
 Impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
 O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento
eficiente?
 O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação?

58
 O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
Estas análises têm como objectivo, a partir da aplicação de técnicas estatísticas:
 Estabelecer a relação estatística entre as variáveis antes mencionadas.
 Determinar os intervalos de comportamento de cada variável.
Para o cumprimento destes objectivos foram utilizadas as técnicas, Análises de Séries de
Tempo e Análises de Regressão entre Variáveis, de acordo ao objecto de estudo prático.
As análises do Coeficiente de Correlação (R), que indica que tipo de relação existe entre duas
variáveis, assim como a magnitude mencionada da correlação com duas coeficientes
importantes, a teremos em conta o objectivo da sua utilização:
 Coeficiente de Correlação.
2
 Coeficiente R o Coeficiente de determinação.
O Coeficiente de Correlação é uma medida da associação entre variáveis que pode tomar
valores entre -1 y +1 (J. Pupo et al., 2004). A interpretação de seu resultado é a seguinte:
 Se estiver próximo a 1 ou -1 a correlação é forte (por cima de ±0.8).
 Se está próximo a 0, a correlação é fraca.
 Se é maior que 0 a correlação é direita, a relação é linear positiva.
 Se é menor que 0 a correlação é inversa, a relação é linear negativa.
 Se for igual a 0 a correlação é nula.
2
Se este coeficiente eleva-se ao quadrado, se obtém o coeficiente de determinação R , que indica
que a percentagem da variabilidade na variável dependente, explica-se pela variável
independente; este coeficiente expressa de forma percentual, como a variável independente
definida é capaz de explicar o comportamento da variável dependente, o qual pode-se mover
2
no intervalo de 90 a 99.99%. Para obter resultados mais confiáveis, R pode mover-se em um
intervalo de 0 a 1 e a medida que chega a 1, o ajuste alcançado é melhor, pois diminuem os
erros de estimação, podendo-se concluir que este coeficiente oferece uma medida da bondade
2
do ajuste feito (J. Pupo et al., 2004). Quando o valor de R aloja-se no 100%, pode-se
categorizar que:
 Não existe relação entre as variáveis.
 O modelo selecionado para fazer o ajuste não é o adequado
 Existem outras variáveis que modificam e explicam a variabilidade9

9
A introdução de mais variáveis com técnicas de análises multivariadas, permitirá identificar a importância que outras variáveis podem ter
sobre a variável dependente.
59
3.6. Análises multivariadas

Este procedimento está desenhado para resumir várias colunas de dados quantitativos.
Calcularam-se vários dados estatísticos, incluindo correlações, covariâncias e correlações
parciais. No procedimento, também estão incluídos uma série de gráficos multivariados, que
proporcionam vistas interessantes dos dados. Depois deste procedimento, para futuras
pesquisas podem ser seleccionados outros objectivos para construir um modelo estatístico dos
dados abaixo apresentados. Dependendo dos objectivos do investigador, um de vários
procedimentos poderia ser apropriado.

60
CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, apresentaremos o resultado dos questionários entregues aos participantes do


presente estudo que temos vindo a abordar. A par disso, procuramos analisar os pensamentos,
sentimentos e ideias dos economistas que se interessam por questões de mercados de capitais,
para saber deles o papel que a CMC tem desempenhado no processo de diversificação da
economia angolana. A seguir passamos a apresentar os resultados do questionário.

4.1. Caracterização da amostra.

Como foi referido na metodologia apresentada na parte introdutória, a população escolhida para
o estudo foi os economistas, composta por um total de 39 participantes, que aceitaram responder
ao nosso questionário já desempenharam as mais distintas funções, têm uma média etária que
os permite falar com alguma propriedade o tema que temos vindo a abordar. A amostra foi
estratificada tendo em conta o género, faixa etária, habilitações literárias, tempo de serviço.

4.1.1. Distribuição dos participantes por género

Tabela 2 - Distribuição dos participantes por género

Género Frequência Percentagem


Masculino 36 92,3%
Feminino 3 7,7%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

92,30%

100,00%
80,00%
60,00%
40,00% 7,70%

20,00%
0,00%
Masculino Feminino

Gráfico 6 - Distribuição dos participantes por género


Fonte: Questionário
Quanto ao género, houve uma maior participação de economistas do sexo masculino do que a
do sexo oposto. Para se ter uma ideia, responderam ao nosso questionário 92,3% de senhores e

61
apenas 7,7% de senhoras. Ou seja, dos 39 participantes que responderam ao nosso questionário
36 são do sexo masculino e apenas 3 do sexo oposto conforme pode ver-se na tabela abaixo.

4.1.2. Distribuição dos participantes por faixa etária

Tabela 3 - Distribuição dos participantes por faixa etária

Faixa etária Frequência Percentagem


25 – 30 12 31%
31 – 35 12 31%
36 – 40 0 0%
41 – 45 0 0%
46 – 50 0 0%
51- 55 15 38 %
Total 39 100%
Fonte: Questionário
É possível ainda verificar na tabela acima, que a maior parte dos participantes ao questionário
encontram-se na faixa-etária entre 51–55 anos de idade.

38%
40% 31%
31%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5% 0% 0% 0%

0%
25 – 30 31 – 35 36 – 40 41 – 45 46 – 50 51- 55

Gráfico 7 - Distribuição dos participantes por faixa etária


Fonte: Questionário
Quanto a idade dos respondentes ao questionário, esta varia entre os 25 aos 55 anos de idade,
perfazendo uma média de trinta e nove anos e meio (39,5) de idade. Sendo que a maior parte
da população angolana é jovem, pensamos ser uma excelente média de idade para ter
experiência nesta matéria. Para termos uma ideia real dos participantes, em termos de idade,
apresentamos abaixo a tabela com a distribuição dos mesmos.

62
4.1.3. Distribuição dos respondentes por habilitações literárias /Académicas

Tabela 4 - Distribuição dos participantes por habilitações académicas

Habilitações Frequência Percentagem


Bacharel 3 8%
Licenciado 21 54%
Mestre 15 38%
Doutor 0 0%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

54%
60%
50% 38%
40%
30%
20% 8%
10% 0%

0%
Bacharel Licenciado Mestre Doutor

Gráfico 8 - Distribuição dos participantes por habilitações académicas


Fonte: Questionário
Os participantes apresentam desde o bacharelato ao grau de mestre como habilitações
académicas. Registamos a presença de 3 bacharel, 21 licenciados e 15 mestres.
O gráfico acima ilustra que a maior parte dos participantes são licenciados e não se regista
qualquer participante com o grau de doutor.

4.1.4. Distribuição dos respondentes por tempo de serviço

Tabela 5 - Distribuição dos participantes por tempo de serviço

Tempo de serviço Frequência Percentagem

1 – 5 anos 12 31%
6 – 10 anos 15 38%
> 11 anos 12 31%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

63
38%
40% 31% 31%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
1 – 5 anos 6 – 10 anos > 11 anos

Gráfico 9 - Distribuição dos participantes por tempo de serviço


Fonte: Questionário
Quanto ao tempo de serviço dos respondentes ao nosso questionário constam participantes de
um (1) à vinte e sete (27) anos de serviço, designadamente: três participantes com um ano de
serviço, seis com três anos de serviço, três com quatro anos de serviço, três com sete anos de
serviço, seis com oito anos de serviço, seis com dez anos de serviço, três com vinte e um anos
de serviço, seis com vinte e cinco anos e, finalmente, três com vinte e sete anos de serviço.
Estes dados podem ser ilustrados no gráfico acima.

4.2. Análise e interpretação dos resultados

Nesta secção iremos nos debruçar sobre as respostas dadas pelos participantes ao questionário,
com o intuito de atingir os objectivos que nos propusemos alcançar com a presente dissertação.
Assim sendo, para a questão relativa “como avalia o impacto do mercado de capitais angolano
no actual processo de diversificação angolana”. A maior parte dos participantes acham que a
CMC tem um impacto positivo na diversificação da economia angolana. Este ponto de vista
não é unânime entre os participantes, pois uma parte considera que tem um impacto nulo,
enquanto uma minoria considera ter um impacto negativo. Para melhor ilustrar em termos
percentuais, confira a tabela abaixo.
Tabela 6 - O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
Avaliação Frequência Percentagem
Positivo 24 61%
Negativo 3 8%
Nulo 12 31%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

64
61%
70%
60%
50% 31%
40%
30%
8%
20%
10%
0%
Positivo Negativo Nulo

Gráfico 10 - O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana


Fonte: Questionário
No gráfico o nulo está para nenhum impacto, enquanto positivo está resultados favoráveis e
visíveis, já negativo está para um impacto oposto ao esperado.
Quando questionados se o mercado de capitais angolano desempenha um papel fundamental no
processo de diversificação da economia angolana sem o funcionamento em pleno do Mercado
accionário. A maior parte dos participantes respondeu que Não. Em termos percentuais os
números se apresentam da seguinte forma, conforme ilustra a tabela a seguir.
Tabela 7 - O MCA desempenha um papel fundamental no processo de diversificação da
economia sem o funcionamento em pleno do mercado accionário
Resposta Frequência Percentagem
Sim 15 39%
Não 24 61%
Sem Resposta 0 0%
Total 39 100%

Fonte: Questionário

61%
70%
60%
39%
50%
40%
30%
20% 0%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 11 - O MCA desempenha um papel fundamental no processo de diversificação da


economia sem o funcionamento em pleno do mercado accionário
Fonte: Questionário
65
No gráfico acima é fácil verificar que a maior parte dos participantes consideram que sem o
pleno funcionamento do mercado accionário, o MCA não desempenha um papel fundamental
no processo de diversificação da economia.
Quando solicitados a justificar, as respostas foram as seguintes:
Sem o pleno funcionamento do mercado accionário, o MCA não desempenha um papel
fundamental no processo de diversificação da economia porque:
“é ao mercado accionário que compete negociar os títulos representativos de empresas via
mercado”;
“temos uma economia com características de pós guerra que precisa de tempo para consolidar”;
“o MCA ainda luta para se por em pé; ainda está em fase de estabilização e afirmação”;
“verifica-se ainda falta de organização e transparência”;
Em sentido contrário estão os que argumentam que sem o pleno funcionamento do mercado
accionário, o MCA desempenha um papel fundamental no processo de diversificação da
economia. Estas posições assentam em:
“o processo de diversificação económica exige financiamento. Numa fase como a que a nossa
economia atravessa, a negociação de instrumentos de dívida tem sido uma das alternativas para
o sustento da diversificação”;
“No MCA são transaccionados outros produtos. Por outro lado, com o MC o governo tem a
oportunidade de reduzir as taxas dos títulos do tesouro e com isso permitir o surgimento de
outros mercados;
“Não obstante a ausência do mercado accionista, o mercado obrigacionista também serve para
fomentar o mercado e consequentemente a produção diversificada da economia”.
Estas foram as respostas de razão de ambos os posicionamentos.
Questionados se acham que o MCA encontra-se revestido de condições necessárias um
funcionamento eficiente. A maior parte dos participantes responderam que não. Confira a tabela
ilustrativa em termos percentuais das respostas obtidas para esta pergunta.
Tabela 8 - O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento
eficiente?
Resposta Frequência Percentagem
Sim 9 23%
Não 27 69%
Sem Resposta 3 8%
Total 39 100%

Fonte: Questionário
66
69%

70%
60%
50%
40% 23%
30% 8%
20%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 12 - O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento


eficiente?
Fonte: Questionário
No gráfico acima ilustra que a maior parte dos respondentes não têm dúvidas de que o MCA
não reúne as condições necessárias para que tenha um funcionamento eficiente.
Quando questionados se acha que o MCA tem actuado tendo em conta os princípios que
estiveram na base da sua criação. As respostas foram as seguintes conforme ilustra a tabela.
Tabela 9 - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação?
Resposta Frequência Percentagem
Sim 18 46%
Não 18 46%
Sem Resposta 3 8%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

46% 46%
50%

40%

30%

20% 8%

10%

0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 13 - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação?
Fonte: Questionário

67
O gráfico acima demonstra que as pessoas estão divididas quanto a questão levantada. O mesmo
posicionamento ocorreu quando foram chamados a justificar o porquê do sim ou do não.
Para os que acham que o MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente, apresentam as seguintes razões:
“Sim, tem velado para a modernização e credibilização do sector financeiro angolano, atracção
do investimento estrangeiro”;
“Sim, quando foi instituído o núcleo do MC e a bolsa de valores, o grande objectivo era
impulsionar o desenvolvimento do sistema financeiro. E é isto que está a ser feito neste
momento, de forma gradual”;
“Sim, dentro dos seus objectivos, os agentes do mercado têm envidado esforço para o
alinhamento das suas metas, sendo hoje já como a realidade do mercado de capitais”;
“Sim, porque actua com base num plano pré-elaborado e com a maior transparência”.
Essas opiniões não são consensuais, porque se por um lado há os que acham que o MCA está a
funcionar dentro dos marcos preconizados, há quem defenda o contrário. E os que defendem o
contrário apresentam as seguintes razões:
O MCA não se encontra revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente,
porque “revelou falhas, situando-se fora das metas preconizadas”;
“Não, devido o funcionamento da nossa economia”;
“Não, porque o feito ainda não ocorreu”
Tabela 10 - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro?
Resposta Frequência Percentagem
Sim 12 31%
Não 24 61%
Sem resposta 3 8%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

80% 61%

60%
31%
40%
8%
20%

0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 14 - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro?


Fonte: Questionário
68
Quando questionados se o MCA está preparado para receber capital estrangeiro. A maior parte
dos participantes ao questionário disseram não ter qualquer dúvidas, enquanto que uma minoria
disse que sim, o MCA está preparado para receber capital estrangeiro. Os dados sobre esta
reflexão podem ser vistos de forma sintetizada no gráfico acima.
Tabela 11 - Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu desempenho?

Resposta Frequência Percentagem


Bom 9 23%
Mau 27 69%
Sem resposta 3 8%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

69%

70%
60%
50%
40% 23%
30%
8%
20%
10%
0%
Bom Mau Sem resposta

Gráfico 15 - Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu


desempenho?
Fonte: Questionário
Uma questão directamente relacionada com a que acabamos de analisar é “Sem a existência de
capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu desempenho?” Para esta pergunta, a maior
parte considerou que a ausência de capital estrangeiro na Bodiva resulta no seu mau
desempenho. O gráfico acima confirma isso que acabamos de dizer.
Quando chamados a justificarem os seus posicionamentos, as justificações foram consoante as
respostas dada anteriormente, ou seja, os defensores de que sem a existência de capital
estrangeiro a Bodiva tem um mau desempenho, defenderam este posicionamento; os de
posicionamento contrário também defenderam o seu posicionamento.
Confira os argumentos de razão para os defensores do bom desempenho mesmo quando é
inexistente o capital estrangeiro na Bodiva.

69
“É bom porque o pleno funcionamento não depende da aplicação de fundos estrangeiros, mas
sim de aderência as poupanças nacionais das famílias e de boas práticas que geram confiança
no mercado”;
“É bom, porque independentemente do capital nacional ou estrangeiro a operar na Bodiva, esta
procurará operar com desempenho favorável”.
Já a corrente que defende que a inexistência de capitais estrangeiro na Bodiva é mau, sublinham
os seguintes factores:
a) “Porque estará constituído somente de investidores internos e haverá menor robustez a
nível de reserva de divisas”;
b) “porque com a globalização, as empresas estão a se internacionalizarem com estratégias,
logo o capital estrangeiro procuram novos mercados”;
c) “porque tendo em conta o princípio da interdependência actualmente quase todas as
bolsas contam com capital estrangeiro e para o êxito da Bodiva este factor conta”;
d) “porque internamente a poupança é insuficiente para suprir as necessidades de
investimento. Por outro lado, em Angola a cultura de investimento ao longo prazo é
baixa”;
e) “porque quebra a concorrência e a curva de aprendizagem”;
f) “porque o seu desempenho poderá ficar aquém do desejado ou esperado”;
g) “porque existe insuficiência de capital nacional, há falta de transparência dos agentes e
empresários angolanos”.
Com base em tudo quanto acima foi exposto, importa sublinhar que, se se pretende rentabilizar
a Bodiva (alcançar os objectivos pelos quais foi criado) é necessário que se abra ao investimento
estrangeiro, para suprir as necessidades de investimento pois, ainda não temos a cultura de
poupança e quando poupamos não canalizamos no circuito normal da economia.
Tabela 12 - A Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano
Resposta Frequência Percentagem
Sim 21 54%
Não 18 46%
Sem resposta 0 0%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

70
54%
60% 46%

50%

40%

30%

20%
0%
10%

0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 16 - A Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do


mercado de capitais angolano
Fonte: Questionário
Quando questionados se a acha que a Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do
desenvolvimento do mercado de capitais angolano. As respostas foram divididas, conforme vê-
se no gráfico acima.
Tabela 13 - O MCA tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de
financiamento da economia?
Resposta Frequência Percentagem
Sim 15 48%
Não 21 54%
Sem resposta 3 8%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

54%
60% 48%

50%

40%

30%

20% 8%

10%

0%
Sim Não Sem Resposta

Gráfico 17 - O MCA tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de


financiamento da economia?
Fonte: Questionário

71
Quando questionados se a acha que “o MCA tem coberto as insuficiências do Mercado
monetário no processo de financiamento da economia?”
As respostas foram divididas, conforme vê-se no gráfico acima.
Conforme o gráfico, uma maioria relativa (54%) considera que o MC não tem coberto as
insuficiências do mercado monetário no processo de financiamento da economia. Enquanto que
48% acham que sim, o MC tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de
financiamento da economia. Mas quando são chamados a justificar, nem sempre o fizeram.
Para os defensores do Sim, a quem justificou que “o MC tem aparecido como uma alternativa
face ao mercado monetário, para a nossa realidade tem facilitado muitas empresas”; Outro,
“sim, mas não com a pretensão pretendida”; Outro ainda trouxe a colação dos bancos “ uma
vez que os bancos comerciais têm estado limitado na cedência de créditos, o MC surge como
alternativa”; Dos 48% que disseram sim, 16% não justificou.
Para os defensores do não, os que consideram que “o MC não tem coberto as insuficiências do
mercado monetário no processo de financiamento da economia”, as justificações são as
seguintes: “ainda é baixa a cobertura das insuficiências do mercado monetário por via do
mercado de capitais, pois ainda não se chegou ao ponto óptimo de captação das poupanças”; “a
regulação, a supervisão e fiscalização do mercado e dos seus agentes não se fazem sentir ainda”;
“são mercados distintos e com natureza de financiamentos diferentes, cada um atende uma
necessidade de financiamento específica”; “não se focalizou neste processo de financiamento
da economia angolana”; “porque o processo de captalização de fundos dos agentes económicos
não é suficiente no processo de captalização de fundos”; Dos 54% que disseram não, 16% não
justificou.
Quando questionados “qual destes papéis o MCA desempenha actualmente?” as respostas
foram as seguintes (confira a tabela):

Tabela 14 - Qual destes papéis o MCA desempenha actualmente?

Papéis que o MCA desempenha actualmente Frequência Percentagem


Promover a formação de capital 0 0%
Ligar a poupança e investimento 24 61%
Aumentar a eficiência do capital disponível 3 8%
Outro 12 31%
Total 39 100%
Fonte: Questionário

72
61%
70%
60%
50% 31%
40%
30%
8%
20% 0%
10%
0%
Promover a Ligar a poupança Aumentar a Outro
formação de e investimento eficiência do
capital capital disponível

Gráfico 18 - Qual destes papéis o MCA desempenha actualmente?


Fonte: Questionário
A partir do gráfico acima, podemos constatar que a maior parte dos participantes ao nosso
questionário, sessenta e um porcentos, (61%), considera que o MCA actualmente desempenha
o papel de ligar a poupança e investimento.
Trinta e um porcentos (31%) têm outro como resposta, ou seja, nesta opção registamos uma
ocorrência de “promover a formação de receitas para a cobertura do défice”; “fomentar a
abertura do capital das empresas; fomentar o hábito de divulgação das demonstrações
financeiras; fomentar a transparência no mercado”; duas ocorrências das três primeiras opções
que são apresentadas na tabela; uma ocorrência que acha que nenhuma das opções da tabela
traduz aquilo que de facto o MCA desempenha actualmente.
Destes números (dos participantes ao questionário) apenas 8% considera que o MCA
actualmente desempenha o papel de aumentar a eficiência do capital disponível.

4.3. Analises dos resultados estatísticos

Este passo se realiza para determinar e avaliar quais são as variáveis analisadas na investigação
que tem uma correlação significativa estatisticamente. Para elo se realizam análises de
regressão, análises multivariado e comparação de várias mostras utilizando o paquete estatístico
Statgraphics.

Análises das variáveis O impacto do MCA no actual processo de diversificação da


economia angolana Vs O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram
na base da sua criação

A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana e O MCA tem
73
actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação. A equação do
modelo ajustado é:

O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana = 11,7 +


0,1* O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação

Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O impacto do MCA no actual processo de diversificação da
economia angolana e O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base
da sua criação com um nível de confiança do 95,0%.

O estatístico R-Quadrada indica que o modelo ajustado explica 0,675676% da variabilidade em


O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana. O coeficiente
de correlação é igual a 0,0821995, indicando uma relação relativamente fraca entre as variáveis.
O erro estândar do estimado indica que a deviação estândar dos resíduos é 14,8492. Este valor
pode-se usar para construir limites de projeção para novas observações, selecionando a opção
de Pronósticos do menu de texto.

O erro absoluto medio (MAE) de 7,0 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de Durbin-
Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação significativa
basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é maior que
0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível de confiança
do 95,0%.

Análises das variáveis O MCA está preparado para receber capital estrangeiro Vs O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O MCA
está preparado para receber capital estrangeiro e O impacto do MCA no actual processo de
diversificação da economia angolana . A equação do modelo ajustado é:

O MCA está preparado para receber capital estrangeiro = 19,5 - 0,5*O impacto do MCA
no actual processo de diversificação da economia angolana

Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA está preparado para receber capital estrangeiro e O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana com um nível de
confiança do 95,0%.

74
O estatístico R-Quadrada indica que o modelo ajustado explica 25% da variabilidade em O
MCA está preparado para receber capital estrangeiro. O coeficiente de correlação é igual a
-0,5, indicando uma relação moderadamente forte entre as variáveis. O erro estândar do
estimado indica que a deviação estândar dos resíduos é 12,9035. Este valor pode-se usar para
construir limites de projeção para novas observações, selecionando a opção de Pronósticos do
menu de texto.

O erro absoluto medio (MAE) de 7,0 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de Durbin-
Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação significativa
basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é maior que
0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível de confiança
do 95,0%.

Análises das variáveis O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram
na base da sua criação Vs O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O MCA
tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação e O MCA
encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente. A equação do
modelo ajustado é:

O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação
= 6,75 + 0,480769* O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente

Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que
estiveram na base da sua criação e O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente com um nível de confiança do 95,0%.

O estatístico R-Quadrada indica que o modelo ajustado explica 48,0769% da variabilidade em


O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação. O
coeficiente de correlação é igual a 0,693375, indicando uma relação moderadamente forte
entre as variáveis. O erro estândar do estimado indica que a deviação estândar dos resíduos é
8,82523. Este valor pode-se usar para construir limites de projeção para novas observações,
selecionando a opção de Pronósticos do menu de texto.

75
O erro absoluto medio (MAE) de 4,61538 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de
Durbin-Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação
significativa basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é
maior que 0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível
de confiança do 95,0%.

Análises das variáveis O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um


funcionamento eficiente Vs O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O MCA
encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente e O MCA está
preparado para receber capital estrangeiro. A equação do modelo ajustado é:

O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente


= -2,10811 + 1,16216* O MCA está preparado para receber capital estrangeiro

Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente e O MCA está preparado para receber capital estrangeiro com um
nível de confiança do 95,0%.

O estatístico R-Quadrada indica que o modelo ajustado explica 96,1019% da variabilidade em


O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente. O
coeficiente de correlação é igual a 0,980316, indicando uma relação relativamente forte
entre as variáveis. O erro estândar do estimado indica que a deviação estândar dos resíduos é
3,48743. Este valor pode-se usar para construir limites de projeção para novas observações,
selecionando a opção de Pronósticos do menu de texto.

O erro absoluto medio (MAE) de 1,89189 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de
Durbin-Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação
significativa basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é
maior que 0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível
de confiança do 95,0%.

4.3.1. Análises multivariadas.

O quadro a seguir mostra o resumo estatístico para cada uma das variáveis selecionadas. Inclui
medidas de tendência central, de variabilidade, e de forma. De particular interesse aqui é o sesgo
estandardizado e a curtosis estandardizada, as quais podem usasse para determinar sim a mostra
76
provem de uma distribuição normal. Valores de estos estadísticos fora do rango de -2 a +2
indicam deviações significativas da normalidade, as quais tenderiam a invalidar muitos dos
procedimentos estatísticos que se aplicam habitualmente a estos dados.
Tabela 15 - Resultados estatísticos do análises multivariado.
O MCA encontra-
O impacto do O MCA tem
se revestido de
MCA no actual actuado tendo em O MCA está
condições
processo de conta os princípios preparado para
necessárias para
diversificação da que estiveram na receber capital
um
economia base da sua estrangeiro
funcionamento
angolana criação
eficiente
Reconto 3 3 3 3
Promedio 13,0 13,0 13,0 13,0
Deviação Estândar 12,49 10,5357 8,66025 10,5357
Coeficiente de Variação 96,0769% 81,0435% 66,6173% 81,0435%
Mínimo 3,0 3,0 3,0 3,0
Máximo 27,0 24,0 18,0 24,0
Rango 24,0 21,0 15,0 21,0
Sesgo Estandardizado 0,914531 0,299299 -1,22474 0,299299
Curtosis Estandardizada

Fonte: El StatAdvisor

4.3.2. Correlações.

A seguinte tabela mostra as correlações momento produto de Pearson, entre cada par de
variáveis. O rango de estos coeficientes de correlação vai de -1 a +1, e medem a força da relação
lineal entre as variáveis. Também se mostra, entre parêntesis, o número de pares de dados
utilizados para calcular cada coeficiente. O terceiro número em cada bloque da tabela é um
valor-P que proba a significância estatística das correlações estimadas. Valores-P abaixo de
0,05 indicam correlações significativamente diferentes de cero, com um nível de confiança do
95,0%.

77
Tabela 16 - Resultados das Correlações.
O MCA encontra-
O impacto do O MCA tem
se revestido de
MCA no actual actuado tendo em O MCA está
condições
processo de conta os princípios preparado para
necessárias para
diversificação da que estiveram na receber capital
um
economia base da sua estrangeiro
funcionamento
angolana criação
eficiente
O MCA encontra-se revestido
de condições necessárias para -0,6611 0,6934 0,9803
um funcionamento eficiente
(3) (3) (3)
0,5401 0,5122 0,1265
O impacto do MCA no actual
processo de diversificação da -0,6611 0,0822 -0,5000
economia angolana
(3) (3) (3)
0,5401 0,9476 0,6667
O MCA tem actuado tendo
em conta os princípios que
0,6934 0,0822 0,8220
estiveram na base da sua
criação
(3) (3) (3)
0,5122 0,9476 0,3857
O MCA está preparado para
0,9803 -0,5000 0,8220
receber capital estrangeiro
(3) (3) (3)
0,1265 0,6667 0,3857

Fonte: El StatAdvisor

78
CONCLUSÕES

Com base na informação obtida pela presente dissertação, quer por meio da revisão
bibliográfica quer por meio dos questionários entregues aos economistas que se predispuseram
em responder, permitiu-nos chegar as seguintes conclusões:
1. Para um país como o nosso, com dependência excessiva no petróleo, a toda a necessidade
de se diversificar a economia, para que tenhamos bons níveis de poupança, de
investimento e de crescimento económico. Pois, pensamos que altos níveis de poupança,
de investimento e de crescimento económico vão contribuir para o desenvolvimento do
país, diminuindo os níveis de pobreza extrema que ainda graça pelo nosso país, assim
como as desigualdades sociais e as assimetrias regionais. Não se pode, aqui, descurar do
papel do sistema financeiro para a materialização de objectivos tão premente da
diversificação económica;
2. O sistema financeiro abrange três áreas distintas: a banca, os seguros e os valores
mobiliários, distinguindo-se pelo objecto de regulação e pelo risco do aforrador típico.
Na prática, regista-se uma aproximação cada vez maior dos três subsectores do sistema
financeiro e esta aproximação evidencia-se através da unificação de conceitos e
princípios jurídicos relativos ao funcionamento e objecto da supervisão, e também na
atribuição de certas competências. Tanto o Banco Nacional de Angola, a Comissão de
Mercado de Capitais como a Agência Angolana de Regulação e Seguros de Angola têm
como atribuições a regulação, a supervisão, a fiscalização e a promoção do mercado
financeiro e das actividades de todos os operadores que, directa ou indirectamente, ali
intervenham, com o intuito de proteger os investidores, assim como assegurar a
eficiência, o funcionamento regular e a transparência do mercado de capitais e evitar o
risco sistémico. Complementarmente, têm ainda o dever de assessorar o Executivo e o
Ministro das Finanças em todas as matérias relacionadas com os mercados financeiros;
3. O mercado de capitais é fundamental para o crescimento económico de um país, pois
sem ele muitos projectos não conseguiriam sair do papel por falta de capital e
financiamento. Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente
conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num ambiente sem a injecção de
capital de investidores. Vale também recordar, que com o mercado de capitais o
empresariado desenvolve-se e as empresas de diferentes portes vêem as suas
possibilidades de captação de recursos ampliadas. Para que tudo isto se vê materializado,
é necessário que o mercado de capitais funcione de facto, para tal tem de enfrentar e
79
resolver alguns desafios que são estratégicos. O MC não tem sido suficientemente
atraente aos olhos das empresas. A diversificação da economia vai pressupor que com as
receitas da maior commodity que suporta o PIB, o petróleo, o Estado vai diversificar as
fontes que suportam o PIB, ou seja, com as receitas vindas do petróleo o Estado vai
impulsionar outros sectores como a agricultura, florestas e pescas, o sector mineiro, a
indústria transformadora, o sector da construção civil, o turismo e outros sectores que
podem contribuir significativamente para o PIB. Outrossim, com um aumento do peso
em cada um destes sectores, o peso do petróleo diminui e a estrutura da economia passa
assentar em vários sectores;
4. Sem o pleno funcionamento do mercado accionário, o MCA não desempenha um papel
fundamental no processo de diversificação da economia.
5. As variáveis analisadas na investigação que estão relacionadas com O papel do mercado
de capitais no processo de diversificação da economia angolana foram: Impacto do MCA
no actual processo de diversificação da economia angolana - O MCA encontra-se
revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente - O MCA tem
actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação -O MCA está
preparado para receber capital estrangeiro
6. A análise estatística demostra que não existe uma relação estatisticamente significativa
entre as variáveis antes mencionadas, o que significa que o MC não tem sido
suficientemente atraente para as empresas, o mercado acionário não esta funcionando
em pleno isto traz como conseqüência que lhe processo de diversificação da economia
seja lenta

80
SUGESTÕES

Com base em tudo quanto foi aflorado no presente trabalho, somos a sugerir o seguinte:
1. Que a BODIVA, a CMC, a CEVAMA, o fundo de investimentos, os accionistas
minoritários e vários departamentos ministeriais de forma isolada ou conjunta devem
tomar uma série de medidas capazes de contribuir para o sucesso do MC, sucesso este
que passa pela atracção das empresas, pois este constitui um dos grandes desafios do
MC;
2. Que se analise seriamente o que é que outros Estados têm feito no que a diversificação
económica diz respeito e poder adaptar à nossa realidade;
3. Que a BODIVA se abra ao investimento estrangeiro, para suprir as necessidades de
investimento pois, ainda não temos a cultura de poupança e quando poupamos não
canalizamos no circuito normal da economia;

81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAVV (2012). Dicionário Integral da Língua Portuguesa Prestígio. 3.ª ed., Luanda: Texto
editores.
ABREU, Margarida et al (2012). Economia monetária e financeira. 2ª ed., Lisboa: Escolar
editora.
BNA (2011). Avaliação de desempenho do sistema financeiro angolano no segundo trimestre
de 2011.
BODIVA (2016). Relatório anual dos mercados BODIVA.
BODIVA (2017). Relatório mensal, Abril.
BODIVA (2017). Relatório mensal, Fevereiro.
BODIVA (2017). Relatório mensal, Janeiro.
BODIVA (2017). Relatório mensal, Março.
BOVESPA (2000). Desafios e oportunidades para o mercado de capitais brasileiro. São Paulo:
Bolsa de Valores de São Paulo.
CARVALHO, Francisco Bonadio de (2014). A Importância do Mercado de Capitais:
considerações das teorias económica e financeira. São Paulo: UNESP
CMC (2014). Brochura Institucional. Luanda: CMC
Decreto n.º 09/05 de 18 de Março. «Estatuto Orgânico da Comissão do Mercado de Capitais»
Decreto n.º 63/04 de 28 de Setembro. «Estatuto Orgânico do Instituto de Supervisão de
Seguros»
Decreto presidencial n.º 141/13 de 27 de Setembro. «Estatuto Orgânico da ARSEG».
FECUAN (2016). Manual de instruções para elaboração, apresentação e avaliação de
dissertações e teses. 1.ª ed., Luanda:

IBRI; CVM (2015). Relações com investidores: da pequena empresa ao mercado de capitais.
2.ª ed., Rio de Janeiro: IBRI : CVM.

INE (2014). Contas nacionais de Angola 2007-2012. Luanda: Instituto Nacional de Estatística.
JAIME, Aguinaldo (2013) «Instituto de Supervisão de Seguros muda de atribuições» In:
ANGOP, 06 jun 2013.
Lei n.º 16/10 De 15 de Julho. Lei do Banco Nacional de Angola
Lei n.º12/15 De 17 de Junho. Lei de bases das Instituições Financeiras
Lei n.º13/05 De 30 de Setembro. Lei do sistema financeiro angolano

82
MARTELO, Suzana Violeta Caielo (2016). Supervisão do Mercado Financeiro Angolano.
Dissertação de Mestrado. Lisboa: Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
MÉNARD, Mathilde (1990). Dicionário de termos económicos. Vol. II, Mem Martins:
Publicações Europa- América.
OLIVEIRA, Francisco; BELTRÃO, Kaizô; DAVID, António (1998). Previdência, poupança
e crescimento económico: interacções e perspectivas. Rio de Janeiro: IPEA.
PACHECO, Walter (2015). O mercado de capitais em Angola. Luanda: CMC
PENROSE, Edith (1979). A economia da diversificação. In: Revista de Administração de
Empresas. Vol.19. Número 4. São Paulo: Oct./Dec. 1979.
PEREIRA, Eugénia Chela Pontes (2015). O sistema financeiro angolano. Dissertação em
gestão financeira. Lisboa: ISG.
ROCHA, Alves da «Não há diversificação da economia angolana e a situação vai piorar»
ROCHA, Alves da; et al (2016). Estudos sobre a diversificação da economia angolana. 1ª ed.,
Luanda: CEIC/ UCAN
ROCHA, Alves da; et al (2017). Relatório económico de Angola 2016. Luanda: CEIC/ UCAN
SANTOS, Ludmila dos (2016). Curso de actualização finanças – CMC. Luanda: CMC/ Ordem
dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola.
SILVA, Plinio Marcos de Sousa (2008). Mercado de capitais: Sistema protetivo dos interesses
colectivos dos investidores e consumidores. Ribeirão Preto: URP.
Sites na Internet
BANCO NACIONAL DE ANGOLA (2017). Instituições Financeiras Autorizadas.
Disponível em:
http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/lista_artigos_medias.aspx?idc=834&idl=1. Acesso:
11/12/2017.
COMISSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS (2015). RELATÓRIO & CONTAS 2014.
Componentes do rendimento In: http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-
rendimento.html?m=1 Acesso: 09/01/2018.
Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que serve? Disponível em:
www.btgpactualdigital.com. Acesso em: 11/01/2018.
Rendimentos. In: https://conceito.de/rendimentos. Acesso: 07/01/2018.
Reportagem de Teodoro Albano, 22 de Setembro de 2016. Disponível em:
www.voaportugues.com. Acesso: 24 de Fevereiro de 2018.
Sistema financeiro in: http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e . Acesso: 10/01/2018.

83
ANEXOS
Anexo 1 - Estrutura do Inquérito por questionário
Caro(a) economista,
Vimos por este meio solicitar a sua colaboração no preenchimento deste questionário que se
enquadra no âmbito da realização do mestrado em Mercado de Capitais, da Faculdade de
Economia da Universidade Agostinho Neto. Ao colaborar nesta investigação, cuja finalidade é
compreender o papel do mercado de capitais no processo de diversificação da economia
angolana, estará a contribuir, decerto, para uma melhor clarificação do problema que se
levanta.
As respostas são confidenciais e serão utilizadas apenas para fins estatísticos, pelo que lhe
solicitamos a máxima sinceridade nas respostas.
Sabendo que o preenchimento do questionário lhe vai ocupar algum tempo, agradecemos,
antecipadamente, a sua preciosa colaboração.
Atenciosamente,
Pedro Amílcar

A. Dados do respondente:
Idade: ________ Sexo: M F
Habilitações Acad.: Bacharel Licenciado Mestre Doutor
Quanto tempo trabalha como economista?__________________
Principais funções desempenhadas?_________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
B. Papel do Mercado de Capitais angolano
1. O impacto do mercado de capitais angolano no actual processo de diversificação da
economia angolana é:
Nulo Positivo Negativo
1. O Mercado de Capitais angolano desempenha um papel fundamental no processo de
diversificação da economia sem o funcionamento em pleno do Mercado accionário?
SIM NÃO
Porquê?_______________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3. O Mercado de capitais angolano encontra-se revestido de condições necessárias o
funcionamento eficiente? SIM NÃO
4. O Mercado de capitais tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base
da sua criação? SIM NÃO
Justifique?_______________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5. O Mercado de Capitais angolano está preparado para receber capital estrangeiro?
SIM NÃO
6. Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu desempenho?
BOM MAU
Porquê?__________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7. A BODIVA tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano?
SIM NÃO
8. O Mercado de Capitais angolano tem coberto as insuficiências do Mercado
monetário no processo de financiamento da economia?
SIM NÃO
Porquê?____________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
9. Qual destes papéis o mercado de capitais angolano desempenha actualmente?
Promover a formação de capital
Ligar a poupança e investimento
Aumentar a eficiência do capital disponível
Outro:_____________________________________________________________

Fonte: Elaboração própria


Anexo 2 - Análise estatística dos dados

Regressão Simples- O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia


angolana Vs. O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da
sua criação
Variável dependente: O impacto do MCA no actual processo de diversificação da
economia angolana
Variável independente: O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram
na base da sua criação

Lineal: Y = a + b*X

Coeficientes
Mínimos Quadrados Estándar Estatístico
Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto 11,7 17,9424 0,652086 0,6321
Pendente 0,1 1,21244 0,0824786 0,9476

Análisis de Variação
Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P
Modelo 1,5 1 1,5 0,01 0,9476
Residuo 220,5 1 220,5
Total (Corr.) 222,0 2

Coeficiente de Correlação = 0,0821995


R-Quadrada = 0,675676 porcento
R-Quadrado (ajustado para g.l.) = -98,6486 porcento
Error estándar del est. = 14,8492
Error absoluto meio = 7,0
Estadístico Durbin-Watson = 2,5 (P=)
Autocorrelação de residuos en retraso 1 = -0,5

Regressão Simples - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro Vs. O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
Variável dependente: O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
Variável independente: O impacto do MCA no actual processo de diversificação da
economia angolana

Lineal: Y = a + b*X

Coeficientes
Mínimos Quadrados Estándar Estatístico
Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto 19,5 13,5 1,44444 0,3855
Pendente -0,5 0,866025 -0,57735 0,6667

Análisis de Variação
Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P
Modelo 55,5 1 55,5 0,33 0,6667
Residuo 166,5 1 166,5
Total (Corr.) 222,0 2

Coeficiente de Correlação = -0,5


R-Quadrada = 25,0 porcento
R-Quadrado (ajustado para g.l.) = -50,0 porcento
Error estándar del est. = 12,9035
Error absoluto meio = 7,0
Estadístico Durbin-Watson = 1,64865 (P=)
Autocorrelação de residuos en retraso 1 = -0,216216
Regressão Simples - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na
base da sua criação Vs. O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente
Variável dependente; O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram
na base da sua criação
Variável independente: O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente

Lineal: Y = a + b*X

Coeficientes

Mínimos Quadrados Estándar Estatístico


Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto 6,75 8,25524 0,817662 0,5636
Pendente 0,480769 0,49963 0,96225 0,5122

Análisis de Variação

Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P


Modelo 72,1154 1 72,1154 0,93 0,5122
Residuo 77,8846 1 77,8846
Total (Corr.) 150,0 2

Coeficiente de Correlação= 0,693375


R-Quadrada = 48,0769 porcento
R-Quadrado (ajustado para g.l.) = -3,84615 porcento
Error estándar del est. = 8,82523
Error absoluto meio = 4,61538
Estadístico Durbin-Watson = 1,11538 (P=)
Autocorrelação de residuos en retraso 1 = -0,0384615

Regressão Simples - O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um


funcionamento eficiente Vs. O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
Variável dependente: O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente
Variável independente: O MCA está preparado para receber capital estrangeiro

Lineal: Y = a + b*X

Coeficientes

Mínimos Quadrados Estándar Estatístico


Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto -2,10811 3,64865 -0,577778 0,6665
Pendente 1,16216 0,234061 4,96521 0,1265

Análisis de Variação

Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P


Modelo 299,838 1 299,838 24,65 0,1265
Residuo 12,1622 1 12,1622
Total (Corr.) 312,0 2

Coeficiente de Correlação = 0,980316


R-Quadrada = 96,1019 porcento
R-Quadrado (ajustado para g.l.) = 92,2037 porcento
Error estándar del est. = 3,48743
Error absoluto meio = 1,89189
Estadístico Durbin-Watson = 1,36486 (P=)
Autocorrelação de residuos en retraso 1 = -0,121622

Fonte: El StatAdvisor
Anexo 3 – SnapStat Comparação de varias mostras

SnapStat: Comparación Varias Muestras


Gráfico de Dispersión

Muestra Recuento Media Sigma 30


MCA revestido3condições nec 13 12,49
O impacto MCA3 actual Processo13 10,5357 25
O MCA actuado3 conta princípios13 8,66025
20

respuesta
O MCA preparado
3 receber capital
13 10,5357
12 13 9,07544
15

10

0
MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital

Gráfico Caja y Bigotes Tabla ANOVA


Suma de Media
Fuente Cuadrados Gl Cuadrado Razón-F
MCA revestido condições nec Entre 0,0 3 0,0 0,00
Dentro de 906 8 113,25
Total 906 11
O impacto MCA actual Processo
Valor-P = 1,0000

O MCA actuado conta princípios Verificación de Varianza


Levene's: 0,0801688
Valor-P = 0,9690
O MCA preparado receber capital

0 5 10 15 20 25 30
respuesta

Gráfico de Medias Gráfico ANOM


Con intervalos LSD del 95,0% Con 95% Límites de Decisión
24 36
LDS=29,34
20
LC=13,00
26
16 LDI=-3,34
Media

Media

12 16

8
6
4

0 -4
MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital

Fonte: El StatAdvisor

You might also like