You are on page 1of 90
COLECAO pha uulelers fat ? ee c ONO Na Ah COMO LINGUAGEM Oa NT a’ AFREUD x aa Te Dex PSICANALISE E PSTN EUa.Y AFORMACAO DOP UGS 1901: Nasce em Paris, no dia 13 de abril, Jacques Marie Emile Lacan, pri= meiro ftho de uma prés- pera familia catslica 1907: Nascimento de seu immao cagula, Marc-Marie, que mais tarde entrar para a ordem dos beneditinos com 0 nome de Marc: Frangois 1919; Matriculase na fa- culdade de medicina. Para- lelamente,estuda literatura e filosofia,aproximando-se dos surrealist 1928: Trabalha como interno da Enfermaria Especial para alienados da Chefatura de Policia, dirigida por Gaétan Ga- tian de Cérambault, que mais tarde reconheceré como seu tnico mestre na psiquiatria 1931: Apés examinat ‘Marguerite Pantaine, que havia tentado assassinar a atriz Huguette Duflos, escreve sobre 0 episédio (conhecido como "Caso Aimée’) uma monografia ‘que esti na génese de sua tese de doutorado 1932: Inicia sua andlise com Rudolf Loewenstein, Defende a sua tese de doutorado, Da psicose pa- rasica em suas rags com a persnalidade 193.4: Casa-se com Marie- Louise Blondin, com quem terd trés filhos; Caroline (1937), Thibault (1939) ¢ Sybille (1940) 1936: Sua comunicagéo sobre o ‘estédio do espe- Iho’, durante congresso da Associagio Internacional de Psicandlise (IPA) em Marienbad, € interrom- pida no meio por Ernest Jones, discipulo ebiégrafo de Freud 1938: Inicia relagdes com Sylvia Bataille, ex-mu- Iher do escrtor € fil6sofo Georges Bataille. Torna-se ‘membro da Sociedade Psi- canalitca de Paris (SPP) 1941: Separa-se de Ma- rie-Louise, Nasce Judith Sophie, ha de Lacan com Sylvia 1951; Sua técnica de ses- s®es curtas gera contro- vérsias na SPP. Dé inicio aos Seminérios, uma série deapresentacdes orais que onstituirdo 0 niicleo de seu trabalho te6rico 1953: Em meio & crise na SPP, faz conferéncias, fundamentais como mito individual do neuré- tico" (em que utiliza pela primeira vez a expressio nome do pai), "O real, 0 simbélico ¢ 0 imaginério” (que coloca suas teorias sob 0 signo do “retorno a Freud!) Fungioe campo da palavra da linguagem ‘em psicandlise" (pronun ciada em Roma). Deixa a SPP junto com Daniel La- gache, Francoise Dolto e outros 40 analistes. Funda a Sociedade Francesa de Psicandlise (SFP). Realiza WWW. VIVERMENTECEREBRO.COM.BR (0 seminstio Os ert te- icnsde Freud, primeito a ser registrado por estenotipis- ta, possibilitando posterior publicacao 1963: A IPA admite a filingao da SEP 1964: Lacan funda a Esco- |a Freudiana de Paris (EFP) com antigos alunos como Frangoise Dolto, Maud ¢ ‘Octave Mannoni, Serge Leclaire, Moustapha Sa- fouan e Frangois Pertiet 1966: Publicacao de Es- cries € criagio da colegio Campo Freudiano, digi da por Lacan 1967: Propée a criagio do “passe, dispositivo re- gulador da formacio do analista 1968: Langamento da revista Scie, do Campo Freudiano 1973: Publicagdo da trans ‘tigdo do Serninério XI, Os quatro conceitos fundamen- tai de pscandlie, realizado em 1964. A partir daf, os seminérios passam a ser editados segundo esse procedimento. Caroline morre num acidente de automével 1975: angamento de Or rican, boletim do Campo Freudiano 1980: Anuncia a disso- lugao da FFP e funda em outubro a Escola da Causa Freudiana 1981: Morre em Paris no ia 9 de setembro VIVER MENTE& CEREBRO PARA A PSICANALI ‘CLINICA DO REAL JACQUES LACAN, O MENINO. aris dormia is 3 horas da madrugada, Uma voz ga- ‘gucjante atendeao telefonema que Ihe interrompeu ‘omelhor do sono: ~ Ale. =A, Richard? — Aloo. = Alo, Martin Richard? = Sim, quem & = Lacan, = Quem? — Jacques Lacan. = Decteur? Oui, bom dia —Escute, Richard, espero no o estar incomodando. estou lendo um trabalho seu a respeito de A carta sobre os cegos, de Diderot, que eu aprecio muito, ¢ eu gostaria de discutir certos pontos, pessoalmente, com voce. = Mas com o maior prazer, Doutor — Que bom! Quando vocé pode? — Quando 0 senhor quiser, Doutor,é s6 me dizer que ‘vou encontré-lo. — Ah, como voce é amével, Richard, aguardo voce, entio, no café da esquina da Saint Michel com o cais, dentro de trinta minutos. E desligou Martin Richard ficou com o telefone na méo, com pouco tempo para decidir o que fazer. Nao tinha coragem de ligar de volta para Lacan, eram trés e cinco da manhi, no se fazia isso. Também no podia deixar o Doutor — assim ele era chamado pelos préximos ~ esperando-o sozinho em um café 6 teve tempo de calgar seus jeans, ténis,jaqueta, pegar sua bolsa de livros, descer correndo as escadas, montar VIVER MENTESCEREBRO RENOVADOR DO PENSAMENTO FREUDIANO, LACAN TROUXE = ELEMENTOS ESTRUTURALISTAS E CRIOU UMA APTA A ENTENDER O SUJEITO POS-MODERNO POR JORGE FORRES em sua bicicleta aproveitar 0 leve declive do Boulevard ‘Magenta para ganhar velocidade. Entrou no café disfargando a falta de ar e se deparou com Lacan em uma mesa de canto, rodeado de papéis. Com o melhor dos seus sorrisos, o Doutor Ihe estende a mio repetindo: —Puxa, como voce é gentil, Richard. Jacques Lacan gostava de dizer que tinha cinco anos. Aos cinco anos a pessoa tem um querer direto, sem intermediérios. E diferente do querer querelante € rei- vindicativo dos quinze, ¢ do querer conforme as regras do adulto. Mas vale um detalhe: ter cinco anos apés uma andlise, chegar aos cinco anos pelo convivio diério com 0 Real — conceito lacaniano que se refere & impossibilidade da nomeagio total de seu desejo (‘o que seré que seré que ‘nunca tem nome nem nunca terd2")—€ diferente de té-los por biologia ou retardo. Jacques-Lacan tinha cinco anos. JACQUES LACAN, O CIENTISTA ~"Eu sinto. que vocé..” Essa frase acabou se incluindo no repert6rio caricatural dos analistas, junto com a barba, a reserva pessoal, e.05 “hums-hums’. Ela se refere & forma como foi entendida a “contratransferéncia". Mais ou menos assim: quando 0 analisando ficar em siléncio, gaguejar oft se enganat, oanalista pode Ihe dizera verdade que lhe esta cescapando, através do seu sentimento, o do analista. Pensa- se que por ter feito uma andlise o analista esteja apto para se valer do seu sentimento como arauto do que o analisando teria dificuldade de dizer. F como se tudo fosse dizivel se nao fossem as dificuldades, e nao que haja na estruturagio humana um impossivel fundamental, impossfvel que esta na base da singularidade criativa da espécie. ESPECIAL LACAN,

You might also like