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O CONSELHO DE CLASSE COMO PROCESSO AVALIATIVO1

GURA, Vanderléia – UNICENTRO2


vandih_gura@hotmail.com

SCHNECKENBERG, Marisa – UNICENTRO3


marisas@irati.unicentro.br

Eixo Temático: Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este artigo é parte integrante da pesquisa intitulada: Considerações Sobre o Papel do


Pedagogo no Conselho de Classe que tem como objetivo verificar e analisar como o Conselho
de Classe é organizado na escola e qual a participação e função do pedagogo no mesmo.
Tendo em vista que o Conselho de Classe é uma instância avaliativa e de suma importância
dentro da escola, nessa ocasião oportuna será abordada a questão da avaliação e a
incumbência do pedagogo nessa prática através de algumas reflexões teóricas, realizada
através de estudos bibliográficos sobre esse assunto que traz grande discussão na sociedade.
Tendo como base alguns autores pode-se dizer que a prática avaliativa é essencial dentro de
qualquer instituição de ensino, pois é através dela que se concentram práticas e se atribui
novos pensamentos sobre a educação. O objetivo central deste artigo é compreender como
funciona o Conselho de Classe como instância de avaliação presente na escola. Será
apresentado questões que permeiam a prática educativa e a opinião de alguns autores sobre o
que é o Conselho de Classe na escola, dando assim continuidade com a questão da avaliação,
uma prática que envolve a todos na definição concreta de ensino aprendizagem, que muitas
vezes é vista como uma forma de punição sobre os alunos. Também será tratada a questão da
nota, um item fundamental presente na vida dos alunos que passa a ser uma espécie de
passaporte para o ano seguinte, sem a certeza de uma aprendizagem adequada. A discussão
sobre avaliação é bem ampla e abrange vários conceitos, mas vou expor apenas alguns
questionamentos que são pertinentes e englobam a prática do Conselho de Classe.

Palavras-chave: Conselho de Classe. Escola. Avaliação.

1
Parte integrante da pesquisa intitulada: Considerações Sobre o Papel do Pedagogo no Conselho de
Classe.
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO - Irati,
PR.
3
Professora e Orientadora da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO - Irati -
Departamento de Pedagogia
5107

Introdução

A instituição escolar é um órgão que está presente na sociedade na qual transmite o


conhecimento e avalia o aprendizado do aluno para formar cidadãos. Está presente dentro da
escola o Conselho de Classe, um órgão colegiado que surge a partir da necessidade que os
professores sentiram na questão de criar um espaço para a avaliação coletiva, a qual apresenta
diferentes ideias e precisa do apoio da coordenação pedagógica.
O Conselho de Classe é um espaço democrático de avaliações do processo educativo
que a escola promove sobre a realidade presente entre aluno e professor. Este pode ser
desenvolvido através de reuniões, que podem ser frequentes ou a depender da necessidade em
que se encontra o contexto, pois a reunião é realizada a partir dos itens listados pelos
integrantes do conselho. Esta instância reúne vários profissionais da área da educação a fim de
resolver as questões atribuídas no ensino dos alunos, e no processo de avaliação, entre estes
profissionais está presente o pedagogo.
Tendo em vista que o Conselho de Classe é uma instância avaliativa, surge a
necessidade de compreender algumas formas de avaliação presentes no cotidiano escolar,
compreender questões de aprendizagem do aluno e a utilização da metodologia utilizada por
professores dentro da sala de aula.

O Conselho de Classe: Conceito e Operacionalização

O Conselho de Classe constitui-se em um espaço de reflexão pedagógica na qual


vários profissionais discutem opções e propõe ações educativas eficazes a fim de resolver
necessidades ou dificuldades mencionadas no processo de aprendizagem. Nesse sentido
Libâneo (2004, p.303) define Conselho de Classe como:

(…) Um órgão colegiado composto pelos professores da classe, por representantes


dos alunos e em alguns casos, dos pais. É a instância que permite acompanhamento
dos alunos, visando um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e
análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a
responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e
ampliar as ações mutuas entre professores, pais e alunos, e incentivar projetos de
investigação.
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Percebe-se que o autor afirma que o Conselho de Classe é de grande importância para
o processo educacional, pois envolve não só a equipe de direção, mas professores e em
algumas determinadas situações alunos e pais.
Conselho de classe é um órgão colegiado, dentro da organização de uma escola em
que vários profissionais da área da educação se reúnem para discutir e avaliar o desempenho
das turmas e alunos. Apresenta características que se diferem de outros órgãos da escola.
Dalben (2004) comenta que o Conselho de Classe tem como característica a forma de
participação direta, efetiva e envolvida dos profissionais que atuam no processo pedagógico,
que a sua organização é interdisciplinar e tem como foco principal de trabalho a avaliação
escolar. Afirma que o Conselho de Classe é a mais importante das instâncias colegiadas da
escola pelos objetivos de seu trabalho, pois é capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da
gestão do processo de escolarização. Trata-se de um espaço prioritário da discussão
pedagógica e de uma parte integrante do processo de avaliação desenvolvido pela escola.
Segundo Dalben (1995, p. 114)

(...) o papel do Conselho de Classe no cotidiano escolar tem sido mais o de reforçar
e legitimar os resultados dos alunos, já fornecidos pelos professores e registrados em
seus diários, e não de propiciar a articulação coletiva desses profissionais num
processo de análise dialética, considerando a totalidade.

O Conselho de Classe é uma instância responsável na organização pedagógica da


escola, pois nessa reunião os educadores discutem a vida de cada um de seus educandos. Nela
se decide os novos olhares para a aprendizagem dos alunos que possuem dificuldade, bem
como analisar as suas condições para seguir adiante.
O Conselho de Classe quando se trata de avaliação, deseja dos profissionais um olhar
mais detalhado sobre os acontecimentos em sala de aula. A avaliação deve ser cotidiana, pois
ao observar, diagnosticar e registrar os saberes contribui, no sentido de compreender a partir
de um olhar investigativo as metodologias de ensino e as dificuldades. Nessa prática
avaliativa todos os alunos devem ser avaliados individualmente, em seu comportamento e
suas aprendizagens.
Este órgão colegiado de prática avaliativa, demanda que os alunos estejam sendo
observados pelos professores até o final do semestre ou ano, pois cada aluno apresenta uma
dificuldade diferente e necessita de um olhar mais detalhado sobre ele para atribuir práticas
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adequadas de ensino a cada indivíduo. A partir da observação é feito um determinado


diagnóstico e registrado. Essa técnica permite que, muitos saberes sejam extraídos sobre cada
aluno de forma a enquadrá-lo dentro de uma determinada categoria de desenvolvimento que
define metas a serem alcançadas por todos.
À equipe pedagógica vale pensar que as metas educacionais a serem desenvolvidas e
avaliadas no processo de aprendizagem dos alunos devem abranger atitudes de participação,
respeito e responsabilidade; construção de conhecimento e uma formação de cidadania.
Nesta prática avaliativa, cada aluno deve ser visto individualmente, em suas
singularidades de comportamentos, aprendizagens e histórias particulares, pois o professor
para realizar um trabalho com êxito sobre os seus alunos deve conhecer a realidade de cada
um deles para assim atender a todas as suas necessidades.
A equipe pedagógica deve ter conhecimento do processo de avaliação, pois esse é um
processo de forte discussão dentro da escola. De acordo com Luckesi (2006), a avaliação
educacional juntamente com a aprendizagem escolar são meios, que estão delimitados pela
teoria e pela prática que as envolvem. A avaliação está dimensionada por um modelo teórico
de mundo e de educação circunstanciada na prática pedagógica.
Essa prática pode ser caracterizada como forma de tornar sensata a qualidade do
objeto avaliado, que compromete uma posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para
transformá-lo. Nessa perspectiva, percebe-se que a avaliação é baseada dentro de teorias
buscadas pelos professores e compartilhadas dentro das reuniões de Conselho de Classe.

Os Determinantes do Processo Avaliativo

Pode-se dizer que a principal função de exercitar o Conselho de Classe em uma


instituição de ensino é o processo de avaliar. É constante a avaliação dos professores no
aprendizado dos alunos, isso significa que essa avaliação deve ser feita de acordo com o
conteúdo dado em sala de aula. De acordo com a Lei 9394 de 1988, que foi aprovada em
1996, o processo de avaliação está presente no art. 24 inciso V:

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com algumas regras comuns:
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
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c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do


aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) “obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos;

A equipe pedagógica deve ter em mente que as metas educacionais a serem


desenvolvidas e avaliadas no processo de aprendizagem dos alunos devem abranger atitudes
de participação, respeito e responsabilidade, construção de conhecimento e uma formação de
cidadania. De acordo com a lei deve existir o processo de avaliar como uma forma de
verificação do rendimento escolar.
Nesta prática avaliativa, cada aluno deve ser visto individualmente, em suas
singularidades de comportamentos, aprendizagens e histórias particulares, pois o professor
para realizar um trabalho com êxito sobre os seus alunos deve conhecer a realidade de cada
um deles para assim atender a todas as suas necessidades.
Há várias formas de avaliação que podem ser propostas aos alunos, algumas delas são:
trabalhos, seminários, provas etc. Mas há um distanciamento entre a aprendizagem dos alunos
e a tão esperada nota. Os pais esperam de seus filhos a nota integral, mas se esquecem de
averiguar se o seu filho realmente aprendeu. O mesmo acontece com as instituições de ensino
que estão preocupados na aprovação ou reprovação dos educandos, ou seja, estão
preocupados com os resultados, estatísticas.
A verdade está que tudo gira em torno da “nota”, instrumento que dá ou não o
certificado aos alunos, realidade que deveria mudar. Demo (2001), comenta que avaliar só
pela nota não é interessante, e que os professores devem utilizar a nota de uma maneira mais
adequada usando o quantitativo para exprimir as atividades qualitativas.
A Lei 9.394/96, a LDB, não dá prioridade para o sistema minucioso de notas parciais e
médias finais no processo de avaliação escolar. Para a LDB, ninguém aprende para ser
avaliado. Prioriza mais a educação em valores, aprendemos para termos novas atitudes e
valores.
Cabe pensar que aspectos não são notas, mas sim, registros de acompanhamento do
caminhar acadêmico do aluno. O educando, sendo bem orientado, saberá dizer quais são seus
pontos fortes, o que construiu na sua aprendizagem o que ainda precisa construir e precisa
melhorar. Luckesi (2006 p. 24) fala sobre a importância das notas:
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(…) as notas se tornam a divindade adorada tanto para o professor como pelos
alunos. O professor adora-as quando são baixas para mostrar a sua “lisura” (“não
aprovo de graça, sou durão”); por mostrar o seu “poder” (“ não aprovo qualquer
aluno e de qualquer jeito”). O aluno, por outro lado, está a procura do “Santo Graal”
- a nota. Ele precisa dela, não importa se expressa ou não uma aprendizagem
satisfatória; ele quer a nota. Faz contas e médias para verificar a sua situação. É a
nota que domina tudo; é em função dela que se vive na prática escolar.

Percebe-se com clareza a afirmação feita acima em relação a nota, e outro fator que
podemos perceber em relação a avaliação é de que alguns professores tiram um certo proveito
de seu poder em sala de aula, demonstrando rigidez, o que ocasiona um certo medo nos
alunos.
O controle de uma sala de aula requer o poder e autoridade do professor mas com
certa moderação. Há muitas definições de poder, mas vou expor a teoria de Foucault (1987)
na qual coloca que poder e saber estão diretamente ligados, que não há uma relação de poder
se não houver o saber.
Os professores utilizam a prática do poder em sala de aula e principalmente no
processo de avaliar, pois este torna-se instrumento de controle e sobre os alunos que tem um
comportamento adequado aos olhos do professor para serem avaliados com uma postura
exemplar. E o professor faz aquilo que a sociedade quer, que o aluno tenha um bom
comportamento o que reflete no desempenho escolar, ou seja, o professor passa a exercer um
papel de disciplinador. Dalben (2004, p. 75) fala da reflexão do professor sobre a prática de
ensino:

Considera-se que a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho é o melhor


instrumento de aprendizagem e formação em serviço, já que permite a ele se colocar
diante de sua própria realidade de maneira crítica. Nesse contato com a situação
prática, o professor tem chances de adquirir e construir novas teorias, novos
esquemas e novos conceitos, assim como vivenciar o seu próprio processo de
aprendizagem. Converter-se em um investigador na sala de aula, tornando-se um
avaliador de si mesmo e autônomo em suas decisões, não depende de regras ou
receitas externas; torna-se um analista das normas ou prescrições curriculares
impostas pelos órgãos de administração escolar e adquire um novo olhar pedagógico
perante a realidade social. Essa nova atitude dos profissionais da educação é que na
verdade, irá ressificar as práticas do Conselho de Classe.

O uso autoritário da avaliação é uma prática comum dentro da escola. As avaliações


passam a ser vistas pelos alunos como formas de punição, pois os professores utilizam-se de
seu autoritarismo para punir o mau comportamento com testes relâmpagos, ou ainda
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acrescentam conteúdos nas provas como uma forma de coagir o aluno e induzi-lo ao bom
comportamento.
Os professores utilizam-se da nota como uma forma de controle sobre a turma, ou de
alguns alunos com medo de serem avaliados pela direção da escola ou do sistema no qual
estão inseridos. A avaliação se torna uma preocupação para todos, pois acaba tornando-se o
centro do processo educacional. Essa questão de aprovação e reprovação dos alunos vem
sendo discutida há algum tempo.
Ao chegar o fim do ano letivo, professores e alunos ficam preocupados com a
aprovação ou reprovação escolar. Os pais desejam que os seus filhos sejam aprovados, mas
muitas vezes esquecem de se preocupar se o seu filho realmente aprendeu os conteúdos
desenvolvidos durante o ano. E mais uma vez comento sobre as notas, que são uma espécie de
passaporte para a série seguinte. Os alunos temem a reação dos pais, e por esse motivo não
estão preocupados em dominar o conteúdo e sim obter a nota. Não se trata de uma
generalização, mas de alguns apontamentos sobre essa realidade que infelizmente permeia a
nossa educação.
A avaliação perde o seu significado, em vez de instrumento dialético se transforma em
instrumento disciplinador dos alunos. A avaliação deve ser um instrumento mediador do
conhecimento, mas também necessita de certa autoridade, desde que seja dentro dos limites,
sem exageros e abusos de poder do professor sobre os alunos. Hoffmann (1995, p. 72) fala da
avaliação como forma mediadora:

(...) Uma ação avaliativa mediadora envolveria um complexo de processos


educativos (que se desenvolveriam a partir da análise das hipóteses formuladas pelo
educando de suas ações e manifestações) visando essencialmente o entendimento.
Tais processos mediadores objetivariam encorajar e orientar os alunos à produção de
um saber qualitativamente superior, pelo aprofundamento das questões propostas,
pela oportunização de novas vivências, leituras ou quaisquer procedimentos
enriquecedores ao tema em estudo.

Percebe-se que a avaliação como forma de mediar o conhecimento possibilita aos


alunos a expressão sobre o entendimento de um determinado assunto, fugindo da repetição e
memorização possibilitando uma compreensão progressiva das razões das coisas.
É o educador que será o mediador entre o aluno e o conhecimento, ele será o
responsável por construir atividades que desenvolvam habilidades imprescindíveis na
construção de conhecimentos significativos. Dalben (2004) comenta que é obrigação do
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professor construir pontes entre a necessidade de aprendizagem e as atividades propostas,


assim como organizar atitudes constantes de investigação e curiosidade em relação com o seu
meio, pois a atividade feita somente pela espontaneidade do aluno não certifica a construção
do conhecimento.
Para avaliar um aluno temos a necessidade de utilizar a correção, pois é através dela
que possibilitamos aos alunos a compreensão dos conteúdos propostos em sala de aula. O erro
é um elemento da ação avaliativa enquanto mediação, é através do erro que colocamos em
prática a contra-argumentação e fazemos com que os alunos reflitam em cima daquilo que
produziram de forma incorreta, promovendo assim a aprendizagem do aluno sobre o conteúdo
em questão.

As Formas de Avaliação

Sabemos que existem várias formas de se avaliar os alunos, mas ainda precisa-se
compreender o conceito dos tipos de avaliação. Hadji (2001) apresenta três tipos de avaliação:
prognóstica, formativa e cumulativa:
• Avaliação Prognóstica – Permite a alternativa de ajuste, e tem como finalidade
promover um levantamento do que possa concluir sobre as dificuldades apresentadas.
Permite estabelecer relações entre conteúdos que podem ser descartados e quais
devem ser ressaltados para que a aprendizagem projetada obtenha êxito.
• Avaliação Formativa – Esta designa ser um horizonte lógico de uma prática avaliativa
em âmbito escolar, apresenta essa prática em três distinções: implícita, espontânea e
instituída. A avaliação formativa é entendida como avaliar para formar.
• Avaliação cumulativa - Tem função de averiguar se as aquisições apontadas pela
formação foram feitas. Esse tipo de avaliação refere-se a tarefas socialmente
significativas.
Hadji (2001) afirma sobre a avaliação normativa e afirma que “toda avaliação
organizada, anunciada e executada como tal dentro de uma instituição é normativa”.
Normativa porque atribui normas. A avaliação exige que se estabeleçam primeiramente
critérios, e após definir os procedimentos.
O foco principal da avaliação é ajudar o aluno na aprendizagem e o professor no
processo de ensino, mas para que isso aconteça é necessário o uso de instrumentos e
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procedimentos de avaliação adequados. Dalben (1995, p.115) fala da avaliação qualitativa e


quantitativa:

O Conselho de Classe como instância avaliativa incorpora, ainda, tendo em conta as


análises de suas origens, um determinado tipo de avaliação que explicitamente
coloca-se nos documentos analisados, como o mais conveniente e adequado ao
processo pedagógico. É a avaliação qualitativa que deve predominar sobre os dados
quantitativos, não abolindo porém, esses últimos. Acrescenta-se ainda, a avaliação
contínua pela observação do aluno no seu desenvolvimento escolar como um todo.

Fica claro que o conceito de avaliação não está restrito a utilizar procedimentos a
aferir a quantidade de conhecimentos delimitados as provas, de quanto conteúdo o aluno
conseguiu assimilar.
A importância da avaliação consiste no fato do aluno saber sobre as suas dificuldades
e avanços. O professor deve proporcionar a superação das dificuldades e continuar
progredindo na construção dos conhecimentos. Luckesi (1999, p.43) afirma que “para não ser
autoritária e conservadora, a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento
dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos”.
A avaliação é uma ferramenta necessária na construção do conhecimento, pois é
através dela que diagnosticamos a nossa aprendizagem. A avaliação deve ser entendida como
recursos que o professor utiliza para verificar se as práticas educativas estão sendo realizadas
em sala de aula e assim poder avaliar a aprendizagem dos alunos.

A Incumbência do Pedagogo no Processo Avaliativo

O pedagogo é um profissional da área da educação que deve estar presente em todas as


instituições de ensino para fazer orientações sobre várias práticas dentro da escola, uma delas
é o Conselho de Classe. Para que essas práticas possam ser desenvolvidas com êxito, o
profissional que está à frente das questões pedagógicas educacionais, deve estar bem
preparado para que possa repassar saberes e orientações aos demais profissionais da escola.
O pedagogo dentro da instituição de ensino tem como objetivo ajudar a escola a
escolher a melhor forma do aluno obter o conhecimento. Ele deve ter contato direto com o
professor e questionar quais as dificuldades que ele está encontrando e assim buscar junto
com o professor a melhor forma de ajudar a resolver questões relacionadas com o ensino
aprendizagem.
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Esse profissional contribui muito na organização do espaço pedagógico, está presente


no Conselho de Classe na qual busca orientar os professores sobre sua prática de ensino e de
avaliação. O Conselho de Classe surge fundamentado em profissionais que possuem várias
formas de avaliar os alunos, é através da junção dessas variadas formas que se encontrará o
ponto certo do processo de avaliar. Dalben (1995, p.112) fala dessa prática:

Com essa perspectiva funcionalista de avaliação do processo pedagógico, ao


Conselho de Classe caberia o papel de aglutinar as diferentes análises dos diversos
profissionais, além de possibilitar o seu desenvolvimento, na sua própria capacidade
de análise do aluno, do trabalho docente como um todo, numa perspectiva de
autodesenvolvimento e de desenvolvimento de novas metodologias para o
entendimento discente.

Pode-se afirmar que o conselho de classe teria como eixo essencial dinamizar a
atividade de avaliação por intervenção das variadas análises de seus participantes, e assim
organizar os trabalhos pedagógicos seguindo essa prática. É a partir deste contexto que se
caracteriza a ação e o trabalho do pedagogo, um profissional responsável na organização da
prática pedagógica. Uma de suas atribuições é fazer o encaminhamento do Conselho de
Classe e assim encaminhar o professor no planejamento metodológico atender nas
dificuldades de aprendizagem dos alunos.
É importante que o pedagogo proporcione aos demais profissionais, a intervenção nos
problemas que foram apontados no Conselho de Classe e assim a toda comunidade escolar, os
resultados do aproveitamento de conteúdos, sobre os aspectos qualitativos e quantitativos do
processo de ensino-aprendizagem na escola.
Dentro desse contexto, o eixo principal do trabalho do pedagogo é fazer o
acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno através das reuniões do Conselho de
Classe. O trabalho do pedagogo consiste em organizar e coordenar os Conselhos de Classe de
uma forma de reflexão sobre o trabalho pedagógico durante todo o ano, acompanhando e
orientando o trabalho do professor na escolha dos conteúdos e também nos procedimentos de
avaliação dando ênfase no aproveitamento da aprendizagem adequando-os na sua Proposta
Curricular.

Considerações Finais
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Este artigo teve por objetivo apresentar e esclarecer algumas questões sobre o
Conselho de Classe que se apresenta como forma de avaliação coletiva. Podemos perceber
que a avaliação não é somente para avaliar o aluno, mas também para avaliar a prática do
professor em sala de aula. Este órgão colegiado não pretende fazer uma revolução nas
metodologias de ensino, e sim uma reflexão sobre a importância do ensino aprendizagem e
uma compreensão do que é possível acontecer no Conselho de Classe.
Há muito conteúdo a ser discutido sobre a avaliação, mas o que podemos concluir com
essa pesquisa é que através das opiniões coletivas que ocorre o processo de avaliar, ou seja,
acompanhar o desempenho dos alunos no decorrer do ano letivo e apresentar resultados nas
reuniões do Conselho de Classe. Avaliar não se trata de um julgamento, pois não é um
processo seletivo e sim um diagnóstico.
O orientador ou coordenador pedagógico é quem coleta dados, e orienta os demais
professores dentro de um embasamento teórico e procura resolver situações coletivamente
dentro do Conselho de Classe para que todos possam falar e expressar opiniões sobre
determinados assuntos.
O Conselho de Classe como um processo avaliativo, é uma reflexão sobre as práticas
de ensino. A avaliação é que sustenta o processo de ensino aprendizagem, pois é uma análise
do cotidiano que envolve professores, alunos e equipe pedagógica para chegar a um
diagnóstico. Os objetivos do Conselho de Classe devem ser claros, para que os instrumentos
de avaliação cumpram seu papel de maneira satisfatória, e possa garantir apoio de todos os
profissionais, como base para as possíveis dificuldades que possam surgir.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC/FAE.

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DALBEN, I.L de Freitas. Trabalho escolar e Conselho de Classe. 3 ed. Campinas.


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DEMO, Pedro. Pesquisa e informação qualitativa. Campinas: Papirus, 2001.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história das violências nas prisões. Rio de Janeiro:
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5117

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: ARTMED, 2001.

HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliação: mito e desafio – uma perspectiva construtivista.


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LIBÂNEO, José C. Organização e Gestão da escola. Teoria e Prática. Sed. Revista e


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LUCKESI. Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 9. ed. São Paulo: Cortez;


1999

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