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BERNARDO MOURÃO OCTAVIANI BERNIS
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RESUMO
ABSTRACT
Feline inflammatory bowel disease is frequently diagnosed, however its etiology is not
completely understood. It is characterized by nonspecific gastrointestinal clinical signs, like
diarrhea, weight loss, anorexia and especially, vomiting. The inflammatory cell infiltrated on
the mucosa and submucosa of the bowel is characterized by the great number of
lymphocytes and plasma cells that invade the intestinal mucosa, which makes enteritis or
lymphoplasmatic colitis the most common diagnosis. It is a diagnosis of exclusion, being
necessary to consider all other potential causes of vomiting and/or diarrhea in cats. The
conclusive diagnosis is only confirmed through histopathology, obtained by a biopsy of
3
intestinal mucosa, through endoscopy or laparotomy. Appropriate techniques to obtain
excellent samples are essential in the process of diagnosing the disease. In addition, it is
desirable the presence of an expertise pathologist to succeed. The difficulty in discerning
histologically IBD and lymphosarcoma (lymphoma) must be high-lighted mostly when
lymphosarcoma is in its early phase. The treatment must associate pharmacological therapy
and dietary therapy. The most commonly used drugs are anti-inflammatories drugs,
immunosuppressive agents (mainly corticoids). The dietary therapy depends on the site of
the injury. Positive results are being observed when feeding with hypoallergenic diets or high
fiber diets. Cobalamin parenteral supplementation is showing favorable results as well. The
prognosis is variable, and the owner must be warned that the therapeutic answer does not
mean the complete healing of the animal, and that new episodes are common.
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SUMÁRIO
Resumo ......................................................................................................................3
Capítulos
1) Introdução .............................................................................................................7
3) Prognóstico ..........................................................................................................55
4) Conclusão ...........................................................................................................56
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ÍNDICE DE QUADROS
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1) INTRODUÇÃO
Inflamação idiopática do trato gastrintestinal felino tem sido reconhecida desde 1970,
veterinária.
destas.
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considerados na Gastrenterologia Veterinária como um dos mais importantes grupos
paciente, o exame físico, na maioria das vezes, não traz grandes informações.
patologista. Todavia esse diagnóstico não pode ser baseado apenas na presença de
8
Esse trabalho tem como objetivo abordar todos os aspectos dessa importante
compreendida.
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2) REVISÃO DE LITERATURA
2.1) EPIDEMIOLOGIA
número de pacientes com idade inferior a dois anos. Esta doença acontece em gatos tão
jovens quanto seis meses, e 23% dos animais afetados apresentaram menos de um ano de
idade em alguns estudos. Não existe predisposição racial óbvia para DIIF, apesar de alguns
estudos discutirem uma maior incidência em gatos de raças puras. Também não há
ZORAN,2000 ).
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2.2) ETIOPATOGENIA
A etiologia da DIIF ainda não foi totalmente elucidada. Sua origem é complexa e não
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Há fortes indícios de que seja uma afecção mediada pelo próprio sistema imune, que se
torna o mediador e perpetuador dos danos teciduais observados nestes pacientes. Esta
afirmativa tem como base a falta de detecção de agentes infecciosos na etiologia desses
podem codificar um produto regulador da resposta imune que contribui para a alteração
Esta doença, portanto, parece ser resultado de interações do sistema imune da mucosa,
ou cólon) e o tipo celular predominante. Pode haver mais de uma linhagem celular em
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O segundo tipo mais importante de DIIF em gatos é a enterite eosinofílica. Nestes
eosinófilos. Especula-se que isso pode ser resultado de reação imunológica a parasitas ou
A., 2004).
Outras formas descritas em gatos incluem enterocolite eosinofílica, que não são tão
comuns, enterite ou colite supurativa ou neutrofílica, que são raras e apontam para uma
etiologia infecciosa que deveria ser investigada. E ainda enterite ou colite granulomatosas,
(JUNIOR, 2003).
Qualquer região do trato gastrintestinal, desde o estômago até o intestino grosso, pode
ser afetada, e diferentes regiões podem ser afetadas em graus diferentes. Algumas
antigênico ou outro estímulo não definido, pode causar efeitos direta ou indiretamente,
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pela produção de mediadores inflamatórios como as prostaglandinas e leucotrienos.
afetados com DIIF e especulam que este desequilíbrio pode contribuir com a patologia da
mesma. A motilidade intestinal seria afetada por doença inflamatória, uma vez que
citocinas liberadas dos imunócitos poderiam alterar a função neural ou do músculo liso
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2.3) SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos mais comuns da DIIF são diarréia, perda de peso, anorexia e,
principalmente, vômito. Este parece ser o sintoma mais consistente desta afecção.
Freqüentemente, os gatos não são avaliados até que a sintomatologia se torne freqüente e
severa. Apesar de alguns pacientes apresentarem início súbito dos sintomas, os quadros
sendo muitas vezes tratados como distúrbios gástricos (ex: ingestão de pêlos) e
não há correlação entre vômito e o momento da ingestão de alimento e/ou água (KRECIC,
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A diarréia, segundo sintoma mais comum da doença, parece ser menos comum em doença
puramente do intestino delgado, mas parece ser relativamente comum em gatos com
doença do intestino grosso. Ela ocorre, freqüentemente, em fases mais tardias da doença,
(SIMPSON, 2003).
A razão pela qual a diarréia não é o sinal mais consistente em gatos com DIIF
provavelmente está relacionada com a habilidade do mesmo em conservar água nos rins e
cólon. O que produz a diarréia é o excesso de água nas fezes, e gatos são marcadamente
O apetite nesses pacientes é bem variável. Pode não haver nenhum tipo de alteração,
normalidade onde o proprietário pode observar melhora na ingestão do alimento nos dias
em que o animal não vomita e está mais ativo (TAMS, 1993; JUNIOR, 2003).
(quando houver lesões ulcerativas no estômago e/ou duodeno), halitose, poliúria, polidipsia,
ocorrer, apesar de pouco freqüente, devido aos distúrbios absortivos nesses pacientes.
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Muitas vezes, os sintomas inespecíficos são mais evidentes que os gastroentéricos
(JUNIOR, 2003; KRECIC, 2001; SIMPSON, 2003; TAMS, 1993; WILLARD, 1999).
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2.4) DIAGNÓSTICO
laboratoriais, sendo necessário antes descartar todas as patologias que causam diarréia
O histórico e o exame clínico são úteis para determinar se o vômito e a diarréia são
2000).
O histórico pode auxiliar identificando alguns fatores predisponentes, tais como a dieta,
fatores ambientais, exposição a parasitas, agentes infecciosos, drogas, toxinas, etc. Ele
deve conter informações importantes como o tempo de duração dos sinais clínicos, a dieta
do paciente (e possíveis alterações nesta), descrição das características das fezes (cor,
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É importante buscar a diferenciação entre diarréia de intestino delgado e intestino
diferentes.
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O exame físico pode auxiliar a eliminar doenças que se assemelham a DIIF. Um animal
com DIIF pode apresentar febre, desidratação, perda de peso, em virtude das alterações
ou depressão, alterações de pelagem, anemia devido a uma perda de sangue pelas fezes
região cervical permite detectar aumentos de volume nos lobos tireoideanos, uma vez que
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Figura 2: Mesmo animal, apresentando alterações de pelagem, devido à síndrome de má
absorção.
firmes, muitas vezes apresentando sensibilidade variável, principalmente nos casos mais
espessura das alças intestinais pode estar mais acentuada, quando em comparação com
pode também ocorrer em alguns casos (MARKS, 2000; WILLARD, 1999; ZORAN, 2000).
21
2.4.2) Diagnóstico diferencial
O papel da dieta como causa de doença gastrointestinal não é bem entendida. Existem
duas formas reconhecidas de dieta associada com doença gastrointestinal que podem
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são hipoalergênicas ou contêm menos componentes comumente associados com reações
posteriormente.
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Criptosporidiose Animais Identificação de
imunossuprimidos por oocistos nas fezes por
drogas ou por infecção técnicas de
por FIV/FeLV têm maior concentração
chance de desenvolver a (centrifugação em
doença clínica e sulfato de zinco),
apresentar diarréia coloração de esfregaço
persistente de fezes ou ensaios
(principalmente de com anticorpos
intestino delgado, mas imunofluorescentes.
descreve-se também a
de intestino
grosso),vômitos e perda
de peso
Toxoplasmose Sinais gastrointestinais Difícil. A sorologia pelo
como anorexia, perda de método de ELISA é
peso, vômitos e diarréia uma ajuda, mas não é
podem acontecer em definitivo. O histórico,
gatos filhotes, gatos quadro clínico e a
jovens e adultos resposta ao tratamento
imunossuprimidos. Além são ferramentas úteis
disso, podem ocorrer no diagnóstico.
pneumonia, uveíte,
encefalite, miosite,
hepatite e pancreatite.
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Infecções Helicobacteriose Vômito, devido à gastrite, Difícil. Enviar amostras
é o principal sinal clínico para cultura, examinar
dessa bactéria. espécimes citológicos
Ocasionalmente podem de suco gástrico ou
ocorrer diarréia, dor claps, exames
abdominal, e perda de histopatológicos
peso. (obtidos por endoscopia
e biópsia gástrica) ou
PCR
Clostridiose São habitantes normais Não há um exame
do trato gastrointestinal e específico em gatos.
não são patogênicos, a Pode-se procurar
não ser que condições esporos em fezes
gastrointestinais se coradas (mais de cinco
tornem favoráveis para a esporos por campo de
formação de esporos e imersão em óleo em
produção de grande aumento -
enterotoxinas. Podem anormal); ou usando
levar a um quadro de ensaio humano para
diarréia de intestino exame de fezes, à
grosso com muco fecal, procura de
quantidades pequenas enterotoxinas.
de sangue fresco, fezes
escassas e pequenas,
tenesmo e aumento na
freqüência de defecação.
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Campilobacteriose Filhotes entre seis e O diagnóstico definitivo
doze semanas é baseado na cultura
freqüentemente de fezes.
desenvolvem doença
intestinal aguda
caracterizada por fezes
amolecidas ou mucóides,
chegando à diarréia
aquosa, profusa e
sanguinolenta e, com
freqüência,
acompanhada de
tenesmo.Podem
apresentar, ainda, febre,
anorexia e vômitos.
Adultos geralmente são
assintomáticos.
Salmonelose Sinais clínicos que O diagnóstico definitivo
ocorrem em 50% dos é baseado na cultura
casos incluem severa de fezes
gastroenterite com
vômitos, hipersalivação,
dor abdominal, diarréia
com sangue, depressão,
febre, anorexia,
desidratação e perda de
peso. A mortalidade
pode ser alta em filhotes.
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Tricomoníase Diarréia crônica de Exame direto por
intestino grosso, com microscopia de
aumento na freqüência amostras de fezes
de defecação, fezes (pesquisa de trofozoítos
fétidas, de consistência de T.foetus; cuidado
semi formada a líquida, para não confundir com
ocasionalmente Giárdia sp.).
contendo sangue e Em caso de resultado
muco. negativo, pode-se
Mais comum em filhotes realizar cultura de fezes
e gatos jovens. para o protozoário;
outra opção é o exame
de PCR.
Infecção por FIV/ Os sinais clínicos de Todos os animais
FeLV infecção do trato devem ser sempre
gastrointestinal testados para FIV e
(inespecíficos) estão FeLV.
associados às co- Sorologia: ELISA (mais
infecções ou à ação utilizado),
direta dos vírus nos Imunofluorescência
enterócitos. Dentre eles Indireta (para FeLV),
podemos citar anorexia, PCR; muito cuidado na
emagrecimento interpretação dos
progressivo, vômitos e resultados dos exames.
diarréia persistente de
intestino delgado.
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Peritonite Infecciosa A Peritonite Infecciosa O seu diagnóstico
Felina Felina também deve ser definitivo só é possível
considerada em gatos por exame
com doença histopatológico, post
gastrointestinal, mortem ou
especialmente aqueles ocasionalmente por
de raça pura, criado em meio de biópsia; PCR
gatis e apresentando sérico não tem a
perda de peso, vômito, capacidade de
diarréia crônica e distinguir entre PIF e
desidratação. Coronavírus entérico
felino.
Alterações Hipertireoidismo Sintomas Ao exame físico é
Metabólicas gastrointestinais de possível palpar a
animais com glândula tireóide
hipertireoidismo incluem aumentada em 85-90%
anorexia, perda de peso, dos gatos afetados.
vômito e diarréia crônica O diagnóstico
de intestino delgado confirmativo é obtido
(aumento de volume das pela medição do nível
fezes, freqüência de de T4 total, que estará
defecação leve a elevado em cerca de
moderadamente 90% dos gatos
aumentada); síndrome acometidos.
de má absorção pode
também ocorrer.
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Hipoadrenocorticismo Alguns sinais A confirmação
gastrointestinais podem diagnóstica é obtida
estar presentes, como pelo teste de
anorexia, perda de peso, estimulação pelo
vômito e desidratação. ACTH.
Diarréia é menos
freqüente.
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Neoplasias Linfossarcomas Perda de peso, A confirmação
(Linfomas) inapetência progressiva, diagnóstica ocorre
e diarréia crônica de através de
intestino delgado são histopatologia, obtida
comuns, podendo causar por meio de biópsia do
síndrome de má trato gastrointestinal
absorção e esteatorréia . (presença de linfócitos
Melena pode ocorrer, neoplásicos).
assim como episódios de
vômito.
Formas focais podem
levar a obstruções.
Outros Supercrescimento Presença de diarréia de O diagnóstico
Bacteriano no intestino delgado confirmativo é
Intestino Delgado (volume de fezes maior terapêutico, porém
que o normal, sem deve-se prestar
presença de muco ou atenção a alguns
sangue, não há detalhes: mais de uma
tenesmo), vômitos, perda doença pode estar
de peso. presente e a ausência
de resposta aos
antibióticos pode levar
a conclusões incorretas
de que o SBID está
ausente; a seleção
incorreta do antibiótico
pode causar falhas na
resposta clínica.
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Quadros obstrutivos, Obstruções parciais e Radiografias
alterações funcionais desordens de motilidade contrastadas com
nas alças intestinais. podem levar o animal a sulfato de bário, ultra-
apresentar quadro de sonografia abdominal.
diarréia de intestino
delgado.
31
2.4.3) Exames laboratoriais
Anormalidades do hemograma não são específicas para DIIF. Pode haver anemia
normal ou aumentada deve ser distinguida de nefropatias com perdas protéicas e doença
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Enzimas hepáticas aumentadas (ALT e AST, principalmente) podem ocorrer em caso de
ganhando acesso direto ao fígado. Além disso, os patógenos podem ascender no sistema
biliar e alcançar o fígado e o pâncreas, causando inflamação. Desta forma, gatos com
colangite/ colangiohepatite supurativa devem ser avaliados para DIIF, e gatos que estão
sendo tratados para DIIF sem resposta devem ser avaliados para doenças hepáticas
(WILLARD, 1999).
Dosagem de uréia e creatinina, além da urinálise, devem ser realizadas para se descartar
alguma alteração renal, que também poderia levar a quadro gastroentérico inespecífico.
gordura nesses pacientes, sua deficiência pode acontecer (apesar de pouco freqüente),
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Estudos recentes têm mostrado claramente que gatos apresentando doenças do trato
celulares, incluindo reparo epitelial do trato gastrointestinal. Ela tem sido utilizada como
combinação com outros compostos, como o folato, ácidos biliares não conjugados e
tripsina imunoreativa.
34
particularmente importante em qualquer caso de respostas parciais à terapia instituída
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2.4.4) Diagnóstico por imagem
sulfato de bário, não é específica para Doença Intestinal Inflamatória Felina, e não é muito
útil no seu diagnóstico. Ela pode permitir a identificação de alterações no diâmetro das
mucosa intestinal; retardo no trânsito do bário (duração maior que sessenta minutos).
A ultra-sonografia é uma técnica que tem se mostrado bastante útil para detectar várias
alterações em felinos com DIIF, sendo muito sensível para determinar a gravidade de
dependente do examinador, uma vez que operadores não treinados podem facilmente
serosa), que não foi percebido à palpação; definição pobre das camadas da parede
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intestinal; ecogenicidade alterada e aumentos de volume dos linfonodos mesentéricos. Ela
também é útil para revelar a presença de massas e para avaliação de outros órgãos,
Outro benefício dessa técnica de imagem é determinar a escolha do melhor método para
lesões que estão fora do alcance do endoscópio, o que faria da laparotomia o melhor
método para realizar a biópsia dos intestinos neste caso (JUNIOR, 2003; KRECIC, 2001;
WILLARD, 1999).
37
2.4.5) Biópsia intestinal e histopatologia
2003).
A obtenção dos fragmentos de biópsia pode ser realizada por endoscopia ou laparotomia.
indica locais para a realização da biópsia. Ela também tem a vantagem de permitir a
colheita de um maior número de amostras, até que pelo menos cinco a oito amostras
excelentes sejam obtidas. É o método preferido para biópsias de cólon. Dentre as suas
impedindo, desta forma, que a biópsia seja realizada no jejuno e íleo.As amostras obtidas
por esta técnica freqüentemente na são suficientes para fechar o diagnóstico, em virtude
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Biópsia de cólon deve ser evitada por essa técnica (JUNIOR, 2003; KRECIC, 2001;
não passíveis de diagnóstico. Este problema não ocorre somente com amostras obtidas
via endoscopia (conforme dito anteriormente), mas também com aquelas de tecido muito
espessado, obtidas via laparotomia. Amostras consideradas excelentes são aquelas que
envolvem toda a mucosa da ponta das vilosidades intestinais e não estão repletas de
mais de uma linhagem celular em predomínio, o que permite uma classificação mista. O
grande número de linfócitos e plasmócitos que invade a mucosa. Estes dois tipos
celulares sempre estão presentes na mucosa intestinal de animais normais; desta forma,
fazendo com que diferentes patologistas possam descrever a mesma seção do intestino
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Outras alterações encontradas no exame histopatológico são: número aumentado de
estrutura alterada da mucosa como fusões das vilosidades ou atrofia, edema e fibrose. A
tecido.
multifocal marcada pela separação das glândulas ou criptas, fibrose, fusão e junção das
Uma das dificuldades para os patologistas é a distinção entre DIIF e linfossarcoma (ou
linfoma) em estágio inicial. Este pode ser identificado com acurácia quando há presença
diagnóstico é mais difícil quando essas mudanças não são tão óbvias. No início da
estendem por todas as camadas (e não restritos à mucosa) podendo, portanto, mimetizar
40
Quadro 3: Comparação anatomopatológica entre enterite linfocítica e linfossarcoma
intestinal
41
A progressão do processo inflamatório ao linfossarcoma tem sido uma preocupação de
ocorrência potencial em casos de DIIF severa. Ainda na foi comprovada essa associação,
assim como ocorre nos homens com relação à Doença de Crohn. Imunohistoquímica é a
usando os antígenos de superfície. No entanto, estes testes são caros e não são
observar sua resposta a longo prazo. Enquanto o prognóstico para controle de DIIF pode
intestinal geralmente é uma doença fatal (KRECIC, 2001; RAGAINI, 2003; WILLARD,
42
2.5) TRATAMENTO
importante que o manejo clínico desse paciente seja esquematizado individualmente, com
resposta à terapia escolhida, bem como gravidade e variedade dos efeitos colaterais das
proprietário e custos gerais do tratamento. Animais jovens, com idade inferior a cinco anos,
requerem menor tempo de tratamento, uma vez que pacientes mais velhos tendem a
Os principais fármacos utilizados no tratamento e controle dos pacientes felinos com DIIF
espécie felina aos seus efeitos colaterais. Antes do início do tratamento, em caso de
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suspeita, deve-se realizar sorologia para detecção de FIV e FeLV, assim como titulação de
IgM para Toxoplasmose. Além disso, não se deve iniciar sua instituição previamente à
biópsia, pois pode conduzir o clínico a alguns erros de abordagem. O primeiro deles se
refere ao fato de que os linfomas alimentares são sensíveis aos corticóides e caso sua
administração seja precoce, pode ocorrer uma resistência tumoral a uma das principais
melhora sintomática do mesmo, ainda que os sintomas não sejam causados pela doença
com sinais clínicos brandos, a prednisolona oral é a droga inicial de escolha. A maioria dos
gatos inicia uma resposta dentro de uma a duas semanas após a administração da droga.
Havendo melhora total dos sintomas, mantém-se a mesma dose por mais duas a quatro
semanas, quando se realiza uma redução gradual da dose (25% da mesma, a cada quinze
dias) até total suspensão da medicação, podendo levar meses para ocorrer. Não existem
dados mostrando qual o tempo ótimo para usar a dose inicial de prednisolona antes de
reincidência dos sinais clínicos, dificultando sua interpretação (JERGENS, 2002; JUNIOR,
Se o animal com DIIF não responder à prednisolona, pode-se mudar para outro tipo de
um bom efeito antiinflamatório, apesar de causar maiores efeitos colaterais e ter meia vida
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Uma droga relativamente nova que tem apresentado ótimos resultados é a budesonida. É
um corticóide de pobre absorção sistêmica, com maior ação local intestinal, causando
Nos casos brandos, em que o proprietário é inábil para administração oral da medicação,
semanas, alterando, então, para administrações mensais da droga até remissão completa
do quadro (JERGENS, 2002; TA Em gatos mais seriamente debilitados, gatos que não
uso são observados três a cinco semanas após o início do tratamento. Caso não haja
melhora neste período, recomenda-se aumentar a dosagem de 0,3 mg/kg para 0,4 ou 0,5
mg/kg, via oral, a cada 48 horas. O tratamento se estende, geralmente, por um período
longo, de três a nove meses.Esta droga pode vir a causar efeitos colaterais nesses
pacientes, como leucopenias graves, reversíveis após a retirada da mesma. Por isso,
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clorambucil, pois ele parece causar menos efeitos adversos, tendo praticamente a mesma
eficácia. Pode ser administrado em doses diárias de 2 mg/m², via oral, a cada 24 horas. A
WILLARD, 1999).
MS, 1993).
ser efetivo quando utilizado como único agente. Na dosagem de 10 a 15 mg/kg, a cada
doze horas, VO, durante um a dois meses, raramente observam-se efeitos colaterais
felinos, em decorrência de seu gosto metálico (JUNIOR, 2003; SIMPSON, 2003; ZORAN,
um tratamento agressivo precoce, com doses altas de prednisolona (3-4 mg/kg), durante
quatro semanas. Caso também não surta efeito, pode-se associar ao metronidazol e
46
Os processos supurativos ou neutrofílicos são bastante raros, porém deve-se investigar a
Pacientes com DIIF localizadas no intestino grosso normalmente respondem bem à terapia
Alguns animais podem necessitar de drogas como a sulfasalazina ou a mesalazina, que são
para afecções no intestino grosso, por sua degradação exclusiva pela microbiota local.
Deve-se ter cuidado com relação à intoxicação devida ao salicilato. Seu uso é seguro em
Nos casos de tríade felina, onde o pâncreas, o intestino e o fígado estão envolvidos no
Deve ser administrado somente em jejum, não pode ser fracionado ou dissolvido, na
dosagem de 48 mg/Kg ou 180 mg/gato 24h, via oral (CENTER et al, 2005).
47
O ácido ursodeoxicólico (10-15mg/Kg, 24h, VO) é utilizado como agente hepatoprotetor,
48
Quadro 4: Fármacos mais freqüentemente utilizados no tratamento de DIIF
49
2.5.2) Tratamento dietético
digestibilidade e com baixo teor de resíduos, que, em geral, são formulados com base em
uma única fonte protéica, para reduzir efeitos osmolares e aumentar a disponibilidade dos
comercialmente não apresentam baixos níveis de gordura e podem não ser ideais em gatos
que apresentem úlceras ou doenças intestinais com perdas protéicas. Dietas contendo
proteínas hidrolisadas são relativamente novas na terapia dietética nos casos de doenças
proteínas que não são intactas, compostas por peptídeos com tamanho variando entre
6000-15000 daltons, e que foram propostos por não serem antigênicos, não causando
50
maximizar a disponibilidade das proteínas da dieta enquanto minimiza-se o esforço
Toda dieta de eliminação deve ser prescrita levando em consideração todas as outras às
quais o paciente já tenha sido exposto, a melhor aceitação do animal e a vontade do dono
Dietas caseiras de eliminação devem ser formuladas pelo médico veterinário e devem ser
constituídas por uma fonte protéica nova, de alta digestibilidade, como carnes de carneiro,
cabrito, coelho ou frango; carboidrato livre de glúten, como arroz, batata e/ou macarrão,
com adição de óleo vegetal. Além disso, deve conter vitaminas do complexo B, vitamina K,
fosfato dicálcico, taurina (200 a 500 mg por refeição) (JERGENS, 2002; JUNIOR, 2003;
fibras insolúveis, tais como trigo, celulose e lignina, e solúveis, como psyllium. O papel das
hiperlipidemia (e possivelmente pancreatite). Caso o paciente rejeite rações com alto teor
51
(duas colheres de chá por refeição) ou farelo de aveia (uma colher de chá por refeição)
Para que se obtenha sucesso no tratamento dietético, o paciente deve ser submetido a
uma dieta específica, sem a oferta de qualquer outro item alimentar, por um período mínimo
de seis a nove semanas, para se verificar os resultados. O alto custo das rações é mais um
complicador para esses casos, enquanto que dietas caseiras, além de não serem
Muitas formas alternativas de terapias nutricionais têm sido utilizadas, incluindo alimentos
bactérias patogênicas como E.coli, Salmonella e Campylobacter spp. Dentre eles podemos
neutralizante sobre bactérias patogênicas, porém ainda não existem testes comprovando
mesmo microorganismos que não são bactérias, como Saccromyces spp. Ainda existem
estudos para sua utilização em gatos, no entanto os efeitos podem ser similares àqueles
52
observados em humanos, caso as concentrações e espécies de microorganismos usados
seus estoques corpóreos. Por isso, a via de escolha utilizada é a parenteral, na dosagem de
250µg /gato, sendo uma dose semanal por seis semanas, em seguida uma dose a cada
duas semanas por seis meses, e então uma dose mensal. A maioria das preparações de
possuem níveis bem menores. Espera-se que o paciente necessite de suplementação com
regulares das concentrações séricas desta vitamina, a não ser que a doença intestinal seja
totalmente resolvida. (RUAX, 2002). Da mesma forma, a deficiência de folato pode ocorrer e
sua suplementação também é necessária. Ele deve ser dado via oral, na dose de 0,5 a
Em relação aos nutracêuticos, os compostos mais conhecidos são os ácidos graxos ômega
sido defendida como um tratamento auxiliar no controle da inflamação da DIIF, todavia não
baixo resíduo disponíveis comercialmente que contém ácido graxo ômega 3 nas suas
fornecem os efeitos benéficos antiinflamatórios dos ácidos graxos ômega 3, devido ao fato
53
de competirem com o ácido aracdônico e seus metabolismos originarem prostaglandinas e
mediada e promover efeitos antioxidantes no trato gastrointestinal. Além disso, animais com
vitamina E, VO, a cada 24 horas, tem sido sugerida. Outras vitaminas antioxidantes incluem
a vitamina C e os beta carotenos, mas uma dose segura e efetiva e o uso clínico das
54
2.6) PROGNÓSTICO
enfermidade em 80% dos casos. Após completar a terapia medicamentosa, a maioria dos
pacientes mantém uma total remissão sintomática sob manejo exclusivamente dietético.
Animais com síndrome hipereosinofílica apresentam uma perspectiva bastante ruim, muitas
vezes não apresentando nenhuma resposta à terapia instituída (JERGENS, 2002; JUNIOR,
55
3) CONCLUSÃO
está certo, mas a terapia pode estar errada ou mesmo se o diagnóstico e a terapia estão
É de suma importância ressaltar que somente através de histopatologia, obtida por meio de
verdade, lesões pré linfomatosas. Animais que falham na resposta à terapia farmacológica
Deve-se sempre informar aos proprietários sobre todos os possíveis riscos envolvidos para
terapêutica não significa a cura do animal, sendo que recidivas são comuns (JUNIOR,
2003).
56
4) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
57
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