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Percepção sobre Estresse Ocupacional: Estudo de caso dos funcionários da

empresa Movicel em Luanda

Manuel Serafina Casimiro Zinga


Faculdade de Ciências Sociais/UAN

Resumo
O mundo corporativo vem passando por mudanças, abrindo espaço para uma
cultura empresarial em que as pessoas trabalham mais horas e mais arduamente a fim
atingir o sucesso profissional e pessoal. O presente trabalho tem como teoria base a
Síndrome de Adaptação Geral. Quanto a metodologia, utilizaremos a técnica da
entrevista. E relativamente aos participantes, trabalharemos com quatro pessoas,
repartidas de acordo o género, as habilidades e idade.

Palavras-chave
Introdução
Nos dias de hoje percebe-se que situações sobre estresse no local de trabalho
vêm expandindo gradualmente, isto porque nos deparamos constantemente com tal
problema provocado nas relações de trabalho nas diversas áreas. As relações sociais em
si, a sobcarga de afazeres tem sido determinantes para o agravamento da situação de
muitos trabalhadores.
Constata-se que, com o passar do tempo, o ambiente de trabalho vem se
transformando e acompanhando o avanço das tecnologias ultrapassando cada vez mais o
nível de capacidade de ajustamento dos trabalhadores. A pressão do trabalho de rotina
tem afectado ainda mais os trabalhadores, pois acaba sendo cobrado não somente no
trabalho como também na vida de uma forma geral em todas suas relações sociais. O
estresse no local de trabalho pode exercer grande influência na forma como o indivíduo
se comporta na sociedade, pode torná-lo agressivo, depressivo alterando seu humor
diário.

Relativamente a probletatica, os estudos sobre o estresse têm se baseado na


análise e percepção das pessoas sobre determinados assuntos. É neste sentido que se
pretende provar com o presente estudo que o estresse pode exercer grande influência no
comportamento da pessoa nas organizações, sobre tudo nas funções desempenhadas.
Dai a pergunta de investigação:
Qual é a percepção sobre estresse ocupacional dos funcionários da empresa
Movicel?

Objectivos Específicos do Estudo:

 Estruturar uma entrevista sobre a percepção do estresse ocupacional dos


funcionários da empresa;
 Realizar uma análise lexical sobre a percepção dos funcionários quanto ao
estresse ocupacional na empresa;
 Efetuar uma analise categorial da percepção dos funcionários sobre estresse
ocupacional na organização.
DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

Para Santos, A.M (1998) “ O Estresse ocupacional é um fenómeno que ocorre


quando os colaboradores percecionam os seus recursos como diminutos para enfrentar
as exigências desencadeadas pela actividade laboral que desempenham.” (p.32).

Sacadura-Leite, E (2007) “ O Estresse ocupacional está relacionado com a


percepção que os trabalhadores têm relativamente à dificuldade em lidar com aspectos
da sua situação laboral, nomeadamente a exposição a factores de risco de natureza física
e psicossociais relacionados com as condições de trabalho e com a própria actividade.”
(p.26).

Eduard, A (2013) “ O Estresse Ocupacional é mecanismo normal necessário e


benéfico ao organismo, pois faz com que o ser humano fique mais atento e sensível
diante da situação de perigo ou dificuldade. É um grande factor em muitas desordens da
pele como a urticária e dermatite.” (p.29).

Lazarus, (1995) “Consiste num problema negativo, de carácter perceptual que


resulta de estratégias inadequadas de combate à fontes de estresse e que traz
consequências negativas tanto no plano mental quanto físico. O estresse profissional
também pode surgir quando os indivíduos percepcionam que o trabalho não satisfaz as
suas necessidades de realização profissional, não vai ao encontro dos seus valores e não
é recompensado adequadamente “(p:78).

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE ESTRESSE

O termo estresse provém do latim stiringer que significa estreitar, dando a


origem às palavras francesas étreinde para designar pressao, angustia, sufoco e détresse
com a conotacao de perigo, sofrimento ou necessidades. No seculo XVIII, o seu uso
evoluiu para designar, no campo da fisica tem grau de deformidade que uma estrutura
sofre quando é submetida a um esforço (França, 2005).
Foi Hans Selye, que em 1926, utilizou este termo pela primeira vez, definindo o
estresse como “um conjunto de reações que o organismo desenvolve ao estar submetido
a uma situação que exige o esforço para adaptação (Ibid, 2005).

Portanto, Hans Selye é considerado historicamente como o pai do Estresse. De


acordo ele:
O Stress é uma reação adaptativa única e geral do corpo quando submetido à
agentes estressores, por ele denominada de síndrome de adaptação geral, e
caracterizada pela existência de três fases ”(p:213).

Significa dizer que, o estresse é uma acomodação só e global do corpo no qual é


sujeitado à factores estressantes, sobre ele designado de adaptação geral, e determinado
pela presença de três etapas.

A primeira fase, denominada de reacção de alarme, tem incio quando o


organismo é subitamente exposto a diversos estimulos aos quais não se ajusta,
povocando uma reacção que obriga a procurar energia adicional para enfrentar essa
situação de estresse. O individuo pode agir de duas formas: assume uma posição de
ataque e enfrenta a situação ou assume uma posição de fuga e evita o estresse. Ao
adoptar uma destas posições consegue superar a situação de estresse e restabelecer o
equilíbrio. Caso isso não aconteça está perante uma situação de estresse prolongado e
passa à fase seguinte, que se caracteriza por sudorese excessiva, taquicardia, respiração
ofegante e/ou aumento da tensão arterial (Malagris & Fiorito, 2006).

De acordo com Selye (1979), esta fase é composta por duas subfases: a fase de
choque que se caracteriza pelo declinio da resistencia à reacção inicial e imediata ao
agente nocivo e a fase de contra-choque que é marcada pela mobilização dos
mecanismos de defesa.

A segunda etapa é uma fase de resistencia em que o organismo se adapta ao


agente causador de estresse e os sintomas diminuem de intensidade. O organismo
procura resataurar o equilibrio, habituando-se ao agente indutor de estresse (resposta de
adaptação) e substuindo a reacção de alarme. Nesta fase, o organismo é solicitado a
fornecer cada vez mais energia para poder resistir, uma vez que não se trata de uma
situação normal. O fornecimento de energia é limitado, pelo que a situação de estresse
tende a manter-se; se o organismo esgotar as suas capacidades de resistência fica
vulnerável as várias doenças. Quando existe mais do que um factor de estresse, estes
tendem a multiplicar-se (Cunha, Rego, Cunha & Cabral-Cardoso, 2004).
Nesta fase há grande comprometimento físico que pode apresentar-se em forma
de doenças e em casos extremos levar a morte (Malagris & Fiorito, 2006). Porem,
Lazarus (2002) concluiu que não há nenhuma situação em concreto que possa ser
reconhecida como indutora de estresse, porque nem todas as pessoas percepcionam os
acontecimentos de igual forma. O facto de determinadas situações serem causadoras de
estresse para algumas poderão não o ser para outras, porque a relação do indivíduo com
o ambiente baseia-se em experiencias pessoais, valores e crenças, em variáveis físicas e
sociais que são próprias da pessoa e da visão que têm do mundo.

A terceira fase (da exaustão) surge quando o agente estressor se prolonga e o


individuo perde a capacidade de se adaptar, ocorrendo então o esgotamento. Esta fase
pode subdividir-se em dois estádios: o depressivo, em que o individuo perde o interesse
por tudo o que o rodeia e se torna apático, e o destrutivo, em que o indivíduo pode
encarar o suicídio como uma solução para seus problemas (Selye, 1965).

Malagris e Fiorito (2006) referem que existe, ainda, uma quarta fase do estresse
denominada quase-exaustão e que ocorre no momento em que o indivíduo não consegue
adaptar-se ou resistir ao agente estressor. Nesta fase, em virtude da diminuição das
resistências do organismo, poderão surgir doenças, o que torna a produtividade bastante
comprometida, embora em menor escala que na fase de exaustão.

Apesar de Selye ter tido um papel fundamental nesta área, o seu trabalho foi
criticado por ignorar as diferenças individuais ao lidar com as diversas situações
indutoras de estresse e por não considerar os factores ambientais destas situações
(Cunha et al., 2014).

De acordo Khorol (1975) “Aborda a questão do stress retomando as formulações


de Hans Selye. Enfatiza que este defendia que a faculdade de adaptação é
provavelmente a mais importante da vida e que, em biologia, chama-se stresse a reacção
do corpo humano a qualquer modificação ou mudança relevantes, seja ela agradável ou
desagradável” (p:132).

De acordo Lipp (2001) “fascinados pelas reacções idênticas por ele observadas
em pacientes que sofriam de diferentes patologias, denominou-as de “síndrome geral de
adaptação” ou “síndrome do stress biológico” (conhecida como a “síndrome do
simplesmente estar doente”). Tal como concebido por Selye, o stress corresponde a uma
quebra no equilíbrio interno do organismo, ao qual este reage procurando recuperá-lo”
(p:55).

Conforme Corte (1998) “O autor busca delimitar a importância do aspecto


psicológico na reabilitação do paciente cardiopata, recorre ao conceito de “síndrome
geral de adaptação aos agentes estressores”, elaborado por Selye, em que se designa a
reação do organismo quando submetido à tensão, associa-o ao de homeostase (do grego
homoios, similar, e stasis, posição) formulado por Cannon, e descreve as três fases
sucessivas descritas por Selye (alarme, resistência e esgotamento), apontando que é
após estas que surgem as doenças de adaptação: Após estas fases surgem as chamadas
doenças de adaptação como a hipertensão, úlcera péptica, lesões miocárdicas ” (p:46).

ESTUDOS REALIZADOS
Nesta seção, vamos mencionar três estudos sobres o estresse ocupacional.

O primeiro estudo foi realizado em Brasil por Júlio (2010) O objectivo deste
trabalho foi realizar uma abordagem genérica, mostrando os diversos aspectos do
estresse a que o homem está submetido em seu quotidiano. Neste sentido desenvolveu-
se uma ampla revisão e pesquisa bibliográfica de diversos especialistas ligados a esta
área, através de livros, artigos, revistas. Os resultados mostram que, hoje em dia, é um
fenómeno comum em muitas pessoas e está ligado a agentes externos e internos;
conhecida como “reação de luta ou fuga “ , a resposta fisiológica do estresse pode
determinar tensão, ansiedade e inúmeras doenças, como tivemos a oportunidade de
demonstrar no presente trabalho.

O segundo estudo foi realizado em Lisboa por Silva (2013) Este trabalho teve
como objectivo buscar elementos que caracterizassem e abordassem a construção do
ambiente de trabalho e, a partir deste plano de fundo, responder a questões referentes ao
estresse no ambiente de trabalho, procurando estabelecer causas sociais ou psicológicas.
Ao definir ambiente de trabalho e clima organizacional, foi destacada a construção
histórica e social das relações de trabalho, abordando aspectos relativos a hierarquização
e relações de poder e suas influências positivas e negativas, de acordo com o modelo de
liderança. Também foram definidas questões relativas às situações recorrentes de
estresse e como buscar métodos e formas de prevenção do estresse. Desta forma,
concluiu-se que, através da pesquisa teórica foi possível enumerar fatos que evidenciam
que o ser humano sofre com a busca contínua da evolução empresarial ou industrial e
mostrado ouço interesse em minimizar aspectos relacionados ao estresse.

O terceiro estudo foi realizado em Portugal por Luciano (2010) Este estudo
objetiva aprofundar o entendimento sobre o estresse e suas implicações, abordando o
tema em relação aos seus elementos conceituais, incluindo as tipologias, mecanismos,
fisiologia, principais sintomas, correntes teóricas que orientam as pesquisas na área,
bem como resultados de pesquisas. Como conclusões apresentam-se considerações que
relacionam as manifestações de estresse e suas implicações no quotidiano dos
trabalhadores, ressaltando a teoria e os resultados das pesquisas que serviram de
referência para este estudo.

MÉTODOS
Para a realização desta pesquisa utilizei a metodologia de revisão bibliográfica,
De acordo com Lakatos e Marconi (1996), a metodologia de pesquisa bibliográfica trata
do levantamento, da selecção e da documentação de toda bibliografia já publicada sobre
o assunto, sendo que a mesma foi pesquisada em livros, revistas, monografias, teses,
dentre outros, com o objectivo de colocar o pesquisador em contacto directo com todo o
material já escrito sobre o tema. Com o paradigma qualitativo.

PARTICIPANTES
População: é um conjunto de indivíduos com características comuns, onde se extrai a
amostra.

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