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ARTIGO TCC

O autismo pelo olhar da Psicologia

Ermelinda Piedade Mathias Oliveira1

Rebeca dos Santos Ivantes2

1
Ermelinda Piedade Mathias Oliveira – Universidade Estácio de Sá, Nova Iguaçu, RJ, Brasil.

2
Rebeca dos Santos Ivantes –Universidade Estácio de Sá, Nova Iguaçu, RJ, Brasil.
2

RESUMO

O artigo tem como objetivo geral descrever as dificuldades de comunicação da criança autista,
sob o ponto de vista psicológico, com vistas a possibilitar a sua inserção social.

Palavras-chave: autismo, comunicação e criança.


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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................4
1. O AUTISMO ........................................................................................................................................5
1.1. Histórico das pesquisas sobre o Autismo ..........................................................................................5
1.2. O termo “autismo” ............................................................................................................................7
1.3. O Autismo Infantil ............................................................................................................................8
2. A COMUNICAÇÃO DO AUTISTA ................................................................................................ 14
2.1.A atuação do Psicólogo junto ao autista.......................................................................................... 14
2.2 .......................................................................................................................................................... 14
2.3 .......................................................................................................................................................... 14
 3. ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA ................... 15
 3.1. ................................................................................................................................................. 15
 3.2. ................................................................................................................................................. 15
 3.3 .................................................................................................................................................. 15
 3.4. ................................................................................................................................................. 15
 3.5 .................................................................................................................................................. 15
 4. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 15
............................................................................................................................................................ 15
 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 15
4

INTRODUÇÃO
A comunicação é parte da constituição humana, estando, inclusive, em sua essência.
Desta forma, é possível dizer que o homem não apenas se comunica, sendo, ele próprio, a
comunicação. Trata-se este de um processo dinâmico de construção de significados. Por meio
da comunicação, ajuda-se a construir o outro, bem como a se autoconstruir, modificando o
comportamento alheio, bem como daquele que se utiliza da comunicação.
O substantivo comunicação, do latim communis, encerra em si a ideia de “tornar
comum”, comungar. Nela partilha-se o comum em um quadro relacional, nunca monológico.
Tem-se, pois, a característica social como elemento fundamental no conceito de comunicação
(Miranda, 2008, p.26).
Dizer “eu sou comunicação” é diferente de dizer: eu faço
comunicação e, para isso, utilizo tais recursos, meios e formas de
comunicar. Nós não seríamos capazes de viver sem nos
comunicarmos, sem entrarmos em relação uns com os outros. Dizer
“eu sou comunicação” é tomar consciência de que nos comunicamos
de todo o jeito, com o olhar, o tato, a fala, os gestos, os sentimentos, o
modo de andar, de vestir, e; enfim, a gente fala o tempo todo. O nosso
ser fala, ainda que não diga palavra alguma3.

Feita esta consideração acerca do que se tem por “comunicação”, passar-se-á, neste
momento, a fim de que se possa atingir o objetivo central destas linhas, ao exame de como se
pode tratar a questão relacionada à comunicação dos portadores de transtorno do espectro
autista (TEA).
O portador do TEA é reconhecido notadamente por sua peculiar dificuldade de se
comunicar com o meio social em que está inserido (APA, 2014).
Com o intuito de minorar estas dificuldades próprias do portador de TEA, uma série
de técnicas foi desenvolvida ao longo do tempo, técnicas estas que vão desde a comunicação
facilitada até os Movimentos “Sherborne”, passando pela utilização do computador, pela
integração auditiva e a integração social (MELO, 2007).
Pois bem, diante destas técnicas, surge uma pergunta inevitável: quais são as
dificuldades de comunicação do autista?

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CORAZZA, H. Comunicação e liturgia na comunidade e na mídia, p. 17
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1. O AUTISMO
1.1. Histórico das pesquisas sobre o Autismo
Nos idos de 1911, Eugen Bleuer (1857-1939), atribui o termo autismo inicialmente a
determinados sintomas que se contradizem com a definição que Leo Kanner viria a contrapor
logo depois, de acordo com Rivera (2007 apud Rutter, 1984, pp. 1-26). Expressou com esse
nome, a inclusão abrupta à fantasia em que alguns pacientes se encontravam o que Bleuer
afirmava que esses transtornos esquizofrênicos e a conduta intencional de evitar relações
sociais se davam por conta própria do doente.
Em 1943, o autismo foi descrito pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner através do artigo
intitulado "Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo", publicado na extinta revista The
Nervous Child, onde apresenta uma observação de um grupo de crianças na qual onze delas
manifestavam comportamentos parecidos. Logo, o autismo foi visto como uma doença
específica, relacionada ao segmento da esquizofrenia (PEREIRA, 1999).
Segundo Baron e Cohen apud Sousa et al (1990, p.408) apesar de o assunto ter surgido
em 1943, houve depois disto, uma ausência de estudos durante os vinte anos seguintes. O fato
ocorreu, pois na época, Kanner descreveu o autismo como uma alteração puramente
emocional, o que foi bem aceito pelos psicanalistas e psicólogos. Somente no início da década
de 60 houve uma mudança na forma de percepção quanto ao autismo, e então os psicólogos
começaram a considerá-lo como uma desordem cognitiva. Para Timo; Maia; Ribeiro (1992,
apud Klinger; Rogers p.157-186; 2000, p.79-107), o autismo era compreendido como um
distúrbio básico de processos cognitivos e linguísticos, fugindo de uma análise que implique
na contribuição social e afetiva para a síndrome.
No ano de 1997 observou-se um aumento na proporção de indivíduos com a síndrome
de autismo onde a cada 500 indivíduos um possui a síndrome, entretanto para Marques (1993)
o autismo até a data presente, era considerado uma doença rara, pois atingia uma a cada 1.200
pessoas. O autismo é mais comum em pessoas do sexo masculino com uma incidência de
quatro vezes mais em relação ao gênero feminino e parece não se associar a quaisquer fatores
sejam econômicos raciais e sociais. Porém acredita-se que está relacionado à genética.
(SANTOS; SOUSA apud DUNLAP et.al. 1999).
É sabido que o autismo é um distúrbio de desenvolvimento, com etiologias múltiplas
(ASSUMPÇÃO, 1995), de origem neurobiológica (GILBERG & COLEMAN, 1992 apud
BOSA e CALLIAS, 2000), não necessariamente relacionando a problemas na interação mãe-
bebê, e sim com fatores ambientais, com vacinas e diversas outras hipóteses já levantadas a
respeito da doença.
6

“O autismo é uma doença congênita, não temos o poder de criar filhos autistas, eles
nascem com esta deficiência, que pode se manifestar desde o seu nascimento (sendo o
autismo clássico) ou até os dois anos de idade” (MOREIRA, 2001).
De acordo com o DSM IV-TR (2002) este transtorno de desenvolvimento afeta 1.1000
crianças, tendo incidência maior no sexo masculino (3:1/4:1).
Quando se ouve a palavra “autismo”, logo vem à mente a imagem de uma criança ou
adolescente isolado de seu próprio mundo, contidos em uma bolha impenetrável, que brinca
de forma estranha, balança o corpo para lá e para cá, alheia a tudo e a todos. Geralmente está
associado a alguém diferente de nós, que vive à margem da Sociedade tem uma vida
extremamente limitada, em que nada faz sentido. Mas, não é bem assim. Esse olhar nos
parece estreito demais: neste caso, estamos nos referindo a pessoas com habilidades
absolutamente reveladoras, que calam fundo na nossa alma, e nos fazem refletir sobre quem
de fato vive alienado.
Trata-se de um transtorno global do desenvolvimento infantil que se manifesta antes
dos três anos de idade e se prolonga por toda a vida. Segundo as Organizações das Nações
Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno,
sendo que, em crianças, é mais comum que o câncer, a AIDS e o Diabetes. Caracteriza-se por
um conjunto de sintomas que afeta as áreas da socialização, comunicação e do
comportamento. E dentre elas a mais comprometida é a interação social.
No entanto, isso não significa dizer, em absoluto, que a pessoa com autismo não
consiga e nem possa desempenhar seu papel social de forma bastante satisfatória. Atualmente
existe uma força-tarefa quebrando preconceitos em relação aos autistas, contando com a ajuda
de profissionais da Educação e da Saúde, em especial, o Psicólogo.
A primeira categoria trata-se de comportamentos motores estereotipados e repetitivos,
como pular, balançar o corpo e as mãos. Bater palmas, agitar ou torcer os dedos fazendo
caretas, estando a segunda relacionada a comportamentos cognitivos, tais como compulsões,
rituais e rotinas, inexistência e mesmice, sendo o psicólogo um profissional capacitado a
trabalhar com essas dificuldades e apresentar melhores condições de vida social.
É comum sabermos de crianças chamadas “pequenos gênios”. Tamanha quantidade de
informação e capacidade de memorização não é esperada em crianças tão jovens. Isso mostra
um padrão anormal. As crianças com autismo que possuem essas habilidades espetaculares
tendem a ter prejuízos em outras áreas de sua vida. O que precisa de um acompanhamento de
Psicólogos, Neurologistas, Psicopedagogos e Terapeutas.
7

Já foram constatados, que grandes personalidades do passado apresentavam


características semelhantes ao do espectro autista. Tais como Leonardo da Vinci, Isaac
Newton e Albert Einstein e eram espetacularmente envolvidos à sociedade.
A missão do Psicólogo não é restrita. Ao contrário, ele desenvolve uma ponte para
chegar à comunicação e linguagem e se fazer entender, sempre contando com o auxílio do
neurologista, a fim de que, unindo seus conhecimentos, possam chegar a um diagnóstico
exitoso.
Partindo deste pressuposto, o psicólogo, com sua formação específica e bem definida,
deve estar inserido nesse contexto, sendo também um conhecedor do desenvolvimento
humano para ter condições de detectar as áreas defasadas e comprometidas. Ele precisa estar
muito sensível às observações e relatos da família. É fundamental que o psicólogo esteja
atualizado com os trabalhos e pesquisas recentes relativos à sua especificidade para orientar a
família. A sua sensibilidade diante da criança e do nível de comprometimento desta é
importante para que ele saiba adequar propostas terapêuticas que realmente a beneficiem
(Ellis, 1996).
É importante ressaltar que a profissão do psicólogo apresenta muitos desafios
profissionais e pessoais frente aos portadores de deficiência e suas famílias. Nadja Costa
(apud Gauderer, 1997), observou, em sua revisão bibliográfica, que o psicólogo pode
desenvolver emoções e sentimentos face às doenças crônicas ou doenças fatais e que esses
sentimentos influenciam no diagnóstico.
Por mais que existam leis, como a Lei n.º 7853/89 - apoio às pessoas portadoras de
deficiência e sua integração social, a LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação),
Deliberações como o CEE n.º 68/2007 - normas para a educação de alunos com necessidade
educacional especiais, no sistema estadual, não temos a garantia real sobre a participação e o
acesso desses educando na sala de aula.

As mazelas da educação especial brasileira, entretanto, não se limitam


à falta de acesso. Os poucos alunos que têm tido acesso não estão
necessariamente recebendo uma educação apropriada, seja por falta de
profissionais qualificados ou mesmo pela falta generalizada de
recursos (MENDES, 2006, p. 397).
1.2. O termo “autismo”
O termo “autista” surgiu na literatura psiquiátrica com Plouller em 1906, ao estudar
pacientes que tinham o diagnóstico de demência precoce, mas foi Eugen Bleuer, psiquiatra
suíço, em 1911, o primeiro a difundir o termo autismo, definindo-o “como perda de contato
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com a realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na interação


interpessoal” (SALLE et al., 2002, p. 11).

1.3. O Autismo Infantil


O quadro que hoje leva à denominação de Autismo Infantil, diferenciando-o de outras
psicoses graves da infância foi identificado em 1943 por Leo Kanner, um médico austríaco,
que relatou a Síndrome pela primeira vez, descrevendo um grupo de 11 crianças que
apresentavam um quadro clínico semelhante, no qual o principal distúrbio era a incapacidade
de se relacionar com outras pessoas desde o início da vida (GAUDERER, 1993).
De acordo com Assumpção (1995), Kanner descreveu sob o nome de “Distúrbios
Autísticos de Contato Afetivo”, um quadro caracterizado por “autismo extremo,
obsessividade, estereotipias e ecolalia”. Ainda de acordo com Assumpção (1995), esses
estudos realizados por Kanner mostravam que as crianças analisadas por ele “apresentavam
um alheamento extremo já ao início de suas vidas, não respondendo aos estímulos externos e
vivendo “fora do mundo”. Concomitantemente mantinham uma relação inteligente com os
objetos que, entretanto, não alterava seu isolamento” (ASSUMPÇÃO, 1995, p. 3).
Rivièri (1995) aponta que as crianças que Kanner analisou e caracterizou com
“Distúrbios Autísticos de Contato Afetivo” apresentavam:
1) incapacidade para estabelecer relações com as pessoas, 2) um amplo conjunto de
atrasos e alterações na aquisição da linguagem e 3) uma “insistência obsessiva” em
manter o ambiente sem mudanças, acompanhada da tendência a repetir uma gama
limitada de atividades ritualizadas. (RIVIÈRI, 1995, p. 273).
Kanner em 1949 passa a se referir o autismo como “Autismo Infantil Precoce”,
descrevendo-o a partir de: uma dificuldade profunda no contato com as outras pessoas; um
desejo obsessivo de preservar as coisas e situações; uma ligação especial com objetos e uma
dificuldade no contato e na comunicação interpessoal. (SCHWARTZMAN, 1995).
Assumpção (1995) relata que, até o final de seus estudos, Kanner continuou
enquadrando o autismo infantil dentro do grupo das psicoses infantis.
Segundo Riviéri (1995), foi a partir dos anos sessenta que o autismo começou a ser
compreendido como um distúrbio profundo do desenvolvimento, ao invés de uma psicose
semelhante à esquizofrenia adulta. E assim necessitando do profissional Psicólogo.
De acordo com Assumpção (1995) os estudos que se seguiram sobre autismo infantil
mantiveram as características inicialmente descritas por Kanner. Porém, em 1976 outra visão
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sobre autismo começa a surgir com Ritvo e Ornitz, que se referem ao autismo como um
problema de desenvolvimento, com a presença de déficits cognitivos.
Para Ritvo e Ornitz (1976), a caracterização do autismo é então feita a partir do
nascimento e por suas características comportamentais, representadas por: distúrbios de
percepção, distúrbios de desenvolvimento, distúrbios de relacionamento social, distúrbios da
fala e da linguagem e distúrbios da motilidade.
O Manual de Diagnóstico e de Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, APA,
2014), classifica o autismo infantil como um “Transtorno do Espectro Autista” e é
caracterizado por um, comprometimento grave e global em diversas áreas do
desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação ou
presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades (APA, 2014, p.50).
De acordo com DSM-V, os critérios diagnósticos apresentados pelo paciente que
definem o Transtorno Espectro Autista (F84.0.299) são:
A- Deficiências persistentes na comunicação e interação social:
1. Limitação na reciprocidade social e emocional;
2.Limitação nos comportamentos de comunicação não verbal utilizados para
interação social;
3. Limitação em iniciar, manter e entender relacionamentos, variando de dificuldades
com adaptação de comportamento para se ajustar as diversas situações sociais.
B- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades,
manifestadas pelo menos por dois dos seguintes aspectos observados ou pela história clínica:
1. Movimentos repetitivos e estereotipados no uso de objetos ou fala;
2. Insistência nas mesmas coisas, aderência inflexível às rotinas ou padrões
ritualísticos de comportamentos verbais e não verbais;
3. Interesses restritos que são anormais na intensidade e foco;
4. Hiper ou hiporreativo a estímulos sensoriais do ambiente.
C- Os sintomas devem estar presentes nas primeiras etapas do desenvolvimento. Eles
podem não estar totalmente manifestos até que a demanda social exceder suas capacidades ou
podem ficar mascarados por algumas estratégias de aprendizado ao longo da vida
D -Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo nas áreas social,
ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento atual do paciente.
E- Esses distúrbios não são melhores explicados por deficiência cognitiva ou atraso
global do desenvolvimento.
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Prossegue o DSM-V-(2014), relatando o autismo como tendo início antes dos três
anos de vida, sendo predominante no sexo masculino em uma proporção de (3:1 ou 4:1) e
decorrente de várias condições pré e pós-natais.
Assumpção e Kuczynski (2007, p.3) apontam que o autismo é “uma síndrome
comportamental definida, com etiologias orgânicas também definidas” [...] e que “torna-se de
extrema dificuldade a construção do fenômeno autismo, pois, conforme dissemos até o
presente, o fenômeno engloba um grande número de patologias diferentes” (ASSUMPÇÃO;
KUCZYNSKI, 2007 p.7).
Assumpção (1995) afirma que o autismo também pode estar associado a uma doença
neurológica ou a outras condições médicas tais como: infecções pré-natais, hipóxia neonatal,
fenilcetonúria, Síndrome de West, Síndrome de Rett, Síndrome de Williams, Síndrome de
Moebius, Síndrome de Turner, Síndrome do X Frágil, Síndrome de Zuniche, Intoxicações pré
e pós-natais, Hipomelanose de Ito, Mucopolissacaridoses, Síndrome de Down, Síndrome de
Cornélia de Lange, Neurofibromatose, Esclerose Tuberosa, Doença de Tay-Sachs, entre
outras.
Discorrendo ainda sobre a questão das causas do autismo, Zorzetto (2011) afirma que,
na época de seus estudos, Kanner atribuía os problemas autísticos à causas psíquicas causadas
por pais distantes, já outro estudioso da época, Hans Asperger (1946), acreditava que a origem
dos distúrbios autísticos era biológica. Zorzetto (2011) diz ainda que, a visão de que o autismo
tem causas psíquicas prevaleceu por certo período e, mais tarde, por volta dos anos 60, à visão
biológica ganhou força, alegando que surgiram evidências de que alterações no sistema
nervoso central poderiam causar o autismo. Porém, o autor afirma que, atualmente, as
pesquisas mais recentes tem associado o autismo a causas genéticas, e que “até o momento,
alterações em mais de 200 genes, distribuídos por quase todos os cromossomos humanos, já
foram associados ao autismo” (ZORZETTO, 2011, p.23).
De acordo com Gupta e State (2006, p. 30) “o autismo e os transtornos do espectro do
autismo (TEAs) possuem as mais fortes evidências de terem bases genéticas”. Os autores
seguem dizendo que “as primeiras evidências reproduzíveis que implicam regiões
cromossômicas e genes específicos nos transtornos do espectro do autismo já foram
apresentadas” (GUPTA; STATE, 2006, p.30).
Há muito se avalia que os genes desempenham um papel central na
fisiopatologia do autismo e de suas condições relacionadas. Ainda que
esses cálculos tenham sido feitos na ausência do conhecimento dos
genes causadores da doença, os dados são mesmo assim convincentes.
Como um todo o herdabilidade, que é a proporção de variância
11

fenotípica atribuível a causas genéticas, é calculada em


aproximadamente 90%. (GUPTA; STATE, 2006, p.30).
Para identificar os genes da doença nos TEAs, os Psicólogos se basearam em três
abordagens: análise de ligação genética, análise citogenética e estudos de genes candidatos.
Sobre a prevalência do autismo na população, Zorzetto (2011) afirma que, o maior e
mais recente levantamento realizado no Brasil indica que o autismo e suas variações afetam
uma em cada 370 crianças.
Os sintomas do autismo não afetam todas as pessoas com autismo com o mesmo grau
de severidade. Neste sentido, conforme afirmado por Riviéri (1995, p. 272) “existem
importantes diferenças - relacionadas ao QI, ao nível linguístico e simbólico, ao
temperamento, à gravidade dos sintomas - entre uns autistas e outros”.
Em relação aos comprometimentos do autismo Lorna Wing na década de 70 nomeia
uma tríade de comprometimentos, a qual foi dada o nome de “Tríade de Lorna Wing”, às
incapacidades nas três áreas do desenvolvimento das crianças com autismo: a incapacidade na
comunicação, na interação social e na imaginação. Lorna Wing, no final da década de 70,
também propôs a expressão “Espectrum ou Continuum de Desordens Autísticas”, para
designar déficits qualitativos na denominada tríade de comportamentos (BOSA, 2002).
Riviére discorre um pouco sobre as primeiras manifestações autísticas, ela afirma que
“embora as primeiras manifestações do autismo comecem sempre antes dos três anos e em
quatro de cada cinco casos desde o nascimento, as mesmas costumam ser pouco claras no
primeiro ano” (RIVIÉRI, 1995, p.278). Riviére (1995) cita que, frequentemente, a criança
autista é muito passiva, permanece alheia ao meio, além de mostrar-se pouco sensível às
pessoas e objetos que a cercam, falta de respostas de orientação a certos sons, não adquirem
as regras de antecipação, nem as formas de reconhecimento social e apego, as condutas de
comunicação intencional (pedidos, chamadas) encontram-se alteradas ou ausentes e que a
idade de desenvolvimento da linguagem na criança normal corresponde á etapa mais alterada
do autista.
Nilsson (2003) ao discorrer um pouco mais em relação à definição de autismo
relacionando-a as questões de aprendizagem, diz que pessoas com autismo têm uma
desvantagem baseada em uma desordem do desenvolvimento que resulta em um estilo
cognitivo diferente. “Autismo é um defeito de aprendizagem social diferente de um defeito
intelectual genérico ou retardo mental” (NILSSON, 2003, p.7).
Em relação à habilidade social, Nilsson (2003) afirma que quando crianças com
autismo crescem, essa habilidade social é desenvolvida em extensão variada. Segundo a
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autora, há crianças que crescem e permanecem indiferentes, sem entender o que se passa na
vida social, comportando-se como se outras pessoas não existissem, olhando através da outra
pessoa como se ela não estivesse lá, não reagem se alguém fala com elas ou chama pelo
nome.
Ai entra mais do que nunca o trabalho dos profissionais: Psicólogos, Psicopedagogos e
Neurologistas, dado que as faces das crianças portadoras de autismo mostram pouco suas
emoções, exceto se estiverem excitadas ou bravas. Usam as pessoas para obter o que querem,
além disso, são indiferentes ou têm medo de seus colegas.
A autora afirma que há também crianças autistas que crescem e se desenvolvem no
grupo passivo, “aceitando o contato ocular e a interação social iniciada por outros. Pode
permitir que outras crianças brinquem com elas, visto que frequentemente são dóceis”
(NILSSON, 2003, p.10).
Em relação a esse grupo, a autora afirma que é bem verdade que elas não sabem como
fazê-lo, pois desconhecem as regras não escritas de relacionamento social. Podem olhar nos
olhos de outro, sem, contudo, compreender como o contato ocular é usado socialmente.
Podem falar e falar, abraçar ou segurar outra pessoa muito proximamente, demandar atenção,
de um modo, porém, que mostra que não podem interpretar as reações das outras pessoas nem
adaptar seu próprio comportamento social.
Estes são os ativos mais estranhos, de acordo com Lorna Wing, que foi quem deu
nome a esse grupo (NILSSON, 2003, p.10).
Perissionoto (1995) também discorre sobre os problemas causados sobre o déficit na
interação social que o autista enfrenta, e afirma que “pais de adolescentes apontam para o
reduzido número de amigos, como consequência ou do desinteresse ou de falhas na
compreensão de regras ou convenções sociais” (PERISSINOTO, 1995 p.106).
Em relação à área de comunicação, Nilsson (2003) ressalta também.

Que a falta de habilidade de pré-comunicação, em crianças com


autismo, é também aparente nas suas dificuldades de variar suas
expressões para conseguir certos objetivos e coordenar diferentes tipos
de expressões, tais como expressões faciais, contato ocular,

Fernandes (1996) aponta que, para alguns autistas, as maiores dificuldades de


comunicação não estão na linguagem, mas sim na prática da linguagem.
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Outra autora que também discute os problemas da linguagem e comunicação do autista


é Pastorello (2007, p. 132), ao falar que “as descrições da linguagem no autismo envolvem a
presença de ecolalia, inversão pronominal, rigidez de significados, linguagem irrelevante, uso
metafórico da linguagem, uso de estereotipia e jargão, mutismo e dificuldade em manter
conversação”.
Perissinoto (1995) também estuda os distúrbios de linguagem encontrados nos autistas
e afirma que eles apresentam “desorganização quantitativa e qualitativa na reatividade aos
estímulos e na produção da fala; desordem na compreensão e estruturação dos códigos oral e
gráfico e na função social e cultural da comunicação” (PERISSINOTO, 1995 p.102). A autora
também analisa a desorganização na reatividade na produção de sons afirmando que “atrasos
ou alterações no comportamento inicial de linguagem, relacionados à reação aos sons, às
vocalizações, ao balbucio, à diferenciação do choro e à produção de sons são descritos pelas
famílias e observados pelos profissionais que lidam com as crianças autistas”
(PERISSINOTO, 1995 p.102).
Sobre o comportamento do autista, Nilsson (2003) diz ainda que algumas rotinas
podem tornar-se obsessão, ou a tentação de reagir imediatamente aos seus impulsos é tão
grande que os autistas não podem resistir a ela. De acordo com a autora, os autistas sabem
muito pouco em relação às reações das outras pessoas, por isso eles têm certas atitudes e
comportamentos sem ao menos imaginar que as outras pessoas vão achar estranhos.
Em relação às estereotipias e aos movimentos estereotipados que são percebidos no
comportamento de pessoas com autismo, Simiema (2007) afirma que “as estereotipias
motoras são consideradas características do autismo infantil, e, quando estão presentes, não
são diagnosticadas em separado” (SIMIEMA, 2007 p.44).
Além dos principais sintomas e comprometimentos do autismo, existem também
outros sintomas que podem ser percebidos em relação à disfunção no sistema sensorial ou
problemas de percepção, entre eles encontram-se: percepção auditiva, visual e tátil; defesa
tátil; sensações olfativas e de paladar; sensibilidade à dor, calor e frio; senso cinestésico e de
propriocepção; problemas de sono e hiper ou hipoatividade; fome, sede e emoções.
Assumpção e Adamo (2007) ao falarem a respeito da parte sensorial do autismo
infantil, afirmam que “o bebê não responde da mesma forma que os demais. Não é surdo, pois
reage aos sons, mas suas reações a outros estímulos sensoriais são inconscientes”
(ASSUMPÇÃO; ADAMO, 2007 p.159).
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2. A COMUNICAÇÃO DO AUTISTA
2.1.A atuação do Psicólogo junto ao autista
O foco destas linhas está nas dificuldades de comunicação enfrentadas pelo autista e quais as
formas de intervenção terapêutica que podem auxiliar o portador do transtorno em questão a
superar tal barreira.
O trabalho do psicólogo é consistente na atuação junto ao paciente e sua família, a fim de dar
andamento ao processo terapêutico. Hoje existem terapias em grupo, em que estão pais e
cuidadores de crianças portadoras de transtorno do espectro autista, podendo ser
compartilhadas as experiências de cada um, sendo também oferecidos aconselhamentos para
um melhor convívio com esse público.
A terapia cognitivo-comportamental não é hoje a única e melhor forma de tratamento para o
autismo, porém, algumas técnicas são utilizadas em intervenção com esses indivíduos
autistas, o que, ao longo da sua utilização, vem colhendo bons resultados.
Schopler e Reicher em 1971 falam que muitos autistas se envolvem em condutas consideradas
não comuns, utilizando-se destas como tentativa de se comunicar, de transmitir aquilo que
elas não conseguem transmitir de outra forma, porém, tais condutas podem ser modificadas,
com o oferecimento de novas alternativas de se comunicar, como gestos e sinais de
linguagem.
As teorias cognitivo-comportamentais estão frequentemente baseadas na suposição de
que o indivíduo possui habilidade de pensar e agir adequadamente para a situação, e se
fazem de forma diferente, a teoria cognitivo comportamental entende que seria porque tal
indivíduo compreende situações de maneira diferente; no caso do autista, ele não adota
determinadas condutas sociais básicas, como as crianças com seu desenvolvimento normal
(Lord,1991).
No caso do autista não é apenas selecionar uma conduta adequada para ser apresentada a ele,
mas fazer com que ele tenha acesso a essa conduta.
Lord C. afirma que ensinar uma criança autista a não tirar o brinquedo de outra criança, seria
uma forma mais eficaz de desenvolver junto a ela meios de obter esse objeto sem uma reação
agressiva.
2.2
2.3
15

 3. ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA


 3.1.
 3.2.
 3.3
 3.4.
 3.5
Método: Este estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica consubstanciada na
consulta aos livros, bem como aos periódicos especializados, nas paginas da internet, nas
teses e dissertações acerca do tema em comento, publicações periódicas, páginas de internet,
relatórios de simpósios/seminários, bem como revistas eletrônicas especializadas.

Da mesma forma, foi consultada toda a legislaçãoProcedimentos: toda coleta de dados feita
por meio de leituras da bibliografia especializada no assunto, da legislação pertinente ao tema
sob análise, consubstanciada na convenção internacional sobre os direitos da pessoa com
deficiência.

 4. CONCLUSÃO
 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.teacch.com/about-us/what-is-teacch, consultado em 11 de outubro de 2015 às


21:21.

Calazans, Roberto e MARTINS, Carla Rodrigues. Transtorno, sintoma e direção para o


tratamento do autista, in Estilos da Clínica, 2007, Vol. XII, no 142 22, 142-
157http://www.revistas.usp.br/estic/article/viewFile/46022/49647, consultado em 11de
outubro de 2015 às 21:26.

Conclusão: Considerações Finais

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