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EDUSC 4s Vanalnde de Rua Irma Arminda, 10-50 17044-160 - Bauru - SP (014) 235-7111 - Fax: (014) 235-7219 e-mail: edusc@usc.br c397q 132 ps 24 ISBN 85-86259. cop 10.50 al. Sul 4) 235-71 14) 235-7219 sp seus capitulo 8 ENTRE HISTORIA E JORNALISMO por Jean-Pierre RIOUX Eu nao acho que uma “histéria do presente” te podido afirmar-se nitidamente na Franga ha alguns anos se antes nao se tivesse produzido paralelamente uum encontro, provocador mas frutifero, entre histo- riadores sedentos de atualidade e jornalistas em busca de legitimidade histérica. Esta alirmagao, sei por expe- rigncia, desagradard aos guardidos - de todas as ida- des - dos templos da ciéncia histérica, que subord nam toda extensao do territério da disciplina a de sua prépria rede de influéncia, que mantém a reflexdo epistemolégica em fogo muito baixo comparando a amplitude das honordveis teses que orientam ou ela~ boram, e que atiram sem remorsos naqueles que per (urbam a sesta. A seus olhos, 0 historiador do presen- te € um ingénuo, um marginal, agitador por defeito € impotente por vocagao. Esse actimulo de erros intem- pestivos bastaré para desquialificd-lo se ele nao tomou a precaucao de simplilicar as regras. Mas, se ainda por ma ele Ireqiienta as salas de redagio ou passa por “mididtico”, sua conta seré alta. Quer dizer que logo entre histéria no presente ¢ jornalismo re- troativo faz nao somente o historiador universitério que o pratica correr alguns riscos, mas_que pode tam- bém desnudar cruelmente algumas (raquezas int is ou humanas da confraria de scus “caros colegas”. Mas nao se fala mais nisso. Pois, repito, esse d € € sobre ele que ¢ in dispensdvel refletir livremente. Lembraremos antes de tudo que esse encontro, essa discussie, podem sempre passar por perturbado- 0 jornalismo e da hé um sée1 ram seus respe tenga reciproca, O jorna s de reporter, de redator ou de do efémero que “escreve para 0 dizia justamente Henry Béraud em oUcO a oun, de érios numa ha os pap forgar a atencio do | da “papel rou do ouvinte har sem enfado na tor- errtupta de acontecimetnos confusos qu ade, em vencer a angtistia da pequena voam sem deixar traco tangivel € séo pouco arquivadas - redobrando de profissionalis- je trabalha para mo, s6 como risco de acreditar qu o futuro ow de sonhar em editar um seus trechos escolhidos. © historiador, este se move comodamente des- do século XIX em seu triple papel de sabio moderno exercido na critica das fonte dote da meméria nacional ¢ de intelectual em pleno exercicio, Ele mantém uma discussio permanente com seus confrades em ciéncias sociais, constréi ¢ eri ge a distancia seu objeto de estudo e Ihe dé assim u estatuto cientifico, procura sempre mento singular na cadeia de um tempo icativo, tenta distinguir 0 perduravel do efémero,relata os fa- toy sem ser perseguide pela hora do “fechamen lembra , quando se oferece a ocasido, sua fidelidade estdo da Cidade. Ble esc setir © aconteci- 120 Ihe o momento, torna objetivo seu propésito, preten~ dedar_ sentido, enquanto que 0 jornalista € o homem apressado que relata fatos juntados, que acre tregar a vida em estado bruto, mas que a sin sfigura mediatizando-a em jato continuo, que reco- pela ria das situagdes incontestaveis, das quais muitos historiadores sentem saudades e que eu aca- bo de descrever mal caricaturando, foi modi ficada desde os anos 1960. E foram jornalistas que toma- ram a iniciativa e atravessaram as fronteiras como desbravadores. Tentei fazer em outro lugat! uma his- t6ria dessa intervengao, que a corporagao universi a= ‘a, € Sbvio, ignorou ou desdenhou e, em conse- qiiéncia, estudou muito pouco. O essencial nao foi que © Nizan da Chronique de septembre tel ha ousado dizet, em 1939, que 0 redator diplomético era um shistoriador do imediato” ou que 9 Camus de Contbat € de Actuelles tenha ido longe demais depois da Liber- lagdo em sua célebre fSrmula, “O jornalista € 0 his- Ver igual “Les métamorphoses d'Emest Lavisse”, Politique hovembro-dezembro de 1975, pp. 3-12 e saisie par les médias", Esprit, setembro~ 1979, ppp. 20-24, Ver, por fim, do lado da 1¢, “Le journal (1935-199) 31 121 do instante”: (oi e re langou nas Eullos dt seul sos cokepo a a olegao “A kis a” que 0 paso foi dado, muito ale- emente e sob 0 aplauso dos leitores. Desde entao, duas geracdes de homens de imprensa que tinham Crescido nos anos 1930 ¢ participado das provas dos anos negros” ¢ da descolonizagao, a de Bromberger € de Tournoux, di a de Amouroux, Rouanet, Viansson-Ponté, Fontaine, Nobécourt, Planchais, Paillat ou o prdprie Lacouture, comecaram a dizer bem alto em seus livros e artigos que o jornalista nao se contentaria mais em registrar 0 eco da atualidade que ele saberia produzir material elaborado e exercer seu olhar critico, que ele se daria o direito de fundar uma histéria “imediata” que inseriria “o aconteci- mento mal esquadreado” cuspido pelos telex - a ex- pressdo & de Lacouture - num percurso retrospectivo € numa problematica de interagdes entre o passado ¢ © presente. O real vivido e midiatizado seria passado no crivo do método € da duragao. Essa ambicao jornalistica vinha na hora certa € Hlorescerd no curso dos “sixties”. Foi, entao, que se percebeu mais claramente - € que foi vigorosamente criticado na ocasigo, sobretudo, em maio de 68 - 0.pa- pel decisivo dos meios de comunicagao.na transcricao, ha representagao e até na produgae do aconiiecimen- to €, portanto, na respiragio da Histéria,-depoi plantagao do répida de uma “cultura de massa” da qual Edgar Motin deu a primeira descrig86 para uso colegdo “Ce jour-l8" publicada por Robert Lafont tinha vendido muito bem » oscilando entre histé= ia ¢ jornalismo, inspirado icano. Des- de 1959, 0s publicada por Armand C 122 resse histrico do estudo da imprensa. O observador € o observado, concluiu-se, agiam doravante um sobre © outro, € © préprio acontecimento tinha se tornado polissémico: um ntimero célebre de Canmurications em 1972, em boa parte devido a Edgar Morin e'Pierre Nora, acabou de convencer alguns faros pesquisado- res de que.a historia “imediata” podia ter introduzida sub-repticiamente 4 tensao dolorosa € promissora no trabalho do historiador, despojado de um lado de boa parte de stia acuidade visual sobre o presente e de outro lado solicitada, ao mesmo tempo, pela ant logia ¢ pelo estructural m mais Tonge do que_ as virtudes de.uma longa duracao bastante i novel ent toda andlise do passado’. ~ Desde entio, os jornalistas retomaram a luta, fortalecidos com as novidades de seu officio. Uma das mais importantes para nosso propésito.foi, sem étivi- da, o dominio da abundancia dacumental no trabalho das redacGes: através da informacao das bases, dos bancos de dados e da prépria fabricagao do “papel” que se pode alimentar quase vontade no “doc”, na pes quisa mais avangada € multiplicada junto aos corres- pondentes loc da fabricagio do dossié em estilo news, da exibigao da meméria arquivada do jornal que da consisténcia a seu propésito, pela fama também dos suplementos que ajudam a relativizar a atualidade € @ refletir sobre ela, 6 examie da_atualidade tornou-se ma crénica durdvel, tomou uma textura € uma espes~ ra que 0 ap nal is dé Viti produto histérico. "Alig, a IMMportaiicia logistica, depois o triunfo em audigncia das formas radioldnicas ¢ televisivas da ‘a preocupagao também em garantir a qual- im puiblico, levaram fre rolissa quer prego a lid (ci 18, 1972, 2-LeEveneme! 123

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