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Digs Benjamin Abdel Junir samira VoussetCompedel Proparagio de texto onic Buono a Siva arte 0 « projto gfico (iol) "Rania do Amaral Hoch ISBN 8508 00682 9 2005 Sumario . Ler 0 universo em linguagem__s Ler metlinguagens—__—__ 7 Nessa metalinguagens @ da Hteratura 8 No ambito da lingiistica, a comunicagao. 4 ‘Como funciona a comunicagie 11 As fungies de linguagem—— 12 Repertério e cultura = 4 ‘A mensagem estética, sua marca, 16 ‘Além da lingistca: a postica e a semidtica——17 Fator: mensagem, fungao postica__19 Na pogtica: auséncia e presenga. 2 [No poems, o que é diferente é a semelhanga,..__25 |. Fungao metalingiiistica, 0 cédigo em questa ca da palavia: o significado 28 i do significado, no signiicante 33, ‘A metalinguagem das formas 39 No ambito da arte, a literatura__42 ‘A causa: a ee a © poem moderao: eriso 48 Com o poeta, a palavra 4 Sobre 0 escrever____ at Tntentextalidade— 32 A palavra de utes. 33 10. A histéria do outro—__ Dizer o indizivel, dizendo___57 [Nilo se faz poesia com parlengas 60 Sobrescrever—— Com o narrador, a teoria__64 Sobre personagem Sobre Ietor_—______ 66 Sobre a mensagem marrava— 67 Sobretudo 8 A palavra critica Antes da critica, uma sintese nm ‘A alividade ertien 72 Das eriticas, duas concepgbes______73 A palavraCRI(tic) R77 Vocabulario critica __t Bibliogratia comentada__ 86 1 Ler 0 universo em linguagem Seja a existéncia de um poema um jogo de produgio f recepedo: alternam-se os lugares de poeta ¢ de leitor, fesiste a obra, No ato de leitura, que dé vida a0 texto, Pereebe-se esse receptor, criando — de novo e desde sem- re — 0s plursis senidos ali expostos. E que 0 ato de leitura, antiqlissimo, ¢ relacional 4 poeta a0 leitor, persste a sombra da linguagem de um ede outro, marcados que sio pela expectativa do encontro. Diz o receptor: “Que vou ai encontar, neste algo pronto © dado?” E viaja na travessia da descoberta. E bem precisamente isto, a descoberta de inimeras significagses que 0 texto oferece nos camtinhos ¢ tropegos do. ato de leitura. Porque 0 encontro que af se dé & 0 da linguagem: Ao poeta e do leitor, eonstrutores de signos. Ou do emissor © do receptor diante de qualquer produgdo que necessite ‘expor seus “sentidos” a um outro que The dé existéncia pelo ato de descoberta de seu ser. Diante de um poema, de um filme, da misica que estimula © sensorial auditivo, a escultura que convida a0 tato, da cigncia que permite ‘ especulagio, da moda que articula simultaneamente todo 1, da arquitetura que recorta 0 espago, da natu re2a que fragmenta uma paisagem, do teatro criador da ilusio-imite entre fantasia e realidede, da pintura © da fotografia que questionam a representagio grifica do mun- do, diante, portanto, de qualquer mensagem organizada como um sistema de signos, esté o receptor defrontado com a linguagem. Linguagem que € signo em acio. O simples olher ao redor implica um gesto de letura do mundo. Ha sempre © outro deflageado diante do eu, hé sempre relagdes — de passividade ou dinimicas de crigao fou de repeticio — mas sempre relagder entre Tinguagens, Ora, considerar assim a relagdo do ser humano com ‘6 mundo, como um ato de leitura, & generalizar demas! Tudo, entdo, reduz-se ao ato de leitura? Diria antes: tudo amplia-se no ato de leitura que, por sua ver, implica sempre telagdes entre um outro, porque ambos const- twem-se como linguagens. Na verdade, € preciso saber recortar, tomar partido, postar-se diante da diferenga. Nao sso, por exemplo, considerar a moda uma mensagem signica que organiza seu material, da mesma forma que rmensagens de utilizagdo do espago — digamos, a arqui- tetura — 0 fazem. Ha que se con-formar com o modo como um sistema de sinais € organizado, a partir da questio "Que material € proprio dessa linguagem?", para, na travessia da descoberta, dizer sobre este mesmo modo de organizagio dos sinais. Entre a partida © a chegada interminivel da travessia hi mais mistérios do. que po- demos imaginar, Pois bem, esse gesto do olho, do tato, do owido — enfim, 0 gesto que 18 desvendando 0 ‘objeto — & uma operacio de conhecimento, e sua tadu= 0 em linguagem, 2 tentativa de dizer dele, sobre cle, com ele: como € o que €, ou, como € o seu ser. Estamos, portanto, sueitos a Ler metalinguagens ‘Afirmamos também que ambos, eitura © mundo, si0 linguagens. Estamos dizendo que uma operagio de conhe- cimento acerea de algo é, na relagio eu—outro, uma Iradugdo de linguagem, onde um termo A — que podemos considerar como a emissio que organiza os signos rete rentes a0 objeto, operando um conhecimento acerca desse mesmo objeto — descreve, explica, identifica, reproduz/ produ, cria, einventa, equaciona, equivale & um termo a A Tinguagem a B linguagem 6 © inal de equacio, sublinhe-se bem, significa uma relagio de pertingncia: quer dizer que & Tinguagem 6 refere-se, em sua propria linguagem, a linguagem 4, Ou, por outa, a linguagem-objeto (Vinguagem a) & falada pela linguagem 6, cujos signos sio constituidos da lingua- gem a, Em termos gerais, a isso denominamos metalin- ‘uagem. © proprio sentido do prefixo metd, seyundo 0 Novo diviondrio da lingua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, remete-nos & sua etimologia grega, que sig- nifica: ““mudanga’, ‘posterioridade’, ‘além’, ‘transcendén- cia’, “eflexdo, extica sobre’ ‘Um ivro sobre metalinguagem & um livro metalin- aiistco. Aquela eangio que fala sobre fazer a cangio, composta e cantada por Caetano Veloso (“Eu vou fazer uma cangio pra ela/Uma eangio singela, brasileira") & uma cangio sobre a cancio. Ha algo af de identidade (e, curiosamente, a cangdo se chama “Nao-identifcado"), naguele sentido de cquivaléncia, de equagio. Todas as vezes que, no diilogo informal, necessitamos explicar-n0s melhor, estamos no ‘imbito da metalinguagem, isto &,

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