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Santo Amaro, BA
Icaro Smetak
(Programa de Pós-Graduação em Música na Universidade Federal da Bahia)
Resumo
O ensino coletivo de instrumentos de corda tem sido utilizado de forma crescente na Bahia.
Essa rápida expansão, aliada a pouca tradição na área das cordas e a certas condições sócio-
pedagógicas atípicas de nosso estado, fazem necessárias algumas reflexões na busca de
possíveis modelos para esse ensino. Por outro lado, as filarmônicas baianas, através da figura
de seus mestres, vêm aplicando o ensino coletivo com excelência, sendo ponto de partida de
muitos músicos de renome e importantes entidades de formação musical e cívica para os
cidadãos de suas localidades. O presente artigo contêm reflexões em como certos elementos
pedagógicos e estruturais do ensino das filarmônicas baianas e de seus mestres podem
contribuir para a iniciação coletiva em instrumentos de cordas, na busca de um estilo de
ensino que se adapte bem ao contexto pedágogico e musical baiano.
Introdução
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Trabalho apresentado no GT 2 - Diálogos interdisciplinares: metodologias anárquicas.
22 a 24 de março de 2017 – CECULT/UFRB
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As filarmônicas, como são chamadas na Bahia, são grupos que têm basicamente a mesma formação de bandas
de música ou bandas filarmônicas do resto do país.
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Fundação Cultural do Estado da Bahia.
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Isso mostra o quanto esse ensino difere do estilo tradicional e conservatorial ainda muito ligado às cordas. Os
seus objetivos na formação dos alunos são bem distintos.
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O ensino coletivo homogêneo se caracteriza por ter um único de tipo de instrumentos na aula (só os clarinetes,
por exemplo) e o ensino coletivo heterogêneo pela presença de dois ou mais instrumentos numa aula (todos os
instrumentos de cordas aprendendo juntos em uma aula, por exemplo). (YING, 2008, p. 30)
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colegas e o mestre no processo de ensino. O que gera um lado social e interativo no processo
de ensino-aprendizagem, criando um ambiente saudável de solidariedade e de
compartilhamento constante do saber.
O ensino presente nas filarmônicas e na didática dos seus mestres contém vários
elementos pedagógicos e metodológicos que podem ser aproveitados e aplicados no ensino
das cordas. Nesta seção serão detalhados os principais. O primeiro deles é o uso marcante do
ensino coletivo desde a iniciação, alternando quando necessário entre os estilos homogêneo e
heterogêneo (adaptando conforme a necessidade do grupo e de cada indivíduo).
A utilização desse tipo de ensino coletivo encontrado nas filarmônicas seria útil,
sobretudo na Bahia, para aumentar o alcance e o acesso aos instrumentos de corda, ainda
considerados elitizados. Seria também uma alternativa mais viável financeiramente, afinal
uma iniciação coletiva custaria menos a um projeto ou instituição financeira do que uma
iniciação usando aulas individuais, ainda predominantemente usadas nos instrumentos de
corda. (QUEIROZ; RAY, 2005)
Além disso, no contexto em que se vive no Brasil, onde ainda há poucos professores
qualificados na área das cordas, o uso do ensino coletivo tornaria possível que mais alunos
tivessem acesso a esses professores devidamente capacitados. Porém, o ensino coletivo em
cordas tem também as suas limitações e é realmente proveitoso quando usado apenas na
iniciação nesses instrumentos:
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Os “mestres de orquestra”
Uma das principais contribuições das filarmônicas para a iniciação em cordas seria a
absorção da figura do mestre. Os grupos de alunos iniciantes poderiam ser ensinados e
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liderados por um único professor, capaz de iniciar os alunos nos instrumentos de cordas
friccionadas. Esse professor os ensinaria a teoria musical e também seria responsável pela
regência do grupo, onde também faria composições e arranjos originais. Esse “mestre de
orquestra” lecionaria sozinho e seria, assim como o mestre de filarmônica, uma verdadeira
referência aos seus alunos. Ele teria a função de representar toda a liderança do grupo e seria
responsável também por toda a parte organizacional do mesmo.
Diferente de outros professores que exercem o ensino coletivo de cordas, o “mestre de
orquestra” teria uma formação específica que o capacitaria para exercer esse tipo de ensino.
Seria necessária uma formação que o capacitasse a iniciar os jovens em todos os instrumentos
de cordas friccionadas, que desse noções razoáveis de regência, arranjo, composição e ensino
de teoria musical. Essa formação deveria desenvolver também a capacidade de liderar o grupo
e lidar com a parte administrativa do mesmo.
As “filarmônicas de cordas”
Possíveis desdobramentos
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Referências
GALINDO, J. M. Cordas Pro Guri. São Paulo: Sociedade dos amigos do projeto guri, 1998.
104 p. (Livro do Professor)