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A frônese (do Aretê (do Ταλέντο Sofrósine (do As primeiras Agnóia, (do
grego antigo: grego ἀρετή (talento, grego concepções a grego ἄγνοια,
φρόνησις, aretê,ês, capacidade, Σωφροσύνη, respeito da ας, ἡ):
translit. "adaptação habilidade); translit. justiça surgiram ignorância,
phrónesis), perfeita, conceito que se sôphrosýnê: na Grécia inadvertência,
distingue-se excelência, relaciona ao "moderação") era Antiga, onde se estupidez, não
de outras virtude") é princípio de uma Daemon que utilizava a saber sobre a
palavras com uma palavra Potência/Ato, personificava a expressão própria
que se de origem polos do moderação, a Dikaiosyne ignorância ou
designa a grega que fenômeno da discrição e o (Δικαιοσύνη) desconhecer
sabedoria por expressa o transformação. autocontrole. Sua para que o saber
ser a virtude conceito Referência ao equivalente representar a adquirido não é
do grego de conceito de romana era personificação um saber.
pensamento excelência, caráter1. Sobrietas, a de uma Convicção a
prático, sendo ligado à sobriedade. Era integridade respeito da
traduzida noção de um dos moral limitação
habitualmente cumprimento Agatodaemones, relacionada ao cognitiva do
como do propósito espíritos Estado e aos intelecto
sabedoria ou da função benéficos, que governos. humano, esp.
prática. a que o escaparam da Equidade. no que se
indivíduo se caixa de Pandora, refere às
destina. quando ela a pretensas
abriu. Prudência, verdades do
moderação, senso comum,
retidão. definida na
sentença
socrática "Só
sei que nada
sei".
(Diké (em
disposições naturais, mas de um esforço; e, em sendo disposição,
é o estado de um sujeito continuamente disposto a agir
moralmente.
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Os jônios não estavam preocupados con1 o ten1a da virtude,
que, ao contrário, é muito desenvolvido nos pitagóricos. Segundo
Pitágoras, ela é harmonia da alma, tal como a saúde é
harmonia do corpo (D.L.,VIII, 33), e os neopitagóricos Teages
e Métope redigiram um tratado Da virtude (Peri aretês !
Ilepi àpni'jç), Xenofonte nos mostra Sócrates incentivando os
discípulos a praticar a virtude (Mem., I, VII, 1), mais pelo seu
exemplo do que por seu ensinamento (ibid., 1,11,3).
Platão apresenta, inicialmente, em Mênon (97b-100b), uma
virtude de tipo socrático praticada no mundo sensível, por
meio da ação, inspirada por um favor divino e definida como
opinião verdadeira (v. dóxa); depois, na República (IV, 42ge-
441c), ele distingue três espécies de virtude em função, ao
lnesmo tenlpo, das potências da alma e das classes sociais; ou
seja, há três potências da alma: a concupiscência (epithymía
! Em8q.llcx), que tem sede no ventre e preside a vida vegetativa;
o coração (thymós ! 81Jl.lóç), que tem sede no peito e preside
a vida afetiva (poder-se-ia chamar essa tendência de "impulso
espontâneo para os valores"); por fim, a razão (lógos !
Àóyoç), que tem sede na cabeça e preside a vida intelectual. A
harmonia da alma e a da sociedade precisam de três virtudes,
ao mesmo tempo específicas e hierarquizadas:
- temperança (sophrosrne ! C5Cü<pp<>C5ÚVTj), que regra a concupiscência
e é própria da gente do povo;
- coragem (andreía ! àvopEÍcx), que regra o coração e é própria
dos guerreiros;
- sabedoria (sophía ! C5oq>lcx), que regra a razão e é própria
dos governantes.
Uma quarta virtude, a justiça (dikaiosyene ! OtKCXWC5ÚVTj), é
necessária à alma inteira e às três classes, pois é ela que garante
a harmonia no indivíduo e na pólis.
Essas quatro virtudes platônicas costun1am ser chamadas "virtudes
cardeais". Encontram-se vários esboços delas antes da
República; no Protágoras (349b):justiça, sabedoria, santidade e
coragem são quatro aspectos de uma virtude única, às quais se
soma, adiante, a temperança (361 b); em Fédon, aparecem dois
i.
trios: coragem, sabedoria e justiça (67b) e temperança,justiça
e coragem (68b-e).
Aristóteles, por sua vez, estabelece duas virtudes de acordo
com as partes da alma; é grande, porém, a diferença em relação
a Platão. Este dá à opinião, à concupiscência e ao coração,
que são infra-racionais, a capacidade de exercer a virtude;
Aristóteles situa os dois níveis da virtude na alma racional (v.
psykhé); pois a virtude, se é adquirida, é adquirida racionalmente;
mas não é fruto de uma razão teorética, que tende à
verdade, e sim de uma razão prática, que tende à ação (Ét.
Nic., VI, 11,1-3).
A parte racional da alma tem dois estágios. O superior é o
epistemonikón ! En\C5'tTjI.lOVtKÓV, que é para Aristóteles
aquilo que a nóesis é para Platão, ou seja, a razão intuitiva; o
inferior é o logistikón ! ÀOy\C5'ttKÓV, que é para Aristóteles
aquilo que a diánoia é para Platão, ou seja, a razão raciocinante.
A primeira é sede das virtudes dianoéticas ou contemplativas;
a segunda é sede das virtudes éticas ou ativas (ibid.,
11, I) e, como tais, deliberativas (ibid., VI, 1,6).
A virtude ética (ethiké ! 1'j8tK1Í) manifesta-se pelas seguintes
características: é uma prâxis, hábito adquirido racionalmente,
que leva constantemente a fazer o bem (Ét. Nic., 11, VI,
15); ela é justa medida (mesótes ! I.lffiÓ1:Tjç), como meio-termo
entre dois males, um por excesso, outro por falta; por
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exemplo, a coragem é meio-termo entre o medo e a temeridade
(II,VIII-IX); ela é voluntária, objeto de escolha refletida
(proaíresis! npocxlpeC5tç) (ibid., 111, lI-V). Por essa razão,
a virtude moral fundamental é a prudência (phrónesis ! q>pÓVTjC5tç),
virtude do homem que enfrenta as dificuldades humanas
(X, VIII, 3), que pratica a habilidade na ação. As outras
virtudes morais são: coragem, temperança, liberalidade, munificência,
magnanimidade, brandura, pudor e justiça (ibid., 111,
VI-XII, IV, I-VII, V).
A virtude dianoética (dianoetiké ! OtCXVOTj1:tK1Í), virtude do
sábio que chegou ao ápice do conhecimento e não é dependente
de seu corpo nem do mundo sensível, consiste na con-
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