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Resumo: AC² surgiu no final de 1960 nos Estados Unidos através da colaboração dos
sociologistas Harvey Sacks e Emmanuel Schegloff. É de vez em quando identificada,
dentro da linguística, com pragmática ou análise do discurso, entretanto ela difere
basicamente dessa perspectiva porque ela tem sua ação no campo da interação humana
como foco principal, ao invés de estudar a língua intrinsecamente, por causa desse foco a
AC² pode ser aplicada em campos de pesquisa antropológicos nos dias atuais¹, com isso
abrangendo o ensino de línguas, foco principal deste artigo.
Abstract: CA³ emerged in late 1960 in the United States through the partnership of
sociologists Harvey Sacks and Emmanuel Schegloff. It is from time to time identified,
within linguistics, with pragmatics or discourse analysis, however it differs basically from
this perspective because it has its action in the field of human interaction as its main focus,
rather than studying language intrinsically, because of this focus CA³ can be applied in
anthropologics research fields nowadays, embracing with that the language teaching, main
focus of this article.
¹ A idéia de nos dias atuais abrange até segunda década do século XXI.
² AC é uma abreviatura de Análise da Conversação.
³ CA it’s an abbreviation of Conversation Analysis.
Análise da Conversação: Do surgimento à aplicabilidade nos dias atuais.
aspectos; 13. Por uma tipologia dos ao campo de pesquisa das conversações
“estilos comunicativos”; 14. Estudos de e algumas outras maneira de integração
duas trocas rituais: pedido de desculpas verbal, Kebrat afirma que a emergência
e agradecimento; 15. Conclusões; e cada dessa área se deu no início dos anos
capítulo apresenta estrutura com início, 1970.
desenvolvimento e conclusão. Um importante conceito mencionado é o
Logo no primeiro capítulo, é de sincronização interacional, porque
possível observar três citações, as quais torna possível entender os mecanismos
a autora relaciona à vocação que intervêm nos diferentes níveis da
comunicativa da linguagem verbal interação. A noção de uma mútua
abordando, ainda, que a o exercício da atuação pode ser associada ao processo
fala implica duas coisas: um alocução, a de negociação de sentidos, considerando
existência de um destinatário que seja o discurso na interação cara a cara como
fisicamente divergente do falante e uma totalmente "coproduzido" e resultado de
interlocução, que compreende uma troca uma colaboração incessante.
de palavras entre os seres. Ou seja, Há uma afirmação de que são inúmeros
trocamos e influenciamos por meio da os meios pelos quais os membros de
fala, isso através de uma interação uma sociedade têm a chance de interagir
necessária para comunicação eficaz. e nem sempre esses meios possuem
Marcações na conversação são uma natureza linguística. O sentido tem
apresentadas e segundo a autora sua negociação nas interações pelos
possibilitam evidenciar as posições de interagentes, ou seja, as pessoas
“emissor” e “receptor”. Para ela, o envolvidas são responsáveis pela
emissor deve indicar que está falando negociação. Além disso, o contexto é
com alguém através da orientação imprescindível para compreender o que
corporal, olhar direcionado ou formas de vem a ser a natureza linguística dos
tratamento. O receptor, por sua vez, processos interacionais; dessa forma,
também precisa emitir sinais que sentido, interação e sociedade
procuram confirmar que está atento à dependem diretamente do contexto -
comunicação. Catherine menciona pensado como um espaço físico e
procedimentos de validação interlocutória psicológico.
que envolvem procedimentos que O texto, seja verbal ou não verbal, está
mostram o engajamento mútuo. Quanto ligado às interações quanto a não existir
Análise da Conversação: Do surgimento à aplicabilidade nos dias atuais.
uma interação social deveriam ser (a) Interação entre pelo menos
descritos e examinados em termos de dois falantes;
organização estrutural convencionada ou (b) Ocorrência de pelo menos uma
institucionalizada. Hoje, observam-se troca de falantes;
outros aspectos contidos nas interações (c) Presença de uma sequência de
sociais. Segundo J.J Gumperz (1982), a ações coordenadas;
AC deve dar enfoque a especificação dos (d) Execução numa identidade
conhecimentos linguísticos, temporal;
paralinguísticos e socioculturais fazendo (e) Envolvimento numa “interação
com que o problema passe de centrada”
organização para a interpretação. Estas características nos permite
Em sua metodologia, a AC não tomar a conversação como uma
considera conversações retiradas de interação verbal centrada. A interação
obras literárias, filmes, peças de teatro face a face não é uma condição
ou novelas de TV já que ela parte de necessária para que se estabeleça uma
dados empíricos em situações reais. Por conversação, tendo como exemplo as
sua vocação empirista, a AC se difere da chamadas telefônicas. No entanto, a
Análise do Discurso e da Pragmática interação centrada é necessária, pois o
Filosófica. acompanhamento linguístico de ações
Considerando que a AC se baseia físicas não caracteriza uma conversação.
no material empírico que é reproduzido Segundo o linguista alemão H.
durante uma conversação, considera Steger é possível distinguir dois tipos de
detalhes também não verbais como diálogos, sendo um apenas uma
entonacionais, paralinguisticos e outros. conversação em sentido escrito:
O sistema que se sugere é Diálogos assimétricos que se
eminentemente ortográfico, seguindo a define como aquele em que um dos
escrita padrão, mas considerando a participantes tem o direito de iniciar,
realidade do que está sendo produzido. orientar, dirigir e concluir a interação. E
São citadas então cinco os diálogos simétricos em que os
características básicas cognitivas participantes têm supostamente o
principais para a análise constitutiva de mesmo direito nas escolhas das
uma conversação: palavras. Sabemos que isto é pouco
verdadeiro pois as diferenças de
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[ L2 poetisa
L2 o irmão ela tem uma irmã L1 poetisa...
que é poetisa (Castilho e Preti 1987: 249)
que é muito inteligente também Nesse texto, uma jornalista e uma
(né?) escritora conversam sobre a família
[ MedAlha/Medaglia. É perceptível várias
L1 é mas eu acho estratégias de discordância, sobressai a
que não I. correção do outro (heterocorreção) e o
[ fato de as duas falarem ao mesmo tempo
L2 jornalista e poetisa (sobreposição de vozes), tentando, uma
L1 eu acho que o maestro delas, tomar a vez da outra (assalto ao
Julio Medaglia ele é turno), e a outra, manter a vez. Os casos
Me-da-gli-a e ela é Medalha com L de heterocorreção estão sublinhados no
eH texto e os de sobreposição de vozes
[ assinalados por [ .Há sem dúvida,
atenuações da polêmica; não não...
L2 eu acho que ela modificou parece que não... eu não Posso jurar
e ele é irmão dela... sobre os evangelhos mas me parece;
L1 não não ... ((clique)) parece acho que não; é mas eu acho que não.
que não... eu não Posso No trecho da conversa citado, há
jurar sobre os evangelhos mas me apenas uma concordância, quando, no
parece que ... ahn:: final, L², que L¹ corrigiu o tempo todo,
ela seria Medalha com Le H... discorda, por sua vez, de L¹, ao dizer que
a moça não é ou apenas jornalista, mas
[ poetisa. Nesse momento, L¹ concorda e
repete poetisa.
L2 eu acho que ela modificou
seu nome... ela ( ) nome MARTELOTTA(SAMELA)
L1 e ele MeDA-glia
L2 ( )... tenho impressão... A análise da conversação (AC)
L1 a irmã dela eu conheço investiga as habilidades e atividades
que é jornalista né? é uma moça conversacionais.Desenvolveu-se inicial-
jornalista ...
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