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Prova de Portugués — 12.2 Ano. Duragao da Prova: 120 minutos | Tolerancia: 30 minutos Para cada resposta, Identifique o grupo eo item. Apresente as suas respostas de forma legivel. Ao responder, diferencie corretamente as maiiisculas das mintisculas. Apresente apenas uma resposta para cada item, As cotages dos itens encontram-se no final do enunciado da prova. Nas respostas aos itens de escolha miiltipla, selecione a opcao correta. Escreva, na folha de respostas, o grupo, o ntimero do item e a letra que identifica a opcao correta GRUPO! ‘Apresente as suas respostas de forma bem estruturada, PARTE A, Leia o poema. No entardecer da terra © sopro do longo outono Amareleceu o chao. Um vago vento erra, 5 Como um sonho mau num sono, Na lvida solidzo, Soergue as folhas, e pousa As folhas, e volve, e revolve, Eesvai-se inda outra vez. 10 Masa folha néo repousa, 0 vento livido volve E expira na livide Eu jé no sou quem era; (© que eu sonhei, morri-o; E até do que hoje sou ‘Amanhd direi, quem dera Volver a sé-lol... Mais frio 0 vento vago voltou, 1s Fernando Pessoa 1. Explicite de que forma, neste poema, se apresenta o processo de criac&o postica, relacionando a andlise autorreflexiva com um estimulo sensorial. 2. Caracterize 0 estado emocional do sujeito lirico e relacione-o com as diferentes referéncias temporais 3. Relacione o sentido da afirmaclo: «O que eu sonhei, morri-o» (verso 14), com o referido em «Mais frio/O vento vago voltou» (versos 17 e 18). 4, Identifique dois tragos teméticos caracteristicos da poesia de Pessoa — orténimo presentes neste poema. PARTE B Leia o texto. Nessa madrugada, &s quatro horas, em plena escuridéo, Carlos cerrara de manso 0 portao da rua de S. Francisco. E, mais pungente, apoderava-se dele, na frialdade da rua, o medo que jé 0 rocara, ao vestir-se na penumbra do quarto, ao lado de Maria adormecida — o medo de voltar ao Ramalhete! (..) 5 Defronte do Ramalhete os candeeiros ainda ardiam. Abriu de leve a porta. Pé ante pé subiu as escadas ensurdecidas pelo veludo cor de cereja. No patamar tateava, procurava a vela, quando, através do reposteiro entreaberto, avistou uma claridade que se movia no fundo do quarto. Nervoso, recuou, parou no recanto. O claro chegava crescendo; pasos lentos, pesados, pisavam surdamente o tapete; a luz surgiu — e com ela o avé em mangas de 10 _camisa, livido, mudo, grande, espetral. Carlos nao se moveu, sufocado; e os dois olhos do velho, vermelhos, esgazeados, cheios de horror, cairam sobre ele, ficaram sobre ele, varando-o até as profundidades da alma, lendo Id 0 seu segredo. Depois, sem uma palavra, com a cabeca branca a tremer, Afonso atravessou o patamar, onde a luz sobre o veludo espalhava um tom de sangue — e os seus passos perderam-se no interior da casa, lentos, 15 _abafados, cada ver mais sumidos, como se fossem os derradeiros que devesse dar na vida! Carlos entrou no quarto as escuras, tropecou num sofa, E ali se deixou cair, com a cabeca enterrada nos bragos, sem pensar, sem sentir, vendo o velho livido passar, repassar diante dele como um longo fantasma, com a luz avermelhada na mao. Ea de Queirés, Os Moias Mostre de que forma, neste excerto, as sensacSes preparam e intensificam a atmosfera tragica 6. Explique em que medida a afirmacSo «a luz sobre o veludo espalhava um tom de sanguep (linhas 13 e 14) pode constituir um pressagio de tragédia PARTE C 7.Na obra Frei Luis de Sousa, esta presente uma dimensao patriética Escreva uma breve exposi¢ao sobre a dimenséo patriética nesta obra de Garrett. ‘sua exposicao deve incluir: ‘* uma introdugio ao tema; ‘um desenvolvimento no qual refira uma personagem com caracteristicas patriéticas e uma situac3o com uma dimensdo simbélica de cariz patridtico, fundamentando as ideias apresentadas em, pelo menos, um exemplo significativo, ‘* uma conclusao adequada ao desenvolvimento do tema. GRUPOII Leia o texto: Nunca leu Os Maias? Nao sabe o que perde! ‘A questo na ordem do dia de o romance Os Maias deixar de ser, no 11.2 ano do ensino secundério, leitura obrigatéria, mas apenas oferecido em alternativa a qualquer outra obra de Ea de Queirés, segundo documento colocado em discussdo piiblica pelo Ministério da Educago, designado «Aprendizagens Essenciais», reduz-se em ultima andlise a: Quem 5 nunca leu Os Maias nao sabe o que perde! ‘Antes de mais, nao sabe que perde o privilégio de usufruir de uma das obras de arte matores da cultura portuguesa e, em consequéncia, no conhece uma peca angular do patriménio cultural portugués. Porque é disso que se trata: uma obra do nosso patriménio, de importancia idéntica ao Palacio da Pena em Sintra, ao Teatro Nacional D. Maria Il em 10 Lisboa, a ponte D. Luis | e ao Palacio das Carrancas (sede do museu de arte oitocentista, Soares dos Reis) no Porto, aos quadros de Malhoa ou Columbano, as obras de Bordalo Pinheiro, para referir apenas alguns exemplos maiores de patriménio do século XIX. Ora, rndo conhecer o Palacio da Pena ou a ponte D. Lufs | ou as obras daqueles artistas plasticos é, convenhamos, ignorar pecas que nos identificam como nago, que definem a nossa 415 identidade no quadro da cultura romantica e do século XIX europeu e que muito ajudam a compreendermo-nos hoje. Os Maias, publicado ha 130 anos, no ha que temer dizé-1o, é um dos grandes romances do patriménio europeu do século XIX. (..) E um romance belissimo, a obra-prima de Eca ea obra canénica por exceléncia do romance oitocentista portugués, um romance no qual ele 20 proprio se propunha, como disse, pér tudo o que tinha no saco. Nele se cruza uma impiedosa pintura da sociedade portuguesa e dos seus tipos humanos € sociais com a histéria trdgica de um amor incestuoso, simbolo do circulo fechado em que Carlos, Maria Eduarda e a familia Maia esto encerrados, presos nas teias do destino. Ea simbologia desse circulo fechado alarga-se ao pals, encerrando as préprias elites 25. protagonistas do romance num tempo parado, imobilista, gerador de uma experiéncia diletante de desencanto e desisténcia, E¢a denuncia a impoténcia das elites sociais dominantes e vinga-se delas através da propria escrita irénica do romance e também da confusdo autoirdnica de si mesmo com a personagem de Ega, 0 qual, dono da ironia, mostra o mundo na sua duplicidade tragica e cémica. Isabel Pires de Lima, «Nunca leu Os Moias? No sabe o que perdet» in iblic, 27 de julho de 2018 1. De acordo com a autora, o romance Os Maias (A) é uma obra singular da literatura portuguesa. (B) esté ao mesmo nivel de outras obras de Eca. (C) ndo tema mesma importancia de outras obras de arte. (D) perdeu a sua atualidade 2. No segundo pardgrafo, a autora estabelece uma relac&io de Os Maias com outras obras de arte, coma intencSo de (A) desvalorizar a obra de Eca. (8) sobrevalorizar a obra de Eca. (C) considerar a obra de Eca num nivel semelhante ao de outras obras de arte. (D) constatar a sua atualidade e perenidade

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