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Como Robinson se fez.ao mar pela primeira vez e como naufragou Hi muito, muito tempo, ainda antes de os avés dos nossos av6s terem nascido, viva na cidade de York um rapaz.chamado Robinson Crusoé. Emboraj fosse cresci- do. nem de vista conhecesse o ma, sempre desejara ser ‘marinheiro partir num navio, a vsitarlonginquos e ma- ravilhosos paises além-mar. Sentia que s6 isso 0 poderia tornar completamente feliz. Porém, o seu pai desejava que ele fosse advogado © conversava muitas vezes com Robinson, enumerando- -lhe que de terrivel Ihe poderia acontecer se parisse € explicando-the que as pessoas que se deixavam ficar na pétria eram sempre as mals elizes.Além diss, lembrava- -Ihe que o seu irméo havia partido e acabara por morrer na guerra Por esse motivo, Robinson prometeu que renunclaria 206 seus projets de ser marinheiro, Mas, em pouco tem: po, 0 mesmo desejo atacou-o de nove, tio tenaz como antes. Pediu & mae que convencesse o pai a deixi-to fa 2, 20 menos, uma tinea viagem. A mée exaltou-se com © pedidoe o pai, a0 tomar conhecimento, disse: — Se ele partir, serd o maior desgracado queDeusde\- ‘tou ao mundo, Nao posso dar o meu consentimento, Robinson permaneceu em casa mais algum tempo, ‘até completar dezanove ahos de idade, sempre a pensar ‘no mar. Mas, um dia, ao visitar Hull, uma grande cidade ‘a beira-mar, a fim de se despedir de um dos seus amigos ‘que ia para Londres, nao conseguiu resistir oportunida- de, Sem avisar os pais, tomou lugar no navio do seu ami- go. fez-se a0 mar. Porém, logo que o vento comecou a soprar eas ondas ‘comegaram a crescer, o pobre rapaz assustou-se ¢ enjoou de tal maneira que jurou voltar par ssesse os pés em terra firme. Ea promessa manteve-se até o vento deixar de soprar. © seu amigo e os marinheiros riram-se e chamaram-lhe ‘mediroso. Assim que o tempo se pos bom eo Sol comecou abrilhar, esqueceu tudo o que decidira acerca do regres- s0 para junto dos pais. Passados alguns dias, 0 navio teve de ancorar e espe- rar por vento de feigao, quando navegava ao largo da bafa de Yarmouth, na sua rota para Londres. Naquele tempo ‘nao havia vapores e as embarcagdes 36 podiam mover-se vela, de modo que, se havia calmaria ou o vento soprava ‘20 contra, era preciso esperar, justamente onde esta -vam, que soprasse vento favordvel. Enquanto permaneciam em Yarmouth, 0 tempo pio- rou, desencadeando-se uma grande tempestade, O mar estava tdo encapelado e o navio corria tal perigo que aca- bbaram por ter de cortar os mastros, a fim de 0 aliviar € sim que pu- defender dos terrivels balangos. O capitae disparou al- guns tiros, pedindo socorro. Outro navio que captou pedido arriou um escaler. Com muita dificuldade, conse- guiram acostar e recolher Robinson e toda a tripulagio, pouco antes de o barco se afundar, Finalmente, desem- barcaram, todos molhados e em lastimoso estado, tendo perdido todas as suas roupas, salvo as que vestiam. Robinson trazia algum dinheiro consigo; foi para Lon- es, por terra, pensando que, se agora voltasse para casa, todos ririam a sua custa, Em Londres travou relagbes com um capitio de navios ‘que regressara, recentemente, de uma viagem a costa da Guiné, como entdo se chamava a essa parte de Africa; 0 ‘capltio estava tao satisfeito com o dinhelro que Ié tinha ¢ganho que facilmente o convenceu a acompanhé-lo na sua préxima viagem. Robinson levou consigo brinquedos, missangas e ou- ‘ras quinquilharias que pudesse negociar com os nativos. [Em toca, trouxe de ld tanto pé de olro que se convenceu ‘que, em breve, faria fortuna. E, mal péde, partiu para uma segunda viagem. Mas, desta vez, nao foo afortunado, pols antes de che- {garem a costa africana, numa manha, muito cedo, avistaram ‘outro navio que lhes pareceu ser um barco de piratas. ‘Tao veloz era a sua marcha que, antes do anoitecer, es- tava préximo do navio de Robinson. Em superioridade de homens e de armas, os piratas rapidamente tomaram 0 navio e aprisionaram toda a tipulagdo que nao fora mor- ta, tornando-os seus escravos.

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