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CAPITULO Aplicacgées do Diodo 2.1 INTRODUCAO A construgio, as caracteristicas € 0s modelos de diodos semicondutores foram introduzidos no Cap. 1. O objetivo inici- al deste capitulo € desenvolver conhecimento suficiente do fun- cionamento do diodo em vérias configuragoes, utilizando mode- Jos apropriados para cada tipo de aplicagdo. Ao final do capitu- lo, o padrio fundamental de comportamento de diodos em cir- cuitos de e ac deve estar perfeitamente compreendido. Os con- ceitos aprendidos neste capitulo terio importincia significativa nos capitulos seguintes. Por exemplo, diodos sao freqientemen- te empregados na descrigio da fabricagdo de transistores ¢ na andlise, nos dominios de e ac, de circuitos que empregam tran- sistores. ‘0 contetido deste capitulo iré revelar um lado interessante € muito positivo do estudo de reas como dispositivos e sistemas cletrénicos —uma vez entendido o comportamento basico de um dispositivo, sua fungdo e resposta podem ser determinadas para uma variedade infinita de configuragdes. A faixa de aplicagdo nio tem limites, ainda que as caracteristicas e modelos permanegam (0s mesmos. A anilise desenvolvida serd desde a que emprega a caracteristica real do diodo até a que utiliza modelos aproxima- dos quase que exclusivamente. Toma-se importante que 0 papel © a resposta de varios elementos em um sistema eletrOnico se- jam entendidos sem que se tenha que recorrer continuamente & procedimentos mateméticos extensos. Isto € realizado pelo pro- cesso de aproximagao, o qual pode exigir muita habilidade. Embora os resultados obtidos utilizando as caracteristicas reais possam ser um pouco diferentes daqueles obtidos pela utiliza- 80 de varias aproximacées, tenha em mente que as préprias caracteristicas fomnecidas por uma folha de especiticagdes podem ser ligeiramente diversas das caracteristicas do dispositivo na prética. Em outras palavras, as caracteristicas de um diodo semicondutor IN4001 podem variar de um elemento para outro ‘em um mesmo lote. A variago pode ser pequena, mas ser qua- se sempre suficiente para validar a aproximagio empregada na andlise. Considere também 0s outros elementos do circuito: 0 resistor com valor nominal de 100.0 é exatamente de 100.02 A tensao aplicada é exatamente de 10 V, ou talvez de 10,08 V? ‘Todas estas tolerncias contribuem para a crenga geral de que uma resposta determinada por meio de um conjunto apropriado de aproximagdes pode normalmente ser “tio precisa” quanto aque- St me Ja que emprega todas as caracteristicas. Neste livro, a énfase € direcionada ao desenvolvimento de um conhecimento suficien- te de um dispositivo, através do uso de aproximagées apropria~ das, evitando, assim, um nivel desnecessério de complexidade ‘matemiética, Detalhes suficientes serio normalmente fornecidos, entretanto, para permitirem uma andlise matemaética detalhada, se desejada, 2.2 ANALISE POR RETA DE CARGA ‘A carga aplicada tera normalmente um impacto importante no pponto ou regio de operacio de um dispositivo. Se a andlise for feita de maneira gréfica, uma reta poder ser desenhada sobre a ‘curva caracteristica do dispositivo, representando a carga apli- cada, A intersegio da reta de carga com a curva caracteristica determinara o ponto de operagao do sistema. Tal andlise é cha- mada, por motivos Sbvios, andlise por reta de carga, Embora a maioria dos circuitos com diodos analisados neste capitulo nlio empregue a abordagem da reta de carga, a técnica é freqile mente utilizada nos capitulos subseqllentes, e esta introdugao presenta a aplicaco mais simples do método. Permite ainda uma validagao da técnica aproximada, descrita ao longo de todo restante deste capitulo. Considere 0 circuito da Fig. 2.1a, empregando um diodo que tem as caracteristicas da Fig. 2.1b. Nesta Fig. 2.1, note que a “pressio” estabelecida pela bateria tenta forgar uma corrente atra~ vvés do circuito no sentido horério. O fato de esta corrente ¢ 0 sentido de condugao do diodo estarem “casados” revela que © diodo esta no estado “ligado” ¢ a condugao foi estabelecida, A polaridade resultante através do diodo sera como mostrada ¢ © primeiro quadrante (V, € J, positivo) da Fig. 2.1b serd a regitio de interesse para polatizacao direta. ‘Aplicando a lei das tenses de Kirchhoff no circuito em série da Fig. 2.1, resulta em E-Vp~Ve=0 I ow + lok an As duas varidveis da Eq, (2.1) (V, ¢ Z,) siio as mesmas re~ presentadas pelos eixos coordenados da Fig. 2.1b, que mostra ceo by >t BPE yet + + a RIV @ Joma) ° Vo) © Fig, 2.1 Configuragio série do dodo: (a circuit; (b) curva carutristica. ‘a curva caracteristica do diodo. Esta semelhanga permite tra- ‘gar graficamente a Eq, (2.1) sobre a curva caracteristica da Fig, 2.1b. AS intersegGes da reta de carga com a curva caracteristica do 4diodo podem ser facilmente determinadas empregando-se 0 fato ‘de que, em qualquer ponto do eixo horizontal, /, = 0 Ae de que, ‘em qualquer ponto do eixo vertical, V, = 0 V. Se atribuirmos V,, = 0 V na Eq, (2.1) € solucioné-la para I, temos o valor de /, no eixo vertical. Portanto, como V, = OV. a Bq, (2.1) torma-se am 0 Aplicacses do Diodo 37. E=Vo +R =0V+ bk Z) : Io* Rluyeov oo como mostrado na Fig. 2.2. Se arribuirmos 1, = 0.A na Eq, 2.1), ¢ solucioné-la para V,, temos 0 valor de V, no eixo horizontal Portanto, com /, = 0A, A Eq, (21) toma-se como mostrado E=Vp+IoR Vp + (0 AR 23) na Fig. 2.2. Uma linha reta tragada entre os dois pontos definiré areta de carga, desenhada na Fig. 2.2. Modifique o valor de R (a carga) e a intersegdo com 0 exo vertical modificar-se-&. O re~ sultado ser uma mudanga na inclinagao da reta de carga e um ponto de interseco diferente entre a reta de carga e a curva ca- racteristica do dispositivo. “Temos agora uma reta de carga definida pelo sistema e uma curva caracteristica definida pelo dispositivo. O ponto de inter- seciio entre as duas curvas representa o ponto de operacdo para este circuito, Desenhando simplesmente uma linha vertical até 0 eixo horizontal, a tensio do diodo Vp, pode ser determinada, cenquanto que uma linha horizontal do ponto de intersegao até o cixo vertical fomecerd o valor de Ip. A corrente I, é, na verda- de, a corrente que circula em toda a configuracao série na Fig. 2.1a. O ponto de operagio & normalmente chamado ponto quiescente (abreviado “pt Q”) para refletir suas qualidades de “imobilidade, inércia”, assim definidas para um circuito dc. A solugdo obtida pela intersecdo das duas curvas é a mesma {que seria obtida por uma solugio matemitica simultanea das Eas. Q.1)e (1.4) [1, = fet" = 1], Uma vez que acurva para um iodo possui caracteristicas ndo-lineares, a matemética envolvi- dda exigiria a utilizagao de téenicas nio-lineares que estao além dda necessidade e alcance deste livro. A andlise por reta de carga descrita acima fornece uma solugo com um minimo de esforgo ¢ prové uma descrigio “pictorial” do motivo pelo qual os valo- res da solugio para V,, € Ip, foram obtidos. Os préximos dois exemplos demonstrardo técnieas introduzidas acima e revelario 2 facilidade relativa com a qual a reta de carga pode ser determi- nada utilizando as Eqs. (2.2) e (2.3) e Yo= Elon Bama earners (Gps) Reta de carga (creito) Yo Fig, 2.2 Desenhando a reta de carga e determinando o ponte de opera, 38 Dispositivos EletrOnicos e Teoria de Circuitos + wm = =e to + RQ1ED Vy YW) ® Fig. 23 (a Circuito: EXEMPLO 2.1 ara a configuragio série do diodo da Fig. 2.3a, e empregando as caracteristicas do diodo da Fig. 2.3b, determine: (@ Va, © In, OV. Solucao 10V ©) By 2.2): dp Riv-ov 1k Eq. 2.3): Vp = Bly-na = 10V ‘A reta de carga resultante aparece na Fig. 2.4. A intersegao entre areta de carga e a curva caracteristica define 0 ponto Q como Ip, = 9,25mA valor de V, € certamente uma estimativa, ¢ a preciso de 1, & limitada pela escala escolhida, Maior preciso exigiria um dia ‘grama muito maior e seria, provavelmente, impraticével. (9,25 mA)(T KO) = 9,25 V 0 V— 0,78 V= 9,22 V J ) caractristicas. A diferenga nos resultados é devida a preciso com a qual o gré- fico pode ser lido. Idealmente, os resultados obtidos em ambos (0s métodos deveria ser os mesmos. EXEMPLO 2.2 Repita a andlise do Exemplo 2.1 com R = 2 k0. Solucio ov a 2): Ip = Se = Sms Ora Riv-ov 2KO Eq. (2.3): Vo = Ely,-oa = 10V Avreta de carga resultante aparece na Fig. 2.5. Note que, quanto ‘maior o valor da carga, menor € a inclinagdo da reta e menor a corrente do diodo. O ponto @ resultante € definido por Vp, = 0,7 V Jo, = 456 mA. 4,6 mA)(2 KA) = 9.2 V 1WV-07V=93V (b) Ve com Ve Ink tye Hw Fig. 2.4 Solugio para o Exemplo 21.

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