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Análise de Que horas ela volta?


A luta contra a miséria e a ascensão do pobre para a nova classe
média, bem como a discussão sobre classe social e direitos
trabalhistas, abordados a partir do filme brasileiro Que horas ela volta?
10 de fevereiro de 2017 Caroline Svitras 0 Comentário

Por Sidnei de Oliveira* | Fotos: Shutterstock/Divulgação | Adaptação web Caroline Svitras

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Quando discutimos questões sociais, valores e trabalho, o primeiro filósofo que nos vem à mente é
Karl Marx (1818-1883), pois em sua obra esclareceu temas sobre a sociedade, a economia e a política, Entrevista com Ernani Chaves, professor do
tendo como progresso continuado a luta de classes. O objetivo deste artigo não é discorrer sobre a departamento de Filosofia da UFPA.
teoria dos filósofos que aqui serão citados, mas, sim, nos apropriarmos de suas filosofias para
A felicidade em Aristóteles
compreendermos melhor a situação representada no filme Que horas ela volta?, dirigido por Anna
Muylaert. O filme retrata a imposição do rico sobre o pobre, do“forte” sobre o “fraco”, do burguês sobre
Nietzsche e o ressentimento
o proletariado, da dona de casa sobre a empregada doméstica. A História fez que essa naturalidade
ganhasse seu espaço, o rico em espaço largo e o pobre no mínimo e “necessário” para “viver”. É preciso Por que filosofar?
nos atentarmos para o fato de que o espaço designado ao “quartinho da empregada” não está
determinado apenas ao meio físico, mas, sim, ao espaço como ambiente psicológico imposto pelo Violência nas redes sociais e a banalidade do
patrão ao empregado. Quando o patrão dita as regras, o seu espaço está sendo limitado e sua mal
liberdade, questionada, pois as regras são formas de disciplinar o empregado e de colocá-lo em seu
O que é justo?
devido lugar. Esta forma disciplinar para Michel Foucault (1926-1984) “é antes de tudo, a análise do
espaço”. “O poder disciplinar não coage em sentido direto, mas atinge seus objetivos através da
Afinal, o que é responsabilidade?
imposição de uma conformidade que deve ser atingida. Em suma, ele normaliza, ou seja, molda os
indivíduos na direção de uma norma particular, uma norma sendo o padrão de certo tipo”. A coreografia da morte

Kant e a Modernidade

Este acontecimento disciplinar é bem desenvolvido no filme brasileiro Que horas ela volta?, pois a
O inverno está aqui
empregada, Val, está ciente do que pode ou não fazer na casa de seus patrões. Sua filha, Jéssica, não
aceita a posição da mãe no trabalho e a questiona, “não sei onde você aprendeu essas coisas, não pode
isso, não pode aquilo, estava escrito em livro? Quem te ensinou? Você chegou aqui e ficaram te
ensinando essas coisas?”. Em outra cena, Jéssica novamente interpela a mãe: “sinceramente Val, não sei
como tu aguenta […] Ser tratada desse jeito, como uma cidadã de segunda classe”. A posição firme,
questionadora, reflexiva e segura de Jéssica ocasiona um desconforto e incômodo a D. Bárbara e ao seu
filho, Fabinho, provavelmente pela insegurança que ambos possuem e interpretam de forma errada
a situação de Jéssica, pois ela sabe que a única saída é por meio dos estudos, já que sua família
não possui bens e muito menos heranças para garantir um futuro digno, ou ao menos as condições
necessárias para uma ótima formação. O primeiro contato de Jéssica com a família é exatamente o
momento que marca tal reação e interpretação, pois ali, podemos ver a ironia de D. Bárbara, a inveja de
Fabinho e o espanto de ambos sobre Jéssica prestar o vestibular para Arquitetura, já que alguns dos
cursos em universidades, ainda nos dias de hoje, são classificados por uma classe social.
Quando questionada sobre seus estudos no Nordeste, Jéssica não hesita em dizer que não eram bons,
mas que teve a ajuda de um professor de História, que tinha uma visão crítica e trabalhava com teatro.
Sabemos que a Arte, em geral, é capaz de auxiliar e melhorar a formação do sujeito.

Veja como a arte atua na psique

Ainda na cena do primeiro contato com a família, Jéssica demonstra não ter dúvida do que pretende
seguir. Ela observa a casa e discorre com sabedoria prática, dado que já havia desenhado o projeto de
uma casa para o seu tio construir na cidade de Recife. Esse caso mostra também a diferença entre o
jovem de classe baixa, que precisa ainda cedo, antes dos estudos – que por vezes precisou ser
interrompido para trabalhar –, colocar em prática muitas das coisas que futuramente irá se aprofundar,
diverso do jovem de classe média alta, que se preocupa apenas com os estudos. Outra passagem que
firma esta segurança é a relação de Jéssica com a leitura, do posicionamento que ela tem entre a
escolha do curso com a sociedade em que vive, pois a jovem Jéssica acredita que a Arquitetura é um
projeto de mudança social. D. Bárbara, mais uma vez irônica, expõe em uma frase a sua posição em
manter-se distante da mudança, do pobre, do oprimido, “Sua filha é inteligente, Val […] O País está
mudando mesmo, né? Bacana, muito bom, boa sorte!”. “Antes de tudo, o trabalho é um processo de
que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria
ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a
natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e
pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à
vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica a
sua própria vida”.

Para Marx, a ação planejada do trabalho transforma a natureza, o homem pensa para alcançar de
alguma forma a concretização do trabalho, seja com instrumentos ou ferramentas. Na mudança
sempre há um propósito, ou seja, a satisfação de suas necessidades e esta relação social é dinâmica,
uma permanente transformação que pelas contradições, evolui. No filme é possível realizar uma
analogia com o conceito de “mais-valia” em Marx, tal exemplo é evidenciado no trabalho da empregada
Val. Antes disso, uma questão importante que não acontece com a protagonista no filme, segundo a
filosofia de Marx, “o trabalhador só se sente, por conseguinte e em primeiro lugar, junto a si
[quando] fora do trabalho e fora de si [quando] no trabalho. Está em casa quando não trabalha e,
quando trabalha, não está em casa”, ou seja, a importância entre o trabalhador e o local de trabalho, a
separação destes dois ambientes – trabalho e casa – está relacionada à identificação do eu enquanto
sujeito e o desligamento das horas trabalhadas. Logo, é inconcebível que o trabalhador viva no
trabalho, mesmo que haja um horário estipulado para trabalhar, o sujeito está imerso no ambiente e
totalmente desvinculado da sua vida pessoal e social. Val mora na casa de seus patrões, o único lugar
“privado” que ela possui é o quartinho minúsculo e sem o mínimo de conforto. Temos conhecimento
que a mais-valia é o trabalho excedente não pago, no caso de uma indústria é mais fácil de identificar
esse processo, pois o operário tem seu horário definido e a função juntamente com a produção a ser
executada. Ora, a empregada doméstica possui suas funções, teoricamente ela é determinada a
cumprir o seu trabalho dentro de um horário, mas quando o indivíduo mora no trabalho, a
“aproximação” do empregado com o patrão é algo inevitável, portanto, é neste momento que a mais-
valia entra em ação no caso da empregada doméstica. O trabalho de uma empregada doméstica está
relacionado à limpeza e à higiene da casa, desta maneira, outro tipo de trabalho que não esteja
cotejado à limpeza e à higiene será realizado de forma gratuita – exploração de trabalho. Vejamos
alguns momentos em que isso acontece no filme. “Val, me traz um copo de água, por favor? […] Val,
você pode trazer um sorvete para a gente?” Parece ser algo irrelevante quando se trata de um “favor”,
mas isso é o passo inicial para “liberdade de pedir” que a empregada leve o cachorro para passear,
carregue as malas do filho do patrão, cuide e crie o filho da mãe ausente, acorde o patrão e o faz se
lembrar de tomar seus remédios, entre tantas outras funções não pagas.
Karl Marx

Questões como estas desenvolvidas no filme apresentam a diferença entre classes, valores, direitos e
deveres. Poderíamos levantar mais problemas que foram mencionados, como: o uso da cannabis, não
ter direito de utilizar a mesa dos patrões, a associação que D. Bárbara faz de Jéssica com um rato
quando a vê na piscina, o amor de filho para mãe que Fabinho possui por Val, entre tantas outras coisas
que talvez tenham passado despercebidas, independentemente da classe social que assistiu ao filme.

Questão de escolha
A frase utilizada apenas uma vez, mas muito bem conhecida no meio doméstico, dita por D. Bárbara,
“você é praticamente da família”, é sutil, educada, “carinhosa”, mas com uma imposição muito forte.  Ela
tem o sentido de pôr limites, regras, de estipular o direito e dever de Val. Ela, por sua vez, compreende
isso muito bem, introjeta tais valores de uma classe que não lhe pertence e afirma em  algumas de suas
falas, “A pessoa já nasce sabendo o que pode e o que não pode […] Não pode sentar na mesa deles [sic],
onde é que já se viu filha de empregada sentar na mesa dos patrões [sic]? […] Quando eles oferecem
algumas coisas que é deles [sic] é por educação, é porque eles têm certeza que a gente vai dizer não!”.
Até que ponto o pobre será coibido pelo rico, quando deverá tomar as rédeas e conduzir a vida da
melhor maneira possível? Até quando os mais favorecidos “ditarão” as normas aos menos favorecidos?
Para Jean-Paul Sartre (1905-1980), não existe um ser supremo capaz de estabelece regras e normas –
valores – que conduzam o comportamento do homem e de sua consciência. Por essa razão, o homem é
livre, ele não pode fugir de sua existência, logo, está condenado a ser livre. “Com efeito, sou um
existente que aprende sua liberdade através de seus atos; mas sou também um existente cuja
existência individual e única temporaliza-se como liberdade […] Assim, minha liberdade está
perpetuamente em questão em meu ser; não se trata de uma qualidade sobre- posta ou uma
propriedade de minha natureza; é bem precisamente a textura de meu ser…”.

Jean-Paul Sartre

Essa liberdade traz consigo uma responsabilidade com o destino do próprio sujeito com o destino e a
liberdade de outros indivíduos. No filme, é possível trazer a Filosofia de Sartre em um momento exato,
quando Val, sabendo do resultado a prova de Jéssica, entra na piscina. Este ato é a consciência de sua
liberdade em romper com as regras impostas e colocar-se como indivíduo, um sujeito capaz de tomar
decisões próprias e não se deixar ser conduzido. Na Filosofia de Sartre, a atitude de Val pode ser
interpretada como uma liberdade do projeto-homem que procura o seu ser, o seu mundo. Jéssica,
neste caso, possui uma importância e também uma responsabilidade pela atitude de sua mãe, posto
que a sua liberdade e responsabilidade estão relacionadas ao próprio destino e ao destino do outro.

É possível imaginar no decorrer do filme o resultado do vestibular, mesmo que existam outras


possibilidades de finalizá-lo, mas a reação de D. Bárbara  e Fabinho é a realidade concreta que
vivenciamos dia após dia na relação do rico com o pobre. Fabinho, ao saber que foi reprovado, não tem
outra reação além de desamparo, de derrotado, e busca no colo de Val o consolo negado, o carinho da
mãe. Mas ao saber que Jéssica foi aprovada com uma pontuação boa, sua feição muda e mostra
sua origem de berço burguês. Val, ao saber que Jéssica foi aprovada, sem saber ao certo do que se trata
um vestibular, de como é o processo e todo o estudo de uma universidade, consegue apenas
demonstrar a felicidade que sua filha passou por meio do celular, é a felicidade de ver sua filha
realizada mesmo depois de toda a história e dificuldade passada. Com isso, por um instante, ela se
sente vitoriosa e uma mãe presente. A atitude burguesa ao saber da aprovação de Jéssica é a esperada,
primeiro pelas palavras de D. Bárbara, “É, nem eu tô acreditando […] Oh Val, mas aqui, não fica muito
animada, essa foi a primeira fase, vai ter outra prova, a segunda fase é muito mais difícil, tem que
passar na outra fase, se não passar não adianta”. Segundo, tanto Fabinho como D. Bárbara veem em
Jéssica a pessoa que está tomando o lugar de um burguês na universidade, ou seja, como pode uma
menina pobre, que passou por dificuldades, que não teve uma boa formação escolar e, mesmo assim,
conseguir ser aprovada em um vestibular de universidade pública, ainda mais em um dos cursos
tidos como divisor de classe social? A resposta ingênua é dada por ela mesma ao filho: “Estudou, né?
Não fazia outra coisa, só ficava estudando. Tem que estudar, né? Pra passar, tem que estudar”.

Após o resultado da primeira fase do vestibular, Val pretende ser uma mãe mais presente com sua filha,
então resolve pedir demissão. Enquanto Val busca se libertar das rédeas burguesas, sem ao menos
conseguir se expressar, mas com o objetivo firmado, D. Bárbara tem apenas uma pergunta
medíocre como tentativa de fazer Val desistir da demissão: “Você quer um aumento?”. Dinheiro, o meio
que permite a produção e a circulação mercantil, quando nas mãos de um determinado
burguês opressor, “ganha” o poder de comprar uma vida, um sujeito, um indivíduo, mas nunca a
liberdade do homem livre. De acordo com Marx: “O dinheiro, na medida em que possui o atributo
de tudo comprar, na medida em que possui o atributo de se apropriar de todos os objetos, é, portanto,
o objeto enquanto possessão eminente. A universalidade de seu atributo é a onipotência de seu ser; ele
vale, por isso, como ser onipotente. […] O dinheiro é alcoviteiro entre a necessidade e o objeto, entre a
vida e o meio de vida do homem.”

D. Bárbara e Dr. Carlos mostram em cenas diferentes qual a relação que ambos possuem com o
dinheiro e como veem as pessoas, isto é, como é possível comprá-las como se fossem coisas. A
não aproximação entre as classes, a impossibilidade de ver o próximo como sujeito, como indivíduo da
mesma espécie, é um dos problemas que a Filosofia da América Latina tenta resolver. Não deve haver
uma superioridade entre os sujeitos, para que isso aconteça, cada indivíduo deve se espelhar no
próximo, se enxergar na situação do próximo. A Filosofia da Libertação é uma reflexão da realidade
concreta em que as pessoas são submetidas a diferentes formas de dominação, com isso, é necessário
compreender a realidade da dominação e o processo de libertação. “Aceitar o argumento do outro
supõe aceitar ao outro como igual, e esta aceitação do outro como igual é uma posição ética, é o
reconhecimento ético ao outro como igual, quer dizer, aceitar o argumento não é somente uma
questão de verdade é, também, uma aceitação da pessoa do outro”.

Uma cena simples e rápida que serve para acentuar ainda mais este problema do rico com o pobre
acontece no ateliê de Dr. Carlos. Jéssica vê uma foto da família e sua mãe está ao longe com o uniforme
de trabalho. A importância desta cena está na colocação de Dr. Carlos: “tem mais umas fotos aqui, acho
que tem foto da sua mãe”, e quando mostra o álbum de fotos, Val aparece ao fundo, longe da família
que está reunida e desfrutando do encontro. Jéssica, ao ver a foto, diz: “tá parecendo aquelas babás de
propaganda, toda de branco”. Este comentário real e atual nos dias de hoje mostra o distanciamento do
rico com o pobre, do patrão com a empregada. Para situar a veracidade da atualidade da foto, basta
recordarmos das manifestações que aconteceram ainda no ano de 2015, onde a alta elite e a burguesia
dentro dos seus direitos se manifestavam, mas uma das atitudes marcantes foram as várias fotos de
famílias ricas com suas babás cuidando dos filhos dos patrões, por incrível coincidência, as babás
estavam todas de branco.

A situação de Fabinho como reprovado ou “derrotado” nos remete a outra situação ainda presente em
nossos dias. Um jovem da elite que fica triste com o resultado, mas diferente de um jovem pobre na
mesma situação de reprovado, Fabinho ganha uma viagem e ficará seis meses desfrutando das praias
da Austrália, lugar que provavelmente o mesmo pobre reprovado não conhecerá tão cedo. Retomando
as manifestações de 2015, muitos da classe média alta afirmavam mudar-se do País, diziam que iriam
morar nos Estados Unidos, simplesmente para não compactuar com o mesmo espaço da classe inferior.

Com isso, entramos em um novo tema que o filme Que horas ela volta? abordou em pano de fundo, a
questão da meritocracia. Pergunto: depois de toda a análise feita sobre a classe social que o filme nos
proporciona, é possível discutir meritocracia? A resposta é simples, tomamos o filme como exemplo, é
mérito do Dr. Carlos ter herdado todo o dinheiro da família e com isso ter propiciado uma vida digna ao
seu filho e à sua esposa? Qual o mérito de Fabinho para ganhar uma viagem à Austrália? Muitas Jéssicas
não foram aprovadas em vestibulares até hoje, outros Fabinhos também não, mas há uma certeza nisso
tudo, enquanto as Jéssicas irão arrumar um trabalho para pagar seu cursinho, tantos outros Fabinhos
estarão curtindo seus cursos de inglês na Austrália, portanto, eis o mérito de cada um e de cada classe
social.

A aceitação do outro como outro significa já uma opção ética, uma escolha e um compromisso moral.

“E mamãe, cadê? Que horas ela volta?”. Esta pergunta realizada por Fabinho ainda criança é a mesma
que Jéssica fez várias vezes enquanto estava longe de sua mãe. A resposta é a mesma, mas o motivo é
outro, a ausência de muitas mães Bárbaras é completamente diferente de tantas outras mães Vals. Por
fim, Val não deixa que se repita com sua filha todo o sofrimento que passou. Na última cena, já
na singela casinha da periferia, mas digna de ser melhor que muitas mansões – “Essa casa é muito
melhor do que aquela” – Jéssica não esconde a felicidade de ver sua mãe tomar uma decisão em relação
à sua vida e pergunta: “E agora, já pensou o que vai fazer?”. Val responde como muitos outros pobres
responderiam: “Vou dar o meu jeito”. Provavelmente, a última fala de Val seja tão chocante para a
burguesia quanto a Jéssica ter sido aprovada no vestibular: “Vá buscar Jorge, traga meu neto, eu pago a
passagem de avião!”.

Nesta última frase, o filme finaliza afirmando a mudança de um país, a vitória de uma mãe em poder
dar o mínimo de estudo à sua filha e de poder pagar uma passagem de avião ao seu neto. Para a classe
dominante, são coisas irrisórias ou até mesmo insignificantes, pois sabem que isso nunca irá faltar aos
seus filhos. Mas para os pobres, Val mostrou que é possível, não sozinha, mas com o seu país. E este
país em ascensão é o país que a classe dominante teme, simplesmente porque os direitos dos pobres
serão os mesmos dos ricos, em alguns dos espaços frequentados não haverá distinção de classe,
sentarão no mesmo ambiente, uma filha de empregada e o filho de um doutor. Este é o espaço social
que alguns vêm trabalhando para romper. Que horas ela volta? é um filme fictício baseado na
veracidade de muitas famílias brasileiras.

*Sidnei de Oliveira é compositor e instrumentalista. Doutorando em Filosofia pela Unicamp – bolsista


FAPESP e BEPE – Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior pela Universidade de Leipzig, Alemanha.

Adaptação do texto “O fim da senzala”

Revista Filosofia Ciência & Vida Ed. 112

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