You are on page 1of 16
Informatica na Educagio : teoria & pritica Explorando o conceito de interatividade: detinigdes e taxonomias Alex Femando Teixeira Primo * Marcio Borges Fortes CassoF ‘Resume: © concats “‘ntarevidado* rom side usaco do torma bastante cura e e'dsica ra invest= gaezo wa interacia om ambientas nfernaiices. Esie rabalno pretande apresentar e discutralg.ne ftyccs © tavanomies dispanive's sobre 0 tera, Alm dato, @ part de teas dp comunioagdo 0 aa perspacova interaconista da cognipdo humana augese-e6 Uma nove classineagao puta os tos de 'nleragio mediada por eomputadar Palavras-Chave: interathvdade - interact mediada per camputsder - taxonomic Abstract: The concept of ‘interactivity has been used in 2 very oose fastion in the investigation of Infersction in cometterzed ervirenments. The papor intends to preaent and cisauss some avatadla studi anc taxonomice on tne 6ubjoct. Funhor, based on commarieavon Lucoies ard he nsactonist Derepectve of RumEn cogniton a new classiicabon of computer meciaisd interaction lypes is sug- estes. Koy wards: Incrariviy - computer mediate Interaction -taxanombog 1Intredugao conceit “interatividade” é de fundamental importfincia para o estudo da comunicagéio mediada por ‘computador, da educagéo distancia, da engenharia de software © de todas as éreas que fidam coma interagao ‘homem-méquina @ hometn-hamem via computador. Porém, ta conceita tem recebido as mals diversas defin!- ‘908s, onde murtas delas t8m, ne verdade, mais confundido ¢ prejudicado a pesquisa eo desenvolvimenta de interfaces e criagdode cursos mediados por computador. AA prépria pesquisa sobre 0 tema na Internet encentra resultados t&o amples ¢ variados que se toma ‘quase impossive} avaliar todas as inforrnagies relativas ao tema, Para se ter umaidéla, em 13.de mato o8 1999 uliizou-se o mecanismo de busca AltaVieta em busca das palavras-chaves intcralividade, intarativo, interac3o homem-computador 8 interagao. A seguir, reproduz-se a quantidade de intormagoes eletronicas encontradas: interactivity, 186300; interactive, 28.767.916; hurnan computer interaction, 26.744; interaction, 1.113.830. preciso ainda sal entar que grande parte do uso dessas expressdes nao se referia eepeciticamente a discussao do tema. Existe um numero realmante grande de sites que usam paiavras come interativo e intevatividade apenas coma titulo da pagina, Por exomplo, ‘sito ntorallvo sobre espories”, “quarto inlerative de Futano”, Isso ‘apenas se:ve para mostrar corne o conceito da interatvidade tem sido bastante vuigarizado e fcado cada vez. mais aifuso. Tense entencido, tanto no entendimento teige quanto ern muitos circulos técnico-clentificas, que haven- do [cones cticavois e textos quebrados em partes e ligados por palavras-Encora ou imagens (hypertinks) 0 produto constitui axemplo definitive de interatividade. Mas cabe perguntar se inter‘aces que constringem a Panicipacdo do interagente a ‘apontar-ctcar’, programas de TV onde os espectadores podem volar em certas respostas (1 ou 2, sim ou nao), cinemas que balancam as cadeiras @ videogames que respondem 2 ago de um joystick so 08 exempiares cabais ¢ definitives do que seja interatividade. Serd apenas isso? Para alguns autores £20 oxomplos de reatividade (Machado, 1990), pais ao espectador (passive) nd rosla nada an&o ser reagir aos estimulos a parr das respostas que a ele 8&0 permitiias (as respostas “3” cu “talvez" ndo seria aceltas naqueles exemplos). ‘Lego se inicio quer-se demonstrar aqui a comproensdo de que intetag#io mediada pode ser muito mais que isa. No que sees exemplos hd pouco relatados nao agjam exempios de interatividade, Com verteza sito ‘ipos de interagao. Mas 0 que aqui quer 3e propor é que a tecnologia disponvel noje permite a implementagsio » Pub 9 Jomsten, neste pela 3a tole Univer, automnco am nfrmtce. no Fea (UFAGS). peer ds Pubtcads 6 Prosagans a FaneatJPRCE oatdsneder sb Laboretna ce Nicles de Page am infermagane Novas acrolges. aprinadeeare con, nape UGS core. "Reauiirze da FaboiUFAGS, Buca Ue Incipio eertes (VERAS). 22, outubre, 1969 85 ig fj_Poeuenes informéticn na Educagéo : teria & prética de amlentes de intensa intaragdo, tonge da pré-doterminaco ostila, onde os inieragentes podem agir ctiat. vemente entre eles. Onde a comunicagao posse ter lugar, Sern que cade agente fique preso @ relagho agdo- reap&o ols adequar-se a Inputs determinados que geram seropre ¢ necessaiamonte os mesmos outputs. Approposta deste arlige 6 fazer uma varredura no concelto da interacao?. Ainda que esta no soja 0 lugar nem aste 6 momento pare a proposta de metodologias de criagde © manulengao de ambientes interativos mediados por computador, enlends-se que eles 86 podem ter aficiéncia se por trés de sua Implementagao haja um prounde conhecimenio da comunicacao humana. Pouco adiantarn os sofisticados recursos informations, & compiexidade envolvida nas linhas de programagao ¢ a estética das interfaces se oaluno de um curse onine, por exemplo, se sonie preso © com sérias cificuldades de interagir, rar dUvidas, atc. Ponanto, pretende-se apresentar coma a quesiao da interetividade 6 definids em offerentes dreas da conheciniento, par diferentes autores ¢ também quer se discutir algumas taxonorias que visam laciltar a compreensae do pracesso interativo, 2. Ainteracio em autras disciplinas A quesiao da interatividade parece hoje ligada inexoravelmente a informatica. Em verdade, para muros: entendida como um fendmeno cujo estudo inicia com a avolugio dos computadores e suas interfaces. Mas, da mesma forma que 0 conceito “multimidia", a questao ja vinta merecendo estudos aprofundados em civersas: areas do conhecimento. Hd muito tempo que as artes utilizavam o terme “multimidia" para referir-se a0 uso simultaneo de diversos moies de comunicacdo. Por exemple, uma performance artistica que apresentasse danca, associada ‘a declamacao de poesias, projegha de slides e video ritmados ao som da miisica jé era considarada uma apresentago muitimidia, Contudo, hoje 2 palavra “multimidia” e assaciada ciretamente aa computador, quer ‘s9ja kit composto por placa de som, caixas acusticas e driver dé CD-ROM, quer uma interlace que apresente som, video, texto, lusttapdes 6 fotes. Isto é, parece que. lerma tava sua signficagao restringida. ‘Algo semethante pode estar acantecende com 0 uso do vocAbulo “interatividade". Pelo menos, enire ‘aquetas que usam ou estudam as interfaces informaticas. O que se pretande agora, ¢ apresentar a amplitude do concsito de intoratividadio. Para tanto. farse-a um véo panorérnico, ainda que por demais brava, sobre outras. teas do conhecimento. 0 que se ptetende é compreender como 03 ouires saberes se utlizam do conceito do imerntividade e que significado ele denotas. Além disso, quer-se apontar como o desenvolvimento cessas discio‘inas doponds da correla compreansae do que é Interagéo. No campo da fisica, por exeripl, trata-se das chamadas interacdes tundamentals, Toda interagéio tisica da maténa ocorre pela apdiode quatro tinos de forcas bésicas: gravidade, elelromagnetimo, a forga nuclear forte ea forge nuclear traoa. A fisica tamaém se ocupa da inleracde das ondas eletromagniéticas com a matéria. A Jntorag.io modifioa a ireqdéncia da onda e, conseguentomente, sua velooidada, Eviste alnda um ramo da fisica, a mecanica, destnada a apenas estudar a interatividado do forgas, objetos 9 movimento, Poderia a fisica dosenvolver-se sam reconhocer e astudar ossas interagoee? 458 na flosofia, evistem diversas abordagens sobre a interago, como no pragmatisme 6 como sie enxerga.o ser urano. Coneentrando-so na totaidade da oxporiéncia e na riqueza da natureza, 0 pragmatismo vé ahumani- dade nd como mero espectader, separado da natureza, mas camo um constante 8 ciativa intoragonte com la. Ondo reconhtecimento dessa interacaa prejudicaria a pensar sobre a oxisténcia humana. E como concaber a sociologia sem a cara discusséo sobre 6 interagso social? Como ostudar o homem na sociedad som considerar suas retacdes? Alim disso, como poderia-se abordar isso sem também avallar a ‘imeragao humana e © impacto das normas socials (regras OU mode'os Imaginados de condul presente na consciéncia das pessoas que infiuenciam suas interagdes}, tais como folclore, eliqueta, rituals, moda e tam- bém teis de estado? > Neste atige lence “tera neratsase sae usados attra, asi coro acetece com “ela” “macantmene « Paresteapenhda geo foram tars x somos esnips digit Grate Cora. esrn ae as nfo goes nlee cate eam voting mya grange pabica« 20a mas yozes Doves eal nooo, eanirGo wa para prs de rkokgao © cer onaTaG@D EIA come ocarcato da hsreWade e rporirt pera ent a8 ao onecrners 88 V. 21N22, extebro, 1990 ee PGIE-UFAGS Informatica na Educagao : teorte & peitica Oestudo da interapiio também ¢ fundamental na geogralie. A meleoro‘ogia se coupa, por exompla, das Inferagéas ontre componantes dos oceanos @ a atmosfera terrestre. Ora, como avaliar a variagao cimatica no planeta sem essa considerarao? Além disso, pode-se encontrar na interafividade a principe! expticagéo para a surgimento das montanhas. Placas tectonicas, urna vez inleragindo umas com as oulras no interior da crosta terrgste, dobramn-se formando montantas @ cadeias de montanhes, Ainda na geogratia, pequentssimes aalos sismicos chamades de microsismos, bastante similares as ondas sismicas mais intonsas provocadas em tertemotos, sfio causadas pela intoragdo de vonlos & ondas com a crosta ‘errestre, por erupgoes vulcanicas portontes humanas, comovaiculos motores e indistia. A biologia também também explora a interatividade nas explicagbes genéticas. O fenémeno da destontinue variagao hereditéria, como alta (I* geragao) contra baixa (2° geragao) ou ainda lisa (I* geragzoleontra rugosa (2° gerapéio), no caso tos esturdas de Mando, explicado pela inlerapdo génica, Mas a genética nao noderie resumir-se a hereditariedade. Como expicar a variagao fenctipica ser levarem conta interagies coma, por exemplo, da genétipo com ambiente onde ele se desenvolve? Enfim, este relato poderia ir ainda muito adiante apontando estudos como das interagéas intermoleculares, na quimica, da inferagdo hormonal ne Zoctegia, da intoracdo medicamentosa, om farmacolo- gia, ¢ da interagdo entre cultsras na formago de civlizagbes, na antropotogia. Como se pode ver, mesmo que a andliso carega de maior protundidade e espago, a interagao é vista pales outtos saberes como as relacoes ¢ influéncias mutuas entre dois ou mais fatores, antes, otc. Isto 6, cada fator altera 0 outro, asi proprio e também a relagio existente entre elas, Volta-se a atenc&o, @ seguir, para algumas ebordagens da interaggio em amblentes inlormaticos. 3. O conceito de interatividade aplicado a ambientes mediados por computador ‘André Lemos (1997), um importante pesquisador nacional da citercutura antende que o que se compre- ende hoje por interatividade é nada meis que uma nove forma de interagao técnica, de caractaristies ofetrdnico- digital, e que se diferencia da interagao analdgica que caractenza a midia tradicional. Sem se propor a discutir ainteragdo social, 0 avtor delmita o astudo da interaividade como uma agha chatégica anire homem e técnica. Paraete, ainteragao homem-lecnica 6 uma atividade tecno-social gue estave sempre presente ha civilizagao ‘humana. Por outro lado, o8nsa que o que se vé hoje com as tecnologias digitals néio é a criagao da interatividade propriaments dita, mae sim de processos bascados em manputagtes de informagbes bindrias. Parailustvar sua andlise, Lemos racorre a imagen do transite. © fluxo dos automdvels deponde de um sistorna que ¢ interativo, parlicipatvo, aulo-orgarizante. O motorista experimenta dois tigos do interagao: primeiramente, uma inleragao com améquina, que 0 autor chama de anaidgica-eletro.mocanica, © outra com ‘08 Garros (motoristas), que chama de intoragde social. Em sua discusséo sobre interatividade © meios de comunicago (talvez 0 termo mais adequado aqui ssotia “meios de difusao de informagies"), Lemos sugere a seguinte classificagao, baseando-se 10 evolugao teenolégica da telaviso. Primeiramente, chama de intetagdo nivel 0 0 estégio em que atelevis&o expde ima- gens om proto o branco @ aispée de urn ou dois canals. A ago de espactador resume-se a ligar 8 desligar 0 ‘aparetho, regular volume, brilno ou contvaste ¢ trocar de um canal pare outro, Depois, no nivel 1 a televise ‘ganna cores, maior niimero de emissoras e controle remote — 0 Zapping vam antecader a navegagao center pordinea nia Web, Ele facilta o controle que ¢ telespectador tern sobre © apareiho, mas, ao mesmo temna0, © prende ainda mais & televiséo. No nivet 2 do intesacéo, alguns equipamentos peritéricas vem acoplar-se 2 lolovisdo, como 0 videacassote, as cdmeras portéleis e jagos sletrdnicos. O telespectacor ganha novas tecnologias para apropnay-se do abjetc televiséo, padendo agora também ver videos ¢ jogar, © das emissées, podend gravar programas e vé-1os ou sev8-tos quando quiser. No nivel 3jé aparecam sinais de intoratvidade de caracteristicas digiais. O telespectador pode entao intor‘erirno contoudo a partir de telafones (como no progra- ma Voc8 Decide} par fax ou correo eletrOnica. Finalmente, o nivel 4¢ 0 esidgio da chamada televisdo intorativa ‘9m que se pode patticipar de contetido a patti da rede telernatica em tempo real, escothenda angulos de eémera, diferentes encarsinhamentas das informagties, etc.” *Ehrermanne pores que ea scusso pra rest chal. © digo hree cabo ene nkragerisshumars no &cosBd-acD, Fen-t9, camo aT, V.2N22, ounbro 1998 — gr

You might also like