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1. Wt pr xc, inca came Wigs cia Pte Dae ae Roe ei Oi. Descanso Nae tava is ge ptdine pie hop seats 2. Hee 6 en vs ‘ora papeae usa ‘0 cpl pes or sc ae mug Des cha 0 pe Heo tea de Dr Ate de ge em 182 np Sate parts d se ern Yr The qu can caring vent” 0 Base mot N Yok Hoe & Fw 57. O Enigma da Técnica Antonio Abranches (Chegamos muito tarde para os deuses muito cdo para o Ser (0 poema do Ser apenas comegou,¢ 0 home (M. Heidegger Entra as unanimidades, estaboleidas pela opinigo corrente, sobre o valor positivo da arte eo valor regativo da politica instala-se, curiosamente, 0 valor ambiguo concedido técnica, Uma arte de mé qualidade simplesmente ndo ¢ arte alguma. A boa politica € algo fem que defintivamente no se acredita mais. Essas crengas tomaram-se ariomaticas. A historia dos juizas de valor sobre a técnica 6, a0 contéri, uma historia de hesitagBes e, em todo caso, extrinseca a propria técnica porque sempre se refere, ingenuamente, 8 sua boa ou ‘mé utlizagdo. A isso se costuma chamar — 20 menos desde que Max Weber se pronunciou sobre o assunto ~ a questo da neutralidade axoldgica valorativa) da te nica’. Nesse momento preacupa-nos menos a opinido de Weber do que 0 fato de que seu interesse pelo toma assinala, aproximadamente, o instante em que apare- ‘cem as primeiras perplexidades perante a verdadeira natureza da técnica e a verdadeira natureza dos valores em goral Tas perplexidades em povcos anos tornar-s- jam um assunto de massas, mas erem, vitualmente, desconhecidas no século passat, 0 século que eat sagrou 0 cientsta como o herbi da. moderidad Naquele instante, contudo, elas jé animavam 0 debat sobre uma filosofa dos valores epunham 0 tema da nica na agenda filasbfica de maneira irreyogével Mas foi no periodo do entre-guerras gi desenvolveramse reflexGes sobre a natureza da téenit que visavam substituir anteriores interpretagGes acer 4a esséncia do mundo modemo. O que elas tinham & comum era 0 fato de que a questdo de sue neutral ‘comegou a ser posta em outros trmos, em termes que desvinculavam de uma remiss8o & ética de sua wig .¢40°. Contudo, nio foram tais reflexes mas @ Seguae Grande Guerra 0 que transformou em assunto de mg sas algo que até entéo haviainteressado @ um arag restrto de ciemtstas e pensadores. 0 jabilo dos Aliadt Ocidentais com a exploséo (necessariamente) espetag lar das primeiras bombas atOmicas foi repidamen seguido por uma espécie de estupefagao mundial rante os novos poderes humanas e pelo debate 130 @ neralizado quanto indcuo sobre @ ética da utilizags Vazado em termos tradicionais, em termos que n80 ea ‘respondiam ao sem precedentes da situagéo, despollt 20u-se © infantilizou-se 0 assunto, como se a utiliza de armas ou equipamentos nucleares pudesse ser rea recog am Ane Kanha Ong tu Teni ada, simplesmente, por cuidados (técnicos) e pres- rigdes (éticas) *. Mes seria errado pensar que questo da ‘técnica tornou-se um problema politico apenas porque estava em jogo 2 destruigdo fisica da humanidade. A multiplicago dos protestos’ contra a fabricagdo, 0 ‘emprego © pela redugdo e eventual eliminagéo dos artefatos nucleares, conquanto polticamente rele- ‘antes, jamais tocaram — e nem poderiam — o ceme da ‘questo, porque se referiam, ainda que indretamente, 8 ‘tica da wtlizagz0 ou, em todo caso, a uma conside- ‘ago sobre a improbabilidade de uma reforma moral ‘nclusiva do ser humano. A dificldade nesse caso ¢ que 2 prencupacéo com a pura e simples preservagaobiold- ‘ca da vida, ja trazia embutida uma auto-compreensdo ‘da natureza humana © do mundo tecnicamente determi- nada, € 0 que estava presente nessa compreensio nao ra um problema politico de menor gravidade. Se a par das cifncias atfmicas, a genética, a rabdtica ou ainfor- ‘Muito se fala sobre a técnica e pouco se pansa nela, Mas nenhuma das duas coisas 6 abitréria ‘oucasual. A diferenca entre ambas 6 uma determinago do que na técnica hd de essencial. A essncia da técni- ‘2 coincide com a maneira peculiar pela qual ela se ‘presenta, ou seja, como 0 enigma e o desafio de todo © pensamento. O enigma da técnica nao é um enigma ‘comum, um problema, teoricamente tratével, para o ‘ual se espera, @ qualquer momento, uma solugdo. Ele Consiste, justamente, no fato de que o mundo tenha Podido, um dia, apresentar-se para nés, em dltima instancia e de maneira generalizade, como um conjunto sistematico de problemas. praticos teoricamente tratéveis, Resolver 0 enigma da técnica ¢, em meio & sua dominacéo, dizer 0 que ela 6, dizer o que ela nos revela em sua essBncia e como ela nos dispde. Dizer 0 que ela 6 do € rita "Eureka", como se se tratasse da descoberta de um indivdua isolado que, subitamente, encontrasse a solugéo para uma antiga equagSo que, caprichosamente e durante séculos, se esquivava de 16s. O enigma da técnica no ¢ um problema téenico, cuja solugSo possa vigorar soltaia e incompreendida 10 corago de um homer, Cabe a nés,inicialmente, entender a técnica como algo que, embora nos envolvendo inteiramente, am eng matica ~tecnologias derivadas do gigantescoesforgo de uerra — puderam também aperener como ameaga & integridade fsica do homem — e as apreensées com ‘elaro a tas tecnologia tem sido, nos itimos cinquen ‘a anos, objeto da literatura e,prncipalmente, do cine- 1ma de iog ciantfica, algo que ndo devera ser cons- derado um mero diverissement — iso néo quer dizer que algo de ainda mais grave nao pudesse estar amearado. 0 prpri fato de que ndo pudemas conceber nada de mais grave do que a eliminagdo fsica da ‘humanidade deveria ser suficientementeelogiente para inicaro quant o nivel da discusséoe a capacidade de significacéo da linguagem estavam, como estao,tecni- ‘camente pré-determinados. Se, de fato, no nos importamos com a cit- cunstincia de que podemas, ¢ cada ver mais, fazer nisas que no podemes compreender, nem disci, nto € a propria preocupagao com a ameaca a integs- dade fisica do homer que se toma sem sentido, ‘ainda se recusa ao pensamento, Quando pensamos com- preender aquilo que esta mais préximo de nds, que nos assedia a cada momento, que nos compraz ou nos irita, ‘que nos assombra e desperta a imaginagao ou que nos ‘ameaga quando se apodera de nds, justamente, entdo, 0 seu sentido nos escapa totalmente, Nao se trata sim- plesmente de algo que ainda nao sabemos, mas que no ‘sabemos quando pensamos saber. 0 enigma da técnica se apresenta de forma essencial na extrema familar- dade com que vivemos a era tecnol6gic, Para resolver esse enigma seria preciso der a técnica uma boa definigdo. Mas isso 6, precisamente, © que ndo estamos & altura de fazer, ndo por ignoréncia ‘ou estupidez, mas em fungdo daquilo mesmo que a téc- ‘ica nos recusa. Contudo, se no podemos, ainda, dar ‘uma boa definigao da técnica, talver seja possivel dizer 0 que a técnica nao é, ou seja, talver seja possivel descartar as representagdes usuais sobre sua esséncia ‘que impedem 0 acesso ou a aproximagao a0 que essa essOncia, to préxima e tao distante, procura nos dizer. AA técnica p30 6, como se costuma pensar, uma esfera particular da experiéncia, uma disciplina sujeita a determinagées metafisicas anteriores. Pelo ccontrario, toda expariéncia humana, e isso inclui @ experiéncia do pensamento jé esta de anteméo condi- ‘oma ee posite hoje ae apes wp amas po oreo 8 ean Ate aka ds Theion cionada por ela. 0 pensamento, desde que foi conce- bide como teoria, ndo é menos técnica do que qualquer praxis © no hd distancia essencial entie eles. Pensamos tecnicamente sobre todos os assuntos, no célculo de conseqdéncias da vida cotidiana, em matérias de natureza moral ou politica, na busca da compreenséo de uma obra de arte, na discusséo dos designios ou da existéncia de Deus, na interrogagao sobre a natureza humana ou sobre 0 sentido do que ‘Quer que seja. A abrangéncia do pensamento técnico ‘corresponde @ prépria abrangéncia da linguagem usual € no apenas a das recentes linguagens formalizadas, cientificas. 0 pensamento é pensamento técnico porque desde o inicio fala a lingua da metatisica. A técnica, 0 pensamento técnico (tedrico), a ‘metafisica e 0 Ocidente coincidem. 0 Ocidente nao pré- ‘existe a0 pensamento técnica e a metafisica como pura localizagao geografica ou realidade fisica, mas é engen- drado por eles. N3o cabe perguntar porque a metafisica surgiu na Grécia Ocidental, mas compreender que 0 Ocidente prcisamente a singular disseminagéo desse pensamento @ dese modo de vida ~ 0 bios theoretikos —, que ele €, por assim dizer, @ propria historia da técni- a, uma destinagdo sua. Ao que agora se revela como ‘singularidade chamamos metafisica. Compreendida em sua singularidade nao arbitréria — no se trata da ocorréncia aleatéria de uma Possibildade entre muitas, o que jé seria pensar tecni- ‘camente -, a metafisica deixa de ser um absolutotetri- 0, a toaldade incontomvel de nosso possivelacesso a0 ser do mundo, para converter-se naquilo que -encomendou 0 Ocidente. Nao se trata mais de uma dou- ‘tina milena confinada em academias, mosteitos ou un versidades, no se trata da ciéncia estabelecida do ‘Supra-Sensivel que, unicamente, pode orientar distan- Cia, nos vértices do poder, todo 0 conhecimento tedrico ‘ou empirico da natureza € 0 comportamento politico € ‘moral dos homens sobre a Terra, mas de uma forma sin- ‘ular, inteiramente disseminada e no opcional de estar ‘no mundo. Algo que no se pode propriamente consid ‘rar hist6rico porque engendra toda a historia, mas que 6 historal *, dados os vinculos no examinados que entetem com a temporalidade ‘Aaabrangéncia da técnica ndo se verifica ape- ‘nas na disseminagéo historicamente localizade, moder- ‘na Ou contemporanea, do pensamento técnico. O enigma da técnica aprofunda-se ainda mais quando tomamos ‘em considerago seus vinculos com a historia e a tem- poralidade. O pensamento técnico dispde a historicidade item terol da histéria como algo que prévexiste ao Ocidente, desconsiderando a historialidade do pensamento ‘metafisico ou, o que.dé no mesmo, considerando-o como um tipo, como espécie do género pensamento. Ele engendia historaimente a historcidade, ndo no sentido correto e superficial de um relato documental eexplici- {, conquanto corigive, dos acontecimentos histéricos, mas porque define uma cera celagdo de precedéncia existoncial entre @ natureza muda, fechada sobre si ‘mesma, e @ abertura, @ prosa do mundo, a linguagem ‘que pete primeira vez disse 0 mundo, que nomeou um antes do e um depois de e, entre eles, seu proprio e nisterioso surgimento ®. A anterioridade de uma tem- Poralidade mudo, experimentada @ nomeada pasterior ‘mente pela linguagem s6 tem vigéncia no quadro de uma representagdo técnica (metatisica ou cronolégic), da temporalidade que no é, contudo,arbitréria ou sem sentido ’. 0 pensamento técnico engendra a historci- dade do mundo segunda 0 modelo da derivagio ~ causal ou ndo ~, da sucesso muda de acontecimentos ‘atures fechades sobre si que, mediante uma l6gica, quigé caética ou probabilistica, em algum moment, resultard na abertura que retrspectivamente tudo omeia, mas apenas nomeia, como por adigéo, aqulo ‘que ja é sem abertura © Porque @ téonica nao ¢ ume estera particular da experiéncia humana, porque sua disseminagao lingostica ehistrial ¢ abrangente, a nica possibildade que se abre para nds 6 a de falar da técnica em meio & sua dominago, buscando compreender qudo refém é um ‘efém que jd nasceu em poder de seus seqUestradores. dominio abrengente da técnica se deu, sobretudo, no esquerimento de sua dominagdo, ou seja, no fato incon- tomével de que 2 técnica cumpriu sua esséncia, con- sumou-se, @ partir do momento em que 0 Ocidente, encomendado pela metafsica, decidu-se peta crenga na verdade do método que atribua ao sujeito a soberania dos procedimentos técnicos. A distancia teoricamente ‘residual ente tea epréxis foi absolutamente anulada quando se atualzou a possibilidade ineente a toda re- presentacéo, a saber, # de representarsimbolicamente (algebricamente) os objetos esparo-temporais (para falar a lingua da metafisica kantian), resolver 0 conjun- to de suas relagées e verifcar praticamente a verdade dessas relagbes. Desde entdo, toda teoria ~ por mais absurda que parega quando traduzida para a linguagem ‘do senso-comum -, & notoriamente aplicdvel, ¢ a0 ‘enso-comum s6 tem restado, entre o maravilhamento e a desconfanga, darhe passagem. A aplcabilidade da 0 1mme nr tes ‘ti mat 106 congo metsinca ae eta an Osi io ota ene ants, ma, ee, Kd «ai Inf eruaa a Ah ‘orate eager cea con ce oe {emg Noe cr, as 8 ee doe cortege ince si ee tego prs: ers he erin o tengo ese, apr lage come. zope A eto 6 hate ita opt er es, ara moe a. ‘an pr una get tia us iis pore 0 tee te hese i passa 10 go «matin ah e oenpoaes) a2 esta 00 Ponsa ieee seer ais de ike Ox pe ei. a ar sind mere es ri ra aw atiseiaseraneedin = a mraina # eee oul des semicimet mais ain ect ere pemence lars lnqmatenade scbearia « reso aio ceva, orp seca oreo: ion lands lnereses © vibe sc, cera mete Sesame 8 tte sev me erg, come, ste a tea de oo, ce oe ado jon, acta tn. at lg er et ceca 6 a hide iia are st tu, er raat vin ul ue atc cee tote se treo aoe {LAs oma ea te ‘un por ea gue inch a a> emi, es pmea wean: 6 came 0 at para 0 sec, so co ma nee tt hes eho ace ‘nk certorpes wen oman st ros eros gu. perc se 87 ‘

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