You are on page 1of 6

Estudo de corrosão das armaduras frente ao ataque por cloretos e carbonatação

em estruturas de concreto armado no laboratório de materiais de construção da


Universidade Federal de Goiás

Cecília C. Bolina1, Danúbia A. Carvalho2, Danilo G. Martins3, Enio P. Figueiredo4, Mário


Sérgio Jorge dos Santos5, Renata M.de Sá e Silva6, Tiago A. Couto7.

Abstract

The corrosion of steel reinforcement is one of the most critical problems of the structures of
concrete and could severely undermine their security and ability to service. The main factors
that cause the corrosion is the environment, which is embedded in the structure of concrete
cover inadequate. Thus, the professional engineering, increasingly, have been concerned with
the problem of corrosion of steel reinforcement of the structures of concrete. Among the main
initiators of the process corrosive agents are carbonation of concrete and aggressive entry of
ions such as chloride ions. This study aims to assess the overall effect of carbonation
accelerated and the inclusion of 3% chloride ion in cement mass proportion the
electrochemical properties of the steel reinforcement in concrete. The concrete specimens were
made with cement CP II F-32, water/cement ratio was 0.7, with dimensions of the 20 x 30 x 6
cm, concrete cover of 2.5 cm and central armature of steel CA-50 to 10 mm in diameter. For
the realization of electrochemical testing has been the use of the equipment GECOR 6, to
measure corrosion potential (Ecorr), corrosion current (icorr) and ohmic resistance (Rohm). In the
present paper, can be observed that the carbonation led to the record of the highest values of the
icorr. For measures of Ecorr observed that in the samples with chlorides, they indicated that in the
case of high levels of the ion, corrosion could be possible, even in an environment of low
relative humidity, because of its effect hygroscopic. For the ohmic resistance it was found that
it was mainly influenced by moisture contained in the pores of the concrete.

Resumo

A corrosão das armaduras é um dos problemas mais críticos das estruturas de concreto,
podendo comprometer severamente a sua segurança e capacidade de serviço. Os principais
fatores que provocam a corrosão são o meio ambiente, o qual a estrutura está inserida e o
cobrimento inadequado de concreto. Desta forma, os profissionais de engenharia, cada vez
mais, têm se preocupado com o problema da corrosão nas armaduras das estruturas de concreto
armado. Dentre os principais agentes iniciadores do processo corrosivo estão a carbonatação do
concreto e a entrada de íons agressivos, tais como os íons cloretos. Este trabalho tem como
objetivo geral avaliar a influência da carbonatação acelerada e a inclusão de íons cloretos (3%
massa) em relação à massa de cimento nas propriedades eletroquímicas da armadura do
concreto. Os corpos-de-prova foram confeccionados com cimento CP II F-32, relação a/c de
0,7 com dimensões de 20 x 30 x 6 cm, cobrimento de 2,5 cm e armadura central de aço CA-50
de 10 mm de diâmetro. Para a realização dos ensaios eletroquímicos fez-se o uso do
equipamento GECOR 6, para medir potencial de corrosão (E corr), velocidade de corrosão (icorr) e
resistência ôhmica (Rohm). Na presente pesquisa pode-se observar que a carbonatação levou ao
registro dos mais elevados valores de velocidade de corrosão. Para as medidas de potenciais de
____________________________________________________________________________________________________
Mestranda, Escola de Engenharia Civil, UFG, Bolsista CNPq (cecigirlbr@yahoo.com.br).
2 Mestranda, Escola de Engenharia Civil, UFG, Bolsista CNPq (danubiaeng@yahoo.com.br).
3 Mestrando, Escola de Engenharia Civil, UFG, (danilo@etfto.gov.br).
4 Doutor, Professor, Escola de Engenharia Civil, UFG (epazini@eec.ufg.br ).
5 Mestrando, Escola de Engenharia Civil, UFG, Bolsista CAPES (mariosjs2@yahoo.com.br).
6 Mestranda, Escola de Engenharia Civil, UFG, Bolsista CNPq (eng_renata@yahoo.com.br).
7 Mestrando, Escola de Engenharia Civil, UFG, Bolsista CAPES (tiagocouto@bol.com.br).
corrosão observou-se que nas amostras com cloretos, estas indicaram que no caso de altos
teores deste íon, a corrosão poderia ser possível, mesmo em ambiente de baixa umidade
relativa, devido ao seu efeito higroscópico. Para a resistência ôhmica verificou-se que ela foi
essencialmente influenciada pela umidade contida nos poros do concreto.

Palavras-chave: corrosão de armadura, corrosão, patologias.


Introdução

A tradicional concepção do concreto armado como um material de grande durabilidade e


resistência é invariavelmente questionada devido ao surgimento de um número cada vez maior
de manifestações patológicas (8, 9, 11). Logo, a durabilidade passou a ser uma propriedade tão
ou mais desejada do que a resistência. Os problemas mais comuns nas estruturas de concreto
com relação à durabilidade são devido à corrosão de armadura, responsável por
aproximadamente 52% das manifestações patológicas registradas em edificações (2, 6, 3). Em
geral as perdas financeiras ocasionadas pelos processos de degradação e corrosão das estruturas
metálicas e de concreto são muito elevadas. Nos Estados Unidos, o custo anual da corrosão
chega a 3,1% do PIB, o que totaliza US$ 276 bilhões, contra 3,5% no Brasil (10). A corrosão
da armadura é um dos problemas mais críticos, podendo comprometer severamente a segurança
e a capacidade de serviço das estruturas. Os principais fatores que provocam a corrosão são o
meio ambiente o qual a estrutura está inserida e o cobrimento inadequado de concreto (1, 11,
4). Desta forma, os profissionais de engenharia, cada vez mais, têm se preocupado com o
problema da corrosão nas armaduras das estruturas de concreto armado. Dentre os principais
agentes iniciadores do processo corrosivo estão a carbonatação do concreto e entrada de íons
agressivos, tais como os íons cloretos (5,7). O objetivo geral do presente trabalho é de avaliar a
influência da carbonatação acelerada e a inclusão de íons cloretos na água de amassamento nas
propriedades eletroquímicas da armadura do concreto.

2. Metodologia

Os materiais utilizados para o preparo do concreto foram: Cimento Portland CP II F-32,


pertencente a Cimento Goiás; areia natural quartzosa do Rio do Peixe, Faina-GO, pertencente
à zona 3 (areia média); brita granítica, graduação 1, da BRITAGRAN e cloreto de sódio. Foram
moldados corpos-de-prova de dimensões 20 x 30 x 6 cm, com uma armadura central de aço
CA-50 de 10 mm de diâmetro. O cobrimento adotado foi de 2,5 cm e a relação água/cimento de
0,7. Logo após a moldagem, os corpos-de-prova foram vibrados em mesa vibratória. Os
corpos-de-prova que possuíam 3% de cloretos em relação à massa de cimento foram mantidos,
inicialmente, em ambiente de laboratório por 1 dia e, posteriormente, em estufa a 50 ºC por 53
dias. Logo após, os corpos-de-prova foram novamente levados ao ambiente de laboratório, à
estufa e, finalmente, à câmara úmida do 71º ao 80º dia de ensaio. Já os corpos-de-prova de
referência foram mantidos em ambiente de laboratório por 70 dias e entre o 71º e para o 80º dia
foram levados à câmara úmida. Os corpos-de-prova destinados a carbonatação foram mantidos
por dois dias em ambiente de laboratório e depois levados à câmara de carbonatação acelerada,
a qual apresentava uma umidade de 50 ± 10 ºC e temperatura de 25 ± 5 ºC, entre 50 e 53º dia à
estufa, voltando ao ambiente de laboratório, e a posteriori a estufa novamente até o 70º dia, e
por fim a câmara úmida. Para a realização dos ensaios eletroquímicos fez-se o uso do
equipamento GECOR 6, para medir potencial de corrosão (E corr), velocidade de corrosão (icorr) e
resistência ôhmica (Rohm).

3. Resultados e Discussão

-2-
A Figura 1 mostra as medidas de potencial de corrosão para os corpos-de-prova com adição de
cloretos, referência e carbonatado. Pode-se verificar que para os corpos-de-prova com a adição
de 3% de cloretos em relação à massa de cimento não houve a formação da película de
passivação, registrando-se alta probabilidade de ocorrência de corrosão já nas primeiras leituras
dos parâmetros eletroquímicos. Independentemente do tipo de cimento que possa ser utilizado,
este teor de cloretos ocasiona probabilidades altas de ocorrência de corrosão. Até os 10 dias, o
potencial encontrava-se na faixa de 95% de probabilidade de ocorrência de corrosão com uma
velocidade muito elevada. O mesmo permaneceu em zona de incerteza de corrosão entre o 30º
e 42º dia e nesta mesma zona a partir do 52º dia até o 66º dia. O corpo-de-prova com cloretos
apresentaram uma baixa probabilidade de ocorrência de corrosão no 53º dia o que coincidiu
com o período de baixa umidade relativa do ambiente. Para o concreto de referência, registrou-
se, no início das medidas, valores que caracterizavam a corrosão superficial do aço devido à
formação da película de passivação. Entretanto, após este período, o potencial indicava
probabilidade de ocorrência de corrosão inferior a 5%, podendo-se afirmar que a armadura não
corroeu-se ativamente durante o tempo de duração do ensaio. Já para as amostras carbonatadas,
depois de 16 dias dentro da câmara de carbonatação, os valores medidos já mostravam
potenciais de corrosão que oscilavam entre a zona de incerteza e a de alta probabilidade de
corrosão. A velocidade de corrosão aumentou quando os corpos-de-prova carbonatados e com
cloretos foram para a câmara úmida, devido à presença de água e conseqüente diminuição da
resistividade do eletrólito (concreto).

Potencial de corrosão x Tempo

200
Potencial de corrosão (mV)

100
0
-100
-200
-300
-400
-500
-600
-700
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Tempo (dias)

Cloretos Referência Carbonatado

Figura 1 - Potencial de corrosão x Tempo


Na Figura 2 pode-se verificar que os corpos-de-prova com cloretos e referência apresentaram
valores similares de resistência ôhmica, atribui-se este comportamento a provável umidade
propiciada, a hidratação da pasta de cimento e ainda a capacidade dos íons cloreto em reter
água nos poros do concreto. Contudo, apresentou ainda valores superiores de resistência
ôhmica em determinados períodos se comparados a amostra referência. Já as amostras de
concreto carbonatado o comportamento também foi similar aos demais corpos-de-prova quanto
ao aumento da resistência ôhmica com o tempo de duração dos ensaios, contudo os valores
encontrados apresentaram-se bem superiores as demais amostras avaliadas, principalmente
devido à saída de água durante a reação de carbonatação e a câmara ser mantida em 50% U.R.

-3-
Resistência ôhmica x Tempo

400

Resistência ôhmica
300

(KΩ)
200
100

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Tempo (dias)

Cloretos Referência Carbonatado

Figura 2 - Resistência ôhmica x Tempo


A partir da Figura 3 pode-se observar que para as amostras com cloretos verificou-se que,
mesmo dosado com alto teor de íons incorporado à massa do concreto, a elevada resistividade,
devido à baixa umidade do ar, conseguiu controlar a corrosão, podendo-se registrar densidade
de corrente de corrosão entre as zonas de “início de corrosão ativa” e de grau “desprezível” de
corrosão nos períodos correspondentes ao 1º ao 16º dia e 17º ao 72º dia, respectivamente. Para
o corpo-de-prova de referência pode-se observar que este apresentou um comportamento
diferenciado dos demais, haja vista que, nas primeiras idades, ele já encontrava-se na zona em
que o grau de corrosão é considerado “desprezível”, permanecendo assim até ao final dos
ensaios. Este resultado já era esperado para este corpo-de-prova. Já para o concreto
carbonatado, no início das medidas de densidade de corrente, registrou-se entre o 1° e o 38°
dia, resultados indicativos de grau de corrosão considerados “desprezíveis”. A partir do 39º até
o 41º dia, período em que este encontrava-se na câmara de carbonatação a 50 ± 10%, houve
uma oscilação para o grau “início de corrosão ativa”. Até o 65º dia, devido à ausência de
condições favoráveis para o desenvolvimento da corrosão (baixa umidade e elevada resistência
ôhmica), a velocidade de corrosão permaneceu na condição de “desprezível”, apesar do
concreto estar carbonatado. Porém, quando o corpo-de-prova foi colocado na câmara úmida, a
velocidade de corrosão aumentou rapidamente, atingindo valores “muito elevados”.

Velocidade de corrosão x Tempo


Velocidade de corrosão

10

1
((μA/cm²))

0,1

0,01

0,001
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Tempo (dias)

Cloretos Referência Carbonatado

Figura 3 - Intensidade de corrente x Tempo

-4-
Conclusões

Para a metodologia utilizada no programa experimental, é primordial ressaltar a boa resposta


das técnicas eletroquímicas como instrumento de monitoramento da corrosão das armaduras. O
emprego da técnica de resistência de polarização através do equipamento GECOR 6
apresentou-se satisfatória, haja vista que o processo é coerente, ou seja, as variações de icorr são
acompanhadas por variações de Ecorr, respectivamente. Os resultados obtidos permitem fazer as
seguintes considerações finais:

- As medidas de potenciais de corrosão nas amostras com cloretos indicaram que no caso de
altos teores deste íon, a corrosão pode ser possível, mesmo em ambiente de baixa umidade
relativa, devido ao efeito higroscópico.
- As velocidades de corrosão máximas ocorreram em concretos com elevados conteúdos de
umidade, porém não-saturados.
- A umidade relativa é um fator controlador da taxa de corrosão.
- Para que a velocidade de corrosão atingisse velocidades significativas foi necessária à
difusão de oxigênio e umidade concomitantemente.
- A carbonatação levou ao registro dos mais elevados valores de velocidade de corrosão. No
entanto, vale lembrar que a corrosão por cloretos se dá pela formação de pites e que os valores
de icorr, poderiam ser multiplicados por até 100 (12), o que aumentaria em muito os valores
registrados.
- A resistência ôhmica foi influenciada pela umidade contida nos poros do concreto sendo,
portanto, parâmetro de controle da velocidade de corrosão do aço no concreto.
- Quando o concreto encontrava-se em ambiente seco possuía uma alta resistividade,
dificultando a mobilidade dos íons; À medida que a sua umidade interna aumentava, a
resistência ôhmica ia diminuindo e o processo de corrosão poderia desenvolver-se, caso a
armadura estivesse despassivada pela carbonatação ou pelos cloretos.

Referências bibliográficas

1. ANDRADE, C. Manual para diagnóstico de obras deterioradas por corrosão de


armaduras. Trad. De Antonio Carmona e Paulo Helene. São Paulo, Pini, 1992.
2. DHIR, R.K.; JONES, M.R. e GREEN, J.W.. Protection of Structural Concrete. In:
International Conference on Protection of Concrete. University of Dundee, Scotland, UK, 11-
13 Sept., Ed. E & SPON, 1990, p. 331-342.
3. FIGUEIREDO, E. P. Avaliação do desempenho de revestimento para proteção da
armadura contra a corrosão através de técnicas eletroquímicas - contribuição ao estudo
de reparo de estruturas de concreto armado. 423 f. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
4. FREIRE, K.R.R. Avaliação do desempenho de inibidores de corrosão em armaduras de
concreto. 2005. 211 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais).
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.
5. HELENE, P.R.L. Corrosão em armaduras para concreto armado, São Paulo, Ed. Pini,
1986.
6. HELENE, P.R.L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto
armado. São Paulo, 1993. 231 p. Tese (Livre Docência)-Escola Politécnica, Universidade de
São Paulo.
7. LIMA, M.G. Inibidores de corrosão: avaliação da eficiência frente à corrosão de
armaduras provocada por cloretos. São Paulo, 1996. 174p. Tese (Doutorado) - Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

-5-
8. MEHTA, P.K. MONTEIRO, P.J.M. Concrete; Structure, Properties and Materials. New
York, Ed. Prentice-Hall, Inc. Englewood, 1986.
9. NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. Tradução Salvador E. Giammusso. 2. ed. São
Paulo: Pini, 1997.
10. PORTELLA, K.F.; GARCIA, C.M.; VERGÉS, G.R.; JOUKOSKI, A.; FREIRE, K.R.R.;
CORRÊA, A.P. Desempenho físico-químico de metais e estruturas de concreto de redes de
distribuição de energia: Estudo de caso na região de Manaus. Quím. Nova, vol.29, nº 4,
724-734, 2006.
11. RIBEIRO, F.H.M. Desempenho de inibidores de corrosão como método de prevenção e
reparo para estruturas de concreto armado. 2001. 196 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2001.
12. TROCÓNIS, O.; ROMERO, A.; ANDRADE, C.; HELENE, P.; DÍAZ, I. Manual de
inspeccion, evaluacion y diagnostico de corrosion en estructuras de hormigón armado.
CYTED – Programa Iberoamericano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento. Rede
Temática XV. Durabilidade da armadura – DURAR, 1997.

Voltar à página do EngWhere

-6-

You might also like