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Segunda parte Racismo e cultura’ ee ‘Texto da intervenglo de Frantz Fanon no 1.° Congreso dos Escritores. Sil uae Negros aco Pacis, ax Secenben de 2936, Publiendo ao ateiens pe . ial de Présence Africaine, de Junho-Novembro de 1936, I Be ee A reflexio sobre o valor normativo de certas culturas, decte- tado unilateralmente, merece que lhe prestemos atengio. Um dos paradoxos que mais rapidamente encontramos é 0 efeito de ricochete de definigSes egocentristas, sociocentristas. Em primeiro lugar, afirma-se a existéncia de grupos huma- nos sem cultura; depois, a_existéncia de_culturas_hierarquiza- das; por fim, a nogio da relatividade cultural. Da negagio global passa-se ao reconhecimento singular ¢ especifico. E precisamente esta histéria esquartejada e san- grenta que nos falta esbogar ao nivel da antropologia cultural. Podemos dizer que existem certas constelagdes de insti- tuigées, vividas por homens determinados, no quadro de areas geograficas precisas que num dado momento sofreram o assalto directo e brutal de esquemas culturais diferentes. O desenvol- vimento técnico, geralmente elevado, do grupo social assim aparecido autotiza-o a instalar uma dominagio organizada. O empteendimento da desculturagio apresenta-se como 0 negativo de um trabalho, mais gigantesco, de escravizagdo econémica e mesmo bioldgica. A doutrina da hierarquia cultural nfo 6, pois, mais do que uma modalidade da hierarquizagio sistematizada, pros- seguida de maneira implacével. A moderna teoria da auséncia de integracio cortical dos povos coloniais é a sua vertente andtomo-fisiolégica. Oo surgi- mento do racismo nao é fundamentalmente determinante. O tacismo nio é um todo, mas_o elemento mais vistyel, mais quotidiano, para dizermos tudo, em_certos_momentos,—mals Btosseiro de uma estrutura dada. rr \| \ W

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