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Resumo:
O presente artigo científico te como tema Responsabilidade Objectiva dos Bancos e Instituições
Financeiras, ira-se destacar que A informação do cliente ao banqueiro é de ordem geral ou especifica
conduzido, não poucas vezes à autorização de limitação voluntaria de direitos de personalidade no
interesse de ambos os sujeitos. No que o banco diz respeito, as informações dos clientes estarão sujeitas
ao dever de segredo profissional e, como tal apenas reveláveis nos termos da lei, com a autorização do
cliente ou no âmbito de centralização do risco do crédito. O problema deste tema é necessariamente sobre
a ineficácia da responsabilidade dos bancos, nesse caso o banco não se responsabiliza que é um grande
problema, falta da aplicação das leis e principalmente a morosidade processual neste tipo de processo, e
sem esquecer referir que a falta de provas tem dificultado muito o processo. O tema é importante na
medida que vai ser analisado as responsabilidades dos banco, quando é responsabilidade o banco, os seus
deveres perante os clientes e também o desempenho das instituições financeiras. Tem como objectivo
geral analisar a responsabilidade dos bancos e instituições financeiras. O tipo que pesquisa usado foi a
pesquisa documental visto que fez-se uma análise e estudo de leis, teses, dissertações e manuais. O
método usado no presente artigo dedutivo, uma vez que se de uma analise geral à aplicação aos
particulares como o nosso País, nesse caso buscou-se investigar a veracidade dos factos. Quanto aos
resultados é de salientar que os mesmos não são satisfatórios, porque maior parte dos danos criados pelos
bancos não são reparados, isto é, o Banco não se responsabiliza pelas infracções cometidas. No caso de
existir provado os factos, a morosidade processual influencia negativamente para a resolução desses
conflitos. As recomendações deixadas são que haja mais fiscalização das autoridades competentes nas
actividades dos bancos principalmente a relação com clientes que advêm diversos direitos e deveres, na
qual muitas vezes o Banco não tem cumprido.
FUNDAMENTACAO TEORICA
O Banco
Responsabilidade Civil:
Introdução:
O presente artigo científico tem como tema A Responsabilidade dos Bancos e Instituições
Financeiras, o qual debruçara sobre a responsabilidade destas instituições, em que
circunstâncias são responsabilizadas e os deveres dos bancos que não tem sido eficazes e
também a violação dos direitos do cliente como consumidor desses bens e serviços. Os bancos,
em nosso país, tal como ocorre na generalidade dos países desenvolvidos, exercem relevante
função na mobilização do crédito em benefício do desenvolvimento económico. Ao longo do
trabalho ira perceber-se que na actualidade, a relevância clara das normas jurídicas, que
compõem as leis que visam a condução para a realização de justiça referente a responsabilidade
bancária, é de salientar que na sociedade requer uma boa interpretação visto que quando não é
aplicado prejudica de tal maneira a justiça principalmente em relação aos direitos dos clientes e
sem esquecer que os mesmos são consumidores desses serviços. Pretende se de certo modo
identificar de certo modo o constrangimento causado ao cliente pela instituição financeira na
aplicação dos seus deveres. O problema tem sido bastante debatido na doutrina, visto que a
ineficácia da responsabilidade dos bancos, nesse caso o banco não se responsabiliza que é um
grande problema, falta da aplicação das leis e principalmente a morosidade processual neste tipo
de processo, e sem esquecer referir que a falta de provas tem dificultado muito o processo. O
tema é actual e pertinente, as razões que levaram o autor a sua escolha prende-se ao facto de
constatar- se que matéria relativa a falta da responsabilização dos bancos perante a inaplicação
dos seus deveres. O autor sentiu-se motivado em investigar o tema na medida em que vivemos
no quotidiano, uma situação em que direito de vários clientes são violados pelas instituições
financeiras. O trabalho tem como objectivo analisar a responsabilidade dos bancos e instituições
financeiras. A pesquisa que se levou a cabo é explicativa e para a materialização da mesma será
empregue um método nomeadamente: o método de pesquisa é dialéctico e qualitativa,
constituindo uma base científica.
O trabalhado este organizado de seguinte modo: introdução na qual o autor apresentara os
fundamentos da escolha de tema; a problematização, onde o autor colocara o problema, indicar-
se-á o objectivo geral , a justificativa do tema, onde apresentar-se-á a razão orientadora na
escolha do tema ; o desenvolvimento, onde o autor ira traduzir o tema em abordagem concreta, a
metodologia que ira se adoptar e finalmente ira se apresentar as considerações finais.
1. CONCEITALIZAÇÃO:
Bancos: são instituições de credito que podem efectuar as operações seguintes e prestar os
serviços de investimento como a recepção de depósitos ou outros reembolsáveis, operações de
credito, incluindo concessão de garantias outros compromissos, operações de pagamentos, entre
outros.2
1
PRATA, Ana, DicionárioJurídico: Direito Civil, Direito Processual Civile organização,Volume I, 5ª edição,
Coimbra, 2008.
2
VEIGA, Vasco Soares, Direito Bancário, 2a Edição, Livraria Almedina, Coimbra, Maio, 1997.
3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Institui%C3%A7%C3%A3o_financeira, acessado dia 06 de Setembro de 2017 pelas
8 horas e 36 minutos.
2. FUNDAMENTACAO TEORICA:
2.2. O Banco:
O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, publica ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem actividades de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços. A prestação de serviços pode ser definida como qualquer actividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as da natureza bancária,
financeira, de credito e securitaria, salvo as decorrentes das relações de carácter global.4
2.3.O Cliente:
O sujeito que contacta o banqueiro é o cliente, singular ou colectivo, desde que seja capaz para o
exercício. A habitualidade, a exclusividade e, principalmente, a natureza lucrativa não seriam
possíveis sem um cliente, que se não é a sua natureza de ser, é absolutamente a única condição
de ser do banqueiro e da sua orgânica muito especializada. O cliente, comummente reduzido a
depositante, pode, em função da sua natureza, ser singular, colectivo e, em principio, todo aquele
eu te capacidade patrimonial privada , isto é, quem tenha capacidade para a pratica de
determinado acto patrimonial, tem salvo excepção capacidade para o fazer em modo bancário.
Relação que se estabeleça entre ambos predominam, os deveres de informação e de diligencia do
primeiro, normas programáticas e de enquadramento, que tem de se complementadas por outras,
de natureza legal ou contratual.
4
WATY, Teodoro Andrade, Direito bancário, W & W Editora, Limitada, Maputo, 2011. Pagina 59
Esta regra não oferece dificuldade sem relação as pessoas colectivas. Em relação ás pessoas
físicas, as regras serão as do Direito Civil, em relação aos menores, interditos e inabilitados.
Significa ,isto que a pessoas nestas categorias podem, perfeitamente, ter acesso a serviços
bancários, quando em actos ao a lance da sua capacidade de exercício. Está-se perante a
aplicação dos artigos 124,138 e 153 do Código Civil5 , sobre as regras básicas para suprir as
incapacidades dos menores, interditos e inabilitados. A aplicação do artigo 127 do Código Civil e
a pratica permitem que haja actos bancários crescentemente praticados por menores.
A relação de consumo é jurídica e marcada pela diferença das relações contratuais comuns, uma
vez que nestas pressupõe-se a igualdade das partes, enquanto nas de consumo existe uma
presunção legal da superioridade de uma das partes sobre a outra. Desta forma conclui-se que o
direito do consumidor é um direito proteccionista, o que reflecte a intervenção do Estado, pois a
dada presunção de superioridade do fornecedor frente ao consumidor, há-de proteger-se o ultimo
por sua clara condição de vulnerabilidade. Assim , a relação de consumo é um conjunto de
normas imperativas, de ordem publica e interesse social, e, portanto, interrogáveis pela via
negocial e de aplicação irrenunciável. A defesa do consumidor procura tratar vícios redibitórios,
compra e venda e outros institutos tradicionais, dando nova roupagem a alguns dos institutos do
direito civil e comercial de modo a torná-los mais modernos e consentâneos com a evolução
tecnológica e de mercado. Os pólos da relação de consumo estão preenchidos pelas figuras do
consumidor e do fornecedor, ambos merecedores de protecção legal em suas demandas, pois em
uma relação obrigacional o ónus é estabelecido para os dois pólos, de forma que se atinja o
objectivo em torno do qual a relação de efectivou fundada nos princípios do equilíbrio
contratual, de boa-fé objectiva, da tutela do hipossuficiente, da transparência, do o dirigismo
contratual publico, entre outros que serão abordados oportunamente. Há duas correntes: dos
finalistas e dos maximalistas.6
5
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n° 47344, de 25 de Dezembro de
1066, por fora da Portaria n° 22869, de 4 de Dezembro de 1967, actualizado pelo Decreto-Lei n° 03/2006, de 23 de
Agosto.
6
WATY, Teodoro Andrade, Direito bancário, W & W Editora, Limitada, Maputo, 2011. Pagina 60
A corrente finalista defende que o destinatário final é o fáctico e económico do bem, que poderá
ser pessoa física ou jurídica, destacado que não basta retirar o produto da cadeia produtiva, mas
sim não a adquiri-lo para fins de revenda ou uso profissional. Tal posição evoluiu com o
entendimento de deve ser adoptada a posição mais branda na interpretação, pois, tendo em vista
que se deve enfocar a vulnerabilidade do serviços autorizados ou controlados pelo Estado, do
macro-interesse verdadeiro objectivo contratual, da internacionalidade ou do grande poder
económico dos fornecedores. A continuidade das relações tendo em vista a essencialidade do
credito na sociedade de consumo, conclui-se que os modelos tradicionais de contrato , reiteradas
e complexas relações contratuais, necessitando da intervenção regulamentadora do legislador
para a protecção dos mais vulneráveis ou da intervenção reequilibradora e sabia do judicial nos
casos concretos.7
7
Idem
desta lesão em qualificada ,e, uma vez verificada, o contrato fica eivado de vício insanável,
acarretando a nulidade absoluta, eis que constitui culpa in contrahendo o facto de ser comportar
para com o contratante à boa-fé.
Em Moçambique usa-se a terminologia clausulas contratuais gerais que, talvez, se pudesse ter
prosseguido o melhoramento falando em clausulas negociais gerais. As clausulas contratuais
gerais são elaboradas sem previa negociação individual, que proponentes ou destinatários
indeterminados se limitam, respectivamente, a subscrever ou aceitar. O contrato de adesão surge
como necessidade de o Direito adequar-se a realidade do País.8
2.6.Responsabilidade Civil:
Existe responsabilidade civil quando uma pessoa deve reparar um dano sofrido por outra. A lei
faz surgir uma obrigação em que o responsável é devedor e a vítima é o credor. Trata-se,
portanto, de uma obrigação que nasce directamente da lei e não da vontade das partes, ainda que
o responsável tenha querido causar o prejuízo. A responsabilidade civil autonomiza-se da
responsabilidade penal ou criminal, embora não possam ignorar-se os aspectos problemáticos
dos vectores que as separam. Está subjacente à responsabilidade civil a ideia de reparação
patrimonial de um dano privado, pois o dever jurídico infringido foi estabelecido directamente
no interesse da pessoa lesada. O que verdadeiramente importa nas sanções civis é a restituição
dos interesses lesados. Daí que sejam privadas e disponíveis.9
8
Ibdem
9
ISSÁ, Abdul Carimo Mohamed, AMARAL, Aires José Mota et all, Temas do Direito Bancário, Maputo, 1999.
Pagina 178.
do culpado continua a ter um vasto papel, visto que a responsabilidade objectiva” maxime” sob a
forma de responsabilidade pelo risco.
3. RESPONSABILIDADE BANCÁRIA:
3.2.Dever de informação nas instituições bancárias:
De acordo com o artigo numero 10 da Lei nr 22/2009, de 8 de Setembro de 2009 , diz o seguinte
"O fornecedor de bens ou prestador de serviços deve, tanto nas negociações, como na
celebração de um contrato, informar de forma clara, objectiva e adequada ao consumidor.
Nomeadamente, sobre características, composição e preço do bem ou serviço, tem como sobre o
período de vigência do contrato, garantias, prazos de entrega e assistência após o negócio
jurídico."10
A Lei já prevê que o Direito a informação é fundamental para o consumidor desses serviços,
logo existe assim um dever de informação por parte das instituições financeiras. Os deveres de
informação decorem de clausulas contra actuais gerais ou condições gerais, da lei que pode ser
geral ( artigo 573 do Código civil) especifica. Entende-se pois, que as partes devem comunicar a
uma outra circunstância especiais relativas as negociações, ou relativa ao significado e alcance
das cláusulas contratuais. O dever de informação pode ser indeterminado ou preciso e, quando o
seu conteúdo pode ser substancial ou formal. A informação pode estar inserida na prestação
principal, na secundária ou deveres de acessórios.
O dever de informação que decorre do artigo 485 do Código Civil, só responsabiliza quando se
actue com dolo, pois não sendo uma instituição o banco não é obrigado a indemnizar, nos termos
do artigo 485, n° 2 do Código Civil. Nem sempre é possível predeterminar o conteúdo do dever
de informar. Neste caso o dever é indeterminado, caso contrário, como previsto nos artigos 229
n°1 e 1038 alínea g), ambos do Código Civil, teremos um dever de informar preciso. De todo
modo ele deve ater-se no especial, com carácter pedagógico mas deve produzir uma informação
técnica simples, direita e eficaz. A informação do cliente ao banqueiro é de ordem geral ou
10
Lei nr 22/2009, de 8 de Setembro de 2009, Aprova a Lei de Defesa do Consumidor.
especifica conduzido, não poucas vezes à autorização de limitação voluntaria de direitos de
personalidade no interesse de ambos os sujeitos.11
No que o banco diz respeito, as informações dos clientes estarão sujeitas ao dever de segredo
profissional e, como tal apenas reveláveis nos termos da lei, com a autorização do cliente ou no
âmbito de centralização do risco do crédito.
3.3.Razão da responsabilidade
11
WATY, Teodoro Andrade, Direito bancário, W & W Editora, Limitada, Maputo, 2011. Página 138.
12
Idem
tornar equivalentes as posições das parte envolvidas no negócio dentro do limite do principio de
igualdade.
3.4.Responsabilidade do banqueiro:
O banqueiro tem uma responsabilidade bancária pelos actos ilícitos que na sua qualidade de
profissional, perpetre. Apesar de não serem aptos os danos envolvendo a integridade das pessoa s
e bens, os actos do banqueiro podem produzir danos para credores e devedores em caso de
falência ou de crédito não concedido ou mal concedido ao cliente ou terceiros.
Daqui exigir-se dos banqueiros deveres de discernimento para não financiar actividades ilícitas,
de informação, para conhecer correcta e mas completamente possível o cliente, e de vigilância,
com o qual se habilitara a conhecer a conhecer o verdadeiro uso do crédito. Todos esses deveres,
repita-se, tem como objectivo não prejudicar terceiros, tendo como nexo de causalidade a acção
ou a omissão do banqueiro em atentado dos bons costumes ou a ordem pública. O banqueiro
pode ser responsável por factos inexacto, em administração de patrimónios perante giro bancário,
perante cheques ou perante a recomendação de produtos arriscados. Com efeito, o banco tem o
dever de honrar os compromissos que haja assumido, ainda que indirectamente; são lhe
impostos, pois deveres de vigilância e de informação e, quando os cumpre sobre ele recai a
presunção da culpa a bem de confiança dos particulares e do tráfego bancário.13
Mas se por alguma razão o banco tiver que suspender um credito não se vá ver nessa decisão, de
imediato, uma vontade de provocar deliberadamente uma asfixia mortal, por desígnio tenebroso,
qualquer desiderato de retaliação, com perfeito abuso de direito.
3.5.Culpa in contrahendo:
O direito bancário é também um direito de serviço, área onde as portes – banqueiro e a clientela-
devem actuar em respeito como dissemos em relação ao banqueiro dos valores fundamentais da
ordem publica da boa fé. Quer isto dizer, repetimos que mesmo que na fase preparatória dos
contratos das partes devem acatar os deveres de actuação tais como o de protecção, o de
(completa e exacta) informação e o de lealdade. A boa fé in contrahendo, quando violada da
direito a indemnização, nos termos do artigo 227 n°1, 898 e 908, todos do Código civil, estes
13
Ibdem Página 144.
dois últimos aplicáveis a compra e venda. De todo o modo dos artigos invocados em especial do
227 n° 1 do Código Civil14, deve entender-se quando violada a boa fé in contrahendo devem ser
ressarcidos os danos emergentes, as despesas perdidas e os lucros cessantes. A culpa in
contrahendo revela como instituto tutelar da parte desfavorecida.
A primeira questão a analisar diz respeito à invocada violação, por parte do banco, de um dever
de informar a contraparte, nos termos do artigo 222 numero 1 do Código Civil. Torna-se assim,
necessário identificar qual a conduta ou conduta da entidade bancária que alegadamente terão
ofendido as regras de boa fé a que se refere a norma citada, por inobservância de um dever de
informação, a fim de acedermos aos dados de facto que nos abram caminho a uma adequada
apreciação de bondade ou pertinência da fundamentação jurídica apresentada. Importa, porem,
antes disso, traçar linhas gerais do quadro jurídico-normativo em que o problema se inscreve,
com referencia, designadamente, ao principio da boa-fé e aos pressupostos de surgimento de um
concreto dever de informação na fase pré-negocial com fundamento naquele principio,
susceptível de conduzir à responsabilização de um ou outro dos intervenientes na formação do
contrato.15
14
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n° 47344, de 25 de Dezembro de
1066, por fora da Portaria n° 22869, de 4 de Dezembro de 1967, actualizado pelo Decreto-Lei n° 03/2006, de 23 de
Agosto.
15
WATY, Teodoro Andrade, Direito bancário, W & W Editora, Limitada, Maputo, 2011. Página 143.
defraudar ou abusar daquela confiança que constitui base imprescindível das relações humanas,
tornando-se , pois, necessário que procedam de tal como deve esperar-se que o faça qualquer
pessoa que participe correctamente no trafico jurídico. No que vai implicada a exigência de que
cada uma das partes da relação negocial tome em consideração os legítimos interesses da outra.
É para este genérico quadro de referência que importa remeter o problema de responsabilidade
pré-contratual de que se ocupa o acórdão, pois é através do principio da boa fé que, em regra, se
torna possível decidir, se estamos verdadeiramente perante um dever de informar, tanto na fase
negociadora como na fase decisória do contrato.
3.6.Autodeterminação e auto-responsabilidade:
Terá de haver, por isso, uma particular contextura circunstancial ou especifica constatação de
interesses que imponha à partes, em articulação com regras de boa fé, a obrigação de prestar
certos esclarecimentos ou informações. De resto, a afirmação generalizada de deveres de
informação significaria transformar os agentes jurídicos, o que certamente não é tarefa do direito.
Por isso mesmo necessário verificar se a contraparte não se encontra em situação de se informar
16
SÁ, Almeno de, Direito Bancário, Coimbra Editora, Coimbra, Novembro, 2008. Página 68.
a si própria. Em certo sentido, pode dizer-se que a obrigação de se informar funciona como
limite de dever de informar que recai sobre a parte contrária. Não será, assim, curial falar, em
princípio, de infracção deste dever, se o alegado desconhecimento podia ter sido facilmente
suprido pela iniciativa da contraparte de interrogar o devedor sobre a circunstância ou
circunstâncias em causa.
Como directriz geral, poderá dizer-se que cada uma das partes deve informar a outra parte deve
informar a outra sobre circunstâncias que possam frustrar o fim do contrato ou que
reconhecidamente se revelem de essencial importância para a decisão de contratar. Na valoração
concreta das situações e na ponderação de interesses aqui necessariamente implicada,
desempenhará relevo fundamental a existência de uma especial necessidade de protecção da
contraparte, resultante do facto de esta não ser capaz de divisar, de forma correcta, os seus
próprios interesses, no quadro de uma "justa" troca de bens, não tendo possibilidades, por si
própria, de se informar adequadamente.17
A “ ideia de que o simples inicio das negociações de um contrato cria entre as partes deveres de
lealdade, de informação e de esclarecimento, dignos da tutela do Direito”, é uma aquisição
relativamente recente da ciência jurídica. Apesar de recente tem já consagração no Código Civil
artigo 227, onde se estabelece que " quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato
deve, tanto nos preliminares como formação dele, proceder segundo as regras de boa fé, sob
pena de responder pelos danos que culposamente causar à outra parte".18
Como nota-se, não é só quando se conclui um contrato que se fica vinculado, perante outrem, a
um dever geral deve agir de boa fé. Também quando se encetam negociações com vista à
celebração de um contrato se fica obrigado a proceder com lealdade e honestidade de forma a
17
Idem página 71.
18
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n° 47344, de 25 de Dezembro de
1066, por fora da Portaria n° 22869, de 4 de Dezembro de 1967, actualizado pelo Decreto-Lei n° 03/2006, de 23 de
Agosto.
não causar danos ilícitos a outra parte. O preceito atrás citado impõe, portanto, regras objectivas
de conduta quer destinadas a impedir prejuízos, quer impondo "uma celebração activa, no
sentido da satisfação das expectativas alheias que exige o conhecimento da situação que
constitui objecto das negociações"
4. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS:
4.2.Breve Historial:
Antes do sistema financeiro ter a forma que hoje se conhece, os indivíduos faziam a troca directa
de bens. No entanto, este método apresentava demasiados inconvenientes, relacionados com a
dificuldade de acordo entre os indivíduos quanto aos bens a transaccionar e com o facto dos bens
transaccionados serem perecíveis. Assim, à medida que as economias se foram desenvolvendo, a
troca de bens foi substituída pelo dinheiro, primeiro na forma de prata e ouro e depois como
papel-moeda e moeda. 20
Com a evolução do conceito de dinheiro, surge o sistema financeiro, inicialmente caracterizado
por financiamento directo e mais tarde por financiamento indirecto. Através do sistema de
19
ISSÁ, Abdul Carimo Mohamed, AMARAL, Aires José Mota et all, Temas do Direito Bancário, Maputo, 1999.
Página 184
20
SAMUELSON, Paul, NORDHAUS, Wiliam , Economia, 18ª Edição, McGraw-Hill, Madrid, 2005.
financiamento directo os agentes económicos trocavam directamente os seus recursos, ou seja, os
agentes económicos que mais tinham emprestavam as suas poupanças aos agentes económicos
com menos capacidade financeira. Este processo podia, no entanto, envolver uma difícil
negociação entre os envolvidos, que nem sempre tinham toda a informação e que muito
dificilmente conseguiam compatibilizar o montante e a maturidade da transacção. Com o
desenvolvimento das economias, este método tornou-se ineficiente e inviável devido aos
elevados custos. Assim, para fazer face a estas imperfeições de mercado surgiram as instituições
financeiras, que actuam como intermediários entre os agentes económicos, possibilitando uma
alocação mais eficiente dos recursos e uma diminuição significativa dos custos de transacção e
dos custos de informação.
Os custos de transacção dizem respeito a todas as despesas inerentes à operação, nomeadamente
no que se refere à realização de um acordo entre os agentes económicos, que normalmente têm
diferentes exigências no que diz respeito à maturidade da transacção, pois enquanto os credores
preferem um investimento a curto prazo, os devedores preferem pedir emprestado a longo prazo,
o que pode tornar a operação mais arriscada e aumentar a probabilidade de incumprimento por
parte do devedor. 21
4.3.Noções Gerais:
21
Sérgio Cavalieri Filho - Responsabilidade Civil das Instituições Bancárias por danos causados a Correntistas e a
Terceiros. Página 13.
22
Lei nº 15/99, de 01 de Novembro, Regula o estabelecimento e o exercício da actividade das Instituições de
Crédito e Sociedades Financeiras.
Sociedades Financeiras: são as empresas que não sejam instituições de crédito e cuja
actividade principal consista em exercer uma ou mais das seguintes actividades:
operações de crédito, incluindo concessão de garantias e outros compromissos, emissão e
gestão de outros meios de pagamento, transacções, por conta própria ou da clientela,
sobre instrumentos do mercado monetário e cambial, instrumentos financeiros a prazo,
opções e operações sobre divisas, taxas de juro, mercadorias e valores mobiliários, gestão
e consultoria em gestão de outros patrimónios entre outros
23
Sérgio Cavalieri Filho - Responsabilidade Civil das Instituições Bancárias por danos causados a Correntistas e a
Terceiros
4.4.Importância das Instituições Financeiras:
Relativamente à discussão de dados, de acordo com as suas pesquisas é de salientar que como
ponto de partida tem em questão é que por mais organizados que sejam os bancos, entretanto, na
infinidade de operações que realizam acabam cometendo falhas que acarretam prejuízos aos
clientes ou terceiros, gerando milhares de demandas objectivando reparação por danos materiais
e morais. Hoje é possível dizer que os bancos estão a ser responsabilizados pelas suas acções
mas não na totalidade porque muito desses bancos não tem se responsabilidade pelas danos que o
mesmos criam aos consumidores. A insatisfação dos clientes fez com que muitos fossem
intentados de processos contra bancos mas esmo assim os mesmos não tem visto os seus direitos
24
Idem
à serem reparados, um dos principais factores para a não efectivação dos mesmos é a morosidade
processual, o nosso sistema judicial é muito lento por muitas vezes fazem com que os clientes
nesse caso os consumidores desses bens e serviços não tenham credibilidade no nosso sistema
jurídico. A questão da responsabilidade é uma questão muito discutida por que por vezes não há
efectivação da responsabilidade civil dos mesmos.
Um dos aspectos sobre a analise deste tema é que as instituições financeiras tem o dever de
informação de acordo com o artigo 9 da Lei de Defesa do Consumidor, e no seu artigo 10 diz que
"O fornecedor de bens ou o prestador de serviços que viole o dever de informar, responde pelos
danos que causar ao consumidor, sendo solidariamente responsáveis os demais intervenientes
na cadeia da produção à distribuição que hajam igualmente violado o dever de informação." A
lei é clara perante a este facto, mas a Lei não tem sido aplicada, e os danos do consumidor não
são reparados, neste contexto os Bancos não terão receio de violar esses direitos porque nada é
feito.
Doutrina:
WATY, Teodoro Andrade, Direito bancário, W & W Editora, Limitada, Maputo, 2011.
SÁ, Almeno de, Direito Bancário, Coimbra Editora, Coimbra, Novembro, 2008.
ISSÁ, Abdul Carimo Mohamed, AMARAL, Aires José Mota et all, Temas do Direito Bancário,
Maputo, 1999
PRATA, Ana, Dicionário Jurídico: Direito Civil, Direito Processual Civil e organização,
Volume I, 5ª edição, Coimbra, 2008.
VEIGA, Vasco Soares, Direito Bancário, 2a Edição, Livraria Almedina, Coimbra, Maio, 1997.
Internet:
Sérgio Cavalieri Filho - Responsabilidade Civil das Instituições Bancárias por danos causados a
Correntistas e a Terceiros