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A receita para cumprir seus objetivos

Conhecer o propósito da vida tem


intrigado a todos ao longo dos séculos.
Qual seria a razão de nossa existência?
Nossa existência não é um mero aci-
dente. Viemos aqui cumprir um propósito.
Um dos aspectos mais surpreendentes da
vida é descobrir que há um propósito para
nós. E torna-se mais importante ainda
quando percebemos que foi Deus quem
o idealizou.
O Salmo 139.16 afirma que Os teus
olhos viram o meu corpo ainda informe, e
no teu livro todas estas coisas foram escri-
tas, as quais iam sendo dia a dia formadas,
quando nem ainda uma delas havia.
Quando Deus nos criou, havia um plano
Seu para nós, antes mesmo de existirmos.
Como, então, descobrirmos o nosso
propósito e alcançarmos nossos objetivos e
Silas Malafaia sonhos? Há uma receita da Bíblia, baseada
é psicólogo clínico, conferencista
na vida de Elias, que mostra como os
internacional e pastor evangélico.
propósitos e objetivos de Deus se cum-
priram na vida do profeta.
Leia este livro e aprenda a utilizar essa
receita para cumprir os seus objetivos den-
tro dos propósitos de Deus para a sua vida.

EDITORA CENTRAL GOSPEL


Estrada do Guerenguê, 1851
Taquara - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22713-001
PEDIDOS: (21) 2187-7000
SILAS MALAFAIA

www.editoracentralgospel.com

ISBN 978.85.7689.226-7

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A RECEITA PARA
CUMPRIR SEUS OBJETIVOS

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Cop yr igh t 2011 p or Editora Central Gosp el

D ados Internaci onais de Catal ogaçã o


na Pub l ica çã o ( CIP)

Malafaia, SilaS
GErênCIa EdITorIaL A receita para cumprir seus objetivos
E dE Produção Rio de Janeiro: 2011
Gil m ar V ieira Ch ave s 64 p á ginas

PESQuISa E ISBN: 978.85-7689-226-7


ESTruTuração 1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
Gil sa Panco te
1a rEVISão
Gisel e M eneze s A s c itaç õ es b í b l ic as util iz adas neste l iv ro f oram ex traí das
da V ersã o A l m eida Rev ista e Corrigida ( A RC) , sal v o
2a rEVISão indicação específica, e visam incentivar a leitura das
Patrí ci a Cal h au Sagradas Escr ituras.

rEVISão FInaL É p roib ida a rep roduçã o total ou p arci al do text o deste
Paul o Panco te l iv ro p or quaisquer m eios ( m ec â nic os, el etrô nic os,
xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
CaPa breves, com indicação da fonte bibliográfica.
Joatan de Souza
Este l ivr o está de ac ordo co m as m udança s p rop ostas
dIaGramação pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
L uiz F el ip e Rol im p artir de j aneiro de 2009.

ImPrESSão E
aCaBamEnTo 1ª ediçã o: O utub ro / 2011
Esdeva Ind. Gráfica

Editora Central Gospel Ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep : 22.713-001
Rio de Janeiro – RJ
TEL : ( 21) 2187-7000
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SILAS MALAFAIA

A RECEITA PARA
CUMPRIR SEUS OBJETIVOS

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Sumário

Apresentação ............................................7

Capítulo 1 – Cultivar um profundo


relacionamento com Deus .........................11

Capítulo 2 – Obedecer à Palavra


do Senhor .................................................17

Capítulo 3 – Aprender a esperar o tempo


de Deus ....................................................23

Capítulo 4 – Restaurar o altar .....................29

Capítulo 5 – Perceber que o propósito


de Deus entrelaça vidas .............................33

Capítulo 6 – Atentar para o propósito


do Senhor em sua vida ...............................37

Capítulo 7 – Ter convicção do


seu propósito.............................................45

Capítulo 8 – Ser a voz profética do


seu propósito.............................................50

Capítulo 9 – O segredo para cumprir


o propósito de Deus em sua vida ................55

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Apresentação

Você tem objetivos na vida? A resposta lógica


e natural de qualquer pessoa a essa pergunta é sim,
pois todos nós os temos.
A procura pelo propósito da vida tem intrigado
as pessoas por milhares de anos. Essa busca nor-
malmente começa por nós mesmos, quando nos
questionamos: “Qual a razão da minha existência?
O que eu quero ser no futuro? O que devo fazer
com minha vida? Quais são os meus sonhos?”.
Além disso, você está convicto de que Deus tem
propósitos para você?
Um dos aspectos mais surpreendentes da
nossa existência é descobrirmos que há um
propósito para vivermos. O fato de todo ser
humano vir a terra não é obra do acaso nem
um acidente; viemos a este mundo para cumprir
um propósito.
E é algo que se torna mais importante ainda
quando percebemos que Deus mesmo idealizou
isso para nós. O versículo 16 do Salmo 139 enfa-
tiza claramente essa ideia, quando diz que “Deus
já havia planejado e determinado cada detalhe de
nossa vida, mesmo antes de ela de fato existir”.
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A receita para cumprir seus objetivos

Isso porque, quando Deus nos criou, havia


de Sua parte um propósito estabelecido, um plano
para cada criatura. Ele pretende que esse propósito
se realize na vida de cada um.
O plano do Senhor para nós é muito maior do que
nossa realização pessoal. É maior, inclusive, que nossa
família, nossa carreira e nossos sonhos, e entrelaça-se
com o propósito dele para a vida de outras pessoas.
Jamais desvendaremos o propósito de nossa
vida enquanto nos concentrarmos em nós mesmos.
Nós não nos criamos; logo, não podemos dizer a
nós mesmos por que fomos criados. Somente o
Criador, por meio da Sua Palavra (o “manual do
fabricante”), poderá revelar-nos a nossa utilidade.
No entanto, você pode estar perguntando-
-se: “Como posso descobrir o meu propósito para
alcançar os meus objetivos e concretizar os meus
sonhos?”. Eu sei como e vou responder a sua per-
gunta dando-lhe uma receita da Bíblia, entre tantas,
com base na vida do profeta Elias.
É exatamente sobre como alcançar os nossos
objetivos e aqueles que foram estabelecidos por Deus
que vamos falar neste livro. Afinal, não basta apenas
ter objetivos; o que realmente importa é alcançá-los.
Não é suficiente ter sonhos; eles precisam realizar-
-se. Se assim não for, viveremos uma utopia. Não há
satisfação em tão somente desejar algo ou planejá-lo.
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Silas Malafaia

Contudo, como desvendar o propósito de


Deus, os objetivos dele para a nossa vida? Nas
próximas páginas, apresentaremos um método.
Ele não é único nem exclusivo. A Bíblia enfatiza
outros, porém lançaremos mão da receita de Elias
para cumprir os seus objetivos.
Você quer alcançar os seus objetivos? Quer
que os propósitos de Deus se cumpram em sua
vida? Então, vamos estudar juntos a trajetória de
Elias e descobrir como ele aplicou a receita para
alcançá-los.

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Capítulo 1
Cultivar um profundo
relacionamento com Deus

Quando Deus criou o homem, Ele o fez um


ser relacional e com propósitos estabelecidos. Se-
gundo o dicionário, relacional refere-se à relação
ou que a estabelece. E o que é relacionamento? É
correspondência, trato amistoso, ou convivência,
ligação muito próxima com alguém.
Então, manter um relacionamento com Deus
quer dizer estabelecer convivência com Ele. Sig-
nifica tratar com o Senhor diariamente, tornando
familiar essa relação de amizade. No Salmo 25.14
está escrito: O segredo do SENHOR é para os que
o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto. E
em Números 12.7,8a consta o seguinte:

Não é assim com o meu servo Moisés, que


é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo
com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele
vê a semelhança do SENHOR.

Para você descobrir o propósito de Deus


para sua vida, é necessário ter um relacionamento
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A receita para cumprir seus objetivos

profundo com Ele. Veja o que o profeta disse em


1 Reis 17.1:

Então, Elias, o tisbita, dos moradores de


Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de
Israel, perante cuja face estou, que nestes anos
nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo
a minha palavra.

O que esse texto nos revela? Intimidade e tam-


bém profundidade. Ele não fala de relacionamento
superficial, mas de um relacionamento íntimo. O
interessante, no entanto, é que nós queremos ter
autoridade sem profundidade no relacionamento.
Impossível! Primeiro precisamos aprofundar-nos
no relacionamento com Deus para depois receber
autoridade espiritual.
O profeta Elias tinha essa comunhão ínti-
ma com Deus, por isso dispunha de autoridade
espiritual para dizer: “Não vai chover!”.
O discurso não será eficaz se você não
tiver um relacionamento com Deus. Se você
determinar, Deus vai fazer? Pensa que é assim
que funciona? Não. É óbvio que essa não é
uma frase de efeito. Você fala e Deus faz!? De
forma alguma! É necessário intimidade com o
Senhor. Se você quer realmente descobrir o seu
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Silas Malafaia

propósito e cumprir seus objetivos, tenha um


relacionamento profundo com Deus.
Eu não precisaria dizer como podemos conse-
guir isso, mas vou destacar apenas alguns pontos.
O primeiro meio pelo qual podemos desenvolver
uma comunhão profunda com o Senhor é a oração:
Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos
sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito
Santo (Judas 1.20).
O cristão desenvolve o seu relacionamento
com Deus por intermédio de Jesus e pela sua fé, pra-
ticando a oração constante, confiante e disciplinada.
A oração conduz ao fervor espiritual (Atos
1.13,14) e à estreita comunhão com o Senhor, além
de estabelecer e desenvolver um relacionamento
mais profundo com Deus. Por meio da oração, o
cristão coloca aos pés do Senhor suas fragilidades,
dores, tristezas e ansiedades.
Outro meio para desenvolver um relaciona-
mento mais íntimo com Deus é o jejum. A Bíblia
enfatiza, em várias passagens, que jejum e oração
frequentemente andam juntos (Lucas 2.37), porque
o jejum é uma disciplina que fortalece a oração.
No livro de Atos foi registrado que os primei-
ros cristãos jejuavam antes de tomarem decisões
importantes (Atos 13.1-4; 14.23). O propósito do
jejum é aproximar o cristão de Deus, desviando os
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A receita para cumprir seus objetivos

seus olhos das coisas deste mundo e tornando-o


extremamente sensível às coisas do Senhor.
A leitura da Palavra de Deus e a meditação
constante nela são práticas importantes para
aprofundar o nosso relacionamento com o Pai. Em
Josué 1.8, o Senhor dá um conselho fundamental
a Josué, a respeito de observar o estudo cuidado-
so das Escrituras e os benefícios dessa atitude de
proximidade com Deus:

Não se aparte da tua boca o livro desta Lei;


antes, medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está
escrito; porque, então, farás prosperar o teu ca-
minho e, então, prudentemente te conduzirás.

Ter comunhão com os irmãos é fundamental


para um relacionamento mais profundo com Deus,
porque ninguém pode amar a Deus se não amar os
seus irmãos. Para desenvolvermos essa comunhão
fraternal, precisamos vivenciar o amor em nossos
relacionamentos. O amor é a base para uma co-
munhão autêntica e profunda. A Bíblia enfatiza
em 1 João 4.20,21:

Se alguém diz: Eu amo a Deus e abor-


rece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não

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Silas Malafaia

ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar


a Deus, a quem não viu? E dele temos este
mandamento: que quem ama a Deus, ame
também seu irmão.

Aqueles que mantêm um relacionamento de


comunhão profunda com o Senhor têm discer-
nimento espiritual suficiente para perceber que
Deus trabalhará e realizará os Seus propósitos por
intermédio deles.

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Capítulo 2
Obedecer à Palavra do Senhor

Se você quer realmente descobrir o seu propósito


e cumpri-lo, observe os textos bíblicos de 1 Reis 17:
Depois, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo (v.
2). Foi, pois, e fez conforme a palavra do SENHOR (v.
5a). Então, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo
(v. 8). Levanta-te, e vai a Sarepta (v. 9a). Então, ele se
levantou e se foi a Sarepta (v. 10a).
E agora, veja alguns versículos do capítulo 18:
E sucedeu que, depois de muitos dias, a palavra do
SENHOR veio a Elias (v. 1a). E foi Elias mostrar-se a
Acabe (v. 2a).
Então, se você quer descobrir realmente como
atingir o propósito de Deus, obedeça à Sua Palavra.
Faça o que o Senhor lhe tem falado. Os versículos
iniciais de 1 Reis 17 revelam que Elias obedeceu
à direção do Senhor, retirando-se para junto do
ribeiro de Querite.
O profeta ali permaneceu enquanto foi o pro-
pósito de Deus. Quando o riacho secou, o Senhor
ordenou que Elias partisse e fosse para Sarepta. No-
vamente o homem de Deus obedeceu e dirigiu-se
para a cidade de Sarepta, que ficava fora de Israel,

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A receita para cumprir seus objetivos

na costa mediterrânea, entre as cidades fenícias de


Tiro e Sidom.
Obedeça à Palavra do Senhor e perceba que
a Bíblia não é simplesmente uma coleção de livros
ou palavras pronunciadas por Deus, mas sim o pró-
prio Senhor manifestando-se e revelando-se para
transformar vidas e operar em nós o Seu querer.
O texto de Efésios 6.17b afirma: a espada do
Espírito, que é a palavra de Deus. A Palavra do
Senhor é uma arma ofensiva para ser usada pelo
cristão. Já o Salmo 119.105 afirma: Lâmpada para
os meus pés é tua palavra e luz, para o meu cami-
nho. Isso significa que, ao obedecermos à Bíblia,
estaremos fazendo a vontade do Senhor e seremos
grandemente abençoados.
Você pede a Deus uma revelação, uma direção,
e Deus revela. Então, você não obedece e diz ao
Senhor: “Não, acho melhor ir por aqui. Eu vi uma
pessoa muito experiente nesta área agir assim. Vi um
pastor que tem muita experiência com Deus fazer
desta forma”. Mas, não foi o Senhor quem falou?
Eu fico vendo o deus dessas pessoas; ele muda
de opinião toda hora. É mesmo um “deusinho fa-
juto”; um deus sem palavra e mutável. A pessoa
diz que pediu e recebeu a orientação: “Pastor, es-
tou saindo da empresa e vou abrir o meu próprio
negócio porque Deus mandou, Ele falou comigo”.
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Silas Malafaia

Três meses depois, a mesma pessoa fala: “Pastor,


fechei meu negócio porque agora Deus mandou
que eu fosse para outra empresa”.
Mas que “deus” é esse que não sabe o que quer?
Que manda a pessoa fazer uma coisa e daqui a pouco
ela já está fazendo outra porque Ele mandou? Não. De
modo algum é Deus quem pede à pessoa para fazer
uma coisa e depois ordena que ela faça outra.
Na realidade, o Senhor manda você fazer uma
coisa e depois é você quem desobedece a Ele, re-
solvendo fazer aquilo que acha que deve ser feito.
Não deve ter sido fácil para Elias confrontar
Acabe, um rei poderoso que tentava matá-lo. Elias
necessitou de uma fé inabalável em Deus. Ele
confiou no Deus com quem tinha uma intimidade
profunda e simplesmente obedeceu.
O profeta sabia que o Senhor não o abandonaria
naquele momento. Ele podia apenas obedecer
porque via o mover de Deus e conhecia quem lhe
estava falando.
Em Colossenses 3.16,17 está escrito:

A palavra de Cristo habite em vós abun-


dantemente, em toda a sabedoria, ensinando-
vos e admoestando-vos uns aos outros, com
salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando
ao Senhor com graça em vosso coração. E,

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A receita para cumprir seus objetivos

quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei


tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai.

Quanto mais profundo é o nosso relaciona-


mento com o Senhor, maior é o espaço que Ele
ocupa em nossa vida. Quanto maior é a nossa in-
timidade com Deus, mais obedientes e submissos
somos ao Senhor da nossa vida.
O maior exemplo de relacionamento com
Deus e com Sua Palavra é Jesus Cristo. Ele não
apenas conhecia, mas também obedecia à Palavra
de Seu Pai, sendo em tudo submisso ao Senhor. As
páginas da Bíblia mostram, em muitas passagens,
essa obediência sendo praticada por Jesus.
Todo aquele que já entregou a sua vida a Je-
sus Cristo precisa ter o desejo de desenvolver um
relacionamento contínuo e profundo com Deus,
experimentando da Sua presença, aprendendo a
ouvir Sua voz e sendo obediente à Sua direção.
Para cumprir o propósito de Deus em nossa
vida, Ele requer de nós obediência. Um dos segre-
dos da obediência é dar um passo de cada vez. É
simples assim! Não fique dando voltas sem saber
o que fazer; obedeça a Deus sempre. Obedeça ao
Senhor nas pequenas e nas grandes coisas. A chave

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Silas Malafaia

para uma vida próspera e feliz é obedecer a Deus.


Perceba que a obediência de Jesus ao Pai afetou a
humanidade inteira; a nossa obediência a Deus, e
ao que Ele tem para cada um de nós, certamente
influenciará a vida de muitas pessoas por meio de
nosso testemunho.
Que o Espírito Santo nos domine a tal ponto
que, quando o Senhor falar conosco, estejamos
prontos a obedecer à Sua Palavra, descobrindo o
propósito dele para a nossa vida!

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Capítulo 3
Aprender a esperar o tempo
de Deus

A Bíblia mostra em Eclesiastes 3.1: Tudo tem o


seu tempo determinado, e há tempo para todo o pro-
pósito debaixo do céu. Sim, sabemos que é verdade,
pois Deus está no controle de todas as coisas. Contu-
do, o negócio é um pouco mais “estreito”: devemos
esperar esse tempo determinado. Isso é algo que nem
eu nem ninguém gostamos. Mas não tem jeito.
Veja 1 Reis 18.1a: E sucedeu que, depois de
muitos dias, a palavra do SENHOR veio a Elias. Se
você quer cumprir o propósito de Deus, mantenha-se
tranquilo e aguarde. Aprenda a esperar o tempo de
Deus. Apesar de ser algo muito difícil de alcançar,
precisamos aguardar pelo momento do Senhor, pois
é sempre o melhor.
Por que a Bíblia registra que muitos salmistas,
durante seus momentos de oração, diziam: Apressa-
te, Senhor? Porque, mesmo que para eles o Senhor
estivesse demorando a responder às suas orações, o
relógio da providência divina não atrasa nem adianta;
Deus sempre chega na hora certa.
Entretanto, na visão do ser humano, esse negócio
de esperar é “coisa de doido”. Cumprir o propósito de

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A receita para cumprir seus objetivos

Deus não significa que você terá de executá-lo em 24


horas ou que irá fazê-lo em seis meses ou em cinco,
dez anos. No entanto, independentemente de qualquer
coisa, você terá de esperar a ordem de Deus.
E o que acontece na espera? É “aqui que mora
o perigo”, que a coisa é tremenda. Afinal, eu recebo
uma revelação, uma visão, tenho objetivos e um
chamado.
Deus tem me mostrado, quer na área espiritual,
quer na material, qual é o Seu propósito. Agora, eu
tenho de esperar. Como se espera? O que acontece
durante esse tempo? Veja o que o texto de 1 Reis
17.3 afirma: Vai-te daqui, e vira-te para o Oriente,
e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está
diante do Jordão.
Você não espera onde quer. A mudança pode
ser geográfica, posicional, ou possivelmente ambas
ocorram. Talvez o modo de esperar aquilo que Deus
tem lhe prometido e revelado não seja nessa posição
em que você está. Ou pode ser que o lugar da espera
não tenha a ver com posição ou com localização.
Quando o Senhor disse a Elias vai-te daqui, Ele
estava dizendo: “sai deste lugar!”.
Observe o que acontece no tempo da espera.
No versículo 3 lemos: Vai- te daqui, e vira-te para
o Oriente, e esconde-te. Esconder-se significa retirar-
se para um lugar secreto, evitar a presença de outros,
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Silas Malafaia

isolar-se. Os salmos mais fervorosos de Davi foram


escritos quando ele estava isolado. É quando você está
sozinho que pode dirigir-se a si mesmo. É muito bom
estarmos na companhia de alguém, porém, quando
estamos isolados de tudo e de todos, temos a capaci-
dade e a oportunidade de falar com nós mesmos.
No isolamento, encontramos as condições ideais
para analisar nossa vida, nossos procedimentos, nossas
atitudes, no que temos errado ou acertado e o que
precisa ser consertado.
Sabe por que Deus nos leva para um afastamen-
to em algumas situações? Para nos introduzir em um
nível mais profundo de intimidade com Ele. Nesses
períodos de recolhimento vivemos os momentos de
maior comunhão com o Senhor.
Deus também nos conduz a um isolamento
para que pratiquemos a grande arte do ser humano
de dirigir-se a si mesmo. Olhar para dentro de si dói.
E como! Por isso, há pessoas que não gostam de
autoanalisar-se.
Quando você olha para o seu interior, conse-
gue perceber seus defeitos, suas limitações. Então,
compreende o motivo pelo qual o homem é um ser
social. Ele se desenvolve a partir do relacionamento
com o outro. Ele vê que o outro tem qualidades e
virtudes que ele não tem. Então, começa a enxergar
seus próprios defeitos. Isso é bom!
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A receita para cumprir seus objetivos

Por que Deus daria a Elias uma mensagem a ser


pregada e, depois, permitiria que ele ficasse escondido?
Isso não parece lógico. Mas existe uma razão: o lugar
onde Deus nos oculta sempre é um lugar de preparação
e provisão. Essa mensagem pode ter sido desconcer-
tante, mas também tinha um grande propósito.
Todas as vezes que Deus começa a preparar
homens e mulheres para grandes tarefas que estão
por vir, Ele, invariavelmente, os manda para um
esconderijo. Existem vários exemplos bíblicos de
pessoas que ficaram escondidas em função dos
propósitos de Deus.
O local de aprendizado para Elias foi junto ao
ribeiro de Querite, um pequeno afluente do rio Jor-
dão, próximo ao mar Morto. Deus ordenou ao profeta
que bebesse água do riacho. O Senhor o enviara para
um lugar que, por sua natureza, protegeria Elias da
seca que assolava toda a região.
O profeta não tinha controle sobre o córrego
nem sobre os corvos. Somente Deus tinha. O riacho
era a provisão natural que o Senhor havia preparado
para Elias. Contudo, também havia um estoque de
provisão sobrenatural para o profeta. Deus disse a
ele que ordenara aos corvos que o alimentassem ali.
Quando você estiver no esconderijo de Deus,
Ele lhe fornecerá alimentação e provisão sobrenatu-
ral, a fim de cuidar de você.
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Silas Malafaia

Você sabe o que é o tempo da espera? É um


tempo profético, para que você continue a sua cami-
nhada rumo ao seu propósito. Veja o que está escrito
em 1 Reis 17.6: E os corvos lhe traziam pão e carne
pela manhã, como também pão e carne à noite; e
bebia do ribeiro.
O Senhor mandou corvos para alimentar Elias.
Essa ave tem uma característica especial, pois um dos
componentes de sua alimentação é a carne morta de
outros animais. Além disso, o corvo também come
aves de menor porte, pequenos mamíferos, insetos,
frutas, cereais, e por isso ele pôde levar coisa boa para
o profeta.
Se Deus usou corvos para sustentar um profeta,
Ele pode usar o que quiser para nos sustentar em
nosso período de espera.
Prepare-se, porque no tempo da espera há
provisão de Deus para você. Não pense que você
ficará sozinho e será massacrado. Tenha certeza de
que Deus o sustentará no seu tempo de espera. Fique
tranquilo. Não se pergunte: “Como vou sustentar
minha família?”; “Como vou sustentar minha casa?”;
“Como vai ser com a igreja?”.
No isolamento, além de você olhar para dentro
de si mesmo, ainda tem tempo para orar, buscar a
Deus, derramar e abrir seu coração para ser levado
a um nível mais profundo de intimidade com o Se-
nhor. Você pode estar dizendo: “Pastor, eu tenho
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A receita para cumprir seus objetivos

uma revelação de Deus, um propósito, mas está tudo


parado, tudo travado, a coisa está ficando feia, não
anda”. Então, esta é uma palavra profética para você
que está no tempo da espera.
Afinal de contas, Ele é Deus, e o poder está em
Suas mãos. O Senhor vai sustentar você nesse tempo
de espera e vai falar com você. Veja o que diz 1 Reis
17.8,9: Então, veio a ele a palavra do SENHOR, di-
zendo: Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e
habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva
que te sustente.
Esteja certo de que nesse tempo de espera Deus
vai falar com você. Ele vai comunicar-lhe alguma coisa.
Quando não houver mais nenhuma saída, Deus
vai falar com você para lhe dar um rumo, uma direção
para a espera em outro lugar. Não tem mais nada aí?
Deus vai dizer a você: “Ei, vai para ali, mas não vai
para a casa do homem mais rico não, porque você
está esperando. Vou colocar você na casa da viúva”.
Então talvez você diga: “Oh, meu Deus! O Senhor
me mudou de lugar, mas continua a mesma coisa”.
Sim, você está no tempo da espera. Deus o está tra-
tando.
Se você quer cumprir o propósito de Deus para
sua vida, é necessário cultivar uma comunhão profunda
com o Senhor, obedecer a Sua Palavra e aguardar o
tempo dele para que tudo se cumpra.
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Capítulo 4
Restaurar o altar

Em 1 Reis 18.30-32a vemos como Elias res-


taurou o altar do Senhor:

Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-


-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; e re-
parou o altar do SENHOR, que estava quebrado.
E Elias tomou doze pedras, conforme o número
das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a
palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu
nome. E com aquelas pedras edificou o altar em
nome do SENHOR.

O altar do Senhor no monte Carmelo estava


em ruínas. O Carmelo fica no norte de Israel e é, na
verdade, uma série de montanhas que se estende
junto ao litoral do mar Mediterrâneo por mais de
20 quilômetros. Com a estiagem prolongada que
estava acontecendo em todo o Israel, o local outro-
ra verdejante e com riachos estava totalmente seco.
O texto bíblico afirma que Elias restaurou o
altar que estava destruído, e, após realizar sacrifícios
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A receita para cumprir seus objetivos

ao Senhor, clamou para que caísse fogo dos céus,


consumindo todo o holocausto, fazendo com que
o povo reconhecesse que só o Senhor é Deus.
Qual o significado do altar? O altar é o lugar
da presença e do encontro com Deus, onde Ele se
revela e fala por intermédio de Seus profetas.
O altar não é apenas uma construção humana;
é onde nossa vida é colocada como um sacrifício
a Deus. No altar morremos para nossas próprias
convicções, nossas vontades, nossos desejos e nos-
sas expectativas. Morremos para viver novamente
para Deus.
O que significa restaurar o altar? Significa resta-
belecer a comunhão com Deus e com o Seu povo, a
Igreja. Significa restaurar aquilo em que um dia cre-
mos, a nossa doutrina, e aquilo que vivemos, a nossa
prática, mas que, por alguma razão, abandonamos.
Portanto, a restauração do altar é uma recupe-
ração daquilo que está esquecido, obscurecido. A
restauração é a reparação de nossa vida espiritual:
nosso fervor, nosso ânimo e nossa paixão pelo
Senhor e pelas coisas do Reino. Quando o altar é
restaurado, o Senhor Deus ocupa o Seu devido lugar,
com total prioridade em nossa vida.
Restaurar o altar é a atitude de pessoas que
olharam para dentro de si mesmas e contemplaram
um altar arruinado e demolido, e que, a partir dessa
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Silas Malafaia

constatação, arrependeram-se e construíram bases


firmes de comunhão e adoração a Deus por meio
da obediência, de uma devoção aplicada, de uma
família estruturada, de um compromisso integral
com o evangelho, dentro e fora da igreja.
Restaurar o altar pode implicar uma destas três
ações: limpar, consertar ou substituir. Talvez você,
que está lendo este livro agora, precise retirar uma
impureza do altar de sua vida. É só uma sujeirinha,
apenas uma pequena limpeza. Se for peça quebra-
da, ela pode ser consertada. Pode ser que tenha
alguma coisa na sua vida que esteja estilhaçada,
que não tenha mais saída, que não seja possível
consertar, que precise ser trocada. Isso é restaurar.
Existe alguma coisa em você que necessita
ser limpa, consertada ou substituída? Muitas vezes
queremos que Deus se manifeste, revelando-se e
dando-nos toda a Sua direção. Todavia, há tam-
bém alguns aspectos da nossa vida que precisam
ser corrigidos. Será que não tem algo em sua vida
que deve ser consertado ou substituído?
Hoje, sob a nova aliança, o verdadeiro altar
é o nosso coração. Deus se agradou da restaura-
ção do altar feita por Elias, porém se agrada muito
mais quando o altar de nossa vida é restaurado.
Para restaurarmos o altar em nós, teremos de ser
corajosos e tomar a decisão de voltar a adorar o
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A receita para cumprir seus objetivos

Senhor, apesar das críticas e dos empecilhos de


todos à nossa volta.
Elias teve a coragem necessária para enfrentar
os falsos profetas e a ira do rei Acabe. É preciso
também ter fé. Elias demonstrou sua fé quando pôs
Deus à prova ao derramar bastante água sobre o
altar e pedir que Ele respondesse com fogo.
O povo precisava saber que só o Senhor era
Deus em Israel, e que Elias era Seu servo. Esse
fogo que caiu sobre o altar erigido pelo profeta é o
mesmo que o Senhor está enviando sobre o altar da
nossa vida, a fim de queimar tudo o que não presta.
E para que essa reparação aconteça, precisa-
mos empregar determinação e muito esforço em
estabelecer o que é mais importante em nossa vida.
O fogo só caiu depois que Elias restaurou o altar do
Senhor. Portanto, é necessário que cada um esteja
no lugar determinado por Deus, para que Ele se
manifeste e revele-se a nós.
Você viu até aqui a história de Elias, sua comu-
nhão profunda com o Senhor, sua obediência à Palavra
de Deus, o tempo de espera e a reparação do altar.
Se quisermos, assim como Elias, alcançar nos-
sos objetivos e o propósito de Deus para a nossa
vida, precisamos cultivar uma intimidade profunda
com Ele, obedecer a Sua Palavra, esperar o Seu
tempo e restaurar o nosso altar.
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Capítulo 5
Perceber que o propósito de
Deus entrelaça vidas

Observe o que afirma 1 Reis 18.1,2a:

E sucedeu que, depois de muitos dias, a palavra


do SENHOR veio a Elias no terceiro ano, dizendo:
Vai e mostra-te a Acabe, porque darei chuva sobre
a terra. E foi Elias mostrar-se a Acabe.

Elias havia passado um tempo de espera em


um lugar isolado. Não era o lugar em que ele gos-
taria de estar, porém o profeta obedeceu a Deus e
para lá se dirigiu. Entretanto, logo o Senhor o tirou
daquela condição de isolamento, pois tinha outro
propósito para Elias.
Atenção! Isto é profético para a sua vida: você
não viverá na solidão a vida toda. Deus está dizen-
do: “Acabou o seu tempo de isolamento e espera.
Este é o momento de cumprir o meu propósito para
você”. Foi exatamente o que Ele disse a Elias: Vai
e mostra-te a Acabe.
Existe aqui um princípio incrível. Sabe por que
Elias precisava apresentar-se a Acabe? No confronto
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A receita para cumprir seus objetivos

com os profetas de Baal, Elias orou, e o fogo consumiu


o holocausto demonstrando que só o Senhor era Deus
em Israel. Em seguida, os profetas de Baal foram presos
e exterminados pelo povo (1 Reis 18.40).
O propósito de Deus na vida de Elias e Acabe
teve início quando o profeta do Senhor afirmou que
não choveria mais em Israel. Então, durante três
anos e meio, cessou todo e qualquer tipo de chuva
e de orvalho na nação governada pelo rei Acabe.
Contudo, o tempo da escassez total de chuva
terminou, e Elias se encontrou novamente com Acabe.
O propósito de Elias estava entrelaçado com o do rei
Acabe, que, por sua vez, estava ligado ao de Obadias
(1 Reis 18.1-13) e, consequentemente, ao propósito
de Israel. E os planos de Israel estavam entrelaçados
com os de Elias e com os de Acabe.
Deus faz com que o nosso propósito se en-
trelace com a vida de outras pessoas. Não existem
projetos individuais, isolados e únicos. O meu pro-
pósito está entrelaçado com o seu, o seu propósito
está entrelaçado com o meu, e assim por diante.
Eu escrevi este livro, e você o está lendo agora,
porque o meu propósito tem a ver com o seu, e o
seu propósito tem a ver com o meu. Os planos vão
complementando-se, para que a vontade soberana
e absoluta de Deus se manifeste na terra. O meu
objetivo é usado para cumprir o propósito de outro.
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Silas Malafaia

Nós estamos entrelaçados. Você tem de agir. Quan-


do você começa a cumprir o seu propósito, Deus o
usa para que os objetivos de outros também sejam
cumpridos.
Uma das coisas mais horríveis que podem acon-
tecer é o isolamento por toda a vida, citado anterior-
mente. Existem ministérios isolados, pastores isolados,
cristãos isolados; contudo, nenhum destes cumprirá
qualquer dos propósitos de Deus. A Palavra do Senhor
afirma em Eclesiastes 4.9,10:

Melhor é serem dois do que um [...] Porque,


se um cair, o outro levanta o seu companheiro;
mas ai do que estiver só; pois, caindo, não ha-
verá outro que o levante.

“Não é o meu reino.” “Ninguém conhece o


meu propósito, só eu e Deus. Meu propósito é só
para mim.” Não. É preciso manifestar-se, romper
o isolamento. Deus tem como propósito entrelaçar
as vidas que se abençoarão mutuamente por meio
dos seus relacionamentos e objetivos.
Somente Deus conhece o propósito para o
qual você nasceu, e é Ele quem deverá cumpri-
-lo na sua vida. Cada pessoa tem planos que o
Senhor colocou em seu íntimo; essa visão pode
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A receita para cumprir seus objetivos

estar nítida ou escondida em seu coração, esperan-


do para ser revelada. Manifestar esse propósito é
o que dá significado à vida, pois é a realização do
projeto de Deus para cada um de nós. A essência
da vida é entendermos o propósito do Senhor e
realizá-lo.
O apóstolo Paulo, escrevendo para os cristãos
da cidade de Éfeso, enfatizou algo muito importante:

Porque somos feitura sua, criados em


Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas.
Efésios 2.10

O que Paulo estava afirmando era que Deus con-


tinuaria a agir em nós, por intermédio de Seu Espírito,
para nos conduzir de acordo com o Seu plano para
a nossa vida. O propósito do Senhor é que sejamos
todos semelhantes a Jesus (Romanos 8.29).
Deus criou cada um de nós com um propó-
sito a cumprir, o qual nos conduzirá à eternidade.
Como só Ele sabe o projeto que tem para nós,
devemos pedir-lhe que o revele e impeça-nos de
caminhar em direção oposta aos Seus planos.
O Senhor o chamou para um propósito e ali-
nhará cada situação de sua vida a fim de que você
possa cumpri-lo.
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Capítulo 6
Atentar para o propósito do
Senhor em sua vida

Vai e mostra-te a Acabe, porque darei


chuva sobre a terra.
1 Reis 18.1

Quando Deus manifestar o propósito dele para


a sua vida, você entenderá. Não será necessário fi-
car perguntando a si mesmo: “O que o Senhor está
querendo falar comigo? Aonde o Senhor quer que eu
vá? Em que situação e onde Deus quer usar-me?”. Se
você achar que a revelação que recebeu está confusa,
então esteja certo de que ela não veio do Senhor,
porque o nosso Deus não é Deus de confusão.
Você pode dizer: “Pastor, não sei se vou para
o Rio Grande do Norte ou para o Rio Grande do
Sul. Eu li apenas ‘vá para o Rio Grande’. Qual será
o lugar para onde eu devo ir?”. Deus não é Deus
de confusão. Você vai entender o propósito que
o Senhor tem para sua vida. Elias compreendeu
perfeitamente o que aconteceria.
Deus não vai deixá-lo confuso. Se você se en-
contra assim, é porque o propósito do Senhor não
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A receita para cumprir seus objetivos

foi manifestado. Não pode haver dúvida quanto


a isso. Então, fique calmo. Se o Senhor ainda não
disse nada de forma que você possa entender com
a percepção e a inteligência humanas, é porque o
seu propósito ainda não foi revelado.
Elias entendeu: “Vai, mostra-te a Acabe e diz
a ele que vem chuva”. O profeta compreendeu
perfeitamente isso. Agora, direi algo profético para
você: quando Deus lhe revelar o propósito dele
para sua vida, você fará o que ninguém jamais fez.
Acha que isso é brincadeira?
Israel estava coxeando, indeciso sobre quem
era o Deus verdadeiro, se Jeová ou Baal. Então,
Elias propôs o seguinte desafio aos profetas de Baal:
“Façamos dois altares aqui, um para Baal e outro
para Jeová. Veremos qual é o Deus verdadeiro”.
O confronto de Elias era com Baal, o princi-
pal deus dos cananeus, chamado de Baal Semain,
que significa “Senhor do céu”. Ele era o deus sol,
responsável pelo crescimento da lavoura, pelo
aumento dos rebanhos e pela fecundidade.
No tempo do rei Acabe, o culto idólatra a Baal
tinha conseguido envolver quase toda a nação de
Israel. A adoração ainda incluía a prática do sexo
ritual, como parte integrante do culto.
A rainha de Israel, Jezabel, era adoradora de
Baal. Ela era gentia, uma princesa fenícia, filha do
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Silas Malafaia

rei Etbaal, da cidade de Sidom. O seu casamento


com o rei Acabe foi resultado de uma aliança para
fortalecer as relações entre Israel e a Fenícia. Foi
Jezabel quem levou os deuses fenícios para Israel,
induzindo Acabe e o povo israelita a adorá-los.
Existem fortes indícios de que Jezabel era alta
sacerdotisa da deusa Astarote, a principal divinda-
de feminina que, conforme se acreditava na época,
era “esposa” de Baal.
Quando Elias travou o combate descrito em
1 Reis 18.1, ele estava lutando contra os profetas
desse deus, que eram protegidos por Acabe, rei de
Israel, e sua esposa, Jezabel. Esses profetas eram
literalmente sustentados pelo casal real. Elias fez
algo que ninguém nunca havia feito. Confira o texto
de 1 Reis 18.21-29:

Então, Elias se chegou a todo o povo e


disse: Até quando coxeareis entre dois pensa-
mentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se
Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu
nada. Então, disse Elias ao povo: Só eu fiquei
por profeta do SENHOR, e os profetas de Baal
são quatrocentos e cinquenta homens. Dêem-se-
-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para
si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e
o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam

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A receita para cumprir seus objetivos

fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei


sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. Então,
invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o
nome do SENHOR; e há de ser que o deus que
responder por fogo esse será Deus. E todo o povo
respondeu e disse: É boa esta palavra. E disse
Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós
um dos bezerros, e preparai-o primeiro, porque
sois muitos, e invocai o nome do vosso deus, e
não lhe metais fogo. E tomaram o bezerro que
lhes dera e o prepararam; e invocaram o nome
de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizen-
do: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia
voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre
o altar que se tinha feito. E sucedeu que, ao
meio-dia, Elias zombava deles e dizia: Clamai
em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser
que esteja falando, ou que tenha alguma coisa
que fazer, ou que intente alguma viagem; por-
ventura, dorme e despertará. E eles clamavam
a grandes vozes e se retalhavam com facas
e com lancetas, conforme o seu costume, até
derramarem sangue sobre si. E sucedeu que,
passado o meio-dia, profetizaram eles, até que
a oferta de manjares se oferecesse; porém não
houve voz, nem resposta, nem atenção alguma.

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Silas Malafaia

Depois disso, Elias fez uma espécie de valeta


ao redor do altar e, de maneira surpreendente,
mandou jogar quatro cântaros de água; entretanto,
ele ainda não havia ficado satisfeito. Veja a conti-
nuação em 1 Reis 18.32b-35:

Depois, fez um rego em redor do altar, se-


gundo a largura de duas medidas de semente.
Então, armou a lenha, e dividiu o bezerro em
pedaços, e o pôs sobre a lenha, e disse: Enchei
de água quatro cântaros e derramai-a sobre
o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o
segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse
ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira
vez, de maneira que a água corria ao redor do
altar, e ainda até o rego encheu de água.

O profeta de Deus fez tudo ao contrário, con-


testando toda lógica humana, para demonstrar que
só o Senhor era Deus em Israel. Aquele que tem
o propósito tem a convicção. E ele consegue con-
trariar as circunstâncias e transcender as leis dos
homens. Em seguida, Elias orou. Foi uma oração
curta, sem qualquer pompa. Ele falou com Deus
e disse:
Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de
Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e

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A receita para cumprir seus objetivos

que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz


todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-
me, para que este povo conheça que tu, SENHOR, és
Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás.
1 Reis 18.36,37

Elias clamou pela ação de Deus, e o Senhor


respondeu com fogo. Acabou. O altar ficou total-
mente destruído pelo poder de Deus.
Só o Senhor é Deus! Ele fez o que ninguém fez
e o que nunca fora realizado. Prepare-se, porque
Deus vai fazer isso na sua vida. Você vai fazer o
que nunca fez e o que ninguém fez. Estou sendo
profeta do Senhor para sua vida neste momento.
Você tem de sair daí e mostrar-se. Assim, entenderá
o que Deus quer para você, deixando os outros
espantados, “de cabelo arrepiado”, porque Deus
tem um propósito para sua vida.
Contudo, há algo interessante: para conseguir
alcançar o seu propósito, ele terá de ser mani-
festado. Você precisará saber qual é e precisará
entendê-lo. Só assim, fará coisas que nunca fez e
que nunca foram feitas por ninguém.
Em 1 Reis 18.41 está escrito: Então, disse Elias
a Acabe: Sobe, come e bebe, porque ruído há de
uma abundante chuva. Você vai perceber coisas
que ninguém percebe. Somente Elias ouviu o ruído.
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Silas Malafaia

Digo a você: pode ir embora porque estou per-


cebendo. Deus vai fazer. Tenho certeza de que não é
uma percepção minha. Eu estou ouvindo os homens
de Deus falarem aqui e ouço outros em vários lugares.
Estou ouvindo o ruído de uma grande chuva que vem
para o Brasil. Você está ouvindo o barulho de uma
grande chuva que vem para esta nação?
Digo aos pastores da minha igreja e às pessoas
que trabalham comigo no meu ministério evange-
lístico: “Pessoal, vai ter coisa grande aí. Deus vai
abrir as comportas do céu. Virão bênçãos que nós
nunca experimentamos. Estou ouvindo um ruído”.
Contudo, olhe que coisa interessante! Observe
o texto de 1 Reis 18.43,44:

E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para


a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não
há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E
sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma
pequena nuvem, como a mão de um homem,
subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a
Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a
chuva te não apanhe.

Quando você tem a revelação de um propósito de


Deus para sua vida, você vê o que ninguém vê. Alguém
pode até ver alguma coisa, como aconteceu com Elias
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A receita para cumprir seus objetivos

quando ele perguntou ao moço: “O que você está ven-


do, rapaz?”. E o moço respondeu: “Ah, eu estou vendo
uma nuvem do tamanho da mão de um homem”. Sim,
alguém pode até ver alguma coisinha do seu propósito.
No entanto, enxergar o fim dele, as implicações futuras,
só você pode. Apenas Elias viu a chuva.
Sabe o que eu aprendo com isso? Que diante de
um sinal insignificante, que passaria despercebido para
outra pessoa, você consegue ver além. Eu pergunto a
você: “O que está acontecendo? O que você viu?”. E
você responde: “Vi uma nuvem do tamanho da mão
de um homem”. E eu digo: “Corre, porque vem chuva.
Pode correr!”.
Não é necessário ver tudo. Aquilo que não sig-
nifica nada para outra pessoa é o sinal da vitória de
Deus, da bênção e do milagre para você.
Faço novamente menção ao Salmo 139.16
que afirma:

Os teus olhos viram o meu corpo ainda


informe, e no teu livro todas estas coisas foram
escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas,
quando nem ainda uma delas havia.

A vida cristã consiste em descobrir diariamen-


te aquilo que o Senhor escreveu a seu respeito, e
atentar para alcançar o propósito dele em sua vida.
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Capítulo 7
Ter convicção do seu propósito

E disse ao seu moço: Sobe agora e olha


para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse:
Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete
vezes. E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis
aqui uma pequena nuvem, como a mão de um
homem, subindo do mar.
1 Reis 18.43,44a

Perceba a beleza desse texto! Quem conhece o


propósito de Deus para sua vida tem convicção fora
do comum que o torna persistente, perseverante, cheio
de esperança e alguém que não desiste do propósito.
O profeta Elias disse: “Suba agora e olhe
para a banda do mar. O que você está vendo?”. A
primeira resposta do jovem foi: “Nada”. Então o
profeta disse: “Volte! E agora?”. Segunda resposta:
“Nada”. Volte! Terceira: “Nada”. Quarta: “Nada”.
Quinta: “Nada”. Sexta: “Nada” (esse sujeito deve
estar maluco! Esse profeta está louco!). E, na sétima
vez, o moço de Elias disse: “É uma nuvem como
a mão de um homem”.
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A receita para cumprir seus objetivos

Eu, como profeta, farei uma analogia. Passa um


ano, e nada acontece na sua vida. Passam mais dois
anos, e também não ocorreu nada diferente. Três anos
se passaram, e mais uma vez nada aconteceu; você está
no mesmo lugar. Passam-se quatro anos, e nada. Contu-
do, vai acontecer. Já se vão cinco anos, e nada. Somam
seis anos, e nada, nenhum acontecimento novo.
Todavia, no sétimo ano... Tudo muda, e você
vê: “É como uma nuvem do tamanho da mão de
um homem”. Você diz: “Vai vir chuva para mim.
Estou a tanto tempo esperando, e o Senhor me deu
o sinal que eu precisava”.
É realmente uma convicção fora do comum.
Você pode estar dizendo: “Não vai acontecer nada.
“É, a coisa está feia”. O ministério dele acabou. A
empresa dele já era. Esse negócio não vai dar certo”.
Vai sim. Eu tenho uma revelação de Deus. O Senhor
já falou comigo. Não é “sonho de barriga cheia”. Não
é “revelamento”. Não é “visagem” nem “profetada”.
Eu tenho confirmação. Vai acontecer. Não aconteceu
ainda, porém vai acontecer.
Então, Deus me manda dizer a você: “Corra,
porque vai chover no seu ministério. Vai chover na
sua empresa, no seu negócio, no sonho que você
tem. A chuva está vindo!”.
Alguns ministros do evangelho que estão len-
do este livro se encontram há tantos anos sem ver
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Silas Malafaia

nada. Outros sonharam com empreendimentos e


não estão vendo nada acontecer, absolutamente
nada. E você, que está com o livro em mãos agora,
o que está acontecendo em sua vida?
Deus está dizendo: “Estou mostrando um
sinal para você”. Veja a nuvem do tamanho da
mão de um homem. Essa nuvem não resolve o seu
problema, contudo o que vem depois dela será
tremendo, abrirá as comportas do céu”. É apenas
um sinal de Deus dizendo a você: “Eu vou cumprir
o propósito na sua vida. Vou cumprir o que tenho
lhe prometido”.
Este livro pode ser usado por Deus para aben-
çoar sua vida. O Senhor pode falar com você por
meio da leitura deste texto, e isso é um sinal que
vem dele para sua vida.
O nosso problema é que queremos receber do
Senhor o sinal que nos interessa, e não o que Ele
quer dar-nos. Pensamos: “Não, eu vou entender
o que o Senhor quer que eu faça se Ele fizer isto
aqui”. Então Deus diz: “Não, meu filho, não é nada
disso; você está “por fora”. Quem está no controle
sou eu, não você. Não é o sinal que você quer, do
jeito que você quer”.
No entanto, você terá de entender o sinal
quando ele se manifestar. Você deverá estar pre-
parado para reconhecê-lo e discernir o que virá
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A receita para cumprir seus objetivos

depois dele. Pode não estar acontecendo nada em


sua vida agora, mas acontecerá.
Você pode dizer: “Pastor! Eu sou liberal há
muito tempo, sou dizimista e ofertante fiel, e não
acontece nada”. Calma, espere que daqui a pouco
vai aparecer uma nuvem do tamanho da mão de
um homem. Vai chegar chuva para sua vida, para
sua família, para seu ministério e para seu negócio.
Quando penso em eventos, não penso em
uma conferência para apenas três mil pessoas;
eu vejo um congresso com 20 mil pessoas. Não
imagino um programa no canal de televisão que
tem pouca audiência; idealizo o programa sendo
exibido no canal mais importante do país! Eu o
visualizo em uma emissora de TV com alcance
nacional!
Eu não vejo só isso não! Vem chuva! Não
estou vendo só o meu ministério receber ofertas
grandes. Estou vendo Deus levantar milhares de
pessoas que investirão milhões na pregação do
evangelho, na construção de igrejas e no treina-
mento de líderes.
Eu pergunto a você, que está lendo este livro:
“O que você está vendo?”. Você pode dizer: “Apenas
uma nuvem do tamanho da mão de um homem já
é o suficiente para mim”. Mas eu digo a você: “Eu
já estou vendo a chuva que vai jorrar na sua vida!”.
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Silas Malafaia

Quando temos convicção do propósito de


Deus para nossa vida e nos prontificamos a assumir
a direção que o Senhor nos dá, somos cheios de Sua
graça, e nossa vida começa a mudar. Deixamos de
ser servos comuns e passamos a ser servos muito
especiais nas mãos do Senhor. Deus cria situações
para nos tratar e para usar-nos.
Todos nós temos a oportunidade de ser “desa-
fiados” a cumprir a vontade de Deus. Não devemos
deixar essa chance passar; não devemos esquivar-
nos do propósito que o Senhor Deus tem para nós.

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Capítulo 8
Ser a voz profética do
seu propósito

O que você está vendo? Talvez você esteja


vendo apenas uma pequena nuvem do tamanho
da mão de um homem, mas eu lhe digo que, na
verdade, você está percebendo mais do que isso.
Você está vendo a chuva. A nuvem nada mais é
do que o sinal.
Agora, observe a postura de Elias quando re-
conheceu a revelação do propósito de Deus para
a vida dele. O texto de 1 Reis 18.41,44 afirma:

Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come


e bebe, porque ruído há de uma abundante
chuva. E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis
aqui uma pequena nuvem, como a mão de um
homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe
e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce,
para que a chuva te não apanhe.

Não é qualquer chuva; é uma chuva abundante!


Sabe o que acontecerá quando você tiver a revelação

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Silas Malafaia

e a convicção do seu propósito? Você será a voz pro-


fética do seu propósito. Elias disse: “Estou ouvindo o
barulho de uma grande chuva. É uma nuvem? Corra
e avise a Acabe que vem chuva. Pode mandá-lo des-
cer. Mande-o entrar no carro e andar rápido, porque
a chuva virá e será com muita intensidade”.
Elias estava sendo profeta do seu propósito.
E você, está com medo de quê? Tem vergonha de
quê? De abrir a sua boca e dizer as coisas? É disso
que você está com medo?
Vivi uma experiência de ser a voz profética do
meu propósito quando ainda nem era pastor. Era um
período de Copa do Mundo de futebol, e eu estava
assistindo a um jogo. Então, eu me dirigi ao meu sogro,
bati na tela da televisão e disse assim: “Pastor, um dia
eu vou estar aqui na televisão”. Ele sorriu e respondeu:
“Sonha, meu filho! Sonhar faz bem para a saúde”.
Eu estava sendo profeta do meu propósito.
E, quando você é profeta do seu propósito, acaba
contagiando o outro e atraindo pessoas para o seu
propósito.
Quando você tem medo de falar dele é porque
ainda não tem convicção suficiente. Contudo, se
você tem convicção, diga aos outros: “Aproveitem
enquanto eu posso atender vocês, porque a agenda
vai ficar apertada, e não vai ser fácil um horário
para falar comigo”. E saiba que não será porque
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A receita para cumprir seus objetivos

você ficará “metido a besta”, mas porque você es-


tará envolvido com muitas coisas que glorificarão
a Deus. Seja profeta do seu propósito!
Em um domingo na minha igreja, na Escola
Bíblica Dominical, eu estava ensinando sobre a
importância da palavra profética e liberando-a
sobre o povo, porque, se eu não profetizar o meu
propósito, nem eles participarão do meu propósito,
nem profetizarão sobre o propósito deles.
Existem pastores que têm medo de afirmar:
“Deus levantará milionários aqui”. Parece que
estão falando do diabo e do pecado. Deus vai le-
vantar pessoas em todas as posições e instituições
para contribuir para a expansão do evangelho: no
Judiciário, no Legislativo, no Executivo...
Então, eu estava falando sobre isso na igre-
ja, e disse: “Você que é marceneiro, a coisa será
tão surpreendente que esperarão seis meses para
conseguir que você faça um trabalho. Sua agenda
ficará lotada de tantos clientes que você terá”. Um
irmão que estava na igreja, e é marceneiro, falou:
“É para mim essa palavra, eu me aposso dela. Vai
acontecer comigo”.
Esse irmão é um marceneiro, um profissional
de alto nível. Há pouco tempo, ele recebeu a pro-
posta de uma empresa de construção: “Precisa-
mos que o senhor faça os móveis dos prédios que
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Silas Malafaia

estamos lançando”. Ele respondeu: “Agora não


dá”. “Será que pode ser para daqui a um mês?”,
insistiram. “Um mês? Não dá não.” “E daqui a dois
meses, o senhor teria um tempo na sua agenda?”
“Não é possível”.
“E daqui a três meses?” “Infelizmente daqui a
três meses não dará para atender ao seu pedido.” “E
daqui a quatro meses?” “Ainda não poderei fazer o
trabalho, amigo; não dá. Estou com muito trabalho; só
terei tempo para fazer o serviço daqui a seis meses.”
Quando ele acabou de falar, o Espírito Santo
trouxe à memória dele aquela palavra profética do
propósito. A empresa de engenharia esperou seis
meses para que o marceneiro pudesse atendê-la!
Já disseram a meu respeito: “Esse cara é louco,
ele vai quebrar! Não vai a lugar nenhum”. Mas, se
eu estiver enxergando além, assunto encerrado. Vou
profetizar, e no tempo certo Deus fará. Não será
na minha hora, no dia em que eu quero nem no
momento que eu espero, e sim no tempo de Deus.
Existem vários pastores. Vamos imaginar que
cada um deles esteja liderando segmentos dife-
rentes: uns como pastores de igrejas, outros como
pastores de departamentos... A realidade é que nem
todos eles estão à frente de uma igreja.
Imagine agora cada um desses pastores che-
gando em sua igreja, ou ao departamento pelo qual
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A receita para cumprir seus objetivos

é responsável, e liberando uma palavra profética


sobre o propósito dele mesmo. Já parou para pensar
no que vai acontecer com as pessoas que os ou-
virem e que pretenderem imitar sua fé? Lembre-se
do texto de Hebreus 13.7, que afirma:

Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos


falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai,
atentando para a sua maneira de viver.

É a recomendação bíblica que não deve ser


esquecida: olhar para os pastores e procurar espe-
lhar-se no testemunho e fé que eles têm. Imagine-se
abrindo a sua boca dentro de casa com sua família,
testificando em seu relacionamento, falando na sua
igreja; o inferno vai tremer, e portas serão abertas!
Tenho sido profeta na minha casa; meus filhos
constantemente me ouvem falar sobre minhas vi-
sões. Sempre declarei e disse coisas em meu lar.
Tenho profetizado no púlpito, mesmo antes de
ser pastor da igreja; falei acerca do meu propósito
continuamente nos meus programas, e vou conti-
nuar falando, porque eu sou o principal profeta do
propósito que Deus tem para minha vida.

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Capítulo 9
O segredo para cumprir o
propósito de Deus em sua vida

Reflita nestas perguntas: Por que Elias cumpriu


o seu propósito? Por que ele disse que não choveria
por um determinado tempo e, de fato, não choveu?
Por qual motivo Elias depois falou que choveria, e
choveu? Por que Elias foi para a casa de uma viúva
a fim de ser sustentado por ela? Por que todas essas
coisas aconteceram com o profeta?
O Senhor tinha um propósito para a vida de
Elias, e este cumpriu o propósito divino. E você,
por que motivo cumprirá o seu propósito? As res-
postas encontram-se em 1 Reis 18.46a: E a mão
do Senhor estava sobre Elias.
Você vai cumprir o que Deus tem para sua
vida porque a mão dele está sobre você. Não será
pela sua capacidade, mas pela mão do Senhor.
Quando estamos no centro da vontade de Deus,
podemos estar seguros de que a mão dele está
sobre nós.
A mão do Senhor nos cobre quando temos
intimidade com Ele, quando obedecemos a Sua
Palavra, e quando aprendemos a esperar o tempo

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A receita para cumprir seus objetivos

dele. A direção de Deus está sobre a nossa vida


quando acreditamos no propósito que Ele nos
revela, quando temos a coragem e a audácia de
profetizar aquilo que o Senhor ainda fará.
Eu declaro que a mão do Senhor está sobre
você. Não tenha medo. Sei que você terminará a
leitura deste livro e não estará junto a nenhum leão
nem próximo a um monte de águias. Você, porém,
declarará: “A mão do Senhor está sobre a minha
vida. Cumprirei o meu propósito”.
Satanás não vai paralisá-lo, e você vai realizar
aquilo que Deus tem lhe revelado. A mão do Senhor
está sobre você, e ninguém vai roubar o seu propósito.
Desejo trazer-lhe um alerta. Atente para algo ma-
ravilhoso: Fazia três anos e meio que não chovia em
Israel. Contudo, o profeta Elias disse: “Eu estou ouvindo
o barulho de uma grande chuva!”. Ele só podia estar
maluco, porque não chovia há muitos anos!
Então, Elias perguntou ao seu moço: “O que
você está vendo?” (e isso já pela sétima vez!). E o
moço respondeu: “Vejo uma nuvem do tamanho
da mão de um homem”. Então, finalmente o profeta
afirmou: “Vem chuva!”. E o que ele falou aconte-
ceu. Então, a profecia se cumpriu.
Em 1 Reis 18, vimos que Elias desafiou os profetas
malignos no monte Carmelo. Ele encharcou de água
o altar do Senhor, inundou o rego que ele havia feito
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Silas Malafaia

em volta, e, em seguida, levantou uma breve oração


pedindo que Deus derramasse fogo sobre o altar, para
que Israel soubesse que o Senhor era o único Deus. O
altar foi consumido pelo fogo, e o povo reconheceu
verdadeiramente que o Senhor reinava absoluto.
No entanto, depois de vencer os profetas de
Baal, Elias ficou abatido, sua alegria foi roubada,
como mostra 1 Reis 19.1-5a:

E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto


Elias havia feito e como totalmente matara todos
os profetas à espada. Então, Jezabel mandou um
mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam
os deuses e outro tanto, se decerto amanhã a
estas horas não puser a tua vida como a de um
deles. O que vendo ele, se levantou, e, para es-
capar com vida, se foi, e veio a Berseba, que é
de Judá, e deixou ali o seu moço. E ele se foi ao
deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou
debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a
morte e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora
a minha vida, pois não sou melhor do que meus
pais. E deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro.

Eis a questão: você acaba de ler uma mensa-


gem de Deus, e o diabo está a postos esperando
para roubar tudo de você. Foi o que aconteceu
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A receita para cumprir seus objetivos

com Elias. Não estou referindo-me a problemas


emocionais. Jezabel, a terrível mulher de Acabe,
enviou um recado a Elias que, na verdade, era uma
ameaça de morte: “Que os deuses me castiguem se
amanhã, a esta hora, o seu pescoço ainda estiver
no lugar”.
O profeta recebeu a notícia e foi para um lugar
distante, caminho de um dia adentrando o deserto.
Lá, ele entrou em depressão. Sim, Elias entrou em
depressão. Conheço um pouquinho esse assunto.
Todos os sintomas da depressão se manifes-
taram em Elias: ele desejou morrer, perdeu a fome
e tinha constante sonolência. O profeta chegou a
declarar para Deus: Já basta, ó SENHOR; toma
agora a minha vida, pois não sou melhor do que
meus pais (1 Reis 19.4b).
Elias dedicou sua vida a servir ao Senhor; ele
era profeta de Deus em Israel. Você sabe o que é
um homem dedicar sua vida a restaurar uma na-
ção? Imagine você profetizar algo há anos, não ver
qualquer resultado, e presenciar, tempos depois,
o cumprimento de tudo o que profetizou e, em
seguida, ter sua alegria roubada pelo diabo!?
O meu alerta para você é que fique atento,
porque muitas vezes ao sair de casa, da igreja, de
um congresso, no check-in do aeroporto, no avião,
em sua empresa na semana seguinte, o diabo diz:
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Silas Malafaia

“Eu vou tomar essa alegria dele e vou trazê-lo para


a realidade”. A Bíblia nos adverte:

Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso


adversário, anda em derredor, bramando como
leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti
firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se
cumprem entre os vossos irmãos no mundo.
1 Pedro 5.8,9

Há um segredo que Jesus me ensinou e que


Elias não usou. Como já aprendi com Jesus, posso
usá-lo. Quando Cristo foi levado pelo Espírito ao
deserto para ser tentado pelo diabo, as tentações
do maligno não surtiram efeito, como vemos em
Mateus 4.1-11.
Enquanto o tentador fazia sugestões, procuran-
do persuadir o Mestre, Ele respondia com a Palavra,
e finalmente repreendeu Satanás: Vai-te, Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás
e só a ele servirás (v. 10). E Satanás deixou Jesus.
É nesse ponto que se encontra o segredo: durante
a tentação no deserto, a última palavra foi de Jesus.
Nunca permita que o diabo tenha a última palavra
na sua vida. Nunca! A última palavra não é dele.
Assim como o Senhor Jesus, temos de conhecer as
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A receita para cumprir seus objetivos

Escrituras para vencer as ciladas de Satanás. Você


precisa buscar a presença do Senhor, orar, jejuar,
porque a carne é fraca, e o diabo anda ao nosso
derredor.
Eu já vi muita coisa. A pessoa deixa de buscar
a presença do Senhor, não frequenta mais os cultos,
não estuda a Bíblia, não tem revelação de Deus e
da Sua Palavra e, por fim, sai da presença dele, da
glória do Altíssimo. Ela esquece tudo o que ouviu
e tudo o que aprendeu.
Mas isso não vai acontecer com a sua vida
porque você está plantado na Rocha, Jesus Cristo,
e está firmado na Palavra do Senhor.
A receita para cumprirmos nossos objetivos
passa obrigatoriamente pelo caminho de entre-
garmos a nossa vontade totalmente ao Senhor, de
forma incondicional, exatamente como fez Elias.
O Deus do profeta Elias — que é fiel, podero-
so, presente — é também o nosso Deus e ainda de-
monstra o Seu poder em nossa vida. Não devemos,
pois, ter qualquer dúvida quanto a confiar nele.
Devemos sempre agir conforme a Sua vontade.
Descobriremos, assim como aconteceu com
Elias, que aquele que deposita a sua fé em Deus
nunca será desapontado e cumprirá os seus obje-
tivos em total sintonia com o Senhor.

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EdITora CEnTraL GoSPEL
Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Rio de Janeiro - RJ - Cep : 22713-001
Tel : ( 21) 2187-7000
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SILAS MALAFAIA
Muitos já experimentaram momentos de escassez e já chegaram a
um ponto onde tudo parecia perdido — as derrotas se multiplicaram;
os obstáculos pareciam intransponíveis; havia problemas de toda sorte,
que não permitiam um vislumbre da solução. Mas, quando o dia mau
passou, a maioria dessas pessoas pôde constatar que Deus agiu em meio à
adversidade delas, dando-lhes crescimento e preparando-lhes o caminho
para uma grande vitória, a qual trouxe bênçãos inumeráveis, abundância
e fartura.
Analisando a história bíblica de homens e mulheres que enfrentaram
momentos de escassez e crise, mas recorreram a Deus e tiveram sua
situação revertida por Ele, o pastor Silas destaca importantes princípios
que devemos considerar ao enfrentarmos as crises e transpormos as
dificuldades e aflições.
Ao ler este livro, você compreenderá o que fazer
para vencer essa situação e atrair o olhar benevolente e
generoso do Altíssimo, de modo que a escassez dê lugar
à fartura.

APRENDENDO COM A ESCASSEZ E A FARTURA


Silas Malafaia
é psicólogo clínico, conferencista
internacional e pastor evangélico.

ISBN: 978-85-7689-257-1
EDITORA CENTRAL GOSPEL
Estrada do Guerenguê, 1851
33150

Taquara - Rio de Janeiro - RJ


CEP: 22713-001
PEDIDOS: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com
Silas Malafaia

Aprendendo
com a escassez
e a fartura
D IR E Ç Ã O E X E C U T IV A Copyr igh t 2012 por Editora Central Gospel
Elb a A lencar

G E R Ê N C IA E D IT O R IA L D ados Internacionais de Catalogaçã o


na Pub licaçã o ( CIP)
Jane Castelo Branco

G E R Ê N C IA D E P R O J E T O S
E S P E C IA IS Malafaia, Silas / Aprendendo com a escassez
Jefferson M agno Costa e a fartura
Rio de Janeiro: 2012
C O O R D E N A Ç Ã O 64 pá ginas
E D IT O R IA L
M ich elle Candida Caetano ISBN: 978-85-7689-257-1
1. B í b l i a - V i d a c r i s t ã I . T í t u l o I I .
P E S Q U IS A
E E S T R U T U R A Ç Ã O A s citaç õ es b íb licas utiliz adas neste livro foram ex traídas
M arcus Braga da V ersã o A lm eida Revista e Corrigida ( A RC) , salvo
indicação específica, e visam incentivar a leitura das
1ª R E V I S Ã O Sagradas Escrituras.
Patrícia Calh au
É proib ida a reproduçã o total ou parcial do text o deste
R E V IS Ã O F IN A L livro por quaisquer m eios ( m ecâ nicos, eletrô nicos,
Patrícia Calh au xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
breves, com indicação da fonte bibliográfica.
C A P A
A ndré F aria Este livro está de acordo com as m udança s propostas
pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
D IA G R A M A Ç Ã O partir de j aneiro de 2009.
Sanderson Santos

IM P R E S S Ã O E 1ª ediçã o: M arço / 2012


A C A B A M E N T O Reediçã o: A gosto/ 2018
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Sumário

Apresentação ..................................................................5

Capítulo 1 - A escassez e os propósitos de Deus ............... 7


Um exemplo dramático de escassez .....................................11
Por que Deus age assim? ......................................................14

Capítulo 2 - A escassez e a lógica de Deus ...................... 17


A lógica humana na escassez ...............................................18
A lógica de Deus na escassez ...............................................19
A dinâmica da escassez em nossa vida ............................... 26

Capítulo 3 - A fartura e os propósitos de Deus................ 29


A sabedoria de Deus e a fartura ...........................................29
A soberania de Deus e a fartura ...........................................32
A obediência a Deus e a fartura ...........................................33

Capítulo 4 - A fartura como resultado de algumas


atitudes...................................................................................35
Como se manifesta a fartura ................................................36
Os ingredientes da fartura....................................................38
O objetivo da fartura .............................................................39
Capítulo 5 - A fartura e a palavra profética .................... 43
A fartura é precedida pela escassez ....................................43
Quando vem a palavra profética ..........................................50
A vitória consumada: Deus transforma a escassez
em fartura ..............................................................................52
Apresentação

Todos nós já experimentamos momentos


de escassez. Momentos em que chegamos a
um ponto onde tudo parecia perdido, quando
derrotas se multiplicaram sucessivamente. Os
obstáculos pareciam intransponíveis, problemas
que não permitiam um vislumbre de solução.
Porém, Deus estava agindo e preparando o
caminho para o crescimento. O Senhor estava
pavimentando a estrada que levaria à abundân-
cia e à fartura.
Será que tivemos sensibilidade espiritual para
percebermos isso? Será que Deus nos enviou uma
palavra profética em meio a essa escassez, apon-
tando para um futuro de fartura, e conseguimos
ouvi-la e crer nela?
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

A Bíblia nos apresenta vários exemplos de


Deus agindo em meio à escassez, prometendo
abundância e fartura, e pedindo apenas que hou-
vesse confiança nele e entrega com fé incondi-
cional e obediência. Dessa forma, ao longo das
Escrituras, vemos que o Senhor ensinou que todos
aqueles que vivam dias maus aprendam a confiar
em Sua soberania e graça e a depender delas, para
que experimentem o que parece ser o mais impro-
vável: a fartura.
Neste livro, quero dividir com você preciosas
lições a respeito desse aprendizado proporcionado
por Deus: que a escassez precede a fartura. Meu
desejo é que, todas as vezes que você ouvir a voz
do Pai, por meio de Sua Palavra, orientando-o
e conduzindo-o nos momentos de dificuldades,
sejam elas financeiras, materiais, emocionais ou
espirituais, saiba identificá-la e reconhecer que
Ele o está capacitando para vivenciar a verdadeira
fartura.
Deus faz o milagre. Que façamos a nossa par-
te, crendo, obedecendo e agindo segundo a Sua
vontade. Que Provérbios 8.18 seja uma realidade
em nossa vida e uma declaração de vitória e suces-
so: Riquezas e honra estão comigo; sim, riquezas
duráveis e justiça.
6
Capítulo 1
A escassez e os propósitos de Deus

Escassez é algo que todos nós já experimenta-


mos, e cada um respondeu a ela de maneira dife-
rente. Ela não acontece apenas no âmbito material.
As necessidades financeiras, as adversidades do dia
a dia, a doença, a derrota profissional, as perdas,
a solidão são apenas algumas das muitas faces da
escassez que abatem o homem. Porém, por trás de
todas está a pior manifestação desse problema: a
escassez emocional e espiritual.
A Bíblia nos fornece inúmeros exemplos de
vidas que mergulharam em situação de escassez
extrema. Abraão experimentou a escassez de filhos,
mas, ainda que a velhice reforçasse a impossibilida-
de de herdeiros, Deus realizou o milagre da fartura:
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove


anos, apareceu o SENHOR a Abrão e disse-lhe: Eu sou
o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê
perfeito. E porei o meu concerto entre mim e ti e te mul-
tiplicarei grandissimamente. Então, caiu Abrão sobre
o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: Quanto a
mim, eis o meu concerto contigo é, e serás o pai de
uma multidão de nações. E não se chamará mais o teu
nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por
pai da multidão de nações te tenho posto. E te farei
frutificar grandissimamente e de ti farei nações, e reis
sairão de ti.
Gênesis 17.1-6

Tudo o que o velho Abraão possuía era uma


promessa do Senhor. Porém, o patriarca decidiu
confiar que ela se cumpriria, em vez de concentrar-
-se no problema, e viu sua escassez se transformar
em fartura.
Jó também sofreu com a escassez. Lemos
na Bíblia que ele era um homem próspero, com
filhos e filhas, justo e temente a Deus. Porém, seu
império desmoronou, seus filhos foram mortos, e
o que era um corpo saudável tornou-se enfermo.
De onde viera essa torrente de mal? De onde viria
alguma ajuda? Não de sua esposa. Alguém poderia
8
S I L A S M A L A FA I A

desculpá-la por recomendar a Jó que amaldiçoasse


o Senhor e morresse; afinal, ela também sofria com
a perda dos filhos, dos bens e a enfermidade do
marido, que sempre fora um homem respeitado e
um exemplar chefe de família. Mas e os amigos
de Jó? Eles além de não o ajudarem muito, ainda
infligiram-lhe mais sofrimento ao tentar convencer
Jó de que ele devia ter feito algo muito mau, para
ter de enfrentar tamanha provação.
Em meio a tanta dor, Jó declarou: Ainda que
ele [Deus] me mate, nele esperarei; contudo, os
meus caminhos defenderei diante dele (Jó 13.15).
Sem o conforto da família ou dos amigos, Jó
buscou a Deus e apresentou ao Senhor seu caso.
A cabeça de Jó doía, seu corpo e seu coração tam-
bém. Ele não aguentava mais a falta de respostas
para seus questionamentos. “Por que isto acontece
comigo? Por que tanta escassez e sequidão?” —
perguntava-se o patriarca.
Um dia, Deus respondeu. Não com respostas
claras e diretas, mas com perguntas significativas,
que apontavam para o Seu infindo e inigualável
poder e Sua absoluta soberania.

Depois disto, o SENHOR respondeu a Jó de um


redemoinho e disse: Onde estavas tu quando eu fundava

9
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe


pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre
ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases,
ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as
estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos
os filhos de Deus rejubilavam? Ou quem encerrou o
mar com portas, quando trasbordou e saiu da madre,
quando eu pus as nuvens por sua vestidura e, a escuri-
dão, por envolvedouro? Quando passei sobre ele o meu
decreto, e lhe pus portas e ferrolhos, e disse: Até aqui
virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as tuas
ondas empoladas?
Jó 38.1,4-11

Jó entendeu a questão. Deus não deve nada


a ninguém; nem razões, nem explicações. Nada.
Mesmo que o Senhor as desse, não conseguiríamos
compreender.
Isso torna a conclusão do Livro de Jó ainda
mais comovente. Apesar de nada dever ao pa-
triarca, o Senhor lhe concedeu tudo novamente:
restaurou a saúde, os negócios, a família. E, mais
importante do que essas bênçãos, foi o conheci-
mento que Jó obteve de Deus ao vivenciar toda
aquela situação em que Ele converteu a escassez
em fartura; daí a declaração do patriarca: Antes
10
S I L A S M A L A FA I A

eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te


vejo com os meus próprios olhos (Jó 42.5 NTLH).

Um exemplo dramático de escassez

Tomemos como texto base para o tema que


estamos estudando 1 Reis 17, especificamente o
trecho que compreende os versículos 8 a 16:

Então veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo:


Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita
ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te
sustente. Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; e,
chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma
mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou e lhe
disse: Traze-me, peço-te, numa vasilha um pouco de
água que beba. E, indo ela a buscá-la, ele a chamou e
lhe disse: Traze-me, agora, também um bocado de pão
na tua mão. Porém ela disse: Vive o SENHOR, teu Deus,
que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de
farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija;
e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para
mim e para o meu filho, para que o comamos e morra-
mos. E Elias lhe disse: Não temas; vai e faze conforme
a tua palavra; porém faze disso primeiro para mim um
bolo pequeno e traze-mo para fora; depois, farás para
ti e para teu filho. Porque assim diz o SENHOR, Deus de
11
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite


da botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR dê
chuva sobre a terra. E foi ela e fez conforme a palavra
de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos
dias. Da panela a farinha se não acabou, e da botija o
azeite não faltou, conforme a palavra do SENHOR, que
falara pelo ministério de Elias.

Nessa passagem, temos um retrato da situação


vivida pelo profeta Elias, após profetizar contra o
rei Acabe, predizendo que os céus não enviariam
chuva durante três anos. Essa palavra do Senhor
foi levada por Elias em função do pecado do rei
Acabe, que tomou como esposa Jezabel, serviu a
Baal com ela e construiu um bosque para o deus
dos sidônios, onde erigiu altares, irritando cada
vez mais o Senhor.
Após profetizar a Acabe, veio a palavra do
Senhor a Elias, dizendo:

Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te


junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E
há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos
corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a
palavra do Senhor, porque foi e habitou junto ao ribeiro
de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe
12
S I L A S M A L A FA I A

traziam pão e carne pela manhã, como também pão e


carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados
dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva
na terra.
1 Reis 17.3-7

Vamos analisar a escassez pela qual Elias pas-


sava naquele momento. O profeta estava vivendo
no período por ele mesmo profetizado, em que não
haveria chuva nem orvalho. Até mesmo o ribeiro
de Querite já havia secado. Sem chuvas, não ha-
via mais água, produtos agrícolas nem rebanhos.
Os mantimentos do povo tinham se esgotado, e a
escassez se espalhava rapidamente pela terra de
Israel.
Note que até mesmo Elias passava por dificul-
dades, pois o texto diz que Deus lhe ordenou que
fosse à cidade de Sarepta e ali ficasse, a fim de ser
sustentado por uma viúva (1 Reis 17. 7). O motivo
dessa orientação foi o fato de o ribeiro ter secado
e de os corvos não mais levarem pão e carne ao
profeta. A escassez se fez concreta e real até na
vida do homem de Deus.
Eis a seguir o primeiro questionamento que
podemos fazer com relação à ordem divina, a per-
gunta que todos nós faríamos, caso estivéssemos na
13
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

pele de Elias, a indagação que cada um de nós faz


quando se encontra diante de adversidades, lutas,
perdas, carências, face a face com a escassez.

Por que Deus age assim?

Deus poderia ter enviado Elias para a casa de


um dos líderes religiosos de Sarepta que estivesse
em condições de recebê-lo e hospedá-lo durante
aquele período de privação. Também poderia ter
orientado o profeta a buscar a liderança política
da cidade e apresentar-se como Seu enviado, or-
denando às autoridades que o sustentassem para
que fossem abençoadas. O Senhor poderia, ainda,
tê-lo encaminhado ao homem mais rico do local,
com uma profecia que anunciasse a Sua vontade e
convencesse o homem a manter Elias até quando
fosse necessário. Mas Deus ordenou que o profeta
buscasse o destino mais improvável, a casa mais
humilde, a pessoa mais necessitada naquele mo-
mento — uma viúva sem eira nem beira.
O texto bíblico diz que a situação daquela
mulher era tão crítica, que ela estava prestes a
preparar sua última refeição e aguardar, com o
único filho, a morte. Se a situação para Elias — um
profeta fiel ao Senhor, um homem de Deus que já
havia recriminado o rei de Israel com sua palavra
14
S I L A S M A L A FA I A

profética — já era crítica, quanto mais para aquela


pobre viúva! Mas, mesmo sendo profeta, mesmo
tendo experimentado a provisão divina sobrena-
tural, Elias tinha as necessidades de qualquer ser
humano. Era uma só pessoa, porém lidava com
duas realidades: a do espírito (sensível a Deus) e a
da carne (sensível às circunstâncias).
Por que Deus não nos leva diretamente para
o lugar da vitória, para a fonte de bênçãos, para
onde as portas estão abertas, para o sucesso e para
a prosperidade?
Pensamos: “Tenho sido tão fiel ao Senhor,
tenho trabalhado na obra com tanto empenho,
me dedicado tanto à oração, falado em línguas
e profetizado! Por que Ele não me deu, então, o
emprego naquela empresa que eu tanto desejava?
Por que não fez com que meu patrão me pagasse
um salário que creio merecer? Por que tenho de
passar por este deserto, se Deus poderia me levar
para um lugar que mana leite e mel?”.
Por que Deus enviou o profeta à viúva de
Sarepta, que estava vivendo um momento de
dificuldade e escassez muito maior que a experi-
mentada por ele? Vejamos, no capítulo seguinte,
como o Todo-poderoso age em Sua soberania e
vontade.
15
Capítulo 2
A escassez e a lógica de Deus

A lógica de Deus se contrapõe à lógica


humana. Deus não pensa como o homem, não
considera as saídas e soluções que imaginamos,
nem se prende ao que vemos e supomos ser o
melhor para nós nas situações pelas quais pas-
samos. Na Bíblia observamos isso de maneira
clara e inquestionável. Leiamos o que disse o
profeta Isaías no capítulo 55, versículos 8 e 9,
de seu livro:

Porque os meus pensamentos não são os vossos


pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus cami-
nhos, diz o SENHOR. Porque, assim como os céus são mais
altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos,


mais altos do que os vossos pensamentos.

A lógica humana na escassez

Quando estamos passando por alguma neces-


sidade financeira, o que imediatamente pensamos
em fazer, como alternativa para solucioná-la? Pro-
curar alguém que possua mais recursos que nós
para que nos empreste.
Se estivermos sem dinheiro, buscaremos al-
guém que o tenha, pois assim acreditamos que
resolveremos nosso problema! Se estivermos
passando por um momento de grave desamparo
emocional, a quem buscaremos? Alguém que,
reconhecidamente, esteja fortalecido e com suas
emoções equilibradas. Nunca procuraremos al-
guém tão ou mais abalado que nós!
Essa é a lógica humana. Mas Deus não se
utiliza da lógica humana e dela não depende para
nada. Ele é o Deus das impossibilidades, e assim
trabalha e opera na vida de cada um. Foi desse
modo que operou na vida de Elias e na da viúva
de Sarepta.
Elias tinha de sobra o que por vezes nos fal-
ta: o discernimento quanto à direção de Deus, a
18
S I L A S M A L A FA I A

consciência do olhar do Senhor sobre o seu de-


serto. Sua intimidade com Deus lhe proporcionou
entendimento, e a lógica humana cedeu aos de-
sígnios divinos: O segredo do SENHOR é para os
que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto
(Salmo 25.14).

A lógica de Deus na escassez

Deus não age com base naquilo que que-


remos, nos planos que fazemos e que conside-
ramos os mais racionais e lógicos. Contrário à
lógica humana, Ele afirma que os últimos serão
os primeiros; que não veio chamar justos, mas
pecadores; que não é o que entra pela boca do
homem que o contamina, mas o que dela sai,
pois do coração provém toda a imundície e mal-
dade existentes.
O que precisamos saber é que a lógica de
Deus não é, nem de longe, parecida com a nossa.
Ela leva em conta nossa obediência e nossa fé, e
também o fato de Deus ser onisciente, onipotente,
onipresente, enquanto a nossa lógica considera
apenas superficialmente as coisas, por meio de
nossa visão limitada.
Por que Deus nos conduz a pessoas tão ou
mais carentes, necessitadas e desprovidas que nós
19
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

nos momentos de escassez, como fez com Elias?


A lógica divina nos responde: para que possamos
aprender a depender somente do Senhor, e de mais
nada ou ninguém. Este é o milagre planejado por Ele.
Quando, em meio a uma gigantesca neces-
sidade, Deus nos coloca diante de alguém com
uma necessidade maior ainda e afirma que de
tal pessoa virá a ajuda, é porque o milagre está
sendo preparado, o milagre da dependência total
do Senhor.
E você sabe por que o Senhor age dessa ma-
neira? Porque assim podemos servir como instru-
mento para solucionar o problema do outro e, ao
mesmo tempo, resolver o nosso. Aconteceu dessa
forma com Elias. Enviado a alguém que sofria
com extrema escassez, foi instrumento de Deus
para resolver as dificuldades da viúva e do filho
dela e, consequentemente, teve suas necessidades
supridas.
Pelo episódio de Elias em Sarepta, Deus
nos ensina uma grande lição. Ele nos mostra que
mesmo na adversidade, na escassez, temos algo
a oferecer, ajuda a proporcionar, uma bênção a
transmitir aos outros.
Sempre estamos providos de alguma coisa
que satisfaz a necessidade de nosso próximo. Às
20
S I L A S M A L A FA I A

vezes, é algo que nem mesmo está ao alcance de


nossa vista, seja porque não imaginamos que tal
coisa seja necessária para alguém, seja porque
nenhum valor vemos nela, por ser tão simples
ou banal.
Note a postura daquela viúva. Quando Elias se
aproximou dela, no primeiro momento lhe pediu
água. Ela não questionou, nem mesmo reclamou
que não tinha. Água aquela mulher possuía em
casa, e a deu ao profeta.

Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; e, chegando


à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva
apanhando lenha; e ele a chamou e lhe disse: Traze-me,
peço-te, numa vasilha um pouco de água que beba. E,
indo ela a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me,
agora, também um bocado de pão na tua mão. Porém ela
disse: Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho,
senão somente um punhado de farinha numa panela e um
pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois
cavacos e vou prepará-lo para mim e para o meu filho,
para que o comamos e morramos.
1 Reis 17.10-12

Lendo essa passagem com atenção, fica mais


claro de entender. Deus nos revela outro princípio:
21
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

quando estamos vivendo momentos de escassez,


existem coisas de que não dispomos para ajudar
nosso próximo, mas sempre temos algo. Pode não
ser uma coisa material, como dinheiro, comida,
roupa, mas podemos oferecer uma palavra de
ânimo, sabedoria, apoio moral; podemos orar e
confortar a pessoa, trazendo glória ao nome do
Senhor.
Você está passando por um desses momentos?
Com certeza possui algo que pode auxiliar alguém
que lhe peça ajuda, contudo existem muitas ou-
tras coisas que você não tem. Não adianta tentar
oferecer ao outro o que você não possui nem para
si mesmo!
Aquela viúva agiu com honestidade e since-
ridade. Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um
bolo tenho, senão somente um punhado de farinha
numa panela e um pouco de azeite numa botija
(v. 12a). Na escassez é assim. Você só pode dar
aquilo que tem.
No entanto, muitas pessoas agem diferente.
Querem viver na opulência, na fartura, viver de
aparências, quando na realidade de nada dispõem.
Estão passando por necessidades terríveis, mas
diante dos outros querem demonstrar que nada
lhes falta, e ainda “fazem a festa”.
22
S I L A S M A L A FA I A

Apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para


mim e para o meu filho, para que o comamos e
morramos (v. 12b). Mas também é verdade que
em momentos de extrema necessidade, quando
estamos enfrentando crises violentas de escassez,
nos deixamos vencer pela desesperança, pela falta
de perspectiva, pela agressividade da situação. E
nesses momentos, que podem atingir qualquer
um, agimos como a viúva. Ela simplesmente não
acreditava em mais nada, nenhuma visão, profecia
ou promessa, como vemos no trecho para que o
comamos e morramos.
Porém, é nesse momento que começamos
a vislumbrar como a lógica de Deus funciona
na escassez. Vejamos como Elias respondeu à
viúva após a declaração dela de que não tinha
nada, apenas a certeza da morte: E Elias lhe
disse: Não temas; vai e faze conforme a tua
palavra (v. 13a).
A lógica de Deus na escassez começa por
afirmar que não precisamos ter medo. O mesmo
versículo, em outras versões, deixa isso bem claro.
Elias, porém, lhe disse: “Não tenha medo” (NVI);
— Não se preocupe! — disse Elias (NTLH).
Deus recomenda isso ao longo de toda a Bíblia.
Ele afirma que se o medo, a insegurança destrutiva
23
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

dominar você, o pavor o invadirá e acabará por


neutralizar o potencial e a iniciativa que ainda exis-
tem em seu interior. Deus está declarando, nesse
versículo, para você que está vivendo um momento
de escassez, um momento difícil em sua vida: “Não
temas, pois eu agirei!”.
Ainda em 1 Reis 17.13, Elias continuou: Vai e
faze conforme a tua palavra. Ele orientou a viúva
a fazer conforme o quê? Conforme a tua palavra.
Que aquela mulher agisse conforme o que ela
havia dito, conforme sua própria decisão. O que
Deus nos ensina com a segunda parte desse versí-
culo? Que a solução para a escassez começa com
nós mesmos! Começa com você, por sua própria
iniciativa!
A viúva havia afirmado que possuía farinha e
azeite suficientes apenas para fazer um bolo para ela
e o filho. Então, o profeta lhe ordenou que fizesse
um bolo primeiro para ele! Ela obedeceu, e Deus
multiplicou a farinha e o azeite daquela mulher.
Muitos imaginam que o ponto de partida para
a solução dos seus problemas está no seu próximo,
no seu parente, no seu vizinho, no seu irmão, no
seu pastor. Mas, não! Está em você mesmo. Existe
alguma coisa que você pode começar a fazer, al-
guma coisa que só você pode fazer.
24
S I L A S M A L A FA I A

O final do versículo 13 e o versículo 14 (NVI)


registram o que se deu em seguida:

Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que


você tem e traga para mim, e depois faça algo para você
e para o seu filho. Pois assim diz o SENHOR, o Deus de
Israel: “A farinha na vasilha não se acabará e o azeite
na botija não se secará até o dia em que o SENHOR fizer
chover sobre a terra”.

Com essa passagem, aprendemos uma coisa:


debaixo da direção da Palavra de Deus, podemos
ousar! A lógica humana afirmaria que, em primeiro
lugar, a viúva deveria fazer um bolo para si mesma
e para seu filho. E, depois de satisfeitos, as sobras
seriam dadas ao profeta. Porém, a lógica de Deus
inverte a lógica do homem. Deus orientou que,
pela fé, a viúva deveria oferecer a primícia da fa-
rinha e do azeite ao profeta, e então crer que seus
mantimentos jamais faltariam, até que as chuvas
voltassem a cair.
O Senhor nos testa diariamente. Somos le-
vados a demonstrar nossa fé em relação às coisas
mais banais da vida. Somos instados a crer na
soberania e na provisão de Deus, ainda que o
mundo demonstre o contrário. Se estivermos sob
25
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

a Sua Palavra, não seremos envergonhados. Temos


duas escolhas: crer na Palavra de Deus e nos apli-
carmos, com fé, aos desafios por ela apresentados,
experimentando a vitória, ou desconfiarmos e pen-
sarmos primeiro em nós mesmos, experimentando
a derrota e a vergonha!

A dinâmica da escassez em nossa vida

Receber a Palavra de Deus não é um ato


abstrato. Não é um gesto revestido de ausência
de propósitos ou mero ritualismo religioso. Pelo
contrário, recebê-la e aceitá-la significa crer em
seu conteúdo, em suas proposições, em suas
verdades. Se você a recebe e crê, significa que
você se submeterá a ela. E submissão à Palavra de
Deus implica pôr em prática o que ela recomenda.
Na escassez, como vimos, as Escrituras
requerem fé e atitude, fé e ação. A viúva de
Sarepta, ao aceitar a palavra profética de Elias,
demonstrou fé e submissão, obtendo a vitória
em meio à luta, a fartura em meio à escassez.
Assim é conosco também. Quando cremos nas
palavras proféticas contidas na Bíblia e nos sub-
metemos a elas, atraímos a vitória, o sucesso, a
fartura, mesmo que estejamos mergulhados na
mais terrível adversidade.
26
S I L A S M A L A FA I A

Vejamos no próximo capítulo como os propó-


sitos de Deus relativos à fartura se fazem concretos
em nossa vida.

27
Capítulo 3
A fartura e os propósitos de Deus

Fartura, por definição, significa “estado de


farto, quantidade mais do que suficiente, abun-
dância”, de acordo com o Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa. É o oposto de escassez. E quem
não deseja fartura em todas as áreas da sua vida?
Fartura nos negócios, fartura financeira, fartura
na mesa, na saúde, nos relacionamentos? Mas, o
que produz a fartura? Como ela pode ser obtida,
segundo os princípios de Deus?

A sabedoria de Deus e a fartura

Em primeiro lugar, o requisito essencial para


que haja fartura na vida de qualquer um é a sabe-
doria. E o que é sabedoria, à luz da Bíblia?
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Em Provérbios 9.10, lemos que o temor do


SENHOR é o princípio da sabedoria. Toda a sabe-
doria, bem fundamentada e equilibrada, provém
de Deus.
No Salmo 119.97,98 está escrito: Oh! Quan-
to amo a tua lei! É a minha meditação em todo
o dia! Tu, pelos teus mandamentos, me fazes
mais sábio que meus inimigos, pois estão sempre
comigo.
E em Provérbios 8.18 lemos: Riquezas e honra
estão comigo; sim, riquezas duráveis e justiça.
A Bíblia afirma que com sabedoria há riqueza
e honra. E riquezas duráveis e justiça! Tais coisas
não têm relação com práticas e costumes eclesi-
ásticos. Não têm relação com o número de vezes
que você se dedica à oração, com quantos glórias
a Deus você profere, com quantas horas de jejum
você faz por dia.
A sabedoria você deve adquirir. Leia mais,
estude mais, dedique-se mais às Escrituras. E peça a
Deus a Sua sabedoria, pois Ele a concederá a você.
Em Tiago 1.5,6, é recomendado:

E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-


-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança
em rosto; e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não
30
S I L A S M A L A FA I A

duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda


do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para
outra parte.

Costumo afirmar que é por falta de sabedoria


que vemos tantos cristãos extremamente pobres,
necessitados de tudo e carentes habituais. São pes-
soas destituídas de princípios bíblicos, que ignoram
a aplicação da Palavra de Deus em sua vida. Vou
dar um exemplo simples, banal, que demonstra o
que estou dizendo.
Em certa empresa, existem dois funcionários
bem diferentes. Um deles é ímpio, descrente,
beberrão, não teme a Deus, não pode nem ouvir
falar em crente, igreja, culto, que logo despeja
uma série de críticas. Mas ele é capaz de discernir
as diferenças, pois aplica certa dose de sabedoria
no trabalho: aproxima-se de seu chefe, observa
seus hábitos, sabe do que ele gosta e do que o
aborrece, sabe quando e como se aproximar do
patrão para pedir alguma coisa; logo, é produtivo,
é capaz.
O outro funcionário é cristão, temente a Deus,
membro de uma igreja e atuante. Quando chega à
empresa, fala em línguas estranhas ainda na porta.
O camarada age assim, mas falta a ele inteligência.
31
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Não sabe agradar o chefe, não sabe aproximar-se


das pessoas, não procura aprimorar-se.
No final do ano, adivinhe quem é promovi-
do? O irmão que fala em línguas, tão consagrado,
ou o ímpio, o descrente? Claro que é aquele que
melhor atuou como profissional, e não como
“santarrão”!
Ter sabedoria é encarar a vida com a pers-
pectiva de Deus e saber que decisões tomar. É agir
com inteligência nos momentos e lugares certos. A
Bíblia inteira afirma que a sabedoria traz riqueza,
abundância e fartura! Leia Provérbios e confirme
isso.

A soberania de Deus e a fartura

Outro fator que produz a fartura é a soberania


de Deus, ou seja, Deus é soberano em liberar Suas
bênçãos. Ele dá fartura e riqueza a quem bem lhe
apraz.
Em 1 Reis 3.9-14, lemos sobre o pedido de
Salomão:

A teu servo, pois, dá um coração entendido para


julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre
o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu
tão grande povo? E esta palavra pareceu boa aos olhos
32
S I L A S M A L A FA I A

do Senhor, que Salomão pedisse esta coisa. E disse-lhe


Deus: Porquanto pediste esta coisa e não pediste para ti
riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos, mas pediste
para ti entendimento, para ouvir causas de juízo; eis que
fiz segundo as tuas palavras, eis que te dei um coração
tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve,
e depois de ti teu igual se não levantará. E também até o
que não pediste te dei, assim riquezas como glória; que
não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias.
E, se andares nos meus caminhos guardando os meus
estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi,
teu pai, também prolongarei os teus dias.

Deus é o dono do ouro e da prata (Ageu 2.8).


Assim, se Ele quiser dar a você riquezas, ninguém
poderá decidir o contrário! É um ato da soberania
divina.

A obediência a Deus e a fartura

Outro ponto decisório na obtenção da fartura


é a obediência às leis de Deus. Não a obediência
à Lei, que é o foco dos legalistas, mas às leis de
Deus, aos princípios encontrados na Bíblia, do
Antigo ao Novo Testamento.
Em 2 Crônicas 26.3-5 (NVI), lemos a respeito
do rei Uzias:
33
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Uzias tinha dezesseis anos de idade quando se


tornou rei, e reinou cinqüenta e dois anos em Jerusalém.
Sua mãe era de Jerusalém e chamava-se Jecolias. Ele fez
o que o SENHOR aprova, tal como o seu pai Amazias; e
buscou a Deus durante a vida de Zacarias, que o instruiu
no temor de Deus. Enquanto buscou o SENHOR, Deus o
fez prosperar.

Uzias buscou o Senhor, buscou um relacio-


namento com Ele, fez o que o Senhor aprova, isto
é, obedeceu a Ele, e Deus o fez prosperar.
O que lemos no Salmo 1.1-3?

Bem-aventurado o varão que não anda segundo o


conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos peca-
dores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes,
tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de
dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a
ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria,
e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará.

Observe, nessa passagem, o que é a obediên-


cia às leis de Deus: Antes, tem o seu prazer na lei
do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite!
Vejamos, no próximo capítulo, mais detida-
mente, as atitudes que resultam na fartura.
34
Capítulo 4
A fartura como resultado de
algumas atitudes

Leiamos o que diz o Salmo 112.1-3:

Louvai ao SENHOR! Bem-aventurado o homem


que teme ao SENHOR, que em seus mandamentos tem
grande prazer. A sua descendência será poderosa na
terra; a geração dos justos será abençoada. Fazenda e
riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece
para sempre.

Podemos verificar nesse texto que a fartura é


consequência de uma vida de obediência a Deus:
Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR,
que em seus mandamentos tem grande prazer (v. 1).
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Temer a Deus e obedecer à Sua Palavra resultam em


uma geração poderosa, em uma família abençoada
e em riquezas.
Vejamos o que aconteceu com a viúva de
Sarepta. Em 1 Reis 17, vimos que, após Elias haver
entregado a palavra profética, de que a farinha na
panela daquela mulher não acabaria e o azeite da
botija não faltaria, ela fez conforme o que o profeta
ordenou.
A viúva foi obediente à palavra que lhe foi
entregue. Não à palavra do profeta, mas à pala-
vra do próprio Deus, pois Elias falou em nome
do Senhor. E ela demonstrou sua obediência e
fé alimentando o profeta com a última refeição
de que dispunha. Isso trouxe fartura à sua casa,
pois não faltou alimento para ela e seu filho,
quando todos à sua volta experimentavam a
escassez.

Como se manifesta a fartura

A fartura se manifesta de forma progressiva e


crescente. No caso da viúva, primeiro Deus mul-
tiplicou a farinha e o azeite que ela possuía. Em
seguida, de maneira sobrenatural, Ele manteve essa
provisão ao longo de todo o tempo em que não
houve chuva. E tal provisão sustentou a viúva, seu
36
S I L A S M A L A FA I A

filho e também o profeta, pois a Bíblia afirma em


1 Reis 17.15 que assim comeu ela, e ele, e a sua
casa muitos dias.
Deus não transformou a vida da viúva em
plenitude de fartura da noite para o dia. Durante
muitos dias, o Senhor, progressivamente, proveu
sustento para aquela casa. Naqueles três anos
de estio e sequidão, não faltou bolo na mesa da
viúva.
Façamos as contas rapidamente: três refeições
diárias, para três pessoas, durante 365 dias, resul-
tam em quase dez mil bolos por ano! Não faltou
alimento no café da manhã, no almoço nem no
jantar! Fartura! Isso enquanto não chegaram as
chuvas, pois, quando Deus as enviou, aquela viúva
pôde plantar, cultivar, ceifar e experimentar maior
riqueza e fartura em sua vida.
Deus também irá diversificar a colheita e
trazer fartura para sua vida. Ele também manterá
provisão em sua casa, não faltarão nem a farinha
nem o azeite, não faltará sustento para sua vida
material, espiritual e emocional, se tão somente
você se mantiver firme no seu propósito de crer
na Palavra e obedecer a ela!
Como vemos em 1 Reis 17, a escassez tem
tempo determinado. A fartura não. A farinha da
37
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

panela não se acabou e o azeite da botija não


faltou durante três anos. Três anos de escassez,
um tempo determinado. Durante esse período, ao
longo daquela escassez que varreu a terra, a casa
da viúva experimentou fartura. Quando as chuvas
chegaram, a fartura continuou! Ela não tem tempo
determinado, permanece e perdura enquanto Deus
estiver na situação.
Você experimentará fartura também, enquanto
perseverar na comunhão com o Senhor, enquanto
Ele estiver no centro da sua visão, enquanto você
permitir que Ele esteja no controle. A escassez
passa, a fartura permanece!

Os ingredientes da fartura

A fartura possui dois ingredientes fundamen-


tais, que nos ajudam a distinguir o que é efêmero
e o que permanece: o milagre de Deus e a ação
humana.
Qual foi o milagre de Deus no caso da viúva
de Sarepta? Multiplicar a farinha, o azeite, e, no
final, enviar a chuva. E qual foi a ação humana?
Fazer o bolo, e depois plantar e colher.
Não pense que Deus fará o que só ao homem
compete fazer. A riqueza e a fartura não cairão
do céu sobre você! Deus fará a parte dele, mas
38
S I L A S M A L A FA I A

você terá de fazer a sua na produção da fartura.


O Senhor conhece o seu potencial, sabe o que
você é capaz de realizar, e esperará que você aja.
Ele opera o milagre, mas você tem de arregaçar as
mangas, pois você não é colocado no cenário do
sobrenatural de Deus para permanecer de braços
cruzados.
Deus multiplicou a farinha e o azeite, mas
não fez nem assou o bolo. Você não sabe pro-
duzir a chuva, mas plantar e colher você sabe! É
inútil clamar: “Ó Deus, manda a bênção! Manda
a bênção, que eu não vou fazer nada!”. Assim,
você não irá a lugar nenhum. De nada adianta
Deus derramar a bênção sobre você, se você
não age de acordo com seu potencial. O mila-
gre divino e a ação humana: os dois juntos, no
tempo certo e na medida adequada, produzirão
a fartura, sempre!

O objetivo da fartura

Qual o motivo, a razão, o objetivo da fartu-


ra? Deus proporciona a fartura para que ela seja
compartilhada. Se você a deseja, busca, clama e
trabalha por ela apenas para si mesmo e não a
quer compartilhar, você é movido apenas pelo
egoísmo e pela ganância. Quando prevalecem
39
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

estes dois fatores, Deus não opera, não se compro-


mete. Ele não recompensa o egoísmo e abomina
a ganância.
Uma das coisas mais compensadoras é com-
partilhar a fartura e a riqueza com aqueles carentes
delas. Assim, somos instrumentos nas mãos de
Deus, abençoando nossa própria vida e a vida de
outros.
Quando o egoísmo predomina, isso não ocor-
re. O egoísta vê apenas a si mesmo. Ele se vê com
muito dinheiro, no seu carro importado, em suas
roupas caras, sua mansão confortável; ele se vê,
somente se vê. Mas Deus não vê assim. Deus vê
com quantas pessoas o egoísta poderia estar com-
partilhando, amenizando dores, saciando necessi-
dades, sendo suporte e bênção. A fartura é para ser
compartilhada. Mas compartilhá-la é uma decisão
pessoal. Somente você pode decidir fazê-lo.
E, neste caso, é necessário redobrar a aten-
ção. Muitas vezes, na família, Deus lhe propor-
ciona fartura. Então, os que estão em escassez
acham que você é obrigado a ajudar. Não é as-
sim que Deus deseja que você faça. Ele mesmo
não obriga ninguém a nada. A fartura é para ser
compartilhada sim, mas isso ocorre, primeiro, no
seu coração.
40
S I L A S M A L A FA I A

O texto de 1 Reis 17 diz que, por muitos


dias, a viúva, a sua casa e o profeta comeram dos
bolos. Ocorreu um compartilhamento. A fartura
é para ajudar os necessitados, para abençoar os
desprovidos. Quando você o fizer, isto o ajudará,
fortalecerá a sua autoestima; já está cientificamen-
te comprovado. Tal atitude fará bem à sua saúde,
tanto física como emocional. Você experimentará
honra e prazer ao compartilhar a fartura com aque-
le que nada tem.

41
Capítulo 5
A fartura e a palavra profética

Neste capítulo, levaremos em consideração a


relação entre a palavra profética e a fartura. Quero
começar fazendo uma observação muito importante
a respeito da liberação dessa palavra.

A fartura é precedida pela escassez

A fartura, na maior parte das vezes, acontece


após uma palavra profética liberada, e quase sem-
pre tal palavra é proferida em meio à pior escassez,
quando as portas estão fechadas e toda sorte de
dificuldades e lutas estão presentes. O cenário é
terrível, e não enxergamos a luz no fim do túnel.
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

Então, Deus libera uma palavra profética dizendo:


“Não temas. Tua sorte será mudada. Estou abrindo
uma porta em tua vida. Estou liberando uma bên-
ção para ti!”.
Encontramos várias ocorrências desse princípio
na Bíblia, sendo uma delas a narrativa sobre Abraão.
Lemos em Gênesis 15.1-5 (NVI) a respeito do estado
de ânimo desse patriarca em relação à promessa que
Deus havia feito de dar a ele um filho:

Depois dessas coisas o SENHOR falou a Abrão


numa visão: “Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu
escudo; grande será a sua recompensa!” Mas Abrão
perguntou: “Ó soberano SENHOR, que me darás, se con-
tinuo sem filhos e o herdeiro do que possuo é Eliézer de
Damasco?” E acrescentou: “Tu não me deste filho algum!
Um servo da minha casa será o meu herdeiro!” Então
o SENHOR deu-lhe a seguinte resposta: “Seu herdeiro
não será esse. Um filho gerado por você mesmo será o
seu herdeiro”. Levando-o para fora da tenda, disse-lhe:
“Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-
-las”. E prosseguiu: “Assim será a sua descendência”.

Abraão estava desesperançado, pois, apesar de


Deus lhe haver prometido uma grande descendência,
tão numerosa quanto o pó da terra (Gênesis 13.16),
44
S I L A S M A L A FA I A

muito tempo se passara, e ele permanecia sem


filhos. Já bastante idoso, com sua mulher, Sara,
também em idade avançada, restava-lhe apenas
indicar um dos seus servos como herdeiro, visto
que a promessa de Deus tardava. No entanto, o Se-
nhor entregou, novamente, uma palavra profética
ao patriarca, reafirmando que ele experimentaria
a fartura após a escassez.
Você se recorda de Agar, a serva que Sara,
esposa de Abraão, entregou a ele para que gerasse
um filho? Pois bem, em Gênesis 21.8-21 lemos
que, após o nascimento de Ismael, e imediatamente
depois de ser expulsa por Sara, Agar ficou vagando
pelo deserto de Berseba com seu filho. Quando a
água de sua vasilha acabou, ela deixou o menino
debaixo de uma árvore, afastou-se a certa distância
e pôs-se a chorar, aguardando a morte dele.
Imagine uma mulher sozinha com uma
criança, no meio do deserto, sem alimentos e
sem água. Apenas a morte lhe fazia companhia...
Escassez, extrema penúria... Porém, Deus ouviu
o choro do menino, e orientou Agar a tomá-lo de
volta, pois dele faria um grande povo. Após abrir
os olhos dela, mostrou-lhe uma fonte, e o texto
termina afirmando: Deus estava com o menino.
Ele cresceu, viveu no deserto e tornou-se flecheiro
45
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

(Gênesis 21.20 NVI). Eis a palavra profética es-


tabelecendo vida em meio à morte, fartura em
plena escassez!
Em 1 Reis 18.41-44, a palavra profética foi
anunciada ao rei Acabe, ainda em pleno estio,
demonstrando que Deus prometia a fartura após
os três anos de escassez:

Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, por-


que ruído há de uma abundante chuva. E Acabe subiu
a comer e a beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo,
e se inclinou por terra, e meteu o seu rosto entre os seus
joelhos. E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para a
banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada.
Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à
sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como
a mão de um homem, subindo do mar. Então, disse ele:
Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para
que a chuva te não apanhe.

Nesse momento, quando toda a terra estava


ressequida, todo o povo faminto, e toda a nação já
descrente de alguma saída, o profeta anunciou ao
rei Acabe: “Corra, pois aí vem uma grande chuva!
Aí vem a fartura do Senhor, como Ele havia dito!”.
A escassez precede a fartura!
46
S I L A S M A L A FA I A

Também em 2 Reis 6.24—7.20, encontramos


um fantástico relato de escassez e miséria tão intensa
que levou o povo a corromper princípios humanos
básicos, tamanha era a fome. E justamente nesse
cenário tão grave e aterrador, Deus entregou uma
palavra profética anunciando a fartura e a abundân-
cia iminente. Vejamos o texto:

Algum tempo depois, Ben-Hadade, rei da Síria,


mobilizou todo o seu exército e cercou Samaria. O cerco
durou tanto e causou tamanha fome que uma cabeça de
jumento chegou a valer oitenta peças de prata, e uma
caneca de esterco de pomba, cinco peças de prata. Um
dia, quando o rei de Israel inspecionava os muros da
cidade, uma mulher gritou para ele: “Socorro, majesta-
de!” O rei respondeu: “Se o SENHOR não a socorrer, como
poderei ajudá-la? Acaso há trigo na eira ou vinho no
tanque de prensar uvas?” Contudo ele perguntou: “Qual
é o problema?” Ela respondeu: “Esta mulher me disse:
‘Vamos comer o seu filho hoje, e amanhã comeremos o
meu’. Então cozinhamos o meu filho e o comemos. No
dia seguinte eu disse a ela que era a vez de comermos
o seu filho, mas ela o havia escondido”. Quando o rei
ouviu as palavras da mulher, rasgou as próprias vestes.
Como estava sobre os muros, o povo viu que ele estava
usando pano de saco por baixo, junto ao corpo. E ele
47
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

disse: “Deus me castigue com todo o rigor, se a cabeça de


Eliseu, filho de Safate, continuar hoje sobre seus ombros!”
Ora, Eliseu estava sentado em sua casa, reunido com as
autoridades de Israel. O rei havia mandado um mensagei-
ro à sua frente, mas, antes que ele chegasse, Eliseu disse
às autoridades: “Aquele assassino mandou alguém para
cortar-me a cabeça? Quando o mensageiro chegar, fechem
a porta e mantenham-na trancada. Vocês não estão
ouvindo os passos do seu senhor que vem atrás dele?”
Enquanto ainda lhes falava, o mensageiro chegou. Na
mesma hora o rei disse: “Esta desgraça vem do SENHOR.
Por que devo ainda ter esperança no SENHOR?” Eliseu
respondeu: “Ouçam a palavra do SENHOR! Assim diz o
SENHOR: ‘Amanhã, por volta desta hora, na porta de
Samaria, tanto uma medida de farinha como duas medi-
das de cevada serão vendidas por uma peça de prata’”.
2 Reis 6.24—7.1 (NVI)

Samaria estava cercada pelos sírios. Nada


nem ninguém entravam ou saíam da cidade. A
fome era extrema, total. Uma cabeça de jumento
era vendida por 80 peças de prata, o equivalente
a aproximadamente 960 gramas de prata pura. E
uma caneca de esterco de pombo, ou seja, de um
a dois litros, era vendida por cinco peças de prata,
o equivalente a 60 gramas desse metal. Esse esterco
48
S I L A S M A L A FA I A

substituía a lenha, já esgotada, para acender o fogo


e cozinhar a cabeça de jumento.
Ao ouvir a história das duas mulheres que se
alimentaram do filho de uma delas, e a queixa de
que a outra escondera o próprio filho que deveria
ser cozido para a refeição do dia, o rei ficou abis-
mado e revoltado.
Após ir ao encontro de Eliseu, expelindo
ameaças contra ele, o rei ouviu a palavra profética
de que, no dia seguinte, àquela mesma hora, nas
portas de Samaria, tanto uma medida de farinha
como duas medidas de cevada seriam vendidas
por uma peça de prata, ou seja, por 12 gramas de
prata pura.
E assim aconteceu. Deus livrou Samaria dos
sírios durante a noite e proveu de fartura aquele
povo! No meio da mais violenta escassez, quando
não havia nenhum vislumbre de saída, em meio à
desgraça e à fome, a palavra profética foi liberada!
Antes da fartura, a escassez, e, dentro da escassez,
a palavra profética!
Então, eu me apresento como profeta para
você nesta hora. Você pode estar vivendo a
pior escassez da sua vida, pode estar passando
pelo mais ressequido deserto existencial, por
dificuldades que só você sabe, mas declaro que
49
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

o Senhor está enviando chuva para sua vida,


abrindo as portas para você, promovendo o
milagre! Fartura, abundância e a presença de
Deus no seu dia a dia!

Quando vem a palavra profética

Como foi visto, a palavra profética não é libera-


da quando as dificuldades começam a desfazer-se.
Ela é declarada no auge da crise, quando tudo pa-
rece perdido, quando você reconhece que necessita
de um milagre de Deus em sua vida.
Existem pessoas que chegam até mim e dizem:
“Pastor, estou vivendo o pior momento da minha
vida!”. É para elas que Deus tem preparada uma
palavra profética, de vitória, de bênção, de portas
abertas, de milagre! É necessário, porém, que, num
momento como esse, tais pessoas apliquem tudo o
que foi dito até aqui. Isto implica empregar todo o
seu potencial, obedecer à Palavra de Deus, agir a
partir do que já possuem. Então, o Senhor multipli-
cará bênçãos na vida delas, derramará sobre elas
soluções, apresentará oportunidades, e experimen-
tarão a fartura em seu viver!
No Salmo 118.5-9, podemos ler a respeito da
compreensão do salmista, declarando que Deus
estava com ele no meio da calamidade. Da mesma
50
S I L A S M A L A FA I A

forma, assim como o Senhor prometeu estar com


Seu povo e cuidar dele para sempre, Ele estará
com você, suprindo todas as suas necessidades e
carências durante a privação, e transformando a
escassez em fartura!

Invoquei o Senhor na angústia; o Senhor me ouviu


e me pôs em um lugar largo. O Senhor está comigo; não
temerei o que me pode fazer o homem. O Senhor está
comigo entre aqueles que me ajudam; pelo que verei
cumprido o meu desejo sobre os que me aborrecem. É
melhor confiar no Senhor do que confiar no homem. É
melhor confiar no Senhor do que confiar nos príncipes.

Podemos viver com segurança e tranquilidade.


Apesar dos problemas que estejamos vivendo, das
necessidades que estejamos passando, se amarmos
a Deus, se o buscarmos, se nos aplicarmos em agir
e obedecermos à Sua Palavra, uma palavra profé-
tica será liberada a nós, e nada teremos a temer.
Basta que coloquemos no Senhor nossa confiança,
e seremos recompensados com a abundância que
só Ele pode proporcionar.
Temos a certeza de que, nas tempestades da
vida atual, o próprio Senhor estará de pé, do lado
de fora da porta, à espera de ser convidado para
51
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

entrar. Ele espera para compartilhar uma refeição


conosco, dividir nossas carências e necessidades,
renovar nossa coragem, conversar com profundi-
dade sobre nossas dificuldades mais íntimas.
Não estamos sozinhos. Nunca estaremos. O
Deus de Israel sempre está por perto; tudo o que
temos de fazer é abrir a porta para Ele.
Qual é a escassez que assola a sua vida hoje?
Você precisa de conforto nas suas carências pes-
soais? O Senhor está à porta, com Sua palavra
profética, para efetuar isso. Precisa de um novo
compromisso de servir a Deus com a sua vida?
Qualquer que seja a sua necessidade, física, emo-
cional ou espiritual, Deus já tem preparada a so-
lução para supri-la.

A vitória consumada: Deus transforma a escassez


em fartura

A mesma palavra profética entregue ao rei


Acabe ainda ressoa hoje em nossos ouvidos, como
prova incontestável de que Deus transforma a es-
cassez em fartura:

Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, por-


que ruído há de uma abundante chuva. E Acabe subiu
a comer e a beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo,
52
S I L A S M A L A FA I A

e se inclinou por terra, e meteu o seu rosto entre os seus


joelhos. E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para a
banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada.
Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à
sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como
a mão de um homem, subindo do mar. Então, disse ele:
Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para
que a chuva te não apanhe.
1 Reis 18.41-44

Após experimentar os três anos de escassez


preditos por Elias, Acabe viu o cumprimento da
palavra profética ao testemunhar o derramamento
de intensas chuvas.
Esse é o Deus da fartura, das profecias, abun-
dantemente bom e justo. Não existe escassez que
Deus não possa transformar em fartura. Ele pode
e quer fazer isso na sua vida, assim como fez no
decorrer da história com o Seu povo, demonstrando
ser Ele o dono da prata e do ouro. E não apenas
em termos econômicos ou financeiros o Senhor
manifesta Sua liberalidade e soberania no derra-
mamento dessas bênçãos.
Deus quer transformar seu viver em vida
abundante, farta, transbordante, seja material,
emocional ou espiritualmente, de tal forma que
53
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

você possa proporcionar fartura e riqueza a ou-


tros, tornando-se assim cada vez mais abençoado
e abençoador! Veja o que diz, linha a linha, o tão
conhecido Salmo 23 (NVI):

O SENHOR é o meu pastor; de nada terei falta. Em


verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas
tranqüilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas
da justiça por amor do seu nome. Mesmo quando eu
andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo
algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
protegem. Preparas um banquete para mim à vista dos
meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça
com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a
bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias
da minha vida, e voltarei à casa do SENHOR enquanto
eu viver.

Deus, o pastor do Salmo 23, é aquele que de-


tém todas as coisas em Suas mãos, e faz com que
nada falte aos Seus. Restaura a saúde, proporciona
tranquilidade, segurança, proteção, prosperidade
e fartura. Sua bondade e fidelidade acompanham
Seus filhos por toda a vida. E, como compromisso e
prova de obediência, o salmista afirmou que voltaria
à casa do Senhor, à igreja, enquanto vivesse!
54
S I L A S M A L A FA I A

Vemos nesse salmo uma imagem da vitória de


Davi consumada em Deus: saúde, tranquilidade,
segurança, prosperidade e fartura. Vale lembrar
que o mesmo rei Davi — num momento de dor,
abandono, medo e escassez — orou:

Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?


Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus
gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não
respondes; de noite, e não recebo alívio! Tu, porém, és o
Santo, és rei, és o louvor de Israel.
Salmo 22.1-3 (NVI)

Revestido do poder e da autoridade a mim


conferidos por Deus, profetizo transformação em
sua vida, renovação. Como profeta do Senhor para
você, anuncio que Ele quer mudá-lo e fazer novas
todas as coisas: se você é triste, não será mais; se vive
entregue à derrota e à depressão, não viverá mais
assim; se não vê nenhum horizonte dentro da sua
necessidade, enxergará a mão salvadora do Senhor!
Afirmei anteriormente que é necessário obe-
decer aos princípios de Deus para alcançar vitória
sobre a escassez. Logo, a escassez também pode
ser entendida como resultado de pecado e derrota
espiritual (leia Deuteronômio 20—30).
55
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

A derrota espiritual também leva à derrota fi-


nanceira, material e emocional. O mundo espiritual
influencia todas as áreas da vida do homem. Se tudo
em sua vida está dando errado, é porque existe uma
questão espiritual ainda não resolvida.
Se você conhece o evangelho, a salvadora
Palavra de Jesus, sabe do que estou falando. Sabe
o que é necessário fazer para sair deste lodaçal de
escassez em que você está mergulhado atualmente:
voltar à casa do Pai. Tem de arrepender-se de seus
pecados e consertar sua vida.
Se você pecou e afastou-se do Senhor, Ele está
dando-lhe a oportunidade de sair desta situação,
deste momento de derrota, de escassez que tem
permeado todas as áreas da sua vida.
Você leu este livro porque Deus quer mudar
sua sorte, quer transformar esse cativeiro em liber-
dade, quebrar as cadeias que o mantêm preso à
miséria, à escassez. Mas você tem de submeter-se
a Cristo e obedecer aos princípios revelados na
Palavra do Senhor.
De nada adianta deixar-se dominar pela emo-
ção, chorar e demonstrar sua necessidade de for-
ma aparente. É necessário que você obedeça aos
princípios divinos discutidos neste livro. Então,
verá o que Deus fará, a porta que Ele abrirá, como
56
S I L A S M A L A FA I A

lhe dará livramento em relação a esta situação


em que você nada pode fazer. Verá como Deus
libertará você de tudo que o prende e destrói.
Você necessita do Senhor para que haja fartura e
bênção na sua vida.
E a você que ainda não teve uma experiência
pessoal com o Deus salvador, digo que a maior
riqueza desta vida é entregar o coração a Jesus.
Nada pode superar tal abundância. Afirmo que
esse é o início de uma longa caminhada na pros-
peridade e na vitória, a partir do momento em que
você decide ter por seu Senhor o rei Jesus.
Talvez você esteja passando por uma situação
terrível, a coisa esteja feia, tudo pareça estar contra
você, a adversidade o esteja oprimindo. Talvez o
impossível esteja diante de você, e não haja ne-
nhuma opção de escape. Há inimigos, pressões,
armadilhas e muita, muita escassez. Mas, se você
acreditar realmente na palavra que tenho dito até
aqui, entregar sua vida a Jesus, experimentar um
encontro com Deus, haverá uma mudança radical
em sua situação, em seu viver.
Deus mudará sua história. Virá um tempo
novo, mas você tem de decidir-se por isso. Só você
pode tomar essa decisão. Tem de crer e obedecer,
como a viúva de Sarepta. Assim como Deus a
57
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

levantou em meio à desgraça e salvou-a da morte


certa, Ele também quer levantá-lo!
Veja o que Paulo disse sobre o custo de ser
salvo por Jesus:

Não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro
do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é reve-
lada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao
fim é pela fé como está escrito: “O justo viverá pela fé”.
Romanos 1.16,17 (NVI)

Mas agora se manifestou uma justiça que provém de


Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Pro-
fetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos
os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão
destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente
por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.
Romanos 3.21-24 (NVI)

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé,


e isto não vem de vós, é dom de Deus; não por obras,
para que ninguém se glorie. Porque somos criação de
Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras,
as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos.
Efésios 2.8-10 (NVI)
58
S I L A S M A L A FA I A

A salvação é gratuita, é dom de Deus, para


que ninguém se exalte, dizendo que a obteve por
merecimento! A salvação é para você, está ao seu
alcance, e basta uma palavra sua para que ela lhe
seja concedida, de forma completa e perfeita!
Ninguém pode impedi-lo de aceitar Jesus
como seu Senhor e Salvador, nem qualquer demô-
nio pode fazer isso. Apenas você. Você está livre
para aceitar a salvação, está livre para achegar-se
a Deus. Nenhuma força do mal pode detê-lo. Deus
tem uma grande obra a fazer na sua vida!
Eu declaro, na autoridade do nome de Jesus,
que Deus fará uma gigantesca obra em sua vida!
Ele tirará você do fundo do poço e o colocará nos
lugares altos! O Senhor quebrará as cadeias que
o prendem!
Experimente a vitória que só existe em Cristo
Jesus. Permita que Deus transforme sua escassez
em fartura. Viva uma nova vida, abundante e ple-
na: Eu vim para que tenham vida e a tenham com
abundância (João 10.10).
Ore comigo:

“Deus, que eu receba, de bom grado, de co-


ração, a Tua Palavra, que estudei neste livro, pois
ela é a Verdade. E que esta verdade transforme o
59
A P R E N D E N D O C O M A E S C A S S E Z E A FA RT U R A

meu dia a dia. Eu declaro que cadeias estão sendo


quebradas em minha vida, que o Senhor, neste
momento, está limpando meu coração de toda a
sujeira. Eu Te peço, Senhor, que me libertes daque-
les que me querem destruir, daqueles que desejam
o meu mal, que desejam a minha derrota, que
esperam a minha queda. Que Tu me fortaleças e
ampares, despertando em mim o desejo de expe-
rimentar a vitória que existe em Ti. Afasta de mim
o inimigo, o ladrão, o mentiroso, o perturbador de
minha vida. Abre, Senhor, as portas da fartura e da
abundância para mim, para que eu possa produzir
frutos na Tua casa. Peço que me abençoes, que
me guardes, que me proporciones uma vida nova,
cheia do Teu poder, e que eu experimente, então,
um novo tempo. Que eu seja uma testemunha do
poder que existe somente em Ti. Em nome do Teu
amado Filho, Jesus, meu Senhor e Salvador. Amém
e amém!”

60
E D IT O R A C E N T R A L G O S P E L
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SILAS MALAFAIA
Sem dúvida, não há Mestre maior
do que Jesus Cristo. Ele sobrepujou a
sabedoria de homens como Salomão,
deixando todos maravilhados, porquan-
to ensinava com autoridade (Mateus
7.29), e servindo de exemplo tanto para
leigos como para educadores e líderes
cristãos.
Além de discipular um grupo de
apóstolos e discípulos, Jesus evange-

Aprendendo com Jesus


lizou multidões, ensinando-lhes as Es-
crituras, os princípios e as grandiosas
lições que nos asseguram sabedoria
para lidar com os problemas do dia a
dia e vencer as adversidades.
Com base em Mateus 14.13-21, o
pastor Silas analisa alguns ensinamen-
tos do Mestre dos mestres, enfatizando
que Ele demonstrou íntima compaixão
pelos que sofriam, valorizou o princípio
da obediência e da gratidão a Deus e
estimulou seus discípulos a deposita-
rem o pouco que tinham nas mãos de
Deus, para que pudessem abençoar
outras pessoas. Leia este livro, e apren-
da com Jesus a ser um canal da graça
de Deus.

EDITORA CENTRAL GOSPEL


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é psicólogo clínico, conferencista


internacional e pastor evangélico.

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SILAS MALAFAIA

Aprendendo
com

Jesus
Copyright 2010 por Editora Central Gospel

DIRETORA EXECUTIVA Dados Internacionais de Catalogação


Elba Alencar na Publicação (CIP)

GERÊNCIA EDITORIAL
Autor: MALAFAIA, Silas
Jane Castelo Branco
Título: Aprendendo com Jesus
Rio de Janeiro: 2010
GERÊNCIA DE PROJETOS
64 páginas
ESPECIAIS
Jefferson Magno Costa
ISBN: 978-85-7689-147-5
1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Michelle Candida Caetano
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
PESQUISA, ESTRUTURAÇÃO da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
E REVISÃO FINAL indicação específica, e visam incentivar a leitura das
Patrícia Nunan Sagradas Escrituras.

DIAGRAMAÇÃO É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste


Luiz Felipe Rolim livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
CAPA breves, com indicação da fonte bibliográfica.
Equipe de Marketing
Este livro está de acordo com as mudanças propostas
IMPRESSÃO E pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
ACABAMENTO partir de janeiro de 2009.
Esklusiva

1ª edição: Maio de 2010


Reedição: Outubro de 2018

Editora Central Gospel Ltda


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Sumário

Apresentação ..........................................................5

Capítulo 1. Aprendendo a ter compaixão ...............7


Capítulo 2. Aprendendo a obedecer ao Senhor.......17
Capítulo 3. Aprendendo a alimentar a multidão .....23
Capítulo 4. Aprendendo a entregar tudo a Jesus ......29

Capítulo 5. Aprendendo a ordenar o que está


caótico ....................................................................33

Capítulo 6. Aprendendo a ser grato a Deus .............37

Capítulo 7. Aprendendo a repartir com outros ........43

Capítulo 8. Aprendendo a evitar desperdícios .........49

Capítulo 9. Aprendendo a voltar-se para Deus ........53

Conclusão ...............................................................59

Oração ....................................................................61
Apresentação

Sem dúvida, não há Mestre maior do que Jesus


Cristo. Ele, durante todo o Seu ministério, ensinou
extraordinárias lições de humildade, amor, mansi-
dão e obediência ao Pai celestial, sobrepujando a
sabedoria de homens como Salomão, confundindo
os mestres religiosos da época e deixando todos
maravilhados, porquanto ensinava com autoridade
e não como os escribas (Mateus 7.29).
Além de discipular um grupo de apóstolos e
discípulos, Jesus evangelizou a multidão, ensinan-
do-lhe as Escrituras e grandiosas lições que ainda
hoje nos enchem de fé, aproximam-nos de Deus e
iluminam o nosso caminho rumo ao céu.
Com base em Mateus 14.13-21 — onde é
relatada a primeira multiplicação de pães e peixes
realizada por Jesus em um lugar deserto, quando
Ele alimentou cinco mil homens, além de mulheres

5
Aprendendo com Jesus

e crianças —, vamos analisar alguns ensina-


mentos do Mestre dos mestres, enfatizando que
Ele demonstrou íntima compaixão pelos que
sofriam, valorizou o princípio da obediência e
da gratidão a Deus, estimulou Seus discípulos a
depositarem o pouco que tinham em Suas mãos,
a fim de ser multiplicado e abençoar outras
pessoas, e ensinou-os a não menosprezarem
nem desperdiçarem as bênçãos de Deus para
a nossa vida.
Se você realmente almeja ser abençoado e
tornar-se um milagre nas mãos do Senhor, leia
este livro atentando para essas magníficas lições
de Jesus, que nos conscientizam de nosso dever de
alimentar a multidão espiritualmente faminta com
a Sua preciosa Palavra, o pão que verdadeiramente
sacia a fome da alma do homem.
Que Deus o abençoe!

6
Capítulo 1
Aprendendo a ter compaixão

Em Mateus 14.13-21, está escrito:

E Jesus, ouvindo isso, retirou-se dali num


barco, para um lugar deserto, apartado; e, sa-
bendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades.
E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e,
possuído de íntima compaixão para com ela,
curou os seus enfermos. E, sendo chegada a
tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele,
dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avan-
çada; despede a multidão, para que vão pelas
aldeias e comprem comida para si. Jesus, po-
rém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes
vós de comer. Então, eles lhe disseram: Não
temos aqui senão cinco pães e dois peixes. E ele
disse: Trazei-mos aqui. Tendo mandado que a
multidão se assentasse sobre a erva, tomou os
7
Aprendendo com Jesus

cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos


ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-
os aos discípulos, e os discípulos, à multidão. E
comeram todos e saciaram-se, e levantaram dos
pedaços que sobejaram doze cestos cheios. E
os que comeram foram quase cinco mil homens,
além das mulheres e crianças.

Depois de receber a notícia da morte de João


Batista por ordem de Herodes Antipas, Jesus, entris-
tecido, saiu da Galileia e seguiu de barco com Seus
discípulos para um lugar afastado, provavelmente
em Betsaida (Lucas 9.10), a fim de descansar e
recompor-se física e emocionalmente.
Sabendo do paradeiro do grande Mestre, que
evangelizava os pobres, curava os enfermos e li-
bertava os oprimidos por espíritos malignos, uma
grande multidão de homens, mulheres e crianças
seguiu-o por terra, a pé, para ouvir os Seus ensina-
mentos e ser alvo de Seus milagres. Esse é o con-
texto do episódio narrado em Mateus 14.13-21.
É interessante notar que, a despeito de o
Senhor estar cansado pela viagem e abatido com
a injusta execução de Seu precursor e amigo, Ele
foi possuído de íntima compaixão pela multidão,
curando os enfermos, ensinando-lhes as Escrituras
e multiplicando pães e peixes para dar de comer
8
Silas Malafaia

àquelas pessoas que o seguiram de tão longe,


atraídas por Sua bondade e graça.
O que motivou Jesus a, em meio à Sua dor
pessoal, colocar-se no lugar de outros, curar enfer-
mos, evangelizar e alimentar a multidão? A íntima
compaixão que Ele sentiu daquelas pobres pessoas
que buscavam nele a solução para seus dilemas e
problemas.
Sendo divino e humano, o Filho de Deus e a
expressa imagem do Pai, bem como o último Adão
e nosso modelo de ser humano, Jesus se compade-
ceu de nós e deixou-se mover por isso, agindo em
conformidade com Seu amor e Sua misericórdia.
Devemos, portanto, fazer o mesmo, compadecen-
do-nos uns dos outros e de nosso próximo, em
obediência a Deus e à nossa vocação em Cristo.

O significado de compaixão

Mas o que é compaixão? O termo grego ori-


ginal traduzido como compadeceu-se, em Mateus
14.14, significa literalmente intestinos. Isto se deve
ao fato de os antigos acreditarem que as emoções
estivessem intimamente ligadas aos intestinos, tal-
vez porque elas afetassem o funcionamento destes;
daí a mesma palavra denotar, por associação, com-
paixão, misericórdia, simpatia, amor, afeição.
9
Aprendendo com Jesus

O sentimento de compaixão está associado


à piedade e simpatia para com a tragédia pessoal
de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la.
Compaixão implica ter simpatia, colocar-se no
lugar do outro, estar junto dele e suprir sua neces-
sidade. Em outras palavras, é sentir profundamente
a dor alheia como se fosse nossa. Não é apenas
ter pena; é participar da dor do outro e ajudá-lo a
resolver o problema.
A compaixão requer uma atitude em prol do
outro. É por isto que, ao compadecer-se da multi-
dão, Jesus fez algo concreto: curou os enfermos e
saciou a fome dos famintos.

Compaixão, um dos principais atributos


cristãos

Aliás, compaixão é uma das principais


características de Deus que Jesus manifestou à
humanidade. Como observou o comentarista
R. N. Champlin:

[O Senhor] sentia o problema do mal [...] e


aliviava os sofrimentos alheios sem qualquer objetivo
de fomentar Sua popularidade [...] Jesus curou im-
pulsionado pela misericórdia [...] e se utilizou dessas
curas para enfatizar lições espirituais, especialmente a

10
Silas Malafaia

dependência que o homem deve ter de Deus, confiando


no Senhor. (CHAMPLIN, 2002, p. 421)1

Misericórdia é um gomo do fruto do Espírito,


relacionado em Gálatas 5.22; portanto, é algo que
Deus espera que tenhamos e manifestemos uns para
com os outros, conforme é revelado em Oséias 6.6:
Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o
conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.
Foi essa vontade que Jesus ratificou em Mateus
9.13; 12.7, assinalando que, embora os líderes
religiosos judeus da época alegassem zelo no cum-
primento da lei de Deus, estavam negligenciando o
principal: a justiça temperada com a misericórdia,
que é o cerne da lei; daí o Mestre ter enfatizado
que Ele veio para chamar os pecadores ao arre-
pendimento, e não os que se consideravam justos,
até porque, como lembrou Paulo em Romanos
3.10,21: não há um justo sequer; todos pecaram
e destituídos foram da graça de Deus.
Se hoje somos considerados justos diante do
Criador e Juiz de todos, não é pelos nossos pró-
prios méritos, mas por causa da justiça do Filho de
Deus, que nos foi imputada quando Ele ofereceu
o Seu sacrifício na cruz, para perdão e expiação
1. Champlin, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por
versículo. Vol. 1. Mateus e Marcos. São Paulo: Hagnos, 2002.

11
Aprendendo com Jesus

dos nossos pecados e nossa reconciliação com o


Pai. Sendo assim, estando justificados por Cristo,
devemos praticar obras de justiça e amor, que
atestem nossa fé e nossa nova natureza e condição
espiritual (Mateus 5.16; Tiago 2.14-18).

Os discípulos de Cristo têm demonstrado


compaixão genuína?

Jesus assinalou que o amor e a compaixão


são as marcas dos verdadeiros discípulos dele
(João 13.35; 1 João 2.9-11). Mas será que, como
cristãos, temos demonstrado amor e compaixão
à multidão de pecadores perdidos, ou estamos
preocupados apenas com a nossa própria vida e o
nosso bem-estar?
Como reagimos quando uma pessoa neces-
sitada vem até nós na igreja? Damos-lhe atenção?
Tentamos ajudá-la? Temos sempre uma palavra
de ânimo, ou nos mostramos indiferentes, aconse-
lhando-a a procurar o auxílio do pastor, em vez de
fazermos algo que esteja ao nosso alcance?
E com relação a alguém com quem trabalhamos
ou estudamos todos os dias? O que fazemos ao
sabermos que tal pessoa está passando por uma crise,
problema ou enfermidade? Colocamo-nos no seu
lugar e compartilhamos com ela o amor de Deus
12
Silas Malafaia

e o evangelho de Jesus? Ou nos comportamos como


“agentes secretos” do Reino, permanecendo infrutífe-
ros, para ninguém exigir algo de nós ou nos confrontar?
Somos solidários ou indiferentes à dor alheia?
Estamos imitando o nosso Mestre e tendo
compaixão uns dos outros e dos aflitos? Ou estamos
tão envolvidos com os nossos problemas e dilemas
que já nem nos damos mais conta do que sofre ao
nosso lado, sem liberarmos uma palavra de ânimo
e solidariedade?
Você se lembra do que inicialmente fizeram
os discípulos de Jesus quando o Mestre indagou
acerca da necessidade da multidão? Sendo tarde,
eles se aproximaram do Mestre e disseram: O lugar é
deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão,
para que vão pelas aldeias e comprem comida para
si (Mateus 14.15).
Os discípulos atentaram para as circunstâncias
e ignoraram o propósito do ministério do Messias
e o grande poder de Deus, que é capaz de suprir
necessidades extremas e realizar milagres inimagi-
náveis. Isso aconteceu porque eles não estavam tão
preocupados assim com a multidão que, até aquela
hora, dispusera-se a permanecer com Jesus para ouvir
Seus ensinamentos. Eles não queriam ver as pessoas
desmaiando de fome, mas também não desejavam
para si a responsabilidade de alimentá-la.
13
Aprendendo com Jesus

Jesus, contudo, tinha outra coisa em mente.


Ele já havia demonstrado Sua compaixão, falando-lhes
do amor de Deus por elas, do plano de salvação,
do Reino dos céus e curando os doentes no corpo e
na alma. Com a multiplicação dos pães e peixes,
Ele continuaria a demonstrar àquelas pessoas a
misericórdia e o poder de Deus, que o fazem interferir
nas circunstâncias e prover o que o homem necessita.
Então, Jesus ordenou a Seus discípulos: Não é mister
que vão; dai-lhes vós de comer (Mateus 14.16). Eles
questionaram: Não temos aqui senão cinco pães e
dois peixes (v. 17).
Sabe o que os discípulos estavam dizendo
para Jesus? Em outras palavras: “Não podemos fazer
nada. Não podemos resolver o problema dessa mul-
tidão. O que temos é muito pouco até para nós”.
O Mestre apresentou a solução: Trazei-mos aqui
(v. 18). Eles obedeceram e, tendo organizado a mul-
tidão em grupos, Jesus tomou os cinco pães e os dois
peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e,
partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípu-
los, à multidão (v. 19). O que aconteceu? E comeram
todos e saciaram-se, e levantaram dos pedaços que
sobejaram doze cestos cheios (v. 20).
Que lições podemos tirar desse episódio
registrado nos evangelhos? Entre outras coisas,
que nós, os discípulos de Jesus de hoje, devemos
14
Silas Malafaia

ter compaixão de nosso próximo, obedecer inte-


gralmente ao Senhor, alimentar a alma aflita das
pessoas com o pão vivo da Palavra de Deus e fazer
tudo o que estiver ao nosso alcance para minimizar
o sofrimento alheio, promovendo a verdade, a justi-
ça, a salvação e impedindo que muitos passem a
eternidade longe do Pai.
Em alguns momentos, demonstrar compaixão
implicará mais do que ouvir o que a pessoa tem a
dizer, aconselhá-la e falar-lhe do amor de Deus.
Tudo isso é fundamental, mas, se ela estiver enfer-
ma ou passando por necessidades financeiras, sem
poder alimentar-se, comprar um botijão de gás ou
pagar uma conta de luz, será necessário ajudá-la de
modo mais concreto, dando-lhe uma cesta básica,
pagando uma conta ou dando alguma contribuição
para que esta seja paga.
O Espírito Santo nos exorta: Meus filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obra e em verdade (1 João 3.18). Amor requer
atitudes concretas. Deus não amou só de palavra,
Ele enviou o Seu próprio Filho para nos resgatar.
Você entregaria seu único filho para morrer no
lugar de malfeitores? O Senhor fez isso. Foi um
preço caríssimo! Mas Ele investiu muito para nossa
salvação. Como disse João, nós o amamos porque
Ele nos amou primeiro (1 João 4.19).
15
Aprendendo com Jesus

Tudo o que somos e que temos vem de Deus.


Ele nos tem dado recursos espirituais, intelectuais e
financeiros, e espera que os utilizemos para investir
em pessoas, para a salvação de almas e o engran-
decimento do Seu Reino aqui na terra.
Para você, quanto vale uma alma? Você tem
demonstrado compaixão?

16
Capítulo 2
Aprendendo a obedecer
ao Senhor

Atente para a ordem dada por Jesus a Seus


discípulos: Dai-lhes vós de comer (Mateus 14.16b).
A responsabilidade de alimentar a multidão com
a verdade, o amor, a paz, a justiça, o evangelho
que traz salvação, cura, libertação e transformação
de vida é nossa! Foi designada pelo Senhor. Antes
de Ele ascender aos céus, ordenou: Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Marcos
16.15). Então, não adianta tentar esquivar-se.
Nunca foi tão fácil pregar o evangelho num
mundo tão cruel, humanista e materialista como
este! Todos os dias, vemos pessoas que caminham
rodeadas de gente, mas sentem-se sozinhas porque
sofrem de abandono psicológico. Elas estão sedentas
e famintas de paz, verdade, amor, mas dificilmente

17
Aprendendo com Jesus

alguém fala do amor de Deus e do plano de salva-


ção para elas. Mais difícil ainda é a demonstração
prática desse amor, em forma de compaixão.
A reação de muitos discípulos de Jesus hoje é
muito parecida com a dos primeiros discípulos. Ante
as carências alheias, uns dizem: “não tenho poder
para curar sua enfermidade”; “não tenho fé para
orar por este milagre”; “não tenho amor suficiente
para amar meus inimigos”; “não tenho dinheiro para
suprir essa necessidade do meu irmão”.
Às vezes, uma pessoa está enferma, e o cristão
até discerne que a enfermidade é provocada por
um espírito maligno, mas não acredita que possui
autoridade espiritual para repreender aquele mal,
ou orar pelo enfermo, para que Jesus o liberte e
cure.
É assim que muitos cristãos acabam esquivando-
se de ajudar seu próximo e de testemunhar que o
poder de Deus está disponível a todo aquele que
foi lavado e remido pelo sangue de Jesus, que teve
a sua vida regenerada pelo Espírito Santo e obedece
à Palavra de Deus. Esses cristãos normalmente,
quando muito, encaminham pessoas necessitadas
à igreja, para o pastor ou a “irmãzinha fogo-puro”
tentar resolver o problema.
Jesus, porém, ensinou algumas coisas muito
interessantes, quando ordenou que os discípulos
18
Silas Malafaia

alimentassem a multidão: 1) se quisermos alimentar


a fome da multidão baseados apenas em nossas
contingências humanas, nunca conseguiremos
saciar a multidão, e poderemos acabar desistindo
de nosso ministério facilmente; 2) se pensarmos
que temos de estar totalmente saciados para sa-
ciar outros, nunca vamos alimentar ninguém, pois
sempre nos faltará alguma coisa.
Quem disse que Deus usa os “perfeitos”, os
santarrões, para operar milagres? Ao contrário.
Deus costuma usar os humildes, os que reconhe-
cem suas limitações, imperfeições e carências e
sua dependência dele; sua necessidade da miseri-
córdia e da graça do Senhor. Ele não dá Sua glória
a ninguém (Isaías 42.8).
É você mesmo, com seus defeitos, problemas
e limitações, que o Senhor quer usar para saciar
a fome da multidão! É você, que está doente, que
Ele quer usar para orar e trazer cura a alguém. É
você, que foi abandonado por seu cônjuge, que
Deus deseja usar para levar uma palavra de ânimo
e perseverança àquele que está prestes a ter seu
casamento desfeito.
Aí vem um neófito ou incrédulo, e indaga:
“como pode? Ele está passando pela mesma
situação, ora, e as pessoas são curadas e restaura-
das... Por que não ora para resolver primeiro seu
19
Aprendendo com Jesus

próprio problema”. Tal pessoa não sabe que esta


é a maior prova de que o poder é de Deus, e não
de quem intercede por outrem. Se o poder fosse
nosso, curaríamos a nós mesmos e resolveríamos
todos os nossos problemas sem precisar de Deus.
Mas como o poder não é nosso, é de Deus, Ele usa
quem Ele quer, na hora em que desejar e do jeito
achar melhor. Deus é soberano!
Você e eu, com nossos defeitos e nossas limi-
tações, somos instrumentos de Deus para saciar a
fome da multidão. O Senhor não disse que estaría-
mos totalmente saciados antes de saciar os outros.
E com isso, aprendemos outro princípio que Jesus
apontou para os discípulos quando ordenou dai-
lhes vós de comer: no ministério, a prioridade não
é vocês; é a multidão.
Não nos reunimos como Igreja para exibir ou
apreciar os dons e os talentos de cristão algum, ouvir
bons cantores, corais, orquestras ou oradores. Culto
não é show. Reunimo-nos como Igreja para prestar
culto a Deus e aprender Sua Palavra, termos comunhão
uns com os outros, sermos fortalecidos para podermos
aprender a repartir o pão com a multidão.
Nós nos reunimos como Igreja para proclamar
o senhorio de Cristo e dizer que a solução para os
problemas do ser humano é Jesus, que só Ele liberta
o homem da escravidão do pecado, perdoa, cura,
20
Silas Malafaia

transforma, dá vida eterna e assegura-lhe o céu.


Essa é a mensagem do evangelho: Jesus é o pão
vivo que desceu do céu; se alguém comer o pão
que Ele dá, terá vida (João 6.51).

A condição da obediência

Mas, para termos compaixão genuína e obede-


cermos eficazmente ao ide do Senhor, precisamos estar
em sintonia com Deus, observando os mandamentos
e os princípios que Ele estabeleceu para uma vida
saudável, abundante e produtiva, que redunde em
bênçãos para nós e para toda a sociedade.
Aliás, uma coisa está ligada a outra. Só con-
seguimos obedecer a Deus se já estivermos cru-
cificados com Cristo e deixarmos o Espírito Santo
operar em nós tanto o querer como o efetuar. Se
a nossa vontade for fazer a vontade do Senhor, se
Ele manifestar Sua vontade em nós e por nosso
intermédio, direcionando nossas escolhas e ações,
usando-nos como o Corpo de Cristo, totalmente
submisso à Sua vontade, então, como observou
Jesus, estaremos verdadeiramente ligados a Ele, a
Videira verdadeira, teremos vida e saúde espiritual
e seremos produtivos na seara do Senhor, plan-
tando a Palavra de Deus nos corações e colhendo
muitas almas para o Reino dos céus.
21
Aprendendo com Jesus

O Dr. Mike Murdock, em seu livro Chaves


de Sabedoria, afirmou que “Deus nunca avançará
Suas instruções além do último ato de obediência do
homem” e que “os atos de obediência encurtam a
distância até o milagre que estamos buscando”.
É verdade! Conforme vamos obedecendo ao
Senhor, Ele vai revelando o próximo passo que
devemos dar rumo ao esperado milagre. Quando
demoramos a obedecer, o processo fica mais lento,
não porque Deus atrasa, mas porque nós não nos
mostramos preparados para o que o Senhor tem
para nós.
Aliás, não existe “meia obediência”; obediência
parcial é desobediência. Sendo assim, precisamos
aprender a obedecer ao Senhor integral e pronta-
mente, para demonstramos nossa real confiança
nele e vermos Ele agir com poder e graça a nosso
favor. Obedeça a cada instrução de Deus!

22
Capítulo 3
Aprendendo a alimentar
a multidão

Enfatizamos que, além da compaixão, nossa


obediência é muito apreciada pelo Senhor. Aliás, é a
condição para Ele cumprir muitas promessas que nos
fez em Sua Palavra e ao longo de nossa caminhada
cristã. Contudo, obedecer a Deus, às vezes, não é
simples e, se as circunstâncias forem muito adversas,
certas ordens podem até parecer ilógicas.
Para os discípulos, a princípio, talvez tenha
sido estranha a ordem do Mestre quanto à multi-
dão: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer
(Mateus 14.16). Eles sabiam que o lugar onde esta-
vam acampados era deserto e apartado, longe das
aldeias, já era tarde e a multidão era enorme (quase
cinco mil homens, além das mulheres e crianças).
Então, contra-argumentaram: Não temos aqui

23
Aprendendo com Jesus

senão cinco pães e dois peixes (v. 17). Em outras


palavras: “Jesus, será que o Senhor não sabe que
não temos como cumprir essa ordem?”
É claro que Jesus estava ciente da complexidade
do problema e da impossibilidade de os discípulos,
sem a intervenção dele, alimentar aquela grande
multidão. Então, deu a seguinte instrução: Trazei-
mos aqui [os pães e peixes]. Eles acataram essa
instrução e as outras que se seguiram, então parti-
ciparam do milagre que Cristo operou.
Não é fácil alimentar uma multidão, com
necessidades, às vezes, tão grandes e tão distintas, mas
Deus sabe do que cada um no meio da multidão
precisa e conta conosco, como Seus cooperadores,
como trabalhadores da Sua vinha, para distribuir
Seu banquete no deserto.

Dando muito fruto

Atente para o que o Senhor Jesus disse aos


apóstolos pouco antes de morrer e ressuscitar:

Aquele que tem os meus mandamentos e


os guarda, este é o que me ama; e aquele que
me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei
e me manifestarei a ele.
João 14.21
24
Silas Malafaia

Estai em mim, e eu, em vós; como a vara


de si mesma não pode dar fruto, se não estiver
na videira, assim também vós, se não estiver-
des em mim. Se vós estiverdes em mim, e as
minhas palavras estiverem em vós, pedireis
tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é
glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e as-
sim sereis meus discípulos. Se guardardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu
amor, do mesmo modo que eu tenho guardado
os mandamentos de meu Pai e permaneço no
seu amor. Vós sereis meus amigos, se fizer-
des o que eu vos mando. Já vos não chamarei
servos, porque o servo não sabe o que faz o
seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos,
porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho
feito conhecer.
João 15.4,7,8,10,14,15

Para alimentarmos a multidão com a verda-


de, ministrando-lhe a Palavra com poder e graça,
precisamos conhecê-la e vivenciá-la. Não adianta
termos um estereótipo de cristão, frequentarmos
uma igreja e praticarmos boas obras, sem de fato
termos sido regenerado espiritualmente por Deus,
viver em obediência a Ele e ter o Espírito Santo nos
25
Aprendendo com Jesus

guiando. As boas obras devem ser consequência de


uma vida de comunhão profunda com o Senhor, e
não algo para atrair notoriedade para nós mesmos.
Antes, deve ser algo que ateste nossa salvação e
leve outros a glorificar Deus e com sinceridade
desejar conhecê-lo.
Escritores neotestamentários, como os após-
tolos Paulo e Pedro, exortaram os irmãos ao bom
testemunho e às boas obras, dizendo:

Em tudo, te dá por exemplo de boas obras;


na doutrina, mostra incorrupção, gravidade,
sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para
que o adversário se envergonhe, não tendo
nenhum mal que dizer de nós.
Tito 2.7

[Tendes um] viver honesto entre os gentios,


para que [...] glorifiquem a Deus no Dia da visita-
ção, pelas boas obras que em vós observem.
1 Pedro 2.12

Você se lembra dos fariseus? Eles eram pessoas


muito religiosas, gostavam de dar dízimo de tudo,
de orar em praça pública, de mostrar que jejuavam
e guardavam o Sábado, de ocupar os primeiros as-
sentos nas sinagogas; contudo, eles negligenciavam
26
Silas Malafaia

o mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e


a fé (Mateus 23.23), e foram duramente criticados
por Jesus.
O Senhor disse: Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus
(Mateus 5.16). Jesus enfatizou que os misericor-
diosos alcançarão misericórdia (Mateus 5.7), que
Seus discípulos e embaixadores de Seu Reino são
sal da terra e luz do mundo; e, como tal, devem
fazer a diferença nesta terra, agindo com amor,
justiça, misericórdia, sabedoria, mansidão, fé, a fim
de que seu bom testemunho leve os pecadores a
ter um encontro com o Senhor, experimentar um
verdadeiro arrependimento e desfrutar da salvação
e da vida eterna.
Você quer cumprir o seu chamado cristão?
Aprenda a amar e a obedecer ao Senhor! Quer
alimentar as multidões?
Para alimentar a multidão, os discípulos tive-
ram de acatar cada instrução do Mestre. Entre os
comandos dados por Jesus, destacamos: 1) o de
colocar o pouco em Suas mãos; 2) o de organizar
a multidão em pequenos grupos; 3) o de dar graças
a Deus pelo que tinham; 3) o de repartir o pão com
outros; 4) o de recolher o que sobejou, para não
haver desperdício.
27
Capítulo 4
Aprendendo a entregar
tudo a Jesus

Antes de realizar o milagre da multiplicação


do alimento, Jesus disse aos Seus discípulos:
“tragam-me os pães e os peixes; ponham tudo em
minhas mãos”.
O grande segredo para tornar possível o
impossível, transformar o caos em bênção, a derrota
em vitória, é entregarmos o que temos (pouco ou
muito) a Jesus.
O Senhor está falando com você: “Ponha em
minhas mãos os recursos que você tem. Apresente-me
as suas derrotas, carências, dificuldades, os seus
dilemas, problemas, anseios, sonhos, impossíveis,
e confie em mim para operar um milagre que supra
suas necessidades, traga cura, libertação e solução
a questões que lhe parecem insolúveis”.

29
Aprendendo com Jesus

Em Filipenses 4.6, somos instruídos: Não


estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas
petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus,
pela oração e súplicas, com ação de graças.
O segredo da vida cristã é entregar-se a Jesus,
confiando que o melhor Ele fará, pois tudo quanto
Ele toca é transformado para melhor. Esse princípio
é explicitado pela hermenêutica bíblica, pois o
primeiro milagre do Senhor foi transformar água
em vinho numa festa de casamento em Caná da
Galileia (João 2.1-12); aliás, no melhor vinho que
o mestre de cerimônias havia experimentado.
Entregue tudo o que é seu a Jesus, certo de
que Ele transformará isso para melhor. Ele nunca
vai devolver da mesma maneira o que você lhe
entregou. Confie a Ele o seu casamento, os seus
filhos, a sua família, os seus amigos, os seus estu-
dos, o seu trabalho, os seus negócios. Ele mudará
tudo isso para melhor, a fim de que seja bênção
para você e para outros.
Jesus começará a transformação por você.
Ele o tornará uma pessoa melhor, mais espiritual,
humana, bondosa, alegre, generosa, cheia de com-
paixão, altruísmo, unção. Ele tem todo o poder,
concedido pelo Pai, para isso. Ele pode suprir suas
necessidades em todas as áreas, abrir portas que
você não imagina, levá-lo a patamares maiores
30
Silas Malafaia

que você nem sonha. Basta confiar no Senhor,


obedecer-lhe, seguindo cada instrução.
Certamente, Jesus fará muito mais abundan-
temente além daquilo que você pediu ou pensou
(Efésios 3.20). Ele tomou cinco pães e dois peixinhos,
e transformou num banquete para uma multidão,
e ainda sobejaram 12 cestos cheios.
Quantitativamente, o que eram cinco pães
e dois peixinhos para alimentar uma multidão de
mais de cinco mil pessoas? Nada. Até para um
homem com fome esse lanche seria muito pouco,
mas Jesus pediu: “ponha isso nas minhas mãos.
Entregue a mim, e farei um milagre”. Ele deu gra-
ças ao Pai, abençoou o alimento, cortou os pães
e os peixes. Entregou aos discípulos. Eles foram
tirando pães dos cestos, e esses não acabaram até
que todos tivessem comido.
O mesmo acontecerá com você. Tudo o que
investir no Reino de Deus retornará centuplicado,
suprirá as suas necessidades e a de muitas outras
pessoas.Entregue até o que julga pouco a Jesus, e
prepare-se para o que Ele fará.

31
Capítulo 5
Aprendendo a ordenar
o que está caótico

Jesus, antes de dar graças ao Pai, abençoar o


pão e ordenar que os discípulos o distribuíssem,
ordenou que a multidão se assentasse em grupos
de 50 pessoas. Com isso, aprendemos outra lição
importante: Deus gosta de ordem.
Antes de o Senhor criar o homem, a terra era
sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo (Gênesis 1.2). Deus criou a luz e os lumi-
nares, formou mares e rios, criou o reino vegetal
e o animal, dando forma e povoando a terra. Só,
depois, no sexto dia, após plantar um lindo jardim,
Ele criou o homem e colocou-o no Éden, para
lavrá-lo e guardá-lo (Gênesis 1.1—2.8,16).
Ao longo de vários textos bíblicos, constata-
mos que o Senhor fez tudo com ordem e exigiu

33
Aprendendo com Jesus

que o homem ordenasse seu caminho, antes de


abençoá-lo com poder, graça, unção, restauração.
Foi assim no êxodo, na revelação da Lei no Sinai e
na instituição do sacerdócio levítico, na conquista
da Terra Prometida, no avivamento liderado por
Elias e em diversas outras situações, como a em
Mateus 14. Até a ressurreição obedecerá a uma
ordem (1 Coríntios 15.23).
A Palavra de Deus nos estimula:

Mas faça-se tudo decentemente e com


ordem.
1 Coríntios 14.40

Porque Deus não é Deus de confusão,


senão de paz...
1 Coríntios 14.33

Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de


nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de
todo irmão que andar desordenadamente e não
segundo a tradição que de nós recebeu.
2 Tessalonicenses 3.6

Se você quer ser abençoado, peça ajuda ao


Senhor para ordenar a sua vida, a sua família, os
seus negócios, a fim de que tudo funcione bem
34
Silas Malafaia

e eficazmente. Faça como Elias (1 Reis 18.31),


comece pela área espiritual. Restaure o altar da
adoração. Ore, jejue, leia mais a Bíblia. Clame por
renovação espiritual. Peça a Deus poder para você
vencer o pecado, o diabo e o mundo, para dar um
bom testemunho e evangelizar. E então, prepare-se
para novas revelações e vitórias extraordinárias.

35
Capítulo 6
Aprendendo a ser grato
a Deus

Depois de ordenar o que estava caótico, Jesus


tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu-
os aos céus, agradecendo ao Pai pela provisão,
abençoou os alimentos e deu-os aos discípulos,
instruindo-os a distribuir o lanche para a multidão.
Com isso, aprendemos outra lição tremenda com
Jesus: precisamos ser gratos ao Senhor pelo que
temos e somos.
Não importa se o que você tem lhe parece
pouco ou insignificante. Pode ser algo que ninguém
dá valor. Mas seja grato ao Jeová Jireh, o Senhor
que provê. Ele é o mesmo ontem, e hoje, e eterna-
mente. O Deus que alimentou milhões de israelitas
no deserto durante os 40 anos de peregrinação e
que multiplicou pães e peixes para dar de comer

37
Aprendendo com Jesus

a uma multidão mais de cinco mil pessoas no


deserto pode multiplicar as suas forças, os seus
dons e talentos, as oportunidades que você precisa
para galgar patamares maiores; pode sustentar a
sua família em meio à crise financeira; pode pro-
ver libertação, salvação e alimento espiritual para
o fraco pecador, pois, como lembrou Jesus: Nem
só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus (Mateus 4.4).
A gratidão é uma marca de uma pessoa humil-
de, sensível e otimista, que espera o melhor de Deus
porque sabe que Ele tem prazer em abençoar-nos. A
gratidão e a fé atraem o favor de Deus e dos homens.
Seja grato ao Senhor até pelas lutas, sabendo que elas
o farão crescer e conhecer mais o amor e o poder do
Altíssimo! Atente para as instruções bíblicas:

Em tudo dai graças, porque esta é a von-


tade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
1 Tessalonicenses 5.18

Habite, ricamente, em vós a palavra de


Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria, louvando a Deus, com
salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração.
Efésios 3.16 (ARA)
38
Silas Malafaia

Entrem pelos portões do Templo com ações


de graças, entrem nos seus pátios com louvor.
Louvem a Deus e sejam agradecidos a ele.
Salmo 100.4 (NTLH)

Talvez, para contemplar o milagre que tem


pedido a Deus, você tenha de demonstrar gratidão
a Deus e a alguém que lhe tem ajudado, mas você
não tem reconhecido. Talvez, tenha de parar de
murmurar sobre o seu emprego, sua empresa, sua
família. A gratidão tem a ver com a valorização do
que temos, do que somos e das oportunidades que
o Senhor nos concede.
Tem gente que só dá valor ao que é dos ou-
tros, vive fazendo comparações e reclamando da
própria sorte.
Se tem um apartamento pequeno, depois de
há anos morar de aluguel, reclama: “Isto não é uma
apartamento; é um apertamento”. Se comprou uma
casa grande, espaçosa, reclama também: “É grande.
Dá muito trabalho para limpar!”, ou ”que absurdo
de IPTU!” Não foi Deus quem permitiu que você
tivesse um imóvel? Não foi isso o que você pediu
a Ele? Por que está reclamando agora?
Se tem um emprego que exige que você trabalhe
duro, faça horas-extras, tenha de acordar mais cedo
do que estava acostumado, também não reclame. É
39
Aprendendo com Jesus

esse emprego que lhe permite sustentar sua família,


passear e viajar de vez em quando, ter um carro.
Antes de abandonar esse emprego, lembre-se de que
tem um monte de gente doida por um trabalho igual
a esse, esperando você desistir daquilo que Deus
lhe concedeu. Depois, se não achar outra colocação
melhor, você vai ficar choramingando:”Senhor, e
agora? Preciso de ajuda!”
Pense bem, não desperdice aquilo que Deus
lhe deu e não se envenene com reclamações des-
cabidas. O Senhor não suporta murmuração e
ingratidão! Seja grato. Diga: “Pai, eu Te dou graças.
Bendito é o Teu nome pela minha família, por esse
apartamento, esse emprego. Eu Te louvo por todas
as coisas! Abra a sua boca e dê glórias a Deus. Dê
graças a Ele por tudo o que é e por tudo o que Ele
lhe tem dado.
Também não permita que ninguém menospre-
ze a bênção que Deus lhe concedeu. Se alguém
se aproximar para fazer chacota porque você
finalmente comprou um carro usado, depois de
andar anos a pé ou de ônibus, diga: “Sou grato, foi
Deus quem me deu!” E, se tem um bom carro, não
menospreze o que não tem um ou quem possui
um automóvel menos valorizado que o seu. Evite
comparações e querelas! Tudo o que Deus nos dá
é precioso, maravilhoso.
40
Silas Malafaia

Faça como Jesus, renda graças a Deus por


todas as provisões. Valorize o que Ele tem dado a
você. Isso pode ser a “semente”, o início para coisas
maiores, pois, normalmente, quem é fiel no pouco,
é colocado sobre o muito (Mateus 25.21).

41
Capítulo 7
Aprendendo a repartir com
outros

Sabe o que aconteceu depois de Jesus erguer


os pães e peixes ao céu e agradecer ao Pai pela
provisão de alimento para aquela multidão,
reconhecendo que Deus se importa com o ser
humano (Salmo 34.10; Mateus 6.26)? O ali-
mento foi multiplicado e repartido com todos.
As pessoas comeram, foram saciadas, ficaram
gratas a Deus e reconheceram a autoridade
messiânica de Jesus. O milagre cumpriu suas
muitas finalidades.
Com esse episódio em Mateus 14.13-21,
aprendemos que o Senhor deseja que coloquemos
nossos limitados recursos à Sua disposição, para
que Ele multiplique, abençoe a nossa vida e a de
muitos outros.

43
Aprendendo com Jesus

Precisamos entregar a Jesus nosso tempo,


nossos dons, talentos, dízimos, nossas ofertas
voluntárias, a fim de que Ele multiplique tudo isso,
use-nos com graça e autoridade para proclamar
Sua Palavra em toda a terra, a fim de que pessoas
conheçam e atentem para o plano de salvação e
sejam alimentadas com a verdade que liberta e
transforma a vida do homem para melhor. Como,
pois, invocarão aquele em quem não creram? E como
crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvi-
rão, se não há quem pregue? (Romanos 10.14)
Deus não deseja a miséria e a infelicidade do
homem. Ao contrário, Ele quer que todos sejam
salvos e tenham uma vida saudável e abundante. Ele
estabeleceu leis que asseguram direitos e deveres
a todos, a fim de evitar abusos por parte dos mais
abastados e poderosos, em detrimento dos fracos
e pobres. Pobreza não é sinônimo de miséria.
Esta é abominável, pois impede que as pessoas
mantenham sua dignidade, com o mínimo que
necessitam para viver como cidadãs dessa terra
(alimento, moradia, educação, respeito).
Não foi Deus quem fez o homem “lobo”
do homem. Foi este, com o seu livre-arbítrio,
que escolheu rebelar-se contra o Criador e Suas
leis, tornar-se escravo do pecado e escravizar
outros seres humanos, tirando vantagens de seus
44
Silas Malafaia

semelhantes. O Senhor não deseja isso. Ele tem


feito tudo para libertar a humanidade desse ciclo de
desgraça. Jesus propôs outros paradigmas [padrões
que servem como modelo de ação e conduta] para
Seus seguidores, tais como:

Se alguém quiser vir após mim, negue-se


a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Se
alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro
de todos e o servo de todos.
Marcos 9.34,35

Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis


bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre,
vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés
uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para
que, como eu vos fiz, façais vós também.
João 13.13-15

Portanto, se já ressuscitastes com Cristo,


buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas
que são de cima e não nas que são da terra; porque
já estais mortos, e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus. Mortificai, pois, os vossos membros
que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza,
o apetite desordenado, a vil concupiscência e a

45
Aprendendo com Jesus

avareza, que é idolatria; [...] despojai-vos também


de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledi-
cência, das palavras torpes da vossa boca. Não
mintais uns aos outros [...] Revesti-vos, pois, como
eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas
de misericórdia, de benignidade, humildade, man-
sidão, longanimidade, suportando-vos uns aos
outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum
tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos
perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo
isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da
perfeição. E a paz de Deus, para a qual também
fostes chamados em um corpo, domine em vossos
corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo
habite em vós abundantemente, em toda a sabe-
doria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais;
cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fa-
zei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai.
Colossenses 3.1-3,5,8,9,12-17

E como vós quereis que os homens vos


façam, da mesma maneira fazei-lhes vós
também.
Lucas 6.31

46
Silas Malafaia

Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recal-


cada, sacudida e transbordando vos darão;
porque com a mesma medida com que medirdes
também vos medirão de novo.
Lucas 6.38

Você só gosta de receber, mas não gosta de


doar nada?
Em Mateus 14.20,21, vemos que um pequeno
lanche, colocado à disposição do Senhor, foi mul-
tiplicado e serviu de alimento para uma multidão
de cinco mil homens, sem contar as mulheres e
as crianças. Todos comeram e saciaram-se. Os
discípulos deram alimentos a quem eles nem
conheciam, e ainda sobraram doze cestos, que
foram reaproveitados, quem sabe alimentando
outros desconhecidos.
Isso é profético para você: o que você investir
no Reino de Deus, para ajudar e alimentar outros
com a Palavra, o Senhor sempre lhe devolverá em
maior quantidade e qualidade; e será uma bênção
tão grande, tão sobrenatural, que gente que você
nem conhece será abençoada, e isto redundará em
salvação para pessoas e em glória para Deus!

47
Capítulo 8
Aprendendo a evitar
desperdícios

Os discípulos, depois de alimentar a mul-


tidão, podiam ter deixado as sobras para trás,
mas Jesus deu ordem para eles recolherem o que
sobrou, talvez para eles comerem mais tarde ou
enviar para outros ainda mais necessitados, nos
arredores das aldeias que visitavam.
O que é um pedaço de pão com peixe quando
todo mundo está com a barriga cheia? A maioria
despreza e joga fora o que sobrou. Jesus não. Ele
mandou recolher num lugar apropriado, guardar
para em outro momento reutilizar.
Com essa instrução de Jesus, aprendemos
que tudo aquilo que o Senhor nos dá é algo
abundante e na medida certa. Ele opera de modo

49
Aprendendo com Jesus

previdente, esperando que não sejamos egoístas


nem negligentes, a fim de que não desperdicemos
nada, antes administremos e reapliquemos tudo
em Sua obra.

Não desperdice recursos

Você se lembra da parábola dos dez talen-


tos, em Mateus 25? Essa história nos ensina que
o Senhor confiou a nós dons e recursos humanos
e materiais, a fim de que possamos trabalhar para
Ele. Somos mordomos de Deus e, como tal, não
somos donos de nada e teremos de prestar contas
a Ele pelo que nos tornamos; por nossas escolhas,
atitudes e omissões.
Em Provérbios 18.9 (ARA), está escrito: Quem é
negligente na sua obra já é irmão do desperdiçador.
E, em Isaías 55.2, o povo de Deus é confrontado:
Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?
E o produto do vosso trabalho naquilo que não
pode satisfazer?
Recebemos do Senhor vida, talentos, oportu-
nidades. Não desperdicemos as bênçãos de Deus!
O que Ele nos deu não é para ser jogado fora,
desprezado nem desperdiçado. É para ser recebido
com gratidão e utilizado com sabedoria, de modo
que redunde em glória para Deus!
50
Silas Malafaia

Não desperdice relacionamentos

Se você orou, pedindo a Deus um cônjuge,


por que agora quer descartar o seu casamento? Por
uma paixão louca, idiota? Para dar vazão à sua car-
ne? Depois que a paixão passar e você conseguir
enxergar melhor a realidade, vai arrepender-se por
ter jogado fora o amor da sua vida; por ter escrito
um final trágico para uma história que começou
feliz e ter feito outras pessoas sofrer.
Amor é coisa profunda, contínua, crescente.
Paixão é superficial, temporária e finita. Quem ama
se mostra benigno, altruísta, porque não busca os
seus próprios interesses, mas o interesse do seu
amado. Mas os apaixonados costumam ser egoís-
tas, instáveis, inconsequentes, insanos, porque só
veem o seu lado. A paixão cega, ilude; já o amor
revela o melhor de nós e o caráter de Deus. João
disse que quem ama conhece a Deus, porque Ele é
amor. Essa é a essência do Seu caráter. Não troque
um amor duradouro e verdadeiro por uma paixão
passageira!
Se você pediu a Deus para ser pai ou mãe,
por que agora quer expulsar esse filho de casa? Por
que ele não correspondeu ao que você imaginou
para ele? Por que ele se envolveu com drogas ou
com quem não devia? Você não diz que ama seu
51
Aprendendo com Jesus

filho? Então, por que não o ajuda? Por que não


dialoga com ele, não o perdoa, luta em oração
para vê-lo liberto e restaurado pelo Senhor? Por
que só dirige a seu filho palavras de reprovação e
maldição? Guarde sua língua! A boca do cristão
tem que ser fonte de vida, não de morte! Diga ao
seu filho que você o ama. Ore por ele. Profetize a
bênção de Deus na vida dele! Os filhos são herança
do Senhor (Salmo 127.3)! Cuide dessa herança.
Você prestará contas a Deus quanto a ela!
Se você não sabe discernir a bênção de Deus
em sua vida e está quase jogando fora o que Ele
lhe deu, peça ao Senhor sabedoria e para Ele abrir
os seus olhos espirituais, antes que você faça a
besteira de jogar isso fora; antes, seja um bom
mordomo do Senhor.
Deus o ama e quer ajudá-lo a vencer os
desafios desta vida. Coopere com Ele, evitando
desperdícios!

52
Capítulo 9
Aprendendo a voltar-se
para Deus

Todos nós desejamos aprender lições pre-


ciosas, que nos permitam contemplar milagres,
como sinais do favor de Deus para conosco. Mas
não se engane. Todo milagre de Deus tem propósi-
tos maiores do que a simples resolução de um
problema. Normalmente, é por meio de milagres
— intervenções divinas que produzem efeitos ou
acontecimentos fora do comum, inexplicáveis
pelas leis naturais — que Deus traz revelações tre-
mendas da Sua Palavra, do mundo espiritual, do Seu
caráter imutável, dando-nos um vislumbre maior da
Sua vontade e dos Seus propósitos eternos para nós,
nossa família, nação, igreja; afinal, como Ele nos lem-
bra em Isaías 55.8,9, os Seus pensamentos e caminhos
são mais altos do que os nossos.

53
Aprendendo com Jesus

Que propósitos, então, teria em mente Jesus ao


multiplicar pães e peixes, além de alimentar uma
multidão de mais de cinco mil pessoas?
O relato de João (6.1-14) sobre esse milagre
acrescenta algumas informações importantes às
narrativas de Mateus (14.13-21), Marcos (6.30.34)
e Lucas (9.10-17). A primeira é que a Páscoa estava
próxima (João 6.4). Sendo assim, a multiplicação
daqueles pães era uma revelação messiânica, que
apontava tanto para o caráter divino de Jesus, como
Verbo encarnado, com poder de criar, chamar à
existência o que ainda não existe (Romanos 4.17),
como para Seu sacrifício vicário, como o pão vivo
que desceu dos céus para saciar a nossa fome
espiritual. Como o trigo usado para fabricar o pão,
o corpo de Jesus seria moído pelas nossas trans-
gressões e oferecido como expiação dos nossos
pecados, para nossa reconciliação com Deus.
João também informa que, quando Jesus viu a
grande multidão faminta, perguntou a Felipe onde
comprariam pão para tanta gente, para o experi-
mentar, porque Ele bem sabia o que havia de fazer
(João 6.6). Muitas vezes, Deus usa as adversidades
tanto para estimular-nos a usar o nosso potencial,
como para experimentar a nossa fé e confiança
nele. Cabe a nós, então, fazer a nossa parte, obede-
cendo ao Senhor, e deixar o impossível com Ele.
54
Silas Malafaia

O Senhor também usa as adversidades e a tris-


teza decorrente de perdas, carências e dificuldades
para nos levar a refletir sobre o que poderia estar
errado em nossa maneira de pensar, sentir e pro-
ceder; para nos voltarmos para Ele e permitirmos
que Ele nos transforme em uma pessoa melhor,
canal de bênção para outros.
Submeta-se ao tratamento de Deus. Permita
que Ele desafie você por meio das lutas a buscar
nele o poder, a provisão, o milagre que você
necessita!
Se Jesus se importou com uma multidão que o
seguia, por que não se importará com você que foi
remido pelo sangue dele? Se Ele não desperdiçou
um pedaço de pão que sobrou, porque lançaria
você fora da Sua presença?
Você é a coroa da criação de Deus. Tem muito
mais valor do que cinco pães e dois peixinhos.
Jesus pegou aquilo que era insignificante, e fez
um milagre espetacular. O que Ele não fará com
você e por você?
O Senhor disse: Tudo o que o Pai me dá virá
a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o
lançarei fora (João 6.37). Em Mateus 11.28, Ele faz
um convite maravilhoso ao abatido pelo fardo do
pecado: Vinde a mim, todos os que estais cansados
e oprimidos, e eu vos aliviarei.
55
Aprendendo com Jesus

Deus, por intermédio dessa mensagem,


neste livro, está falando ao seu coração. Você
precisa dar ouvidos a ela. Pare de reclamar
dos problemas e das adversidades. Eles são só
para conscientizá-lo de que ninguém se basta.
Ninguém é autossuficiente. Todos nós somos
dependentes daquele que nos criou e rege sobre
tudo e todos.
Volte-se para Jesus. Abra os seus ouvidos e
o seu coração para o convite dele. Só Jesus tem
pão para saciar sua fome espiritual. Só Ele pode
preencher esse vazio existencial em você, que o
leva a buscar satisfação nas drogas, no sexo, no
consumismo desenfreado. Só Jesus pode saciar o
seu ser de verdade, libertá-lo de uma vida de erro
e de pecado. Você precisa de Jesus. É Ele quem
fala ao seu coração por meio desta mensagem. É
Jesus quem o chama: Vinde a mim. Se você atender
ao Seu chamado, Ele vai cuidar de você, sarar as
feridas na sua alma, dar alento, consolo, prazer
de viver, de relacionar-se com as pessoas, de ser
bênção para outros.
Não importa o que está acontecendo, apro-
xime-se do Mestre. Entregue seu fardo a Ele. Você
está cheio de pecados, de erros, de defeitos. Vá
até Jesus. Peça-lhe perdão e restauração. Ele quer
transformar o seu ser, a sua vida.
56
Silas Malafaia

Se você está afastado dos caminhos do Senhor,


precisa voltar imediatamente. Não importa se há
muito tempo você frequenta uma igreja evangélica
na companhia de algum amigo cristão, ou se só
ouviu falar de Jesus nos programas evangelísticos
pela rádio e TV, ou agora, neste livro que recebeu
de alguém. O importante é que o Senhor está fa-
lando com você e querendo operar um milagre em
sua vida. Se você desprezar, um dia, Ele lhe pedirá
contas disso. Entegue sua vida a Ele, obedeça-lhe,
aprenda a dar graças, a repartir o que tem, a alimen-
tar a multidão, a não desperdiçar nenhum recurso
e nenhuma oportunidade que Deus lhe der.
Ore: “Senhor, quero entregar-me em Tuas
mãos. Liberta e transforma meu ser. Sacia a minha
fome espiritual. Muda a minha vida para melhor.
Acredito na Tua Palavra. Aceito o Teu convite para
entregar a Ti meu fardo e tomar o Teu jugo, que é
leve. Sei que Tu podes e irás operar um grande
milagre. Tu podes fazer muito mais abundantemente
além daquilo que estou pedindo, pensando, porque
só Tu és Deus. Ensina-me a amar, a ter compaixão,
a entregar tudo o que tenho a Ti, a ser um canal da
Tua bênção para outros, a não desprezar nem des-
perdiçar o que me tens dado. Faz-me compreender o
Teu propósito para a minha vida. Eu Te darei graças
por tudo, em nome de Jesus, amém.”
57
Aprendendo com Jesus

Obedeça ao que Deus ordena em Sua Palavra,


e prepare-se, pois Ele tem uma grande bênção para
você. Ele irá multiplicar os seus recursos, renovar as
suas forças e fazer de você uma pessoa misericordiosa
e graciosa, alguém segundo o Seu coração.
O Senhor tem provisão. Tem milagres para
você! Deixe-se ensinar e guiar por Jesus!

58
Conclusão

Realmente não há Mestre maior do que o


nosso Senhor Jesus Cristo. Espero que você tenha
gravado em seu coração todos os ensinamentos
que expus neste livro.
Os exemplos que Jesus nos deixou, Suas lições
de humildade, amor, mansidão e obediência ao
Pai darão direção a você e farão a diferença na tua
vida e na vida daqueles que convivem com você.
Em sua vida diária, busque sempre demonstrar
compaixão pelas pessoas que sofrem, que precisam
de Deus, que necessitam da Palavra de vida.
Não se esqueça de ser exemplo e bênção na
vida de todos, Deus tem nos chamado para fazer
a diferença e seguirmos o Seu exemplo.
Seja grato ao Senhor por todas as bênçãos
que Ele tem derramado sobre a tua vida e nunca

59
Aprendendo com Jesus

se canse de fazer o bem, seguindo os exemplos de


Jesus Cristo que aprendemos por meio deste livro.
Por último, não tenha medo de entregar o teu
pouco nas mãos do Senhor. Lembre-se de que Ele
possui todo o poder, e pode multiplicar o que você
considera tão pouco, a fim de alcançar muitas vidas
e, assim, abençoá-las também.
Que Deus abençoe você e sua família em
nome de Jesus!

60
Oração

Ore comigo.

Senhor, ajude-me a colocar em prática tudo


que aprendi neste livro e, principalmente, na
Tua Palavra.
Que eu siga os passos do meu Senhor Jesus e
que eu jamais me esqueça de que devo seguir
Seu exemplo, exercendo compaixão, miseri-
córdia e permitindo que Ele use a minha vida
para abençoar outras pessoas. Que aqueles
que precisam conhecê-lo vejam em mim um
testemunho vivo do Teu amor. Que eu não
me esqueça de nenhum dos Teus benefícios,
sendo grata e louvando-o todos os dias da
minha vida.
Termino esta oração pedindo-lhe que me aju-
de a seguir o exemplo do Mestre neste mundo.
Em nome de Jesus, amém.
61
EDITORA CENTRAL GOSPEL
Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Rio de Janeiro - RJ - Cep: 22713-001
Tel: (21) 2187-7000
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atituDes para
oportuniDaDes
Atitude é uma disposição interior que nos
leva a agir. É uma norma de procedimento
que conduz a um comportamento, é a con-
cretização de uma intenção ou propó sito.

A oportunidade precisa da atitude. Além


disso, toda oportunidade tem um preço.
Q uando bem aproveitada, ela transforma-
-se em um investimento e, se for negligen-
ciada, pode transformar-se em um arrepen-
dimento.

Por isso, neste livro, escolhi algumas atitu-


des fundamentais que podem ajudar você
a não perder as oportunidades, mas, sim, a
conquistá-las.

Não se esqueça de que, mesmo em meio


Silas Malafaia
é psicólogo clínico, conferencista a qualquer dificuldade, voc poderá desco-
internacional e pastor evangélico. brir uma oportunidade! Boa leitura!

EDITORA CENTRAL GOSPEL


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Taquara - Rio de Janeiro - RJ
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PEDIDOS: (21) 2187-7000
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ATITUDES PARA
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SIlAS MAlAfAIA

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especiais na Publicação (CIP)
Jefferson Magno Costa

Autor: MAlAfAIA, Silas


coorDenação
Título: Atitudes para oportunidades
eDitorial
Rio de Janeiro: 2018
Michelle Candida Caetano
64 páginas

pesQuisa,
ISBN: 978-85-7689-613-5
estruturação e
1. Bíblia - vida cristã i. título ii.
copiDesQue
Paulo Pancote
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
capa da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
e DiagraMação indicação específica, e visam incentivar a leitura das
André faria Sagradas Escrituras.

iMpressão e É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste


acaBaMento livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
Exklusiva xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
breves, com indicação da fonte bibliográfica.

Este livro está de acordo com as mudanças propostas


pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
partir de janeiro de 2009.

1ª edição: Abril / 2018

editora central gospel ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro – RJ
TEl: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com
SUMáRIO

Introdução......................................................7
Capítulo 1 – Motivação e entusiasmo...........10
Capítulo 2 – Dedicação................................14
Capítulo 3 – Empenho..................................18
Capítulo 4 – Mudanças.................................23
Capítulo 5 – Preparando-se para o futuro......29
Capítulo 6 – Significado................................38
Capítulo 7 – Na vida social...........................45
Capítulo 8 – Na vida espiritual......................52
Conclusão.....................................................58
Oração..........................................................61
INTRODUÇÃO
Esta é uma dupla que anda sempre unida – ati-
tude e oportunidade. A bem da verdade, não existe
nenhuma oportunidade que não tenha a ver com a
atitude, assim como não há atitude que não tenha
ligação com a oportunidade. Porém, antes de mais
nada, precisamos compreender mais claramente o
que a atitude e a oportunidade significam antes de
podermos prosseguir.
Atitude é uma disposição interior que nos
leva a agir. Atitude é ação, e é uma norma de
procedimento que conduz a um determinado
comportamento. É a concretização de uma inten-
ção ou propósito.
Em conformidade com a psicologia, a atitu-
de é o procedimento habitual que se verifica em
circunstâncias diferentes. A atitude também pode
ser definida como um estado de disposição mental
que é organizado por intermédio da experiência e
que exerce uma influência ativa sobre as respostas
apresentadas por um indivíduo diante das situações
que enfrenta.
Enquanto isso, “oportunidade” é uma palavra
que tem a sua origem no latim  opportunitate mas
também pode derivar do termo latino  opportunus,
que significa “favorável, adequado, desejável”. Este
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

vocábulo está relacionado com a expressão ob por-


tus que significa “para o porto” e que, no princípio,
era um termo utilizado no contexto da navegação,
pois indicava a possibilidade de um barco conse-
guir chegar até ao porto.
Não importa se a oportunidade apareceu de
repente em nossa vida ou se ela está sendo cons-
truída passo a passo continuamente. O que toda
oportunidade precisa ter é ação, ou seja – atitude.
Além disso, toda oportunidade tem um pre-
ço. Quando bem aproveitada, transforma-se em
um investimento e, se for negligenciada, pode
transformar-se em um arrependimento.
Assim sendo, não devemos nos esquecer
de que mesmo em meio a qualquer dificuldade,
podemos descobrir uma oportunidade.
Eu já mencionei em várias mensagens que
preguei e vou repetir aqui e agora neste livro: a
oportunidade não é uma circunstância que vai
permanecer estacionada nos esperando. Toda
oportunidade tem um certo movimento e uma certa
velocidade. Algumas são rápidas demais; outras
são mais lentas, mas toda oportunidade tem um
movimento. Se ficarmos parados ela vai embora,
acabará passando, irá nos deixar para trás.
Então escolhi aqui algumas atitudes fun-
damentais que podem nos ajudar a não perder
8
Silas Malafaia

oportunidades e sim a conquistá-las porque, a


propósito, estamos vivendo em nossa igreja o ano
da oportunidade.
Não são essas as únicas atitudes, existem
outras mais; contudo, em virtude do tempo dispo-
nível, vou sintetizar, comentando as atitudes que
passarei a considerar logo em seguida.
Portanto, neste livro, quero abordar a respeito
de atitudes que poderemos tomar que irão gerar
oportunidades em nossa vida.

9
Capítulo 1

Motivação e entusiasMo

Pela manhã, semeia a tua semente e, à


tarde, não retires a tua mão, porque tu não sa-
bes qual prosperará; se esta, se aquela ou se
ambas igualmente serão boas.

Eclesiastes 11.6

O versículo acima do livro de Eclesiastes foca-


liza o semeador e a semeadura. Contudo, queremos
aqui dar uma ênfase maior na atitude do semeador.
Ele precisa obedecer à recomendação da Palavra e
semear, da forma como afirma outro texto bíblico:
... que pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a
longanimidade e doutrina (2 Timóteo 4.2). Semear
é pregar a Palavra, e a recomendação, tanto em
Eclesiastes quanto na carta de 2 Timóteo, é estar
pregando (ou semeando) o tempo todo com moti-
vação, que depois irá gerar o entusiasmo.
Silas Malafaia

A palavra “motivação” tem a sua origem no la-


tim moveres, que possui o significado de mover. De
acordo com o dicionário, o vocábulo “motivação”
pode ter diferentes significados e tipos. Motivação
pode ser “despertar o interesse”, “estímulo”, “in-
centivo”, “encorajamento”, entre outros sentidos.
A psicologia tem como objeto de estudo, entre
outros, a motivação, para compreender aquilo que
faz com que as pessoas se comportem da forma
como o fazem, para saber de onde vem a motiva-
ção e o que acontece quando as pessoas não estão
motivadas.
O estudo da motivação abrange elementos
psicológicos, sociais, biológicos e emocionais e
envolve um procedimento encarregado por dar
partida, direcionar e cultivar condutas relacionadas
com a realização de objetivos.
É possível que o trecho de versículos bíbli-
cos mais usados para a motivação seja o texto da
profecia de Isaías, em seu livro de mesmo nome,
capítulo 40, versículos 28 a 31:

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus,


o SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem
se cansa, nem se fatiga? Não há esquadrinha-
ção do seu entendimento. Dá vigor ao cansado
e multiplica as forças ao que não tem nenhum
11
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os


jovens certamente cairão. Mas os que esperam
no SENHOR renovarão as suas forças e subirão
com asas como águias; correrão e não se can-
sarão; caminharão e não se fatigarão.

Esse texto traz a motivação contra o desâni-


mo, servindo para levantar aquele que está fraco
e abatido, trazendo motivação para que a obra do
Senhor seja realizada, motivação essa que irá gerar
entusiasmo!
Dentro da finalidade do estudo desse livro,
iremos ver a motivação como aquilo que – confor-
me o que já foi citado acima – desperta o interesse
e leva ao entusiasmo, enquanto que entusiasmo
significa a exaltação do ânimo que se determina
por algo que fascina ou que se respeita.
O termo “entusiasmo” tem uma origem muito
interessante – é derivado do latim enthusiasmus,
que por sua vez, tem a raiz mais remota na língua
grega. Para o antigo povo da Grécia, entusiasmo
significava “ter um Deus dentro de si”. Portanto, a
pessoa entusiasmada era aquela que, guiada pela
força e pela sabedoria de um Deus, era capaz de
fazer com que determinadas coisas acontecessem.
Durante a Antiguidade, entusiasmo significava
a euforia ou enlevo admirável daqueles que se en-
12
Silas Malafaia

contravam sob a inspiração divina. O entusiasta era


alguém possuído por um ser divino. Já no quarto
século da era cristã, o entusiasta era uma pessoa
que vivia em oração, em estado contemplativo,
sendo inspirado pelo Espírito Santo. No século
18, na Inglaterra, os irmãos que haviam iniciado
a denominação metodista foram acusados de
demonstrações alucinadas de entusiasmo, sendo
descritos diversas vezes como fanáticos.
Uma definição sobre entusiasmo, que ouvi
de um especialista, e achei muito bacana, é que
“entusiasmo é fazer acontecer na adversidade”.
No meio dessa adversidade, da luta que podemos
estar passando, a motivação pode ser uma força
que vai abrir a porta de uma oportunidade para um
milagre, para uma saída, para uma resposta para a
nossa existência.
Atualmente, podemos considerar o entusias-
mo como aquilo que nos move a promover uma
ação, a desenvolver um projeto ou uma causa com
dedicação e ardor, sustentando o espírito ativo.
Podemos, portanto, afirmar que a verdadeira
motivação pode ser despertada pela nossa fé em
Deus e assim poderemos persistir e nos empenhar
nas causas do evangelho, e em todas as batalhas
que merecem ser travadas pelo Senhor.

13
Capítulo 2

DeDicação
Outra atitude, que eu acho grandemente
importante, entre aquelas que iremos destacar e
comentar, de todas as que conseguimos contem-
plar, é aquilo que podemos chamar de dedicação.
O termo “dedicação” pode ter os seguintes
significados – “aplicação”, “devoção”, “sacrifício”;
“manifestação de amor”, “apreço” e “considera-
ção”. Dedicação é também “entrega” e pode ainda
ser definida como a “arte para o crescimento pes-
soal”. Dedicação é entregar-se totalmente a uma
determinada tarefa ou a uma ou a mais pessoas.
Aquele que é dedicado trabalha e dá o seu melhor
para fazer algo bem feito.
A Bíblia afirma que devemos ser dedicados
a Deus, seguindo a Sua Palavra e fazendo a Sua
vontade. É o que nos garante a carta de Paulo à
igreja dos cristãos colossenses, no capítulo 3, de
22 a 25:

Vós, servos, obedecei em tudo a vosso


senhor segundo a carne, não servindo só na
Silas Malafaia

aparência, como para agradar aos homens,


mas em simplicidade de coração, temendo a
Deus. E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo
o coração, como ao Senhor e não aos homens,
sabendo que recebereis do Senhor o galardão
da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.
Mas quem fizer agravo receberá o agravo que
fizer; pois não há acepção de pessoas.

A expressão bíblica “fazei-o de todo o cora-


ção” tem a equivalência de “fazer com dedicação”.
Logo em seguida, na sequência do texto, aparece
a expressão “como ao Senhor”, que traz um sen-
tido de compromisso e responsabilidade, pois se
vamos proceder como se estivéssemos fazendo
alguma coisa diretamente ao Senhor, é evidente
que procuraremos nos dedicar muito mais, fazendo
o nosso melhor.
O apóstolo Paulo, na carta que escreveu ao
“pastor” Tito, que era seu discípulo e se encontrava
cuidando da igreja na ilha de Creta, nos mostra
que como povo de Deus, devemos ser dedicados
para praticar boas obras, área que abrange muitas
atitudes que de fato agradam ao Senhor:

Porque a graça de Deus se há manifes-


tado, trazendo salvação a todos os homens,
ensinando-nos que, renunciando à impiedade
15
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

e às concupiscências mundanas, vivamos nes-


te presente século sóbria, justa e piamente,
aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo
por nós, para nos remir de toda iniquidade e
purificar para si um povo seu especial, zeloso
de boas obras.

Tito 2.11-14

A dedicação sustenta os nossos pés para que


possamos caminhar até atingirmos os objetivos que
temos. Quanto mais dificuldades e/ou necessidades
estivermos enfrentando, é preciso que tenhamos
mais humildade e dedicação em nossas atitudes.
Além disso, quase tudo é possível a uma pes-
soa quando ela se mostra dedicada. Grandes tra-
balhos são realizados não pela força, mas sim em
razão da perseverança. E essa tenacidade deve ser
demonstrada quando Deus, por intermédio de Sua
Palavra, nos orienta a amá-lo e a amar o próximo:

Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo


o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu entendimento, e de todas as tuas forças;
este é o primeiro mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
16
Silas Malafaia

como a ti mesmo. Não há outro mandamento


maior do que estes.

Marcos 12.30,31

Precisamos, então, fazer isso com muita de-


dicação, pois mesmo com todo o empenho que
tivermos, o Senhor não nos afirma que já é o sufi-
ciente, em razão de este ser um mandamento para
ser observado durante toda a nossa vida.
Quando se fala em dedicação, e se faz a abor-
dagem a respeito de sacrifício, podemos perceber
que também existe um preço que deverá ser pago.
As pessoas desejam ter chances na vida, mas não
concordam em pagar um preço necessário para
obtê-las.
Há pessoas que anseiam por terem momentos
favoráveis em seu viver, porém não querem fazer a
entrega de sua vida. Há gente que almeja encontrar
oportunidades, embora não pretenda manifestar
amor naquilo que está fazendo.
É de fundamental importância, para que haja
abertura de oportunidades, que as nossas atitudes
estejam envolvidas com a motivação, a dedicação
e também com aquilo que chamaremos de empe-
nho, e que iremos abordar agora a seguir.

17
Capítulo 3

eMpenho
As questões que estão relacionadas ao empe-
nho são realmente muito importantes. “Empenho”
pode significar “grande disposição” e também pode
ter o sentido de “insistência obstinada”. Alguém
ainda definiu o empenho como ”a atenção ime-
diata para um dever futuro”.
Outra definição afirma que “empenho é uma
força motivadora que exerce uma contínua dedi-
cação e lealdade aos propósitos de uma equipe ou
um grupo”, característica onde podemos encaixar
especificamente a igreja.
Certa ocasião, voltava com a minha esposa
dos Estados Unidos para o Brasil e encontrei com
o cantor Zeca Pagodinho no aeroporto, quando
embarcava em um voo. Ele me conhece pelo nome
e me identifica como homem de Deus. Ele sabe
que em uma pregação que fiz usei uma música
que ele havia gravado, por sinal música bastante
conhecida, que já tocou muito nas rádios no Brasil
– “deixa a vida me levar, vida leva eu”.
Silas Malafaia

Estamos vivendo na cultura da facilidade, do


comodismo. É isso mesmo! Tem irmão que está
cantando esse “hino” – “deixa a vida me levar,
vida leva eu”. Ou, mais do que isso, tem irmãos
que estão vivendo conforme mostra a letra dessa
música – vamos embora, porque Deus nos pro-
meteu, vai acontecer. O Senhor nos garantiu e irá
acontecer, sem dúvida!
O empenho desapareceu quase por completo
da vida dos cristãos atuais! Não existem irmãos que
se empenham mais na obra do evangelho como
havia antigamente! É como se Deus fosse reali-
zar algo que seja da competência da capacidade
humana. Esse é o engano do povo cristão – não
se empenham porque estão esperando que irá
acontecer alguma coisa da parte de Deus. Ficam
somente aguardando que Deus realize, sem que
haja nenhum tipo de empenho pessoal!
O que estou conseguindo enxergar aqui nesta
circunstância é – queremos fazer aquilo que perten-
ce à competência de Deus e desejamos que Deus
faça aquilo que é da nossa capacidade. Há uma
troca, há uma inversão de posições, de valores.
Meu Deus, ah meu Deus! Esse é um dos grandes
problemas que enfrentamos atualmente!
Estava lendo um pouco sobre a história de vida
do criador e dono da Microsoft, Bill Gates, o ho-
19
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

mem cuja fortuna costuma oscilar entre o primeiro


e o segundo ser humano mais rico do mundo. A
história desse homem é bem interessante e iremos
conhecer um pouquinho dela, para entendermos
o que é isso. Quando chegava a sexta-feira, o pes-
soal do escritório ia embora para casa e Bill Gates
continuava no prédio da empresa.
Quando chegava a segunda-feira, os fun-
cionários voltavam para trabalhar e ele estava lá,
dormindo debaixo das mesas. Virava de sexta para
sábado, de sábado para domingo e de domingo
para segunda! E os funcionários brincando; o pes-
soal estava apenas brincando.
E o sujeito estava quebrando a cabeça; bobi-
nho, coitadinho… bobinho, o dono da Microsoft.
Depois ele alcançou uma “riquezazinha” assim
particular, de quase 90 bilhões de dólares! Isto é
somente a riqueza particular dele! Já o negócio da
Microsoft vale hoje pouco mais de 500 bilhões de
dólares! Assim é uma pessoa altamente empenha-
da! É isso que Bill Gates está nos mostrando com
sua atitude, o modo como ele estava empenhado
em fazer sua empresa dar certo! E todo o mundo
sabe como a Microsoft deu e continua dando muito
certo!
Devemos observar, e refletir com muito cuida-
do, na advertência que deu o apóstolo Pedro, em
20
Silas Malafaia

sua segunda carta, no primeiro capítulo, versículo


10 até 12 (NVI), quando ele afirmou:

Portanto, irmãos, empenhem-se ainda


mais para consolidar o chamado e a eleição de
vocês, pois se agirem dessa forma, jamais trope-
çarão, e assim vocês estarão ricamente providos
quando entrarem no Reino eterno de nosso Se-
nhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso, sempre
terei o cuidado de lembrar-lhes estas coisas, se
bem que vocês já as sabem e estão solidamente
firmados na verdade que receberam.

Nós temos a Deus, temos o Espírito Santo,


porém não queremos agir, não sentimos vontade
de nos empenhar! Isso é para pensarmos e para
refletirmos bem.
Agora, vamos prestar bastante atenção na
leitura das próximas páginas desse livro, nas atitu-
des que serão desenvolvidas, que estarão gerando
oportunidades. Tudo o que for mencionado daqui
em diante devemos envolver com a motivação,
com a dedicação e com o empenho. Todas as
atitudes que forem abordadas são para serem en-
volvidas com essas três atitudes fundamentais.
Se queremos tomar atitudes para que possam
gerar oportunidades de bênçãos, de vitórias, de
portas abertas, para que milagres cheguem em nos-

21
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

sa vida, então, precisamos observar os conselhos


desse livro aqui – vamos guardar essas coisas: mo-
tivação, dedicação e empenho. Podemos guardar
no coração e aplicá-las em nossa vida.
Mas não apenas esses, porém, vamos observar
com bastante cuidado as próximas atitudes que
serão comentadas.

22
Capítulo 4

MuDanças

O mundo em que vivemos atualmente encon-


tra-se em constantes mudanças. Os bairros mudam,
as cidades mudam, os países mudam, o panorama
político muda, as igrejas mudam e, principalmente,
as pessoas mudam. Mas o que vem a ser mudança?
O vocábulo “mudança” pode ter sinônimos
como, por exemplo, “modificação”, “alteração”,
“transformação”. No caso do tema que estamos
abordando neste livro, mudança é “uma atitude
que pode proporcionar um comportamento novo,
alterar o estilo de vida, promover uma revisão dos
nossos valores”.
A mudança não é simplesmente um evento,
mas sim um processo. As pessoas pensam que
poderão mudar a sua vida ouvindo apenas uma
mensagem – hum, mudei! Zancalamim, agora
mudei! Uma rajada de língua estranha – mudei!
Hem, estamos muito enganados!
A gente quer oportunidade para coisas boas
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

e deseja portas abertas, mas o que precisamos re-


almente mudar em nossa vida?  Quando a gente
fala que mudança não é apenas um acontecimento,
mas um processo, o que isso está envolvendo? O
que está querendo dizer? Bom, vamos entender as
dificuldades, sentir o drama. A etapa inicial para
a mudança é a aceitação. Uma vez que possamos
aceitar a nós mesmos, abrimos a porta para que a
mudança possa acontecer.
Paulo, escrevendo aos cristãos da igreja na
cidade de Roma, mostra que precisamos buscar
a mudança. Os versículos abaixo destacam que a
nossa transformação (ou mudança) na vida cristã
é algo que deve acontecer continuamente.

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de


Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifí-
cio vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso
culto racional. E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus. Porque, pela graça que me é dada, digo a
cada um dentre vós que não saiba mais do que
convém saber, mas que saiba com temperança,
conforme a medida da fé que Deus repartiu a
cada um.

Romanos 12.1,2
24
Silas Malafaia

Bem, apenas isso aqui já seria material su-


ficiente para uma mensagem completa, mas eu
não vou aprofundar-me agora a respeito desse
tema. Vou deixar para uma outra ocasião onde
irei preparar uma mensagem e um livro somente
sobre mudanças. Vou mostrar agora apenas quais
poderiam ser os tópicos da mensagem (ou ainda,
do livro), pois a mudança é um processo e não um
evento. A mudança envolve – renúncia, ruptura,
crise. Risco, correção e aprendizado; disposição
para enfrentar a adversidade, disposição para o
novo e também ter tempo disponível.
Será que as pessoas que estiverem lendo esse
livro estarão dispostas às mudanças? Elas realmente
vão querer mudar? Vai haver ruptura com alguma
coisa. Vão mudar? Isto poderá gerar alguma crise.
Querem mesmo mudar? Preparemo-nos para en-
frentar adversidades. Desejam mudar? É preciso
termos disposição para o novo. Então, pretendem
mudar? É necessário prepararmo-nos para “gastar”
tempo nisso!
As pessoas querem mudanças como se isso
fosse um passe de mágica. Quando eu era criança,
queria ter um gibizinho chamado Mandrake – isso
era da minha época. A história dessa revista conta-
va que Mandrake era um mágico; ele vinha com a
varinha e pim, pum, pa! Pronto!! Tudo resolvido!
25
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Está cheio de “Mandrakes” na igreja de hoje.


Eles querem que as coisas mudem; então falam,
determinam, liberam uma palavra; ai mistério...
libera uma palavra... ah, hum, sei... e você conti-
nua o mesmo!
Libera uma palavra aí ... é só uma palavra! Se
fosse só uma palavra, isso era o negócio mais fácil
do mundo. O que adianta liberar uma palavra se
não temos nenhuma atitude que possa acompanhar
tal palavra?
O que está precisando ser mudado em nossa
vida? Estou falando em termos de atitudes. Quando
estamos dispostos a mudar, temos de nos preparar
para as novas oportunidades, inclusive no relacio-
namento com Deus. O que adianta criticarmos
Deus? O que adianta debocharmos dele? Isso não
irá mudar nada para nós.
Olhem, Deus está preocupado com o que
estamos falando sobre Ele; é melhor nem saber-
mos! Deus vai ficar até sem dormir... Ele vai ficar
com a “cabeça inchada” por que estamos ques-
tionando-lhe... vejam só! Estamos completamente
enganados! Ele é Deus; é Ele quem estabelece os
princípios.
Se não queremos mudar e não pensamos em
sair dessa existência de pecado, se não pretende-
mos fazer uma ruptura com as coisas erradas, como
26
Silas Malafaia

é que vamos querer a manifestação do poder e do


milagre de Deus em nossa existência? Eu? Eu que
vou fazer? Eu sou tão carente de Deus quanto qual-
quer outra pessoa. Aqueles que estão lendo agora
esse texto podem saber que eu estou escrevendo
tanto para todos os leitores quanto para mim, mas
em primeiro lugar é para minha vida. Porque o
que eu registrei aqui, antes de ser para as outras
pessoas, é para mim mesmo.
Vamos aprender isso – podem ter total certeza
do que estou falando. Em certa ocasião, eu preguei
outra mensagem, mas quero tocar nesse ponto de
novo agora. Qualquer coisa que esteja sob a nos-
sa responsabilidade vai deteriorar-se se não tiver
vigilância e cuidado. Como queremos oportuni-
dade para coisas melhores se não cuidamos nem
daquelas que estão confiadas a nós?
Estou só no começo! Será que vai doer? Ah,
vai! Como é, então, esse negócio? “Não, eu quero
que Deus faça”, mas está aí sob a sua responsa-
bilidade. “Eu quero que Deus me dê oportunida-
de melhor de emprego”; como, se sou relaxado
nesse setor em que trabalho? E nós, como é que
não trabalhamos no lugar que Deus nos colocou
no Reino e não fazemos isso da melhor maneira
possível? E, então, por que ainda queremos buscar
uma coisa maior?
27
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Qualquer negócio que esteja sob a nossa


responsabilidade e cuidado, qualquer coisa! Seja
o que for que estiver sob a nossa incumbência.
Algo que permanecer sob o nosso encargo, muito
cuidado, pois poderá deteriorar-se se não tiver a
nossa atenção e ação. Pode ser o nosso casamen-
to, o cuidado com os filhos, o emprego, o serviço
cristão, pode ser qualquer um desses ou algum
outro mais!
Como é que nós queremos oportunidades
melhores para a nossa vida se não cuidamos nem
daquilo que está em nossa competência e respon-
sabilidade? Como é que pretendemos ganhar um
salário bem maior se esse pequeno salário que
recebemos já o estouramos com besteiras? Não
conseguimos cuidar nem disso que temos em
nossas mãos!
Portanto, é preciso estarmos preparados para
as mudanças! São atitudes que além de colocarmo-
-nos prontos para elas, é necessário que as bus-
quemos, de forma que gerem oportunidades para
a nossa existência!

28
Capítulo 5

preparanDo-se para o
futuro
O que é futuro? Segundo os dicionários, exis-
tem alguns sinônimos para a palavra “futuro” que
são “porvir”, “amanhã”, “horizonte”, “póstero”.
Há pequenas expressões que ajudam a definir o
que é futuro, que são: “o tempo que ainda virá”; “a
existência que está porvir”; “aquilo que está para
vir e para acontecer”.
Em uma suposta linha do tempo, o passado
(aquilo que já aconteceu) situa-se atrás (antes) do
presente, sendo que o futuro aparece depois (adian-
te) – daquilo que ainda não ocorreu.

preparando-nos para o futuro


Se nos prepararmos para o futuro, não precisa-
remos nos preocupar com ele. Se estivermos pron-
tos, haverá oportunidades em nosso futuro. Parece
óbvio, mas mesmo assim, ainda existem pessoas
que não se preocupam com essa preparação.
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Por exemplo, um rapaz que ainda permanece


morando na casa do pai e da mãe. Não sabe quan-
to custa o arroz, o feijão e o fubá. Não conhece o
valor da conta de luz. Não tem noção do preço de
aluguel e nem de quanto custa o botijão de gás;
também não sabe o valor do condomínio. Ele não
tem conhecimento do preço de coisa nenhuma! Ele
não quer nada com o estudo e nem com o trabalho!
Só quer sugar e aproveitar!
Não devemos dizer: “fala Deus”. Devemos,
sim, falar com o nosso filho e conversar com a
nossa filha, que nem aprendeu a lavar as roupas
dela e não sabe fazer nada na cozinha. A mãe está
precisando ensinar a ela!
Nesse caso, nem o filho e nem a filha estavam
preparando-se para o futuro. Eles se encontravam
vivendo totalmente alheios, sem pensar no pre-
sente e, consequentemente, sem ter um preparo
adequado para o futuro.
Como afirmou certo pensador – “na mudança
do presente, a gente molda o futuro”; isto já é uma
forma de iniciarmos a preparação para o nosso
futuro – com mudanças no presente! Não é por
acaso que o capítulo anterior a este está abordando
exatamente a atitude de mudanças como necessá-
ria em nossa vida!
30
Silas Malafaia

O profeta Jeremias, transmitindo a palavra do


Senhor, afirmou nos versículos que se seguem o
seguinte:

Porque sou eu que conheço os planos que


tenho para vocês”, diz o Senhor, “planos de
fazê-los prosperar e não de lhe causar dano,
planos de dar-lhes esperança e um futuro”. En-
tão vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e
eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão
quando me procurarem de todo o coração. Eu
me deixarei ser encontrado por vocês”, declara
o Senhor, “e os trarei de volta do cativeiro. Eu
os reunirei de todas as nações e de todos os
lugares para onde eu os dispersei, e os trarei
de volta para o lugar de onde os deportei”, diz
o Senhor.

Jeremias 29.11-14 (NVI)

O Senhor estava falando por intermédio do


profeta Jeremias. O povo tinha sido levado cativo
para Babilônia e Deus estava enviando uma men-
sagem para os judeus revelando que Ele sabia o
que iria ocorrer com o Seu povo mais adiante. Na
verdade, o Senhor tinha planos preparados para o
futuro da nação e eram planos de conceder bên-
çãos e o retorno para terra de onde eles tinham
31
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

sido levados. E ainda dizia mais o Senhor – que o


povo clamaria a Ele e seria ouvido!
Se nos prepararmos para o futuro, não pre-
cisaremos nos preocupar com os nossos filhos,
porque as portas de oportunidades vão aparecer
na história de vida deles, e pelo fato de ser Deus
que irá trazer essas oportunidades.
Como alguém afirmou: “o futuro tem mui-
tos nomes. Para os fracos, é o inatingível; para
os temerosos, o desconhecido; para os valentes
é a oportunidade”. Se tivermos a condição de
prepararmo-nos para o futuro, as oportunidades
irão aparecer!

Davi, o rei-pastor
Vejamos como é interessante a história sobre
o rei Davi. O final da vida de Davi, que está regis-
trado em 1 Crônicas 29.26-28 diz assim:

Ora, Davi, filho de Jessé, reinou sobre todo


o Israel. E foram os dias que reinou sobre Israel
quarenta anos: em Hebrom reinou sete anos
e em Jerusalém reinou trinta e três. E morreu
numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e gló-
ria; e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar.
32
Silas Malafaia

Mas o que essa passagem bíblica está afirman-


do sobre Davi? Está abordando a respeito do futuro
do rei de Israel. Podemos ver como ele terminou a
vida e ainda deixou um belo legado. É muito boni-
to de se ver o final – E morreu numa boa velhice,
cheio de dias, riquezas e glória.
Contudo, como foi a história de vida que Davi
teve? O que ele viveu e passou? O que ele semeou
e plantou? Qual foi o tipo de preço que ele pagou?
Vivemos em uma cultura que não se cansa
de afirmar que “quando conhecemos uma pessoa
que possui muitos bens, a conclusão que chega-
mos é: ou ela roubou, ou nasceu com o bumbum
virado para a lua”, que é o ditado popular. Ou,
então, que deu sorte. É isso, deu sorte! Puxa, esse
indivíduo aí... caramba! Somente vemos onde o
sujeito chegou, não vemos tudo o que ele passou
para construir aquilo, para que ele chegasse até lá.
Vou repetir o que eu já afirmei em algumas
mensagens, e peço por favor que guardem – o
único lugar na vida que alguém entra paupérrimo
e duas horas depois está bilionário, é em um filme.
Só assim é que ele fica rico. O indivíduo entra um
indigente, e depois de cento e vinte minutos, no
final do filme, ele é o tal, o bilionário do filme. Mas
isso é apenas em filme, porque na vida real não é
assim que acontece.
33
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

O que estamos preparando para o nosso fu-


turo?
Deixem-me que conte uma história que eu
não sabia, mas que recentemente passei a conhe-
cer. Estamos vendo como são as coisas, como elas
acontecem; e, então, na vida a gente vai apren-
dendo.
Não sei quem conhece essa, mas a pessoa até
aos 50 anos de idade não conta o seu tempo. Mas
depois que atinge a idade de 50 anos, o sujeito
começa a contar quanto tempo falta. Até 50 anos
não se conta o tempo. Agora, bateu a casa dos 50...
hum… mais 25, mais 30. E por aí vai... começa a
fazer contas. Mas eu estou falando do indivíduo
que faz contas de quanto falta. Mas, se o sujeito
começar a pensar que a vida tem uma curva; a vida
traça uma curva – em queda; essa é a vida.
Será que todos sabem que já nascemos mor-
rendo? O que é isso? Sangue de Jesus tem poder!
Sim, é isso mesmo! Quando nascemos já existem
células do nosso corpo em processo degenerativo,
morrendo; já nascemos morrendo.
Portanto, o que temos preparado para o nosso
futuro? Quais são as oportunidades que queremos?
É algo para pensarmos. Será que estou deixando
pessoas chocadas com as minhas palavras? Será
que a leitura desse livro vai incomodar muita gente?
34
Silas Malafaia

Então aparecem alguns irmãos com aquele


profetismo bacana – bom, eu não posso deixar
passar uma coisa dessas – volta logo, Jesus, volta!
Oh, eu aguardo, eu anseio, volta Jesus! Não! Isso
é escapismo!
É claro que eu quero que Jesus volte. Mas
tem gente que quer simplesmente escapar! Volta,
Jesus, volta! Eu não aguento mais trabalhar, volta,
Jesus, volta! Acordar cedo, lavar roupa todo dia,
que agonia! Volta, Jesus, volta!
Eu já preguei sobre isso em mensagens na igre-
ja; estou desconfiado que tem cristão pensando que
o céu será um lugar de desocupados. A trombeta
vai soar – anjos preparem-se: estão chegando os
desocupados da terra. De eternidade em eternidade
sem fazer nada. Esse pessoal está precisando ler
mais a Palavra de Deus!
O apóstolo João afirmou, por revelação do
Senhor, no livro de Apocalipse 1.1,2 o seguinte:
Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu
para mostrar aos seus servos as coisas que breve-
mente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou
e as notificou a João, seu servo, o qual testificou da
palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo,
e de tudo o que tem visto.
Será que sabemos qual o significado disso?
Função. No céu vai haver trabalho. Opa, já tem
35
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

gente que não está querendo mais ir para o céu!


O fato é que no céu haverá trabalho. Esquecemos
o que Jesus falou? Está registrado no Evangelho de
João 5.17: E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha
até agora, e eu trabalho também. Mas, de um modo
geral, qual é a associação que fazemos?
Ao pensarmos em trabalho, naturalmente
lembramos de fadiga. Trabalho sugere cansaço,
trabalho demonstra esforço. No céu vai haver tra-
balho, mas não haverá fadiga; não terá cansaço,
mas vai ter trabalho. Agora se alguém não quiser ir
para o céu por causa do trabalho, existe um lugar
onde ninguém irá trabalhar, mas as pessoas que
para lá forem irão ficar mais ou menos assim – em
uma gritaria sem fim – lugar de pranto e ranger de
dentes.
Portanto, no céu haverá trabalho, mas sem
que haja cansaço – esse é o nosso futuro!
Bom – saber que amamos a Deus, a esposa, os
filhos e os irmãos, não é o suficiente. Demonstrar
esse amor, isso sim, abre muitas oportunidades. Ter
conhecimento de que temos amor a Deus, que a
nossa esposa é amada, que da mesma forma sen-
timos amor por nossos filhos, somente isso ainda
não é o bastante.
Manifestar esse amor com prática, é isso que
dá resultado. É isso que traz resultado. Não é a
36
Silas Malafaia

pessoa saber. Qual é a nossa prática em relação


à família, aos filhos, a Deus, que demonstra o
nosso amor? Eu garanto para todos que, quer na
vida familiar, quer na vida material, quer na vida
espiritual, irão abrir oportunidades para aqueles
que manifestarem o amor realmente na prática. Eu
garanto! Esse negócio é muito interessante!
Portanto, depois de todas as informações e
orientações que conhecemos neste capítulo, vamos
nos preparar para o futuro, pois Deus providenciará
as oportunidades para a nossa vida!

37
Capítulo 6

significaDo
Sabemos que alguma coisa tem significado
para nós quando passa do cérebro para o coração
e do coração para a ação. Algo tem significado
para mim quando sai da minha mente para o meu
coração e do meu coração para a minha ação. Isso
mostra que há significado.
O vocábulo “significado”, tem sua origem no
latim significatus e em nossa língua portuguesa
tem como sinônimos “sentido”, “significação”,
“conceito”, “noção”, “definição”, “acepção”.
Significado pode ser a definição atribuída a um
“termo, palavra, frase, texto”; “aquilo que alguma
coisa quer dizer”; “sentido”.
Mas no contexto que vamos utilizar aqui,
significado é a “relevância que se dá a algo ou
alguma coisa”.

Significado e vida

A vida é prática! A vida é ação! Vamos, cada


Silas Malafaia

um, pegar a Bíblia e vamos lá, de Gênesis a Apo-


calipse. Até Deus, quando fez o homem, Ele pegou
o barro – denota ação, atitude – e soprou o fôlego
de vida:

E formou o SENHOR Deus o homem do pó


da terra e soprou em seus narizes o fôlego da
vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou
o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda
do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.

Gênesis 2.7,8

Se examinarmos cuidadosamente a Palavra


de Deus, chegaremos à conclusão de que a Bíblia
toda é um livro de ação!
Se estamos deixando de fazer alguma coisa,
é porque não passou pelo nosso coração. Se não
realizamos nada, nenhuma atitude, é porque não
estamos encontrando significado em coisa nenhu-
ma para nós. Caso estejamos deixando a leitura da
Bíblia de lado, é porque ela não está mostrando
relevância para a nossa vida. Se não oramos é por-
que não existe significado para nós. Se não temos
comparecido à casa de Deus, é porque não tem
havido significância para nós.
Se levamos o trabalho de qualquer jeito é
porque ele não tem significado para nós. Se enfren-
39
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

tamos a vida de uma maneira imprecisa, é porque


não vemos um significado nela. Se encaramos os
nossos relacionamentos de um modo qualquer é
porque eles não possuem um significado para nós.
Portas de oportunidades vão se fechar. Não existe
relevância. Não costumamos a aplicar o nosso ser
naquilo que vamos fazer.
Nós não estamos aplicando nada em nossa
vida para que oportunidades aconteçam. Não
permanecemos tomando atitudes pelo fato de não
estarmos encontrando significado.
Então não existe significado, porque se hou-
vesse, nós faríamos todo o possível. Se tivesse
relevância, lutaríamos. Se fosse importante, nós
faríamos com muita intensidade. Se houvesse
significado, nós dormiríamos mais tarde, porque
teríamos que estudar mais, precisaríamos trabalhar
mais. E acordaríamos mais cedo. Porque haveria
significado, seria relevante para a nossa vida!
Mas não há relevância! Um dia, o sujeito leva
a mãe para o hospital; no outro dia coloca o pai;
no outro, a tia. Depois que já colocou a família
toda no hospital, ele volta para mãe de novo. Aí
o chefe no trabalho diz assim: “não aguento mais;
esse sujeito só tem família no hospital. Todo dia
ele tem uma desculpa para não comparecer, a
cada dia ele arruma um pretexto para sair mais
40
Silas Malafaia

cedo, diariamente ele acha uma justificativa para


‘empurrar o trabalho com a barriga’”.
É porque não tem significado. Depois é o
diabo; diabo coisa nenhuma. Somos nós mesmos.
Aquilo que não tem significado para nós, não fa-
zemos, não agimos. E existem coisas significativas
que nós achamos que não apresentam importância.
Servir a Deus com integridade. Praticar a Palavra.
Exercer a nossa cidadania. É porque não tem sig-
nificado para nós. Achamos irrelevante!
Depois vamos ver o “pau cantando no lombo”
em cima de nós. E todos nós, então, reclamando
da vida!

Significado e reverência

Mas existe ainda outra atitude que muitos


cristãos precisam aprender a colocar em prática.
Ela está totalmente relacionada à reverência do
culto ao Senhor. Todo o fiel, que vai cultuar a Deus
em Sua casa, tem o dever de aguardar pelo final
de todo o processo de culto. Muitos cristãos hoje
não querem modificar a sua maneira relapsa de
prestar culto a Deus. Como o cultuar a Deus não
está pleno em seu significado e, por isso, não tem
havido a reverência necessária no culto ao Senhor.
41
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Outro dia, eu estava em um hotel e liguei a te-


levisão. Eram 22 horas quando começou o futebol.
Naquele mesmo dia, mais cedo, eu havia descido
no aeroporto de Brasília e tinha visto um monte de
gente de vermelho e preto. Assim, no aeroporto,
havia muitas pessoas vestidas desse jeito. Quando
saí para o lado de fora, havia mais um monte de
torcedores com as mesmas roupas e cores. Quem
estava comigo era o pastor Alexandre, que falou
assim: “eles estão esperando o time do Flamengo
chegar”.
Cristãos no aeroporto esperando paciente-
mente o time do Flamengo. Pagaram um dinheiro
alto pelo ingresso para o jogo. Saí do aeroporto e
passei em frente ao hotel onde o time do Flamengo
iria hospedar-se, mas ainda não havia chegado. A
entrada do hotel estava com grades colocadas e já
tinha gente esperando. Os torcedores ficaram um
tempão, aguardando com paciência – e também
reverência – o time para o qual são torcedores.
Em outra ocasião, eu me encontrava na cidade
de Londres, na Inglaterra. Estava hospedado em um
hotel. Para os padrões brasileiros, estava bastante
frio – a temperatura era de 3 graus centígrados e
caía uma chuva fina. Quando estava chegando,
vi que havia um monte de jovens do lado de fora
do hotel. Eu perguntei ao motorista, que fora me
42
Silas Malafaia

buscar em um carrão, “o que era aquilo”. Ele res-


pondeu que “era a cantora Lady Gaga que estava
hospedada naquele hotel”. Aqueles jovens esta-
vam esperando calmamente uma oportunidade
– 3 graus e chuva fina! Eu pensei: “Jesus, eu não
acredito nisso!”
Entrei para o hotel e fui para o quarto. Tomei
um banho, troquei de roupa, desci e fui para o
hall. Os jovens ainda continuavam lá. Saí e fui
jantar fora; depois retornei. A temperatura havia
caído mais; estava agora em zero grau. E os jovens
permaneciam tranquilos e firmes lá fora! Vejam
só o que era o significado, a importância para os
jovens daquela cantora e a reverência que eles
demonstravam.
São apenas duas horas de culto, e é só o pastor
convidar a igreja para ficar em pé, que muita gente
começa a sair. Ao contrário dos torcedores de fu-
tebol e dos fãs da cantora, esses irmãos não veem
o significado completo do culto e por isso não
modificam a atitude deles, continuam os mesmos
“cristãozinhos esculhambados” de sempre. Não
conseguem esperar o culto acabar, não entendem o
que é prestar culto, não sabem o que é reverência.
Não existe calma, paciência e nem significado.
Há uma passagem no livro de Eclesiastes, ca-
pítulo 5, versículo 1, que afirma: Guarda o teu pé,
43
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais


a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois
não sabem que fazem mal. É um texto que trata
sobre reverência; a expressão “guarda o teu pé”
significa “seja reverente”, quando estiver na casa
de Deus. Essa é a Palavra de Deus para todos os
que precisam entender melhor o que é reverência.

44
Capítulo 7

na viDa social

Onde mais que a gente precisa tomar atitudes?


Na vida social. Mas o que vem a ser vida social?
Podemos entender como vida social o padrão de
procedimento de uma pessoa com a sociedade
que acontece por intermédio de seus diversos tipos
de relacionamentos, interagindo com os outros,
aprendendo a conviver em sociedade com respon-
sabilidade, respeitando os compromissos sociais
aos quais se impôs.
A vida social é a sua posição, a sua família,
os seus relacionamentos. Bom dia, obrigado, por
favor, com licença. Não custa dinheiro; não tem
nada a ver com a vida espiritual, que é uma outra
coisa. Existe cristão mal-educado; cheio do Espíri-
to Santo, porém, mal-educado que nem ele! Não
esqueçamos – com licença, por favor, obrigado,
bom dia.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da
província da Galácia, mostra no capítulo 6 qual
deve ser o nosso comportamento como servos de
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Cristo em nossa vida social – com os nossos irmãos


na fé e com todos os demais:

Levai as cargas uns dos outros e assim


cumprireis a lei de Cristo. E não nos cansemos
de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos,
se não houvermos desfalecido. Então, enquan-
to temos tempo, façamos o bem a todos, mas
principalmente aos domésticos da fé.

Gálatas 6.2,9,10

Creio que todos nós temos uma boa noção


do que é fazer o bem. Se sabemos aquilo que é
mau, que devemos evitar em praticar, com toda a
certeza temos entendimento do que é fazer boas
coisas para o nosso próximo. E é isso que Paulo
nos conclama a fazer – o bem!
Então, o que iremos fazer? Vamos parar de
ficar somente reclamando de um e de outro… O
que temos de fazer para que oportunidades apa-
reçam na vida material? Não vai cair nada do céu
de graça para nós. Temos um preço para ser pago.
Qualquer funcionário meu que me faz alguma
coisa eu o agradeço. A minha secretária, que está
comigo há mais de 10 anos, eu digo a ela: “por
favor, ligue para fulano. Por favor, pegue isso aqui
para mim”. Sou eu que pago a ela o salário. Mas
isso faz parte da educação.
46
Silas Malafaia

Será que não sabemos o que um bom dia,


ou uma boa tarde pode proporcionar? Tudo bem,
existe um cristão, cheio do Espírito Santo; ele mora
em um prédio, e o outro morador declara assim: “é
um cristão, esse aí; mas é mal-educado que só ele.
Não fala com ninguém, só vive de cara emburrada.
Nunca deu um bom dia para ninguém”.
Um dia desses eu entrei no condomínio onde
moro; da entrada do condomínio até o local onde
ficam as residências tem uma distância boa. Então
eu entrei; quando estou passando no início do con-
domínio, vejo os carros daqueles que gostam de
ir para a praia e deixam os veículos bem perto da
saída do condomínio. Eles fazem isso para, quan-
do voltarem da caminhada até a praia, pegarem
o carro e irem para dentro do condomínio e não
terem mais que andar muito.
Então eu vinha pela pista cortando e, em um
relance de olhar, vi assim, que havia um rapaz na
calçada do condomínio, com gesso até em cima.
Eu estava passando entre dois carros, mas mesmo
assim eu vi.
Creio que todos sabem aquela coisa de vis-
lumbre que vem por um instante. Estou passando
com o meu carro; aqui perto têm outros carros
estacionados. Venho com o meu carro e, nesse
exato momento em que eu estou passando, vejo
47
na calçada o rapaz com a perna engessada até em
cima.
Portanto passei, olhei pelo retrovisor e vi que
o rapaz todo engessado continuava andando. Eu
freei, engatei a marcha à ré, vim devagarzinho até
o rapaz e perguntei: “Vai para onde?” E ele respon-
deu: “Ah, eu vou lá para a penúltima rua”. Então
disse a ele que entrasse no meu carro, que eu iria
levá-lo. “Ah, obrigado, senhor”, ele disse.
Tudo bem. “E o senhor, mora aonde?” Eu dis-
se: “Ah, eu sou pastor, moro na segunda rua. Deus
abençoe você. Ele tem um projeto para sua vida e
assim e assim...” eu fui falando para aquele jovem
todo engessado. O carro é só apertar acelerador;
é só apertar o acelerador que ele vai…. Aí eu fui
e o deixei na porta de casa.
Eu tenho certeza, certeza absoluta, que ele
contou para a mãe, que falou para o pai, que ele
disse para os colegas – “puxa, o pastor estava
passando por fora, parou o carro, colocou uma ré
e me deu uma carona!” Uma coisa simples, nada
demais.
Mas tem gente que não observa nada na
vida… não toma atitude nas áreas da vida social,
nenhuma ação.
Quando cheguei para morar nesse condomí-
nio, o vizinho da frente parecia um endemoninha-
Silas Malafaia

do; a impressão era que a legião dos gadarenos


havia chegado lá. O indivíduo estava com tanto
ódio – nunca tinha visto o sujeito na minha vida
– nem mais gordo nem mais magro – mas esse
vizinho estava com ódio cego.
O caminhão da mudança estava parado na
rua. Com um caminhão e um carro juntos, um
terceiro veículo não conseguia passar. Com dois
carros de passeio dava, mas com um caminhão
grande e mais um carro não era possível.
O vizinho estava na garagem e foi para o car-
ro; eu vi aquilo e pensei: “caramba, o indivíduo
está vendo aquela mudança que está chegando
e descarregando e para o carro exatamente onde
ele estava acostumado a parar sempre”. Nem se
importou com mais nada!
Eu, então, pensei: “daqui a pouco vai vir um
outro carro e...”, dito e feito – dali mais um pouco
veio outro ignorante, em uma caminhonete. Quan-
do ele viu o caminho e o carro que não dava para
passar, e também viu os homens descarregando a
mudança. Ele colocou a mão na buzina, apertou
e ficou segurando: e foi aquele escândalo! Uma
barulheira muito grande!
Aí o motorista do caminhão de mudanças
disse assim para mim: “Doutor, com todo respeito,
eu sou pobre, mas fico de boca aberta com esses
49
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

bacanas; ô gente ignorante e ruim! O senhor está


se mudando”; e aí ele falou uma palavra que não
era muito agradável sobre o vizinho da frente.
E outra palavra não dita aqui sobre o sujeito
da buzina. Eu falei para o motorista do caminhão:
“puxe esse caminhão; tire-o daí, depois você dá
ré. Então tem que parar, tirar as coisas que estão
descendo, todo o material. Entrar, puxar, por que
o ignorante do carro não queria ter nem mesmo
um pouco de boa vontade, pois era só ele dar uma
marcha à ré e ir pela outra rua. Mas ele deve ter
pensado: “não, eu passo aqui, eu quero passar por
aqui!”.
Essa foi a minha recepção na rua em que
passei a residir. Foi assim que eu fui recebido.
Mas, então, eu pensei: “vamos ‘bombardear’ esse
sujeito”. “No Natal, vamos dar-lhe um presente;
vou ‘quebrar’ esse homem; vou ‘quebrar’ as pernas
dele, mas da forma como a Bíblia orienta”, usando
a advertência do apóstolo Paulo na carta aos cris-
tãos de Roma: Não te deixes vencer do mal, mas
vence o mal com o bem (Romanos 12.21). “Veja,
é um presente para o senhor e sua esposa. Tudo
bem?” “Heim, heim? Tudo bem, pastor; tudo bem”.
“O senhor tem que ir lá na minha igreja; precisa ir
lá um dia”. “É vamos ver, vamos ver. Tudo bem”.
Como é que queremos ter oportunidades na
50
Silas Malafaia

vida? Podia ser um outro tipo de situação, outra


coisa que gera uma oportunidade para abençoar-
-nos, que não estamos sabendo, que não estamos
vendo na hora.
Mas, em nossa vida social, em nossos rela-
cionamentos, sempre teremos muitas chances de
mostrar as nossas atitudes e, por intermédio delas,
testemunharmos de Cristo e gerarmos oportunida-
des para a nossa vida!

51
Capítulo 8

na vida espiritual

Em nossa vida, temos várias áreas as quais


chamamos especificamente pelo nome. No capí-
tulo anterior abordamos a respeito da vida social;
neste capítulo agora estaremos desenvolvendo
sobre a vida espiritual.
Onde mais que precisamos tomar atitudes
para não perder oportunidades na vida? Na vida
material, no trabalho, nos objetivos e nas finanças.
Sim, é aqui que precisamos tomar atitudes.
E o sujeito está pensando na sua vida material:
“na vida material não, porque eu sou espiritual...
eu sou espiritual”. Então vou dizer para esse su-
jeito: “faça o seguinte, não trabalhe, e o apóstolo
Paulo afirmou: Porque, quando ainda estávamos
convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não
quiser trabalhar, não coma também (2 Tessaloni-
censes 3.10). E então não coma! Nós temos, então,
que tomar atitudes em nosso trabalho. Precisamos
tomar atitudes em relação às nossas finanças. Nós
precisamos tomar atitudes em relação ao que que-
remos dessa vida.
Silas Malafaia

Em que área mais necessitamos tomar atitu-


des? É lógico que já sabemos – na vida espiritual.
O que vem a ser vida espiritual? Existem vários
tipos de definições a respeito de vida espiritual,
envolvendo diversas e diferentes religiões, mas o
conceito que está identificado com a espiritualida-
de cristã é aquele que nos diz respeito.
Assim, espiritualidade cristã (ou vida espiritu-
al) é tudo aquilo que envolve o nosso relaciona-
mento diário com o Senhor Jesus e a comunhão
com o Espírito Santo de Deus, nos submetendo
continuamente a este ministério em nossa vida.
Como está o nosso relacionamento com o
Senhor? Heim… como é que está? De que forma
queremos que esse Deus se manifeste mais a nós,
se não desejamos conversar com Ele? Se não espe-
ramos obedecer a Ele? Como pode ser isso?
Então, como é que almejamos oportunidades
do poder de Deus em nossa vida, da manifestação
da glória de Deus, do sobrenatural de Deus, se não
construímos nada com Ele, se somos mais religio-
sos do que espirituais, e se somente vamos à igreja
para receber e nunca para dar nada? Afinal, que
equívoco é esse?
O que é prestar culto? Tem o significado de
oferecer o quê? Apresentar a Deus o reconheci-
mento da soberania dele em nossa vida. Somos
53
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

nós que prestamos culto, não é Deus que oferece


o culto para nós. Ah, chegamos na igreja; legal,
heim! Chegamos heim, estamos aqui, muito legal!
Chegamos! Então vamos pensar: por que
estamos aqui? Olha, Jeová… Por que nos encon-
tramos aqui? Estamos enganados! Vamos à igreja
para oferecer e como Deus não é de ficar devendo
nada para ninguém, como Ele é um Deus de lon-
ganimidade, de bondade, um Deus de graça e de
misericórdia, Ele nos abençoa e abre portas para
nós. Ele nos responde e opera milagres, Ele faz o
impossível!
Se queremos alcançar oportunidades melho-
res para a nossa vida, quer na área material, na
área emocional e na vida espiritual, são as nossas
atitudes que irão determinar isso.
O que precisamos fazer nesse tempo? Em que
momento precisamos fazer correções? O que te-
mos de mudar? O que necessitamos cuidar? O que
devemos romper? Onde é que precisamos colocar
empenho? Onde devemos ter mais dedicação?
Qual a nossa motivação?
Quero declarar aqui algo para todos os leito-
res: eu gosto muito quando o apóstolo Paulo faz
essa afirmação abaixo:

54
Silas Malafaia

Ora, àquele que é poderoso para fazer


tudo muito mais abundantemente além daquilo
que pedimos ou pensamos, segundo o poder
que em nós opera, a esse glória na igreja, por
Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo
o sempre. Amém!

Efésios 3.20,21

Deus pode fazer muito mais do que esse nos-


so pedido; Ele pode levar-nos para patamares que
nem sequer imaginamos. É o que a Sua Palavra está
afirmando no texto acima da carta de Paulo aos
Efésios, de uma forma sublime e profunda. Agora,
até para fazer isso, Deus se submete à Sua Palavra.
O Senhor não faz isso a la Bangu, ou seja, de qual-
quer maneira. Ele faz estando em submissão à Sua
própria Palavra. Deus não corta, Ele não quebra
um milímetro sequer da Sua Palavra. O Senhor
não descumprirá o que deixou na Bíblia. Ele se
encontra subordinado em função da vontade que
expressou em Sua Palavra.
O Senhor Deus criou um ser com inteligência;
fez uma pessoa com vontade própria; Ele elaborou
uma criatura com sentimentos, fez um ser com
aptidões e talentos. Deus formou um ser humano à
Sua imagem e semelhança; Ele criou um ser que é
55
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

a coroa da criação, e nos dotou de potencial. Então


não vamos pedir ao Senhor para fazer aquilo que
a nossa capacidade pode realizar.
Portanto, agora prepare-se, porque quando eu
e você fazemos aquilo que podemos fazer, para
a nossa capacidade nas diversas áreas da vida,
preparemo-nos, porque o Senhor está pronto para
nos ajudar. Ele está acessível para abrir uma porta
que nós não podemos abrir. Deus está preparado
para fazer uma porta onde não existe nenhuma
e ninguém faz. O Altíssimo está preparado para
rasgar os céus, abençoar a nossa vida e dar opor-
tunidades que nós nem podemos imaginar.
Daqui a pouco a leitura desse livro vai ter-
minar, e cada pessoa que o leu vai pegar o seu
exemplar e guardá-lo, colocando-o na estante ou
em outro lugar. E então, o que vamos fazer após
esta leitura? O que iremos corrigir? Alguma atitude
será tomada? O que será feito?
Uma oportunidade precisa ser oferecida a
todos, para que possam começar a tomar uma ati-
tude, agora que já concluíram a leitura deste livro.
Esta é uma chance que é apresentada como um
desafio individual – entregue a sua vida a Deus,
através de Cristo. Essa é a grande atitude da vida
que uma pessoa pode – e deve – tomar!
O escritor do livro de Lamentações de Jeremias
56
Silas Malafaia

afirmou, a respeito do homem e do pecado: De que


se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada
um dos seus pecados. Esquadrinhemos os nossos
caminhos, experimentemo-los e voltemos para o
SENHOR (Lamentações 3.39,40). O que o autor do
livro de Lamentações está declarando nesse texto
é que não se pode ficar apenas queixando-se dos
pecados e afastado de Deus, mas que devemos
nos voltar para o Senhor! É a atitude que deve ser
tomada!
Esse é o dia, essa é a hora de se tomar uma
atitude porque o Senhor Deus quer ajudar-nos para
que possamos percorrer um caminho de vitórias!

57
conclusão

Todo esse livro trata a respeito das atitudes


que precisamos tomar em nossa vida. Motivação,
entusiasmo, dedicação, empenho, mudança, pre-
paração para o futuro, significado, ações na vida
social e na vida espiritual são as atitudes que foram
comentadas e aconselhadas a serem praticadas em
nossa existência.
São ações que, se colocadas em execução,
possibilitarão recebermos oportunidades em nossa
vida, chances essas que nos abençoarão grande-
mente.
Na introdução deste livro, fiz algumas afir-
mações sobre a oportunidade que eu gostaria de
repetir aqui. Naquela ocasião eu disse que a opor-
tunidade não era uma situação que permanece
estacionada nos aguardando. Ela tem um certo
movimento e velocidade – algumas oportunidades
são mais lentas e demoram mais a passar; outras
são mais velozes e passam rápidas demais. Isso
significa que toda e qualquer oportunidade tem
um tipo de movimentação. Se ficarmos parados,
veremos a oportunidade passar e ir embora, não
a alcançaremos.
Silas Malafaia

Isso quer dizer que, se tomarmos as atitudes


que esse livro orienta, as oportunidades aparece-
rão, mas não irão permanecer indefinidamente à
nossa disposição; elas irão desaparecer depois de
um certo tempo. Cabe a nós discernir o momen-
to quando a oportunidade chegar e não a deixar
escapar!
Pessoas que leram esse livro podem querer
tomar uma atitude de entregar sua vida a Deus,
por meio de Cristo, que é o único caminho entre
Deus e o homem. Àqueles que já conheceram o
evangelho, mas depois se afastaram, sabem muito
bem sobre o que eu estou falando. É preciso que
tomem uma atitude de voltar para Jesus, uma atitu-
de de consertar a vida, de romper com o pecado.
Não fiquem procurando desculpas ou o motivo
pelo qual se afastaram de Deus.
Não importa aqui o motivo pelo qual houve a
queda ou o afastamento. O que importa é que há
uma oportunidade aberta para voltarmo-nos para
Jesus, para entregarmos nossa vida a Deus. E, então,
iremos ver o que Ele poderá fazer.
Agora, fazendo uma abordagem individual,
quero afirmar que Deus está concedendo-lhe uma
oportunidade. Desejo dizer que você pode entre-
gar a sua vida a Deus onde estiver. Se hoje você
quer voltar-se para Jesus, pode fazê-lo agora. Essa
59
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

é a atitude fundamental que você precisa tomar –


retornar para Jesus. Se você quer, então vá. Tome
a atitude de ir para o Senhor e entregar-se a Ele. A
decisão é somente sua, de mais ninguém. Tenha
atitude! Entregue-se!
A salvação é com Deus, mas Ele só pode nos
salvar se quisermos ser salvos. O Senhor não pode
obrigar ninguém a salvar-se, porque Ele está sub-
misso à Sua Palavra. Portanto, a salvação é para
quem quiser e quem crer. Se dermos um passo de
fé entregando a nossa vida a Deus, por intermédio
de Cristo, essa foi – e é – a grande atitude a realizar
para podermos romper barreiras de relacionamento
com Deus, que pode nos auxiliar em áreas em que
ninguém consegue.
Você verá que oportunidades transcendentes
e inimagináveis poderão abrir-se para a sua vida!

60
oração
Senhor Deus, louvado seja o Teu santo
nome!
Ó Pai, eu entrego a minha vida nas Tuas
santas e poderosas mãos.
Eu declaro um novo tempo, declaro ruptura
com o pecado,
Declaro ruptura com o passado.
Eu declaro um futuro de oportunidades,
de bênçãos e de vitórias.
Obrigado pelo Seu perdão em minha vida.
Também eu agradeço a Ti pela leitura
desse livro
Porque por intermédio dela, pude abrir
meus olhos,
Assim consegui entender as várias atitu-
des que eu preciso tomar
Em diversas áreas da minha existência,
Para encontrar oportunidades para a mi-
nha vida
Para o meu crescimento espiritual
E para ser grandemente abençoado.
Eu agradeço por todo o Seu cuidado para
comigo,
Por Seu infinito amor por mim, demons-
trado na cruz,
Quando enviou o Seu Filho Jesus,
ATITUDES PARA OPORTUNIDADES

Que foi crucificado, sofrendo em meu lugar,


Para morrer pelos meus pecados,
Possibilitando a oportunidade de que eu
recebesse a salvação.
É nesse nome santo de Jesus que eu oro.
Amém e amém!

62
Um dos propósitos que todo cristão deve ter
é fazer a diferença aqui neste mundo, co-
locando o seu foco em Jesus e praticando
os Seus ensinamentos. Desse modo, fa-
zer a diferença é agir de maneira positiva,
ultrapassando as expectativas e indo além
do normal. Como cristãos, não faremos a di-
ferença falando da vida dos outros, nem dor-
mindo até mais tarde, tampouco filosofando.
Neste livro, você aprenderá que, para fazer
a diferença, tem de tomar atitudes, precisa
praticar a “lei do desapego”, deve renunciar
a alguns de seus interesses, necessita as-
sumir a forma de servo e humilhar-se, a fim
de que se torne um instrumento de justiça
nas mãos do Senhor. Além disso, precisa
ser obediente, ter disponibilidade, estar dis-
Silas Malafaia posto a sofrer e praticar o amor.
é psicólogo clínico, conferencista
internacional e pastor evangélico. Portanto, que Deus possa fazer a diferença
em nossa vida, porque, sozinhos, não so-
mos capazes de querer fazer a diferença.
Boa leitura!

EDITORA CENTRAL GOSPEL


Estrada do Guerenguê, 1851
Taquara - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22713-001
PEDIDOS: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com
ISBN: 978-85-7689-610-4
33142
SILAS MALAFAIA

COMO FAZER A
DIFERENÇA
DIRETORA EXECUTIVA Copyr ight © 2018 por Editora Central Gospel
Elba Alencar

GERÊNCIA DE PROJETOS Dados Internacionais de Catalogação


ESPECIAIS na Publicação (CIP)
Jefferson Magno Costa

COORDENAÇÃO
Como fazer a diferença / Silas Malafaia
EDITORIAL
Rio de Janeiro: 2018
Michelle Candida Caetano
64 páginas
ISBN: 978-85-7689-610-4
PESQUISA,
1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
ESTRUTURAÇÃO E
COPIDESQUE
Paulo Pancote
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
CAPA da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
E DIAGRAMAÇÃO indica o espec fica, e visam incentivar a leitura das
André Faria Sagradas Escrituras.

IMPRESSÃO E É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste


ACABAMENTO livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
Exkl usiva ero r ficos, foto r ficos etc , a n o ser em cita es
reves, com indica o da fonte i lio r fica.

Este livro está de acordo com as mudanças propostas


pelo novo cordo rto r fico, ue entrou em vi or a
partir de janeiro de 2009.

1ª edição: Março/2018

Editora Central Gospel Ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro – RJ
TEL: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com
SUMÁRIO

Introdução ....................................................................5

Capítulo 1 – Ter o mesmo sentimento ......................7

Capítulo 2 – Ser desapegado .....................................10

Capítulo 3 – Renúncia ................................................18

Capítulo 4 – Tomando a forma de servo: parte 1 ...22

Capítulo 5 – Tomando a forma de servo: parte 2 ...28

Capítulo 6 – Humilhação e voluntariedade ............35

Capítulo 7 – Obediência e disponibilidade .............41

Capítulo 8 – Pagar o preço .........................................47

Capítulo 9 – O amor....................................................53

Conclusão .....................................................................60

Oração ...........................................................................61
INTRODUÇÃO

Um dos propósitos que todo o cristão deve ter


é fazer a diferença aqui neste mundo, colocando
o seu foco em Jesus e praticando os Seus ensina-
mentos.
Durante uns dez dias, permaneci aguardando,
porque a internet pode ser um instrumento espeta-
cular de conhecimento, mas também pode ser um
lugar de disparates. A internet está cheia de “espe-
cialistas” que falam sobre como podemos fazer a
diferença nesse mundo, no emprego, no trabalho
e coisa e tal; muitas questões. Mas eu falei: “não,
eu quero a Bíblia, que é a maior fonte”.  
Fiquei dez dias viajando e pensando. E eu
escrevo tudo em um caderno, que descobri ser
um procedimento pedagógico. Para guardarmos e
memorizarmos o mais indicado a fazer é escrever;
por isso que o povo hoje não guarda nada, porque
está tudo na internet, estão batendo os dedinhos.
Eu, porém, escrevo tudo em cadernos. Se estou
viajando, dou uma paradinha e escrevo.
Pensei, analisei, fui buscar informações, mas
também entrei na internet. Então eu falei: “não,
5
Como fazer A diferença

não farei isso; o tempo está passando, os dias estão


vencendo. Porém, eu não quero falar sobre como
fazer diferença segundo técnicas, segundo o que
dizem os especialistas. Não é o que eu desejo!”
Portanto, na sexta-feira, bem próximo da
meia-noite, o Espírito Santo falou assim ao meu
coração: “Qual é o maior exemplo de quem fez a
diferença? Quem é?”: “Jesus; foi Jesus”, eu disse.
Essa foi a primeira dica. Então eu pensei: “Bem, se
Jesus é o maior exemplo de quem fez diferença,
então nós precisamos entender e aprender como
Ele agiu para fazer a diferença”.
Uma definição sobre fazer a diferença é isso
aqui – é produzir, é agir de maneira positiva, dife-
renciada do comum que ultrapassa expectativas,
que vai além do normal. Isso é uma definição
do que é fazer a diferença. Algo de positivo que
suplanta todas as possibilidades, identificado dos
demais, que é muito maior do que o comum.
Portanto, eu fui buscar na Bíblia, porque Jesus
fez a diferença e qual a causa de Ele ser o maior
exemplo. Então, vamos começar a ver; é tão fácil
e tão aberto, mas se o Espírito Santo não der uma
dica, nós não conseguimos encontrar.
E então, será que estamos dispostos a ser e fa-
zer a diferença neste mundo? Vamos refletir juntos!

6
Capítulo 1

TER O MESMO SENTIMENTO


Podemos ver, em uma passagem bíblica, os
elementos que são a causa de Jesus ter feito a di-
ferença enquanto esteve nesse mundo. É um lindo
texto escrito pelo apóstolo Paulo:

De sorte que haja em vós o mesmo senti-


mento que houve também em Cristo Jesus, que,
sendo em forma de Deus, não teve por usur-
pação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que
também Deus o exaltou soberanamente e lhe
deu um nome que é sobre todo o nome, para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos
que estão nos céus, e na terra, e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo
é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Filipenses 2.5-11
Como fazer A diferença

A frase inicial do trecho de versículos que


lemos acima, afirma: De sorte que haja em vós o
mesmo sentimento. Na verdade, Paulo está que-
rendo dizer o seguinte: “de sorte que haja em vós
as mesmas atitudes”. A palavra “atitude” tem como
sinônimos “posição”, “postura”, “objetivo”, “jeito”,
“desejo”, “comportamento”, “gesto”, “propósito”,
“pose”, “maneira”, “conduta”.
Vimos, no parágrafo anterior, os sinônimos
para o vocábulo “atitude”. Como podemos, porém,
encontrar uma definição adequada a respeito do
que significa “atitude”? Existem várias definições
sobre “atitude” em diferentes áreas. Vou utilizar
aqui a definição que, acredito, se encaixe melhor
com o propósito desse livro. “Atitude” significa
um padrão de procedimento que conduz a um
comportamento estabelecido. É a confirmação de
um objetivo ou finalidade. Atitude é igual a ação.
Atitude é uma disposição interior que nos leva a
agir.
A atitude é, antes de tudo, uma causa social
mais do que adequadamente um estímulo bioló-
gico. É uma tendência assimilada para responder,
de maneira apreciável, a um objeto social.
De acordo com a psicologia, “atitude” é o
“comportamento costumeiro que ocorre em dife-
rentes situações; podendo ainda ser determinada
8
Silas Malafaia

como um estado mental de disposição que é estru-


turado por meio da experimentação e opera uma
intervenção ativa sobre as respostas expressadas
por uma pessoa em face às circunstâncias que ela
encara”.
Como cristãos, não faremos diferença falando
da vida dos outros. Não faremos diferença apenas
dormindo até mais tarde. Não faremos a diferença
somente filosofando. Como poderemos, então,
fazer a diferença neste mundo onde vivemos?
Eis aqui o elemento para fazermos a diferença
– é a atitude. Faremos a diferença ao realizarmos
atitudes!
Tudo aquilo que for abordado aqui, podere-
mos perceber nas atitudes de Jesus. E se nós pro-
curarmos reproduzir o que Ele fez, iremos fazer a
diferença. Será a diferença percebida na socieda-
de, a diferença sentida na família, a diferença feita
no mundo, a diferença que acontece na escola, a
diferença compreendida na igreja e para o Reino
de Deus de um modo geral!
O primeiro elemento para fazer a diferença
é a atitude; se não tivermos atitudes não faremos
diferença em nada em nossa vida!

9
Capítulo 2

SER DESAPEGADO
Em segundo lugar, Paulo está afirmando as-
sim: que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus (Filipenses 2.6). O que
será que significa essa expressão? Atenção – não
podemos, porém, esquecer-nos de que Jesus é
Deus. Antes, então, de abordarmos a respeito da
atitude de Jesus no versículo 6, do segundo capí-
tulo de Filipenses que acabamos de ler, vamos re-
lembrar dois trechos bíblicos que mostram a proxi-
midade do Filho de Deus com o Pai e a Sua vinda
a este mundo. Em João 5.20, temos a seguinte afir-
mação:
E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e
nos deu entendimento para conhecermos o que é
verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto
é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro
Deus e a vida eterna.

No Evangelho de João, capítulo 1, versícu-


los 1 e 14, temos:
Silas Malafaia

No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava


com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça
e de verdade.

Voltando, então, para Filipenses, será que


sabemos o que o texto do capítulo 2, versículo
6 está afirmando? Sendo em forma de Deus não
usurpou ser igual a Deus. Significa que “sendo Je-
sus da mesma essência de Deus, não usurpou ser
semelhante a Deus”.
Jesus era o Filho de Deus, mas não quis para si
o lugar que pertence ao Pai. O verbo “usurpar” tem
a conotação de “apoderar-se”, “apropriar-se”, “to-
mar a força”. Jesus não era apegado à Sua posição
de Filho de Deus; Ele aprendeu a lei do desapego.

Apego
Antes, porém, de entrarmos propriamente
na questão do desapego, que é o assunto desse
capítulo, precisamos compreender o que significa
o termo “apego” e depois o seu antônimo, que é
“desapego”.
A palavra “apego” é ausência de garantia e
de falta de fé. Aquele que é apegado, não crê no
11
Como fazer A diferença

amor e muito menos na experiência. O apego nos


concede a falsa sensação de controle, de conten-
tamento e de amor.
Qualquer tipo de apego traz cegueira. Quer
seja apego ao dinheiro, a uma pessoa, a um auto-
móvel, a uma propriedade ou a um objeto valioso,
ou mesmo a algo que tenha um valor emocional
para a pessoa apegada.
Há pessoas que têm apego a mínimas coisas,
inclusive a algo como um chinelo. Sabiam disso?
Parece incrível, mas existe gente assim. Se alguém
usar o chinelo dela, “a casa cai”.
Mesmo que uma irmã de sangue pegue uma
roupa usada daquela pessoa e for vesti-la, vai ser
“um inferno na terra”. Ela não conhece o que é
desapego, não aprendeu, não sabe o que é isso.

Desapego
O que significa “desapego”? “Desapego” é a
qualidade ou condição de alguém que demonstra
falta de apego, desinteresse, abnegação, indiferen-
ça, distanciamento ou desprendimento por algo.
É como alguém comparou: “o desapego é
como uma desintoxicação – é lento, às vezes
provoca até dores musculares, falta ou excesso
de apetite, mau humor repentino, ira, saudade,
arrependimento e insônia”.
12
Silas Malafaia

Jesus Cristo não era apegado à Sua posição de


Filho de Deus. Ele aprendeu a lei do desapego. Ele
era Deus; tinha os privilégios de Deus, as regalias
de Deus, mas Ele não era apegado a nada disso.
A lei do desapego significa que eu não devo
guardar meus privilégios somente para mim. Tenho
que saber administrar minhas regalias para usar
em benefício de outras pessoas. Um indivíduo
que não abre mão de nada, que controla tudo,
que quer apenas para ele próprio, nunca irá fazer
a diferença.
Abraão entendeu a lei do desapego. Saiu do
lugar da sua parentela, largou sua fazenda, deixou
um monte de propriedades, a segurança de um
lugar que ele já conhecia e obedeceu ao Senhor.
Vamos ler o texto no primeiro livro da Bíblia:

Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da


tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei
uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engran-
decerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E
abençoareis que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas
todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão,
como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele;
e era Abrão da idade de setenta e cinco anos,
13
Como fazer A diferença

quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai,


sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a
sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas
que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem
à terra de Canaã; e vieram à terra de Canaã.
Gênesis 12.1-5 

A mulher de Ló morreu porque estava apegada


a Sodoma e Gomorra. Vejamos o texto:

E, ao amanhecer, os anjos apertaram com


Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e
tuas duas filhas que aqui estão, para que não
pereças na injustiça desta cidade. Ele, porém,
demorava-se, e aqueles varões lhe pegaram
pela mão, e pela mão de sua mulher, e pela mão
de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor mise-
ricordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da
cidade. E aconteceu que, tirando-os fora, disse:
Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de
ti e não pares em toda esta campina; escapa lá
para o monte, para que não pereças. Apressa-te,
escapa-te para ali; porque nada poderei fazer,
enquanto não tiveres ali chegado. Por isso, se
chamou o nome da cidade Zoar. Saiu o sol so-
bre a terra, quando Ló entrou em Zoar. Então, o
SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR
14
Silas Malafaia

desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra. E der-


ribou aquelas cidades, e toda aquela campina,
e todos os moradores daquelas cidades, e o que
nascia da terra. E a mulher de Ló olhou para
trás e ficou convertida numa estátua de sal.
Gênesis 19.15-17; 22-26

Queremos fazer a diferença? Então precisamos


praticar a “Lei do desapego”. E nós não estamos
falando do desapego de uma sandália, de um chi-
nelo ou de um carro.
Eu já falei sobre isso. Mas, como foi há muitos
anos e tem muita gente nova que não me conhece,
preciso novamente contar a respeito, uma lição
que Jeová me deu. Eu não pretendo dar uma de
perfeito em tudo, de bonzão… nada disso! Eu vou
narrar a história.
Comprei um carro zero quilômetro, veículo
importado. Isso foi anos atrás, foi antes de eu ser
pastor na igreja em que me encontro hoje. Com-
prei o carro zero, peguei o veículo, coloquei na
garagem porque tinha que ir viajar. Adquiri o carro
à tarde e, à noite, viajei para os Estados Unidos.
A minha esposa Elizete tinha um carro usado.
A família do esposo da minha filha, Talita, ia para
o casamento de um parente, no interior do estado
de Minas Gerais e combinou de ir com o carro
15
Como fazer A diferença

usado da Elizete, que era mais confortável para


eles viajarem.
Muito bem, eu fui para a América do Norte;
isso aconteceu uma semana depois. Eu iria ficar
nos Estados Unidos por uns 15 dias. Uma semana
depois, a Talita ligou para a mãe e falou: “Mãe, seu
carro deu um problema e não vai dar para usá-lo.
Nós vamos ter que dar um jeito e alugar um carro.
Bem, será que a minha filha teria a ousadia
pedir o meu carro zero quilômetro?! Minha filha
seria louca de ousar pedir o meu carro emprestado?
Eu estava ouvindo porque era o telefone onde eu
me encontrava e ele estava ligado no recurso de
viva voz. Eu estava ouvindo a minha filha falar e
minha mulher, Elizete, também não falava nada.
Minha filha nem se atreveu a dizer qualquer coisa.
Quando a minha esposa desligou o telefone,
ela também não disse nada, mas o Espírito Santo
falou assim ao meu coração: “coisas valem mais
do que pessoas para você”. E o Espírito repetiu:
“coisas valem mais do que pessoas...”. Eu parei
e comecei a pensar; aí já não era mais o Espírito
Santo porque sou um ser inteligente e comecei a
analisar aquilo que o Senhor falara ao meu co-
ração. O que é um carro? Daqui a dois anos ele
estará velho. É somente um objeto!
16
Silas Malafaia

Peguei o telefone e liguei para o Rio de Ja-


neiro, para a minha casa e falei: “Talita, a chave
do carro está em tal e tal lugar; pode ir, pode dar
para o seu sogro, pode ir”. “O quê? O quê?!” Falei:
“Você vale mais do que essa porcaria de lata que
está aí na garagem. Vá”.
Desapego. Desprendimento de algo. Atitude
que precisamos tomar para fazer a diferença!

17
Capítulo 3

RENÚNCIA
Que, sendo em forma de Deus, não teve
por usurpação ser igual a Deus. Mas aniqui-
lou-se a si mesmo.

Filipenses 2.6,7a

Em  terceiro lugar,  estou mostrando que, no


versículo acima está afirmando – mas aniquilou-se
a si mesmo, e abordando a questão da renúncia.
Uma atitude significativa de Jesus para fazer a
diferença.
O termo “renúncia” tem o significado de “abrir
mão”, “desistir de algo”, “não querer”, “deixar
‘voluntariamente’”, “abdicar”, “abster”, “abnegar”
e “repudiar”. A Palavra de Deus revela, tanto no
Antigo como no Novo Testamento, que o chama-
do de Deus muitas vezes estabelece que a nossa
vontade seja renunciada (Mateus 6.10).

Moisés, um exemplo de renúncia


A Bíblia mostra a história de vários servos de
Deus que viveram situações em que precisaram
Silas Malafaia

renunciar questões pessoais em favor dos propósi-


tos do Senhor. Queremos destacar em seguida um
deles, que foi o profeta Moisés.
Um personagem bíblico que se sobressaiu
pela sua atitude de renunciar foi Moisés. Ele não
apenas foi um modelo de obediência, mas também
de abnegação. Ele enfrentou algumas etapas difí-
ceis em sua vida e nelas mostrou que renunciava
tudo para poder estar com Deus.
Em seus 40 anos iniciais de vida, Moisés
renunciou ao Egito e a todos os seus privilégios
no palácio de faraó para viver com o povo de
Deus, que era maltratado pelos egípcios (Hebreus
11.25,26). Em outra etapa, Moisés renunciou à
sua própria vida para viver o propósito de Deus
(Êxodo 3.5-12).
Moisés soube abdicar de sua vontade, sendo
usado por Deus para libertar um povo afligido,
levando-o para a terra que o Senhor havia separa-
do. Nossas fraquezas não nos impedem de atender
ao chamado de Deus, porém nossos pecados são
obstáculos para que sejamos totalmente usados
pelo Senhor.
Renunciar a este mundo tem o sentido de abrir
mão de nossa vontade e seguir a direção de Deus,
ainda que isso tenha um preço. São bem poucos
aqueles que querem pagar o preço de caminhar
com o Senhor.
19
Como fazer A diferença

O modelo de renúncia de Cristo


Quando Paulo escreveu aos cristãos de Fi-
lipos, ele usou a expressão “aniquilou-se a si
mesmo”, falando a respeito de Jesus. Não sei se
todos que estão lendo aqui compreendem o que
isso significa. Mas a ideia é que Cristo se esvaziou
de si mesmo, do Seu poder, da Sua glória, da Sua
plenitude quando veio ao mundo.
Na língua grega, que foi usada para escrever
o Novo Testamento, existe uma palavra chama-
da kenosis que significa “esvaziamento”, e ela é
encontrada no versículo 7 do capítulo 2 do livro
de Filipenses. Na área teológica, inclusive, o ter-
mo kenosis é empregado para definir a doutrina
do esvaziamento de Jesus Cristo, enquanto alguns
usam para isso a expressão “teoria da renúncia”.
Kenosis foi a autorrenúncia de Jesus e não
apenas – como sugere a tradução da palavra – um
esvaziamento de Sua divindade e nem uma mu-
dança de divindade pela humanidade.
Logo, a kenosis é Cristo adotando a natureza
humana com todas as suas restrições, com exceção
do pecado. Como parte da kenosis, ou seja, de Seu
esvaziamento, em diversas situações Jesus agiu
com as limitações de Sua humanidade (ver como
exemplos disso em João 4.6; 19.28).
20
Silas Malafaia

Enquanto estava no mundo, Cristo abdicou


do uso de alguns de Seus atributos divinos. Ele
era perfeitamente justo, santo, bondoso, amoroso
e misericordioso, mas a Sua onipotência e onisci-
ência não foram utilizadas por completo enquanto
Ele estava na terra.
Apesar de renunciar ao uso de Seus atributos,
Jesus não deixou de ser Deus durante o tempo em
que viveu na terra. Contudo, Ele abriu mão de Sua
glória celeste, de um relacionamento pessoal com
o Pai. Enquanto exerceu aqui Seu ministério, Cristo
se colocou inteiramente submisso à vontade Deus.
Na verdade, o que Jesus fez foi renunciar
Seus privilégios pessoais; foi isso que Ele fez. Ele
renunciou em prol de outros. Ele se esvaziou de
Sua vontade e de Sua própria autoridade.
Se não nos capacitarmos a fazer isso, se não
aprendermos a esvaziar-nos de nossos interes-
ses,  se não entendermos que outros merecem a
nossa atenção e nossas aptidões, nunca iremos
fazer a diferença. Pessoas que fazem a diferença
deixam coisas de si próprias, que são importantes
para elas e se esvaziam de seus interesses em fun-
ção de outros. Foi isso o que Jesus fez.

21
Capítulo 4

TOMANDO A FORMA DE
SERVO: PARTE 1
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo.
Filipenses 2.7

O trecho aqui em destaque é: tomando a for-


ma de servo. Jesus não se parecia com um servo,
da mesma forma que um artista representa alguém
que ele de fato não é.
Quando olhamos um ator representando um
general, fazendo o papel de um general, represen-
tando um político, ou mesmo um outro persona-
gem, quando o vemos em um filme, até chegamos
a acreditar que ele possa ser aquela pessoa, mas na
verdade o ator não é, ele apenas se parece.
Quando a Bíblia diz que Jesus tomou a forma
de servo, Ele não se pareceu, não foi como um ator
representando – Ele se fez como um servo. Jesus
foi – em tudo – totalmente um servo!
Vou mostrar e comentar um pouco sobre as
qualidades de um servo. Há um texto na Bíblia
Silas Malafaia

onde as qualidades do servo de Deus aparecem.


Encontra-se no Evangelho de Mateus – “A parábola
dos dois servos: o servo mau e o servo bom”.

Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o


Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele
servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim. Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens.
Mateus 24.45-47

Vou frisar mais uma vez aqui – se não que-


remos servir, não faremos diferença em lugar ne-
nhum; nem na sociedade, nem no Reino de Deus,
nem em nossa família.
Vejamos, então, quais as qualidades do servo
baseadas no servo bom:

Prazer em servir
O salmista escreveu, no centésimo Salmo,
o seguinte: Servi ao SENHOR com alegria e
apresentai-vos a ele com canto (Salmo 100.2). Ao
servirmos o Senhor com alegria, certamente isso
nos trará prazer no serviço a Deus.
Não se trata de apenas servir; não é servir
porque somos obrigados, não é somente servir
23
Como fazer A diferença

porque nos está sendo ordenado, mas porque há


prazer em fazer. Não ficamos depois da hora do
encerramento do expediente do trabalho porque
nos sentimos coagidos, mas porque temos prazer
em servir. Não fazemos algo extra no departamento
em que trabalhamos porque somos forçados, mas
porque existe em nós o prazer em estar servindo.
Na igreja, não fazemos nada para mostrar que
estamos simplesmente fazendo, mas porque temos
prazer em estar servindo. É por causa disso que eu
admiro e aplaudo muito o trabalho dos diáconos
e também o trabalho das irmãs que cuidam de
crianças, porque elas têm prazer em servir! É por
isso que eu não vejo e não quero ver ninguém aqui
tratando mal os obreiros, porque eles não recebem
nenhum dinheiro.
Enquanto o culto se desenrola no templo,
do lado de fora tem diversos obreiros tomando
conta dos carros dos irmãos. Enquanto os irmãos
estão confortavelmente assistindo e participando
do culto ao Senhor, alguém está tomando conta
dos seus filhos pequenos em salas apropriadas e
equipadas para receber as crianças.
E existem cristãos que pensam que essas ir-
mãs abnegadas são empregadas da igreja e ainda
vão e falam desaforos a elas! Elas estão servindo
porque são servas e o fazem com prazer e alegria.
É a marca do servo.
24
Silas Malafaia

Devemos, portanto, servir ao Senhor com pra-


zer e alegria, não como um fardo, mas com uma
escolha espontânea e prazerosa.

Ser fiel
Quem é, pois, o servo fiel...? (Mateus 24.45).
Eu já defini fiel várias vezes: Aquele que cumpre
aquilo a que se obriga; podemos também entender
como “fiel” alguém que é firme, sólido, constante.
Essa é a pessoa que se mostra fiel.
A fidelidade sugere realizar aquilo que precisa
ser realizado sem depender de quem esteja vendo
o que está sendo feito. A Bíblia tem vários textos
que tratam a respeito de fidelidade e iremos citar
alguns deles.
O apóstolo Pedro afirmou, em sua primeira
carta, algo muito importante a respeito de servir
e de ser fiel: Cada um exerça o dom que recebeu
para servir aos outros, administrando fielmente a
graça de Deus em suas múltiplas formas (1 Pedro
4.10 NVI). Pedro está conclamando a todos os que
são servos e foram chamados para servir a outros,
que sempre o façam fielmente.
Paulo também aborda sobre o servo ser fiel,
quando escreve a sua primeira carta aos cristãos
da cidade de Corinto: Que os homens nos con-
25
Como fazer A diferença

siderem como ministros de Cristo e despenseiros


dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se nos
despenseiros que cada um se ache fiel (1 Coríntios
4.1,2).

Ser sensato
Como acabamos de ver, uma das caracte-
rísticas do servo deve ser a sua fidelidade. Mas,
além disso, o servo fiel precisa ainda ser sensato,
conforme afirma Jesus no Evangelho de Lucas
12.42 (NVI): O Senhor respondeu: Quem é, pois,
o administrador fiel e sensato, a quem seu senhor
encarrega dos seus servos, para lhes dar sua porção
de alimento no tempo devido?
Essa é uma indagação que o Senhor Jesus está
fazendo a todos nós. Quem é o administrador (ou
mordomo) fiel e sensato? Quem são aqueles que,
fiéis e sensatamente, estão sendo incumbidos de
cuidar de outros servos para os alimentarem no
devido tempo?
Em princípio, todos somos servos, seja qual
for a nossa posição e quais forem os nossos títulos.
Contudo, no fim das contas, somos todos iguais
diante do Senhor; há, porém, uma diferença: temos
responsabilidades diferentes para Deus, que tem
convocado alguns para agirem com fidelidade e
26
Silas Malafaia

sensatez, como servo de servos – os administrado-


res (ou mordomos)!
Vamos ser sensatos! Vamos usar a cabeça
para servir a Deus. Não permitamos que as nossas
emoções desviem o nosso foco, mas procuremos
servir a Deus com todo o cuidado e fidelidade!
Aqueles que servirem ao Senhor com fideli-
dade e sensatez, Ele promete recompensar:

Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o


Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele
servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim. Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens.
Mateus 24.45-47

Ser fiel no pouco resulta em ser colocado so-


bre o muito! É como Jesus concluiu a parábola do
mordomo infiel: Quem é fiel no mínimo também é
fiel no muito; quem é injusto no mínimo também
é injusto no muito (Lucas 16.10). Vamos ser fiéis à
nossa decisão, àquilo que nos obrigamos. A fide-
lidade é uma das marcas do servo.
No próximo capítulo, prosseguiremos na se-
gunda parte da abordagem sobre as qualidades de
um servo.

27
Capítulo 5

TOMANDO A FORMA DE
SERVO: PARTE 2
Vamos continuar aqui com a segunda parte
de “Tomando a forma de servo”, iniciada no ca-
pítulo 4.

Prudência
A pessoa prudente é aquela que evita causar
danos ou erros. Esta é a que pratica a prudência.
Devemos tomar cuidado para não errar e não cau-
sarmos danos. É uma das marcas do servo.
Uma definição para o termo “prudência” é a
“virtude que faz prever e procura evitar as incon-
veniências e os perigos”. Outra definição excelen-
te sobre a palavra “prudência” é “a capacidade
que algumas pessoas têm de analisar as variáveis
existentes e avaliar suas possíveis consequências
antes de adotar uma decisão”. Alguns sinônimos
para a palavra “prudência” que são adequados
para o uso podem ser “ponderação”, “equilí-
Silas Malafaia

brio”, “comedimento”, “cautela”, “moderação”,


“cuidado”.
Baseados nessas definições e nos sinônimos
de prudência, podemos afirmar que o servo do
Senhor precisa ser prudente em toda a sua vida.
Muitas circunstâncias requerem ao servo que ele
tenha sabedoria e prudência ao lidar com as exi-
gências do viver diário, fazendo a obra e a vontade
de Deus, o seu Senhor.
Um antigo ditado francês do século 19 já
afirmava que “a prudência é a filha mais velha da
sabedoria”. Já a passagem de Provérbios 14.35
mostra que o servo prudente sempre contentará o
seu senhor: O rei tem seu contentamento no servo
prudente, mas, sobre o que procede indignamente,
cairá o seu furor.

Excelência no que faz


Uma das marcas do servo é a excelência. E é
por isso que ele é chamado de servo bom, porque
faz com excelência, executa da melhor maneira,
não faz nada esculhambado. Queremos fazer a
diferença? Façamos com excelência.
Mas, antes de prosseguirmos, vamos ter uma
melhor compreensão do que vem a ser executar
ou fazer com excelência. Existem alguns sinôni-
mos para o termo “excelência”, que podem ser
29
Como fazer A diferença

“perfeição”, “primor”, “esmero”. Há um versículo


nessa mesma carta de Paulo aos Filipenses que
fala a respeito de fazer tudo na vida cristã com
excelência:

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é ver-


dadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o
que é de boa fama, se há alguma virtude, e se
há algum louvor, nisso pensai.
Filipenses 4.8

Seja na vida, seja no Reino de Deus, faça-


mos tudo com excelência, da melhor forma que
pudermos. É por isso que eu não gosto de igreja
desorganizada; já fui chamado até de maluco, por
causa disso.
Algum tempo atrás, inaugurei uma igreja em
Cabuçu e o prefeito da cidade chegou para mim,
com lágrimas nos olhos, e me disse: “você é louco”.
Eu falei: “por quê”? Ele respondeu: “Essa igreja aqui
é para a Barra da Tijuca, para Copacabana, uma
igreja para o Recreio dos Bandeirantes, não para
esse lugar...”. Então disse para o prefeito: “amigo,
é que você não me conhece; igreja está sendo co-
locada aqui é para fazer com excelência, para ser
referencial para o povo”. É com excelência!
30
Silas Malafaia

Aprender a sofrer
Existe outra marca do servo que não está explí-
cita, mas sim implícita. É também marca do servo!
Se somos servos, temos que aprender a sofrer. Vai
doer? Vai. Os servos aprendem a sofrer.
Porque os servos não têm sua vida toda como
um “mar de rosas”; os servos recebem broncas,
os servos ganham puxões de orelha. Mas não se
abalam com isso!
A Bíblia mostra várias histórias de servos que
sofreram. Vamos lembrar somente o nome de
alguns deles – José, Moisés, Jacó, Estevão, Paulo,
Pedro, Silas. Isso sem esquecer do maior de todos
os servos, que foi o que mais sofreu – Jesus.
Tudo isso que eu estou comentando neste
capítulo aqui foi o que Jesus fez. Cristo fez a di-
ferença porque as qualidades de servo estavam
presentes nele.

Produtividade
Mais uma das características que o servo pre-
cisa ter em sua vida é a produtividade. O termo
“produtividade” é a qualidade daquilo que está
sendo produtivo; em outras palavras, daquilo que
se produz, do que tem rentabilidade. Existem di-
versos sinônimos para o vocábulo “produtividade”,
31
Como fazer A diferença

mas aqueles que se encaixam melhor dentro do


que estamos estudando neste capítulo a respeito
de servo são – “frutificação”, “produção”, “rendi-
mento”, “eficácia”, “eficiência”, “fertilidade”.

Ser servo é produzir


A passagem no Evangelho de Mateus 24.45,
mostra Jesus, abordando aspectos sobre o servo de
Deus: Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que
o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo?
Se compreendemos que o Senhor nos chamou
para sermos servos, iremos trabalhar na obra do
evangelho e produzir muito, porque a função de
servo fiel e dedicado, pode ser considerada como
sinônimo de trabalho.

Mas graças a Deus que, tendo sido servos


do pecado, obedecestes de coração à forma de
doutrina a que fostes entregues. E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo
como homem, pela fraqueza da vossa carne;
pois que, assim como apresentastes os vossos
membros para servirem à imundícia e à malda-
de para a maldade, assim apresentai agora os
vossos membros para servirem à justiça para
32
Silas Malafaia

a santificação. Porque, quando éreis servos do


pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto
tínheis, então, das coisas de que agora vos en-
vergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas,
agora, libertados do pecado e feitos servos de
Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e
por fim a vida eterna.

Romanos 6.17-22

Nos versículos iniciais, do trecho que lemos


acima, a Bíblia afirma que como fomos libertos do
pecado, fomos transformados em “servos da justi-
ça”. Essa expressão traz um significado interessante.
A questão de ser servo da justiça constitui
não concordar com circunstâncias imorais, com
ausência de ética, de deterioração social, de im-
punidades, somente porque somos servos. Não!
Nós somos servos da justiça! Isto quer dizer que
não podemos tolerar ações que não agradam ao
Senhor Deus. Devemos servir a tudo o que for de
natureza justa.
O apóstolo Paulo afirma que fomos transfor-
mados em servos (Romanos 6.18). O servo, então,
possui o direito à frutificação (que é sinônimo de
produtividade), à santificação e, também, à vida
eterna (Romanos 6.21,22).
33
Como fazer A diferença

Aqui estão as qualidades de servo que se en-


contravam na pessoa de Jesus e por isso Ele fez a
diferença. Tomando a forma de servo e fazendo-se
semelhante aos homens, Jesus desceu do Seu nível
e se fez igual a nós. Ele veio sentir o que nós sen-
timos, Ele veio entender as mazelas humanas para
poder ajudar. Se nós ficarmos somente no nível
em que estamos e não descermos, nunca iremos
fazer a diferença porque não vamos entender as
necessidades dos outros.

34
Capítulo 6

HUMILHAÇÃO E
VOLUNTARIEDADE
E, achado na forma de homem, humilhou-
-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e
morte de cruz.
Filipenses 2.8

Humilhação. Sabemos o significado desse ter-


mo? Quer dizer rebaixamento. Fazendo uma pes-
quisa um pouco mais profunda, vamos descobrir
que o termo “humilhação” significa “submissão”,
“sujeição”, “degradação”.
Mas não foi ninguém que humilhou Jesus, foi
Ele próprio quem se humilhou. É o que diz o texto
de Filipenses acima. Foi Cristo que se rebaixou; Ele
foi quem se humilhação. Mas existem pessoas na
igreja que são orgulhosas, não gostam de humilhar-
-se. Elas mesmo comentam que “são pobres, mas
que são enjoadas”.
Isso realmente me deixa incomodado – se
Jesus, que é Deus, cheio de glória e majestade,
cheio de poder, eterno, onipotente, onipresente,
Como fazer A diferença

onisciente se rebaixou ao nível de um simples ser


humano, como podem haver pessoas tão orgulho-
sas que pensam ser alguma coisa?
Jesus humilhou a si mesmo quando cumpriu
a vontade do Pai, entregando-se aos pecadores
que o julgaram e crucificaram. Já o ser humano
humilha-se a si mesmo quando obedece a Jesus
na seguinte declaração, registrada no Evangelho
de Marcos 8.34:
E, chamando a si a multidão, com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz,
e siga-me.

A expressão negar a si mesmo é equivalente


a humilhar-se a si mesmo, pois estando submisso
ao senhorio de Cristo, o ser humano deixa de fa-
zer a vontade de seu antigo dono e passa a fazer
a vontade de Jesus. Humilhar-se a si mesmo é
também conformar-se à situação de instrumento
dedicado ao seu Senhor.
Em Romanos 6.13, está escrito:
Nem tampouco apresenteis os vossos
membros ao pecado por instrumentos de ini-
quidade; mas apresentai-vos a Deus, como
vivos dentre mortos, e os vossos membros a
Deus, como instrumentos de justiça.
36
Silas Malafaia

Portanto, essa é mais uma das atitudes que


o servo precisa tomar para fazer diferença – hu-
milhar-se sendo instrumento de justiça nas mãos
do Senhor.
Jesus, em uma ocasião em que censurava
os escribas e fariseus, descrita no Evangelho de
Marcos, afirmou na passagem abaixo, algo muito
importante para essas duas classes de judeus –
que eram bastante orgulhosos – disse-lhes que
precisavam humilhar-se:
E a ninguém na terra chameis vosso pai,
porque um só é o vosso Pai, o qual está nos
céus. Nem vos chameis mestres, porque um só
é o vosso Mestre, que é o Cristo. Porém o maior
dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo
se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo
se humilhar será exaltado.

Mateus 23.9-12

Voluntariedade
Sem essa atitude aqui, nós não faremos a
diferença em lugar nenhum – voluntariedade. O
significado da palavra “voluntariedade” é “a qua-
lidade daquele que é voluntário, de alguém que
faz por iniciativa própria”.
37
Como fazer A diferença

Vejamos a declaração que Jesus deu no Evan-


gelho de João 10.17,18:
Por isso, o Pai me ama, porque dou a mi-
nha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira
de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
poder para a dar e poder para tornar a tomá-la.
Esse mandamento recebi de meu Pai.

Jesus não fez nada que tenha sido obrigado;


Ele se deu, voluntariamente. Ele quis fazer o que
fez. Conforme mostra o texto acima, Jesus deu a
Sua vida porque Ele tem poder para dá-la e poder
para tomá-la novamente. Voluntariedade. Por isso
que eu volto a bater na mesma tecla: admiro muito
o trabalho voluntário que temos na igreja que pas-
toreio, de gente que não recebe nada e é “pau para
toda obra”. São pessoas que merecem aplausos!
Tem gente que pensa que os obreiros que to-
mam conta de carros no estacionamento da nossa
igreja são todos “flanelinhas”, que eles trabalham
na cooperativa dos “flanelinhas”. Então, eles saem
da cooperativa e se dirigem para a igreja.
Em nosso estacionamento tem empresários;
eles são empresários que nós nem conhecemos,
que ganham muito mais do que a maioria dos
irmãos, mas estão ali, servindo voluntariamente!
38
Silas Malafaia

A Bíblia mostra diversos servos de Deus que


tiveram voluntariedade. Vamos destacar um deles
e falar um pouco a seu respeito.

A voluntariedade de Silas
Silas tem o seu nome conhecido por muitos,
com toda a certeza, por causa das narrativas bíblicas
que o associam ao apóstolo Paulo. Todavia ele foi
um servo de Deus que tinha voluntariedade, e era
bastante fiel (Atos dos Apóstolos 15.22). A primeira
referência bíblica sobre ele é esta de Atos, que aca-
bamos de citar, que inclusive, faz menção de Silas
como um dos líderes da igreja em Jerusalém.
É bem provável que Silas tenha sido um dos
setenta anônimos que foram enviados, como
mostra o capítulo 10 do Evangelho de Lucas, assim
como foi com Barnabé. De acordo com Atos dos
Apóstolos 15.32, Silas era um profeta de Deus; ele
também foi mencionado nas Escrituras em quatro
oportunidades com o nome de Silvano.
O lugar na Palavra de Deus onde Silas é mostra-
do com mais relevância é a partir de quando ele foi
escolhido por Paulo para fazer parte da equipe que
iria realizar a segunda viagem missionária do após-
tolo. Com o desacordo entre Paulo e Barnabé, Silas
foi convidado para ser o companheiro de trabalho,
39
Como fazer A diferença

enquanto Barnabé foi trabalhar com João Marcos.


Silas prontamente (ou com voluntariedade) aceitou
o convite de Paulo e ambos foram inicialmente para
a Síria e Cilícia, trazendo conforto para as igrejas
por onde passavam.
É possível que os momentos mais emocionantes
da vida de Silas que as Escrituras mencionam sejam
quando ele e Paulo estavam na cidade de Filipos.
Havia uma jovem naquela cidade com espírito de-
moníaco de adivinhação que estava perturbando
bastante a dupla missionária, até que Paulo expulsou
o demônio da jovem.
Quando os homens que mantinham aquela
jovem submissa e ganhavam dinheiro com as suas
adivinhações souberam que agora ela não tinha
mais os poderes que davam lucro financeiro, des-
cobriram o que acontecera, cercaram Paulo e Silas,
surraram-nos até ficarem com as costas em carne
viva. Depois foram levados para a prisão (veja Atos
16.9-40).
A Bíblia não traz maiores detalhes sobre a vida
pessoal de Silas. Apenas podemos concluir que,
ao longo dos séculos, existiram servos de Deus –
como Silas – que serviram e sofreram em silêncio,
que tinham voluntariedade. Seus nomes podem
ser desconhecidos da humanidade em geral, mas
certamente são conhecidos por Deus.
40
Capítulo 7

OBEDIÊNCIA E
DISPONIBILIDADE
Sabe por que Cristo se rebaixou? Porque
as características, os elementos para fazermos a
diferença são completados. Sem este aqui não
podemos fazer a diferença – obediência. Jesus se
submeteu. Foi submisso. Aquele que se rebaixa,
se submete. E, no caso de Jesus, é obediente.
É belíssimo o texto da profecia de Isaías, onde
o profeta preveu, com impressionante exatidão, a
submissão e obediência de Jesus a Seu Pai:

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as


nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de
Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquida-
des; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho, mas o
Como fazer A diferença

SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós


todos. Ele foi oprimido, imas não abriu a boca;
como um cordeiro, foi levado ao matadouro e,
como a ovelha muda perante os seus tosquia-
dores, ele não abriu a boca. Da opressão e do
juízo foi tirado; e quem contará o tempo da
sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos
viventes e pela transgressão do meu povo foi
ele atingido. E puseram la sua sepultura com
os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto
nunca fez injustiça, nem houve engano na sua
boca. Todavia, ao SENHOR agradou o moê-lo,
fazendo-o enfermar; quando a sua alma se
puser por expiação do pecado, verá a sua pos-
teridade, prolongará os dias, e o bom prazer do
SENHOR prosperará na sua mão.
Isaías 53.4-10

Comentando sobre a obediência de Cristo, o


autor da carta aos Hebreus afirmou:

Assim, também Cristo não se glorificou a


si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas
glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho,
hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu
és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedeque. O qual, nos dias da sua carne,
oferecendo, com grande clamor e lágrimas, ora-
42
Silas Malafaia

ções e súplicas ao que o podia livrar da morte,


foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era
Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser
a causa de eterna salvação para todos os que
lhe obedecem.
Hebreus 5.5-9

Quando se encontrava no jardim do Getsê-


mani, Cristo suplicou ao Pai, o único que poderia
salvá-lo da morte que estava por vir. Contudo, com
o sofrimento que passou um pouco depois, perce-
bemos que Jesus abandonou Sua própria vontade e
aceitou a vontade de Deus, mantendo-se em obe-
diência em tudo. O versículo 39 do capítulo 26 do
Evangelho de Mateus está mostrando o que Jesus
disse a Deus, confirmando a Sua obediência ao Pai:
E, indo um pouco adiante, prostrou-se so-
bre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se
é possível, passa de mim este cálice; todavia,
não seja como eu quero, mas como tu queres.

A palavra “obediência” tem origem no latim


oboedientia e está relacionada com a atitude de
respeitar, honrar e obedecer à vontade da autori-
dade em questão. O termo tem como sinônimos,
entre outras, as palavras “acato”, “observância”,
“submissão”, “sujeição”.
43
Como fazer A diferença

Existem vários aspectos de obediência, que


podem ser aplicados a diversas esferas. Em nosso
contexto, a obediência se aplica à área religiosa.
As religiões, de uma forma geral, têm um corpo de
doutrinas e uma série de preceitos. Como cristãos,
nós temos os Dez Mandamentos e seguimos a Bí-
blia, que nos fornece muitas orientações de como
devemos proceder, mostrando-nos a vontade de
Deus nas mais variadas circunstâncias de nossa
vida. Então, entra a nossa obediência ao Senhor
como atitude de servos.
Agora, falando em um aspecto bem atual, em
um contexto mais nosso, tem gente que sabe o que
é isso. Sabe o que é essa geração de hoje, que não
quer obedecer, que enfrenta autoridade. É porque
em casa, quando era criança, nunca recebeu um
não como resposta – não pode, não faz, não é
assim, não deixo.
Tudo isso é a chamada “geração do smartpho-
ne”, a geração que quer ganhar de tudo por causa
da omissão dos pais; depois o sujeito vem para
a sociedade e não quer obedecer em nenhuma
circunstância. A sociedade tem regras, tem prin-
cípios que muitas vezes fazem com que sejamos
obrigados a nos rebaixarmos em diversas circuns-
tâncias. Portanto, sempre em alguma instância,
precisaremos obedecer.
44
Silas Malafaia

Disponibilidade
Um diretor da empresa em que trabalhamos
telefona, diz que está precisando de nós e pergunta
se podemos comparecer no escritório dali a umas
três horas. Então nós respondemos que infelizmente
não será possível e colocamos algumas desculpas.
O diretor insiste, perguntando se no dia seguinte
pela manhã não poderíamos chegar antes do ex-
pediente começar. Novamente damos uma série
de desculpas diferentes das outras que acabamos
de dar, mas não nos dispomos a ir mais cedo para
a empresa no dia seguinte. Disponibilidade; está
faltando disponibilidade!
O termo “disponibilidade” traz um conceito
que pode ser utilizado em diversas áreas. Em nos-
so caso, especificamente no contexto desse livro,
podemos afirmar que a noção de disponibilidade é
usada para revelar a liberdade de tempo que certa
pessoa tem para executar um tipo de incumbência
que lhe for requisitada.

O servo precisa de disponibilidade para


vigiar
Bem-aventurados aqueles servos, os
quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!
45
Como fazer A diferença

Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará


assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá.

Lucas 12.37

Vigiar! Nesse contexto, vigiar significa estar


em prontidão, em disponibilidade. Jesus mostra um
exemplo bastante prático a respeito disso contando
uma história:

Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora


há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se
o pai de família soubesse a que vigília da noite
havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria que
fosse arrombada a sua casa. Por isso, estai vós
apercebidos também, porque o Filho do Homem
há de vir à hora em que não penseis.

Mateus 24.42-44

O texto acima aborda especificamente sobre a


volta de Jesus, mas não existe apenas este aspecto
na passagem bíblica. Como servos de Deus, é es-
sencial estarmos com a nossa atenção voltada para
a vontade do Pai, que pode ser revelada a nós a
qualquer momento e das formas mais diversas. É
preciso estarmos prontos, atentos, o que de outro
modo significa permanecermos com disponibili-
dade para o Senhor e Sua vontade.
46
Capítulo 8

PAGAR O PREÇO
Queremos fazer a diferença? Então precisa-
mos pagar o preço. Jesus pagou o preço. Será que
sabemos o que é pagar preço? Vou explicar: é a
pessoa que tem disposição para o sofrimento. Pagar
o preço é a pessoa que está disposta a sofrer.

Pagando o preço na família


Inicialmente, desejo abordar uma outra visão
a respeito do que é pagar o preço, com o foco
voltado mais para a família.
Estamos vivendo a cultura da facilidade; tudo
é molinho – sopa de minhoca, gelatina, manjar ou
pudim de leite, ou então algum tipo de serviço leve
como, por exemplo, carregar isopor. É a cultura da
sociedade atual.
Vou dizer uma coisa que costuma passar pela
cabeça de muitos que são pobres: todo aquele que
é rico – ou é “ladrão”, ou nasceu com o bumbum
virado para a lua, como às vezes é dito na forma
popular.
Como fazer A diferença

Mas eu tenho uma outra notícia para dar – os


homens mais ricos da história mundial, em sua
grande maioria, vieram do nada! Pagaram um
preço muito alto para atingirem aquele patamar
financeiro. Na maioria das vezes foi um distan-
ciamento da família, da esposa e dos filhos. E, em
vários casos, sem solução no futuro. Uma fortuna
que depois um filho destrói ou perde, porque não
tem noção de quanto custou.
É por isso que muitas vezes quando damos tudo
para um filho que temos, ele não sabe quanto custa
a vida, porque ele tem tudo e ainda zomba de nós,
até coloca o dedo em nosso rosto com desrespeito.
E só porque já tem 18 anos pensa que é dono
do nariz dele. Depende do nosso salário, depende
da cama, do quarto e do ar condicionado que for-
necemos para ele. Recebe comida, bebida, roupa
lavada; então não pode “falar grosso” nem “tirar
onda”. Tem que pagar o preço e ficar mansinho.
Queremos fazer a diferença? Então é preciso
pagar o preço. Vamos ver quem passa em um
concurso. Vamos ver quem chega em lugares mais
altos, vamos ver o preço que paga.

Pagando o preço na Bíblia


A Bíblia tem várias narrativas que mostram o
preço que diversos servos de Deus pagaram por
servir ao Senhor e fazer a diferença. Como afirmei,
48
Silas Malafaia

na introdução desse capítulo, pagar o preço nos


lembra de dores, provas, tribulações, nos remete
ao sofrimento. Entretanto, precisamos compreender
que a questão de pagar o preço pode significar tam-
bém abrirmos mão de confiar em nós mesmos e nos
entregarmos completamente aos cuidados de Deus.
Abraão pagou o preço ao levar seu filho Isa-
que, filho da promessa, para ser sacrificado no
monte Moriá; da mesma forma Moisés pagou o
preço ao viver 40 anos como fugitivo, pastoreando
ovelhas, antes de ser convocado para ser o liberta-
dor do povo judeu do domínio egípcio.
José, filho de Jacó, pagou o preço ao ser vendi-
do pelos seus irmãos como escravo ao Egito, onde
foi perseguido e preso. O apóstolo Paulo pagou o
preço por ser um divulgador entusiasmado da men-
sagem do evangelho, ao ser perseguido, açoitado,
apedrejado e encarcerado.
Se pesquisarmos na Bíblia, com toda a certeza
encontraremos mais relatos de pessoas que fizeram
a diferença e que pagaram por isso o preço!
E nós, queremos fazer a diferença, mas não
queremos pagar o preço? Isto não é possível!

O preço que Jesus pagou


Jesus pagou o mais alto preço, quando morreu
em nosso lugar na cruz do Calvário – foi o preço
de Seu sangue.
49
Como fazer A diferença

É necessário que o custo do preço pago por


Jesus seja compreendido por nós. Em razão de
nossos pecados o corpo físico de Jesus foi atingido
na cruz. Cristo sofreu as implicações de nossas
iniquidades em Seu próprio corpo. Não temos
como descrever adequadamente todas as dores que
Jesus sofreu no período em que estava crucificado.
Foram várias horas de agonia.
O livro do profeta Isaías, mostra muitos sécu-
los antes, o que aconteceria com Jesus. É um relato
profético, de absoluta precisão, que veremos agora
em seguida:

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as


nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de
Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquida-
des; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho, mas o
SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós
todos. Ele foi oprimido, imas não abriu a boca;
como um cordeiro, foi levado ao matadouro e,
como a ovelha muda perante os seus tosquiado-
res, ele não abriu a boca. Da opressão e do juízo
50
Silas Malafaia

foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida?


Porquanto foi cortado da terra dos viventes e
pela transgressão do meu povo foi ele atingido.

Isaías 53.4-8

Cristo foi moído pelas nossas iniquidades (v.


5a). Falando espiritualmente, Ele foi, triturado, es-
magado, dilacerado por nossa causa. Afirma Isaías
53.5b que o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele (Jesus). Para que Cristo pudesse reconciliar o
homem com o seu Criador, para que todos nós
pudéssemos ter paz com Deus e sermos salvos,
foi necessário que Ele pagasse o preço – Seu sofri-
mento e morte na cruz.
O apóstolo Paulo afirmou, com bastante
inspiração e sabedoria, em 2 Coríntios 5.21 que:
Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus. Paulo está falando sobre Jesus, aos cristãos
de Corinto, que Cristo era totalmente puro, não
tinha nenhum traço sequer de pecado, mas ape-
sar disso, recebeu sobre Ele os pecados de toda a
humanidade, um fardo espiritual tremendamente
pesado.
Portanto, o preço final que Jesus pagou por nós
foi com a Sua morte. A palavra “morte” na Bíblia
51
Como fazer A diferença

significa “separação”. Na cruz, Deus separou-se


de Seu Filho. A maior dor espiritual de Jesus foi
representada quando Ele bradou: E, perto da hora
nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli,
lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste? (Mateus 27.46).

52
Capítulo 9

O AMOR
Neste livro, estou fornecendo a todos os inte-
ressados os elementos para fazermos a diferença.
Se aplicarmos isso em nossa vida, faremos dife-
rença nessa sociedade e nessa nação. Também
faremos diferença em nossa família e ainda faremos
diferença para o Reino de Deus.
O último elemento que irei abordar é o molho
de tudo isso aqui que já tratamos até agora. Como
disse, é o molho, o tempero final para dar o sabor;
o elemento fundamental para fazermos a diferença
como cristãos – é o amor!

Amor constrangedor
Na parte inicial do versículo 14, do capítulo 5
da carta de 2 Coríntios, o apóstolo Paulo está afir-
mando aos cristãos de Corinto o seguinte: Porque
o amor de Cristo nos constrange. Existem algumas
questões para entendermos essa declaração de
Paulo. Inicialmente, vamos trabalhar com o termo
Como fazer A diferença

“constrangimento”. Este vocábulo pode ter vários


sentidos. Quando nos deparamos com essa palavra
– constrangimento – vem à nossa memória a ideia
de embaraço, vergonha, acanhamento.
Entretanto, o que queremos ressaltar aqui é
outro significado do termo “constrangimento”. Esta
palavra tem origem no latim constrígo, que depois
recebeu o sufixo ingere, compondo dessa forma
o vocábulo constringir, que tem o significado de
“fazer pressão”, “comprimir”, que mais tarde for-
mou a palavra constranger que tem o sentido de
“forçar”, “obrigar”, “impelir”.
Portanto a expressão “o amor de Cristo nos
constrange”, vindo da parte de quem veio – Paulo,
ex-perseguidor da Igreja, o mesmo homem que
arrastava os cristãos violentamente aos tribunais,
para depois serem presos ou mortos.
A experiência de conversão de Paulo, na
estrada para Damasco, o encontro contundente
com Jesus ali, mudou completamente a vida deste
homem. Ao ver o amor de Deus, Paulo entendeu
ser algo tão grandioso que ultrapassava qualquer
compreensão humana.
Assim, quando ele conseguiu entender um
pouco desse amor infinito, grandioso, o apóstolo
produziu essa expressão, que mostrava como ele se
54
Silas Malafaia

sentia, com relação ao amor de Cristo – Paulo sentia-


-se constrangido, embaraçado, retraído, acanhado.
Esse constrangimento que o amor de Cristo
causava em Paulo, como também causa em nós
todos, nos impele a levar uma vida de obediência
e santificação, fazendo com que busquemos fazer
a diferença onde estivermos.

Amar como Cristo amou


Tenho uma notícia para dar a quem quer fazer
a diferença – não temos que amar com o nosso
amor – amar o próximo como a nós mesmos nos
amamos; negativo, isso não irá funcionar.
Temos que amar o amor de Cristo da forma
como João escreveu em seu Evangelho: Um novo
mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós
uns aos outros vos ameis (João 13.34). É o amor
que renuncia, que não busca interesse, é o amor
que não se porta com indecência, que tudo sofre,
tudo espera e tudo suporta.
O verdadeiro amor só existirá naquele tem
um relacionamento sincero e honesto com Deus.
Paulo afirmou, em Romanos 5.5: E a esperança
não traz confusão, porquanto o amor de Deus está
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo
55
Como fazer A diferença

que nos foi dado. O Senhor Deus já nos forneceu


as condições para amar.
Esse amor não dependerá de sentimentos,
pois estes podem cessar com o passar do tempo.
Foi por isso que João se expressou sobre o amor:
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de
língua, mas por obra e em verdade. Deve ser um
amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações
ou atitudes).
Foi por causa disso que Jesus qualificou o
amor como um mandamento e não como um
sentimento. Cristo afirmou, no Evangelho de João
13.34: Um novo mandamento vos dou: Que vos
ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós. As-
sim, precisamos amar da mesma maneira com que
Jesus nos amou. Ele nos concedeu o mandamento
e Ele mesmo nos ajudará a cumpri-lo!
Esse amor, que é o “molho” de tudo isso que
eu afirmei até aqui, que fará com que sejamos a
diferença. Sem o amor estamos “secos”, sem o
amor estamos sem “sabor”. Todas as pessoas que
foram ou que são enaltecidas na sociedade, que
fizeram diferença em alguma coisa, se perguntar-
mos a elas – foi o amor que as moveu!
Eu já afirmei aqui, mas vou reafirmar: onde é
que nós temos que fazer a diferença? – é na socie-
dade, na família, na igreja e diferença para o Reino.
56
Silas Malafaia

Os resultados de quem faz a diferença


O problema é que a gente quer olhar um resul-
tado e não pretende ver a causa. A gente quer ver
a consequência boa, mas não sabe que é preciso
de uma boa causa para que uma consequência
boa possa ser gerada. Quais são as implicações
de quem faz a diferença – vamos ver abaixo esses
resultados.

Satisfação
No livro de Isaías 53.11, o profeta diz assim:
O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito.
Satisfação!
Uma das coisas mais incríveis do ser humano
é a autoestima. É quando a pessoa se considera,
dá valor a si própria, é o que a faz ser positiva,
que a faz lutar pela vida. É a autoestima, ela é tra-
balhada quando você faz o bem a outrem; não é
quando você faz alguma coisa a seu favor, porque
ninguém faz a diferença em relação a si próprio,
é em relação a outros. Isso é que traz satisfação!
Sentimo-nos satisfeitos sendo usados pelo Se-
nhor para ajudar pessoas. Essa satisfação também
nos faz sentir úteis e aceitos no meio social em
que vivemos.
57
Como fazer A diferença

Realização
Agora não estou falando de realização pesso-
al, que já está incluída no item inicial. Realização é
completar, executar coisas. No Evangelho de João
19.30, quando estava no Calvário, já crucificado,
Jesus declarou: Está consumado. E, inclinando a
cabeça, entregou o espírito. Em outras palavras,
Jesus estava dizendo que havia concluído, tinha
completado; estava terminada a obra da salvação.
Quem faz a diferença não deixa coisas
não resolvidas no meio do caminho. Quem faz
a diferença não deixa as tarefas abandonadas,
incompletas; vai completar tudo o que falta.

Posição
O que aconteceu com Jesus, vejamos na
carta aos Filipenses 2.9: Pelo que também Deus o
exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome. Posição. Quem faz a diferença,
conquista posições maiores, quer na vida ou quer
no Reino.

Reconhecimento
Aquele que faz a diferença é reconhecido,
vejamos a continuidade do texto acima de Fili-
penses 2, agora os versículos 1 e 11:
58
Silas Malafaia

Para que ao nome de Jesus se dobre todo


joelho dos que estão nos céus, e na terra, e de-
baixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Jesus fez a diferença e um dia toda a hu-


manidade todos os demônios e todos os anjos do
céu vão ter que dobrar-se diante do Senhor. Ele é
o Senhor, Ele é o Senhor! Ele é o Senhor – reco-
nhecimento!

59
CONCLUSÃO
Portanto, se conseguirmos compreender
o que estudamos nesse livro, as nossas atitudes
para fazermos a diferença – a lei do desapego,
esvaziarmo-nos (renúncia), nos tornarmos servos,
fazermo-nos iguais, nos humilharmos, obedecer,
voluntariedade, disponibilidade, pagar o preço e
praticar o amor – ninguém nos segura!
Ninguém nos segurará! Veremos os resulta-
dos por fazermos a diferença! Chegaremos a luga-
res muito altos! Atingiremos patamares elevados!
Seremos reconhecidos por muitos e principal-
mente por Deus! Não podemos imaginar aonde
Deus nos levará!
Que Deus faça a diferença em nossa vida
porque, sozinhos, não somos capazes de querer
fazer a diferença.
ORAÇÃO

Senhor Deus, nosso querido e amado Pai


celestial, louvo o Teu santo e bendito nome
porque o Senhor é bom para com a minha vida.
Eu agradeço a Ti porque tens cuidado de
mim, tens me dado saúde, alimento e um teto
para morar.
Também louvo o Teu nome porque mandou
Jesus ao mundo e, por isso, aceitando-o como
meu Senhor e Salvador, recebi a salvação.
Também quero Te agradecer pois pude
acabar de ler este livro, e ele está sendo bênção
para a minha vida.
Pude entender o que preciso fazer para ser
um cristão que faça a diferença neste mundo.
Obrigado por tudo, Senhor, e que eu possa
colocar em prática o que li. Agradeço e Te louvo
em nome de Jesus,
Amém e amém!

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