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Politiea de saide mental no Brasil: iso histériea (dteitor Resende) Do mesmo modo que o tabaco e o café, a5 raltes {ia asistencia priguiatrics brasileira foram para ef trans Dlantadas, apés longa evolucio 10s séevlos ¢ mesmo mle fies que precederam o cescabrimento do Brasil. Pars melhor compreendé-las ceria deseiavel aue ce relrocedesse hho fempo e se tentasse una breve reeapitulacio da traje- {ria do louco, da lovewra e suas instituieves através da hiistivia, Nao possuo o necessario poder de sintese para reproduiit, noma visio a voo de pistaro, os dlverses| fambientes emocionals e intoleetuais prevalentes em cada Daviodo histérien, assim como os fatores econdmiecs, Do Titios e ideoldgieos que Inthiencinram a teoria © 4 prit- ta pslqoldtrieas, mas savisco-me, assim mesmo, a tentar flemonstrar que as cireunstancias que determinaram 2 femengéneia do louco enquanto problema social ¢ trouxe- fam consigo & nocessidade de instituigbes para contralto fo Brasil do seculo XIX ¢ na Europa no ssealo XVI foram, guardadas as peculiavidades Incais @ a defase- gem no tempo, bastante semalhantes entre si. ‘A Toucura € suas instituigdes Em seu Blogio da Loueure, eserito em 1800, Erasmo de Rotterdam afizma, j4 nos primelras piginas, ser impossivel e inconveniente dotiniv ¢ limitar, scomo & fostume dos reldvieos vulgarecy, a loueurs, «Como poderia Jimitar-me quando 0 meu poder se estende a tedo o género Ihumano?,.. Além disso, por que haveria de me pintar como sombra © imagem numa definigio quando estou dante das vossos ollos e me vedes em pessoa? Bla 6 filha de Pluldo, deus das riquezas, e nio de nenhum desses euses caducos e rangosos, e suas ninfas, cada uma com seu nome, representam o amor-préprio, 0 esquecimento, ‘2 adulagio, @ horror A fadiga, a voltpia, a delicia, 0 Drager da mesa eo riso c, por fim, 0 sono profundo, Naseew nas Ihas Fortunadas, onde nde se sabe 0 que ‘sojam o trabalho, a velhice e as doencas © onde a terra 86 produs aquilo que deleita a vista e embriaga o olfato». jSOTERDA, Bn 8 Bi rs i es, ir Om 8 Embora nto a detina, Brasino eontrapde a loueur, spatrimbaio uaiversal da humanidades, e da qual todos dotados ao nascer, & sisuez, 20. senssborao, Dom sanso, 4 frugalieade o ao estolelsmo que a eléncia, as artes feu sndistrin, aeomo todas as outras pestes da vida bm tu», intreduairam no mundo. Ientifieando a loueura com is Dainces ep comportamento sensato com 0 raclocinlo, ‘ii a entender que aguela € insta no homem ¢ este timo imposto de fora, no necesscrismente em nome da ra2d0, ji que alo se pode entender como razofvel 0 fato do os homens se infligirem tanto mal, Alda disso, © préprio comportamento gonsato e xacional pode dalxar d@ slo, 2 core fora de contexte, e ilustra jato pola aeguinte pustagom: «..20 um séblo, dirigindo-se 4 alguém que Choragse a morte do psi, 0 exorlassa a vir, dizendodthe ‘que esta vida nao passa, na realidade, de uma continua forte e que, por consezuinte, sea pal 36 fer cessar de Torres, ... passaria decerto, aos ofhos de todos, por louco farioson, Felizes noma sociedade imaginaria, o «séeulo de owro», sem mnétodo, sem resras, sem insirugho, gulados pela aatureza e pelo prdpzio lnsiinta, os homens tiveram ‘que renunciar & Joneura em nome do juizo e da virta- {de que, or atentarem contra a natureza humana, nad podem deixar de ser considerades, em si mesmos, Vieios. Frogmentos maiores ot menores’ de pail, irveflexio, ssqueeimento e devaneio permanceam em eada im de nés fu seria insuportavel 0 confronto com a conscieneia da morte e a3 agruras da vida _Apessr desu titulo, 0 Etoaioé menos wma glovifi- a Thumorada sativa & ieolopia da nascente revolugio burguess, ideslogia esta te, travestida de conten, iosbtica religions, viela ‘Tanga as bases de tam novo coneeto de naturean Kamae ng, Ao evocar 0 adele de our, o autor sugere gue Yan um dia_um tempo'e ima societade na Qual, pela tripria relagio que o8 komens mantinham entre st’ com 4 natures, a Joveura aparecia linda, imprecisamente fm todos os homens, er, por asim dizer, ma > eee. 9 cheers,

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