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Resumo

Ponte Akashi-Kaikyo

A Ponte Akashi-Kaikyoa é mais longa ponte suspensa do mundo, tem 4 km de


comprimento e foi projetada para resistir a tufões, terremotos e tsunamis. Em construção de
pontes seu método construtivo é o mais moderno. A ponte deve seu sucesso a sete invenções
fundamentais encontradas em 7 pontes. Em seu interior existe uma grande inovação tecnológica
que permitiu aos engenheiros construir pontes cada vez maiores. Foram 7 passos engenhosos
que transformaram as pontes em verdadeiros gigantes da engenharia.

O estreito de Akashi no Japão é um dos cursos d’água mais movimentados do mundo


liga Kobe no continente a ilhas densamente habitadas. Para construir uma ponte forte o
suficiente para vencer esta distância os japoneses levaram a tecnologia ao limite. Para entender
como foi feito uma ponte tão longa foi preciso voltar no tempo para entende como o projeto de
pontes evoluiu. A jornada começa na Inglaterra no século XVIII na revolução industrial com uma
ponte de apenas 30m de comprimento feita com material inovador. Naquela época 30m era o
limite para construção de pontes que eram feitas de pedra conservando o formato semicircular
que lhe conferia resistência, mas o aumento do arco tinha um preço alto e para dobrar o
comprimento a ponte consumiria oito vezes mais pedras e o arco não suportaria o peso extra.

Primeiro passo materiais: Uma solução seria encontrar um material que fosse forte
como pedra e suportasse o mesmo peso e que fosse mais leve e mais fácil de manusear. Um
material já estava sendo utilizado na época, era o minério aquecido até ficar na forma líquida e
colocado em moldes, depois que ele resfria fica com a forma do molde, era o ferro fundido. Na
época o ferro fundido não poderia ser utilizado na construção de pontes pois continha
impurezas que deixavam o ferro quebradiço, foi então que alguns operários descobriram que o
material local era extremamente puro capaz de produzir um ferro forte e versátil, dava para
fazer de tudo inclusive pontes e foi isso que a fundição fez para mostrar a qualidade do seu ferro
fundido. Em 1779 teve início a construção da primeira ponte de ferro fundido do mundo, ela foi
feita com 1700 peças de ferro pré-moldados, 5 vigas semicirculares formam o arco do vão de 30
m de comprimento, como a estrutura é composta por uma treliça de ferro e não de pedra a
ponte pesa apenas 389 t, no entanto a ponte tem a aparecia de uma ponte de madeira.

A herança deixada pela ponte de ferro ainda é evidente nas estruturas atuais, quando
os engenheiros projetaram a maior ponte do mundo já sabiam que ela deveria ser o mais leve
possível, a Akashi-Kaikyo foi feita usando componentes pré-fabricados em forma de treliça,
mesmo assim esta estrutura leve possui mais de 250.000 t de aço. O material tem um problema,
é vulnerável a corrosão, o ambiente marinho torna a corrosão uma grande preocupação para a
estrutura e para proteger a ponte robôs guiados por controle remoto procuram sinais de
corrosão e chamam robôs pintores para recuperar pontos desgastados na superfície. Abaixo da
ponte existe 3 pórticos que possibilitam a execução de trabalhos de manutenção sem
interromper o tráfego.

As pontes de ferro provaram que com este material podia vencer vãos com mais de 30
m, mas para vencer os 177 m no estreito de Menai no país de Gales tiveram uma ideia tirada da
história.
Segundo passo a ponte suspensa: No século XIX no estreito de Menai no País de Gales o
trabalho de construir uma ponte ficou a cardo do engenheiro Thelford que pensou inicialmente
em fazer uma ponte de ferro fundido mas teria que usar suporte para arco durante a construção,
o que bloquearia a passagem de navios no local e a proposta não foi aceita. Ele precisou recorrer
aos conceitos básicos de pontes, as pontes de cordas. Para fazer uma ponte de cordas moderna
era preciso manter o piso reto e a solução foi suspendê-lo com toldos de pedra em seguida
estender as cordas para baixo novelando o piso, dessa forma tinha-se um projeto para ponte de
Menai, mais ainda faltava encontrar uma forma de firmar as correntes em cada ponto, se a
tensão fosse muito grande as correntes iriam se soltar a não ser que estivessem bem ancoradas.
Estas ancoragens não podiam ser feitas em árvores e foram feitas em rochas, os operários
perfuraram a rocha criando um túnel de 18 metros. No fim do túnel foi montada uma estrutura
de ferro onde as extremidades das correntes foram presas com barras de ferro de 3m de
comprimento e braçadeiras metálicas prendem a estrutura e as barras firmemente a caverna,
dessa forma a ancoragem só irá falhar se a rocha ceder. No Japão o desafio de ancoragem é
ainda maior, em vez de correntes a ponte usa cabos colossais, no entanto diferente do estreito
de Menai não existe rochas onde prendê-los será preciso definir um ponto de ancoragem na
margem. Primeiro escava-se um buraco para as fundações que deve ser grande o bastante para
receber 230.000 m³ de concreto e em seguida são trazidas gigantescas estruturas de metal elas
vão prender os cabos na ponte e devem ficar muito firmes no lugar, para isso elas serão
envolvidas por concreto. São feitos 5 blocos de concreto separados os vãos entre os blocos
permitem a dissipação do calor para que não surja fissuras em seguida os vãos são preenchidos
para se tornar um bloco sólido com mais de 50m de altura e se estendem por 60m para baixo
do solo.

Terceiro passo corrente mais forte: Em 1845 300 pessoas estavam assistindo um número
circense em cima de uma ponte suspensa quando todas as pessoas se concentraram em um
único lado da ponte, o deslocamento de peso repentino sobrecarregou a correte, ela arrebentou
e todos caíram no rio, 79 pessoas morreram. Sete anos depois no rio Niágara construtores
precisavam de algo mais forte que uma corrente de ferro para sustentar a ponte ainda mais
porque ela deveria suportar o peso do trem, eles sabiam que o ferro teria mais resistência se
fosse feito na forma de um longo fio. Os engenheiros de Niágara calcularam que um cabo feito
com 3500 fios seria forte o bastante para sustentar a ponte e o trem, no entanto ele pesaria
900t e seria pesado demais para ser instalado manualmente, a solução foi enviar para o outro
lado dois fios de cada vez. Os fios eram passados em uma roldana e em seguida era puxada
sobre o rio, quando chegava do outro lado os fios eram presos a ancoragem, a roldana era então
enviada de volta para trazer mais dois fios após 1820 viagens eles formaram um cabo com 3640
fios, foram necessários 4 cabos iguais para sustentar a ponte. Embora a ponte já tenha sido
substituída a ideia de usar cabos para sustentar pontes persiste até hoje. Na ponte Akashi-Kaikyo
cada cabo pesa cerca de 25000t e contem fios suficientes para dar a volta ao mundo 7 vezes.
Cabos mais fortes permitem a construção de pontes com vãos maiores, mais em locais onde não
é possível fazer um único vão é preciso construir torres e apoios sobre o leito do rio.

Quarto passo construindo sob a água: Em 1974 decidiu-se construir uma ponte para ligar
o Brooklyn a Manhattan o desafio seria construir pilares de sustentação no meio do rio, pois a
distância era grande demais para um único vão. Na margem do rio camadas de lama e lodo
acumulam-se sobre o leito rochoso, este material é uma fundação instável para qualquer torre
construída no local, para escavar o leito rochoso os operários precisavam trabalhar 24m abaixo
da superfície da água. O problema foi solucionado com uma estrutura chamada caixão. Era uma
caixa gigante feita com placas de madeira, ela ficava no fundo do rio e fornecia espaço de
trabalho para 125 homens, as paredes eram feitas com uma extremidade cortante que
penetrava no lodo, o caixão foi construído em terra seca em seguida levada com rebocador até
o local desejado, toneladas de blocos de granito foram colocado sobre ele para afundá-lo até o
local da escavação, mas antes de os operários começarem a trabalhar o caixão tinha de ser
drenado e a água tinha de ser impedida de voltar. Treze enormes compressores bombeavam o
ar para evitar a entrada de água, os homens podiam respirar, mas o ambiente era desconfortável
o calor era intenso a umidade muito alta, o trabalho era duro muito difícil e tedioso. Quando a
escavação chegou ao leito rochoso o caixão foi preenchido com concreto, dessa forma os caixões
formaram as fundações das torres que sustentam as pontes. Os construtores da ponte Akashi-
Kaikyo enfrentaram um desafio ainda maior, as fundações para as torres deveriam ser feitas em
águas profundas 60m. O avanço tecnológico faz com que escavadeiras faça o trabalho que antes
era feito por operários que arriscavam as vidas, mas os japoneses ainda usam caixões para fazer
as fundações. Os caixões têm 70m de altura e 80m de largura, mas são feitos de aço e não de
madeira. Eles são tão grandes que são necessários 12 rebocadores para leva-los ao local onde
serão colocados, cada caixão possui uma parede externa e outra interna o vão entre as paredes
formam um compartimento circular repleto de ar, isso o impede de afundar, depois de
posicionado o compartimento é inundado com água do mar, uma vez instalado o vão é
preenchido com concreto e expulsa a água do mar, esse concreto especial mantem a coesão
dentro da água finalmente uma tampa de concreto é colocada e a fundação está terminada
pronta para servir de base para a torre.

Quinto passo torres mais altas: Em 1933 foi projetada a maior ponte suspensa do
mundo, para ampliar o comprimento e preservar o formato era preciso aumentar a altura das
torres. Um vão de 1280 requer a ancoragem de cabos 152 m acima da pista, para isso são
necessárias torres com 227m de altura, mas torres finas desmoronariam com o próprio peso,
uma opção seria fazer torres mais largas, mas para erguer uma torre capaz de resistir ao peso a
base precisaria ter quase 50m de largura, isso obstruiria a passagem de navios e comprometeria
a estética da ponte, esta ponte precisava de um material mais forte e mais leve para as torres,
em vez de usarem blocos de concreto os construtores optaram por placas de aço. Quatro placas
justapostas formam um pilar com 11m de altura, um elemento construtivo muito mais leve que
o aço maciço, reunidos em células eles formam uma rígida estrutura alveolar, por serem ocas e
não maciças as torres podem permanecer finas de alto a baixo e o aço permitem que elas
flexionem em vez de partirem sob a tensão dos cabos, mas com o aumento da altura cresceram
também os riscos era preciso também travar as células em suas posições e instalar os rebites
mais de 1 milhão deles. Os operários arriscaram as vidas no alto das torres expostos a fúria das
tempestades do Pacífico. Pela primeira vez foram usados capacetes, máscaras faciais e cabos de
segurança, uma enorme rede salvou 19 operários de quedas letais, mas apesar de todas as
precauções, 11 homens morreram durante a construção da ponte. As torres erguem-se sobre a
bahia altas e delgadas fortes o bastante para suportar 50000t. Atualmente as torres mais altas
em uma ponte suspensa são as da ponte Akashi-Kaikyo, com 300m de altura 70m mais alta que
a ponte Goldem Gate, cada uma delas composta de 30 sessões.

Sexto passo o vento: Em 1940 uma nova ponte foi inaugurada sobre o estreito de
Tacoma, mas ela possuía uma falha fatal, diante de um vento fraco o deck começou a oscilar e
em seguida começou a se torcer, por fim a ponte ruiu. Hoje os engenheiros sabem porque a
estrutura desabou. Um deck com a lateral plana representa um obstáculo para o vento, quando
um vento lateral o atinge o fluxo de ar é perturbado criando um remoinho abaixo e acima do
deck, com isso surge áreas de pressões variadas que puxam o deck para cima ou para baixo
quando ele se move a ponte reage no sentido contrário. Uma solução é criar um perfil mais
aerodinâmico para as laterais do deck que irá cortar o vento e canaliza-lo sem maiores
problemas acima e abaixo dele. Em 1946 esse designe foi usado em uma ponte ainda mais longa
era preciso fazer uma ponte de 1600m a ponte deveria acomodar 12 faixas de trafego divididas
em 2 tabuleiros. Os projetistas sabiam que laterais aerodinâmicas em um deck duplo talvez não
canalizariam o vento de forma segura em vez disso as correntes de ar podiam colidir e provocar
uma perturbação ainda maior, em vez de desviar o vento os decks foram projetados para resistir
a ele de modo a não oscilar ou torcer. A forma mais eficaz de se fazer isso seria envolver os decks
com uma caixa de aço, mas com 2km seria pesada demais para os cabos de aço, em vez disto
uma leve estrutura metálica foi montada com barras de aço. Setenta e cinco unidades igual a
essa formam uma enorme treliça de aço, isso permite que o vento passe sem resistência pela
estrutura. O desenho é tão bom que mais de 30 anos depois os japoneses usaram o conceito de
caixa aberta para dar maior rigidez ao deck da ponte Akashi-Kaikyo.

Sétimo passo terremoto: Em 1923 um terremoto devastou Tókio provocando mais de


100000 mortes. Centenas de tremores atingem o pais todos os anos. A primeira linha de defesa
contra os terremotos são as próprias torres elas são feitas de aço para serem flexíveis se houver
um tremor as torres se movem juntamente com a terra absorvendo o choque e dentro de cada
torre há uma segunda proteção, 20 enormes pêndulos que fazem o papel de amortecedores.
Cada amortecedor pesa 10t e está instalado dentro de uma moldura, se o tremor fizer a torre
inclinar para um lado o amortecedor pende na direção oposto contrabalançando o movimento
e evitando o tombamento da torre. Para testar os amortecedores os construtores recorreram a
uma abordagem inédita mais de 100 operários foram orientados a balançar de forma
sincronizada para simular um tremor, durante o terremoto artificial os amortecedores reagiram
para manter as torres estáveis, mas em 17 de janeiro de 1995 a natureza testou a tecnologia de
fato, um terremoto de magnitude 7 devastou Kobe uma cidade na margem norte da ponte
Akashi-Kaikyo, mais de 6000 pessoas morreram e 100000 edifícios foram destruídos, mas a
ponte resistiu, graças aos amortecedores e hoje exibe a cicatriz daquele dia fatídico. O
terremoto abriu uma falha geológica no leito do mar diretamente abaixo da ponte isso fez com
que o solo e as torres se afastassem abrindo um vão de mais de um metro, foi preciso
acrescentar uma sessão para uni-la a margem. A ponte Akashi-Kaikyo prova a força de seu
projeto inédito no mais hostil dos ambientes é o resultado de mais de 2 séculos de inovações e
descobertas da engenharia. Depois de mais de 10 anos de operação continua sendo a mais longa
e mais alta ponte suspensa do mundo.

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