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MARA DE AINA MORETY COLTO, Conant Genberd aa devanguadcateona madris EM MARIA DE FATIMA MORETHY COUTO tr Clement Greenberg, a arte de TEXTOS vanguarda e a teoria modernista RESUMO Este artigo pretende analisar algumas das questées que orientaram a formulagio da teoria modernista por Greenberg, assim como discorrer sobre seus principais postulados e suas limitagées. Ele visa ainda analisar a concepgio ‘greenberguiana de arte de vanguarda enquanto afirmagéo da grande tradigéo pictérica e dos padres estéticos mais elevados do pasado. PALAVRAS-CHAVE critica de arte, teoria modernista, arte de vanguarda, pintura abstrata norte-americana ABSTRACT Thisarticl intends to analyse some ofthe questions that guided the formulation of the mademist theory by Greenberg, and to describe its main pringples and is Jmitations. It stil aims to analyze the greenberguian conception of avant-garde art as an affrration of the great pctorical tracion andthe highest aesthetic patterns trom the past. KEY-WORDS ‘oricisn, modemist theory, avantgarde art, Amerian abstract pairing Bo] rrorone romonscn na pms " ean Crue Dail Seat (rg), Oemert, Grebe, Ls abies du Me ational art mode, Pats, Muse national dart modem, Cente George Poni, 4586 cuten-ievero 198 * Chen Grebe “A recesiade do formalism", in Glia Feria Cia Cin (org), Cement Grenberge0 debate, isd aie, Nino daCtuaFunare€ Jorge Tahar Edt, 97, 128, Pblade eran in Ne Literary Histor vol I, 191-7. 0 go € mea > Yelan Boy “Les amendemens Greenberg es abies do Muse aol €at madre, op. it 9.3 Nas trés iltimas décadas, os escritos de Clement Greenberg vém sendo objeto de anélise da parte de diferentes criticos e historiadores em todo o mundo, dentre os quals destacam-se os nomes de Rosalind Krauss, Leo Steinberg, Hubert Damisch, Yve-Alain Bois e Thierry de Duve. Em 1993, um coléquio sobre o legado de Greenberg reuniu em Paris alguns dos maiores estudiosos de sua obra. Suas intervengées, reunidas em um rndimero especial do Les Cahiers du Musée national d'art moderne revelou, como adverte Jean-Pierre Criqui e Daniel Soutif no preficio da edicdo consagrada ao evento, “que a era dos adeptos incondicionals e dos detratores obstinados cedeu lugar a um trabalho de recepcao propriamente critico”.' © continuo interesse suscitado pelos textos de Greenberg vem apenas. comprovar sua importéncia para o pensamento estético do século XX, No entanto, reconhecer tal valor nao implica em abracar por completo a teoria greenberguiana ou consideré-a como uma causa a ser defendida. Da mesma forma, apontar suas limitacdes nao significa rejeité-la em bloco mas sim compreendé-la como uma explicacao possivel - € no como a tnica explicacéo possivel - para 0 ros iltimos cem anos. desenvolvimento das artes plé ‘Ao identificar como caracteristica principal da arte moderna sua tendéncia a visualidade pura, ou sefa, sua progressiva rejeicdo de todas as convengdes histéricas para lidar apenas com os constituintes especificos de seu meio - 0 que Greenberg definiu como “missio de autodefinigéo radical” nas artes -, a teoria modernista acabou por postular diretrizes & critérios de julgamento sobre o que seria a "boa arte”. Segundo o raciocinio greenberguiano, todo pintor de vanguarda deveria preocupar-se em afirmar o caréter bidimensional da tela (ou no seria moderno. Dentro desse espirito, experiéncias artisticas igualmente marcantes do nosso século foram excluidas da “categoria” modemo. A exclusio mais célebre da parte de Greenberg foi a do trabalho de Marcel Duchamp, cuja repercussio, nos Estados Unidos, atingira seu dpice no periodo da eclosio da arte conceitual. Desde entéo e até sua morte, 0 critico norte-americano nao se cansaria de alertar para o perigo da primazia da idéia no processo artistico - cuja origem ele remonta a Duchamp -. considerando-a como um ataque as mais altas ambigdes que deveriam reger a melhor arte em todos os tempos. "A primeira investida frontal contra o ‘formalismo' surgida no seio da vanguarda, ou do que era conhecido como tal, foi a de Duchamp e do dad, e ela se firmou imediatamente como rebaixamento de caspirogées”, afirmou Greenberg em 1972." No entanto, ironicamente, Duchamp talvez tenha sido aquele que mais se preocupou em demonstrar a artificialidade das convengées @ dos critérios de julgamento artisticos, embora - e af encontra-se sua divergéncia fundamental com Greenberg - no considerasse que a esséncia de cada arte residisse na afirmagao de seu meio. “Duchamp seré o inimigo maior de Greenberg” (...), afrma Yve-Alain Bois, “porque ele havia considerado a convencéo institucional, a que lida com o valor expositivo de toda, obra de arte, como uma condicéo tao necesséria quanto, ou talvez mais necesséria do que a planaridade, para a existéncia da obra, ¢ por este motivo igualmente digna de ser objeto de uma andlise reflexiva"? MARIA DE FATIMA MORETHY COUTO, Clement Greenberg a arte de vanguarda ea toon modems Por outro lado, a0 procurar inserir a arte de vanguarda - 0 modernismo - na continuidade da grande tradicao pictérica, Greenberg aderiu a uma concepgao evolutiva ¢ linear da histéria da arte. Na realidade, se a arte norte-americana dos anos 1950, em. ‘especial 0 expressionismo abstrato, parecia encaixar-se com perfeicio na explicagéo por ele proposta, diferentes tendéncias artisticas que surgiram na década seguinte, como 0 minimalismo, a pop art ou ainda a arte conceitual, promoveram o colapso do paradigma modernista. Diante de sua dificuldade em compreender - ou de sua incapacidade para explicar - tais correntes, talvez as mais inovadoras dos anos 1960, Greenberg nao hesitou em promover novas “excomunhées”, rejeitando o trabalho de alguns artistas contemporaneos que, em sua opinido, buscavam apenas escandalizar € chocar © puiblico, como Frank Stella, Richard Serra e Julian Schnabel. Seu julgamento contra a pop art ndo foi menos severo. Para Greenberg, a pop ort era uma manifestacdo vanguardista e ndo verdadeiramente de vanguarda. Ela era apenas “uma escola e uma moda”, equivalendo “a um novo episédio na histéria do gosto, mas nao a um episédio autenticamente novo na evolugéo da arte contemporanea. (..) Por mais divertida que seja a pop art, néo a considero realmente original”, escreveu em 1964. “A pop art desafia, ‘© gosto apenas superficialmente”. Naquele momento, Greenberg acreditava que “um novo episédio na evolucéo” da arte abstrata norte-americana vinha se dando através da obra de artistas que, ao invés de repudiar as melhores realizagdes do expressionismo abstrato, procuravam renova-lo, imprimir-Ihe um novo frescor. Dentre os maiores niomes dessa nova geragio que aprendera com o expressionismo abstrato e que parecia disposta a “prolongar a empreitada modernista de autodefinigio da arte”, estavam, em sua opiniéo, Helen Frankenthaler, Sam Francis, Jules Olitsky e Kenneth Noland. ‘Antigos discipulos ou colaboradores de Greenberg, embora jamais tenham negado © papel histérico de sua atuacao como critico, acabaram por rebelar-se contraa pretenséo universalista e o carter dogmético da teoria modernista. O que parecia ser um “modelo pragmitico de boa critica de arte”, um método “que exigia lucidez” e que era capaz de “explicar os fatos pictéricos mais importantes dos éltimos cem anos como uma progressio compreensivel” revelou-se, aos olhos de alguns, uma teoria normativa e prescritiva, responsivel por uma interpretacdo que “reduzia a arte dos tltimos cem anos a um elegante fluxo unidimensional”.* Nesse sentido, o depoimento de Rosalind Krauss é bastante elucidativo. Em sua opinido, a grande adesio & teoria greenberguiana, io dos anos 1960, a metodologia modernista apresentava-se como uma alternativa efetiva contra “a lamiria psicologizante da critica existencialista dos anos 1950” "A solucdo, a nosso ver”, relembra Krauss em 1972, “estaria numa demonstragio clara do tipo: ‘se x, logo y’. O silogismo que adotamos era de origem histérica, 0 que significava que s6 podia ser lido numa direcéo; era progressista. Nao era possivel nenhum d rebours, nenhum movimento de retorno. Ahistéria, que viamos, de Manet até os impressionistas e Cézanne, e depois até Picasso, era como nos Estados Unidos, deu-se sobretudo porque, no © Caeg de eqs os paimeryabiracien, crysis por Grebe en 1964 ro Los Ages Cuny usu eda ga particparan trina eu arta, Gruber jamais altar ars ua opi bre 2 pop at, ‘ mininalie eae covtial En um ébate plo premovide pela Uva de Oa em 1987 the dear gue price de ida wa ate fora maior repens pla vlad modismos ede vangadinas a segunda tad do a a Ascii nea si aura Thier Due, Neslné Kas «LS, repeciranene.

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