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1, Fundamentos Lingiiisticos Tedricos (0s coNcuITos “CRIAGKO LITERARIA E REALIDADE” (© tema fundamental da I6pla da criagio literéra, afinal, ‘lo. é outro senio a tensio conccitual “eriagéo lteraria ¢ alidade” que, explicta ou implictamente, sempre serve de se 2 consideragses da Teoria Literéria, ‘Tratase entse- tanto de delinir,no sentido do seu confront, as duas nogdes Tigadas a0 mesmo tempo opostas nesses conceites conheci- de, tratados mals ou menos de forma popular, defnilas com Imalor ntider do que costums scontoczr ho emprego corrents dda Literatura ‘Quanto a nogio de realidad, & necessério mencionar, a titulo preventivo, que esta se tomou probiemstica, pine ‘mente do ponto de vista das Citacias Naturais e da Logistica modemas,,podeado-se levantar contra o seu emprego, 0 presente esido, a objeqdo de que a noglo aparece no sentido Se um realismo ingénuo ultrapassado. E nocesstio frsat, para enfrentar tal objegio possive, que o termo realidade "parece excusivamento em seu sentido de confronto, ou se, ‘om sua felagio com a fesio que € o que aqul nos interessa ‘emo como objeto ¢ problema da Teoria do Coaheeimento ¢, onseglentemente, nfo sob o ponto de vista do realsmo ia fgénuo, Ele significa, como sera escarecido na seguinte ex- Posigdo, nada mais do que a realidade da vida humana (da haturezs, da. hist6ria, do espiito) em contronto com 0 que ‘experimentamos como "eonteddo” das obra iterras, modo de ser da vida, em contraposigfo Aquele crado e represen- tado pola Literatura, E ao parece fors de propésito afr mar que é justamente na definigdo exata desta diferengs que a eiellateenth tee ana et eed © fendmeno da realidade sobressi, de modo particularmente ritdo ¢ rico, para além de toda definigio tedrico-centiie, © que signitica, compreendida neste sentido, a tensio conceitual: exagdo lterdriae realidade? —Significa duss cor sas: que a criagfo teria & coisa diferente da realidade, mas ‘ambsm significa o apareatemente contri, ou soja, que a realidade € 0 material da erisgio lteriria, Pols € apenas aparente este contradiglo, jé que a ficglo 56 & de espécie diversa da realidade porque esta € o material daquela. Me ‘assim gue exprimimos isto na generalidade desta tensio con. ceitual, aparecem as primeiras dificuldades ¢ apeesentam-se as inexatiddes e diserepincias presentes no ponto de. vista tradicional." Deixando de lado a. pesquisa puramente hist rica € socioldgica das fonts e influéncias sobre a obra. que, ‘entce outras,inelul © romance documento e © pooma bio: ‘rifico, 2 telacio fice%o e realidade aponta tactamente na sliregio da literatura narativa deamitiea, sem, prém, lini tar 0 conceito da feslo, consciente e exprossamente aster sgéneros. Ni obstante, nfo é inclido nestes concctor de Siagdo literfie realdade, ou pelo menos nfo Je modo ‘mediato, o terceiro dominio daqullo que a postica © = cons cineia coletiva consideram criagio literiia, 0 lites, De fat, essa tensio de conceitos 56 tem sentido. com relagto aos dois primeros géneros, nfo fornecendo 0 lireo neat material demonstrativo para ela, A razio de este fato ter sido um problema & que os conceitos de fieglo-e relidade, ro sentido associativo por nés empregado, ao foram anal sados quanto ao seu sigifieado exato. A noglo de fey 6 se apresenta no seu sentido multivoco dopois de eslareeida nog de realidade em sua relagho com a ficslo, Este fsclarecimento €atarefa do seguate estado, Mas, neste ponto de partda, © a titula de prelidio, € necessirio referie-nos a uma importante testemunhs, cuja ‘opinido, por assim dizer, ainda pouco reflelida, mas’ tanto ‘mals lucidativa, tem permanecido oculta: Aristételes,‘Tem- se referido geralmente 20 cardtee Iragmentiio de sua obra, 40 fato de ter tratado na sua Poétioa somente a epopéia eo dram, mas nfo o gnero litico, ou presumlu-se que Arist {eles nao tenha incuido a grande Idea do VI e Vséeulos, Por pertencer esta pocsia “cantada", isto 6, acompanhada do insiea instrumental, 20 dominio da Misica ®, "Arsttcles, porém, mencions a’ porsia cantada, como logo veremos, & saber,’ ditirambo e até misica interemente. instrumental como tais, mas justamente © contexto em quo i$0 acontece ———————— OO s indica que ele nfo a inca na tres, mas precisamente na poles, © que, precisemente aqullo que designamos como poem lirica © até como “posse”, para Arsttces nfo era poesia”, ou sj, poless, mas pertencia'@ um outro dominio das “obs lterdeas Eas relages revelam-se apenas quando se leva em con- sideragio.o fato de que Arisitles define a noglo. poisis pelo termo mimesis, endo posi © mimesis para ele iat Gos no sentido. A pecepgto deste fato parece ter sido im- pedida por ter-se perdido de vista 0 significado fundamental {os tro pon ¢ pow «saber fer, produ” «tam ‘béa por ae ter tradurido mimesis por imitatio no sentido de “imitagio", Quando E. Auerbach deu o subiitulo de Dar- sestelte Wirkchkeit (A. tepresentasio da reaidade)* & fun conhecida obra Mimess,restituil ao temo prosctito 0 6 eu lugar de honea € o restabeleceu no seu préprio setido arstocéieo, Entfo um exame mais minucio das definigBes de Arnétles demonstra que, na sua opin, mimesis 6 muito ‘menos decisivo no sentido de imitag, matiz de significado de fato nele contido, do que no sentido fundamental de re- presentagho, de fazst, Taso 6 eslarecido no somente pela é mencionada e logo provada identdade de sigaiieados entre ‘oles © mimeri, mas também e prncipalmente pelo conteé- do mais exato emprestado por Aristieles ao term “mimese™ (Com mimeseis sto designadas as obras que tm por objeto = pratontes,pesonagens e com iso tamibém pratt, 290s “Mimeselssio a epopeia, a tragéia ea comédis, bem como co diirambo e a maior parte das pegas de flauta e fiara” >, slém disso também a danca, porque esta representa, com & we Se eae Pee SL entero eed oe cers oes pare Hest Ae Githe S ge ast DR ee 4 1 19GICA BA CRIAGKO LITERARIA auxils do ritmo e da mimica, “earacteres, paixtes © agles" $ {Que estes géneros artistas emiboraultrapassem, pela inclusso ‘de uma parte de misica instrumental e de dunca, o conceito mais estrcto de “obra do arte verbal”, ainda que sejam potesis por serem mimesis, € consolidado, porém, apenas com 2 ajuda da sentenge causal quo aparece depois! “Visto que os [personagens (mimumenoi) representam seres agentes, que ne estarizmento tim do set nobres ou Yulgares.»., devem ser estes melhores ou piores do gue n6s, ou também ignais a 16s" 6, A conseqUéncia da sentenga principal confirma a ‘conclisio jé Grada da identidade dos sigaificados do poles © mimesis, ou seja, que 0 peso do termo mimesis no deve ‘estar na initio, imitagHo, matiz de sentido nee contd, mas ‘que est limo penetra nd concsto de “mimese” someate ma ‘dida em que 8 realidede fnimana fornece 0 material para 4 fcelo que descreve 0 “fa2” os personagens, essencialmente, portant, para a poesia draméticn épica, euja anlise cons” Tru, Sgualmente, o coatesdo da poétca de Aristéees, ‘Uma tuz mais clara ainda 6 langada sobre a identidade de poiesis © mimesis por dois techos em si pouco signifca- ‘vos que posivelmente uminam © motive pelo qual aquilo aque designamos como Htica nfo € tratado na obra initulada Peri Poietkes, Arist6teles admira-se de que a gente em geral reduza 0 teem “fazer pocsa (to poiein) & métrics apenas, P. ex, a0 elegiaco, mesmo quando uma obra literria assim ‘ersifieada no € absolutamente mimesis, como a poesia de Empédocles: “quando a gente relaciona & poesia com @ mé- ‘tied, dé 0 nome de poeta épico a0 pocta de elegias, portento| ‘dio nome de poeta nfo de acordo com a mimese, mas com ‘a métrica,. Homero e Empédocles, porém, nad ‘Comum ain da mética (o hekmeteo}, sendo'o primeiro wan posta e 0 segundo mais um cientstz"?. Na palavra grega 2 emers Eat tata eben a eet Ys Se Fe nt Foxpaweyros tinociricos TeoRIcos 5 fislogos ext conta, nog8o Toga quando se examina mis tm pequeno echo da Poa, soe senda de tm trendac ene as aogSs pene epein (e), mime logo, ao inden quem ogo de "Pec gn ‘ava para. Arties exclavomeale teprsatglo © it {oo sores manos apts, mes snda io state de uma Sensgen? smiicads que sempre se pretend “asta” [io por aceso que ete problems se tora agudo na “poesia Tarra. Hp erdeao fat dom posta Go at “por {0° (anon), em vee do evar personagens ages inet mente "Un posta deve fle 0 meno posi! pot, por Gf, so far so € mies E dle slogia Homer como 0 tno Epic gue oberon sta let (Poe), ela gue, ogo apts a ira Intro $25 fev so plo om omen ou tna mulher qu a Pilea A exclto de “eragto teria” nfomimea (ete spas en slerencin «Arild pot pode jase come precnidn como uma contig para o pent de Vista do Sue una forma Ira que fo "ie" (po) age epee thamente agents, ~ que ado ia sect ton, vendo 0 modo da mimest © ao de realiade —~ est ilojadn un ‘uo selor dag gue hoje dedgnaos como osm glo Wa'da Aste Lhe. Noss etodomosraré qual 0 ia Keado dota ditrnga, qu indctemos suanes doe conetcs di Tteratreetonat ob wimélca © da lies, para a ex {ura pea do sitema Iria © com ls paras fesomeao- log dow ines itera pr. Ai que a tena coneiual ego Uefa © real Yandeestja contd 0 conceto de mines, ea ato 2 tmnou temitin em Astcles Mas, dentro Ge nate dos fates io expt e ineonscente,& poston mais nova ue eid essen concen em cofronto, goose invounstignest ‘ini aritouca da eiagSo Medi, on, low ago f-conelo de eagio erin sor glntos aincos, ol Ineacionado apna solamente fat de que nose pode {lar de oma flag da poesia com a ella, concrete Lirica, no mesmo temido que concernnte t pon nary tau damien E enguto io nfo fl tasido cons a0 an ee

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