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1.

O SANEAMENTO NO ESTADO DO MARANHÃO

O saneamento básico no Estado do Maranhão tem como referenciais históricos dois


marcos bem distintos identificados como período pré-estatal que se desenvolveu do
ano de 1850 a 1946 e período estatal que se inicia em 1947 e abrange os dias atuais.
Os primórdios do saneamento se fundamenta na edição da Lei Provincial no 287 de 4
de dezembro de 1850 que concedeu poderes ao presidente da província Sr. Eduardo
Olímpio Machado, para contratar uma companhia com a finalidade de implantar as
canalizações e explorar os serviços de distribuição de água, utilizando as águas do rio
Anil.
Assim, em 1855, foi criada a Companhia de Águas do Rio Anil, com concessão para
venda de água por 60 anos, tendo como administrador das obras o Eng. Raimundo
Teixeira Mendes.
A partir de então foram executadas as primeiras canalizações em São Luís,
interligando os chafarizes localizados nos largos do Quartel, do Carmo, de Santo
Antônio, da Praça da Alegria, do Mercado e do Comércio.
Ainda no limiar dos seus primeiros anos de existência, a recém criada companhia
enfrentou a concorrência da poderosa latifundiária, comerciante e senhora de
escravos, Donana Jansen, proprietária das fontes do Apicum e do Vinhais que já
explorava a venda de água de casa em casa.
Sofreu também o impacto de três epidemias que se abateram sobre a cidade de São
Luís, nos anos de 1851 - Febre Amarela, 1854 - Varíola e 1856 - Desinteira.
Estes fatos, narrados por Silva (2004), marcaram significativamente o curto período de
existência da companhia, que veio a falir por volta de 1872.
No ano de 1874, é fundada a Companhia das Águas de São Luís que além da
autorização para exploração dos serviços de fornecimento de água, obtêm do governo
licença para incorporar toda estrutura patrimonial formada pela sua antecessora.
De suas realizações, constam as obras de assentamento das primeiras tubulações
coletoras de esgotos no ano de 1911, do que viria a ser o sistema de esgotamento
sanitário de São Luís. A companhia funcionou precariamente até sua extinção em
1922.
Na perspectiva de atrair investimentos e novas tecnologias para ampliação dos
serviços de saneamento o estado do Maranhão firmou contrato em 26 de março de
1923 com as empresas norte-americanas Ullen & Company e Brigghtman & Company,
para exploração e ampliação dos serviços de abastecimento de água, coleta e
lançamento de esgotos, implantação dos serviços de eletricidade, transporte e
prensagem de algodão.
Em 1926, os serviços passam a ser explorados exclusivamente pela Ullen
Management Company. Contudo nos anos que se sucederam, dado o desempenho
operacional e a situação de desgaste junto a população, esta companhia veio a ter o
seu contrato rompido, através do Decreto Lei no 1.262 de 15 de junho de 1946.
A estatização dos serviços de saneamento surgiu em maio de 1947 pelo Decreto Lei
no 1.491, com a criação da autarquia estadual denominada Serviços de Águas,
Esgotos, Luz, Tração e Prensa de Algodão - SAELTPA , que absorveu os serviços
antes explorados pela Ullen.
A partir do ano 1955, instala-se no Maranhão o Serviço Especial de Saúde Pública –
SESP, para desenvolver as atividades de saneamento básico, serviços de profilaxia da
malária, assistência médica e sanitária.

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No ano de 1958 o governo estadual publica em 31 de dezembro a Lei no 1.726,
criando o Departamento de Águas e Esgotos Sanitários – DAES, que se instala em 4
de junho de 1959.
Em abril de 1960 com base na Lei Federal no 3.750, o SESP assume a denominação
de Fundação de Serviço Especial de Saúde Pública – FSESP - e passa a ter nos seus
quadros somente técnicos nacionais.
Em 1966 através da Lei Estadual no 2.653 foi constituída a Companhia de Águas e
Esgotos do Maranhão - CAEMA, empresa de economia mista voltada para a expansão
dos serviços de saneamento básico nos municípios do interior do estado
Para atender a demanda dos serviços de saneamento na capital, foi criada pela Lei no
2.978 de julho de 1969 a sociedade de economia mista denominada Companhia de
Saneamento de São Luís - SANEL.
Com o advento do Plano Nacional de Saneamento – PLANASA, o governo do
Maranhão tomou a decisão de centralizar na Companhia de Águas e Esgotos do
Maranhão - CAEMA todas as ações relativas à política de saneamento do estado, e
através da Lei no 3.130 de 30 de março de 1971 autorizou a incorporação da SANEL
pela CAEMA (SILVA, 2004).
Em abril de 1990 com base no art. 14 da Lei Federal no 8.029 a Fundação de Serviço
Especial de Saúde Pública – FSESP passa a denominar-se Fundação Nacional de
Saúde – FUNASA.
Apresentamos a seguir cronologia dos serviços de saneamento no estado do
Maranhão, desde seu início em 1850 até os dias atuais.

Cronologia dos Serviços de Água e Esgotos no Estado do Maranhão

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2. EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DE SÃO LUÍS
De acordo com registros históricos as obras do que viria a ser o embrião do atual
sistema de esgotamento sanitário da cidade de São Luís tiveram início no ano de 1911
com a implantação das primeiras tubulações da rede coletora de esgotos, pela
Companhia das Águas de São Luís.
O projeto então concebido, do tipo separador absoluto, consistia de três bacias de
esgotamento que cobriam a então área urbanizada da cidade, com lançamento dos
seus efluentes sem tratamento na orla marinha, através de 700 metros de emissário
submerso à pequena profundidade.
Foi desta época a execução de 38.400 m de rede coletora em tubos de grês
cerâmicos e a implantação de 4.200 ramais prediais na área de abrangência do
projeto.
Consta que este conjunto de obras permaneceu inoperante durante um período de 12
anos, devido à precariedade de abastecimento motivada pela escassez de água nos
setores beneficiados com redes coletoras de esgotos. E somente em 1923 com o
advento da Ullen & Company e que as obras foram retomadas sendo recuperadas as
redes e galerias existentes, assentados novos trechos de interceptores e executadas
as ligações prediais.
Este sistema de esgotamento englobava também a construção de duas estações de
bombeamento; uma localizada na avenida Beira Mar, com capacidade de 152 l/s,
lançando os efluentes na foz do rio Anil; e outra, construída no bairro do Desterro com
vazão nominal de 106 l/s com o lançamento dos efluentes na foz do rio Bacanga.
A terceira bacia, que não chegou a ser implantada, teria os seus efluentes
direcionados para uma estação de bombeamento no bairro da Macaúba, para também
serem lançados no estuário do Bacanga.
Estas obras e a implantação de tanques fluxíveis estrategicamente dispostos na
cidade, propiciaram a operacionalização das redes coletoras do então sistema de
esgoto, a partir de 1925.
Nos anos seguintes não se realizaram grandes obras de ampliação, e até o ano de
1961 só haviam sido acrescidos ao sistema cerca de 5.260 metros de rede coletora e
2.520 novas ligações prediais.
Em 1962, a FSESP desenvolveu um projeto para ampliação do sistema cuja
concepção se fundamentava na divisão da cidade em 6 (seis) bacias de esgotamento
sanitário, entre as quais considerava o aproveitamento das duas bacias existentes e
das estações elevatórias já implantadas, identificadas como: EE1 – Beira Mar e EE2 –
Desterro.
Este projeto, além da ampliação do sistema coletor envolvia o reestudo da terceira
bacia prevista no projeto anterior. Recomendava ainda a criação imediata de duas
novas bacias, a implantação de suas respectivas estações elevatórias (EE4, EE5)
para transposição dos seus efluentes para a Bacia 3, cujo lançamento final se daria
por meio de emissário submarino a partir da estação elevatória EE3 a ser construída
na margem direita do estuário do Bacanga.
Era previsto numa segunda etapa, a implantação da sexta bacia de contribuição, a
construção da EE6 e uma estação depuradora para prevenir a poluição das praias
além da ponta do São Francisco, que seriam objeto de detalhamento futuro.
Continha este projeto significativo avanço de ordem técnica e operacional; todavia, o
rápido crescimento da cidade, a consolidação de novos bairros, a instalação de novos
conjuntos habitacionais, a ocupação desordenada do espaço urbano decorrentes de
invasões, as alterações introduzidas no sistema viário e, principalmente, a inexistência
de programa de ordenamento espacial urbano e de políticas públicas tornaram
inexeqüível sua implantação em vista de uma nova realidade demográfica.

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Ainda assim, a CAEMA executou até o ano de 1968 parte das redes coletoras e dos
ramais prediais deste projeto nas bacias 3 e 5, abrangendo dentre outros aglomerados
urbanos os bairros do João Paulo e do Filipinho.
O surgimento e a conseqüente incorporação de novos empreendimentos habitacionais
contribuíram para expansão do sistema coletor existente, chegando a CAEMA até o
final da década com 78.110 m de rede coletora e 9.500 ligações prediais cadastradas.
A partir de 1970 a Planidro Engenheiros Consultores S/A desenvolveu para CAEMA,
um projeto que envolvia o estudo espacial da cidade, identificava e delimitava quatro
grandes áreas de contribuição de despejos sanitários, denominadas: Bacia Anil, Bacia
Bacanga, Bacia Oceânica I e Bacia Oceânica II, propondo o lançamento final através
de emissário submarino.
As obras do referido projeto concentraram-se nas bacias do Anil e do Bacanga,
constando da execução de novos trechos de emissários, interceptores, recuperação
das estações elevatórias existentes, construção de novas elevatórias, ampliação da
rede coletora e implantação de ligações prediais. Tais obras vieram a atingir no ano de
1980, os quantitativos de 404,98 km de rede assentada e 44.500 ramais interligados
ao sistema coletor.
No período de 1977 a 1994, foram desenvolvidos pela CAEMA vários estudos para
ampliação do sistema existente e melhoria dos serviços prestados; contudo, tais
estudos não redundaram em ações efetivas que se traduzissem em obras de
expansão do sistema devido à falta de investimentos específicos.
Com o agravamento da situação sanitária ao longo dos anos devido à limitação e
fragilidade do sistema existente, a CAEMA concebeu e desenvolveu no período de
1995 a 1998 os estudos e projetos do que seria denominado Programa de
Saneamento Ambiental da Ilha de São Luis.

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O programa tem como abrangência maior a Ilha de São Luis, na qual estão inseridos
além do município de São Luis, os municípios de São José de Ribamar, Paço do
Lumiar e Raposa.

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ÁREAS DOS MUNICÍPIOS ( km )

66,70
127,90 831,70

436,10

SÃO LUÍS S.J.RIBAMAR PAÇO DO LUMIAR RAPOSA

Constam do referido programa o Estudo de Concepção do Sistema de Esgotamento


Sanitário, Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica, Financeira e Ambiental.
O projeto desenvolvido para a CAEMA pela empresa ESSE-Engenharia e Consultoria,
destaca as seguintes premissas:
─ Sistema, tipo separador absoluto;
─ Ampliação da rede coletora, interceptores e emissários;

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─ Tratamento dos esgotos para remoção dos sólidos em suspensão, matéria
orgânica e patogênicos;
─ Desinfecção dos efluentes tratados na região estuarina;
─ Arranjos espaciais dos componentes do sistema que propiciem a máxima
modulação possível das unidades;
─ Soluções econômicas, sob o prisma da viabilidade técnica, sanitária e ambiental;
─ Estrutura gerencial e capacitação técnica para manutenção e operação do sistema
existente e a implantar;
─ Captação de recursos para dar suporte ao Programa de Saneamento Ambiental da
Ilha de São Luis.
─ Etapalização das obras e ecalonamento dos investimentos, para atender a
implantação global do sistema ao longo de 5 (cinco) etapas.

ETAPA 1:
Compreende uma área de 81 km2 com população projetada no final de plano de
537.000 habitantes, já tendo sido desenvolvidos os projetos Básicos e Estudos
Ambientais.
Os empreendimentos constantes da Etapa 1 do projeto, previa a implantação até o
ano 2000 dos seguintes componentes:
Interceptores 40.968 m
Emissários de Recalque 15.570 m
Redes Coletoras 262.807 m

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Ligações Prediais 21.793 un
Estações Elevatórias 43 un
Estações de Tratamento 04 un
Na área de abrangência desta etapa do projeto foram definidos 4 (quatro) sistemas de
esgotamento, assim identificados:

Sistema Anil:
Com área de 5 km2 abrange grande extensão territorial da margem esquerda do Rio
Anil, se divide em 56 sub-bacias de esgotamento, tendo atualmente os esgotos
lançados no próprio rio Anil, em seus afluentes, em regiões alagadas, manguezais e
canais da rede de drenagem.

As intervenções em obras da Etapa 1 previstas neste sistema, são:


Execução de Interceptores: (DN 150 a 500) 5.024 m
Execução de Emissários de Recalque: (100 a 350) 4.386 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150 a 250) 43.052 m
Execução de Ligações Prediais 3.659 un
Execução de Estações Elevatórias: (1 a 40 CV) 13 un
Execução de Estações de Tratamento: (RAFA : 86,90 l/s) 01 un
Recuperação de Estações Elevatórias 04 un
Recuperação da ETE – Maiobão: (Lagoas : 68 l/s) 04 un
Recuperação da ETE – Cidade Operária: (Lagoas : 97l/s) 03 un

Sistema Vinhais:
Consta de 117 sub-bacias, inseridas em uma área de 42 km2 que se desenvolve ao
longo da margem direita do Rio Anil, limitando-se à montante da ponte Bandeira
Tribuzzi, proximidades do bairro Tirirical, áreas da bacia do rio Paciência e da Bacia
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Oceânica, tendo seus esgotos lançados atualmente no rio Anil, Igarapé do Vinhais, em
regiões alagadas, manguezais e canais da rede de drenagem.

As intervenções em obras da Etapa 1 previstas no sistema Vinhais, são:


Execução de Interceptores: (DN 150 a 1.000) 11.981 m
Execução de Emissários de Recalque: (100 a 600) 3.224 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150 a 250) 119.370 m
Execução de Ligações Prediais 9.533 un
Execução de Estações Elevatórias: (3 a 100 CV) 08 un
Execução de Estações de Tratamento: (RAFA : 451,89 l/s) 01 un
Recuperação de Estações Elevatórias 10 un

Sistema São Francisco:


Conta com 113 sub-bacias em uma área de 19 km2 que engloba parte da margem
direita do rio Anil desde a ponte Bandeira Tribuzzi até a Bacia Oceânica, tem a maior
parte dos seus esgotos lançados no rio Anil, em regiões alagadas, manguezais e
canais da rede de drenagem e o restante tratado na ETE – Jaracati que tem seus
efluentes lançados no Igarapé do Jaracati.

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As intervenções em obras da Etapa 1 previstas no sistema São Francisco, são:
Execução de Interceptores: (DN 150 a 600) 17.624 m
Execução de Emissários de Recalque: (100 a 400) 5.419 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150 a 200) 53.087 m
Execução de Ligações Prediais 4.494 un
Execução de Estações Elevatórias: (2 a 60 CV) 14 un
Execução de Estações de Tratamento: (RAFA : 178,23 l/s) 01 un
Recuperação de Estações Elevatórias 02 un

Sistema Bacanga:
Totaliza 57 sub-bacias distribuídas por uma área de 15 km2 que ocupa a margem
direita do rio Bacanga e pequena porção da margem esquerda do rio Anil, tendo
pequena parte dos seus esgotos tratados na ETE – Bacanga e o restante lançados
nos rios Anil, Bacanga e seus afluentes, em regiões alagadas, manguezais, talvegues
e canais da rede de drenagem.

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As intervenções em obras da Etapa 1 previstas no sistema Bacanga, são:
Execução de Interceptores: (DN 150 a 600) 6.339 m
Execução de Emissários de Recalque: (DN 100 a 600) 2.541 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150 a 350) 47.298 m
Execução de Ligações Prediais 4.107 un
Execução de Estações Elevatórias: (3 a 100 CV) 08 un
Execução de Estações de Tratamento: (RAFA : 242,66 l/s) 01 un

PROGRAMA DE OBRAS EMERGENCIAIS


Dada a necessidade de reverter as precárias condições sanitárias e ambientais do
Centro Histórico da cidade, da Orla Oceânica e de suas praias e tendo por base os
elementos do Projeto Básico da Etapa 1, o Governo do Estado do Maranhão decidiu
deflagrar um Programa de Obras Emergenciais objetivando atender as áreas
discriminadas a seguir:

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Área do Centro Histórico

CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUIS – MA.

Execução de Coletor Tronco: (DN 300 e 400) 1.646 m


Execução de Linhas de Recalque: (DN 300 e 400) 896 m
Execução de Estações Elevatórias: (10 e 25 CV) 02 un
Execução da ETA - Bacanga: (RAFA : 242,66 l/s) 01 un

Área de Praias da Avenida Litorânea

Execução de Interceptores: (DN 150 a 600) 4.466 m


Execução de Emissários por Gravidade: (200 e 250) 828 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150) 6.971 m
Execução de Linhas de Recalque: (DN 150 a 400) 3.383 m
Execução de Estações Elevatórias: (5 a 120 CV) 05 un
Execução da ETA - Jaracati: (RAFA : 178,23 l/s) 01 un

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Recuperação de Interceptores: (DN 800) 102 m

Área da Praia do Olho D’água


Execução de Interceptores: (DN 150) 1.803 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150) 6.025 m
Execução de Linhas de Recalque: (DN 100) 1.200 m
Execução de Estações Elevatórias: (4 CV) 01 un
Execução da ETA - Jaracati: (RAFA : 8,68 l/s) 01 un

Área da Ponta da Areia


Execução de Interceptores: (DN 150 e 400) 865 m
Execução de Redes Coletoras: (DN 150) 4.800 m
Execução de Linhas de Recalque: (DN 150) 261 m
Execução de Estações Elevatórias: (3 CV) 01 un
OBS: Os esgotos serão tratados na ETE - Jaracati

Área da Lagoa da Jansen

Execução de Interceptores: (DN 150 e 400) 5.827 m


Execução de Redes Coletoras: (DN 150) 11.500 m
Execução de Linhas de Recalque: (DN 100 e 200) 1.046 m
Execução de Estações Elevatórias: (4 e 10 CV) 04 un
OBS: Os esgotos serão tratados na ETE - Jaracati

OBRAS EXECUTADAS DA ETAPA 1


As intervenções deste Programa, constantes da Etapa 1, que foram realizadas pela
então Gerência Metropolitana de São Luís, passaram a integrar o sistema de
esgotamento sanitário da cidade de São Luís operado pela CAEMA, e constaram de:
Execução de Interceptores: 13.063 m
Execução de Emissários por Gravidade: 828 m
Coletor-Tronco 1.646
Execução de Redes Coletoras: 21.325 m

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Execução de Linhas de Recalque: 6.167 m
Execução de Estações Elevatórias: 13 un
Execução da ETA’s: Jaracati e Bacanga 02 un

ETAPA 2 DO PROGRAMA:
Previa para até o ano 2005 a implantação de:
Execução de Interceptores: 16 km
Execução de Redes Coletoras: 181 km
Execução de Ligações Prediais 13.000 un
Execução de Estações Elevatórias: 8 un
Execução de Estações de Tratamento: 4 un

ETAPA 3 DO PROGRAMA:
Previa para até o ano 2010 a implantação de:
Execução de Interceptores: 18 km
Execução de Redes Coletoras: 88 km
Execução de Ligações Prediais 38.000 un
Execução de Estações Elevatórias: 4 un
Execução de Estações de Tratamento: 4 un

ETAPA 4 DO PROGRAMA:
Previa para até o ano 2015 a implantação de:
Execução de Redes Coletoras: 58 km
Execução de Ligações Prediais 9.000 un

ETAPA 5 DO PROGRAMA:
Previa para até o ano 2020 a implantação de:
Execução de Redes Coletoras: 29 km
Execução de Ligações Prediais 12.000 un

3. O ATUAL SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DE SÃO LUÍS

O sistema de esgotamento sanitário de São Luís, do tipo separador absoluto, abrange


a área urbana da cidade e se estende por sobre o corredor Bacanga-Anjo da Guarda e
áreas periféricas dos municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar,
totalizando 16.639,27 ha. e ocupando 11,38% da área total da ilha de São Luís.
(ANJOS NETO, 2006)

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Bacias de Esgotamento Sanitário
Espacialmente, o sistema está dividido em 5 (cinco) bacias de esgotamento sanitário
denominadas: Bacia Anil, Bacia Bacanga, Bacia Paciência, Bacia Oceânica e Bacia
Jeniparana, topograficamente definidas a partir dos talvegues naturais e declividade
do relevo.

Bacias do Sistema Existente

CALHAU

BACIA OCEÂNICA
RENASCENÇA

SÃO ETE
JARACATI
FRANCISCO

BACIA PACIÊNCIA
BACIA ANIL
CAMBOA
LIBERDADE

BEQUIMÃO

CENTRO
MONTE
VILA NOVA CASTELO

COHATRAC
ALEMANHA
CONJUNTO
VILA
MAIOBÃO
PALMEIRA

BAIRRO DE
SANTA
SÃO RAIMUNDO FÁTIMA JOÃO PAULO ANIL
CRUZ
VILA MAURO
BARRETO
FECURY

VILA BACANGA FILIPINHO

BACIA BACANGA I
CAMPUS DA UFMA
FORQUILHA

PINDORAMA

BACIA BACANGA II
ANJO DA GUARDA

TIRIRICAL

SÁ VIANA
BACIA JENIPARANA
SÃO CRISTÓVÃO

CIDADE
VILA EMBRATEL
OPERÁRIA

BACIA DE ESGOTAMENTO DO ANIL


Ocupa a posição central da cidade de São Luís e seus limites se estendem pelos
divisores das bacias de esgotamento sanitário do Bacanga, Oceânica e Paciência,
desenvolvendo-se no sentido noroeste em direção a Baía de São Marcos, onde
deságua no Oceano Atlântico.
Envolve uma área de 5.057,57 ha com população residente estimada em 232.648
habitantes. Conta com 265,89 km de rede coletora e 23.424 ramais prediais
implantados que corresponde a um índice de 11,35 metros de rede por ramal predial.
Por sua vez, a rede hidrográfica desta bacia, é formada pelos rios Anil, Ingaúra,
Jaguarema, pelos igarapés do Vinhais, Jaracati, da Jansen, da Camboa, córregos da
Alemanha, do Barreto dentre outros de menor expressão.
O rio Anil, mais importante manancial da bacia, tem historicamente sua nascente na
chapada do Tirirical a 58 metros de altitude, e o eixo direcional de sua calha obedece
ao sentido geral de sudeste para noroeste a partir da nascente, desenvolve-se por

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uma extensão de 13,80 km aproximadamente e apresenta um traçado bastante
sinuoso no trecho em que atravessa o centro urbano da cidade.
Deságua na baía de São Marcos entre o Cais da Sagração na Avenida Beira Mar e a
ponta do São Francisco (MACEDO, 2003).
Constitui-se no principal corpo receptor desta bacia, recebendo ainda parte dos
efluentes sanitários transpostos por recalque, oriundos das bacias Paciência e
Oceânica.
As mais relevantes estações elevatórias de esgoto no contexto operacional desta
bacia e a estação de tratamento estão relacionadas a seguir:

EEE’s e ETE da bacia do Anil


EEE - ESTAÇÕES VAZÃO TIPO DO SITUAÇÃO DESCARGA
ELEVATÓRIAS ( l/s ) ESGOTO ATUAL DO EFLUENTE
São Domingos I 8,33 Tratado Parada Bacia Anil
Araras 8,33 Bruto Operando Pinheiros
Pinheiros 5,56 Tratado Parada Bacia Anil
Ponta da Areia 6,25 Bruto Operando Ana Jansen 1.1
Ana Jansen 1.1 11,37 Bruto Operando Ana Jansen 1.2
Ana Jansen 1.2 22,89 Bruto Operando Ana Jansen 1.3
Ana Jansen 1.3 49,33 Bruto Operando S. Francisco 1.2
Ana Jansen 2.1 5,56 Bruto Operando Ana Jansen 1.3
São Francisco 1.2 86,10 Bruto Operando ETE-Jaracati
Jaracati 86,10 Bruto Operando ETE-Jaracati
ETE - JARACATI 178,23 Tratado Operando Rio Anil

Constata-se por outro lado, que nem todos os despejos que alcançam o sistema
coletor fluem para as estações elevatórias, pois que considerável número de
lançamentos de esgotos é direcionado para corpos d’água superficiais, canais,
galerias da rede pluvial, áreas baixas alagadas e manguezais.
Com base nos parâmetros usuais de projeto (população, cota per capta, coeficiente de
retorno), calculou-se em 283,36 l/s a vazão dos esgotos gerados na bacia do Anil. As
parcelas de vazão transpostas por recalque das bacias Paciência e Oceânica são
respectivamente, 186,68 l/s e 110,73 l/s.
Nesta bacia, integrada ao sistema público, existe apenas a ETE-Jaracati, com
capacidade nominal de 178,23 l/s operando no momento com vazão afluente de 95 l/s.
Isto equivale dizer que 485,77 l/s de esgoto bruto, alcançam o rio Anil e seus afluentes
sem qualquer tipo de tratamento.

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Pontos de lançamento de Esgotos sem Tratamento.

ETE - JARACATI

Tratamento Preliminar
Na ETE Jaracati, a retenção dos sólidos grosseiros se faz através de grade grossa fixa
de limpeza manual e grades curvas de limpeza mecanizada que descarregam os
materiais e resíduos nelas retidos em uma correia transportadora.
A retirada de areia se faz por meio de desarenador mecanizado com campo de ação
circular, constituído de uma ponte rotativa com raspador de fundo que conduz a areia
sedimentada no tanque para um poço lateral, de onde, através de um parafuso
helicoidal, a areia retida é mecanicamente removida do desarenador e lançada por
gravidade na caçamba de recolhimento de areia.
O esgoto bruto, livre dos materiais e sólidos indesejáveis, passa pelo processo de
medição de vazão a montante dos reatores.
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Os materiais retidos na fase de gradeamento e areias retirados no processo são
recolhidos em caçambas metálicas para remoção e disposição final em aterro
sanitário.

Tratamento Primário
Os efluentes sanitários oriundos da etapa de tratamento anterior são recalcados a
partir de uma estação elevatória de alimentação dos Reatores Anaeróbicos de Fluxo
Ascendente - RAFA, que, de acordo com a vazão afluente, tem os seus conjuntos
moto-bomba alternadamente ligados e desligados automaticamente por comando de
sensores de nível instalados no tanque de sucção das bombas.
a descarga do esgoto bruto é feita na parte superior do reator rafa em caixa central de
distribuição, que por sua vez alimenta cada módulo através de um canal associado a
caixas divisoras de vazão, de onde partem os tubos que conduzem o esgoto bruto
para o interior do reator, distribuíndo-o uniformemente pela área do fundo.
O RAFA é essencialmente constituído por uma estrutura de concreto armado,
devidamente protegido contra a ação química dos gases desprendidos pelo esgoto, no
qual o afluente entra pelo fundo. O afluente em seu movimento ascendente atravessa
uma zona de digestão na parte inferior do reator, onde se encontra o leito de lodo
biológico. Em uma zona logo acima forma-se a manta de lodo.
A mistura do sistema é promovida pelo fluxo ascensional do esgoto e pelas bolhas de
gás que se formam no processo. O biogás segue em trajetória ascendente com o
líquido, após este ultrapassar a camada de lodo biológico e a manta de lodo, em
direção a superfície do reator.
Na parte superior do reator, um dispositivo interno denominado separador trifásico
garante condições tranqüilas para a sedimentação das partículas sólidas carregadas
de biogás se desgarraram. Desta forma, as partículas retornam à câmara de digestão
ao invés de serem arrastadas para fora do sistema, e assim a estabilização da matéria
orgânica ocorre em todas as zonas de reação.
O lodo formado no reator durante o processo de tratamento é recolhido em leitos de
secagem até atingir a carga correspondente a 30 cm de altura, quando é então isolado
para a desidratação e secagem completa até o momento de sua remoção para o
aterro sanitário.
O líquido drenado através dos leitos de secagem flui por gravidade para o poço de
sucção da estação elevatória de líquidos percolados, que o reconduz ao tanque de
sucção da elevatória de alimentação do reator, fazendo, desta forma, a recirculação do
percolado.
Os gases produzidos durante o processo de tratamento no interior do reator, são
recolhidos através de tubulação de aço protegida por válvulas reguladoras de pressão,
válvula corta chamas e medidores de vazão de gás, que alimentam os queimadores
de gás localizados fora da área de instalação do reator.
De acordo com o projeto, a redução dos parâmetros afluentes esperadas nesta etapa
são apresentados a seguir:
DBO 60 a 80 %
Nitrogênio 10 a 20 %
Fósforo 10 a 20 %
SST 50 a 60 %
Coliformes 90 a 99 %

Desinfecção do Efluente

A desinfecção do efluente é feita por ozonização, processo que envolve a geração do


ozônio a partir do ar atmosférico, passando pelas seguintes etapas de: Admissão do ar
atmosférico, Remoção de Materiais Particulados, Compressão do Ar Atmosférico,

17
Resfriamento do Ar Comprimido, Secagem do Ar; Introdução do Ar Seco no Gerador
de Ozônio, Aplicação de Descarga Elétrica de Alta Voltagem, Controle da Vazão de
Ozônio produzido, Aplicação e Dissolução do Ozônio no Tanque de Contato,
Destruição do Ozônio não utilizado no processo.

Processo de Geração e Aplicação de Ozônio

Processo de tratamento empregado na ETE Jaracati.

C.M.B.

LEGENDA:
GRADE GROSSA TANQUE DE CONTATO

GRADE CURVA MECANIZADA EFLUENTE FINAL

DESARENADOR LEITO DE SECAGEM DO LODO


MEDIDOR DE VAZÃO ELEVATÓRIA DE LÍQUIDO PERCOLADO
REATOR ANAERÓBICO DED FLUXO ASCENDENTE (R.A.F.A) CAÇAMBA DE MATERIAL GRADEEADO
QUEIMADOR DE GÁS CAÇAMBA DE AREIA
GERADOR DE OZÔNIO CAÇAMBA DE LODO DESIDRATADO

Fonte: ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA - ESSE (1988)

Os equipamentos e acessórios das unidades operativas utilizados no processo de


tratamento da ETE – Jaracati são apresentadas a seguir:

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Equipamentos e acessórios das unidades operativas da ETE Jaracati
UNID. OPERATIVAS E EQUIPAMENTOS QUANT. SITUAÇ. OPERACIONAL
TRATAMENTO PRELIMINAR
Grade Grossa de Limpeza Manual 01 Operando
Grade Curva com Raspador Mecanizado 02 Apenas 1 está operando
Desarenador Mecanizado com Raspador 02 Apenas 1 está operando
Parafuso Helicoidal Mecanizado 02 Operando
Esteira Transportadora de Resíduos 01 Operando
Caçamba de Material Gradeado 01 Operando
Caçamba de Recolhimento de Areia 02 Operando
TRATAMENTO PRIMÁRIO
Medidor de Vazão Ultrasônico 01 Parado em manutenção
Reatores Anaeróbicos de Fluxo Ascendente
e Manta de Lodo - RAFA 03 Operando
Queimadores de Gás do Sistema de Coleta 02 Operando
Leitos de Secagem do Lodo 16 Operando
Caçambas de Lodo Desidratado 04 Operando
ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE LÍQUIDO PERCOLADO
Conjuntos Moto-Bomba 02 Operando
Quadros de Comando dos CMB’s 01 Operando
DESINFECÇÃO FINAL DO EFLUENTE
Geradores de Ozônio 02 Parado em manutenção
Tanque de Contato 01 Operando

Lançamento Final do Efluente


O efluente do processo aqui descrito é lançado no riacho jaracati, tributário do rio anil,
em uma região com pequena área remanescente de manguezal.

BACIA DE ESGOTAMENTO DO BACANGA


Situa-se na porção sudoeste da ilha, limitada pelo divisor da Bacia Anil, sendo
recortada no sentido noroeste pelo Rio Bacanga, o qual deságua na Baía de São
Marcos. Abrange uma área de 3.146,59 ha com população residente estimada em
207.675 habitantes.
Conta com 106,21 km de redes coletoras, 21.689 ramais prediais implantados,
correspondendo a um índice de 4,90 metros de rede por ramal predial. A rede
hidrográfica existente é constituída pelos rios Bacanga, Bicas, Piancó, Itapicuraíba, e
Igarapés do Tamancão, Anjo da Guarda, Tapete, Coelho, Igarapé da Areinha e
Igarapé do Mercado.
O Rio Bacanga, principal manancial da bacia, com extensão de 9.500 metros,
obedece a uma direção geral de sul para norte tendo o rio das Bicas como seu
principal tributário (JURAS; DAMÁSIO; LAO; et al,1983).
O rio Bacanga e o rio das Bicas são os principais corpos receptores da bacia. Calcula-
se a vazão de despejos da ordem de 159,38 l/s que alcança o rio Bacanga e seus
afluentes sem qualquer tipo de tratamento, através de inúmeros pontos de
lançamentos de esgoto bruto.
EEE’s e ETE da Bacia do Bacanga

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EEE - ESTAÇÕES VAZÃO TIPO DO SITUAÇÃO DESCARGA
ELEVATÓRIAS ( l/s ) ESGOTO ATUAL DO EFLUENTE
Parque Timbiras 8,00 Bruto Operando Rio das Bicas
Areinha 19,44 Bruto Operando Rio das Bicas
Beco da Prensa 43,50 Bruto Operando Estrela
Estrela 43,61 Bruto Operando Portinho
Portinho 68,00 Bruto Operando ETE-Bacanga
ETE - BACANGA 242,66 Tratado Operando Rio Bacanga
Fonte: COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO MARANHAO

A ETE-Bacanga, com capacidade nominal de 242,66l/s é a única estação de


tratamento de esgotos da área de abrangência desta bacia, opera no momento com
vazão afluente de 68,00l/s. Esta estação conta com os mesmos processos de
tratamento da ETE - Jaracati descritos anteriormente.

Equipamentos e Acessórios das Unidades Operativas da ETE - Bacanga.


UNID. OPERATIVA E EQUIPAMENTOS QUANT. SITUAÇ. OPERACIONAL
TRATAMENTO PRELIMINAR
Grade Grossa de Limpeza Manual 01 Operando
Grade Curva com Raspador Mecanizado 02 Operando
Desarenador Mecanizado com Raspador 02 Operando
Parafuso Helicoidal Mecanizado 02 Operando
Esteira Transportadora de Resíduos 01 Operando
Caçamba de Material Gradeado 01 Operando
Caçamba de Recolhimento de Areia 02 Operando
TRATAMENTO PRIMÁRIO
Medidor de Vazão Ultrasônico 01 Operando
Reatores - RAFA 02 Operando
Queimadores de Gás do Sistema de Coleta 02 Operando
Leitos de Secagem do Lodo 16 Operando
Caçambas de Lodo Desidratado 04 Operando
ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE LÍQUIDO PERCOLADO
Conjuntos Moto-Bomba 02 Operando
Quadros de Comando dos CMB’s 01 Operando
DESINFECÇÃO FINAL DO EFLUENTE
Geradores de Ozônio 02 Operando
Tanque de Contato 01 Operando

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ETE - BACANGA

BACIA DE ESGOTAMENTO DO PACIÊNCIA


Localiza-se na posição oriental da ilha de são luís, limitada pelos divisores da bacia
oceânica ao norte, bacia anil a oeste e bacia jeniparana ao sul. estende-se por uma
área de 5.232,95 ha, com população residente estimada em 251.182 habitantes. conta
com 241,53 km de rede coletora, 26.027 ramais prediais implantados, correspondendo
a um índice de 9,28 metros de rede por ramal predial. A malha hidrográfica desta
bacia é constituída pelos rios Paciência, Saramanta, Prata, Santo Antônio, Itapiracó,
Santa Rosa, Miritiua e pelos igarapés Cumbique, Iguaíba, Cristovão, Cajueiro,
Maiobão e Genipapeiro, dentre outros.
O rio Paciência, principal corpo hídrico da bacia, apresenta um curso de 23 km
inserido num ambiente estuarino que se desenvolve no sentido nordeste da Ilha de
São Luís, desembocando na Baía de São José (MACEDO, 2003).
Os esgotos gerados nesta bacia, têm destinação final nos corpos receptores da
própria bacia; outra parte é possível de ser revertida através de estações elevatórias
para as bacias do Anil e Jeniparana. Assim é que os efluentes das EEE’s IPEM - São
Cristóvão, Cohatrac, Cohab Anil, Turu II totalizando uma vazão da ordem de 186,68
l/s, é transposta para a Bacia Anil. (ANJOS NETO, 2006).
Já os esgotos afluentes à EEE Maiobão Geral, em torno de 69,00 l/s, são revertidos
para a ETE-Maiobão, que tem seu lançamento final a juzante do porto do Mocajituba.
Enquanto isto, a transposição de 70,00 l/s afluentes à EEE Operária 1 para a EEE
Operária 2 da bacia Jeniparana, não se realiza desde a desativação de ambas
elevatórias.
Em decorrência disto os esgotos estão sendo desviados das referidas EEE’s e
lançados diretamente em canais, galerias pluviais e córregos da malha hidrográfica da
bacia do Paciência.
Hoje, a vazão de esgoto bruto que alcança o rio Paciência e seus afluentes é da
ordem de 114,69 l/s. (ANJOS NETO, 2006)

Nesta bacia existem duas estações de tratamento, a ETE – Maiobão/Mocajituba,


constituída por duas séries de lagoas anaeróbicas e facultativas, com capacidade
nominal de 69 l/s, e a ETE - Lima Verde com capacidade nominal de 8,00 l/s,

21
constituída por um tanque séptico associado a um filtro anaeróbico de leito fixo de
pedra e três células para leitos de secagem de lodo.

As elevatórias de esgotos de maior relevância são relacionadas na Tabela a seguir:

EEE - ESTAÇÕES VAZÃO TIPO DO SITUAÇÃO DESCARGA


ELEVATÓRIAS DE ( l/s ) ESGOTO ATUAL DO EFLUENTE
Turu III 20,00 Bruto Parada Turu II
Turu II 44,45 Bruto Operando Bacia Anil
Cohab 52,78 Bruto Operando Bacia Anil
Cohatrac 69,45 Bruto Operando Bacia Anil
Girassol 5,56 Bruto Desativada Bacia Anil
Ipem-S.Cristovão 20,00 Bruto Operando Bacia Anil
Juçara 3,33 Tratado Operando Bacia Anil
Arpoador 5,56 Bruto Operando Bacia Anil
Quintas do Sol 16,67 Bruto Parada Bacia Anil
Vivendas do Turu 6,00 Tratado Desativada Bacia Paciência
Campo Verde 4,17 Tratado Operando Bacia Paciência
Lago Verde 8,87 Tratado Operando Bacia Paciência
Lusíadas 22,00 Bruto Operando Lusitanos
Lusitanos 15,00 Bruto Operando Bacia Paciência
Maiobão Geral 69,00 Bruto Operando ETE-Maiobão
Lima Verde 8,50 Tratado Operando ETE-Lima Verde
Operária I 70,00 Bruto Desativada Bacia Jeniparana
ETE-LIMA VERDE 8,00 Tratado Parada Rio Paciência
ETE - MAIOBÃO 69,00 Tratado Operando Rio Mocajituba

Lagoa Anaeróbica da ETE Maiobão/Mocajituba

22
Lagoa Facultativa da ETE Maiobão/Mocajituba

Filtro Anaeróbico da ETE Lima Verde

23
Leitos de Secagem da ETE Lima Verde

BACIA DE ESGOTAMENTO OCEÂNICA


Abrange a faixa territorial situada na posição norte da Ilha, limitada pelo Oceano
Atlântico. Ao sul limita-se pelos divisores das bacias do Anil e Paciência; e a leste,
pelo contorno dos municípios de São Luís e São José de Ribamar.
Desenvolve-se ao longo de uma área de 2.331,30 ha, com população residente
estimada em 76.933 habitantes, conta com 89,47 km de rede coletora e 9.543 ligações
prediais de esgotos implantadas, correspondendo a um índice de 9,38 metros de rede
por ramal predial.
A malha hidrográfica desta bacia é constituída por cursos d’água de pequena
expressão que deságuam na faixa costeira do Oceano Atlântico. Os principais corpos
hídricos da bacia são os rios Pimenta, Calhau, Seco, Jaguarema e Igarapé das Bicas.
A vazão dos esgotos desta bacia em torno de 110,73 l/s é transposta integralmente
para a bacia do Anil. As estações elevatórias de esgotos mais relevantes são
relacionadas a seguir :

EEE’s da bacia Oceânica


EEE - ESTAÇÕES VAZÃO TIPO DO SITUAÇÃO DESCARGA
ELEVATÓRIAS ( l/s ) ESGOTO ATUAL DO EFLUENTE
Turu I 16,67 Bruto Operando Bacia Anil
La Ravardiere 6,94 Bruto Operando Bacia Anil
Planalto Vinhais 19,44 Bruto Operando Bacia Anil
Cohajap 83,33 Bruto Operando Bacia Anil
Iemanjá 10,61 Bruto Operando Pimenta I
Pimenta I 44,00 Bruto Operando Bacia Anil
Pimenta II 8,33 Bruto Operando Turu I
Calhau I 44,45 Bruto Operando ETE-Jaracati
Calhau II 29,00 Bruto Operando ETE-Jaracati
Litorânea – 1.1 12,94 Bruto Operando Calhau II
Litorânea – 2.1 5,50 Bruto Operando Litorânea – 2.2
Litorânea – 2.2 10,60 Bruto Operando Calhau II

Desta bacia 44,45 l/s dos seus esgotos são tratados pela ETE Jaracati localizada na
Bacia do Anil.

BACIA DE ESGOTAMENTO JENIPARANA


Bacia de Esgotamento Jeniparana situa-se na porção sudeste da ilha, limitada pelos
divisores das bacias de esgotamento sanitário do Anil e do Paciência.
24
Cobre uma área de 870,86 ha, envolvendo parte dos Conjuntos Maiobão, Cidade
Operária, Jeniparana e área limítrofes de São José de Ribamar e Paço do Lumiar.
Conta com uma população residente estimada em 39.189 habitantes, conta com 69,58
km de rede coletora e 6.073 ligações prediais de esgotos implantadas,
correspondendo a um índice de 11,46 metros de rede por ramal predial.
O rio Jeniparana juntamente com os igarapés da Manguda, Boa Vista e Paranã
compõem a malha hídrica da região.

EEE’s e ETE da Bacia Jeniparana


EEE - ESTAÇÕES VAZÃO TIPO DO SITUAÇÃO DESCARGA
ELEVATÓRIAS ( l/s ) ESGOTO ATUAL DO EFLUENTE
Maiobão A 30,00 Bruto Desativada Bacia Paciencia
Jeniparana 17,00 Bruto Desativada Operária II
Operária II 90,00 Bruto Desativada ETE - Operária
ETE - OPERÁRIA 97,00 Tratado Desativada Rio Jeniparana

A ETE - Cidade Operaria antes constituída por um conjunto de três lagoas (1


Anaeróbica, 1 Facultativa e 1 de Maturação), encontra-se desativada e totalmente
depredada conforme fotos a seguir:

Aspecto da Lagoa Anaeróbica - Cidade Operária

25
Aspecto da Lagoa Facultativa - Cidade Operária

Aspecto da Lagoa de Maturação - Cidade Operária

26
4. CONCLUSÃO
Face ao exposto, observa-se que o índice de cobertura dos serviços de esgotamento
sanitário da cidade de São Luís mantém-se temporalmente no entorno de 40%, fato
indicativo da necessidade de investimentos em obras de ampliação do sistema.
Constata-se ainda, um outro índice da mais alta relevância que reflete o percentual de
esgoto tratado em relação ao volume total de esgoto gerado pela população residente
na área de influência do sistema, cujo valor aqui apurado é de apenas 9,65%.
Expressando esta realidade de uma outra forma, pode-se afirmar que atualmente
90,35% dos esgotos lançados no meio ambiente, não recebem tratamento adequado.
Estes números não acentuam tão somente questões relacionadas com a ineficiência
operacional do sistema; não se restringem apenas às rotinas operacionais que
envolvem estações elevatórias paradas, estações de tratamento inoperantes,
rompimentos de redes coletoras e serviços de desobstrução de pontos de lançamento
poluidores dos rios e córregos.
São, acima de tudo, indicativos da magnitude do passivo ambiental e do grau de
responsabilidade social da empresa concessionária dos serviços.
De fato, está-se diante de um quadro que retrata a verdadeira situação de
vulnerabilidade da infra-estrutura sanitária, que não pode ser apartado dos aspectos
de natureza ambiental e de saúde pública, e assim, deve ser visto pela população,
entendido pela concessionária dos serviços e assumido pelo poder público estadual.
A população, cada vez mais consciente dos seus direitos, tem exigido dos demais
atores o cumprimento dos seus deveres legais e constitucionais.
No campo de atuação da concessionária, muito ainda há que ser trabalhado, já que
regimentalmente a CAEMA tem por objetivo planejar, promover e executar a política
de saneamento básico na área estadual de abrangência da companhia.
Entende-se que para atingir a estes objetivos seja necessária a implantação de um
modelo de gestão que resulte de um processo participativo, dinâmico e eficaz, em que
fique claramente definida a estrutura orgânica, a competência, a responsabilidades e
os procedimentos de cada unidade operativa e lhes sejam assegurados os devidos
recursos humanos, materiais e financeiros.
Este caminho já foi percorrido por outras companhias estaduais, e aquelas que
lograram êxito em suas empreitadas conseguiram a custa de um perseverante
processo de mudança de postura gerencial da alta administração, do seu corpo
técnico, de seus colaboradores e principalmente da estrutura de governo local.
Da esfera estatal, muito mais que o reconhecimento do saneamento como um dos
mais importantes promotores de saúde pública, espera-se uma ação concreta que se
traduza na vontade política de reverter o atual quadro de degradação ambiental.
(ANJOS NETO, 2006)

RECOMENDAÇÕES
Todavia, ainda que não tenha sido construído o novo modelo de gestão, recomenda-
se a revisão dos aspectos estruturais e gerenciais, dos procedimentos operacionais e
administrativos descritos a seguir:
─ Desenvolver estudos no sentido de estruturar o referido departamento, estendendo
sua abrangência gerencial aos níveis de Divisão e Seção, contemplando as
atividades de manutenção de redes e ramais, manutenção eletro-mecânica,
manutenção e limpeza de EEE e ETE, tratamento e monitoramento de efluentes;
─ Elaborar projeto, construir, equipar e implantar oficina de manutenção mecânica
dos equipamentos de esgotamento sanitário, em separado das instalações hoje
existentes destinada aos equipamentos de abastecimento de água;

27
─ Elaborar projeto, construir, equipar e implantar laboratório para realização de
análises físico-químicas e bacteriológicas, para suporte das atividades de
gerenciamento e monitoramento ambiental dos efluentes líquidos, sólidos e dos
corpos receptores;
─ Redimensionar as necessidades de pessoal, de equipamentos, suprimento de
materiais e insumos de cada unidade;
─ Desenvolver manuais de procedimentos administrativos e operacionais das
unidades sistêmicas, alinhados com as normas técnicas, de segurança do trabalho
e com a legislação ambiental pertinente;
─ Reexaminar os atuais editais de licitação e contratos de prestação dos serviços,
adequando-os ao Caderno de Encargos e Manual de Gerenciamento de Contratos
da companhia;
─ Elaborar programa de trabalho específico para Assessoria de Meio Ambiente –
PAM dotando-a dos meios necessários para que possa atender as demandas da
companhia, difundir na empresa conhecimento sobre legislação ambiental, sobre a
necessidade de licenciamento dos sistemas em operação ou em fase de
construção, e a construção de cultura ambiental na empresa;
─ Elaborar amplo programa de treinamento, capacitação técnica e gerencial do corpo
técnico da empresa voltado para uniformidade dos procedimentos e melhoria da
qualidade da prestação dos serviços, extensivo aos prestadores de serviços com
vínculo contratual, pois que estes representam hoje 68,07% da força de trabalho
do setor;
─ Desenvolver e implantar em todas as unidades operativas deste novo
Departamento, relatórios gerenciais mensais contendo registros e informações
cadastrais do sistema, dos equipamentos, horas trabalhadas, desempenho técnico
operacional, anormalidades, pendências e demais informações pertinentes;
─ Contratar e realizar serviços especializados de auditoria técnica e ambiental do
sistema de esgoto sanitário da capital para subsidiar a elaboração de um programa
de gestão dos serviços, desenvolvimento de projetos, definição de obras de
melhorias, reformas e ampliações das unidades em operação, objetivando a
realização de um programa de redução gradativa do passivo ambiental da
companhia;
─ Buscar recursos da linha de financiamento governamental e parcerias com o setor
privado, para desenvolver programas de reabilitação de áreas degradadas;
─ Desenvolver ações em conjunto com o governo estadual para captação de
recursos junto aos ministérios e organismos internacionais, de modo a viabilizar o
financiamento do Programa de Saneamento Ambiental da Ilha de São Luís, cujo
projeto básico está disponível na CAEMA;
É forçoso reconhecer, que os efeitos deletérios do cenário aqui apresentado, já se
manifestam na poluição dos ecossistemas aquáticos e terrestres, com riscos à saúde
da população, na desfiguração das paisagens, no comprometimento da balneabilidade
das praias e dos rios.
Criam-se assim, condições adversas às ações de saúde pública, às atividades sociais,
recreativas e turísticas, constituindo-se em sério entrave para o desenvolvimento
econômico do município.
Por derradeiro, e na expectativa de ver surgir uma nova realidade sanitária e
ambiental, registra-se a necessidade de que as ações aqui recomendadas aconteçam
o mais urgentemente possível. Temos pressa e já perdemos muito tempo. (ANJOS
NETO, 2006)

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REFERÊNCIAS

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______ .Regimento Interno. São Luís: 2005.

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