You are on page 1of 6

AULA MAIS

PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO

AULA 3

A FAMÍLIA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO

• Maior parte do século XX - sexualidade humana ignorada como uma


questão de reflexão e pesquisa social.

• Delegação do estudo sobre a sexualidade, até então – Medicina

• Conseqüências deste predomínio :

marginalização da sexualidade;

submissão à racionalidade médica

• Razões para a explosão de estudos sobre a sexualidade nas Ciências


Sociais

( final do século XX)

- crescimento dos movimentos feministas

- busca de novas compreensões para as transformações do mundo pós-


moderno

• Movimento Feminista

- Importante contribuição para a discussão sobre a questão dos gêneros ,


especialmente , a desigualdade entre eles.

- 1960-centrava suas lutas e reivindicações na “ mulher” (branca,


burguesa) pela igualdade de direitos

- A partir da metade da década de 1970 – o estudo passou para


“mulheres” – na tentativa de dar conta de diferentes situações culturais e
sociais e responder as questões de opressões de raça e classe social.

- Marca que as diferenças entre homens e mulheres não apenas de


ordem física, biológica.

- SEXO ≠ GÊNERO
- Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual
anatômica não pode mais ser pensada isolada da cultura na qual
sempre está imersa.

• Perspectiva Ecológica :

- Reconhece o grau em que as condutas e os valores são influenciados


,diretamente ou não, por aspectos dos diversos contextos onde estão
incluídas as pessoas, suas famílias e suas comunidades.

- Os processos de desenvolvimento humano englobam a interação entre


os fatores biológicos e as influências socioculturais que determinam as
diferenças entre os sexos

- Mais apropriado falar em

MASCULINIDADES E FEMINILIDADES

MASCULINIDADE

• Formas predominantes de masculinidade contemporânea –

- Poder

- Exercício do controle

- Auto-aprovação

- Aprovação dos outros homens

- Esforço para se definirem como diferentes de suas mães

MASCULINIDADE

- Papéis de gênero são interiorizados

- Homens aprendem a desprender-se de qualidades identificadas , em


geral, como femininas : passividade, dependência, sensibilidade...

- O desejo e a capacidade de cuidar desaparecem durante a sua


socialização

- Modelo : ter poder, autonomia, força, racionalidade e repressão das


emoções.

• MASCULINIDADE

- Formas de aprendizado:

1- pelos meios de comunicação – invulneráveis, insensíveis e emocionalmente


fechados
2- pelo grupo de amigos ou iguais

3- por reação

• Homens em vantagem de oportunidades:

-Maiores salários para os mesmos cargos desempenhados por mulheres;

-Têm liberdade sexual sem serem rotulados

-Quando resolvem trabalhar em áreas rotuladas de femininas, têm maior


ascensão: chefes de cozinha, costureiros de renome , cabeleireiros famosos

• As organizações são machistas em suas expressões :

-Ordem dos Advogados do Brasil

-Na carteira de identidade profissional de Psicologia temos : assinatura do


psicólogo

• FEMININO

- Final da década de 80 – primazia dos estudos de gênero sobre os


estudos de mulheres.

- Primeiramente , em oposição a sexo – questionar “biologia é o destino”

- Posteriormente – categoria múltipla e relacional

- O que é ser mulher numa sociedade machista onde há o predomínio de


construções patriarcais , mantidas pelos homens e pelas próprias
mulheres ?

- Vários exemplos de comportamentos machistas perpetrados por


mulheres:

- Vá lavar a louça do seu irmão porque ele está ocupado

- Arrume a casa porque seu irmão vem com a namorada

- Quando você chegar em casa do trabalho, não esquece de fazer o jantar do


seu marido que chega cansado do trabalho...

• “O feminino está vinculado a uma estrutura de consciência, o que quer


dizer que ele pode ser vivido sem se identificar com o masculino, como
uma forma de funcionar. Também não precisa atuar de forma reativa
para se defender e não tem que compensar alguma coisa que lhe falta
para poder existir” (SANABRIA, M.).

• Para a Psicologia:
A partir de uma perspectiva de gênero, homens e mulheres assumem
comportamentos e papéis normativos culturalmente estabelecidos e desiguais
em termos de poder e importância.

A Psicologia tem o compromisso social com a sociedade e os direitos


humanos ,quanto às questões de gênero, não permitir o discurso dominante e
opressivo às mulheres, identificando e desconstruindo estruturas sociais e
práticas pessoais e profissionais que sustentam o sexismo e funcionam como
controle social. (GT-Relações de Gênero e Psicologia- CRP-03)

• ALGUMAS ESTRATÉGIAS A SEREM REALIZADAS:

1- Para poder definir novos paradigmas e propor modos de avançar nesta


questão, interessa determinar a maneira em que os velhos paradigmas da
masculinidade foram criados e se multiplicaram;

2- examinar de onde , como e quando se bloqueia nos homens, certas


capacidades humanas (por considerá-las femininas) e buscar caminhos para
essa desconstrução;

3-Criar novos espaços onde os homens possam evitar a reprodução de uma


masculinidade alienada e tóxica, para poder revisá-la e discuti-la (grupos
interdisciplinares de profissionais homens, etc...)

4- Fazer um exame crítico das investigações sobre gênero

A igualdade de gêneros requer a definição de novos paradigmas que


diferentemente dos modelos atuais de masculinidade e feminilidade, não
estejam predispostos em desigualdades e contribuam para eliminar a
masculinidade predominante como algo inquestionável , ao redor do qual gira a
vida.

VIOLÊNCIA DE GÊNERO

• A violência contra a mulher tem outra feição, na maioria das vezes o


episódio agudo e mais grave da violência é o fim de linha de uma
situação crônica, insidiosa, que aos poucos foi desmontando as defesas
das vítimas até deixá-la completamente à mercê do agressor, sem
condições até de pedir ajuda.

• A violência nas relações de casal, nas relações afetivas, íntimas, no


interior das famílias, expressa dinâmicas de afeto/poder, nas quais estão
presentes relações de subordinação e dominação. E no contexto atual,
na maioria das vezes, a mulher ainda está em posição desfavorável.

• VIOLÊNCIA BASEADA NA DESIGUALDADE DAS RELAÇÕES DE


GÊNERO E CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE DA MULHER
CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE FÍSICA
· Doenças sexualmente transmissíveis
· Ferimentos, escoriações, hematomas, ferimentos, fraturas recorrentes
· Problemas ginecológicos, corrimentos, infecções, dor pélvica crônica
· Doença Inflamatória pélvica
· Gravidez indesejada, abortamento espontâneo
· Maior exposição a comportamentos danosos á saúde: sexo inseguro, abuso
de álcool e drogas, prostituição, fumo
· Incapacidade física parcial ou permanente

CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE MENTAL


· Estresse pós-traumático
· Depressão; Ansiedade
· Disfunção sexual
· Desordens alimentares
· Comportamentos obsessivo-compulsivos

CONSEQUÊNCIAS FATAIS

.Suicídio - Homicídios

• Para os efeitos da Lei 11.340/06, segundo o seu artigo 5º: configura

violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão


baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial:

(I) –no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de


convívio permanente de pessoas,com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;

(II) – no âmbito da família,compreendida como a comunidade formada por


indivíduos que são ou se consideram aparentados,unidos por laços naturais,
por afinidade ou por vontade expressa;

(III) – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha


convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

“ É exatamente a motivação do sujeito ativo que qualifica a violência doméstica


contra mulher como violência de gênero. Por exemplo, o marido que mata a
esposa porque não admite a separação – ela lhe pertence. Ou quando ele lhe
aplica uma surra para que aprenda a lhe respeitar ou obedecer. Ou quando ele
a ameaça ou lhe rasga as roupas para mostrar quem é que manda. Em todas
essas condutas fica claro que o homem agiu como se tivesse direitos sobre a
mulher – esse é o dado de fato que caracteriza a conduta baseada no gênero
para os efeitos da Lei 11.340/06. “ (SILVA JR., Edson Miguel)
TIPOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER :

- VIOLÊNCIA FÍSICA – qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde


corporal

- VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA – qualquer conduta que cause dano emocional e


diminuição da auto-estima ou que prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento

- VIOLÊNCIA SEXUAL – qualquer conduta que constranja a presenciar , a


manter ou participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação,
ameaça , coação ou uso da força

- VIOLÊNCIA PATRIMONIAL – qualquer conduta que configure a retenção,


subtração , destruição total ou parcial de seus objetos, instrumentos de
trabalho, bens, valores e recursos econômicos, incluindo os destinados a
satisfazer as suas necessidades

- VIOLÊNCIA MORAL – qualquer conduta que configure calúnia, difamação e


injúria

You might also like