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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0016175-95.2016.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO ITAUCARD SA

Recorrido(s) : JOSE GOMES NERI

Origem : 14ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. SEGURO CARTÃO. ALEGAÇÃO


DE VENDA CASADA. COBRANÇAS EFETUADAS NA FATURA DE CARTÃO
DE CRÉDITO. LONGO PERÍODO DE VIGÊNCIA CONTRATUAL SEM
MANIFESTAÇÃO CONTRÁRIA DA PARTE AUTORA. INSURGÊNCIA
DESTA APÓS TER USUFRUÍDO DOS BENEFÍCIOS DA
COBERTURA CONTRATUAL VIGENTES DURANTE O PERÍODO.
COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. VENIRE CONTRA FACTUM
PROPRIO. INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO. DANOS MORAIS NÃO
CONFIGURADOS..SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.

1.Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que


julgou improcedente o pedido formulado na exordial, nestes termos: “Tenho
que não há qualquer conduta abusiva perpetrada pela acionada, posto
que de fato a autora vem sendo cobrada pelos serviços desde o ano de
2010, não sendo plausível a sua alegação de que só agora percebeu as
cobranças. Ademais, já que recebe a cobrança há tantos anos, não pode

o consumidor alegar que não teve conhecimento de tal cobrança,


mesmo quando a experiência comum demonstra ser a mesma tão
corriqueira, não tendo o autor demonstrado que efetuou qualquer tipo
de reclamação junto a acionada. Vejo ainda que não há qualquer
comprovação sobre a empresa ter garantido ao consumidor que nunca
cobraria serviços como o reclamado. .”.

2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em


síntese, que não tivera prévia ciência acerca da contratação de seguro pelo
qual vem sendo cobrado no bojo do contrato de cartão de crédito firmado com
a ré , que não fora informado acerca do mencionado contrato, sustenta tratar-
se venda casada, requerendo por fim a restituição em dobro dos valores pagos
a tal título, bem como indenização pelos danos morais sofridos.

3. A despeito das alegações da parte autora , as provas constantes


dos autos demonstram a ocorrência da regularidade da contratação do
seguro , em virtude do período de vigência do contrato, tendo a parte acionante
adotado a postura de reconhecer tacitamente a sua vigência, haja vista que
durante o longo período em que vigorou o seguro não se insurgiu de modo
expresso.

Ademais, . é fato que em se tratando de contrato de seguro, no qual


busca-se tutelar um bem contra eventos pré-determinados contidos na apólice ,
a cobertura fora efetivamente prestada durante todo o período reclamado pela
parte acionante, inexistindo nos autos qualquer prova da insurgência anterior
da mesma no tocante a sua cobrança, fazendo-o apenas muito tempo depois.

Tal prática, desta feita, revela comportamento contraditório da parte,


verdadeiro “venire contra factum próprio”, na medida em que esta valera-se dos
benefícios advindos do contrato de seguro durante dado período, e após o
transcurso do tempo requer a devolução dos valores cobrados e alega ter
sofrido danos morais, sendo que a cobertura contratual sempre fora
disponibilizada.

.Nesta senda, diante do quadro probatório consignado nos autos, que


corroboram com a tese defensiva de que houve a regular contratação, não
resta caracterizada qualquer ilicitude por parte da ré, sendo portando devida a
cobrança do seguro em tela, tendo a parte usufruído de seus benefícios ao
longo de sua vigência.

6.ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO E


NEGAR-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos
próprios fundamentos. Condenação em custas e Honorários
advocatícios arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da
causa, restando suspensa a exigibilidade do pagamento pela parte autora,
pelo prazo de 05 (cinco) anos, nos termos do artigo 98, § 3º, do CPC/2015

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0016175-95.2016.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO ITAUCARD SA

Recorrido(s) : JOSE GOMES NERI

Origem : 14ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia,
CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA
HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento.
Condenação em custas e Honorários advocatícios arbitrados em 20%
(vinte por cento) sobre o valor da causa, restando suspensa a
exigibilidade do pagamento pela parte autora, pelo prazo de 05 (cinco)
anos, nos termos do artigo 98, § 3º, do CPC/2015

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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