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4740 DIARIO DA REPUBLICA — I SERI MINISTERIO DAS FINANCAS Decreto-Lei n.° 176/95 e 26 do Julho A criagao do mervado tinico no sector de seguros, consagrado no direito portugués pelo Decreto-Lei n° 102/94, de 20 de Abril, veio abrir um novo espaco & concorréncia, que se traduz por uma maior € mais complexa oferta de produtos, sobretudo nos seguros de pessoas A diversidade de coberturas, exclusdes e demais con digdes, com maior ou menor grau de explicitagao no contrato, justifica que, a semelhanga do que se verifi- cou no sector bancario, se introduzam regras minimas de transparéncia nas relagdes pré e pés-contratuais. Pretende-se, assim, definir algumas regras sobre a in- formagdo que, em matéria de condi¢des contratuais € tarifarias, deve ser prestada aos tomadores e subscr tores de contratos de seguro pelas seguradoras que exer- com a sua actividade em Portugal. Pretende-se igualmente com esta nova regulamenta- ‘¢a0 reduzir 0 potencial de conflito entre as segurado. ras cos tomadores de seguro, minimizando as suas principais causas ¢ clarificando direitos e obrigagoes. Além disso, © diploma contém ainda disposigdes complementares refativas ao regime juridico do proprio contrato, aplicaveis quando este cubra riscos ou com: promissos situados em territério nacional Trata-se de matéria cuja sede prépria sera uma lei sobre as bases gerais do contrato de seguro, que se en contra cm preparagao, A importancia da informagao, do consumidor no nove quadro da actividade segura- dora torna, porém, aconselhdvel que a regulamentagao agora publicada contemple, desde ja, certos aspectos, do regime contratual que se encontram intimamente as sociados quela informa Por outzo lado, tornou-se necessario estabelecer uma correspondéncia inequivoca entre os conceitos de pré- mio definidos no presente diploma e os conceitos equi- wvalentes que surgem dispersos por diversos diplomas le ais, sem com isso se afectar, nomeadamente, a base de incidéncia das receitas fiscais & paratiseais. Assim: Nos termos da alinea a) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigdo, 0 Govern decreta 0 seguinte: CAPITULO I Disposigdes gerais Artigo 1.° Detinicoes ente diploma, entende-se por: a) «Empresa de seguros ou seguradora» — enti dade legalmente autorizada a exercer a activi- dade seguradora e que subscreve, com toma: dor, 0 contrato de seguro; +b) «Tomador de seguro» — entidade que celebra © contrato de seguro com a seguradora, sendo responsavel pelo pagamento do prémio; No 171 6-7-1995 ©) «Segurado» — pessoa no interesse da qual 0 contrato € celebrado ou a pessoa (pessoa se- ura) cuja vida, salide ou integridade fisica se segura; @ «Subscritor» — entidade que celebra uma ope- ragio de capitalizagao com a seguradora, sendo responsavel pelo pagamento da prestagao; @) «Beneficidrion — pessoa singular ou colectiva fa favor de quem reverte a prestagao da segu- radora decorrente de um contrato de seguro ou de uma operagao de capitalizagao; A) «Seguro individual»: ) Seguro efectuado relativamente a uma pessoa, podendo 0 contrato incluir no am- bito de cobertura o agregado familiar ou um conjunto de pessoas que vivam em ‘economia comum; i) Seguro efectuado conjuntamente sobre duas ou mais cabegas; 8) «Seguro de grupo» — seguro de um conjunto de pessoas ligadas entre sie ao tomador do se- guro por um vinculo ou fnteresse comum; 1h) «Seguro de grupo contributivon — seguro’ de Brupo em que 0s segurados contribuem no todo ou em parte para o pagamento do prémio; 2 «Seguro de grupo nao contributivon — seguro de grupo em que 0 tomador do seguro contri- bui na totalidade para © pagamento do prémio; J) «Apslicey — documento que titula 0 contrato celebrado entre o tomador do seguro ¢ a segu- radora, de onde constam as respectivas condi bes gerais, especiais, se as houver, e particula- fes acordadas; 2D Acta adicionaly — documento que titula a ak teragao de uma apélice: 1m) «Prémio comercial — custo te6rivo médio das coberturas do contrat, acrescido de outros custos, nomeadamente de aquisigao ¢ de adm nistragao do contrato, bem como de gestdo € de cobranea; 1) «Prémio bruto» — prémio comercial, acrescido das cargas relacionadas com a emisséo do con rato, tais como fraccionamento, custo de apd- lice, actas adicionais ¢ certificados de seguro; 0) «Prémio ou prémio total» — premio bruto acrescido das cargas fiscais ¢ parafiscais ¢ que cortesponde ao prego pago pelo tomador do se- guro a seguradora pela contratayao do seguro; 1p) «Prestagdo» — importancia entregue & segura- dora pelo subscritor de uma operagio de capi- talizagao; @) «Panticipacdo nos resultados» — direito contra twalmente definido do tomador do seguro ou do segurado de heneficiar de parte das resulta- {dos téenicos e out financeitos perados por con tratos de seguro ou operagses de capitalizagao; 1). aEstorno» — devolugdo ao tomador do seguro de uma parte do prémio do seguro jd pago; 5) «Bonus» — redugio do prémio de renovagao do contrato de seguro, verificadas que forem determinadas circunstancias fixadas na apélice, nomeadamente a auséncia de sinistros; 1) «Malus» — aumento do prémio de renovacdo do contrato de seguro, verificadas que forem N.9 171 — 26-7-1995 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 4741 ddeterminadas circunstancias fixadas na apélice, nomeadamente a ocorréncia de sinistros; u) «Valor de resgate» — montante entregue a0 to- ‘mador do seguro em caso de cessacéo anteci- pada do contrato ou operacéo do ramo «Vida», nas condigdes € modalidades em que tal se en- contra previsto; ¥) «Valor de redugdo» — montantes ou importan- cias seguras redefinidos em fungao de uma si- tuagdo contratualmente prevista; x) «Valor de referéncian — valor em funcao do qual se definem, num determinado momento do contrato, as importéncias seguras; 2) «Ambito do contraton — definicdo das garan- tias, riscos cobertos riscos excluidos. CAPITULO II Deveres de informagio Antigo 2.° Ramo «Vids 1 — Aos deveres de informacio pré-contratuais pre- vistos no artigo 171.° do Decreto-Lei n.° 102/94, de 20 de Abril, acrescem os seguintes, a prestar da mesma forma: 4) Quantificagdo dos encargos, sua forma de in- cidéncia e momento em que sao cobrados (re- lativamente aos contratos com componente de capitalizacdo significativa, nomeadamente ope- rages de capitalizacdo, Seguros mistos, segu- os de rendas vitalicias, seguros de capitais di feridos, contratos do tipo «universal lifen € seguros ligados a fundos de investimento); b) Penalizagio em caso de resgate, redugdo’ ou transferéncia do contrato; ¢) Rendimento minimo garantido, incluindo infor- ‘magao relativa & taxa de juro minima garan- tida e duracdo desta garantia. 2 — Relativamente as informagdes referidas no nu- mero anterior aplica-se 0 disposto no n.° 2 do ar- tigo 171.° e nos artigos 172.° a 176.° do Decreto-Lei n.® 102/94, de 20 de Abril, 3.— Da informacao anualmente comunicada ao to- mador do seguro, relativa & atribuigdo da participacao nos resultados, deve constar o montante atribuido ¢ 0 aumento das garantias resultantes desta participagao. ‘4 — Nos contratos com participagao nos resultados, nos contratos a prémios tinicos sucessivos € nos con- tratos em que a cobertura principal seja integrada ou complementada por uma operagdo financeira, a em- presa de seguros, havendo alteracéo da informacao ini- cialmente prestada, deve informar o tomador do seguro, dos valores de resgate de reducdo, bem como da data, ‘a que os mesmos se referem. 5— Nos seguros de vida PPR, a empresa de segu- ros deve informar anualmente 0 tomador do seguro, quando se trate de um seguro celebrado por pessoa sin- gular, ou a pessoa segura, quando se trate de um se- guro celebrado por uma pessoa colectiva, dos valores a que tem direito. 6 — A informagao prevista no nimero anterior de- veré também ser prestada sempre que for solicitada, Artigo 3.° Ramos «Niko vide» 1 — A empresa de seguros, antes da celebragao de uum contrato de acidentes pessoais ow doenca a longo prazo, deve fornecer ao tomador do seguro, por escrito em lingua portuguesa, de forma clara, as informa- es previstas nas alineas a) a j) € 0) a q) do n.° 1 do artigo 171.° do Decreto-Lei n.® 102/94, de 20 de Abril, € nas alineas a) 6) do n.° 1 do artigo anterior. 2 — As propostas relativas a contratos de acidentes pessoais ou doenca a longo prazo devem conter uma ‘mengéo comprovativa de que o tomador tomou conhe- cimento das informagdes referidas no mimero anterior, presumindo-se, na sua falta, que ndo tomou conheci- mento delas, caso em que Ihe assistiré 0 direito de re- nunciar aos efeitos do contrato seguro no prazo de 30 dias a contar da recepcdo da apélice ¢ de ser reem- bolsado da totalidade das importéncias pagas. 3 —O tomador de um contrato de seguro de aci- dentes pessoais ou doenga a longo prazo seré infor- mado pela seguradora das condigdes de exercicio do di- reito de reniincia previsto no presente artigo definidas no artigo 22.° 4 —0 diteito de rentincia previsto no presente ar- tigo nao pode ser exercido se 0 tomador for uma pes- soa colectiva nem se aplica aos contratos de duracao igual ou inferior a seis meses € aos seguros de grupo. 5 — Durante a vigéncia do contrato de acidentes pes- soais ou doenga a longo prazo, além das condicdes ge- rais, especiais e particulares, que devem ser entregues a0 tomador, as empresas de seguros devem também comunicar-the todas as alterages que ocorram nas in- Formagdes acima referidas, bem como, anualmente, @ informacao relativa & atribuigo da participacio nos re- sultados, caso exista. Artigo 4.° Sequros de grupo 1 — Nos seguros de grupo, 0 tomador do seguro deve obrigatoriamente informar os segurados sobre coberturas e exclusdes contratadas, as obrigagées ¢ di- reitos em caso de sinistro e as alteragdes posteriores que ocorram neste ambito, em conformidade com um ¢s- pécimen elaborado pela seguradora. 2—O nus da prova de ter fornecido as informa- des referidas no niimero anterior compete ao toma- dor do seguro. 3. — Nos seguros de grupo contributivos, o incum- primento do referido no n.® 1 implica para o tomador do seguro a obrigaco de suportar de sua conta a parte do prémio correspondente ao segurado, sem perda de garantias por parte deste, até que se mostre cumprida, 2 obrigacao. 4— 0 contrato poderd prever que a obrigacdo de informar os segurados referida no n.° 1 seja assumida pela seguradora. ‘5 — Nos seguros de grupo a seguradora deve facul- tar, a pedido dos segurados, todas as informagées ne- cessérias para a efectiva compreenséo do contrato. Antigo 5.° Sequros com exame médico 1 — Nos seguros cuja aceitagdo dependa de exame médico, a empresa de seguros deve entregar ao candi- 4742 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 171 — 26-7-1995 dato, antes da realizagio daquele, informacao com 0s seguintes elementos: 4) Discriminac&o exaustiva dos exames, testes ¢ andlises a realizar; ) Entidades onde podem ou devem ser realizados 0s actos clinicos referidos na alinea anterior; ©) Se as despesas com tais actos correm ou nao por conta e ordem da empresa de seguros e a forma como, se for caso disso, serdo posterior- ‘mente reembolsadas; 4) Circunstncias em que a empresa de seguros, ‘8¢ for caso disso, se reserva 0 direito de se reembolsar das despesas feitas ou de recusar 0 reembolso ao candidato; ©) Entidade & qual devem ser enviados os resulta- dos ¢ ou relatérios dos actos referidos na ali- nea a). 2 — O énus da prova do fornecimento das informa- ‘¢0es reforidas no mimero anterior impende sobre a em- Presa de seguros. Artigo 6.° Divaigacto das condigdes taritérias 1 — As empresas de seguros devem afixar em todos (08 balodes ¢ locais de atendimento ao piblico, em lo- cal bem visivel, um quadro, organizado segundo mo- delo a aprovar pelo Instituto de Seguros de Portugal, ‘que conterd as condigées tariférias das principais cate- gorias de veiculos do seguro obrigatério de responsa bilidade civil automével destinado a pessoas singulares. 2— Por portaria do Ministro das Financas, a obri- acto prevista no niimero anterior poderd ser estendida @ outras modalidades de seguros de massa, 3 — As informagdes prestadas pelas empresas de se- ‘guros sobre condigdes tariférias aplicaveis a contratos de seguro devem ser feitas por escrito. 4 — O dever constante do mimero anterior impende também sobre os intermedidrios. Artigo 7.° Publicidad 1 —Nos documentos destinados ao piblico em ge- ral, aos tomadores de seguros ou aos mediadores, sem- Dre que se mencione a taxa de participacdo nos resul- tados, € obrigatéria a indicagao da base de incidéncia de tal taxa. 2— E proibida a publicidade que quantifique resul- tados futuros baseados em estimativas da empresa de seguros, salvo se contiver em realce, relativamente a to- dos os outros caracteres tipogréficos, a indicagdo de que se trata de um «exemplo». 3 — Nos documentos destinados ao piiblico nos su- portes publicitarios deve indicar-se, claramente, que as importincias seguras por contratos de seguros ou ope- rages em «unidades de conta» variam de acordo com a evolucdo do «valor de referéncia» indicado na apé- lice, podendo néo existir a garantia de pagamento de ‘um capital minimo, CAPITULO IL Contrato Seccho 1 Transperbcia Artigo 8.° Ieligiowiane As condigdes gerais e especiais devem ser redigidas de modo claro perfeitamente inteligivel. Artigo 9.° Legaldade As condigées especiais ou particulares dos contratos nao podem modificar a natureza dos riscos cobertos nos termos das condigdes gerais © ou especiais a que se aplicam, tendo em conta a classificaco de riscos por ramos de seguros ¢ operacdes legalmente estabelecida. SECCAO II Ramo Vidas Artigo 10.° Dispostcdes comons 1 — Das condigdes gerais e ou especiais dos contra- tos de seguro do ramo «Vida» devem constar os se- guintes elementos, se aplicdveis: 4@) Definigao dos conceitos necessérios a0 conve- niente esclarecimento das condigdes contratuais; 4) Ambito do contrato; ©) Obrigacdes ¢ direitos do tomador do seguro, do segurado, do beneficiério e da empresa de se- guros; d) Inicio da produgdo de efeitos ¢ periodo de du- ragao do contrato; ©) Condigdes de prorrogado, renovacdo, suspen- slo, caducidade, resolugao ¢ nulidade do con- trato; JD) Condigses, prazo e periodicidade do pagamento dos prémios; 8) Obrigacdes ¢ direitos das partes em caso de si- nistro; /h) Definigao das opedes; 1) Cldusula de incontestabilidade; J) Diteitos ¢ obrigacdes do tomador do seguro em caso de agravamento do risco; 1) Condigaes em que 0 beneficiério adquire 0 di- reito a ocupar 0 lugar do tomador do seguro; ‘m) Condigdes de revalidacdo, resgate, reducdo, adiantamento e transformagio da apélice; rn) Condigdes de liquidagao das importancias se- guras; 0) Cléusula que indique se 0 contrato di ou nio lugar a participacdo nos resultados e, no pri- meiro caso, qual a forma de célculo e de dis- tribuigdo desses resultados; P) Cléusula que indique se 0 tipo de seguro em que se insere 0 contrato dé ou nfo lugar a

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