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ROLAND BARTHES SADE, FOURIER, LOYOLA ‘Tadao | Miro Lanse evisu da tage | Andres See Md Siva Martins Fontes So Paulo 2005 AS COS eee cee eeee ees 182 Cena, méquina, escritura. . vente eee 183 A linguagem e 0 crime a . 187 A homonimia. . fee eee «+. 187 Swriptease. - 188 O pornograma . wee 189 Allinguagem de Augustin ........ bee eeeee ees 190 Complacéncia da frase. beet eeeeee eee IL Pérem ordem..... deena see ee . 192 A troca ween e eee eee es 193 O ditado . 195 A cadeia.., 197 A gramética - 198 Osiléncio..... 199 © pé da pagina. 200 O ritual « : 201 Nomes préprios ........ 201 O roubo, 2 prostituigio. . 202 Costura . : fe eeee eens. 203 A linha vermelha. . be teee eens 204 O desejo de cabega .. vos 204 Sadismo......, cee we 205 O principio de delicadeta sss «205 VIDAS oe eee eee cece wees s 207 De Sade. . +++ 209 De Fourier . . 223 vu | Prefécio | De Sade a Fourier, 0 que fica de fora € 0 sadismos de Loyola @ Sade, é2 interlocugéo divina. No mais,.a mesma escr tura: mesma vollipia de classificacio, mesma furia em recorcar (6 compo eristico, o corpo vitimal,a alma humana), mesma ob-, sessdo numerativa (contar os pecados, os suplicios, as paixdes £05 prdprios erros da conta), mesma pritica da imagem, (da imi- , do quadro, da sesso), urdidura do sistem: fantasistico, Nenhum desses trés =i poem prazet, a Felicidade, a comunicagio na dependéncia de uma_ flexivel ou, para ser ainda mais ofensivo, de uma.com- Ginatéria, Af estio os trés reunidos, o escritor maldito, o grande Uropista € o santo jesuita, Nenhuma provocagéo incencional hd nessa reunito (se provocagio hoavesse, antes estatia em tratar Sade, Fourier ¢ Loyola como se nao tivessem tido fé: em Deus, om | Roland Barces no Futuro, na Natureza), nenhuma eranscendénchd (0 sédico, © contestatitio € 0 mistico nao sio recuperados pelo sadismo, pela revolugao, pela celigiéo) e, acrescento (é 0 sentido desse preficio), nada de acbiertio: cada um destes estudos, embora ji publicado (em pare) separadamente, foi imediatamenté sado para juntar-se 20s vizinhos neste livto: 0 livro dos Lege [p> tetas, dos fundadores de linguas, ——— A lingua que findam nao é, evidentemente, uma If a lingtifstica, uma Lingua de comunicagio. E uma lingua n atravessada pela lingua natural (ou que a atravessa), mas que 86 pode oferecer-se & definigao semiolégica do Texto. Isto nfo impede essa lingua artificial (talvez por ser cla, neste caso, fr dada por aurores antigos, tomada numa duplice estrutura clis- sica, a da representagio e do estilo, duiplice captura a que ten- ‘a escapar a producéc moderna, de Lautréamont 2 Guyorat) de seguir em parte as vias de constituigio da lingua natural; e, em sua atividadle de logoreras, os nossos trés autores, parece, recor reram as mesmas operagées. MY Apprimeira éisola-s, A lingua nova deve surgie de um va- ': Trio material; um espago anterior deve separd-la das outras lin- $8" Guas comuns, ociosas, ultrapassadas, cujo “rufdo” poderia per- turbé-ta: nenhuma interferéncia de signos, para elaborar a lingua com cuja ajuda o exercitante poderé interrogar a divindade, Loyola exige o retiro: nenhum ruido, pouca luz, a solidiéo; Sade fecha os seus libertinos em lugares invioléveis (Castelo de Silling, convento de Sainte-Marie-des-Bois); Fourier decreta a deca~ dencia das bibliotecas, seiscentos mil volumes de filosofia, eco- | Defic nomia, moral, censurados, degeadados, relegados a um bulesco museu de arqueologia, servindo para distrair criangas (da mes- ma maneira, Sade, 20 levar Juliertee Clairwil para 0 quarto do carmelita Cliudio, cancela com um trago de desprezo todos os exdticos anterio formam a biblioteca vulgar do monge). facut Ly distintos. Fourier divide o homem em 1.620 paixdes fixas, com- io_¢ articular, Nao hi lingua sem signos 57 bindveis mas nao transformiveis; Sade discribui o gozo como “4 as palavras de uma frase (poscuras, figuras, episédios, sess6es); Loyola parcela o corpo (vivido sucessivamente por cada um dos cinco sentidos), como recorta a nazrativa cristica (repartida em “mistérios”, no sentido teatral da palavra). Nem tampouco hé linguas em que esses signos recortados sejam retomados em uma combinatéris 3 nossos trés autores-cortam, combinam, ajus: cam, produzem continuamente reprgs.dejungio; substituem a Grlagio pela sintaxe, pela composigao (termo ret6rico ¢ inaciano): SRI Sy ks ficou dpopades so compo pacelado, 9 constituigio de.sums.toralidade nfo.pode ser para cles senfo.a Somagio de inteligiveis; nao ha indizivel, néo hé qualidade it- redativel do goz0, da felicidade, da comunicasio: nada ha que nao sejafaladoy para Sade e para Fourier, Bros e Psiqué devem ser articulados, exatamente como para Bossuet (que retoma Indcio contra os misticos do inefvel, Sac Joao da Cruz ¢ Fénelon), a oragio dev War obrigatoriamente pela linguagem. Sh A tercenOperagio é ordenat: jd no sé combinar signos elementaies, as submeter a grands seqiiéncia erética, eudemo- nista ou mistica a uma ordem superior que jé nao ¢ a da sin- x

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