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ÍNDICE DE ASSUNTOS
PLENÁRIO
Convênio: Construção de Estrada de Ferro
Iniciado julgamento de ação cível originária
proposta pelo Estado do Paraná contra a União
Federal, objetivando o ressarcimento das despesas
decorrentes de construção de estrada de ferro em razão
de convênios celebrados entre as partes. Rejeitou-se as
preliminares suscitadas: a) pela União Federal quanto
à prescrição qüinqüenal, tendo em vista o disposto no
art. 4º do Decreto 20.910/32 (“Não corre a prescrição
durante a demora que, no estudo, no reconhecimento
ou no pagamento da dívida, considerada líquida,
tiverem as repartições ou funcionários encarregados
de estudar e apurá-la.”); b) também pela ré União
Federal quanto à inépcia da inicial (CPC, art. 286,
caput: “O pedido deve ser certo e determinado...”),
tendo em vista que o bem jurídico perseguido pelo
Estado ficou devidamente evidenciado; e c) pelo
Ministério Público Federal, em parecer prévio, no
sentido da extinção do processo pela perda do direito
de regresso do Estado do Paraná — ante a ausência de
denunciação da lide à União nas ações de cobrança
que contra ele estariam sendo movidas por
empreiteiras da obra —, uma vez que se trata, no caso,
de ação autônoma e não de ação regressiva.
Prosseguindo quanto ao exame do mérito, após o voto
do Min. Ilmar Galvão no sentido de julgar
improcedente a ação, o julgamento foi suspenso em
virtude de pedido de vista do Min. Nelson Jobim.
Precedente citado: ACO 381-RJ (RTJ 137/53). ACO
453-PR, rel. Min. Ilmar Galvão, 24.6.98.
ADIn: Conhecimento
Por impossibilidade jurídica do pedido, o
Tribunal não conheceu de ação direta ajuizada pelo
Partido Popular Socialista -PPS contra dispositivos da
Lei 9.504/97, que trata da distribuição do tempo para a
propaganda gratuita no rádio e na televisão entre os
partidos e suas coligações referente às eleições
majoritárias e porporcionais. Considerou-se que a
declaração de inconstitucionalidade apenas das normas
impugnadas, tal como pretendida, alteraria o sistema
da Lei, transformando o STF em legislador positivo.
ADInMC 1.822-DF, rel. Min. Moreira Alves, 26.6.98.
PRIMEIRA TURMA
SEGUNDA TURMA
Maus Antecedentes
Ainda que as condenações anteriores do réu
não sejam consideradas para efeito de reincidência,
nos termos do art. 64, I , do CP [“Para efeito de
reincidência: I - não prevalece a condenação anterior,
se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e
a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos”], podem ser utilizadas
como maus antecedentes na fixação da pena-base pelo
juiz. HC 76.665-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 23.6.98.
Prevenção
Se antes da homologação do pedido de
desistência do habeas corpus o juiz deferir ou indeferir
a liminar, fixa-se a competência por prevenção para o
julgamento de novo writ, idêntico ao primeiro. Com
base nesse entendimento, a Turma, por maioria,
indeferiu habeas corpus contra decisão do Órgão
Especial do TRF da 3ª Região que, em virtude de
conflito de competência positivo suscitado entre duas
de suas Turmas, concluíra pela prevenção do juízo que
indeferira a liminar no writ originário. Vencido o Min.
Marco Aurélio, que concedia a ordem por entender
violado, no caso, o parágrafo 5º do art. 15 do
Regimento Interno do TRF da 3ª Região (“Não firma
prevenção do Relator a decisão que deixar de tomar
conhecimento do feito, ou simplesmente declarar
prejudicado o pedido.”). HC 76.967-SP, rel. Min.
Nelson Jobim, 23.6.98.
CLIPPING DO DJ
26 de junho de 1998
HC N. 76.111-RS
RELATOR : MIN. NELSON JOBIM
EMENTA: HABEAS CORPUS. SÓCIO-GERENTE DE
EMPRESA. QUEIXA-CRIME ORIGINÁRIA DE
CONTESTAÇÃO EM RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
DE EX-EMPREGADO. REJEIÇÃO DE "PLANO", DA
AÇÃO, PELO MAGISTRADO EM FACE DE SER A RÉ
PESSOA JURÍDICA E OS QUERELADOS NÃO
INTEGRAREM AQUELA RELAÇÃO PROCESSUAL.
EXERCÍCIO DE MANDATO PELO ADVOGADO. NÃO
ASSINATURA DA PEÇA EM QUESTÃO. EXCESSO DE
LINGUAGEM DO PROFISSIONAL PELO QUAL NÃO
RESPONDA O OUTORGANTE. AÇÃO PENAL
TRANCADA.
HABEAS CORPUS DEFERIDO.
* noticiado no Informativo 110
HC N. 76.259-SP
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: HABEAS-CORPUS. LESÃO CORPORAL
CULPOSA. PENA DE DOIS MESES DE DETENÇÃO
SUBSTITUÍDA POR RESTRITIVA DE DIREITOS, NA
MODALIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE, POR IGUAL TEMPO. ALEGAÇÃO DE
PRESCRIÇÃO PRETENSÃO EXECUTÓRIA.
1. Sentença condenatória trânsita em julgado, apenas para a
acusação, em 04.10.95, visto que pendente recurso especial
interposto pelo paciente; esta data é também o termo inicial
do lapso prescricional (CP, art. 112, I, primeira parte).
Não tendo a decisão transitado em julgado para ambas as
partes, mas apenas para a acusação, não se pode falar em
trânsito em julgado no seu sentido próprio, mas no
impróprio, cuidando-se, assim, de hipótese de prescrição da
pretensão punitiva, e não da executória.
2. No caso de prescrição da pretensão punitiva, o prazo
substitutivo de recurso ordinário contra decisão de Tribunal
de segundo grau denegatória de liminar em habeas corpus.
Decisão colegiada que denega a liminar, não obstante sua
provisoriedade, é decisão denegatória de habeas corpus e,
emanada de Tribunal de segundo grau, susceptível de recurso
ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, por isso,
também competente para a impetração de habeas corpus que
substitua o mesmo recurso, como é da jurisprudência firme
do STF.
HC N. 76.941-SP
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL.
DEPOSITÁRIO INFIEL. VEÍCULO FURTADO. CASO
FORTUITO. ILEGITIMIDADE.
O depositário deverá restituir o bem depositado, não
podendo furtar-se à sua restituição, sob pena de ser
compelido a fazê-lo mediante prisão civil, cuja legitimidade
já foi proclamada pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do HC 72.131. Obsta, entretanto, a restituição se
"a coisa foi furtada ou roubada" (CC, arts. 1.268 e 1.277).
Certa a ocorrência de furto do veículo, fica afastada a
responsabilidade do paciente como depositário infiel, não
havendo como subsistir contra ele a ameaça de prisão, sem
prejuízo de que o credor demande o pagamento do que lhe é
devido pelas vias adequadas (CPC, art. 906).
Habeas corpus concedido.
HC N. 76.966-MA
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: HABEAS-CORPUS. HOMICÍDO. APELAÇÃO
INTERPOSTA CONTRA DECISÃO DO JÚRI POR SER
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS
AUTOS A QUE O TRIBUNAL COATOR NEGOU
PROVIMENTO, POR ENTENDER QUE SE TRATA DE
MATÉRIA PRECLUSA QUE DEVERIA TER SIDO
ARGÜIDA EM PLENÁRIO E CONSTADO DA ATA DA
SESSÃO DE JULGAMENTO.
1. Verificar se a decisão do Tribunal do Júri é
manifestamente contrária à prova dos autos exige o
necessário exame de provas, o que é inviável em sede de
habeas-corpus. Ademais, o Tribunal coator não examinou a
matéria impugnada, o que implicaria na supressão de um
grau de jurisdição.
2. Cabe apelação, com base em expressa previsão legal (CPP,
art. 593, III, d), quando houver alegação de que a decisão do
Júri é manifestamente contrária à prova dos autos.
Precedentes.
3. Não pode o Tribunal de Justiça furtar-se ao dever de julgar
recurso de apelação com base no art. 593, III, d, do Código
de Processo Penal, sob invocação de que a matéria está
preclusa porque não suscitada em plenário no momento em
que ocorreu: a preclusão da nulidade prevista no art. 571,
VIII, do mesmo Código não se aplica ao caso.
4. Writ conhecido, porque impugna decisão de tribunal de
justiça, mas indeferido, porque não pode o Supremo Tribunal
Federal julgar o pedido, tal como formulado na inicial, para
examinar provas do processo-crime em sede de habeas-
corpus, tendo em vista o seu rito especial e sumário;
ademais, haveria supressão de um grau de jurisdição.
5. Ordem de habeas-corpus concedida ex-offício, tendo em
vista o manifesto constrangimento ilegal a que está
submetido o paciente, determinando-se que, superada a
questão da preclusão da matéria argüida, o Tribunal a quo
julgue a apelação interposta, examinando o pedido
formulado em decisão devidamente fundamentada, na forma
da lei.
* noticiado no Informativo 111
AG(AgRg) N. 210.680-PR
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - Agravo regimental.
- No tocante ao direito adquirido, pelo respeito ao ato
jurídico perfeito, a impedir que, com relação à caderneta de
poupança, em que há contrato de adesão, possa ser aplicada a
ele, durante o período para a aquisição da correção mensal já
iniciado, legislação que altere, para menor, o índice dessa
correção, é entendimento já assentado por esta Corte.
- De outra parte, para entender que havia direito
adquirido também com relação aos períodos posteriores,
partiu o acórdão recorrido da premissa de que, com o
bloqueio compulsório dessa caderneta, teria ocorrido
renovação compulsória do contrato vigente na data em que
esse bloqueio se iniciara, matéria essa que teria de ser
examinada previamente e que se situa no terreno
infraconstitucional, o que implica dizer que as alegações de
ofensa à Constituição, no caso, são indiretas ou reflexas, não
dando margem, assim, ao cabimento do recurso
extraordinário.
Agravo a que se nega provimento.
* noticiado no Informativo 110
AG(AgRg) N. 210.874-RS
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. MASSA
FALIDA. MULTA FISCAL COM EFEITO DE PENA
ADMINISTRATIVA. D.L. 7661/45, art. 23, III.
I. - Multa fiscal moratória: pena administrativa: sua não
inclusão no crédito habilitado em falência. Súmula 565-STF,
que não foi alterada pela CF/88.
II. - Precedentes do STF.
III. - RE não admitido. Agravo não provido.
AG(AgRg) N. 211.418-ES
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. MILITAR. PRAÇA DA
POLÍCIA MILITAR. EXPULSÃO. C.F., art. 125, § 4º.
I. - A prática de ato incompatível com a função policial
militar pode implicar a perda da graduação como sanção
administrativa, assegurando-se à praça o direito de defesa e o
contraditório. Neste caso, entretanto, não há invocar
julgamento pela Justiça Militar estadual. A esta compete
decidir sobre a perda da graduação das praças, como pena
acessória do crime que a ela, Justiça Militar estadual, coube
decidir, não subsistindo, em conseqüência, relativamente aos
graduados, o art. 102 do Cód. Penal Militar, que a impunha
como pena acessória da condenação criminal a prisão
superior a dois anos.
II. - Agravo não provido.
RE(AgRg) N. 168.078-SP
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. REMUNERAÇÃO: TETO.
ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO E DA SEXTA
PARTE.
I. - O adicional por tempo de serviço e o adicional da sexta
parte constituem vantagens pessoais, que devem ser
excluídas do teto da remuneração do servidor: C.F., art. 37,
XI. Devem ser calculados, entretanto, de forma singela sobre
os vencimentos, não podendo ocorrer a sua recíproca e
acumulativa incidência. É dizer, o que não pode ocorrer é o
"repique" das vantagens, C.F., art. 37, XIV.
II. - R.E. indeferido. Agravo não provido.
RE(AgRg) N. 207.910-SP
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DESMEMBRAMENTO DE
SINDICATO. ENTIDADE PRÉ-EXISTENTE.
MONOPÓLIO DA REPRESENTAÇÃO SINDICAL EM
DETERMINADA BASE TERRITORIAL. PRINCÍPIO DA
UNICIDADE SINDICAL. POSSIBILIDADE DE CISÃO.
NORMAS DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO.
1. Acolhendo o princípio da não intervenção e não
interferência estatal na organização sindical (CF, artigo 8º,I),
o legislador constituinte outorgou aos trabalhadores e
empregadores interessados a capacidade para definir a base
territorial da entidade que não poderá ser inferior à área de
um Município, afastando a competência do Ministério do
Trabalho para delimitá-la na forma prevista no artigo 517, §
1º da Consolidação das Leis do Trabalho.
2. Unicidade sindical. A norma constitucional estabelece que
é livre a associação profissional ou sindical, vedando à lei a
exigência de autorização estatal para a instituição de
sindicato, ressalvado o seu registro no órgão competente
(Ministério do Trabalho) a quem cumpre zelar pela
observância do princípio da unicidade sindical em atuação
conjunta com os terceiros interessados (sindicatos), de
conformidade com as disposições contidas nas Instruções
Normativas nºs 5/90 e 9/90, que lhes facultam, no prazo
nelas fixado, a impugnação do registro de fundação da
entidade, competindo à Administração Pública anular o ato
se julgada procedente a alegação.
3. Artigo 571 c/c o artigo 570, parágrafo único da
Consolidação das Leis do Trabalho. Possibilidade de cisão
do sindicato principal com o objetivo de constituir entidade
sindical específica, desde que observados os requisitos
impostos pela norma trabalhista.
3.1. Em face das disposições contidas nos incisos I e II do
artigo 8º da Constituição Federal não mais prevalecem as
restrições previstas na CLT.
4. Criação de sindicato por meio de desmembramento da
entidade sindical preexistente. Verificação da regular
decisão tomada pelos trabalhadores e comprovação de que a
base territorial da nova entidade não é inferior à área de um
Município. Reexame de provas. Incidência da Súmula
279/STF.
Agravo regimental não provido.
RE(AgRg) N. 208.405-SP
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. CIPA:
MEMBRO SUPLENTE: ESTABILIDADE PROVISÓRIA.
ADCT, art. 10, II, a.
I. - A garantia inscrita no art. 10, II, a, ADCT, estabilidade
provisória do empregado eleito para o cargo de membro da
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes -
abrange tanto o membro titular quanto o suplente, dado que
este, substituto do titular, funciona em todos os
impedimentos e ausências deste. Ademais, o preceito inscrito
no art. 10. II, a, ADCT, não distingue entre titulares e
suplentes.
II. - RE indeferido. Agravo não provido.
RE(AgRg) N. 212.852-SP
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.
- Há pouco, está Primeira Turma, ao julgar o AGRRE
215.946, de que foi relator o eminente Ministro Sydney
Sanches, salientou que a circunstância de não ter transitado
em julgado o precedente - que ainda não foi publicado -
referido no despacho agravado não impede que o relator
negue seguimento ao extraordinário (AGRRE 166.987 e
AGRRE 150.091, ambos da Segunda Turma), tendo sido os
fundamentos desse acórdão sintetizados na decisão agravada,
o que permite o exercício da defesa por parte da agravante.-
Ora, apreciando os diferentes aspectos da questão, firmou o
precedente o entendimento de que a jornada reduzida a que
alude o artigo 7º, XIV, da Constituição Federal - que visa a
compensar o trabalhador do maior desgaste biológico que lhe
provoca esse regime de trabalho - diz respeito ao sistema de
produção da empresa e não ao trabalho individual do
empregado, razão por que o intervalo para descanso ou
alimentação e o repouso semanal em dia certo não
descaracterizam o trabalho em turnos ininterruptos de
revezamento.
Agravo regimental a que se nega provimento.
RE N. 198.637-RS
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Previdência. Natureza salarial do 13º salário.
- A incidência da contribuição previdenciária sobre o
décimo-terceiro salário não ofende o artigo 195, I, da
Constituição (nem, em conseqüência, o § 4º desse mesmo
dispositivo), uma vez que a primeira parte do § 4º do artigo
201 da mesma Carta Magna determina que "os ganhos
habituais do empregado, a qualquer título, serão
incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária", e a súmula 207 desta Corte declara que "as
gratificações habituais, inclusive a de Natal, consideram-se
tacitamente convencionadas, integrando o salário".
- O mesmo entendimento foi perfilhado pela Segunda
Turma, ao julgar o RE 219.689.
Recurso extraordinário não conhecido.
RE N. 206.958-RS
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Assistência Judiciária gratuita. Alegação de
revogação do artigo 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50 pelo artigo
5º, LXXIV, da Constituição. Improcedência.
- A atual Constituição, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui,
entre os direitos e garantias fundamentais, o da assistência
jurídica integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem
a insuficiência de recursos.
- Portanto, em face desse texto, não pode o Estado
eximir-se desse dever desde que o interessado comprove a
insuficiência de recursos, mas isso não impede que ele, por
lei, e visando a facilitar o amplo acesso ao Poder Judiciário
que é também direito fundamental (art. 5º, XXXV, da Carta
Magna), conceda assistência judiciária gratuita - que, aliás, é
menos ampla do que a assistência jurídica integral -
mediante a presunção "iuris tantum" de pobreza decorrente
da afirmação da parte de que não está em condições de pagar
as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família.
- Nesse sentido tem decidido a Segunda Turma (assim, a
título exemplificativo, nos RREE 205.029 e 205.746).
Recurso extraordinário não conhecido.
* noticiado no Informativo 109
RE N. 213.323-SC
RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso extraordinário. Provimento
de cargo público. Ascensão. 2. Não é suscetível de
provimento por ascensão o cargo que for objeto de
provimento por concurso público. 3. Concurso de acesso que
no sistema da lei catarinense configura ascensão funcional.
4. Conceito de carreira. Acesso de classe a classe dentro da
mesma categoria funcional. 5. Se para prover cargo inicial de
uma categoria funcional prevê-se concurso público, essa
categoria funcional não pode vir a ter seus cargos
preenchidos, mediante ascensão funcional, com concurso de
acesso, desde a última classe de outra categoria funcional
inferior. 6. Recurso extraordinário conhecido e provido.
RE N. 217.279-SP
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO.
RURÍCOLA: APOSENTADORIA. C.F., art. 202, I.
I. Não auto-aplicabilidade do art. 202, I, da Constituição
Federal.
II. - Precedentes do STF: EREs. 163.332-RS, 175.362-RS,
175.520-RS e 175.580-RS, Moreira Alves, Plenário,
29.10.97.
III. - Voto vencido do Ministro C. Velloso.
IV. - R.E. conhecido e provido.
RE N. 221.342-RN
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Recurso extraordinário. Pagamento de
vencimentos. Constituição Estadual que estabelece data-
limite para o pagamento de vencimentos, corrigindo-se
monetariamente seus valores se pagos em atraso.
- A jurisprudência desta Corte já se firmou
(particularmente ao julgar a ADIN 176) no sentido de que o
estabelecimento, em Constituição Estadual, de data-limite
para o pagamento dos servidores estaduais e a determinação
de correção monetária, em caso de atraso, não ofendem o
princípio da independência dos Poderes, pois não implicam a
criação de cargos ou o aumento de remuneração, nem ferem
o poder de iniciativa exclusiva do Governador do Estado.
Ademais, de há muito, e independentemente de lei que a
imponha, este Tribunal se manifesta no sentido da incidência
de correção monetária sobre os vencimentos pagos em atraso
por entender tratar-se de dívida de caráter alimentar; assim,
por haver, em última análise, a Constituição estadual
reconhecido esse caráter a tais débito, não há como
pretender-se tenha ela invadido competência privativa da
União Federal.
Recurso extraordinário não conhecido.
RE N. 223.021-PE
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. MEDIDA
PROVISÓRIA: REEDIÇÃO: POSSIBILIDADE.
REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA.
PREVIDENCIÁRIO: CONTRIBUIÇÃO DOS
SERVIDORES PÚBLICOS AO PSSSP.
I. - Reedição de medida provisória não rejeitada
expressamente pelo Congresso Nacional: possibilidade.
Precedentes do STF: ADIns 295-DF, 1.397-DF, 1.516-RO,
1.610-DF, 1.135-DF.
II. - Requisitos de relevância e urgência: caráter político: em
princípio, a sua apreciação fica por conta do Chefe do
Executivo e do Congresso Nacional. Todavia, se uma ou
outra, relevância ou urgência, evidenciar-se improcedente,
no controle judicial, o Tribunal deverá decidir pela
ilegitimidade constitucional da medida provisória.
Precedente: ADIn 162-DF (medida liminar), Moreira Alves,
Plenário, 14.12.89; ADIn 1.397-DF, Velloso. RDA 210/294.
III. - Contribuições dos servidores públicos para o PSSSP: a
questão da anterioridade nonagesimal que não teria sido
observada pelas Medidas Provisórias 560 e suas reedições.
Precedente do STF no sentido da inconstitucionalidade de
dispositivos das citadas medidas provisórias que não
observaram o princípio: ADIn 1.135-DF, Velloso (vencido),
Pertence p/acórdão, Plen., 13.08.97, "DJ" de 05.12.97.
Questão não argüida no presente RE.
IV. - R.E. não conhecido.
RE N. 223.179-SP
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: EXTRAORDINÁRIO. INFRAÇÃO ÀS
NORMAS TRABALHISTAS. PROCESSO
ADMINISTRATIVO. CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA. PENALIDADE. NOTIFICAÇÃO. RECURSO
PERANTE A DRT. EXIGÊNCIA DO DEPÓSITO PRÉVIO
DA MULTA. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE E
GARANTIA RECURSAL. AFRONTA AO ART. 5º, LV, CF.
INEXISTÊNCIA.
1. Processo administrativo. Imposição de multa. Prevê a
legislação especial que, verificada a infração às normas
trabalhistas e lavrado o respectivo auto, o infrator dispõe de
dez dias, contados do recebimento da notificação, para
apresentar defesa no processo administrativo (art. 629, § 3º,
CLT). Considerada insubsistente a impugnação exsurge a
aplicação da multa mediante decisão fundamentada (art. 635,
CLT). Não observância ao princípio do contraditório e à
ampla defesa: alegação improcedente.
2. Recurso administrativo perante a DRT. Exigência de
comprovação do depósito prévio. Pressuposto de
admissibilidade e garantia recursal.
2.1. Ao infrator, uma vez notificado da sanção imposta em
processo administrativo regular, é facultada a interposição de
recurso no prazo de dez dias, que somente será acolhido se
instruído com a prova do depósito prévio da multa (art. 636,
§ 1º, CLT), exigência que constitui pressuposto de sua
admissibilidade.
2.2. Violação ao art. 5º, LV, CF. Inexistência. Em processo
administrativo regular, a legislação pertinente assegurou ao
interessado o contraditório e a ampla defesa. A sua instrução
com a prova do depósito prévio da multa não constitui óbice
ao exercício do direito constitucional consagrado no art. 5º,
LV por se tratar de pressuposto de admissibilidade e garantia
recursal, dado que aferida a responsabilidade do infrator em
decisão fundamentada.
Recurso conhecido e provido.
RE N. 223.521-RS
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS.
CORREÇÃO MONETÁRIA DOS DÉBITOS FISCAIS E
INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A
ATUALIZAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
ISONOMIA E DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
IMPROCEDÊNCIA.
1. Crédito de ICMS. Natureza meramente contábil. Operação
escritural, razão por que não se pode pretender a aplicação
do instituto da atualização monetária.
2. A correção monetária do crédito do ICMS, por não estar
prevista na legislação gaúcha - Lei nº 8.820/89 -, não pode
ser deferida pelo Judiciário sob pena de substituir-se o
legislador estadual em matéria de sua estrita competência.
3. Alegação de ofensa ao princípio da isonomia e da não-
cumulatividade. Improcedência. Se a legislação estadual só
previa a correção monetária dos débitos tributários e vedava
a atualização dos créditos, não há como falar-se em
tratamento desigual a situações equivalentes.
3.1 - A correção monetária incide sobre o débito tributário
devidamente constituído, ou quando recolhido em atraso.
Diferencia-se do crédito escritural - técnica de contabilização
para a equação entre débitos e créditos, a fim de fazer valer o
princípio da não-cumulatividade.
4. Hipótese anterior à edição das Leis Gaúchas nºs 10.079/94
e 10.183/94.
Recurso extraordinário conhecido e provido.
RMS (EDcl) N. 22.307-DF
RED. P/ ACÓRDÃO: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDORES DO
MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. REAJUSTE
DE VENCIMENTOS DE 28,86%, DECORRENTE DA LEI
Nº 8.627/93. DECISÃO DEFERITÓRIA QUE TERIA SIDO
OMISSA QUANTO AOS AUMENTOS DE
VENCIMENTOS DIFERENCIADOS COM QUE O
REFERIDO DIPLOMA LEGAL CONTEMPLOU
DIVERSAS CATEGORIAS FUNCIONAIS NELE
ESPECIFICADAS.
Diploma legal que, de efeito, beneficiou não apenas os
servidores militares, por meio da "adequação dos postos e
graduações", mas também nada menos que vinte categorias
de servidores civis, contemplados com "reposicionamentos"
(arts. 1º e 3º), entre as quais aquelas a que pertence a maioria
dos impetrantes. Circunstância que não se poderia deixar de
ter em conta, para fim da indispensável compensação, sendo
certo que a Lei nº 8.627/93 contém elementos concretos que
permitem calcular o percentual efetivamente devido a cada
servidor.
Embargos acolhidos para o fim explicitado.
* noticiado no Informativo 102
RMS N. 22.769-DF
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
ANISTIA. SERVIDORES DO EXTINTO BANCO
NACIONAL DE CRÉDITO COOPERATIVO - BNCC:
NÃO OCORRÊNCIA DA ANISTIA DA LEI 8.878, de 1994.
I. - Servidores do extinto Banco Nacional de Crédito
Cooperativo - BNCC - extinto por força da Lei 8.029/90:
rescisão de seus contratos de trabalho em razão dessa
extinção: não estão esses servidores abrangidos pela anistia
da Lei 8.878/94.
II. - A administração pode anular seus próprios atos, quando
ilegais, deles não originando direitos: STF, Súmula 473.
III. - Recurso não provido.