a O GRANDE MASSACRE DE GATOS ReCapa; Fernando Gomes Produgdo grafica: Orlando Fernandes Revisao: Renato Rosario Carvalho Henrique Tarnapolsky 2! edigo — 1988 © Copyright 1984 by Basic Books, Inc. Direitos adquiridos para a lingua portuguesa por EDICOES GRAAL LTDA. Rua Hermenegildo de Barros, 31-A — Gléria CEP. 20241 — Rio de Janeiro, RJ — Brasil Fone: 252-8582 Impresso no Brasil / Printed in Brazil. CIP-Brasil. Catalogacao-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Darnton, Robert Dadg © grande massacre de gatos, e outros episddios da his- toria cultural francesa / Robert Darnton; tradugdo de Sonia Coutinho. — Rio de Janeiro: Graal, 1986. (Biblioteca de histéria, 13) ‘Tradugio de The great cat massacre. 1, Franga — Historia — Século 18. 2. Franga — Cultu- ra — Histéria -— Século 18. 1. Titulo, IL. Série. | 85-1041 CDD — 944.033 CDU — 944"17"102 A ‘Primeira etapa da crueldade”, de Wil duzida por cortesia dos curadores do Museu Briténico. OS TRABALHADORES SE REVOLTAM: ~ O GRANDE MASSACRE DE GATOS NA RUA SAINT-SEVERIN A COISA MAIS ENGRAGADA que aconteceu na grafica de Jac- ques Vincent, segundo um operdrio que testemunhou o fato, foi um sedicioso massacre de gatos. O operario, Nico- las Contat, contou a histéria numa narrativa que fez sobre seu estdgio na grafica, na Rua Saint-Séverin, Paris, durante o fim da década de 1730,” A vida de aprendiz era dura, ele explicou. Havia dois aprendizes: Jerome, versio algo ficcionalizada do préprio Contat, e¢ Léveillé. Dormiam num quarto sujo e gelado, levantavam-se antes do amanhe- cer, safam para executar tarefas o dia inteiro, tentando fur- tar-se aos insultos dos oficiais (assalariados) e aos maus-tra- tos do patrao (mestre), e nada recebiam para comer, a nio ser sobras, Achavam a comida especialmente mortificante. Em vez de jantar A mesa do patrao, tinham de comer os restos de seu prato na cozinha, Pior ainda, 0 cozinheiro vendia, secretamente, as sobras, e dava aos rapazes comida de gato — velhos pedagos de carne podre que néo conse- 103