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Consetho Regional de NOTA TECNICA CRP-PR 003-2018 Orienta as(os) protissionais Psicdlogas(os) sobre a atuacao profissional em atendimento a Lei n° 13.431/2017. CONSIDERANDO a publicacao da Lei n° 13.431/2017, que estabelece a metodologia de Escuta Especializada 0 de Depoimento Especial de criancas e adolescentes vitimas e testemunhas de violencia; CONSIDERANDO a Nota Técnica n° 001/2018, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que orienta a nao participacdo das(os) Psiclogas(os) na inquirigao de criangas por meio do depoimento especial: CONSIDERANDO 0 grande numero de Psicdlogas(os) que atuam como funcionarias(os) pUblicas(s) nos sistemas de protegdo municipais e/ou estadual, recebendo, em geral, determinacao emanada por seus superiores para cumprir determinagoes judiciais de escuta especializada; CONSIDERANDO 0 fato de as equipes interdisciplinares do Poder Judiciario serem compostas por Psicdlogas(os), as(os) quais também estao sujeitas(os) a0 cumprimento de ordens emanadas pelos magistrados e/ou supetiores hierarquicos; CONSIDERANDO a deliberagao da 793% Reunido Plenaria do CRP- PR, realizada em 07 de julho de 2018; © Conselho Regional de Psicologia do Parana (CRP-PR), no uso de suas airibuigées, publica a presente Nota Técnica visando orientar, em 1eiacao aos aspectos éticos, as(0s) profissionais da Psicologia que optarem por e/ou forem demandadas(os) a participar, em funcao de seus cargos, dos procedimentos previstos na Lei n° 13.431/2017, quais sojam: Escuta Especial ¢ Depoimento Especial. 1. INTRODUGAO © Conselho Federal de Psicologia (CFP), por intermédio de sua Nota Técnica (NT) n? 001/2018, fez a recomendagao para que PsicOlogas(os) nao Danicipassem da metodologia do Depoimento Especial, contorme descrito na Lei n® 13.431/2017, sob a alegacdo de no ser essa a funcdo da(o) Psicologa(o) por ferir a ética a aulonomia profissionais. O Conselho Regional de Psicologia do Parana (CRP-PR) ndo se coloca contrario a esse posicionamento; porém, entende que diferentes profissionais, em fungao, principalmente, de seus cargos publicos, nao poderao se furtar a cumprir determinagdes para a realizacao do AY www.crppr.org.br Gonselno Regional de Psicologia co Parana Depoimento, Especial, razio pela qual emite a prosente Nota Técnica de Orientacao Etica. O CRP-PR compreende que, a partir co momento em que a(0) Fsicéloga(o) decide ou que é compelida(o) a participar desta metodologia, deve fazé-lo de maneira a assegurar a melhor forma possivel de desenvolver seu trabalho, seja do ponto de vista ético ou técnico. Em sentido oposto, se a(0) Psicdloga() identificar impossibilidade de sua participacdo no Depoimento Especial, ou mesmo na Escuta Espocializada, podera fundamentar sua decisao nas Resolugoes do CFP e, em especial, nos Principios Fundamentais |, IV e VII e nos artigos 1°, alinea “b” e "j', todos do Cadigo de Etica do Profissional Psicdlogo (CEPP). Cabe destacar que, da Ieitura mais atenta da NT do CFP, observa-se a orientagao é para que a(o) Psicologa(o) nao participe apenas na metodologia do Depoimento Especial, endo que 0 mesmo no vale para a Esouta Especial Para melhor explicar os conceitos a partir dos quais a presente Nota Técnica se posiciona, segue o glossdrio abaixo: Acolhimento Acolhimento na pratica da Psicologia pode ser considerado como técnica que se constitui em uma forma receptiva de realizar uma primeira escuta da situacao de vulnerabilidace 0 atendimento psicoligico, por meio do acolhimento, da escuta diferonciada e da disporibilidade de didlogo, possibilita muitas vezes ao olionte encontrar eltornativas criativas ou outra compreensao sobre 0 que esta vivenciando, (SOUSA; SAMIS. 2008, p. 115). Assim sendo, © acolhimento, enquanto técnica, possibilita o estabelecimento do vinculo de confianga que auxilia na aplicagéo das demais etapas dos procedimentos previstos na Lei n® 13.431/2018. Avaliagéo Psicolégica Avaliagao Psicolégica 6 considerada uma atividade privativa da(o) profissional Psicologa(o), oficializada na lei da aprovacao da profissao (lei n° 4.119/1962). Segundo a Resolugao n° 007/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) Gonselno Regional de Psicologia do Parana A avaliacéo psicolégica é entendida como 0 processo técnico- Cientifico de coleta de dados, estudos ¢ interpretacao de informagdes a respeito dos fendmenos psicolégicos, que sao resultantes da relacdo do individuo com a sociedade utlizando- se, para tanto, de estratégias psicolégicas ~ métodos, técnicas ¢ instrumentes. Os resultados das avaliacoes devem considerar e analisar os condicionantos histéricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar nao somente sobre o individuo, mas na modificacao desses condicionantes que operam desde a formulacao da demanda até a conclusao do processo de avaliagao psicolégice. (CFP, 2003, sip) ‘Avaliagao psicolégica, segundo Andrade e Sales (2017) & um proceso dinamico que acompanna a psique humana e tem caréter integrador, prevendo resultados que reflotem aspectos histéricos, sociais e culturais do sujeito avaliado. Portanto, 6 por meio da avaliagao psicoldgica que a(o) profissional de Psicologia ira analisar os fendmenos psicolégicos utilizando-se de técnicas © métodos reconhecidos regulamentados pela ciéncia psicoldgica. Para Alchieri e Cruz (2010) a ‘avaliacao psicoldgica se refere ao modo de conhecer fenémenos e processo psicolégicos por meio de procedimentos de diagnostico @ prognostico e, ao mesmo tempo, aos procedimentos de exame propriamente ditos para criar condigdes de afericao ou dimensionamento dos fenomenos & processos psicoldgicos conhecidos" (p. 24) ou Qualificado Depoimento Espo Ministério dos Direitos Humanos (2017) conceitua Depoimento Especial ou Qualificado como um procedimento “realizado por drgéos investigativos (Seguranca Publica) ou no processo judicial, para coletar evidéncia dos fatos ocorridos para responsabilizagéo do suposto agressor” (Ministério dos Direitos Humanos - MDH, 2017) Na “Cartografia Nacional das Experiéncias Altemativas de Tomada do Depoimento Especial de Criancas e Adolescentes em Pracessos Judiciais no Brasil: O Estado da Arte’, publicado pelo CNJ em 2013, o Depoimento Especial vem como uma forma de altemativa, diferenciada da inquiricao tradicional: © termo ‘altemativo’ € aqui utilizado para designar as experiéncias que vém primando pela incorporacéo de) procedimentos especiais capazes de assegurar cficaz YW W wvaw.crpprorg.br

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