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Nestlé® Purina®

PetCare®

Nutrição
Clínica
Canina e
Felina
Guia prático de
referência para uso
diário no exercício da
medicina veterinária
As doses e informações apresentadas neste manual foram
pesquisadas e descritas, baseadas nas referências bibliográficas
citadas; entretanto, devido às constantes pesquisas e
atualizações na área podem ocorrer alterações após a sua
publicação. Recomendamos que o médico veterinário se
informe no tocante às recomendações e contraindicações
descritas para as medicações apresentadas e as utilize de
acordo com a avaliação individual de cada paciente, sendo de
sua total responsabilidade sua utilização.

Publicado por The Gloyd Group, Inc.


Wilmington, Delaware

©2010 Nestlé® Purina® PetCare Company

Todos os direitos resevados.

Impresso no Brasil, 2016


Nestlé Brasil Ltda
Avenida Dr. Chucri Zaidan 246
Vila Cordeiro, São Paulo, SP

Primeira Impressão, 2010.

Este livro está protegido por direitos autorais.


É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer
meio ou processo.

ISBN 978-0-9764766-0-3
Manual Nestlé® Purina®
PetCare sobre Nutrição
Clínica Canina e Felina
Índice
4 n Colaboradores
Doenças Alérgicas
6 n Dermatites alérgicas - Cães
Stephen D. White, DVM, DACVD
8 n Dermatites alérgicas - Gatos
Stephen D. White, DVM, DACVD

Doenças Artríticas
10 n Osteoartrite - Cães
Denis Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS,
DACVSMR
12 n Osteoartrite/Doença degenerativa
articular - Gatos
B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS,
CertVA, DSAS(ST), DECVS, DACVS

Doenças Cardiopulmonares
14 n Doença cardíaca - Cães
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
18 n Doença cardíaca - Gatos
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
22 n Quilotórax - Gatos
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN

1
Cuidados intensivos 54 n Colite - Gatos
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN
24 n Nutrição em cuidados intensivos -
Cães 56 n Insuficiência pancreática exócrina
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, - Cães
DACVN Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN
26 n Nutrição em cuidados intensivos - 58 n Gastroenterite/Vômitos - Cães
lipidose hepática felina Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC,
60 n Gastroenterite/Vômitos - Gatos
DACVN
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN
Doenças endócrinas e metabólicas 62 n Enteropatias crônicas - Cães
28 n Diabetes mellitus - Cães Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil.,
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD DACVIM, DECVIM-CA
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN

30 n Diabetes mellitus - Gatos 64 n Enteropatias Crônicas - Gatos


Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil.,
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD DACVIM, DECVIM-CA
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN

33 n Sobrepeso/Obesidade - Cães 66 n Linfangiectasia - Cães


Sean J. Delaney, DVM, MS, DACVN Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM

36 n Sobrepeso/Obesidade - Gatos 68 n Pancreatite - Cães


Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN
70 n Pancreatite - Gatos
Transtornos Gastrointestinais Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN
38 Constipação - Cães
Doenças Hepáticas
n
Sally Perea, DVM, MS, DACVN
40 n Constipação - Gatos 72 n Doença hepática - Cães
Sally Perea, DVM, MS, DACVN David C. Twedt, DVM, DACVIM

42 n Diarreia do intestino delgado - 74 n Doença hepática - Gatos


David C. Twedt, DVM, DACVIM
Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM 76 n Encefalopatia hepática - Cães
David C. Twedt, DVM, DACVIM
44 n Diarreia do intestino delgado -
Gatos 78 n Encefalopatia hepática - Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM David C. Twedt, DVM, DACVIM
46 n Diarreia do Intestino Grosso - 80 n Hiperlipidemia - Cães
Cães John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM
82 n Hiperlipidemia - Gatos
48 n Diarreia do Intestino Grosso - John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN
Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM
52 n Colite - Cães
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN

2
Doenças do trato urinário 108 n Urolitíase por oxalato de cálcio e
hiperlipidemia - Cães
84 n Doença renal - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM
DACVN
86 n Doença renal - Gatos
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM 110 n Doença renal crônica e
obesidade - Cães
88 n Urolitíase por Oxalato de Cálcio - Donna M. Raditic, DVM, CVA
Cães Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
DACVN
112 n Doença renal crônica e obesidade
90 n Doença do trato urinário inferior - - Gatos
Cistite idiopática e urolitíase por Donna M. Raditic, DVM, CVA
estruvita/Oxalato de Cálcio - Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
Gatos DACVN
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
DACVN 116 n Urolitíase por estruvita e
obesidade - Gatos
92 n Urolitíase por uratos - Cães Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
DACVN DACVN

Manejo Nutricional de 118 n Referências


Doenças Concomitantes
123 Apêndice I - Sistema de escore de
Diabetes mellitus e doenças
n
96
condição corporal (ECC) Nestlé® Purina®
n
renais - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN
125 n Apêndice II - Formulário de histórico
98 n Diabetes mellitus e obesidade - alimentar
Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN 127 n Apêndice III - Cálculos úteis na nutrição
100 n Diabetes mellitus e cistite clínica
relacionada com cristais - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN
102 n Pancreatite e doença renal
crônica - Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN
104 n Gastroenterite alérgica/Doença
inflamatória intestinal e doença
renal crônica – Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN
106 n Gastroenterite Alérgica/Doença
Inflamatória Intestinal e Doença
Renal Crônica – Gatos
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN

3
Colaboradores
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
Professor de Medicina Veterinária e Nutrição Professora do Departamento de Ciências Clínicas
Responsável pela área de Pesquisas em Pequenos Animais Faculdade de Medicina Veterinária Cummings
Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais Universidade de Tufts, North Grafton, Massachusetts
Faculdade de Medicina Veterinária da Diabetes Mellitus – Cães
Universidade do Tennessee, Knoxville, Tennessee Diabetes Mellitus – Gatos
Urolitíase por oxalato de cálcio – Cães
Doença do trato urinário inferior em gatos – Cistite idiopática Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM,
e urolitíase por estruvita/oxalato de cálcio DECVIM-CA
Urolitíase por uratos – Cães Professor e Chefe, Medicina de Animais de Companhia
Urolitíase por oxalato de cálcio e hiperlipidemia – Gatos Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Doença renal crônica e obesidade – Cães Faculdade de Medicina Veterinária
Doença renal crônica e obesidade – Gatos Universidade do Estado de Luisiana, Baton Rouge, Luisiana
Urolitíase por estruvita e obesidade – Gatos Enteropatias crônicas – Cães
Enteropatias crônicas – Gatos
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN
Professor de Nutrição Clínica em Mark L. Morris Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN
Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais Especialista em Comunicação – Nutrição Veterinária
Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas Nestlé PURINA PetCare Research
Universidade do Texas A&M, College Station, Texas Enteropatias Crônicas – Cães
Hiperlipidemia – Cães Enteropatias Crônicas – Gatos
Hiperlipidemia – Gatos
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN
Scott Campbell, BVSc (Hons), MACVSc, DACVN Professora Assistente de Nutrição Clínica
Professor Titular, Serviço de Apoio em Nutrição Clínica Nutricionista Clínica, Serviço de Apoio Nutricional
Faculdade de Ciências Veterinárias da Hospital Escola de Medicina Veterinária
Universidade de Queensland, Brisbane, Austrália Universidade da Califórnia, Davis, Califórnia
Pancreatite e doença renal crônica – Cães
Proprietário do Booval Veterinary Hospital, Booval, Australia Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e
Colite – Cães doença renal crônica - Cães
Colite – Gatos Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e
Insuficiência pancreática exócrina – Cães doença renal crónica – Gatos

Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS, CertVA,
Professor de Cuidados Intensivos e Emergências, e Nutricionista
DSAS(ST), DECVS, DACVS
Clínico
Professor Associado, Cirurgia de Pequenos Animais
Seção de Cuidados Intensivos e Emergências
Departamento de Ciências Clínicas
Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Faculdade de Medicina Veterinária
Royal Veterinary College
Universidade do Estado da Carolina do Norte, Raleigh, Carolina
Hertfordshire, Reino Unido
do Norte
Nutrição em Cuidados Intensivos – Cães
Osteoartrite/Doença degenerativa das articulações – Gatos
Nutrição em Cuidados Intensivos – Lipidose Hepática em gatos
Denis Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS, DACVSMR
Sean J. Delaney, DVM, MS, DACVN
Professor, Ortopedia
Fundador, Davis Veterinary Medical Consulting, Inc.
Departamento de Ciências Clínicas
Davis, California
Faculdade de Medicina Veterinária
Sobrepeso/Obesidade – Cães
Universidade do Estado da Carolina do Norte, Raleigh, Carolina
Linda Fleeman, BVSc, PhD, MACVSc do Norte
Osteoartrite – Cães
Diabetes Animal Australia
Boronia Veterinary Clinic
Melbourne, Victoria, Australia
Diabetes Mellitus – Cães
Diabetes Mellitus – Gatos

4
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN David C. Twedt, DVM, DACVIM
Professora Associada de Nutrição Professor, Medicina de Pequenos Animais
Departamento de Estudos Clínicos - Filadélfia Departamento de Ciências Clínicas
Faculdade de Medicina Veterinária Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas
Universidade da Pensilvânia, Filadélfia, Pensilvânia Universidade do Estado do Colorado, Fort Collins, Colorado
Quilotórax – Gatos Doença hepática – Cães
Pancreatite – Cães Doença hepática – Gatos
Pancreatite – Gatos Encefalopatia hepática – Cães
Encefalopatia hepática – Gatos
Sally Perea, DVM, MS, DACVN
Davis Veterinary Medical Consulting, Inc. Stephen D. White, DVM, DACVD
Davis, Califórnia Professor
Constipação – Cães Departamento de Medicina e Epidemiologia
Constipação – Gatos Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade da Califórnia, Davis, Califórnia
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Dermatite alérgica – Cães
Professor de Medicina Interna e Nefrologia Dermatite alérgica – Gatos
Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Faculdade de Medicina Veterinária Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM
Universidade de Minnesota, St. Paul, Minnesota Professora Associada e Chefe da Medicina Interna de Pequenos
Doença renal crônica – Cães Animais
Doença renal crônica – Gatos Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais
Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas
Donna M. Raditic, DVM, CVA Universidade do Texas A&M, College Station, Texas
Professora Clínica Assistente Adjunta Diarreia do intestino delgado – Cães
Serviço de Medicina Integradora Diarreia do intestino delgado – Gatos
Faculdade de Medicina Veterinária Diarreia do intestino grosso – Cães
Universidade do Tennessee, Knoxville, Tennessee Diarreia do intestino grosso – Gatos
Linfangiectasia – Cães
Residente de Nutrição
Angell Animal Medical Center, Boston, Massachusetts
Doença renal crónica e obesidade – Cães
Doença renal crônica e obesidade – Gatos
Urolitíase por estruvita e obesidade – Gatos

Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM


Diretora, Centro para a Saúde de Animais de Companhia
Faculdade de Ciências Veterinárias
Universidade de Queensland, St. Lucie, QLD, Australia
Diabetes ellitus – Cães
Diabetes Mellitus – Gatos

Rebecca L. Remillard, PhD, DVM, DACVN


Membro do Grupo de Veterinários, Nutrição e Diretora de
Pesquisas Clínicas Angell Animal Medical Center, Boston,
Massachusetts
Diabetes mellitus – Gatos
Sobrepeso/Obesidade – Gatos
Diabetes mellitus e doença renal – Gatos
Diabetes mellitus e obesidade – Gatos
Diabetes mellitus e cistite relacionada com cristais – Gatos

Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN


Professora Associada, Nutrição Clínica
Ciências Biomédicas Moleculares
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade do Estado da Carolina do Norte, Raleigh, Carolina
do Norte
Gastroenterite/Vômitos – Cães
Gastroenterite/Vômitos – Gatos

5
Dermatite Alérgica - Cães
Stephen D. White, DVM, DACVD Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
A Dermatite alérgica refere-se a qualquer distúrbio de hipersensibilidade que

n3 Total 0.4–0.8 81–156 n/d n/d


produza uma condição inflamatória na pele. Os distúrbios mais comuns que afetam

(de óleo de peixe)


os cães incluem: alergia a picada de pulgas (DAPP), dermatite atópica e alergia a
alimentos (também conhecida como hipersensibilidade alimentar).
EPA 0.24–50 50–94 n/d n/d
Ferramentas de diagnóstico e exames
complementares
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
metabólicas induzidas pelos estados de enfermidade. A composição recomendada
da dieta é mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou
mg por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais
O histórico clínico, incluindo a sazonalidade e a dieta ou as mudanças na dieta, são
os primeiros passos para diagnosticar a causa da dermatite alérgica. Durante o exame devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de
físico, a localização das lesões pode fornecer informações importantes para o vida e consumo de energia.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos segundo determinação da
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
diagnóstico: se a causa é a alergia a picada de pulgas, as lesões são provavelmente no
dorso; no caso da dermatite atópica, as lesões são encontradas em membros pélvicos,
axilas, rosto e orelhas; e se é uma alergia alimentar, as lesões podem ser semelhantes às
Princípios da Alimentação Coadjuvante
observadas na dermatite atópica. É preciso uma análise citológica da pele para verificar
Alergia a alimentos: O diagnóstico e o tratamento consistem em administrar uma
se há infecções bacterianas secundárias ou Malassezias fúngicas como a Malassézia.

Fisiopatologia
dieta de eliminação "hipoalergênica"3. Esta dieta é baseada em exposição prévia a
diversos alimentos, podendo ser dietas de eliminação (antígenos limitados) tanto
A dermatite atópica é mediada pela imunoglobulina E (IgE) específica para alérgenos. caseiras como comerciais.
Os alérgenos, por via percutânea, são fixados aos anticorpos IgE ligados aos Os animais não devem ter contato com qualquer outra substância no período de
mastócitos, os quais liberam substâncias inflamatórias. Trabalhos recentes sugerem teste de eliminação de alimentos, incluindo suplementos de vitaminas, brinquedos
que: 1) alguns cães atópicos podem apresentar deficiência de filagrina (um mastigáveis, medicações ou cremes dentais específicos. Devido à dieta de eliminação
componente do estrato córneo), e 2) em cães normais, a função de barreira do estrato caseira não ser uma dieta balanceada, os proprietários devem ser advertidos sobre a
córneo (contra as infecções) pode ser suplementada por niacinamida. possibilidade de seu cão perder peso, de desenvolver uma pelagem sem brilho,
A etiologia da alergia alimentar não é bem conhecida, mas provavelmente esteja escamosa, ou apresentar um apetite maior do que o habitual.
envolvida tanto em processos mediados por células como em processos mediados Geralmente, a duração da dieta de eliminação é de 8 a 12 semanas.
por anticorpos. Na dermatite por picadas de pulgas, os alérgenos são proteínas A persistência de algum prurido na semana 12 pode indicar a presença de outras
encontradas na saliva dos parasitas. hipersensibilidades concomitantes. Nos casos que foram administrados antibióticos

Predisposição
para tratar infecções secundárias, ou corticosteroides orais para prurido intenso, a
dieta deve continuar por mais 2 semanas após estes tratamentos serem interrompidos,
As raças com predisposição são: Lhasa Apso, Schnauzer Miniature, Dachshund com o intuito de avaliar corretamente a sua eficácia.
West Highland White Terrier, Pug, Poodle, Cocker Spaniel, Springer Spaniel, Ao não apresentar os sinais clínicos, o cão é alimentado com a sua dieta padrão para
Collie, Dálmata, Boxer, Rhodesian Ridgeback, Pastor Alemão e Golden Retriever. confirmar o diagnóstico. A recorrência de sinais clínicos geralmente é apresentada
No Reino Unido, ocorreu um relato sobre cães atópicos da raça Retriever com dentro das duas semanas seguintes. O cão é então alimentado novamente com sua
probabilidade de ter filhotes atópicos, especialmente os machos atópicos. dieta de eliminação e o proprietário pode testar com os alérgenos suspeitos,
Geralmente nos cães atópicos os indicadores se observam entre a idade de 1 e 7 administrando cada um deles por uma ou duas semanas de cada vez. Os alérgenos
anos. Predileções por gênero são desconhecidas. Trinta por cento dos cães com comprovadamente mais comuns nos cães são proteínas contidas em: carne, frango,
alergia a alimentos apresentam indicadores no decorrer do primeiro ano de idade. leite, ovos, milho, trigo e soja. Uma vez que os alérgenos ofensivos são identificados,
No que diz respeito a alergia a picada de pulgas, não existem predileções por idade, pode ser fornecida uma alimentação comercial sem esses alérgenos ou uma dieta de
raça ou gênero. proteínas hidrolisadas. Quando os proprietários se recusam a realizar testes de

Alterações nos nutrientes essenciais


provocação, pode ser usado um alimento para cães com antígenos limitados.
n Petiscos – Durante o teste de eliminação não pode ser fornecido nenhum
Nos cães com dermatite atópica, os ácidos graxos essenciais (AGE) podem ser usados petisco, exceto aqueles que contenham os mesmos ingredientes que a dieta de
como antipruríticos1. É controversa a diferença da eficiência entre os suplementos de eliminação. As dietas comerciais de eliminação úmidas ou secas podem ser
AGE com ácidos graxos Ômega 3 e aqueles que contêm uma mistura de Ômega 3 assadas (esta última misturada com água), em forma de biscoitos para cães. Após
e Ômega 6. Nos cães, os AGE podem ter 25% de probabilidade de reduzir o prurido, ter o diagnóstico de alergia alimentar e encontrar uma dieta de manutenção
especialmente quando combinados com um tratamento anti-histamínico. Quando apropriada, pode-se incorporar petiscos semanalmente para avaliar qualquer
os suplementos de AGE foram incluídos na alimentação dos cães, a taxa de sucesso recorrência dos sinais clínicos.
em um estudo foi de 42% (controle do prurido bom ou excelente); em outro estudo n Dicas para aumentar a palatabilidade – Às vezes, aquecer o alimento antes da
foi de 44%. Um artigo recente demonstrou que as melhorias observadas em cães alimentação pode melhorar a palatabilidade. Se o cão recusa a alimentação de
atópicos com suplementação de AGE nem sempre se correlacionam com a ingestão eliminação após 2 ou 3 dias, é melhor testar uma outra dieta com outra proteína.
total de ácidos graxos ou com a relação de ácidos graxos ômega 6:3. Outro relatório n Recomendações para a dieta – As dietas de eliminação devem evitar alimentos
documentou o efeito moderador dos esteroides dos AGE em alguns cães atópicos.² fornecidos anteriormente. Para as dietas caseiras, as escolhas podem ser proteínas
Se forem utilizados suplementos, uma recomendação informal é a utilização de pelo "novas", como a carne de porco, feijão, coelho, pato e atum, e carboidratos como
menos 36 - 44 mg/kg de peso corporal/dia de ácido eicosapentaenoico (EPA, em batatas, batatas doces e arroz. As dietas comerciais devem ser especificamente
inglês) proveniente de óleo de peixe, ou aproximadamente 1 g de óleo de peixe/5 kg comercializadas com alérgenos limitados. Estas podem estar compostas por proteínas
de peso corporal. "novas" ou proteínas hidrolisadas cujo peso molecular seja muito pequeno para
desencadear reações do sistema imunológico do cão.

6
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
nDermatite Atópica –Os proprietários devem reconhecer que esta doença precisa medicamentosas
ser controlada e tratada durante toda a vida do cão; se os AGE são úteis no controle Como foi observado anteriormente, são necessários antibióticos e antimicóticos
de prurido, então será necessário fornecê-los ao longo de toda a vida. (geralmente azóis) para tratar infecções secundárias. Tais medicamentos são
nAlergia a Alimentos –Os proprietários precisam ser muito rigorosos ao longo do administrados normalmente durante 4 a 8 semanas. Os medicamentos tópicos,
teste de eliminação do alimento. Devem manter um registro diário, constatando o tais como xampu ou artigos para banho (enxágues) podem também ser utilizados
prurido, tudo o que for ingerido que não esteja na dieta, sendo ideal também registrar para controlar as infecções secundárias, bem como ajudar no tratamento do
qualquer mudança nas fezes (ex.: consistência, cheiro). prurido. Os corticosteroides podem ser necessários para controlar o prurido,
nAlergia a Picada de Pulgas– Explicar o papel das pulgas e os diversos inseticidas embora a sua utilização deva ser limitada a produtos por via oral com efeito de ação
disponíveis para proteger o cão das picadas de pulgas. Embora a eficácia dos AGE curta, tais como a prednisona ou a prednisolona. Quando os corticosteroides são
como auxiliares no tratamento do prurido causado por alergia a pulgas não tenha considerados necessários, o objetivo deve ser a menor dose diária possível. A
sido totalmente investigada, podem ser utilizados os AGE como complemento ao ciclosporina é frequentemente útil para controlar os sinais clínicos de dermatite
tratamento de parasitas. atópica; a sua eficácia em outras dermatoses alérgicas ainda não foi avaliada. É

Comorbidades comuns
também importante para a dermatite atópica a hipossensibilidade com base em
testes sorológicos (imunoterapia, ou “vacinas para alergia"). Hipossensibilidade
A dermatite atópica, a alergia a picadas de pulgas e a alergia alimentar muitas vezes não é recomendada para o tratamento da alergia alimentar; o seu papel na gestão
existem no mesmo cão. Podem ter infecções bacterianas secundárias (normalmente, da alergia a pulgas precisa ser pesquisado mais profundamente.

Controle
Staphylococcusspp) e/ou por Malasseziaspp (fungo). As mesmas precisam ser tratadas,
uma vez que as infeções podem produzir prurido. A alergia a alimentos também
pode causar transtornos gastrointestinais. Enquanto diarreia e/ou vômitos Os cães com dermatite alérgica deverão ser avaliados pelo menos duas vezes por
provavelmente só ocorram em 10% dos cães com dermatite causada por alergia ano depois do desaparecimento dos sinais clínicos; controles mais frequentes,
alimentar, fezes moles ou malformadas, são observadas com maior frequência; deve- dependendo dos potenciais efeitos adversos do tratamento (tal como os
se perguntar especificamente sobre o aparecimento no momento de registrar o observados com ciclosporina ou corticosteroides) são sugeridos. Os cães também
histórico clínico do paciente⁴. Raramente foi observado que a alergia alimentar tenha devem ser examinados se o prurido é repetitivo, porque isso pode significar tanto
causado epilepsia idiopática⁵. uma recaída no tratamento da dermatite alérgica (por exemplo, uma ingestão de
alérgeno "proibido", ou um erro de controle das pulgas) a recorrência de uma
infecção secundária ou o aparecimento de uma outra hipersensibilidade (ex.: o
cão com alergia alimentar que desenvolve uma dermatite atópica).

Manejo Nutricional da Dermatite Alérgica em Cães

Tratar ou descartar infecções secundárias bacterianas ou por fungos

Alergia alimentar Dermatite atópica Alergia a picada de pulgas

Diagnosticar mediante um teste com dieta hipoalergênica Diagnosticar com base no histórico Diagnosticar com base no histórico
ou de alérgenos limitados e quadro clínico e quadro clínico

Se o prurido for resolvido, deve ser


Se o prurido não for resolvido, devem Tentar um tratamento com AGE, Começar o controle das pulgas; somar
administrada a dieta anterior para
ser consideradas outras etiologias sozinhos ou em uma combinação com AGE como tratamento complementar
confirmar o diagnóstico
outras formas (anti-histamínicos,
corticosteroides, injeções de
hipossensibilização)
Se for confirmado, deve-se
administrar alérgenos individuais
para identificá-los, ou manter
uma dieta balanceada com
alérgenos limitados

7
Dermatite alérgica - Gatos
Stephen D. White, DVM, DACVD Princípios da alimentação coadjuvante
Definição
Alergia Alimentar: O diagnóstico e o tratamento consistem em administrar uma
dieta de eliminação “hipoalergênica". Esta dieta é baseada em exposição prévia a
Adermatite alérgicase refere a qualquer distúrbio de hipersensibilidade que produza vários alimentos, podendo ser dietas de eliminação (antígenos limitados), tanto
uma condição inflamatória da pele. Os distúrbios mais comuns que afetam os gatos caseira como comercial.
são alergia a picada de pulgas, alergia alimentar (também conhecida como Os animais não devem ter contato com qualquer outra substância no período de
hipersensibilidade alimentar) e dermatite atópica. teste de eliminação de alimentos, incluindo suplementos de vitaminas, brinquedos

Ferramentas de diagnóstico e medidas básicas


mastigáveis, medicações ou cremes dentais específicos. Dado que a dieta de eliminação
caseira não é uma dieta equilibrada, os proprietários devem ser alertados sobre a
O histórico clínico, incluindo a sazonalidade e a dieta ou as mudanças na dieta, é o possibilidade de perda de peso do gato, de desenvolver pelagem sem brilho, escamosa,
primeiro passo para diagnosticar a causa da dermatite alérgica. Durante o exame físico, ou um apetite maior do que o habitual. A nova dieta deve ser incorporada
a localização das lesões pode fornecer informações importantes para o diagnóstico: gradualmente ao longo de alguns dias, inicialmente misturada com a dieta anterior.
se a causa é a alergia a picada de pulgas, as lesões são provavelmente na metade caudal Também é necessário alertar os proprietários caso o gato recuse a nova dieta por mais
do corpo e na área dorsal do pescoço, e é frequente a presença de dermatite miliar de dois dias, isso poderia causar doenças (lipidose hepática) e, portanto, deverão
(pápulas incrustadas). No caso da dermatite atópica e de alergia alimentar, as lesões procurar rapidamente uma dieta mais palatável.
incluem prurido na face, cabeça e pescoço, dermatite miliar, complexo granuloma Geralmente, a duração da dieta de eliminação é de 8 a 12 semanas. A persistência de
eosinofílico e alopécia auto-induzida. É necessária uma análise citológica da pele para algum prurido na semana 12 pode indicar a presença de outras hipersensibilidades
comprovar a existência de infecções secundárias bacterianas ou Malassezia. simultâneas. Nos casos que os antibióticos são indicados para o tratamento de

Fisiopatologia
infecções secundárias, ou corticosteroides orais para prurido intenso, a dieta deve ser
mantida por 2 semanas após a interrupção destes tratamentos, a fim de julgar
A dermatite atópica é mediada pela imunoglobulina E (IgE) específica para alérgenos. corretamente sua eficácia.
Os alérgenos, por via percutânea, se ligam a anticorpos IgE ligados aos mastócitos, os Após o tratamento dos sinais clínicos, o gato é alimentado com a sua dieta habitual
quais, em seguida, liberam substâncias inflamatórias.¹ para confirmar o diagnóstico. A recorrência de sinais clínicos geralmente aparece
Aetiologiadaalergiaalimentarnãoébemconhecida,masprovavelmenteestejamenvolvidos dentro das duas semanas seguintes. O gato é alimentado de novo com a dieta de
tantos processos mediados por células quantos processos mediados por anticorpos. eliminação e o proprietário pode administrar os alérgenos suspeitos, proporcionando
Na dermatite por alergia a picada de pulgas, os alérgenos são proteínas na saliva das pulgas. cada um 1 a 2 semanas de cada vez. Os alérgenos mais comuns testados em gatos são
proteínas encontradas em: leite e produtos lácteos, peixe e carne. Uma vez que os
Predisposição alérgenos ofensivos são identificados, pode ser fornecida comida comercial para gatos
sem esses alérgenos. Quando os proprietários se recusam a realizar testes de provocação,
Nos casos de gatos com dermatite atópica, a alergia alimentar ou a alergia a picada de
você pode utilizar um alimento para gatos com antígeno limitado.
n Petiscos – Durante o teste de eliminação de alimentos não pode ser utilizado
pulgas, não foi comprovado de forma constante a predileção por idade, raça ou sexo.

Modificações nos nutrientes essenciais nenhum petisco, exceto aqueles que contêm os mesmos ingredientes que a dieta de
eliminação. Após o diagnóstico de alergia alimentar e após encontrar uma dieta de
Em gatos com dermatite atópica, podem ser usados ácidos graxos essenciais (AGE)
manutenção adequada, os petiscos podem ser incorporados semanalmente para
como antipruríticos.
avaliar qualquer recorrência de sinais clínicos.

Valores recomendados dos nutrientes essenciais


nDicas para aumentar a palatabilidade – Algumas vezes, aquecer a dieta antes da
alimentação pode melhorar a palatabilidade. Se o gato se recusa a comer a dieta de
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
eliminação depois de 2 dias, será necessário testar uma dieta com outra proteína.
n Recomendações para a dieta – As dietas de eliminação deverão evitar os
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
n3 Total 0.4–0.8 81–156 n/d n/d
alimentos dados anteriormente. No caso das dietas caseiras, as opções podem ser

(de óleo de peixe)


proteínas "novas" como porco, coelho e pato, e carboidrato como as batatas e a tapioca.

EPA 0.24–50 50–94 n/d n/d


As dietas comerciais deverão ser especificamente comercializadas com alérgenos
limitados. Estes podem estar compostos por proteínas "novas" ou proteínas
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
hidrolisadas cujo peso molecular seja suficientemente pequeno para não acionar o
metabólicas induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada sistema imunológico do gato.
da dieta é mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g
ou mg por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes
essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, Pontos para a educação do proprietário
estilo de vida e consumo de energia. • Dermatite atópica: Os proprietários devem reconhecer que esta doença precisa
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
ser controlada e tratada durante toda a vida do gato; se os AGE são úteis para
controlar o prurido, então será necessário fornecê-los por toda a vida
• Alergia a alimentos: Os proprietários precisam ser muito rígidos ao longo do
Caso sejam utilizados suplementos, uma recomendação informal no caso de cães é a teste de eliminação de alimentos. Eles devem manter um registro diário, no qual
utilização de, pelo menos, 36 a 44 mg/kg de peso corporal/dia de ácido conste o prurido, tudo aquilo que for ingerido que não esteja na dieta. Também
eicosapentaenoico (EPA, em inglês) proveniente do óleo de peixe, ou cerca de 1 g de seria interessante anotar qualquer mudança nas fezes (por ex.: consistência, cheiro).
óleo de peixe/5 kg de peso corporal. Não há nenhuma evidência para determinar se • Alergia a picada de pulgas: Deve ser explicado o papel da pulga e os diversos
isto é ou não é adequado no caso de gatos. inseticidas disponíveis para proteger o gato das picadas de pulgas. Embora a
efetividade de AGE como uma ajuda no tratamento do prurido causado pela alergia
a picada de pulgas não tenha sido investigada completamente, o proprietário pode
tentar usar AGE como complemento para tratar as lesões causadas pelos parasitas.

8
Comorbidades comuns ciclosporina frequentemente é útil para controlar os sinais clínicos da dermatite
Três dermatoses alérgicas podem ter infecções bacterianas (em geral, Staphylococcus atópica; sua efetividade em outras dermatoses alérgicas ainda não foi avaliada.
spp) e/ou por Malassezia spp (fungo).² Estas precisarão ser tratadas, assim como a Também é importante para a dermatite atópica a hipossensibilização
dermatite alérgica, já que as infecções podem produzir prurido.³ A alergia a alimentos (imunoterapia ou "vacinas para alergia") baseada em testes intracutâneos ou
também pode causar deficiências orgânicas gastrointestinais, especialmente colite. serológicos. A hipossensibilização não é recomendada para o tratamento da alergia
Raramente foi observado que a alergia a alimentos tenha causado angioedema ou a alimentos; seu papel no manejo da alergia a picada de pulgas precisa ser
sintomas semelhantes à asma.4 investigado mais profundamente.

Estratégias para o manejo das interações Controle


medicamentosas Os gatos com dermatite alérgica deverão ser controlados novamente pelo menos duas
Como foi observado previamente, serão necessários antibióticos e medicamentos vezes por ano depois do desaparecimento dos sinais clínicos; são sugeridos controles
antimicóticos (evitando o cetoconazol devido a seu conhecido efeito hepatotóxico mais frequentes dependendo dos possíveis efeitos adversos do tratamento (como
em gatos) para tratar as infecções secundárias. Tais medicamentos são habitualmente aqueles observados com ciclosporina ou corticosteroides). Os gatos também serão
administrados durante 4 a 8 semanas. Os corticosteroides podem ser necessários para examinados se houver repetição do prurido, porque isto pode significar uma recaída
controlar o prurido, embora o uso deles deva ser limitado a produtos por via oral com no tratamento da dermatite alérgica (por ex.: ingestão de um alérgeno "proibido" ou
efeito de ação curta, da mesma maneira que a prednisolona (mais efetivo que a um erro no controle das pulgas), ou recorrência de uma infecção secundária ou o
predinisona para muitos gatos). Quando forem considerados necessários os aparecimento de outra hipersensibilidade (por ex.: o gato alérgico a alimentos que
corticosteroides, deverá ser usada a menor dose diária possível a cada dois dias. A desenvolve uma dermatite atópica).

Manejo nutricional da dermatite alérgica em gatos

Tratar ou descartar infeções secundárias bacterianas ou por fungos

Alergia alimentar Dermatite atópica Alergia a picada de pulgas

Diagnosticar mediante um teste com dieta hipoalergênica ou de Diagnosticar com base no histórico Diagnosticar com base no histórico
alérgenos limitados clínico e quadro clínico clínico e quadro clínico

Se o prurido for resolvido, deve ser


Se o prurido não for resolvido, devem Tentar um tratamento com AGE, Começar o controle das pulgas; somar
administrada a dieta anterior para
ser consideradas outras etiologias sozinhos ou em uma combi- AGE como tratamento complementar
confirmar o diagnóstico
nação com outras formas (anti-
histamínicos, corticosteroides,
injeções de hipossensibilização)
Se for confirmado, deve-se
administrar alérgenos individuais
para identificá-los, ou manter
uma dieta balanceada com
alérgenos limitados

9
Osteoartrite - Cães
Denis J. Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS, DACVSMR A ingestão de calorias deve ser controlada para manter os cães artríticos numa condi-

Definição
ção corporal magra. A ingestão dietética de proteínas não influencia a osteoartrite.

A osteoartrite é uma doença progressiva das articulações com perda da integridade da Princípios da Alimentação Coadjuvante
cartilagem, causando a formação de tecido ósseo na margem da superfície articular, A primeira prioridade para o tratamento dos cães com osteoartrite é atingir e manter
um aumento na espessura da cápsula articular e dor. uma condição física magra. Entre outras prioridades encontra-se a administração dos

Ferramentas de diagnóstico e medidas


compostos que possam reduzir a dor articular por meio das suas propriedades anti-

fundamentais
inflamatórias. Entre eles estão o hidrocloreto ou sulfato de glicosamina, o sulfato de
condroitina, e os ácidos graxos Ômega 3, especialmente o ácido eicosapentaenoico.
• Mudanças na vontade ou capacidade para o exercício ou brincadeira n Petiscos – Os petiscos para os cães com osteoartrite devem ser altamente palatáveis
• Resposta de dor ante a manipulação da articulação, diminuição da mobilidade e ter baixo teor de calorias e gordura para evitar ganho de peso.
articular ou crepitação. n Dicas para aumentar a palatabilidade – O teor de gordura do alimento para cães
• Claudicação ou deslocamento do peso diagnosticado quando utilizada uma com osteoartrite não é muito restrito, sendo assim, a palatabilidade parece ser
plataforma dinamométrica. geralmente elevada.
n Recomendações para a dieta– Uma dieta formulada para as necessidades
Fisiopatologia nutricionais de cães com osteoartrite contém ácidos graxos ômega 3 e glicosamina, e
A subluxação da articulação, o impacto de carga excessiva, as fraturas articulares tem um teor moderado de gordura (12,0% min.), um elevado teor de proteínas (30%
e outras causas geram a osteoartrite. Estes agentes desencadeantes ativam a divisão min.) e teor de fibra moderada (4,0% min.). Cães obesos com osteoartrite podem
e a multiplicação dos condrócitos. Inicialmente, aumenta a produção de ingerir uma dieta que tenha um baixo teor de gordura (4,0% para 8,5%), um teor de
proteoglicano e de colágeno anormais, quantitativa e qualitativamente. Com o proteínas moderado (26% min.) e rico em fibra (16,0% min.).

Pontos para a educação do proprietário


tempo, o conteúdo de proteoglicano diminui, a estrutura da matriz do colágeno
é alterada, e o funcionamento e a estrutura da cartilagem normal são perdidos.
Osteófitos são formados em torno da articulação. • A osteoartrite afeta negativamente a mobilidade dos cães e reduz sua expectativa

Predisposição
de vida.7
• A doença progride mais rapidamente em cães com excesso de peso do que aqueles
que estão em bom estado físico.1

A osteoartrite é comum em cães. Principalmente decorrente da consequência da
displasia de quadril, displasia do cotovelo e ruptura do ligamento cruzado craniano. Os Os sinais clínicos da osteoartrite diminuem em cães com excesso de peso,
quando estes perdem peso.8

cães maiores tem mais predisposição do que aqueles com menor relação entre massa
muscular e massa de tecido subcutâneo (por exemplo: Raça São Bernardo). Também Os sinais clínicos podem diminuir após a administração de suplementos
nutricionais.4

os cães com sobrepeso, os de idade avançada e os condodistróficos.
As atividades de baixo impacto podem ser benéficas para pacientes com
Mudanças nos nutrientes essenciais
osteoartrite.4,9
• As variações bruscas de temperatura podem aumentar a dor sentida nas articulações4.
O estado físico é o fator limitante que tem o maior impacto na progressão da
Comorbidades comuns
osteoartrite1. Portanto, é muito importante manter os cães com a osteoartrite,
confirmada ou potencial, numa pontuação ótima de 4 ou 5 no sistema de pontuação
da condição física (vide Apêndice I) de 9 pontos, limitando a ingestão calórica6. A osteoartrite pode levar a uma dor crônica nas articulações. A dor sentida é variável
O aumento na concentração das unidades estruturais dos proteoglicanos (glucosamina entre as estruturas (articulação do cotovelo é menos favorável do que a articulação do
e sulfato de condroitina) conduz a uma diminuição dos sinais clínicos em diversos quadril), os tamanhos dos cães (os sinais clínicos são mais graves em cães pequenos e
estudos realizados em humanos com osteoartrite moderada a severa2, 3 .A evidência gigantes em comparação com cães de tamanho médio), e os indivíduos. Como
que apoia o seu uso em cães é mais escassa. Em um estudo clínico, o aumento da resultado da dor crônica nas articulações, a região afetada pode perder a mobilidade em
concentração de ácidos graxos poliinsaturados N 3, especialmente ácido direções específicas, membros afetados se tornam mais fracos, e os pacientes afetados
eicosapentaenoico, levou a uma diminuição na claudicação nos cães com osteoartrite.4 perdem aptidão muscular e cardiovascular. A combinação de articulações com dor e
Demonstrou-se que várias ervas reduzem os sinais clínicos de artrite em seres humanos, com menor mobilidade, membros mais fracos e cães não aptos conduzem a uma
mas a sua eficácia e segurança não estão documentadas no caso dos cães.5 tendência ao sedentarismo e, possivelmente, a um aumento de peso.

Valores recomendados dos nutrientes essenciais Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal A osteoartrite não está automaticamente associada a doenças sistêmicas, mas como os
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta sinais clínicos são mais intensos nos pacientes idosos, a osteoartrite e outras doenças
n3 Total (de 1.0–2.0 240–300 n/d n/d crônicas (por exemplo, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca,
óleo de peixe) hiperadrenocorticismo) muitas vezes são tratadas simultaneamente. O tratamento
EPA 0.5–1.0 100–200 n/d n/d
nutricional e com medicamentos para as doenças crônicas cardíacas, renais,
gastrointestinais e outras doenças sistêmicas são prioritarias sobre o manejo nutricional
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas e medicamentoso da osteoartrite. Também podem ser implementadas outras
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como gr. ou mg. por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

10
estratégias, incluindo exercícios terapêuticos, alongamento ou terapia com frio, relacionada com a gravidade dos sinais clínicos. Os pacientes mais jovens e
dependendo das necessidades específicas do paciente. Os exercícios terapêuticos podem menos afetados podem ser avaliados de forma intermitente (por exemplo, a
ser usados para fortalecer, aumentar a resistência e alongar. A taxa de emagrecimento cada 6 meses). Os pacientes de maior idade e gravemente afetados podem ser
recomendada para pacientes com artrite e com excesso de peso que sofrem de doenças avaliados uma vez por mês. A perda de peso deve ser avaliada com frequência
sistêmicas é de aproximadamente 1% do peso corporal por semana. Este valor é inferior (a cada 2 ou 4 semanas). O manejo do paciente também inclui a comunicação
à taxa de 1% a 2% do peso corporal por semana recomendada para pacientes com com o proprietário, todas as semanas. Nesse momento, podem ser feitas as
artrite e excesso de peso que não sofrem com doenças sistêmicas. modificações necessárias para os programas de nutrição, exercício e medicação,

Controle
conforme necessidade.

O controle de sinais clínicos e as respostas à terapia nutricional ou medicamentos


para os pacientes com artrite podem ser feitos com novos exames, incluindo a
avaliação de habilidades motoras (postura, marcha ao caminhar e correr) e a
resposta à dor ao apalpar a articulação. A frequência de monitoramento está

Manejo Nutricional da Osteoartrite Sintomática em Cães

Peso Normal Com sobrepeso ou Obeso

• Manejo nutricional
Programa de perda de peso
• Dor (medicamentos anti-inflamatórios)
(1%–2% do peso corporal por semana)
• Exercícios terapêuticos

Novas avaliações

11
Osteoartrite/Doença degenerativa das articulações - Gatos
B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS, CertVA, DSAS(ST), Goniometria. A goniometria pode ser uma ferramenta válida no gato4, mas apenas
DECVS, DACVS um estudo utilizou a goniometria nesta espécie, provavelmente devido à dificuldade

Definição
em definir reações de dor em gatos5. Nenhum estudo ainda utilizou a goniometria
como uma ferramenta para avaliar a amplitude de movimento articular sem dor. Para
Normalmente, a artrite é definida como uma inflamação da articulação que se os gatos têm se definido intervalos normais de movimento articular4. Dados não
caracteriza por inchaço, dor e mobilidade restrita. A doença degenerativa das publicados do autor (B. Duncan X. Lascelles) indicam que a redução na amplitude
articulações (DAD) é a destruição progressiva de componentes comuns, ou seja, de movimento está significativamente associada com evidência radiográfica de DAD.
cartilagem, osso subcondral, cápsula articular e ligamentos. A DAD pode afetar Avaliação radiográfica. Devem obter vistas ortogonais das articulações com dor.
articulações sinoviais, tais como anfiartrodias. Muito pouco se sabe sobre a doença das Ainda que não sejam observados indicadores radiográficos que correspondem à
articulações nos gatos; portanto, o termo DAD será usado já que a artrite provoca doença articular degenerativa, não se deve descartá-la. O autor descobriu que há
graus variáveis de DAD. apenas uma sobreposição moderada entre as articulações que se apresentam

Ferramentas de diagnóstico e exames


clinicamente com dor e aqueles que têm indicadores radiográficos de doença

complementares
articular degenerativa.

Histórico da deterioração da mobilidade e da atividade. Têm-se realizado Fisiopatologia


poucos estudos em gatos sobre a avaliação da dor osteoartrítica. 1,2. Entretanto, os Enquanto Allan descreve causas comuns de osteoartrite em gatos6, há pouca evidência
trabalhos indicam que, assim como no caso dos cães, os proprietários devem estar documentada sobre a causa do DAD em gatos. Duas formas principais de osteoartrite
particularmente envolvidos no processo. As atividades afetadas pela osteoartrite são bem conhecidas: a mucopolissacaridose e osteocondrodisplasia7-9 em gatos de
nestes animais ainda não são totalmente identificadas, dificultando a avaliação da raça pura Fold Escocês. Atualmente, as causas secundárias documentadas da DAD
dor. Um estudo recente em 28 gatos com osteoartrite mostrou que a claudicação em gatos são nutricionais (secundárias por excesso de vitamina A), displasia de quadril,
óbvia não era uma característica clínica comum. 1 No entanto, características como as poliartropatias não infecciosa e as artropatias infecciosas.

Predisposição
saltos ascendentes e descendentes, a altura do salto, o movimento geral, o "mau
humor" ao ser manipulado e o desejo de isolamento são possíveis atividades e
comportamentos que devem ser estudados. Estes resultados foram confirmados Parece que a incidência da DAD no gato aumenta com a idade, de 10 a 12 anos e isso
em um teste cego aleatório publicado recentemente que utilizou monitores de foi confirmado em um estudo prospectivo transversal recente.13 Não é conhecida
atividade como uma medida objetiva da mobilidade.2 Neste estudo, as atividades qualquer outra associação de identificação, mas surgiram sugestões de que a displasia
que os proprietários escolheram para a avaliação foram saltos do quadril que conduz à DAD é mais comum em gatos de raça pura.14

Modificações nos nutrientes essenciais


ascendentes/descendentes, brincadeiras (brinquedos, outros gatos), correr (até a
comida, fugindo de outros animais), deitar-se, subir escadas, caminhar, arranhar,
limpar-se, utilizar pedras sanitárias e caçar. Um trabalho mais recente dos mesmos É provável que as dietas com altos níveis de óleo de peixe Ômega 3, especialmente os
autores tem dado mais enfoque sobre as atividades que poderiam ser apropriadas, ácidos docosahexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico (EPA), sejam benéficos. Um
eles pedem que os proprietários sejam consultados no momento de avaliar a dor estudo realizado em gatos sugeriu um efeito benéfico da dieta rica em EPA e DHA
causada pela DAD nos gatos.3 em alguns marcadores séricos da doença em gatos com artrite15. Há um teste cego,
Testes de desempenho na clínica. Estes testes podem ser difíceis de realizar com prospectivo e controlado por placebo que pesquisa os efeitos da dor uma “dieta para
os gatos, mas entre os testes simples são: 1) Colocar o gato no chão e observar DAD” nos gatos16. O estudo avaliou uma dieta para a DAD com altos níveis de
como ele se move ao redor da sala, 2) encorajar o gato a saltar de uma mesa ou DHA e EPA e também de sulfato de condroitina, hidrocloreto de glicosamina e
cadeira, e 3) encorajar o gato a saltar e alcançar o colo da pessoa que pratica o teste. extrato de mexilhão verde. A atividade diminuiu significativamente no grupo
Avaliar como o gato desempenha essas tarefas pode, em alguns casos, fornecer alimentado com a dieta controle e houve um aumento significativo no grupo
informações valiosas, ajudando o medico veterinário a identificar o problema e alimentado com a dieta para a DAD. Existem muitos trabalhos sendo desenvolvidos,
avaliar o grau do dano. mas a modulação da dieta pode ser um meio eficaz de tratar a dor associada à DAD
Exame ortopédico. Os exames fisicos nem sempre apontam com clareza a em gatos.

Valores recomendados dos nutrientes essenciais


patologia, onde a colaboração do animal é fundamental. A seguir algumas dicas
para a manipulação dos animais:
• Esteja preparado para dedicar o tempo necessário.
• Tenha uma atitude calma.
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
• Use uma sala calma, longe de cães latindo sem "esconderijos" onde o gato possa entrar.
• Utilize uma superfície onde o animal possa ficar que seja macia e não escorregue.
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
• Minimize as restrições. n3 Total (de 1.0–2.0 240–300 n/d n/d
• Realize o teste na posição em que o gato esteja confortável (por exemplo, em pé ou óleo de peixe)
deitado nos braços do proprietário). EPA 0.5–1.0 100–200 n/d n/d
• Muitas vezes, o teste é facilitado quando o proprietário está presente, mas alguns
Se for utilizado ácidos graxos Ômega 3, deve-se proporcionar EPA preformado
proveniente de óleo de pescado. Todos os outros nutrientes essenciais devem aten-
gatos podem se sentir mais relaxados se o proprietário não está presente.
• O teste deve incluir todas as articulações e o esqueleto axial. der aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e ingestão
• Esteja preparado para realizar o teste por partes e repita se necessário. de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Os gatos parecem incomodados muito mais que os cães, quando suas articulações Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
são estendidas, e frequentemente reagirão negativamente à extensão do cotovelo e da
virilha. Esta reação não deve ser mal interpretada.

12
Princípios da alimentação coadjuvante • É importante trabalhar para aliviar a dor associada à DAD em gatos para melhorar
Como se observa, a ciência da proteção ou preservação das articulações em gatos não seu bem-estar e qualidade de vida

Comorbidades comuns
é totalmente precisa para recomendar um princípio de alimentação coadjuvante.
Recomendações informais incluem o fornecimento de suplementos como o sulfato
de glicosamina - condroitina e insaponificáveis de abacate/soja (ASU, em inglês) Nenhuma associação foi demonstrada para as comorbidades comuns com a DAD

Pontos para a educação do proprietário


em gatos. No entanto, uma vez que a incidência da DAD em gatos parece aumentar
com a idade, como foi comentado recentemente13 , todas as doenças mais
• A claudicação clinicamente visível nos gatos tem sido associada ao peso; 17 gatos que frequentemente observadas em gatos idosos (como insuficiência renal, doença
apresentaram excesso de peso são 4,9 vezes mais propensos a desenvolver uma cardíaca, diabetes, doença inflamatória do intestino) devem ser consideradas como
claudicação que requer cuidados veterinários. No entanto, como no caso de outras potenciais comorbidades e as dietas devem ser formuladas tendo em conta as doenças
espécies, devemos manter os gatos no escore de condição corporal (ECC) ideal. coexistentes em cada gato.
• Tradicionalmente, tem se aconselhado aos proprietários que evitem dar restos de
alimento e petiscos para seus gatos obesos. No entanto, um estudo indicou poucos Controle
benefícios com a restrição de petiscos em programas de emagrecimento e O controle da DAD em gatos e a dor associada a esta doença deverão estar alinhados
perda de peso18. Na verdade, os autores deste estudo sugerem que seja permitido conforme o capítulo Ferramentas de Diagnóstico e Exames Básicos .
que os proprietários forneçam petiscos para auxiliar o cumprimento das metas e
melhorar a relação dono-animal de estimação8.

Manejo nutricional da suspeita de artrite/doença degenerativa das articulações nos gatos

Avaliação

Exame • Histórico clínico • Testes de desempenho • Radiografia

Diagnóstico do DAD com dor

Detecção de doenças coexistentes

Formulação da dieta baseada principalmente em doenças coexistentes

Considerações secundárias para a formulação da dieta

Peso Normal Sobrepeso

Consideração de suplementos nutricionais e ou dietas formuladas para DAD em gatos (se disponível) Dieta para reduzir o peso + suplementos para a dor do DAD

Controle da dor (veja avaliação)

Se a dor continua e a atividade declina, considere o tratamento com medicamentos, cirurgia ou outro tratamento adequado

13
Doença cardíaca - Cães
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN Golden Retriever, Terra Nova, São Bernardo, Cão de Água Português), e também tem

Definição
sido associada a dietas com farinha de cordeiro e arroz, rica em fibras e baixo teor de
proteínas. A arginina pode ser um fator, já que a função endotelial pode ser reduzida
As doenças cardíacas são comuns em cães, afetando cerca de 11% dos animais; em animais com ICC, o que contribui para reduzir a tolerância ao exercício.
podendo ser congênitas ou adquiridas e afetar as válvulas coronárias, miocárdio ou Gordura. Os cães com ICC demonstraram ter uma deficiência relativa de ácidos
sistema venoso/arterial.. A insuficiência cardíaca ocorre quando a doença se torna graxos n-3, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexanoico (DHA), em
grave o bastante para que o coração não consiga bombear sangue suficiente para suprir comparação com os cães saudáveis do grupo de controle. Os ácidos graxos n-3 reduzem
todos os tecidos. É comum que os sinais clínicos, que variam entre leve a grave, os mediadores inflamatórios e têm efeitos antiarrítmicos.
acompanhem a insuficiência cardíaca. Na insuficiência cardíaca congestiva (ICC), a Minerais.A retenção de água e sódio ocorre na insuficiência cardíaca devido à ativação
diminuição da função cardíaca provoca pressão venosa alta e consequente acúmulo do sistema renina angiotensina aldosterona. A hipocalemia pode ocorrer em cães que
de líquidos (por exemplo: edema pulmonar, derrame pleural, ascite). A ICC é a via final receberam diuréticos da alça (por exemplo: Furosemida) ou tiazidas (por exemplo:
comum da maioria das doenças, sendo a doença valvular crônica(DVC) mais comum Hidroclorotiazida). A hipocalemia pode aumentar o risco de arritmia cardíaca. A
nos cães (> 75% de todas as doenças cardíacas). Em segundo lugar, destacamos a hipercalemia pode ocorrer em cães tratados com inibidores da ECA (enzima
miocardiopatia dilatada (CMD). Também se produzem doenças cardíacas congênitas, conversora de angiotensina) ou diuréticos retentores de potássio (por exemplo:
especialmente em certas raças. Todas estas doenças podem levar à insuficiência cardíaca. Espironolactona). Os cães que recebem doses elevadas de diuréticos estão sob o risco
Existem diversos sistemas para classificar a gravidade das enfermidades. Um deles é a de apresentar hipomagnesemia, o que pode aumentar o risco de arritmia cardíaca.
classificação de insuficiência cardíaca do Conselho Internacional de Saúde Cardíaca em Vitaminas. Nos cães que recebem diuréticos, é possível causar uma perda maior de
Pequenos Animais (ISACHC, em inglês) (Tabela 1). vitamina B pela urina.

Ferramentas de diagnóstico e exames


Outros nutrientes. Foi relatado sobre a deficiência de carnitina em uma família de

complementares
cães da raça Boxer com CMD. Suplementos com carnitina podem melhorar o
metabolismo energético em animais com ICC. Além disso, cães com ICC apresentam
maior estresse oxidativo (isto é, um desequilíbrio entre a produção de oxidantes e a
Devem ser considerados para o diagnóstico de doenças cardíacas em cães o peso
proteção antioxidante).
corporal (PC), a pontuação do Escore de Condição Corporal (ECC; ver Apêndice

Predisposição
I), o desgaste muscular, o apetite/ingestão de alimentos (histórico alimentar; ver
Apêndice II), os sinais clínicos (por exemplo: tosse, falta de ar, ascite, fraqueza, desmaios,
vômitos, diarreia) e valores laboratoriais, incluindo níveis séricos de nitrogênio ureico Doença valvular crônica (DVC) é a doença cardíaca mais comum em cães e geralmente
(BUN, em inglês), creatinina, eletrólitos, hematócrito e taurina (em plasma e sangue afeta as raças de tamanho pequeno e médio. Algumas das raças com maior risco de
total se houver suspeita de deficiência de taurina). Outros testes, se indicados, podem acidente vascular cerebral são Cavalier King Charles Spaniel, Chihuahua, Dachshund,
incluir raio-X de tórax, pressão arterial, eletrocardiograma, ecocardiograma e Holter. Schnauzer miniatura e Poodle toy e miniatura. A cardiomiopatia dilatada (CMD) é

Fisiopatologia
geralmente encontrada em cães grandes e gigantes, raças como Doberman Pinscher,
Boxer, Galgo Irlandês e Dogue Alemão. Alguns cães com CMD podem ter deficiência
de taurina; as raças que são predispostas são: Cocker Spaniel, São Bernardo, Golden
Entre as alterações produzidas em animais com insuficiência cardíaca que influenciam
Retriever, Terra Nova, e Cão de Água Português. As raças com CMD, que geralmente
no manejo nutricional encontramos as seguintes:
não a desenvolvem CMD (por exemplo: Dachshund [salsicha], Corgi) também
Calorias.Muitos animais com doenças cardíacas, especialmente quando surge o ICC,
podem ser deficientes em taurina.
apresentam uma diminuição da ingestão de alimentos. Isto pode ser o resultado de um

Mudanças nos nutrientes essenciais


aumento da produção de mediadores inflamatórios (por exemplo: Citocinas, estresse
oxidativo), os efeitos colaterais dos medicamentos para o coração, ou fraco controle
dos indicadores de insuficiência cardíaca. Calorias.É crucial assegurar a ingestão adequada de calorias para manter um PC ideal.
Proteínas/Aminoácidos. A perda de massa muscular (caquexia) ocorre em animais A obesidade pode estar presente, especialmente em cães com doença cardíaca precoce
com insuficiência cardíaca como resultado da redução do apetite, da maior necessidade (assintomática). A medida que o ICC se desenvolve, a perda de peso (e massa magra)
de energia, citocinas pró inflamatórias e da intolerância ao exercício. A deficiência de se torna comum. Portanto, assegurar a ingestão adequada de calorias é muitas vezes
taurina pode estar presente em certas raças de cães com CMD (ex.: Cocker Spaniel, crucial nesta fase.

Tabela 1. Classificação da insuficiência cardíaca* do Conselho Internacional de Saúde


Cardíaca em Pequenos Animais (ISACHC, em inglês).
1. Assintomática
A doença cardíaca é detectável, mas o paciente não é abertamente afetado e não mostra sinais clínicos de insuficiência cardíaca. Achados diagnósticos podem incluir um sopro

1a Há a presença de indicadores de doenças do coração, mas não é conhecido qualquer indicador de compensação, tais como hipertrofia ventricular com sobrecarga da pressão ou de
cardíaco, arritmia ou alargamento dos átrios que é detectado por radiografia ou ecocardiograma.

1b Há presença de indicadores de doença cardíaca com evidência radiográfica ou ecocardiográfica de compensação, tal como a hipertrofia ventricular com sobrecarga de pressão ou
volume.

2. Insuficiência cardíaca leve a moderada


volume

Os sinais clínicos de insuficiência cardíaca são evidentes em repouso ou com esforço leve e afetam negativamente a qualidade de vida. Os indicadores típicos de insuficiência cardíaca

3. Insuficiência cardíaca avançada


incluem intolerância ao exercício, tosse, taquipnéia, desconforto respiratório leve (dispnéia) e ascite leve a moderada. Geralmente não há nenhuma presença de hipoperfusão em repouso.

Os sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva avançada são óbvios de imediato. Estes sinais incluem dificuldade para respirar (dispnéia), ascite evidente, profunda intolerância

3a É possível o cuidado em casa.


ao exercício, ou hipoperfusão em repouso. Em casos mais graves, o paciente está morrendo e sofrendo choque cardiogênico. Sem tratamento, o prognóstico é reservado.

3b A hospitalização é obrigatória quando houver a presença de choque cardiogênico, edema pulmonar, ascites refratária ou grande derrame pleural.
* De acordo com o Conselho Internacional de Saúde em Pequenos Animais. Recomendações para o diagnóstico de doenças cardíacas e tratamento da insuficiência cardíaca em pequenos animais, de 1994.

14
Proteínas/Aminoácidos. O objetivo para ajudar a combater a perda de massa deve ser Valores recomendados dos nutrientes essenciais
Nutriente mg/100 kcal mg/100 kcal
uma ingestão normal ou maior de proteína. Deve-se evitar a restrição de proteína a
menos que haja presença concomitante de doença renal grave. Em cães com CMD
pertencentes a raças predispostas a deficiência de taurina ou raças que geralmente não Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
desenvolvem CMD, deve-se determinar a concentração de taurina e suplementação Proteína (g) 5.5–8 5.1
Sódio (mg) 35–100 17
de taurina enquanto aguardam resultados. A taurina também pode fornecer alguns

(depende da etapa da doença)


benefícios devido aos seus efeitos antioxidantes e inotrópicos positivos. Demonstrou-
se que a suplementação de arginina em outras espécies melhora a disfunção endotelial
associada à ICC. Isto ainda não foi comprovado no caso de cães. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
Gordura. Efeitos anti-inflamatórios e antiarrítmicos dos ácidos graxos n-3 podem induzidas pela doença cardíaca ou pelos medicamentos utilizados para tratar a doença. A
composição recomendada da dieta é mostrada por g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
proporcionar benefícios potenciais para animais com doenças cardíacas. A
suplementação com ácidos graxos n-3 reduz a perda de massa em cães com ICC e acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia, exceto por aqueles descritos
melhora o apetite em alguns animais. Além disso, verificou-se que os ácidos graxos de maneira diversa no texto.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
n-3 reduzem as arritmias ventriculares em cães da raça Boxer com cardiomiopatia
arritmogênica do ventrículo direito. Os ácidos graxos n-3 podem ser fornecidos em

Princípios da alimentação coadjuvante


dietas altamente enriquecidas com esta forma de gordura ou suplementos dietéticos.
Minerais. Não é recomendada a restrição severa de sódio ante a doença cardíaca
precoce (assintomática), já que a restrição de sódio ativa o sistema renina angiotensina Evite fazer grandes mudanças na dieta quando o cão está hospitalizado por um episódio
aldosterona. Na doença cardíaca precoce, o objetivo deve ser o de evitar o consumo agudo de insuficiência cardíaca. Continue alimentando o cão com sua dieta habitual (a
excessivo de sódio e educar o proprietário sobre os petiscos e alimentos da mesa com menos que seja muito rica em sódio), mas peça ao proprietário para descontinuar
alto teor de sódio. À medida que a doença cardíaca progride e a ICC desenvolve, o qualquer petisco ou alimento da mesa com alto teor de sódio. Quando o cão retornar
aumento da restrição de sódio é indicado; isto pode ajudar a reduzir as doses de aos 7-10 dias para uma reavaliação, pode-se estabelecer uma mudança gradual para uma
diuréticos necessários para controlar os sinais clínicos. É importante controlar a dieta mais adequada. Isso ajuda a evitar a aversão a alimentos que pode ocorrer quando
ingestão de sódio proveniente de alimentos para cães, mas também é fundamental uma nova dieta é imposta a um cão extremamente doente.
garantir que sejam consideradas outras fontes de ingestão de sódio, como petiscos, Calorias devem ser alteradas para manter a condição física ideal (por ex.: reduzir a
alimentos da mesa e os alimentos utilizados para administração de remédios. ingestão de calorias nos animais obesos; aumentar a ingestão calórica em animais que
A recomendação para alterar o potássio dietético depende dos medicamentos estão abaixo de seu peso corporal/Escore de Condição Corporal (ECC) ideal).
que estejam sendo administrados e da concentração de potássio no soro. As dietas Proteínas/Aminoácidos.A dieta deve conter > 5,1 g de proteína/100 Kcal. Note que
para cães possuem uma vasta gama de potássio, por isso, é importante o uso de uma muitas dietas para cães cardíacos têm baixo teor de proteínas. Devem ser evitadas dietas
alimentação apropriada para cada paciente individualmente (ou seja: evitar dietas com <5,1 g de proteína/100 kcal, a menos que haja uma presença concomitante de
ricas em potássio em cães com hipercalemia). Consequentemente, é preciso doença renal. Em cães com CMD pertencentes a raças predispostas deficiência de
monitorar o potássio sérico, especialmente quando são administrados outros taurina ou raças que geralmente não desenvolvem CMD, determinar a concentração
medicamentos ao paciente. de taurina e começar a suplementação deste elemento enquanto aguarda os resultados
Os níveis de magnésiosérico também devem ser controlados, especialmente em cães (250-1000 mg a cada 8 a 12 horas).
que receberam doses elevadas de diuréticos. Deve ser suplementado com magnésio, no Gorduras.A dose ideal de ácidos graxos n-3 ainda não foi determinada, no entanto,
caso de cães com hipomagnesemia. o autor recomenda, atualmente, uma dose de óleo de peixe de 40 mg/kg de EPA e 25
Vitaminas. A maioria das dietas para cardíacos contêm níveis mais altos de mg/kg de DHA no caso de animais com anorexia ou caquexia. A menos que a dieta
vitamina B. Se estiver administrando doses elevadas de diuréticos, pode indicar a seja uma das poucas dietas coadjuvantes especialmente formuladas, serão necessários
suplementação de vitamina B. suplementos para atingir esta dose de ácidos graxos n-3. Os suplementos de óleo de
Outros nutrientes.Pode-se fornecer suplementos de L-carnitina aos proprietários que peixe podem variar na sua concentração de EPA e DHA por isto o autor recomenda
desejam fornecer suplementos dietéticos para seus cães com CMD além dos uma cápsula de 1 grama com conteúdo de 180 mg de EPA e 120 mg de DHA. A esta
medicamentos cardíacos do cão (deve-se ter cuidado para evitar uma situação em que concentração, o óleo de peixe pode ser administrado numa dose de 1 cápsula a cada
o proprietário forneça suplementos em vez de medicamentos para o coração). A 4,5 kg de peso corporal. Alternativamente, pode-se utilizar uma forma líquida de
deficiência primária de carnitina como uma causa do CMD é provavelmente baixa, ácidos graxos n-3 (por exemplo: Cardiguard de Boehringer Ingelheim contendo 420
ainda que a raça Boxer possa ser uma raça predisposta. A carnitina pode também mg de EPA e 280 mg de DHA por grama). Tenha em mente que se o proprietário
melhorar a despolarização do miocárdio em cães com ICC. não puder administrar a cápsula, o cão vai ser exposto a um sabor muito forte de óleo
Às vezes, é recomendada a coenzima Q10 para cães com CMD como um antioxidante de peixe, e nem todos os animais apreciam este sabor. No caso de cães que não gostam
e para ajudar no metabolismo da energia do miocárdio. Não há estudos controlados do sabor, pode não ser possível administrar ácidos graxos n-3 por causa dos efeitos
em cães com doenças cardíacas espontâneas e os resultados de outras espécies são adversos sobre a ingestão de alimentos. Os suplementos de óleo de peixe devem conter
contraditórios sobre os possíveis benefícios da suplementação com a enzima Q10. vitamina E como um antioxidante, mas não incluem outros nutrientes para prevenir
A suplementação com antioxidantes demostrou reduzir o estresse oxidativo em um toxicidade. O óleo de fígado de bacalhau e o óleo de linhaça não devem ser utilizados
estudo em cães com DVC. No entanto, os efeitos sobre a progressão da doença e as para fornecer os ácidos graxos n-3.
Minerais. Com respeito ao sódio:
• Etapa 1 segundo ISACHC: Sugerir ao proprietário que evite as dietas ricas em sódio
consequências clínicas são desconhecidos.

(> 100 mg/100 kcal) e também petiscos e alimentos da mesa com esse conteúdo.
• Etapa 2 segundo ISACHC: O objetivo deve ser <80 mg/100 kcal no alimento
para cães. Também é importante a ingestão de sódio proveniente de outros alimentos
(ex.: petiscos, alimentos da mesa, alimentos usados para administrar medicação).
• Etapa 3 segundo ISACHC: O alimento para cães deve conter <50 mg/100 kcal,
embora a anorexia possa requerer menos severidade quanto ao teor de sódio na

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dieta (<80 mg/100 kcal) de modo a proporcionar mais opções. É importante o cão em um prato (no lugar do tradicional pote de comida para cães) e em um local
controlar a ingestão de sódio de outros alimentos (ex.: petiscos, alimentos da mesa, diferente do habitual pode melhorar o apetite.

Pontos para a educação do proprietário


alimentos utilizados para administrar medicamentos), pois estes podem ser
importantes fontes de sódio.
A recomendação para alterar o potássio na dieta depende dos medicamentos que estejam • Fazer recomendações específicas para a dieta e petiscos (tipos e quantidades).
sendo administrados e da concentração de potássio sérico. Devem ser usadas dietas ricas • Avisar o proprietário sobre mudanças comuns no apetite dos cães com insuficiência
em suplementos de potássio ou magnésio por via oral em cães com hipomagnesemia. cardíaca.
Vitaminas. Se doses elevadas de diuréticos são administradas, pode-se indicar a • Fornecer ao proprietário os métodos adequados para a administração de
suplementação de vitamina B. medicamentos.
Outros nutrientes. A dose ideal ou a mínima de L-carnitina necessária para um cão • Perguntar a cada visita se o proprietário está administrando suplementos dietéticos.
com baixos níveis de carnitina do miocárdio é desconhecida, mas a dose recomendada Se assim for, verifique se os suplementos são seguros, se eles não estão interagindo
é de 50-100 mg/kg por via oral a cada 8 horas. Para a coenzima Q10, a dose atual com dieta ou medicamentos e se são administrados em doses adequadas.
recomendada (mas empírica) em cães é de 30-90 mg por via oral duas vezes por dia, • Além da questão da segurança e eficácia, surgem questões importantes sobre o
dependendo do tamanho do cão. controle de qualidade de suplementos alimentares (por exemplo: controle de
nPetiscos – A maioria dos cães com doença cardíaca (> 90% em um estudo) recebem qualidade, biodisponibilidade).
petiscos ou alimentos da mesa. Portanto, é importante discutir isso com os proprietários. Portanto, os médicos veterinários devem considerar recomendar suplementos
Fazer recomendações específicas para os proprietários sobre os petiscos que são alimentares específicos que contenham uma composição segura para cães com
apropriados (e aqueles que devem ser evitados) é importante, uma vez que grande parte problemas cardíacos. Cada animal deve ser analisado inividualmente de forma que
dos petiscos comerciais são ricos em sódio e a maioria das pessoas ignora o teor de sódio receba o tratamento de acordo com o estado de debilidade diagnosticado.
nos alimentos humanos. Os alimentos a serem evitados são: a maioria dos petiscos Uma alterantiva para o médico veterinário no momento da prescrição é pesquisar marcas
comerciais para cães (a menos que indique especificamente ter baixo teor de sódio), de suplementos alimentares que contenham o logotipo do Programa de Verificação de
alimentos para bebês, alimentos em conserva, pão, pizza, presuntos e embutidos, Suplementos Dietéticos (DSVP, em inglês) da Farmacopéia dos Estados Unidos, que
condimentos (por exemplo: ketchup, molho), a maioria dos queijos, alimentos testa suplementos dietéticos para os seres humanos em busca de ingredientes,
processados (por exemplo: misturas com arroz, macarrões e queijo, comidas congeladas), concentrações, solubilidades e contaminantes. Alguns destes medicamentos podem ser
vegetais enlatados (a menos que na lata se leia “sem sódio” ou “baixo teor de sódio”), encontrados no Brasil. Outro bom recurso é o Consumerlab.com, que realiza testes
biscoitos ou ossos de couro cru, sopas úmidas e petiscos (por exemplo:. batatas fritas, independentes sobre suplementos alimentares (principalmente suplementos para os seres
bolachas salgadas). Entre os petiscos aceitos incluem frutas frescas (ex.: maçãs, laranjas, humanos, mas também alguns produtos para animais).

Comorbidades comuns
bananas, evitar as uvas), legumes frescos (ex.: cenouras, ervilhas; evitar a cebola e o alho),
petiscos para cães que indicam baixo teor de sódio (<20 mg de sódio/petiscos para cães
de tamanho médio-grande; <10 mg/petiscos para cães de pequeno porte). Levar em Em um estudo, 61% dos cães com doença cardíaca tinham pelo menos uma
consideração que mesmo os petiscos e os alimentos de baixo teor em sódio podem doença concomitante. Portanto, você pode precisar modificar os objetivos
fornecer grandes doses de sódio, se eles são fornecidos em grandes quantidades, nutricionais no caso de um cão com insuficiência cardíaca que apresente uma
especialmente no caso de cães pequenos. doença concomitante sensível aos nutrientes (por exemplo: Um cão com ICC e
Também é importante fornecer os métodos adequados para o proprietário doença renal crônica ou doença gastrointestinal).
administrar medicamentos, pois muitos proprietários de cães usam a comida para
administrar medicamentos e muitos alimentos comuns utilizados são ricos em sódio.
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
Pode-se ensinar ao proprietário a administrar um comprimido sem o uso de alimentos
(à mão ou usando um dispositivo projetado para esta finalidade). Alternativamente,
pode-se usar alimentos como frutas frescas (ex.: bananas, melões), alimentos enlatados As interações medicamentosas - são comuns na ICC. Os diuréticos da alça (por
de baixo teor de sódio, manteiga de amendoim (rotuladas como “sem adição de sal”), exemplo: furosemida) ou tiazidas (ex.: hidroclorotiazida) podem aumentar o risco de
ou carne cozida em casa (sem sal, sem embutidos). Finalmente, pode-se considerar um hipocalemia e hipomagnesemia, enquanto os inibidores da ECA e os diuréticos
medicamento líquido composto, embora a farmacocinética dos medicamentos possa poupadores de potássio (por exemplo: espironolactona) podem aumentar o risco de
ser modificada de forma significativa. hipercalemia. A azotemia pode ser o resultado do excesso de uso de diuréticos. A anorexia
nDicas para aumentar a palatabilidade – Com frequência, cães com ICC têm um pode ser um efeito secundário de muitos fármacos cardíacos (por exemplo, diuréticos,
digoxina, inibidores de ECA).
apetite cíclico (ou seja, comem bem certo alimento por 7 a 14 dias, mas, em seguida,

Controle
param de comer). Embora a diminuição do apetite em um cão que comeu bem
anteriormente possa indicar a necessidade de uma nova avaliação e de um ajuste na
medicação, às vezes, oferecer um alimento diferente aumenta o apetite novamente. A A diminuição do apetite/ingestão de alimentos pode indicar a necessidade de
comunicação com o proprietário sobre estas questões pode ajudar a reduzir a ansiedade. modificações da dieta, mas pode também ser uma descompensação cardíaca precoce da
Os potenciadores de palatabilidade, tais como caldo caseiro com baixo teor de sódio doença ou da necessidade de modificar o indicador de medicação. O peso corporal deve
(por exemplo: frango, carne), podem melhorar a palatabilidade. A maioria dos caldos ser controlado em cães obesos para atingir o peso ideal. Em animais com caquexia são
industrializados são ricos em sódio, mesmo aqueles rotulados com “baixo teor de sódio”. necessárias alterações na dieta para minimizar a perda de peso/massa muscular. Tenha em
Pode-se adicionar ao alimento: frango, carne ou peixe cozido. Cães com ICC muitas mente que em animais com ICC no lado direito, o acúmulo de líquido (derrame pleural
vezes preferem sabores doces, portanto a adição de baunilha ou iogurte de frutas, xarope ou peritoneal) podem esconder o emagrecimento, mas a perda de peso e massa muscular
natural ou purê de maçã geralmente melhora a palatabilidade e consumo do alimento. é muito comum nestes cães, onde a massa magra deve ser cuidadosamente controlada.
Muitas vezes, os ácidos graxos n-3 melhoram o apetite dos cães com ICC; no entanto, A pontuação do Escore de Condição Corporal (ECC) é útil para controlar os animais
vai demorar 2 a 4 semanas para que possamos identificar os efeitos. Também podem ser com doença assintomática e os obesos ou com sobrepeso. Tenha em mente que os
considerados estimulantes de apetite (por exemplo: Cipro-heptadina, mirtazapina). sistemas de pontuação do escore de condição corporal (ECC) avaliam os depósitos de
Muitas vezes, os cães com ICC têm preferências quanto à temperatura do alimento gordura, mas não a musculatura, por isso, um animal pode ter sobrepeso ou obesidade
(isto é, alguns só comem alimentos à temperatura ambiente, outros preferem alimentos e ainda apresentar uma perda de massa muscular. Portanto, é importante para controlar
frios, outros preferem comida quente). Deve-se motivar o proprietário a experimentar, o PC, a pontuação do escore de condição corporal e o grau de perda de massa muscular.
a fim de determinar qual temperatura funciona melhor para seu cão. Às vezes, alimentar A perda de massa muscular geralmente é observada primeiramente nos músculos
temporais, epaxial e nádegas. A pontuação do estado muscular classifica, de maneira

16
subjetiva, a massa muscular em quatro categorias: sem perda de massa muscular, perda massa muscular. Também deve-se controlar os sinais clínicos (por ex.: tosse, falta de ar,
de massa muscular leve, perda de massa muscular moderada e perda de massa muscular fraqueza, desmaios, vômitos, diarreia) valores laboratoriais (nitrogênio ureico no sangue
acentuada. Intervir em uma fase inicial (leve a moderada perda de massa muscular) [BUN, em inglês], creatinina, eletrólitos, hematócritos) e outras medidas, a serem
proporciona melhores oportunidades para reverter ou minimizar o grau de perda de indicadas (por exemplo: raio-x, pressão arterial, ECG, Holter, ecocardiograma).
Avaliação dos temas nutricionais na doença cardíaca dos cães

Obter antecedentes completos da dieta dada (ver anexo II) - perguntar especificamente sobre o alimento para cães, petiscos, alimentos da mesa,
alimentos utilizados para administrar medicamentos e suplementos alimentares (quantidades e tipos específicos)

A doença cardíaca está sendo tratada com medicação de forma ideal? Com os sinais clínicos bem controlados, a qualidade de vida do cão está boa?

Avaliação sobre o apetite / ingestão de alimentos do cão por parte do proprietário

O peso corporal é ideal para o cão? Está mudando? (aumentando ou diminuindo?) Se é menor, cíclico ou esporádico:
• Avaliar se é necessária qualquer alteração nos medicamentos cardíacos
• Considere mudanças na dieta (por exemplo: alterar o tipo ou marca dos alimentos,
Determinar a Pontuação do escore de condição corporal (ECC; ver Anexo I) fornecer refeições menores com mais frequência, adicionar palatabilizantes, iniciar a
suplementação com ácidos graxos n-3, adicionar um estimulante do apetite)
Se o peso corporal /a pontuação do escore de
condição corporal (ECC) não são ideais, Pontuação da condição muscular (caquexia) - avaliar o grau de perda de massa muscular nos principais grupos musculares,
modificar a dieta (por exemplo, reduzir calorias incluindo os músculos temporais, glúteos e epaxial (sem perda de massa muscular, perda leve, perda moderada e acentuada)
se estiver com sobrepeso, aumentar a ingestão
de calorias se estiver abaixo do peso)

O alimento para cães contém ≥5,1 g de proteína / 100 kcal? Se houver presença de algum grau de perda muscular / caquexia, mudar a
É recomendado ≥5,1 g de proteína / 100 kcal, a menos que o cão apresente doença renal grave dieta para garantir a ingestão adequada de calorias e proteínas; considerar
concomitante a suplementação com ácidos graxos n-3

Se o cão tiver cardiomiopatia dilatada:


• É uma raça predisposta a deficiência de taurina (por exemplo, Cocker Spaniel, São Bernardo, Golden Retriever, Terra Nova, e Cão de Água Português)?
• É uma raça que não venha a desenvolver CMD (por exemplo:. Corgi)?
• Está se alimentando com carne de cordeiro e arroz, uma dieta rica em fibra ou uma dieta muito pobre em proteínas?

Se a resposta a qualquer destas perguntas é sim, analisar as concentrações de taurina no plasma e no sangue total e suplementar com taurina até que os resultados estejam disponíveis

Sódio O magnésio no soro está Suplementos dietéticos


• O alimento para cães contém O potássio sérico está dentro dos limites
normais? dentro dos limites normais? • Os suplementos dietéticos comumente
níveis de sódio adequados para o estágio • Se for baixo, considere uma dieta administrados a cães com doença cardíaca são
da doença do cão? (Etapa 1 segundo I • Se for alto, avaliar o teor de potássio
nos alimentos para cães, para ter certeza com maior teor de magnésio ou uma taurina, carnitina, óleo de peixe, coenzima Q10,
SACHC: <100 mg de Na / 100 kcal; Etapa suplementação de magnésio por antioxidantes (por exemplo, vitamina E, vitamina C)
2 segundo ISACHC: <80 mg Na / 100 que é <200 mg de potássio/100 kcal,
pergunte ao proprietário sobre via oral • Se estiver administrando estes suplementos,
kcal; Etapa 3 segundo ISACHC: <50 mg certifique-se que sejam de marcas apropriadas (por
Na / 100 kcal suplementos dietéticos
• Se for baixo, considere uma dieta com exemplo: com controle de qualidade) e em doses
• Os petiscos e os alimentos da mesa corretas para o tamanho do cão
têm baixos níveis de sódio? Se eles não níveis mais altos de suplementação de
potássio ou por via oral • Qualquer outro suplemento dietético deve ser
tiverem, comentar sobre os alimentos que avaliado com cuidado para garantir que não
são aceitáveis e os que devem ser evitados existam possíveis interações com medicamentos
• Os medicamentos são administrados cardíacos e que não tenham efeitos colaterais.
utilizando alimentos apropriados? Se a
resposta for não, educar o proprietário
sobre os métodos corretos

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Doença cardíaca - Gatos
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN Mudanças nos nutrientes essenciais
Definição
Calorias. É crucial assegurar a ingestão adequada de calorias para manter o peso
corporal ideal. A obesidade pode estar presente, particularmente em gatos com
A miocardiopatia hipertrófica (MCH) é a doença cardíaca mais comum em gatos doença cardíaca precoce (assintomática). À medida que desenvolve ICC, a perda de
e aparece com bastante destaque, especialmente em algumas regiões. Outras doenças peso (e massa muscular) torna-se comum, dessa forma, é crucial nesta fase assegurar
cardíacas (por ex.: doenças cardíacas congênitas) aparecem com menor incidência. uma ingestão adequada de calorias.
A miocardiopatia dilatada (CMD) é uma doença rara em gatos, a menos que o Proteína/Aminoácidos. Para ajudar a combater a perda muscular deve-se manter
gato seja alimentado com uma dieta desequilibrada nutricionalmente. A MCH uma ingestão de proteína normal ou maior. Deve-se evitar a restrição de proteínas a
pode produzir insuficiência cardíaca congestiva(ICC), tromboembolismo arterial menos que haja presença concomitante de doença renal grave. Embora hoje em dia
(TEA), desmaio ou morte súbita. Existem diversos sistemas para mensurar a seja raro ver a CMD em gatos, a deficiência de taurina e a CMD podem aparecer em
gravidade da doença cardíaca. Um deles é a classificação de insuficiência cardíaca do gatos alimentados com dietas caseiras ou nutricionalmente desequilibradas. Se existe
Conselho Internacional de Saúde Cardíaca em Pequenos Animais (ISACHC, em deficiência de taurina, em muitos casos, a suplementação pode reverter a doença.
inglês) (ver Tabela 1 na página 14). Gorduras. Os efeitos anti-inflamatórios e antiarrítmicos dos ácidos graxos n-3

Ferramentas de diagnóstico e exames


podem proporcionar potenciais benefícios para os gatos com doença cardíaca. A

complementares
suplementação com ácidos graxos n-3 pode reduzir a perda de massa muscular e
melhorar o apetite através de seus efeitos anti-inflamatórios. Os ácidos graxos n-3
Devem ser considerados para o diagnóstico de doença cardíaca em gatos o peso podem ser fornecidos em dietas altamente enriquecidas com esta forma de gordura
corporal (PC), a pontuação do escore de condição corporal (ECC; ver Apêndice ou como suplementos dietéticos.
I), perda de massa muscular, apetite/ingestão de alimentos (histórico alimentar; Minerais. Não é recomendada a restrição severa de sódio ante a doença cardíaca
ver apêndice II), sinais clínicos (por exemplo: dificuldade em respirar, fraqueza, precoce (assintomática), já que a restrição de sódio ativa o sistema renina angiotensina
desmaios, vômitos, diarreia) e valores laboratoriais (por ex.: nitrogênio ureico no aldosterona. Na doença cardíaca precoce, o objetivo deve ser o de evitar o consumo
sangue [BUN, em inglês], creatinina, eletrólitos, hematócritos). Outros testes, se excessivo de sódio e educar o proprietário sobre os petiscos e alimentos da mesa ricos
forem indicados, podem incluir raio-X de tórax, pressão arterial, em sódio. À medida que a doença cardíaca progride e o ICC se desenvolve, o
eletrocardiograma e ecocardiograma. aumento da restrição de sódio é indicado; isto pode ajudar a reduzir as doses de

Fisiopatologia
diuréticos necessários para controlar sinais clínicos.
A recomendação para alterar o potássio da dieta depende dos medicamentos que
estejam sendo administrados e da concentração de potássio sérico. As dietas para
Entre as alterações nos gatos com doença cardíaca que afetam no manejo nutricional
gatos têm uma ampla gama de potássio, por isso, é importante o uso de uma dieta
estão os seguintes achados:
apropriada para cada paciente individualmente (ou seja: evitar dietas ricas em
Calorias. Quando os gatos com doenças cardíacas são assintomáticos, o apetite
potássio seria recomendado para gatos com hipercalemia). Consequentemente,
geralmente não está alterado. Quando surge ICC, no entanto, a maioria dos gatos
deve-se monitorar o potássio sérico, especialmente quando administrados mais
apresentará distúrbios de apetite e da ingestão de alimentos. Isto pode causar
medicamentos ao paciente. Deve-se controlar o magnésio sérico, especialmente em
mudanças nas preferências alimentares (por exemplo: tipo de alimento, sabores) ou
gatos que recebem dosagens elevadas de diuréticos. Casos de hipomagnesemia
uma diminuição na quantidade que comem. Estas alterações podem ser o resultado
devem ser suplementados com magnésio.
de um aumento da produção de mediadores inflamatórios (por exemplo: citocinas,
Vitaminas.Se estiver administrando dosagens elevadas de diuréticos, pode-se indicar
estresse oxidativo), os efeitos colaterais dos medicamentos para o coração, ou um
a suplementação de vitamina B.
mau controle dos indicadores de insuficiência cardíaca.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


Proteínas/Aminoácidos.A perda de massa muscular (caquexia) pode ocorrer em gatos
com insuficiência cardíaca como consequência da redução do apetite, das necessidades

Nutriente mg/100 kcal mg/100 kcal


mais elevadas de energia e de um aumento da produção de citocinas inflamatórias. A
deficiência de taurina produz CMD em gatos. Enquanto CMD é atualmente uma
doença rara em gatos, a deficiência de taurina não deve ser descartada como causa nos Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
casos de CMD, especialmente se o gato é alimentado com uma dieta caseira. Proteína (g) 7–9.5 6.5
Taurina (g) 0.025–0.050 0.025–0.050
Gorduras. Os ácidos graxos n-3, o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido

Sódio (mg) 35–100 50


docosahexanoico (DHA) reduzem os mediadores inflamatórios e têm efeitos

(depende do estágio da doença)


antiarrítmicos. Todos eles podem ser benéficos para gatos com insuficiência cardíaca.
Minerais. A retenção de água e sódio é produzida na insuficiência cardíaca devido
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
à ativação do sistema renina angiotensina aldosterona. A hipocalemia pode ocorrer
em gatos que recebem diuréticos de alça (por exemplo: furosemida). Hipercalemia metabólicas induzidas pelos estados da doença ou pelos medicamentos utilizados
pode ocorrer em gatos tratados com inibidores da enzima conversora da para tratar a doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos
angiotensina. Altas doses de diuréticos aumentam o risco de hipomagnesemia.
Vitaminas. Nos gatos que receberam diuréticos pode-se produzir maior perda de normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
vitamina B na urina. Estudos têm demostrado, no entanto, que os níveis de vitaminas * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
B6, B12 e folato foram menores em gatos com MCH, em comparação com os gatos Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

do grupo controle, mesmo aqueles que apresentavam ICC.

Predisposição
Enquanto algumas raças têm sido identificadas com um maior risco de MCH e
mutações genéticas (Raça Maine Coon, Ragdoll), a maioria dos gatos com esta
doença são gatos domésticos de pelo curto ou de pelo comprido.

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Modificações nos nutrientes essenciais n Petiscos – Poucos gatos com doenças cardíacas recebem regularmente petiscos
Evite fazer grandes mudanças na dieta quando o gato estiver hospitalizado por um em comparação com cães (33% dos gatos comparado a 92% dos cães); no entanto,
episódio agudo de insuficiência cardíaca. Continuar alimentando o gato com a sua é importante fazer recomendações específicas para os proprietários sobre os petiscos
dieta habitual (a menos que seja muito rica em sódio), mas pedir ao proprietário que são apropriados (e aqueles que não devem ser fornecidos) se os proprietários
para descontinuar qualquer petisco ou alimento da mesa com alto teor de sódio. quiserem oferecer petiscos. Os alimentos a serem evitados são: a maioria dos petiscos
Quando o gato voltar, aproximadamente entre 7-10 dias, para uma reavaliação, comerciais para gatos (a menos que indique especificamente ter baixo teor de sódio),
pode-se estabelecer uma mudança gradual para uma dieta mais adequada. Isso ajuda alimentos para bebês, embutidos, conservas de peixe, e a maioria dos queijos.
a evitar a aversão aos alimentos que pode ocorrer quando uma nova dieta é imposta Alimentos aceitos incluem os petiscos para gatos que indicam baixo teor de sódio
a um gato extremamente doente. (<5 mg/petisco). Leve em consideração que mesmo alimentos com baixo teor de
Calorias. Devem ser alteradas para manter a condição física ideal (por exemplo: sódio pode fornecer grandes doses deste elemento, se forem fornecidas em grandes
reduzir a ingestão de calorias em animais obesos, aumentar sua ingestão de calorias quantidades aos gatos.
em animais que estão abaixo de sua condição física ideal). É também importante proporcionar ao proprietário métodos adequados para
Proteínas/Aminoácidos. A dieta deve conter, pelo menos, 6,5 g de proteína/100 administrar medicamentos, já que é muito difícil administrar pílulas aos gatos e
kcal, a menos que haja presença simultânea de doença renal grave. Em gatos com muitos alimentos comuns utilizados para administrar medicamentos são ricos em
CMD e deficiência de taurina (ou enquanto aguarda os resultados da taurina) sódio. Os proprietários devem ser orientados a administrar pílulas sem o uso de
deve-se iniciar a suplementação de taurina (125-250 mg a cada 12 horas). alimentos (à mão ou usando um dispositivo projetado para esta finalidade).
Gorduras. A dosagem ideal de ácidos graxos n-3 ainda não foi determinada, no Alternativamente, pode-se usar comida para gatos úmida com baixo teor de sódio
entanto, o autor geralmente recomenda uma dose de óleo de peixe para fornecer 40 ou carne cozida em casa (sem sal, sem embutidos). É possível ser considerados os
mg/kg de EPA e 25 mg/kg de DHA no caso de gatos com anorexia ou caquexia. A medicamentos líquidos, embora a farmacocinética dos medicamentos compostos
maioria das dietas para gatos não atinge esta dosagem, assim, a suplementação é possa ser significativamente modificada.
necessária. Os suplementos de óleo de peixe podem variar na sua concentração de n Dicas para aumentar a palatabilidade – Muitas vezes os gatos com ICC têm
EPA e DHA por isto o autor recomenda uma cápsula de 1 g contendo 180 mg de um apetite variável (ou seja, podem comer bem um alimento por uma semana, e
EPA e 120 mg de DHA. Nesta concentração, o óleo de peixe pode ser administrado em seguida, parar de comer). A diminuição do apetite em um gato que
em uma dosagem de 1 cápsula a cada 4,5 quilos de peso corporal. A cápsula pode ser anteriormente comeu bem, pode indicar a necessidade de uma nova avaliação e um
administrada inteira (ainda que seja muito grande) ou pode-se extrair o óleo da ajuste na medicação, às vezes oferecer um alimento diferente aumenta o apetite
cápsula e fornecê-lo como uma petisco ou no alimento. Alternativamente, pode-se novamente. A comunicação com o proprietário sobre estas questões pode ajudar a
utilizar uma forma líquida de ácidos graxos n-3 (por exemplo: Cardiguard reduzir a ansiedade e proporcionar ao proprietário estratégias específicas para resolver
Boehringer Ingelheim contendo 420 mg de EPA e 280 mg de DHA por grama). o problema.
Tenha em mente que se o proprietário não puder administrar a cápsula intacta, o gato O caldo caseiro, com baixo teor de sódio (por exemplo: frango, carne, peixe) pode
vai ser exposto a um sabor muito forte de óleo de peixe e nem todos os animais melhorar a palatabilidade. A maior parte dos caldos industrializados são ricos em
apreciam o sabor. Para os gatos que não gostam do sabor, pode não ser possível sódio, mesmo aqueles rotulados com “baixo teor de sódio”. Pode-se adicionar ao
administração de ácidos graxos n-3 por causa de efeitos adversos sobre a ingestão de alimento frango, carne ou peixe cozidos. Muitas vezes, os ácidos graxos n-3
alimentos. Os suplementos de óleo de peixe deverão conter vitamina E como um melhoram o apetite dos gatos com ICC; no entanto, vai demorar de 2 a 4 semanas
antioxidante, mas não incluir outros nutrientes para prevenir toxicidade. O óleo de para ver o efeito. Também podem ser considerados estimulantes do apetite (por
fígado de bacalhau e o óleo de linhaça não devem ser utilizados para fornecer os exemplo: ciproheptadina, mirtazapina). Muitas vezes os gatos com ICC preferem
ácidos graxos n-3 (o óleo de fígado de bacalhau tem um alto teor de vitaminas A e a comida morna, mas o proprietário deve ser encorajado a experimentar, a fim de
D, o que pode causar toxicidade, enquanto que os gatos são incapazes de converter determinar qual é a temperatura que o seu gato aceita melhor. Às vezes, alimentar o
ácidos graxos n-3 presentes no óleo de linhaça em EPA e DHA). gato em um prato (no lugar do alimentador para gatos) e em um local diferente do
Minerais. Com respeito ao sódio: que o habitual, pode melhorar o apetite.
• Etapa 1 segundo ISACHC: aconselhar o proprietário a evitar dietas com alto
teor de sódio (> 100 mg/100 kcal) e também os petiscos e alimentos da mesa Pontos para a educação do proprietário
com esse conteúdo. • Fazer recomendações específicas para a dieta e para os petiscos (tipos e
• Etapa 2 segundo ISACHC: o objetivo deverá ser <80 mg/100 kcal no alimento quantidades).
para gatos. Também é importante a ingestão de sódio proveniente de outros • Advertir o proprietário sobre alterações comuns no apetite do gato com
alimentos (por exemplo: petiscos, comida da mesa, os alimentos utilizados insuficiência cardíaca.
para administrar medicamentos). • Fornecer ao proprietário os métodos adequados para a administração dos
• Etapa 3 segundo ISACHC: O alimento para gatos deve conter <50 mg/100 medicamentos.
kcal, embora na anorexia menos grave essa necessidade é menos severa quanto ao • Perguntar, a cada visita, se o proprietário está administrando algum suplemento
conteúdo de sódio na dieta (<80 mg/100 kcal) de modo a proporcionar mais dietético. Se assim for, verificar se os suplementos são seguros, se não estão
opções. Continua sendo importante controlar a ingestão de sódio de outros interagindo com dieta ou com os medicamentos e que sejam administrados em
alimentos (ex.: petiscos, comida da mesa, alimentos utilizados para administrar doses adequadas. É importante discutir este assunto com o proprietário, pois é
medicamentos). comum proprietários de animais que buscam na internet um tratamento
A recomendação para alterar o potássio na dieta depende dos medicamentos que alternativo para a doença cardíaca.
estejam sendo administrados e da concentração de potássio sérico. Devem ser usadas • Além da questão da segurança e eficácia, surgem também questões importantes
dietas ricas em potássio ou suplementos de magnésio por via oral em gatos com sobre a qualidade dos suplementos alimentares (por exemplo: o controle de
hipomagnesemia. qualidade, a biodisponibilidade). Portanto, deve-se recomendar marcas
Vitaminas. Se forem administradas doses elevadas de diuréticos, pode-se indicar a específicas de suplementos alimentares que contenham níveis seguros de
suplementação com vitamina B.

19
nutrientes. Uma alternativa para o médico veterinário no momento da prescrição Controle
é pesquisar marcas norte americanas de suplementos alimentares que contenham A diminuição da ingestão de alimentos pode indicar a necessidade de modificações
o logotipo do Programa de Verificação de Suplementos Dietéticos (DSVP, em na dieta, mas pode também ser um indicador precoce da descompensação cardíaca
inglês) da Farmacopéia dos Estados Unidos, que testa suplementos dietéticos ou da necessidade de alterar a medicação. O peso corporal deve ser monitorado em
para os seres humanos em busca de ingredientes, concentrações, solubilidades e gatos obesos para atingir o peso ideal. Em gatos com caquexia, que perdem peso,
contaminantes. Alguns destes medicamentos podem ser encontrados no Brasil. são necessárias modificações da dieta para minimizar a perda de peso.
Outro bom recurso é o Consumerlab.com, que realiza testes independentes sobre A pontuação do escore de condição corporal é útil para controlar a doença
suplementos alimentares (principalmente suplementos para os seres humanos, assintomática em gatos obesos ou com sobrepeso. Tenha em mente que os sistemas
mas também alguns produtos para animais). de pontuação avaliam os depósitos de gordura, mas não os músculos, por isso um

Comorbidades comuns
gato pode estar com sobrepeso ou obesidade e ainda apresentar uma perda de massa
muscular. Portanto, é importante controlar o PC, a pontuação do escore de condição
Em um estudo, 56% dos gatos com doença cardíaca tinham pelo menos, uma corporal e o grau de perda de massa muscular. A perda de massa muscular geralmente
doença concomitante. Portanto, pode ser necessário modificar os objetivos é vista pela primeira vez nos músculos temporais, epaxial (musculatura nas laterais
nutricionais no caso de um gato com insuficiência cardíaca que apresente uma das vértebras) e nádegas. A pontuação da condição muscular classifica a massa
doença concomitante sensível aos nutrientes (por exemplo: um gato com ICC e muscular subjetivamente em quatro categorias: sem perda, perda leve, perda
urolitíase ou insuficiência renal crônica). moderada e perda acentuada de massa muscular. Intervir logo na fase inicial (perda

Estratégias para o manejo das interações


de massa muscular leve a moderada) proporciona melhores oportunidades para
reverter ou minimizar o grau de perda de massa muscular
medicamentosas Também devem ser controlados os sinais clínicos (por exemplo: dificuldade em
respirar, fraqueza, desmaios, vômitos, diarreia), valores laboratoriais (nitrogênio
As interações medicamento-nutriente são comuns na ICC. Os diuréticos de alça
ureico no sangue [BUN, em inglês], creatinina, eletrólitos, hematócrito) e outras
(por exemplo: furosemida) podem aumentar o risco de hipocalemia e
medidas a serem indicadas (por exemplo: raio-x, pressão arterial,
hipomagnesemia, enquanto inibidores da ECA podem aumentar o risco de
eletrocardiograma, ecocardiograma).
hipercalemia. A azotemia pode ser o resultado do abuso dos diuréticos. A anorexia
pode ser um efeito secundário de muitos fármacos cardíacos (por exemplo:
diuréticos, digoxina, inibidores de ECA).

20
Avaliação dos temas nutricionais na doença cardíaca nos gatos

Obter antecedentes completos da dieta (ver Apêndice II) - perguntar especificamente sobre o alimento para gatos, petiscos, alimentos da mesa,
alimentos utilizados para administrar medicamentos e suplementos alimentares (quantidades e tipos específicos)

A doença cardíaca está sendo tratada com medicação de forma ideal? Com os sinais clínicos bem controlados, a qualidade de vida do gato é boa?

Avaliação sobre o apetite/ingestão de alimentos do gato, por parte do proprietário

O peso corporal é ideal para o gato? Está mudando? (aumentando ou diminuindo?) Se é menor, cíclico ou esporádico:
• Avaliar se é necessária qualquer alteração na medicação cardíaca
• Considerar mudanças na dieta (por exemplo, alterar o tipo ou marca dos alimentos,
fornecer refeições menores com mais frequência, adicionar palatabilizantes, iniciar a
Determinar a Pontuação do escore de condição corporal (ver Apêndice I)
suplementação com ácidos graxos n-3, adicionar um estimulante de apetite)

Se o peso corporal/pontuação do escore de Pontuação da condição muscular (caquexia) - avaliar o grau de perda de massa muscular nos principais grupos musculares, incluindo
condição corporal não são ideais, modificar a os músculos temporais, glúteos e epaxial (sem perda de massa muscular, perda de massa muscular leve, perda de massa muscular
dieta (por exemplo: reduzir calorias, se estiver moderada e perda de massa muscular acentuada)
com sobrepeso, aumentar a ingestão de
calorias se estiver abaixo do peso)

O alimento para gatos contém 6,5 g de proteína/100 kcal? É recomendado ≥6,5 g de proteína/100 kcal, Se houver presença de algum grau de perda
a não ser que o gato apresente doença renal grave concomitante muscular/caquexia, mudar a dieta para garantir a
ingestão adequada de calorias e proteínas; considerar
a suplementação com ácidos graxos n-3

Se o gato tem miocardiopatia dilatada, medir as concentrações de taurina no plasma e sangue total e suplementar com taurina até que os resultados estejam disponíveis.

Sódio Suplementos dietéticos


• O alimento para gatos contém níveis de sódio adequados para o estágio da doença do gato? (Etapa 1 segundo ISACHC: <100 mg de • Os suplementos dietéticos
Na/100 kcal; Etapa 2 segundo ISACHC: <80 mg Na/100 kcal; Etapa 3 segundo ISACHC: <50 mg Na/100 kcal comumente administrados a gatos
• Os petiscos e os alimentos da mesa têm baixos níveis de sódio? Se eles não têm, comentar sobre os alimentos que são aceitáveis e os que com doença cardíaca são óleo de
devem ser evitados peixe e potássio.
• Os medicamentos são administrados utilizando alimentos apropriados? Se a resposta for não, educar o proprietário sobre os métodos corretos • Se estiver administrando estes
suplementos, garantir que sejam
marcas adequadas (por exemplo:
O potássio no soro está dentro limites normais? com controle de qualidade) e em
• Se for alto, avaliar o teor de potássio nos alimentos para gatos, para ter certeza que é <200 mg de potássio/100 kcal, perguntar ao doses corretas para o tamanho do
proprietário sobre suplementos dietéticos gato.
• Se for baixo, considerar uma dieta com níveis mais altos de suplementação de potássio ou por via oral • Qualquer outro suplemento
dietético deve ser avaliado com
cuidado para garantir que não
existam possíveis interações com
O magnésio no soro está dentro dos limites normais? medicamentos cardíacos e sem
• Se for baixo, considerar uma dieta com maior teor de magnésio ou uma suplementação de magnésio por via oral efeitos colaterais.

21
Quilotórax - Gatos
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN reabsorvido do espaço pleural mais facilmente. No entanto, os alimentos para gato

Definição
restritos em gordura, também são baixos em calorias, o que deve ser considerado
quando se tratar de um paciente que, provavelmente, está com falta de apetite e já
O Quilotórax é a acumulação de um derrame contendo quilomícron no espaço pode ter sofrido uma deterioração significativa em seu estado nutricional.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


pleural.

Ferramentas de diagnóstico e exames


complementares Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
A presença de efusão pleural será observada na radiografia de tórax. Os pacientes Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura total 9–12 <3.5 9.0 2.25
com derrame suficiente para impedir a expansão pulmonar apresentam sinais
na dieta
clínicos de taquipneia, dispneia, intolerância ao exercício e ruídos cardíacos
abafados quando auscultado. Um exame de percussão pode auxiliar na definição
do diagnóstico, que é confirmado ao executar uma toracocentese, citologia e A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
metabólicas induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da
dieta é mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg
análise do líquido extraído. A fim de determinar uma causa subjacente, podem
ser indicadas mais imagens, análises de sangue e um teste de diagnóstico. por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem
Deve-se registrar o histórico alimentar completo, incluindo informações sobre o atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e
consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
histórico alimentar e outros petiscos que o paciente receba, incluindo sobras de
alimentos (ver Apêndice II). Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
O estado nutricional do paciente deve ser avaliado com atenção especial para
a presença de anorexia e sua duração, evidências de perda de peso (em
particular, perda de massa muscular), viabilidade da alimentação assistida e Tenha em mente que quase todos os alimentos para gatos restritos em gordura foram
doenças concomitantes. intencionalmente restritos em calorias para controlar o peso e não são recomendados

Fisiopatologia
para pacientes em estado de anorexia.

Normalmente, o quilo, proveniente de drenagem linfática, flui para o canal torácico Princípios da alimentação coadjuvante
por meio da cisterna do quilo, e por sua vez, desemboca no sistema venoso no tórax. As opções de tratamento para pacientes com quilotórax idiopático incluem
Qualquer doença que provoca um desequilíbrio entre a produção e a eliminação de tanto o tratamento com medicamentos como o tratamento cirúrgico. Em
quilo que conduza ao aumento da pressão no sistema linfático pode levar a uma perda alguns casos, o derrame pode se resolver espontaneamente após várias semanas
de quilo no espaço pleural. As causas subjacentes informadas no caso de gatos incluem ou meses; no entanto, o prognóstico para os gatos neste estado deve ser
doenças cardíacas e a presença de uma massa no mediastino craniano; no entanto, a considerado reservado.
doença idiopática não é incomum. Como mencionado anteriormente, não há nenhuma evidência para utilizar a
Os pacientes com quilotórax geralmente são letárgicos e têm pouco apetite. O restrição de gordura na dieta para o tratamento do quilotórax em gatos, e o uso
impacto da falta de ingestão de alimentos sobre o estado nutricional é agravado pela desta estratégia de alimentação pode comprometer ainda mais o estado
perda de proteínas, gorduras, vitaminas, eletrólitos e água, e se torna necessário repetir nutricional de um paciente com pouca ingestão de alimentos, especialmente se
a toracocentese paliativas para aliviar a angústia respiratória. está submetido a vários procedimentos de toracocentese.

Predisposição
A escolha da dieta deve ser baseada em encontrar um alimento completo e equilibrado
para gatos que seja aceitável para o paciente. A menos que seja contraindicada devido
Está documentado que os gatos mais velhos e os de raças orientais (Siameses e do a uma doença concomitante, a dieta rica em proteína pode ser benéfica.
Himalaia) correm maior risco de desenvolver o quilotórax. Se o peso do paciente é estável e o paciente está em boas condições físicas, pode-

Modificações nos nutrientes essenciais


se incorporar uma dieta com restrição de gordura (<30% de gordura, base de
energia) de modo experimental. Deve-se ter cuidado ao dar as instruções
As dietas com restrição de gordura foram indicadas como parte do tratamento específicas para a alimentação e ao controlar a ingestão de alimentos e o peso
médico do quilotórax, na redução na absorção de gorduras da dieta pode resultar corporal, para garantir que o paciente seja capaz de consumir alimentos
em uma redução da produção de quilo. Além da restrição de gordura, tem sido suficientes para satisfazer as necessidades energéticas.
recomendada a suplementação dietética com triglicérides de cadeia média Os pacientes que recusam alimentos ou têm consumo voluntário inadequado devem
(MCT). A base racional para o uso de MCT é que estes triglicerídeos podem ser ser avaliados como candidatos à alimentação assistida. O ideal é que esses pacientes
absorvidos diretamente para a corrente sanguínea e, portanto, podem servir para recebam uma dieta enteral completa e equilibrada. Tem sido usado o suporte
nutricional por via parenteral para o tratamento em seres humanos.
n Petiscos – Na hora de escolher um petisco, é relativamente fácil evitar itens com
aumentar a densidade de energia da dieta sem aumentar a produção de quilo.
Embora existam relatos de casos e estudos retrospectivos de pacientes alimentados
com dietas de restrição de gordura como parte do tratamento recebido, não há alto teor de gordura (ex.: recortes de gordura da carne, frituras, creme) e é prudente
estudos clínicos prospectivos que investiguem nos animais de estimação a efetividade fazê-lo. Entre os petiscos aceitos estão a carne magra ou peixe (por exemplo: peito de
da restrição de gordura na dieta. Uma pesquisa com cães normais descobriu que frango cozido, atum enlatado em água), produtos lácteos de baixo teor em gordura,
e frutas e vegetais (exceto uvas e cebolas).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A menos que haja instruções claras
variar a quantidade e o tipo de gordura na dieta pode afetar a composição dos
triglicerídeos do quilo, porém não altera a velocidade do fluxo linfático¹. Além disso,
estudos descobriram que quando a dieta de cães normais é suplementada com MCT, sobre não dar um alimento com restrição de gordura (<30% de gordura, base de
são encontrados níveis significantes de MCT no quilo2, 3. energia), a escolha da dieta deve ser baseada em encontrar um alimento completo
Em conclusão, não há nenhuma evidência para usar dieta de restrição de gordura para e equilibrado para gatos que seja aceitável para o paciente. Adicionar ao alimento
o tratamento de quilotórax em gatos. Pode ser possível que, ao reduzir a quantidade seco um pouco de água quente ou aquecer ligeiramente o alimento enlatado
de quilomícrons na linfa, restringindo a gordura da dieta, o derrame resultante seja pode melhorar a aceitação.

22
n Recomendações para a dieta – Muitos gatos diagnosticados com quilotórax for identificada, deve-se realizar uma biópsia ou aspiração, a fim de obter um
apresentaram um histórico de anorexia. É essencial controlar a ingestão de alimentos diagnóstico e tomar medidas terapêuticas adequadas.

Estratégias para o manejo das interações


e o peso corporal do paciente para garantir que a ingestão voluntária do paciente seja

medicamentosas
adequada. O objetivo é encontrar uma dieta que o paciente coma com facilidade e que
seja apropriada para qualquer doença concomitante que o animal possa ter (por
exemplo: doenças cardíacas). As dietas baixas em calorias e com baixo teor de gordura
Como mencionado anteriormente, os pacientes com quilotórax podem optar por
só devem ser utilizadas em pacientes que as consumam facilmente em quantidades
toracocenteses paliativas em repetidos intervalos ocasionando perda de fluido,
suficientes para satisfazer as suas necessidades energéticas.
eletrólitos, proteínas, gorduras e vitaminas. Os pacientes com quilotórax secundário
Para os pacientes em boas condições físicas, as porções de alimento devem ser baseadas
e uma doença subjacente, como a doença cardíaca, podem se beneficiar com o
na ingestão calórica anterior. Para pacientes com baixo peso, deve-se aumentar as
tratamento dietético visando essa doença.
calorias oferecidas em 20% em relação ao consumo anterior para promover ganho de
Controle
peso e modificar conforme necessário.

Pontos para a educação do proprietário


Pacientes com quilotórax idiopático exigem avaliações regulares para determinar a
• Todos os membros do grupo familiar devem compreender que, embora o
taxa de acúmulo de líquido na cavidade pleural e se há a necessidade de repetição da
toracocenteses ou de outra intervenção terapêutica. Os pacientes submetidos a
tratamento dietético não possa desempenhar um papel direto no tratamento de
repetidas toracocentese correm o risco de desidratação, desequilíbrio eletrolítico
quilotórax, os pacientes com esta doença estão em risco de estar desnutridos. Dessa
(hiponatremia, hipercalemia), hipoproteinemia e desnutrição. Portanto, para
forma, é particularmente importante controlar a ingestão de alimentos e a
examinar de novo o paciente deve-se avaliar o equilíbrio de fluidos e eletrólitos, bem
condição física do paciente, permitindo a detecção precoce da perda de peso.
como a ingestão voluntária de alimentos, o peso corporal, e a condição física.

Comorbidades comuns
Doença Cardíaca. Há informações sobre o quilotórax em gatos em associação com
cardiomiopatia (especialmente secundária ao hipertireoidismo), dirofilariose,
anomalias cardíacas congênitas, e derrame pericárdico. Portanto, sugere-se um exame
cardíaco completo em gatos diagnosticados com derrame pleural quiloso, já que o
tratamento da doença cardíaca subjacente pode levar à resolução do quilotórax.
Neoplasia. Doenças que causam uma massa no mediastino anterior, incluindo
linfossarcoma e outras formas de neoplasia, podem levar a um quilotórax. Se a massa

Manejo nutricional do quilotórax em gatos

O paciente tem baixo peso ou perda de massa muscular?

Sim Não

Escolher uma dieta que o animal coma com facilidade e que seja apropriada para
Escolher uma dieta que o paciente coma com facilidade e que seja apropriada para qualquer doença concomitante que o paciente possa ter (poderia incorporar uma dieta
qualquer doença concomitante que o animal possa ter com restrição de gordura como um teste).

Alimento não aceito/ingestão Alimento aceito e ingestão adequada para manter o Alimento não aceito/ingestão Alimento aceito e ingestão adequada para manter o
inadequada peso ou facilitar o ganho de peso, conforme o caso inadequada peso ou facilitar o ganho de peso, conforme o caso

Avalie a dieta administrada e a condição corpórea Avalie a dieta administrada e a condição corpórea
Avaliar a alimentação assistida Avaliar a alimentação assistida
para assegurar que o procedimento esteja correto para assegurar que o procedimento esteja correto

23
Nutrição em cuidados intensivos - Cães
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Doenças Críticas têm um impacto importante sobre o estado nutricional dos cães Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 20–45 6–9 18 5.1
e muitas vezes levam a uma severa desnutrição. O suporte nutricional de cães em

Gordura 25–35 5–7 5 1.4


estado crítico é uma parte importante do tratamento médico e pode desempenhar
um papel na melhora do paciente. Cães com doenças críticas geralmente
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
apresentam: menor ingestão alimentar, vômitos, diarreia e exigências nutricionais
possivelmente alteradas, o que pode afetar seu estado nutricional. metabólicas induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da
dieta é mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg

Ferramentas de diagnóstico e exames


por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais
devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de
complementares vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Projetar um plano nutricional envolve fazer uma avaliação nutricional para Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Princípios da alimentação coadjuvante


estabelecer as necessidades e considerações específicas para o paciente. A
pontuação do escore de condição corporal é uma parte importante da avaliação
nutricional. Perfis bioquímicos também são úteis para identificar alterações Uma parte importante do plano nutricional é estabelecer a forma mais adequada
importantes a se considerar no plano nutricional. Para a maioria dos cães em para o suporte nutricional. Na ausência de contraindicações, é preferível alimentar
estado crítico, o suporte nutricional deve ter como objetivo satisfazer as o cão por via entérica. Contraindicações para a nutrição enteral incluem vômitos
necessidades de energia em repouso (RER), em princípio, e modificar as calorias prolongados, regurgitação, ou diarreia, incapacidade de proteger as vias aéreas, e
fornecidas com base em avaliações frequentes. intolerância a alimentos (por exemplo: atonia gástrica). Em pacientes que poderiam

Fisiopatologia
tolerar nutrição enteral, mas não têm consumo voluntário adequado (cerca de 75%
das necessidades energéticas), deverá ser colocada uma sonda de alimentação. No
A doença crítica provoca várias alterações metabólicas que influenciam o estado caso de uma fonte de alimentação por um período curto (< 3 dias) pode ser
nutricional do paciente. Em resposta a inflamações e lesões, se produzem alterações apropriada a alimentação nasoesofágica, mas isso requer uma dieta líquida. Se for
no metabolismo dos lipídios, proteínas e carboidratos. As várias alterações no necessário suporte nutricional por mais de 3 dias, geralmente será indicada a
metabolismo, combinadas com os efeitos de uma ingestão de alimentos reduzida, utilização de uma sonda via esofagotomia ou gastrostomia.
causam um balanço energético negativo ou um estado catabólico. Cães em um Uma vez que a sonda esteja colocada, o objetivo deve ser o de fornecer 50% das
estado catabólico podem sofrer mais complicações e apresentam taxas de calorias calculadas no primeiro dia, e aumentar gradualmente até 100% das calorias
recuperação piores. Reverter um estado catabólico exige neutralizar a principal causa calculadas nos dois dias seguintes. Em pacientes gravemente afetados, o apoio
da doença e fornecer um suporte nutricional adequado. nutricional inicial deve começar em 33% das calorias calculadas. Normalmente

Predisposição
dietas recomendadas para a alimentação por sonda são ricas em calorias, proteínas
e gorduras. É importante assegurar que a dieta escolhida seja apropriada para a sonda
Os pacientes que podem estar em maior risco de desnutrição são os muito jovens e a ser utilizada (isto é, a consistência da dieta não deve obstruir a sonda). Nos pacientes
os idosos. Isso reflete uma maior dificuldade para fornecer suporte nutricional para que não podem usar a via enteral, será necessária a nutrição parenteral. A formulação
pacientes nestas categorias de idade. da nutrição parenteral é adaptada ao paciente e necessita um cuidado especial.
n Petiscos – Nos animais gravemente enfermos, o uso de petiscos é geralmente
Modificações nos nutrientes essenciais ineficaz para satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais. Pode-se oferecer
• Os pacientes criticamente doentes, com balanço energético negativo, podem ter petiscos para os animais que recebem a alimentação por sonda, a fim de avaliar o
uma maior necessidade de proteína para manter a massa corporal magra retorno do apetite. O fornecimento da alimentação enteral e/ou parenteral não
• As proteínas devem ser de boa qualidade e altamente digestíveis. interfere na avaliação do apetite.
• Considerações especiais incluem pacientes com comorbidades como n Dicas para aumentar a palatabilidade– O uso de estimulantes do apetite em
insuficiência renal ou hepática, onde uma maior quantidade de proteína pode animais gravemente doentes não é recomendado por ser ineficaz para recuperar a
ser contra-indicada. ingestão nutricional adequada. Técnicas de alimentação, tais como alimentar com
• As necessidades de nutrientes mais específicos dependerão da natureza da doença a mão ou aquecer a comida podem ser utilizadas, mas geralmente são ineficazes para
suporte nutricional adequado.
n Recomendações para a dieta – Dietas tipicamente usadas no apoio nutricional
subjacente.
• Os antioxidantes podem ser um componente importante do tratamento para os
animais gravemente doentes; no entanto, ainda não foram determinadas as de cães em estado crítico são geralmente densas em energia, ricas em proteínas e
dosagens específicas. gorduras, e possuem alta digestibilidade. Muitas dietas prescritas recomendadas para
• Outros nutrientes tais como glutamina, arginina e ácidos graxos n -3, podem alimentação por sonda também têm um alto teor de água e adaptam-se à sonda com
também ser úteis em certas doenças, mas não se conhece dosagens específicas modificações mínimas. No entanto, a maioria das dietas têm de ser modificadas
ou ideais. para utilização em sondas de forma eficaz. Para as sondas de calibre pequeno
• É crucial a correção do balanço energético negativo. tipicamente usadas para acesso nasoesofágico, as únicas dietas aceitáveis são as dietas
completamente líquidas.

24
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Como muitos pacientes em recuperação podem ter alta do hospital com a sonda medicamentosas
de alimentação colocada (por exemplo: esofagotomia ou gastrostomia), os Vários antibióticos podem causar náuseas, vômitos ou diarreia. Os agentes
proprietários precisam ser instruídos sobre o uso e os cuidados da sonda. quimioterapêuticos podem causar graves complicações gastrointestinais. Diuréticos
• Os proprietários precisam saber as possíveis complicações e como detectá-las. e inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) também podem
• Devem ser fornecidas instruções detalhadas e específicas sobre o uso da sonda de diminuir o apetite.

Controle
alimentação. Devem-se incluir instruções sobre como preparar e como
administrar a dieta.

Comorbidades comuns
Todos os pacientes criticamente enfermos que receberam suporte nutricional devem
ser cuidadosamente monitorados devido a possíveis complicações relacionadas ao
Pacientes criticamente doentes muitas vezes têm vários sistemas de órgãos afetados, suporte nutricional. Pacientes com sondas de alimentação devem ser revisados se
o que pode influenciar o plano nutricional. As comorbidades mais graves incluem houver infecção/inflamação no local de saída da cirurgia. Os testes bioquímicos e
simultaneamente a insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, insuficiência hematológicos também podem ser úteis na identificação de complicações
hepática, insuficiência respiratória, disfunção gastrointestinal, disfunção neurológica metabólicas. Ainda que o peso corporal e a pontuação de escore de condição
e infecção sistêmica. corporal (ECC) sejam essenciais para pacientes que receberam suporte nutricional,
o ganho de peso por si só não é necessário.

Apoio nutricional do paciente criticamente doente (Cães)

Avaliação geral do paciente

Desnutrido
Estado nutricional adequado Desnutrido
Severamente doente
Levemente afetado Severamente doente
Hemodinamicamente estável
Avaliar se a ingestão de alimentos é adequada Hemodinamicamente instável
Avaliar a ingestão

Adequado Inadequado Adequado Inadequado Adiar a nutrição

Não é necessária
Considerar a intervenção Acompanhar de Implementar a Estabilização
intervenção
nutricional perto intervenção nutricional hemodinâmica
nutricional

Avaliar se é Continuar o controle da Considerar Avaliar novamente se é


necessária a ingestão e peso corporal medidas Escolher via de nutrição necessária a intervenção
alimentação para garantir a ingestão nutricionais nutricional
assistida adequada preventivas

Nutrição Nutrição Implementar a


enteral parenteral intervenção nutricional

25
Nutrição em cuidados intensivos - Lipidose Hepática Felina
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
As doenças críticas podem ter um impacto importante sobre o estado nutricional Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
dos gatos. Nalipidose hepática felina, uma síndrome que é proveniente do acúmulo Proteína 40–60 8–13 26 6.5
Gordura 15–35 4–6 9 2.3
excessivo e patológico de lipídios dentro do fígado, o apoio nutricional na terapia
intensiva é uma parte importante do tratamento médico e da regressão da doença.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações

Ferramentas de diagnóstico e exames


metabólicas induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da
dieta é mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg
complementares por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais
devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de
Os resultados do teste físico (por exemplo: desidratação, icterícia, depressão mental, vida e consumo de energia.
indicadores neurológicos) podem indicar um grau mais grave de lipidose. A avaliação * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
nutricional deve ser realizada como guia para o plano nutricional, e, geralmente, é
Princípios da alimentação coadjuvante
necessário obter um perfil bioquímico. A atividade de fosfatase alcalina (FA), a
atividade da alanina aminotransferase (ALT), a atividade da aspartato
aminotransferase (AST), e as concentrações de bilirrubina totais são O princípio mais importante de alimentação coadjuvante para esta doença é o de
significativamente elevadas nesta doença e dão apoio ao diagnóstico. A biópsia ou garantir a ingestão nutricional adequada. A maioria dos gatos com Lipidose hepática
coleta de material do fígado confirmam o diagnóstico. necessita de uma sonda alimentar (por exemplo: sonda esofágica). Exceto nos casos
de sondas nasogástricas, a colocação de sondas de alimentação requer anestesia geral,
Fisiopatologia o que acarreta um risco elevado de complicações em pacientes hemodinamicamente
instáveis. Os gatos que são considerados instáveis para anestesia podem se beneficiar
O mecanismo exato responsável por disparar a lipidose hepática em gatos não é
com a colocação de uma sonda nasogástrica e serem candidatos à nutrição parenteral.
claro; contudo, a anorexia é uma característica comum desta doença e acredita-se
Normalmente, a nutrição parenteral é reservada para pacientes que não podem
que é um fator de predisposição importante. Acredita-se também que a desnutrição
tolerar a alimentação enteral (por exemplo: vômitos, diarreia grave).
proteíca-calórica, superestimula a lipidose causando a mobilização de ácidos graxos
O início da alimentação deve se dar uma vez que a desidratação e o desequilíbrio
livres que sobrecarregam a capacidade do fígado de processar o fluxo de triglicerídeos.
eletrolítico e ácido-base divergirem entre si. A alimentação deve atender às
O acúmulo excessivo de lipídios nos hepatócitos interrompe a função celular e pode
necessidades de energia em repouso (RER):
causar insuficiência hepática severa.

Predisposição
RER = 70 X (peso corporal em kg) 0,75

Gatos de meia idade e idosos possuem maiores chances de serem afetados. Existem A alimentação inicial deve começar a partir de 33% a 50% do RER no primeiro dia
mais casos identificados em gatos machos, embora a classificação por sexo não seja e depois aumentar gradualmente até atingir o RER dentro de 48 horas. Se o paciente
um fator de risco envolvido. A obesidade talvez seja a causa mais importante do fator tolera a alimentação (ou seja, sem vômitos), os objetivos da alimentação poderiam
de predisposição para essa doença. ser aumentados em 10% a 20% do RER para atingir um peso corporal estável

Modificações nos nutrientes essenciais


durante a hospitalização. Normalmente, a alimentação por sonda é necessária por
várias semanas e a decisão de descontinuar essa alimentação é tomada uma vez que
O balanço energético negativo é um componente importante desta doença e o o gato está comendo quantidades adequadas de alimentos voluntariamente.
apoio nutricional é vital para o tratamento eficaz. As proteínas devem ser de boa n Petiscos – Nos animais gravemente enfermos, o uso de petiscos é geralmente
qualidade e altamente digestíveis. Não deverão restringir os níveis de proteína a ineficaz para atender às necessidades energéticas e nutricionais e apenas
menos que haja contraindicação, incluindo: indicadores de encefalopatia retardam um suporte nutricional mais adequado. Podem ser oferecidos petiscos
hepática, com comprometimento neurológica, salivação excessiva e convulsões. para os animais que recebem a alimentação por sonda, a fim de avaliar o apetite.
Embora a doença tenha uma capacidade limitada do fígado para processar os n Dicas para aumentar a palatabilidade– O uso de estimulantes do apetite em
ácidos graxos, alguns autores defendem a restrição de gorduras; no entanto, como animais gravemente doentes não é recomendado já que é ineficaz para recuperar a
o fornecimento de quantidades adequadas de calorias é tão crucial para a ingestão nutricional adequada. Pode-se tentar técnicas de alimentação tais como
recuperação, comumente são usadas dietas ricas em gorduras, sem complicações. comer na mão ou aquecer a comida, mas geralmente também são ineficazes para
Os suplementos, tais como S-adenosilmetionina, taurina e carnitina têm sido suporte nutricional adequado. Estimulantes do apetite tais como ciproheptadina
recomendados para o tratamento de esteatose hepática; No entanto, o benefício ou mirtazapina, podem desempenhar um papel em gatos que foram recuperados a
destes suplementos para animais nestas condições não foi totalmente avaliado. partir do processo de doença subjacente e estão na transição para a alimentação oral.
n Recomendações para a dieta– As dietas tipicamente utilizadas para tratar gatos
com lipidose hepática são densas em energia e são ricas em proteínas e gorduras.
Dietas destinadas a pacientes de terapia intensiva são muito usadas. No entanto, a
maioria das dietas têm de ser modificadas (adicionar água, liquidificar) para a sua
utilização nas sondas de forma eficaz. Para as sondas de pequeno calibre tipicamente
usadas para acesso nasogástricos, as únicas dietas aceitáveis são as dietas
completamente líquidas.

26
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Como muitos pacientes em recuperação podem ter alta do hospital com a sonda
medicamentosas
de alimentação colocada (por exemplo: esofagotomia ou gastrostomia), os
Deve-se ter muito cuidado se são administrados suplementos nutricionais (por
proprietários precisam ser instruídos sobre o uso e os cuidados da sonda.
• Os proprietários precisam saber das possíveis complicações e como detectá-las.
exemplo: taurina, carnitina, S-adenosilmetionina), através da sonda de alimentação,
• Deve-se fornecer aos proprietários instruções detalhadas e específicas sobre o uso
uma vez que podem bloquear a sonda, provocando a necessidade da sua troca.

Controle
de sondas de alimentação. Deve-se incluir instruções sobre como preparar e como
administrar a alimentação.
Todos os pacientes criticamente doentes que receberam suporte nutricional deverão
Comorbidades comuns
ser cuidadosamente controlados devido a possíveis complicações relacionadas ao
suporte nutricional. Pacientes com sondas de alimentação devem ser controlados se
As comorbidades em gatos que necessitam de nutrição em cuidados intensivos
houver infecção/inflamação no local de saída da cirurgia. Os testes bioquímicos e
para a lipidose hepática são: pancreatite, colangiohepatite e doença inflamatória
hematológicos também podem ser úteis na identificação das complicações
do intestino.
metabólicas. Enquanto o peso corporal e a pontuação da condição física são
essenciais em pacientes que receberam suporte nutricional, o ganho de peso por si
só não é necessário durante a internação.

Apoio nutricional de pacientes criticamente doentes com lipidose hepática felina

Apetite menor, mas presente Sem apetite

Tratamento médico de apoio, alimentação Hemodinamicamente Hemodinamicamente


nasogástrica e nova avaliação instável estável

Retardar a alimentação,
tratamento com medicamentos Colocar a sonda de alimentação
para conseguir a estabilidade (esofagotomia ou gastrostomia)
hemodinâmica

Instabilidade hemodinâmica persistente Hemodinamicamente estável

Colocar sonda de alimentação Alimentar por via parenteral se


nasogástrica e avaliar tiver vômitos e avaliar
novamente novamente

27
Diabetes mellitus - Cães
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD Valores recomendados de nutrientes essenciais
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Definição Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
O diabetes mellitusé causado por deficiência de insulina absoluta ou relativa, alterando Proteína 25–50 6–10 18 5.1
Gorduras 8–12 #
3–5 #
5 1.4
o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Manifesta-se como hiperglicemia,

Carboidrato 0–40 0–8 n/d n/d


hiperlipidemia, poliúria, letargia, perda de peso, polifagia, pelagem fraca e diminuição
da imunidade.
Fibra Bruta 5–15 2–4 n/d n/d
Ferramentas de diagnóstico e exames
complementares
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
O diagnóstico do diabetes mellitus é baseado em hiperglicemia e glicosúria com sinais
clínicos compatíveis. Medir a imunorreatividade da lipase pancreática canina (cPLI, em requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
inglês) pode ajudar a identificar uma pancreatite concomitante. A imunorreatividade *Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Recomenda-se a restrição de gordura na dieta para cães diabéticos com pancreatite
semelhante à da tripsina canina (cIST) pode identificar destruição simultânea do #

pâncreas exócrino. É recomendado monitorar continuamente a condição física, a crônica concomitante ou hipertrigliceridemia persistente. A restrição de gordura não
glicemia e a concentração de triglicérides séricos. deverá ser recomendada para cães diabéticos com estado físico magro.

Fisiopatologia Princípios da alimentação coadjuvante


No caso de cães, tem sido bem documentado o diabetes de tipo I e de outros tipos O tratamento com insulina exógena é a base do tratamento clínico do diabetes em
específicos; a frequência relativa varia de acordo com a localização geográfica e, cães; os principais objetivos são: resolver todos os sinais clínicos de longo prazo e
especialmente, de acordo com níveis de castração no sexo feminino. Na América do evitar a hipoglicemia induzida por insulina. Um cão diabético tratado com sucesso
Norte, cerca de 50% dos cães têm diabetes mellitus do tipo I causado por destruição não apresentará polifagia, polidipsia ou letargia, e será capaz de manter o peso
imunológica das células beta pancreáticas. Em quase 30%, o diabetes se deve à grande corporal. Um regime de tratamento típico inclui aplicação de insulina duas vezes
lesão pancreática causada por pancreatite crônica. Diabetes em cães também aparece por dia e refeições uniformes, que deverão ser altamente palatáveis para que a ingestão
de maneira secundária ao tratamento com corticosteroides, à hiperadrenocorticismo de alimentos seja previsível.
ou à acromegalia induzida pela progesterona. Em fêmeas intactas pode-se produzir Normalmente, os alimentos comerciais para cães produzem um aumento pós-prandial
uma forma análoga do diabetes gestacional em seres humanos durante a gravidez; é de glicose no plasma inferior a 90 minutos após o consumo pelo cão; as refeições devem
comum em países com baixas taxas de castração, tais como a Suécia. ser programadas de modo a que a atividade máxima da insulina exógena ocorra durante

Predisposição
o período pós-prandial. Assim, os cães deverão ser alimentados dentro de 2 horas após
a administração da insulina NPH ou dentro de 6 horas da insulina protamina de zinco.
A maioria dos cães diabéticos têm mais de 5 anos de idade, com maior prevalência Quando se utilizar um regime de dose de insulina de duas vezes por dia, deve-se
entre 8 e 12 anos. As fêmeas intactas têm maior risco, especialmente se também tiverem alimentar o cão imediatamente após a injeção de insulina.
sobrepeso. Os cães de raças misturadas têm um risco maior em relação aos de raças Se os sinais de hipoglicemia leve se desenvolvem, o proprietário deve fornecer ao cão
puras. As seguintes raças têm maior risco: Australian Terrier, Schnauzer padrão, uma alimentação regular ou petiscos ricos em carboidratos. Pode ser necessário
Samoieda, Schnauzer miniatura, Fox Terrier, Keeshond, Bichon Frise, Finlandês Spitz, alimentar o cão com a mão para incentivá-lo a comer. Se o cão não quer ou não
Cairn Terrier, Poodle, Poodle Toy e Husky Siberiano. consegue comer, pode ser administrado oralmente um xarope contendo uma alta

Modificações nos nutrientes essenciais


concentração de glicose. Xaropes adequados são comercializados para utilização em
seres humanos diabéticos e todos os proprietários de cães diabéticos devem mantê-los
O conteúdo total de carboidratos da dieta é o principal determinante da resposta em reserva. Quando o cão se recupera, deve ser imediatamente oferecida uma refeição
glicêmica dos alimentos comerciais típicos para cães e, portanto, é recomendada uma com o alimento habitual, e, em seguida, o proprietário deve entrar em contato com o
dieta moderada em carboidratos (<30% da energia metabolizável [EM]); além disso, médico veterinário antes da seguinte injeção de insulina. Quando um cão diabético não
as refeições devem ter um teor de carboidratos uniforme. A declaração dos níveis de come o alimento que acompanha a dose, deve-se administrar a metade da dose usual
garantia em alimentos para animais de estimação não fornece informações sobre o de insulina.
conteúdo de carboidratos dos alimentos, por isso deve ser auferida (ver Anexo III). n Petiscos – A alimentação feita através de refeições uniformes em horários fixos
As fontes de carboidratos com baixo índice glicêmico são provavelmente preferíveis; todos os dias é um aspecto importante do tratamento; deve-se incentivar o
fontes recomendadas incluem sorgo e cevada. É improvável que o arroz seja uma fonte cumprimento pelo proprietário. Se são oferecidos petiscos, devem ser consumidos
ideal de carboidratos. Devem ser excluídas dietas com xarope de milho. durante o período de pico esperado da insulina exógena. Deve-se evitar petiscos
Embora vários estudos indiquem que as dietas ricas em fibras, em comparação com ricos em açúcar ou gordura.
dietas pobres em fibras, poderiam ser associadas a um melhor controle glicêmico, não n Dicas para aumentar a palatabilidade – A maioria dos cães diabéticos consumirá
há uma clara demonstração de benefício clínico para cães diabéticos, quando são facilmente refeições duas vezes por dia após as injeções de insulina se as refeições são
alimentados com uma fórmula com alto teor de fibras em comparação com uma dieta altamente palatáveis e contêm metade das necessidades calóricas diárias. Para os animais
de manutenção típica para adultos com teor de fibra moderado (30-40 g/1000 kcal). mais exigentes, os alimentos devem ser fornecidos no momento em que a insulina é
Recomenda-se a restrição de gordura na dieta (<30% de EM) para cães diabéticos administrada e permanecer disponível até o final do período esperado de atividade
com pancreatite crônica simultânea ou hipertrigliceridemia persistente. máxima da insulina exógena. Cães diabéticos são mais propensos a aceitar facilmente
Normalmente, as exigências nutricionais para doenças concomitantes prevalecem uma dieta semelhante a que comiam antes do diagnóstico do diabetes. Não devem ser
sobre as de diabetes mellitus. usados alimentos ricos em açúcar ou gordura para melhorar a palatabilidade dos
alimentos prescritos para cães diabéticos. Um exemplo de uma alternativa adequada é
o caldo morno de frango com baixo teor de gorduras.

28
n Recomendações para a dieta – As dietas para manutenção de cães adultos Estratégias para o manejo das interações
formuladas com carboidratos e teor de fibra moderados serão as apropriadas para a medicamentosas
maioria dos cães diabéticos. Deve-se dar aos cães diabéticos com pancreatite crônica
O exercício pode estar associado a um aumento do risco de hipoglicemia no caso de
concomitante ou hipertrigliceridemia persistente, uma dieta com restrição de gordura.
cães diabéticos tratados com insulina. Isto pode ser resolvido através da redução da
Dietas restritas em gordura e rica em fibras não devem ser rotineiramente
dose de insulina e/ou aumentando a oferta de alimentos antes do exercício. Deve-se
recomendadas para cães diabéticos com estado físico magro. Cães diabéticos mais bem
personalizar as estratégias de tratamento para cada cão em particular.
tratados necessitam de uma quantidade de alimento diário similar aos cães saudáveis
Controle
não-diabéticos com idade, sexo e estilo de vida similares. Cães diabéticos com
diminuição da função pancreática exócrina têm necessidades calóricas mais elevadas em
comparação com cães saudáveis. Um dos principais sinais clínicos do diabetes mellitus não tratado é a perda de peso e
baixa no escore de condição corporal, apesar da polifagia. Ao instituir um tratamento
Pontos para a educação do proprietário médico e nutricional adequado, a perda de peso geralmente para antes de atingir o
controle glicêmico ideal. Portanto, é importante controlar tanto o peso quanto o escore
• A alimentação uniforme em horas fixas diariamente é crucial para o sucesso no
de condição corporal a cada nova avaliação. O controle glicêmico é usado para avaliar
tratamento do diabetes em cães. O ideal é que todas as refeições
a resposta ao regime da dieta e da insulina. A concentração de triglicérides no sangue
contenham os mesmos ingredientes e conteúdo calórico.
em jejum pode ser controlada para identificar hipertrigliceridemia persistente, e para
• O momento das refeições deve coincidir com o momento das injeções de insulina.
controlar a resposta a uma alimentação com uma dieta restrita de gorduras. O
• Não se pode exagerar na importância de evitar uma overdose de insulina. Se
tratamento com insulina exógena resolverá a hipertrigliceridemia em alguns cães
alguma insulina é derramada durante a injeção, o proprietário nunca deve fornecer
diabéticos, enquanto outros necessitarão da restrição de gorduras na dieta, além do
mais, até mesmo se parecer que o cão não recebeu nenhuma insulina. Se alguma vez
tratamento com insulina. Deve-se recomendar a restrição de gordura na dieta (<30%
o proprietário estava hesitante, a opção mais segura é não aplicar a injeção, uma vez
EM) para todos os cães diabéticos com uma concentração de triglicérides séricos em
que as consequências da falta de uma dose única são insignificantes.
jejum> 500 mg/dL devido à associação com a pancreatite. No caso dos cães diabéticos
• Os proprietários devem estar cientes das estratégias nutricionais para o tratamento
com bom controle glicêmico, recomenda-se restrição de gordura na dieta (<30% EM),
da hipoglicemia, como acima descrito.
se a concentração de triglicérides no soro em jejum for > 400 mg/dL. Espera-se que os
• Os proprietários devem procurar orientação de um veterinário sempre que um cão
níveis de triglicérides em jejum declinem em resposta à restrição de gorduras da dieta.
diabético mostre falta de apetite ou anorexia, porque existe um risco aumentado
Portanto, se a concentração de triglicérides no soro em jejum for > 400 mg/dl quando
de hipoglicemia se a insulina é dada quando o cão não come.
o cão estiver sendo alimentado com uma dieta com <30% de gordura EM, então

Comorbidades comuns
recomenda-se uma maior restrição de ingestão de gordura (<20 % MS). Se a perda de
peso corporal continua apesar do controle glicêmico adequado, recomenda-se testar
A infecção do trato urinário, pancreatite, hiperadrenocorticismo, dermatite, otite a concentração da imunorreatividade semelhante à da tripsina canina (cIST) para
externa e insuficiência pancreática exócrina são doenças comuns que ocorrem em cães avaliar a função pancreática exócrina.
com diabetes mellitus, bem como o diestro, piometra e obesidade nas fêmeas diabéticas
não castradas.

Manejo nutricional do diabetes mellitus em cães


O cão tem apetite normal ou aumentado O cão tem menos apetite

Tratar complicações clínicas e ou comorbidades

1. Implementar um regime de alimentação de duas vezes por dia. Cada refeição deve conter metade das necessidades calóricas diárias [kcal calculada como 55 x (estimativa de peso corporal
ideal em kg) 0,75] e oferecida no momento que coincide com as injeções de insulina. É importante que as refeições sejam uniformes e não variem de uma para outra.
2. Escolha uma dieta que seja altamente palatável para esse cão especial, completa e equilibrada, e formulada para a manutenção de cães adultos com conteúdo moderado de fibra (30-40
g/1000 kcal) e carboidratos (<30% EM).
3. Se houver histórico ou evidência clínica de pancreatite concomitante, considerar a recomendação de também restringir a gordura dietética (<30% MS).

O cão perde peso corporal e condição física (ECC) O cão apresenta peso corporal e condição física (ECC) estável O cão aumenta seu peso corporal e condição física (ECC)

Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle da glicemia Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle de glicose
da glicose no sangue e aumentar a ingestão de no sangue e reduzir a ingestão calórica em cada refeição
calorias em cada refeição
O cão apresenta um estado físico magro O cão apresenta sobrepeso

Se a perda de peso continua, apesar Aumentar a ingestão de calorias a cada refeição Diminuir a ingestão de calorias a cada alimentação
do bom controle glicêmico, conside-
rar a avaliação da função pancreá-
tica exócrina medindo o cIST O cão apresenta o corpo na condição ideal

29
Diabetes mellitus - Gatos
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD
diabético durante menos de um ano. A probabilidade de remissão é baixa, no caso

Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN


de gatos que estiveram diabéticos durante mais de um ano.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


Definição
No diabetes mellitusdos gatos, a hiperglicemia ocorre devido à secreção inadequada Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
de insulina pelas células beta do pâncreas. A resistência periférica à insulina

Proteína 40–60 10–17 26 6.5


secundária ao genótipo, à obesidade, à inatividade física, a doenças ou a
medicamentos é muitas vezes um fator predisponente.
Carboidrato 0–20 0–5 n/d n/d
Ferramentas de diagnóstico essenciais Gordura 10–35 3–7 9 2.3
Hiperglicemia persistente é indicativa de diabetes mellitus. Sinais clínicos
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
simultâneos de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso são comuns
e apoiam o diagnóstico de diabetes. A glicosúria e a cetonemia ajudam a como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como gr. ou mg por 100 kcal de
confirmar o diagnóstico; no entanto, nem todos os gatos são cetonúricos ou energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
cetonêmicos. Se a concentração de glicose no sangue é apenas moderadamente
elevada (200-300 mg/dL; 12 a 17 mmol/L), a hiperglicemia persistente deve Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
ser documentada em duas ou três amostras de sangue coletadas

Princípios da alimentação coadjuvante


consecutivamente, com pelo menos 4 horas de intervalo durante 1 a 2 dias, para
eliminar a hiperglicemia induzida por estresse. As concentrações de frutosamina
≥ 400-500 µmol/L estão apoiando o diabetes, enquanto aquelas superiores a
Os objetivos do tratamento do diabetes em gatos são prevenir a hipoglicemia
500 µmol/L estão altamente associadas com o diabetes.
induzida por insulina e otimizar a possibilidade de alcançar a remissão ao minimizar

Fisiopatologia
a hiperglicemia. Geralmente é recomendada para gatos diabéticos a alimentação
duas vezes por dia no momento das injeções de insulina, embora seja aceitável
Acredita-se que mais de 80% dos gatos têm diabetes mellitus tipo 2, que é uma fornecer alimentos em porções menores com mais frequência. O período pós-
consequência da falha das células beta que ocorre secundariamente à demanda prandial dos gatos é muito longo e a glicose no sangue permanece elevada por mais
prolongada de maior secreção de insulina como resultado da resistência de 14 horas após uma refeição com 50% a 100% das necessidades diárias de energia.
periférica à insulina. Com o tempo, isso prejudica as células beta e a secreção de Fornecer alimento com baixo teor de CHO está associado a maiores taxas de
insulina se deteriora. Os demais casos estão associados a outros tipos específicos remissão em gatos diabéticos recém diagnosticados, em comparação com o
de diabetes, tais como câncer de pâncreas, pancreatite, hiperadrenocorticismo fornecimento de alimentos ricos em fibras. Portanto, deve ser oferecido um alimento
ou acromegalia, os quais, ou destroem diretamente as células beta ou provocam de baixo teor de CHO a gatos diabéticos recém diagnosticados e a todos os gatos
uma forte resistência à insulina. Uma vez que a glicose no sangue aumenta, a diabéticos em remissão. No momento da mudança para uma dieta com maior valor
secreção de insulina é suprimida e danifica as células beta (chamado de CHO, foi constatada uma recaída no animais. No entanto, o controle da glicose
glicotoxicidade). A maioria dos gatos é dependente de insulina no momento do não é significativamente diferente em gatos que permanecem dependentes de
diagnóstico; no entanto, dependendo da causa subjacente e da duração do insulina quando eles são alimentados com uma dieta rica em fibras e em CHO em
diabetes e do tratamento, entre 20% e 90% dos gatos diabéticos podem deixar vez de uma dieta com baixo teor de CHO, embora a dose de insulina geralmente
de ser dependentes de insulina (denominado remissão). seja menor naqueles que comem alimentos de baixo teor em CHO. O tratamento

Predisposição
dietético das comorbidades também deve ser considerado quando se escolhe a dieta
para o paciente diabético.
Em geral, os gatos com diabetes são de idade avançada, sendo o auge do início entre O sobrepeso e a obesidade estão associados à resistência à insulina, portanto, manter
10 e 13 anos. Os gatos que estão com sobrepeso ou obesos, castrados, machos e de ou atingir um peso corporal ideal é importante para facilitar a remissão dos gatos
raças domésticas estão no grupo de risco mais elevado. Nos Estados Unidos, a raça diabéticos. Os gatos com sobrepeso ou obesos devem ser alimentados com
Maine Coon, os gatos domésticos de pelos longos, a raça Russo Azul, e a Siamesa quantidades restritas de uma dieta de baixa densidade calórica (gordura) com uma
estão amplamente representados, enquanto que os gatos da raça Birmanês são quatro quantidade mínima de CHO possível (<20% de MS). * O consumo de energia tem
vezes mais propensos a ser diabéticos na Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido de ser restrito, para produzir de 1% a 2% de perda de peso corporal por semana,
em comparação com os gatos domésticos. embora se consiga normalmente 0,3 - 0,5%/semana.

Modificações nos nutrientes essenciais


Gatos com indicadores de leve a moderada hipoglicemia, tais como fraqueza,
tremores e sem equilíbrio, que ainda possam comer, deverão ser alimentados
Dietas pobres em carboidratos (CHO) solúveis (<20% em matéria seca [MS]; imediatamente com uma dieta "intestinal" palatável, altamente digestível, rica em
<15% de energia metabolizável) são consideradas superiores para tratar diabetes e CHO e pobre em fibras. Se os indicadores forem graves, como convulsões ou coma,
são comprovadamente efetivas no tratamento do diabetes em gatos. Entre os grãos pode ser aplicado nas gengivas um xarope de glicose projetado para seres humanos
sugeridos por ter um índice glicêmico inferior em gatos se incluem o milho, o sorgo, diabéticos e os proprietários deverão procurar imediatamente cuidados veterinários.
a aveia e a cevada. Ao limitar os carboidratos na dieta, a glicose no sangue é mantida n Petiscos – É importante manter uma ingestão constante e de baixo teor de CHO;
principalmente a partir da gliconeogênese hepática e as flutuações dos níveis de evite os petiscos ricos em CHO. Os exemplos adequados incluem porções da ração
glicose no sangue após uma refeição são minimizadas. Os gatos diabéticos com habitual do gato baixa em CHO ou petiscos de carne ou peixe cozidos em casa, com
diagnostico recente geralmente são mais saudáveis com uma dieta baixa em CHO conteúdo de gorduras e proteínas (alto ou baixo) adequados para as comorbidades.
e rica em proteínas. Os gatos necessitam de proteínas (≥ 30% MS e > 85% digestível)
de alto valor biológico (ovo, carne, fígado). Conseguir a remissão do diabetes é uma a O CHO solúvel (principalmente amido) é medido e documentado como extrato

vantagem para estes gatos e é um objetivo importante para qualquer gato que foi não nitrogenado (ENN), enquanto que o CHO como fibra documenta-se como
fibra bruta.

30
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A transição para passar da dieta habitual alimento seco devido ao teor de água, embora os alimentos enlatados normalmente
a uma dieta adequada para o diabético deve durar entre 5 a 14 dias; pode ser contenham mais gordura do que a sua versão seca.
necessário um período mais longo no caso de gatos que são mais resistentes a Em gatos com doença renal (IRIS 2), há a necessidade de tentar uma dieta baixa em
mudanças. A palatabilidade do alimento geralmente aumenta junto com a CHO (<15% MS) já que a azotemia melhora em muitos gatos com um melhor
temperatura, a água e os nutrientes (gorduras, proteínas e sal). Aquecer o alimento controle glicêmico. Se a azotemia piora, estes gatos podem utilizar uma dieta com
no microondas ou amornar ligeiramente a comida úmida, adicionar o caldo morno CHO (30-40% MS), proteínas (35-40% MS) e fósforo (<1% MS). Os gatos com
de frango ou carne bovina (+/- sódio) ou adicionar a água ou o óleo dos peixes doença renal avançada (IRIS 3 ou 4), com indicadores sistêmicos associados com
enlatados (sardinha, atum, cavala), se for apropriado para melhorar o sabor. azotemia possuem melhores resultados com uma dieta restrita em proteínas (CHO
n Recomendações para a dieta – Os valores dos nutrientes das dietas com baixo <30% de MS, proteína ~30% MS, gorduras ~30% MS e fósforo <1% MS) com
teor de CHO recomendados para gatos diabéticos são <20% de CHO, 40% a 60% agentes quelantes de fosfato para controlar ainda mais as concentrações de fosfato
de proteína e 10% a 35% de gorduras em MS. Os gatos devem ser alimentados para no plasma junto com a acarbose para reduzir a absorção de glicose do trato
manter ou atingir o peso corporal ideal. Normalmente, alimentos enlatados são mais gastrointestinal. As dietas caseiras que controlam o CHO, as proteínas e restrinjam
palatáveis, contêm mais água e gordura, e menos CHO que a partícula seca; ainda o fósforo são também uma opção para alguns animais.
assim, facilitam a perda de peso em alguns gatos com sobrepeso ou obesos. Outras doenças comuns em gatos diabéticos são a pancreatite ou o câncer

Pontos para a educação do proprietário


(adenocarcinoma); cistite e infecções bacterianas do trato urinário; hiperlipidemias
(mudar para um alimento para diabéticos com menor conteúdo de gorduras e baixo
• Fornecer as refeições no momento da injeção de insulina com intervalos de 12 conteúdo de CHO); endocrinopatias (hiperadrenocorticismo, acromegalia,
horas. Recomenda-se que apenas alimentos projetados para gatos diabéticos hipertireoidismo); doença induzidas por medicamentos (glicocorticoides,
sejam fornecidos, e que o alimento seja obtido a partir de uma fonte confiável progestógenos); e hiperglicemia induzida pelo estresse associado com a doença
para garantir o controle de qualidade e consistência do produto. (tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que esteja resolvido).

Estratégias para o manejo das interações


• Os gatos podem se tornar não dependentes de insulina (remissão), portanto, é

medicamentosas
essencial controlá-los rigorosamente.
• Os gatos com indicadores leve a moderado de hipoglicemia, tais como fraqueza,
tremores e falta de coordenação motora, que ainda possam comer, devem Os corticosteroides predispõem o diabetes sendo importante evitar repetidas
ser alimentados imediatamente com uma dieta "intestinal" palatável, altamente injeções deste fármaco de ação prolongada em gatos diabéticos ou gatos em remissão.
digestível com alto teor de CHO e pobre em fibras. Se os indicadores forem graves, Da mesma forma, os progestógenos, tais como acetato de megestrol, diminuem a
como convulsões ou coma, pode ser aplicado nas gengivas um xarope de glicose sensibilidade à insulina e predispõem para o diabetes.
concebido para os seres humanos diabéticos e os proprietários devem procurar
imediatamente assistência veterinária.
Controle
Comorbidades comuns
As concentrações de glicose no sangue têm de ser monitoradas para determinar o
nível de controle da glicose e a dose apropriada de insulina. A glicose no sangue é
Ao reduzir a porção de CHO, as proteínas, gorduras, fibras e algumas combinações melhor controlada em casa, utilizando um medidor portátil de glicose, de preferência
da dieta devem aumentar para compensar a diferença. As dietas baixas em CHO um que esteja calibrado para o sangue dos gatos. Quando isto não for possível, é útil
com diferentes níveis de gorduras, proteínas e fibras são úteis para fornecer uma para o monitoramento doméstico, a concentração de glicose e cetona na urina. A
grande variedade de escolhas de dietas, dependendo das comorbidades de cada caso insulina exógena é administrada com uma dieta baixa em CHO e de alto conteúdo
particular. Gatos diabéticos, com baixo peso, deverão ser alimentados com dietas de proteínas (preferencialmente) para controlar as concentrações de glicose no
que tenham CHO (<20% de MS), proteínas (~ 55% de MS), baixo teor de fibras sangue, e é ajustada em conformidade para manter a concentração de glicose o mais
(1% MS), elevado teor de gorduras (20-30% de MS) e densidade de energia (4 - 5 próximo do normal, evitando a hipoglicemia. Controlar o peso corporal e modificar
kcal/g MS de energia metabolizável [EM]). Os gatos obesos ou com sobrepeso a ingestão de energia para atingir o peso ideal.
podem ser tratados através da restrição da quantidade total de energia (como
gordura) do alimento. A sensibilidade à insulina deve melhorar com a perda de Ver Manejo nutricional do diabetes mellitus em gatos na página 32.
gordura corporal. Os gatos diabéticos obesos ou com sobrepeso tem melhores
resultados com dietas com CHO (<20% MS), teor de fibra moderado (10-15%
MS), baixo teor de gorduras (~ 10% MS) e densidade de energia (3-3,5 kcal/g MS
EM). A alimentação por dietas úmidas pode satisfazer alguns gatos mais do que o

31
Manejo nutricional do diabetes mellitus em gatos

Diagnóstico de diabetes mellitus: glicose sanguínea persistentemente ≥215 mg/dL (12 mmol/L)

Glicose no sangue 215 – 250 mg/dL (12 – Glicose no sangue 270 – 340 mg/dL (15 – 19
Glicose no sangue >360 mg/dL (>20
14 mmol/L) em 3 – 4 ocasiões com 4 horas mmol/L) em 2 ocasiões com 4 horas como
mmol/L) e sinais clínicos de poliúria,
como intervalo mínimo durante 2 dias intervalo mínimo e sinais clínicos de poliúria,
polidipsia e perda de peso
polidipsia e perda de peso

Alimentar com uma dieta com baixo Alimentar com uma dieta com baixo carboidrato Alimentar com uma dieta com baixo carboidrato
carboidrato (<20% MS) projetado para (<20% MS) formulada para gatos diabéticos. (<20% MS) projetado para gatos diabéticos.
gatos diabéticos. Proporcionar um Proporcionar um consumo de energia para alcançar Fornecer o consumo de energia para alcançar ou
consumo de energia para alcançar ou ou manter o peso corporal ideal. Começar com a manter o peso corporal ideal. Começar com insulina
manter o peso corporal ideal. insulina glargina ou detemir 1 U/gato duas vezes glargina 0,25 – 0,5 U/kg ou detemir (0,25 U/kg)
por dia (BID). do peso corporal ideal duas vezes por dia (BID)

Glicose no sangue
Glicose no sangue continua sendo 215 – Controle de glicose no sangue com medições em série no lar. Medição de glicose no sangue antes da injeção de insulina e a
foi normalizada 250 mg/dL (12 – 14 cada 3 - 4 horas até a próxima insulina. Ao longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da
mmol/L) concentração de glicose no plasma 70-120 mg/dL (4-7 mmol/L). * Continuar alimentando com uma dieta com baixo con-
teúdo de carboidratos e modificar a ingestão de energia para alcançar ou manter o peso corporal ideal.

Começar com a insulina glargina ou detemir 0,5


U/gato uma vez por dia ou em dias alternados Glicose no sangue anterior à insulina permanece <215 mg/dL (<12 mmol/L), reduzir a dose
(EOD) e aumentar ou diminuir para manter a gli- a cada 1 - 2 semanas até que a doses seja 0,5 U/gato uma vez por dia.
cose plasmática no ponto mais baixo 70-120
mg/dl (4-7 mmol/L) *

Começar novamente com a insulina Glicose no sangue anterior a insulina permanece em <215 mg/dL (<12 mmol/L),
durante um mínimo de 2 semanas e a dose é de 0,5 U/gato uma vez por dia.

Glicose no sangue aumenta >215


Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta com baixo conteúdo de carboidratos.
mg/dL (>12 mmol/L)

A glicose no sangue permanece <215 mg/dL (12 mmol/L) por 2 semanas = não dependente de insulina
(Remissão de diabetes). Continuar alimentando com dieta baixa em carboidratos.

* Medido com um medidor de glicose calibrado para o sangue dos gatos ou um analisador químico do soro;
medidores calibrados para o sangue humano medem 18 - 36 mg/dl (1 - 2 mmol/L) inferior à concentração
real de glicose no sangue.

32
Sobrepeso/Obesidade - Cães
Sean J. Delaney, DVM, MS, DACVN Princípios da alimentação coadjuvante
Definição
A justificativa para proporcionar uma dieta com menor densidade de energia obtida
com mais fibras e água é que leva à saciedade por preenchimento gástrico; o maior
A obesidade, definida como o acúmulo excessivo e armazenamento de tecido adiposo, volume pode ser mais aceitável para o animal. O raciocínio para aumentar nutrientes
é comum em cães, afeta mais de um terço deles1, e é a doença nutricional número um essenciais por quilocaloria é que a restrição calórica, sem manter simultaneamente a
diagnosticada por médicos veterinários. No sistema de Pontuação de escore de quantidade de nutrientes essenciais que é fornecida, pode causar deficiências; tais
condição corporal da Nestlé® PURINA® de nove pontos (ver Apêndice I), os cães deficiências podem frequentemente ser reconhecidas na má qualidade da pelagem
com uma pontuação de escore de condição corporal (ECC) de 6 ou mais são durante a perda de peso.
considerados cães acima do peso com uma pontuação de 8 ou mais são obesos e Deve-se fornecer uma alimentação com menos calorias do que o necessário: ou com
aqueles com uma pontuação de 9 são obesos mórbidos. 80% das calorias atuais se puder ser determinada com precisão pelo histórico alimentar

Ferramentas de diagnóstico e exames


(ver Apêndice II) ou calculando as necessidades energéticas em repouso (RER) do cão

complementares
com base no peso atual:
RER = 70 x peso em kg00.75
A pontuação de escore de condição corporal usa ambos os parâmetros visuais e táteis
para atribuir um valor numérico com o grau de adiposidade do paciente. Uma vez que (ver Apêndice III para encontrar equações úteis na nutrição clínica). Modificar a
o resultado do escore de condição corporal pode ser facilmente explicado aos quantidade de alimentos com base no peso a cada 2 semanas, com o objetivo de perder
proprietários, é uma ferramenta eficaz para aumentar a conscientização sobre o grau 1% a 2% de peso corporal por semana; uma perda de peso mais rápida diminui a
de sobrepeso ou obesidade dos cães. Antes de submeter um paciente a um plano de massa muscular, reduz a conformidade e aumenta o risco de efeito sanfona no peso.
perda de peso, recomenda-se a realização de um exame físico, análise completa de Se o cão está ganhando peso nesta dieta, verificar a conformidade e reduzir todas as
sangue e o perfil bioquímico para descartar qualquer doença subjacente, quantidades em 20%. Se o peso for estável, diminuir todas as quantidades em 10%.
especialmente hipotireoidismo. Se o cão está perdendo peso muito rápido, controlar a saúde geral e aumentar todas

Fisiopatologia
as quantidades fornecidas entre 10% e 20%.
Indicar um aumento simultâneo da atividade com brincadeiras ou caminhadas.
Habitualmente o ganho de peso ocorre gradualmente ao longo de muitos anos, como n Petiscos –Quando são fornecidos petiscos formulados para a perda de peso, deve-
um resultado da ingestão calórica excessiva e de um estilo de vida cada vez mais se escolher os que contenham menos de 30 kcal/petisco. Alguns petiscos saudáveis
sedentário, o que leva ao acúmulo de tecido adiposo. O hipotireoidismo, são vegetais e frutas com alto teor de umidade, tais como 3½ xícaras de abobrinha
hiperadrenocorticismo e a administração de glicocorticoides também podem levar cozida cortadas em rodelas (100,8 kcal), 20 mini cenouras cruas (105 kcal; evitar nos
a uma alimentação em excesso. cães com problemas urólitos de oxalato de cálcio), 2 xícaras de melão em cubos (108,8
kcal) ou 2 xícaras de maçãs descascadas cortadas (105,6 kcal). Carnes magras e com
Predisposição baixo teor de sódio, tais como ½ xícara de peito de frango em cubos ou picado (112
kcal) ou 42,5 gramas de costeleta de porco, apenas a carne, sem gordura e sem osso
A probabilidade de sobrepeso/obesidade aumenta com a idade e com a castração.
(99,5 kcal), também podem ser oferecidos como petiscos.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Os alimentos com maior teor de umidade
Algumas raças, incluindo Cocker Spaniel, Dachshund, Dálmata, Labrador
Retriever, Golden Retriever, Pastor Alemão e Rottweiler, apresentam maior risco.2
(enlatados ou de pacote) podem ter preferência ao alimento seco. O alimento seco
Modificações nos nutrientes essenciais
também pode ser umidecido em água ou caldo de carne sem sódio. Uma camada de
uma pequena quantidade de carne magra com baixo teor de sódio (ver Petiscos), não
Determinar as necessidades energéticas específicas de um cão é crucial para estabelecer superior a 10% das calorias diárias, pode ser adicionada ou misturada para evitar
um plano de perda de peso bem-sucedido. Em um cão, cujo peso é razoavelmente alimentação seletiva. Você pode misturar uma pequena quantidade de xarope no
estável, o consumo de energia pode ser o melhor indicador da exigência de energia real alimento fornecido sempre e quando não exceda 10% das calorias diárias (ex.: 1⅔
de um paciente, devido à grande variação individual (± 50% da necessidade calculada colher de sopa de xarope de milho, 100,7 kcal).
com base no peso corpóreo). Obter histórico alimentar preciso (ver Apêndice II) n Recomendações para a dieta –Recomenda-se uma dieta indistrializada formulada
pode permitir ao médico veterinário calcular as necessidades energéticas específicas para perda de peso ativo. A dieta deve possuir menos de 280 kcal/xícara ou menos de
do paciente. Uma vez que isto estiver estabelecido, a perda de peso pode ser alcançada 776 kcal/kg para uma estratégia de baixa densidade energética, e menos de 25% de
através da alimentação com menos calorias do que as necessárias para a estabilidade calorias provenientes de CHO para uma dieta com baixa densidade de carboidrato.
do peso. O ideal é que as dietas de perda de peso tenham baixa densidade de energia Evite alimentos que utilizem as palavras “light”, já que estes são para a prevenção do
e um aumento de nutrientes essenciais por quilocaloria. Ver Princípios da ganho de peso e não para perda de peso ativo; os alimentos “light” não contêm muitos
alimentação coadjuvante para encontrar estratégias mais detalhadas. nutrientes essenciais por quilocaloria como os alimentos projetados para perda de
Valores recomendados de nutrientes essenciais peso. As receitas caseiras geralmente não são necessárias para os pacientes que
necessitam perder peso, e nem são recomendadas. Sua maior digestibilidade e
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal palatabilidade pode ser ineficiente na perda de peso.
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 25–50 10–20 18 5.1
Gordura 5–15 2–3.5 5 1.4
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender às
necessidades normais, de acordo com a restrição de calorias.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

33 33
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Os cães têm uma grande variação na necessidade de consumo de energia individual medicamentosas
(± 50%). Muitas vezes, os pacientes obesos são muito eficazes no uso das calorias. Comorbidades que provocam a perda de apetite devem ser o foco principal da terapia
Historicamente, quando a comida era escassa, a eficiência era uma característica nutricional para prevenir a perda de peso não intencional devida a uma doença que
desejável mas no momento a eficácia em um ambiente de alimento abundante está sendo ignorada e atribuída ao regime de perda de peso.

Controle
leva mais facilmente ao aumento de peso.
• A fase inicial de um plano para perda de peso é determinar a eficácia do cão.
Portanto, é importante alimentar com a quantidade especificada e é crucial Pesar novamente o cão a cada 2 semanas e alterar a quantidade de alimentos (ver
desenhar o plano com base nas mensurações de peso; inicialmente, espera-se que Princípios da alimentação coadjuvante). O objetivo da taxa de perda de peso é de 1%
as taxas de perda de peso sejam imperfeitas. a 2% de peso corporal por semana. Se for esperado que uma comorbidade melhore
• O objetivo de um plano de perda de peso é uma melhor qualidade de vida.3 com a perda de peso, verificar se está correta e oferecer um reforço positivo. Se um cão
com sobrepeso e artrite está mais ativo depois de alguma perda de peso inicial,

Comorbidades comuns
parabenize o proprietário e lembre-o de que isso é devido à perda de peso.

Aosteoartriteé comum em cães com excesso de peso e obesos; as doenças articulares Ver Manejo nutricional do sobrepeso/obesidade nos cães na página 35.
são tratadas com medicamentos e perda de peso. Considere o manejo nutricional das
doenças das articulações depois de ter alcançado a perda de peso. Se necessário, você
pode considerar a suplementação com condroprotetores e/ou óleo de peixe para a
dieta formulada para perda de peso. No caso de colapso de traqueia, síndrome do
braquicéfalo ou paralisia da laringe, tentar maximizar a taxa de perda de peso de
2% de peso corporal por semana, especialmente se a perda de peso necessária pode
ser conseguida antes da chegada de temperaturas sazonais mais quentes. Em cães com
diabetes mellitus a perda de peso pode fornecer um melhor controle glicêmico.

34 34
Manejo nutricional do sobrepeso/obesidade nos cães

O paciente tem uma pontuação do escore de condição corporal (ECC) > 5 dos 9 pontos?

Não.
Sim.
Registrar o ECC e pedir ao proprietário que
Falar sobre o impacto do sobrepeso/obesidade sobre a saúde.
a mantenha. Verificar novamente o ECC na
Marcar uma consulta para perda de peso e descartar doenças subjacentes.
próxima consulta.

Não marcou a consulta para a perda de peso ou Consulta para a perda de peso.
não compareceu. Ligar e tentar marcar uma nova Pesar de novo e fazer uma nova pontuação. Confirmar que não
consulta.Se continuar indiferente, verificar a ECC existe(m) doença(s) subjacente(s).
na próxima consulta. Existem registros dietéticos precisos e completos disponíveis?

OU OU

Não. Tentar conseguir os antecedentes dietéticos, se


Sim. Calcule a ingestão calórica atual. O paciente
não for possível, definir a quantidade inicial de restrição
manteve o peso de forma estável durante pelo menos
calórica com base no peso atual.
um mês com a alimentação atual?
Para cães: kcal/dia = 70 x (PC em kg) 0,75

Não. Alimentar com 80% do consumo da ingestão Sim. Alimentar com 80% da ingestão calórica atual.
atual ou com base no peso atual com o objetivo da
estabilidade no peso após a perda de peso (a não
ser que já esteja perdendo peso)
Criar um plano para perder peso.
Escolher alimentos e petiscos. Decidir sobre a taxa
de perda de peso desejado. Marcar consulta para
a próxima pesagem.

Acompanhamento do caso. Se tiver novo plano,


entre em contato 3-5 dias após do início para verificar
como funciona.

Não. Perdeu peso muito rápido: Pesagem. O paciente está perdendo peso na taxa
Verifique se há doença(s) subjacente(s). desejada? (Ou, se o objetivo for a estabilidade,
Se estiver saudável, aumentar o volume do alimento 10-20%. este é estável?)
Perdeu peso lentamente ou aumentou:
Verifique se há doença(s) subjacente(s) e a conformidade.
Se está saudável e cumpriu, diminuir o volume
do alimento 10-20%. Sim. Se não atingiu o objetivo do ECC, continuar com o
Agendar consulta para a próxima pesagem. plano e o nível atual de restrição.
OU
Se alcançou o objetivo do ECC, suspender e alimentar
com uma quantidade para manter ECC.

35
Sobrepeso/Obesidade - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Princípios da alimentação coadjuvantes
Definição
Embora seja a restrição calórica a que provoca perda de peso, é importante evitar
a restrição excessiva de nutrientes essenciais. Por isso, deve-se considerar um
A obesidadeé definida qualitativamente como um excesso de gordura corporal suficiente produto com baixo teor calórico com maior relação nutriente/caloria. Também
para contribuir para a doença. Gatos com excesso de peso (pontuação de escore de é importante promover a perda de peso, minimizando a perda de tecido magro,
condição corporal [ECC] 6 ou 7/9) têm 25% e 30% de gordura corporal, que é influenciada pela composição da dieta. A maioria dos alimentos disponíveis
respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35% de gordura, enquanto os gatos contém de 40% a 50% de calorias provenientes de proteínas e de 25% a 40% de
obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de gordura (ver Apêndice I para mais calorias provenientes de gorduras.
informações sobre a pontuação do escore de condição corporal). Os métodos tradicionais de gestão de peso têm utilizado alimentos pobres em gorduras

Ferramentas de diagnóstico e exames


e ricos em fibras para reduzir a ingestão calórica e o peso corporal, tentando manter a

complementares
saciedade. No entanto, têm sido usados com sucesso vários perfis nutricionais diferentes
para a perda de peso em gatos: 1) alimentos em partículas com baixo teor de gorduras
O peso corporal, os antecedentes do peso corporal (Apêndice II) e o ECC estimam o e fibras; 2) alimentos em partículas e enlatados com baixo teor de gorduras e ricos em
grau de excesso de gordura corporal. A pontuação do escore de condição corporal é fibras; 3) alimentos em partículas e enlatados com elevado teor de gorduras, baixo teor
realizada visualmente e pela palpação. Os exames de sangue e urina de rotina são de carboidratos e moderado teor de fibras; e 4) alimentos em partículas ricos em
realizados para descartar doenças concomitantes e suas causas. proteínas, baixo teor de gorduras e moderados conteúdos de fibras. Todas as estratégias

Fisiopatologia
de dietas demonstraram reduções significativas no peso e gordura corporal, com perda
insignificante de massa corporal magra quando fornecidas para gatos obesos.
Na ausência de uma doença endócrina ou metabólica, a obesidade em animais de Os gatos com excesso de peso devem fazer a transição para alimentos para perder peso
estimação é uma doença iatrogênica, pois a ingestão diária de energia para manutenção durante um período de 5-10 dias. Se possível, deve-se dar ao gato uma refeição alimentar
excede o gasto energético diário. As necessidades de energia para manutenção (NEM) dividida em várias (3-6) porções por dia. Fornecer refeições longe de outros animais de
da maioria dos gatos castrados que vivem na casa são aproximadamente NEM = 85 x estimação e de pessoas na casa é fundamental para o sucesso do programa de perda de
peso. Pesar o gato mensalmente e comparar com o peso corporal ideal estimado.
n Petiscos –A maioria dos proprietários valoriza uma porção de petiscos de 20 a 25
(PC em kg) elevado (ver Apêndice III). No caso dos gatos com sobrepeso ou obesos,
os antecedentes da ingestão diária de alimentos mostram um excesso crônico de calorias.
kcal por dia. Os petiscos deverão ser limitados a opções baixas em calorias, como
Predisposição
legumes e frutas, que inicialmente podem ser rejeitados pelo gato até que comece a
perder de peso. Podem ser usados como petiscos entre as refeições partículas de iguais
A maioria dos gatos com sobrepeso ou obesos se encontra entre 2 e 15 anos de idade,
ou diferentes alimentos para perda de peso em gatos ou alimento para a saúde
com uma maior prevalência entre 5 e 10 anos, castrados e alojados principalmente den-
dentária dos gatos. Todos os petiscos oferecidos devem ser contabilizados como
tro de casa. Gatos de raças mistas são mais propensos a ter excesso de peso ou a ser obe-
parte de sua ingestão calórica diária e a quantidade de alimento por dia deve ser
sos do que gatos de raça pura.
reduzida, consequentemente.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Raramente os gatos não comerão a porção
Modificações nos nutrientes essenciais total do alimento para perder peso se a restrição calórica estiver em ordem. Se houver uma
A mudança necessária nos nutrientes consiste em uma redução de calorias, sem restringir rejeição da dieta para perder peso, deve-se considerar a mudança da forma da dieta
os demais nutrientes não energéticos, a menos que seja necessário para satisfazer as (partícula seca vs. enlatado) em uma forma que o gato prefira. Os gatos sentem
comorbidades. Uma grande variedade de alimentos coadjuvantes tem sido usada nos preferência por textura e consistência dos alimentos. Deve-se também considerar a
últimos 20 anos para o tratamento da obesidade em gatos. Tradicionalmente, os utilização de um alimento com elevado teor de proteínas e baixo teor calórico para a
métodos de gestão do peso incluem o uso de alimentos de baixo teor em gorduras e perda de peso, dado que os gatos possuem receptores específicos para o sabor das
ricos em fibras para reduzir a ingestão calórica e o peso corporal, mantendo a saciedade. proteínas de origem animal.
Há grande variação no teor de fibras (solúveis e insolúveis) entre os alimentos para perder n Recomendações para a dieta – A perda de peso começa quando os gatos são
peso em gatos. Um maior teor de proteínas na dieta parece promover a perda de peso e alimentados com 50% a 75% de calorias NEM do peso ideal por dia, utilizando uma
reduzir a perda de massa corporal magra durante a perda de peso em gatos. Os alimentos das muitas dietas coadjuvantes para a perda de peso em gatos. A taxa estimada de
com adição de L-carnitina podem colaborar com a perda de gordura, dependendo do perda de peso é de cerca de 1% por semana. A perda de peso constante pode exigir uma
nível de proteínas na dieta. Novos conceitos na perda de peso em gatos incluem o uso alimentação de 200 kcal por dia ou menos, à medida que o gato se aproxime de seu
de alimentos ricos em proteínas e pobres em carboidratos. peso corporal ideal. Deve-se medir o alimento e é interessante manter um diário

Valores recomendados de nutrientes essenciais


alimentar dia a dia.

Pontos para a educação do proprietário


Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal • Os proprietários de gatos têm indicado que a comida de gato é um fator positivo
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* importante na sua relação com o animal de estimação, embora a maioria não tenha
Proteína 40–60 10–18 26 6.5 notado seu gato com sobrepeso. O proprietário deve ser capaz e estar disposto a
Gordura 8–20 2.5–5.0 9 2.3
controlar a ingestão de calorias para o programa de perda de peso ter sucesso. Uma
opção é usar um alimentador automático. Há muitas opções disponíveis; assim,
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas outra chave para o sucesso é um projeto flexível, com acompanhamento regular
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
ao proprietário.
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais deverão ser incrementados de forma • Programas bem-sucedidos para o tratamento da obesidade, incluem mudanças
relativa ao conteúdo energético da dieta para cumprir com as necessidades normais, de na dieta, mensurações das porçoes de alimento (idealmente usar uma balança que
acordo com a restrição de calorias.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
indique gramas), e os controles mensais de peso corporal por uma equipe de médicos
Americana de controle de Alimentos (AAFCO) veterinários para os cuidados de saúde. A perda de peso é um processo lento e
constante que pode levar entre 6 e 12 meses para atingir o peso desejado.

36
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
• Em gatos, o efeito sanfona no peso ocorre após a perda de peso rápida e quando se
permite o livre acesso ao alimento denso em energia depois da redução de peso. Na
maioria dos casos, é recomendada a dieta utilizada durante a perda de peso para a
A lipidose hepática é rara em gatos saudáveis alimentados com menos calorias para
manutenção a longo prazo do peso desejado. A única diferença é que, para a
perda de peso, desde que o gato coma toda a porção diária. Se o gato se recusa a
manutenção do peso, uma maior quantidade de alimento por dia é utilizada.
comer a dieta para perder peso durante vários dias, a possibilidade de uma lipidose

Comorbidades comuns
hepática cresce. Gatos diabéticos que tomam insulina devem ser monitorados com
cuidado, já que as necessidades de insulina diminuem à medida que a sensibilidade
Uma pesquisa recente sugere a existência de um mecanismo para a ligação entre o à insulina retorna. Os gatos que receberam qualquer medicação baseada no peso
excesso de peso corporal e muitas doenças. Hoje a obesidade é vista como um estado corporal devem ser cuidadosamente controlados para modificar a dose na medida
pró-inflamatório crônico que produz fatores geradores de estresse oxidativo. que ocorre a perda de peso.

Controle
Aparentemente, o tecido adiposo, anteriormente considerado fisiologicamente
inerte, é um ativo produtor de hormônios como a leptina e a resistina, e numerosas
citocinas. Um tema de maior interesse são as citocinas pró-inflamatórias do tecido
O peso corporal ideal pode ser determinado mais facilmente ao registrar-se o peso
adiposo (adiponectinas), o fator de necrose tumoral α (TNF-α, em inglês) e as
corporal e a ECC. Sugere-se a realização de exames físicos e verificações de peso medido
interleucinas 1β e 6.
mensalmente, enquanto se conversa sobre o regime alimentar diário e quantidades do
Comorbidades comuns em gatos com sobrepeso e obesidade incluem diabetes
alimento. São essenciais as mudanças de comportamento na alimentação do o gato.
(resistência à insulina e intolerância à glicose) diretamente associada ao grau de
Deve-se levantar os problemas logísticos da alimentação dentro da casa (casa com vários
adiposidade e de mediadores inflamatórios circulantes; a osteoartrite, a doença do trato
gatos, hospitalizado, membros da família, visitantes, etc.). O alimento deve ser mudado
urinário inferior em gatos, doenças cardiovasculares e pancreatite devida à inflamação
e modificar a ingestão de calorias conforme a necessidade para resolver os problemas e
crônica de grau baixo e ao estresse oxidativo; lesões ortopédicas (distensão do ligamento
garantir a perda de peso constante. Deve-se encorajar os proprietários a desenvolver
cruzado) devida ao excesso de peso; hiperlipidemias e lipidose hepática causada por
atividades que fortaleçam o vínculo que não estão relacionadas à alimentação, a fim de
distúrbios no metabolismo lipídico; e dermatite não alérgica devida à incapacidade de
reduzir a ingestão de calorias e aumentar o gasto energético.
limpar-se corretamente.

Manejo nutricional do sobrepeso / obesidade nos gatos (ECC >5/9)

Realizar testes para doenças endócrinas e metabólicas que causam ganho de peso

SIM NÃO

Tratar a doença subjacente Estimar a ingestão diária de calorias, determinar a ECC e os produtos alimentícios que utiliza atualmente

ECC 6 ou superior, comendo alimento comercial com o nível ECC 6 ou superior, comendo um alimento coadjuvante para a
maior de kcal do que NEM por dia* perda de peso com o nível de 0 ou mais kcal do NEM* por dia.

Trocar o alimento para uma dieta coadjuvante para perda de


Prescrever 75% das kcal do NEM por dia do mesmo alimento
peso, fazendo a transição, por 10 dias alimentando ao
e controlar novamente em duas semanas
nível de NEM e controlar novamente em 2 semanas

Perda de peso suficiente?

SIM NÃO

Continuar alimentando com as mesmas


Reduzir 25kcal da alimentação diária e
kcal por dia e controlar o peso uma vez
controlar o peso uma vez por mês
por mês
*NEM = 85 ¥ (BW kg)0.75

37
Constipação - Cães
Sally Perea, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A constipação é caracterizada pela ausência, pouca frequência ou dificuldade de Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fibra Bruta #
7–15 2–8 n/d n/d
defecação associada à retenção de fezes no cólon e no reto. A constipação grave
pode evoluir para um fecaloma quando as fezes se tornam excessivamente duras e
incrustadas dentro do cólon. Megacólon refere-se à dilatação e hipomotilidade do A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta se mostra como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
cólon, mas é raro ser observado em cães.1
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais,
Ferramentas de diagnóstico e exames de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.

complementares
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
#
# A análise de fibra bruta inclui a maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras
solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra total
O diagnóstico de constipação é normalmente realizado na anamnese e exame físico.
Sinais clínicos podem incluir tenesmo, anorexia, vômitos, perda de peso, letargia e de alimentos é avaliada. Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as fontes de
pelagem quebradiça. A apalpação retal e abdominal provavelmente revelará fezes fibras solúveis.
sólidas no interior do reto e cólon. Você pode usar radiografias abdominais para melhor
definir a extensão da constipação e descartar corpos estranhos, aumento da próstata e Dietas com elevado teor de umidade podem ser úteis para esta doença: alimentos
ferimentos pélvicos ou de coluna que podem contribuir para a constipação. A análise enlatados contêm cerca de ≥ 75% de água, em oposição aos alimentos secos que
química de tiroxina sérica (T4), exames de sangue e de urina também são indicados para proporcionam ~ 10% de água.

Princípios da alimentação coadjuvante


descartar alterações metabólicas subjacentes.

Fisiopatologia O estado de hidratação deve ser corrigido antes de se iniciar um tratamento dietético.
A constipação pode ocorrer com qualquer doença que prejudique o movimento das Se o paciente está sujeito à desidratação, recomenda-se alimentá-lo com uma dieta
fezes através do cólon. Quando as fezes são mantidas dentro do cólon por um período úmida ou adicionar água à ração seca (duas a três partes de água para uma parte de
prolongado de tempo, a água continua a ser absorvida, produzindo fezes cada vez mais ração seca). O ideal para o tratamento de constipação em cães é uma dieta que
duras e secas. A constipação pode ser causada de forma secundária à obstrução proporcione uma combinação de fontes de fibras solúveis e insolúveis. As fibras solúveis
retocolônica (como a hipertrofia prostática, fratura pélvica, tumor, divertículos), à aumentam a umidade das fezes, enquanto que as fibras insolúveis proporcionam maior
defecação com dor (lesões anais, transtornos ortopédicos), fatores ambientais volume de fezes e estimulam a motilidade. Visto que a maioria dos alimentos para
(cativeiros/hospitalização, inatividade), a medicamentos (opioides, diuréticos, etc.), animais não relata os níveis de fibras solúveis e insolúveis, pode-se avaliar a lista de
disfunção neuromuscular, anormalidades em líquidos e eletrólitos, ingestão de materiais ingredientes para uma melhor compreensão das formas de fibras na dieta. Os exemplos
estranhos ou ingestão inadequada de água. de fibras solúveis são: polpa de cítricos e outras frutas (fornecem pectinas), gomas (tais

Predisposição
como goma de guar) e oligossacarídeos (tais como carragenas); as fibras insolúveis
incluem a celulose, os farelos (como arroz e trigo), a fibra de aveia e as cascas de
A constipação pode ocorrer em cães de qualquer idade, e ocorre tanto em machos amendoim; e as fibras mistas incluem a polpa de beterraba, a fibra de soja, a fibra de
como em fêmeas de todas as raças. A predisposição pode ajudar a limitar o diagnóstico ervilha, e o Psyllium. Se não conseguir fazer a transição do paciente a uma dieta rica em
diferencial. Por exemplo, é mais comum observar neoplasias nos animais de idade fibras, pode-se adicionar um suplemento de fibras à sua dieta atual.
avançada e a hipertrofia prostática é observado apenas nos machos. • O Psyllium é um suplemento de fibras mistas fácil de se agregar na dieta em

Modificações nos nutrientes essenciais


quantidades de 1-3 colheres de sopa por dia.
• Se for necessária uma fonte de fibras solúveis, pode-se adicionar Benefiber
Aumentar o conteúdo de fibra dietética e de umidade na dieta é a modificação essencial (goma guar) à dieta em quantidades de 2-4 colheres de chá por dia.
nos nutrientes que se pode realizar para neutralizar a constipação em cães. Antes de • Se for necessária uma fonte de fibras insolúveis, pode-se adicionar farelo de trigo
iniciar uma dieta rica em fibras ou suplementação de fibra deve-se descartar uma moído grosso à dieta em quantidades de 1 a 3 colheres de sopa por dia.
obstrução parcial ou completa do cólon. As fibras são classificadas em solúveis e A quantidade de suplementação necessária para corrigir a constipação varia conforme
insolúveis. As fibras solúveis têm a capacidade de retenção de água, o que ajuda a cada paciente; portanto, é geralmente recomendado começar com o valor mais baixo
aumentar o teor de umidade das fezes secas e normaliza o tempo de trânsito da escala de doses e ajustá-lo até conseguir o efeito. Alterações da dose de fibra devem
ser feitas a cada 5-7 dias conforme necessário para alcançar o efeito desejado.
n Petiscos – As frutas e os vegetais são boas fontes de fibras solúveis e insolúveis, e
gastrointestinal. Algumas fibras solúveis são fermentáveis e auxiliam o crescimento
normal da microbiota gastrointestinal e a produção de ácido graxo de cadeia curta que
subministram energia aos colonócitos e estimulam as contrações do músculo liso geralmente têm um alto teor de umidade.
longitudinal do colon.² As fibras insolúveis têm pouca capacidade de retenção de água • 1 mini cenoura média = 3 kcal, 180 mg de fibras totais na dieta (60 g/1000
e as bactérias gastrointestinais não as degradam facilmente. As fibras insolúveis dão kcal), 90% umidade.
maior volume às fezes e podem ajudar a estimular a motilidade do cólon.3 • 1/4 xícara de maçã com casca cortada/picada = 16 kcal, 750 mg de fibras totais
Os cães com constipação podem estar desidratados; portanto, aumentar a umidade na na dieta (47 g/1000 kcal), 96% de umidade.
dieta pode ajudar a manter a hidratação adequada e suavizar fezes secas. Farelo de cereais e grãos integrais também são boas fontes de fibras insolúveis.
• 1/4 xícara de cereais como Mini-Wheats = 48 kcal, 1,66 g de fibras totais na dieta
(33,3 g/1000 kcal).
Cuidados devem ser tomados para garantir que os petiscos não balanceados estejam
limitados a ≤ 10% do total de calorias diárias.
• Se forem alimentados com uma dieta rica em fibras, adicionar petiscos ricos
em fibras pode ser contraindicado. Alguns suplementos de fibra para uso humano
podem ser adoçados, sendo necessário evitar os produtos adoçados com xylitol.

38
n Dicas para aumentar a palatabilidade Comorbidades comuns
• Aquecer ligeiramente o alimento para melhorar o sabor e a textura. Comorbidades comuns são fatores normalmente predisponentes para a constipação.
• Adicionar caldo de frango ou de carne com baixo teor de sódio ao alimento As doenças que causam dor na defecação (tais como doenças ortopédicas e anorretais),
para aumentar a umidade e a palatabilidade (limitado a ≤ 10% do total de calorias obstrução retocolônica (como fratura pélvica ou neoplasia), ou disfunção
diárias e evitar caldos feitos com cebola ou alho). neuromuscular (tais como doenças da medula espinhal ou da região lombo-sacra ou
• Adicionar água na alimentação para aumentar o seu teor de umidade, iniciar disautonomia) são comumente observadas com a constipação. No caso de obstrução
a adição de uma pequena quantidade e em seguida aumentar lentamente ao longo retro colônica ou obstrução parcial, associadas a uma doença, é contra-indicada a
de 1 a 2 semanas para permitir que o paciente se acostume com a mudança em alimentação com uma dieta rica em fibras para gerar maior volume de fezes. Nestes
umidade e textura da dieta. casos, é adequada uma alimentação altamente digestível para reduzir a massa de fezes.
n Recomendações para a dieta – Recomendam-se alimentos que forneçam Quando a constipação é observada com anormalidades nos fluidos e eletrólitos (como
moderado a elevado teor de fibra na dieta com fontes de fibras mistas (solúveis e hipocalemia ou hipercalcemia), corrigir o estado de hidratação e o desequilíbrio
insolúveis). Alimentos coadjuvantes concebidos para diabetes mellitus, colite e eletrolítico deve ser a prioridade do plano de tratamento.

Estratégias para o manejo das interações


perda de peso geralmente oferecem níveis mais altos de fibra na dieta. Em geral, os
alimentos para perda de peso oferecem maiores proporções de fibras insolúveis a
medicamentosas
partir de uma fonte. Os alimentos enlatados e/ou os com adição de água são
recomendados para pacientes propensos à desidratação.
O tratamento medicamentoso deve procurar eliminar ou controlar qualquer doença
subjacente que for identificada. Se houver presença de uma grande massa de fezes,
Pontos para a educação do proprietário pode-se necessitar tratamento com enema e/ou a remoção manual. Se for identificada
• A hidratação adequada é a chave para o tratamento da constipação. Em todos
desidratação ou anormalidades nos eletrólitos, indica-se o tratamento de líquidos
adequados.
os momentos deve ser permitido o acesso livre à água potável. A ingestão de água
Se o tratamento com dieta por si só não for eficaz na prevenção da recorrência de
também pode ser melhorada através do fornecimento de alimentos enlatados ou a
constipação, laxantes podem ser implementados por via oral. Geralmente, um laxante
adição de duas a três partes de água para uma parte de alimentos secos.
emoliente suave tal como docusato de sódio, ou um laxativo osmótico, tal como a
• Confinamento ou falta de atividade pode contribuir para a constipação.
lactulose para ajudar a amolecer as fezes é recomendado. Também pode ser benéfico
• Implementar uma rotina regular de exercícios ou um programa de caminhadas.
o tratamento com cisaprida, em cães com menor motilidade colônica.
• Alimentar com uma dieta mais rica em fibras ou adicionar um suplemento de
Controle
fibra irá causar aumento no volume de fezes e frequência da defecação.
• A transição para uma dieta mais rica em fibras ou a adição de um suplemento de
fibra deve ser feita lentamente durante um período de 4 a 5 dias. A resposta ao tratamento poderá ser controlada pelo proprietário mediante ao registro
• O nível requerido de suplementação com fibras varia de acordo com o diário da defecação e características das fezes. O sucesso do tratamento é caracterizado
animal de estimação, portanto, pode ser necessária a modificação para alcançar pelo retorno de evacuações diárias, falta de esforço ou dor ao evacuar e uma consistência
a resposta desejada. normal das fezes.

Manejo nutricional da constipação nos cães

Exame físico, radiografias abdominais, análises químicas do soro, T4, exames de sangue completo e de urina

Identificação da doença subjacente Presença de desidratação Nenhuma doença subjacente identificada

Tratar a doença subjacente Tratar a desidratação Grande massa de matéria fecal no cólon

Sim Não

Enema e/ou remoção Aumento na dieta de quantidade


manual das fezes de fibras solúveis e insolúveis
e/ou umidade

Resolução Recorrência

Implementar tratamento pro-motilidade e/ou com laxantes por via oral

39
Constipação - Gatos
Sally Perea, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A constipação é caracterizada pela ausência, pouca frequência ou dificuldade na Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fibra Bruta# 5–8 1.3–5.5 n/d n/d
defecação associadas à retenção das fezes dentro do cólon e do reto. A constipação
pode evoluir para o fecaloma quando as fezes se tornam excessivamente duras e
incrustadas dentro do cólon. O megacólon refere-se à dilatação e à hipomotilidade do A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
cólon, e é normalmente observado com uma constipação severa; além disso, pode induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como gr. ou mg. por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
incluir anormalidades neurológicas no músculo liso do cólon.1
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Ferramentas de diagnóstico e exames *Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
complementares #
A análise de fibra bruta inclui a maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras
solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra
total dos alimentos é avaliada. Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as
O diagnóstico de constipação é normalmente realizado durante a anamnese e exame
físico. Os sinais clínicos podem incluir tenesmos, anorexia, vômitos, perda de peso, fontes de fibras solúveis.
letargia e pelagem quebradiça. A apalpação retal e abdominal provavelmente revelará
fezes sólidas no interior do reto e cólon. Pode-se usar radiografias abdominais para As dietas com alto teor de umidade podem ser úteis para esta doença: os alimentos
melhor definir a extensão da constipação e descartar o megacólon, corpos estranhos, enlatados contêm ≥ 75% de água, em contraposição com os alimentos secos que
e ferimentos pélvicos ou da coluna que possam estar contribuindo para a constipação. fornecem ~ 10% de água.
A análise química de tiroxina sérica (T4), exames de sangue e urina também são
indicados para descartar alterações metabólicas subjacentes. Princípios da alimentação coadjuvante
Fisiopatologia
O estado de hidratação deve ser corrigido antes de iniciar um tratamento alimentar. Se
o paciente está sujeito à desidratação, recomenda-se a alimentação úmida ou a adição
A constipação pode ocorrer com qualquer doença que prejudique o movimento das de água ao alimento seco (duas a três partes de água para uma parte de ração seca). O
fezes através do cólon. Quando as fezes são mantidas dentro do cólon por um período ideal para o tratamento de constipação em gatos, sem megacólon, é uma dieta que
prolongado de tempo, a água continua sendo absorvida, produzindo uma matéria proporcione uma combinação de fontes de fibras solúveis e insolúveis. As fibras solúveis
fecal cada vez mais dura e mais seca. A constipação pode ocorrer de maneira secundaria aumentam a umidade das fezes, enquanto que as fibras insolúveis proporcionam um
devido à obstrução reto colônica (tais como a fratura pélvica, neoplasia, divertículos), maior volume de fezes e estimulam a motilidade. Os gatos com megacólon devem ser
à defecação com dor (lesões anais, transtornos ortopédicos), fatores ambientais (caixa alimentados com uma dieta altamente digestível com baixo teor de fibras para ajudar
de areia suja, inatividade), a medicamentos (opióides, diuréticos, etc.), à disfunção a reduzir a massa fecal. Visto que a maioria dos alimentos para animais não informam
neuromuscular, a anormalidades em líquidos e eletrólitos, à ingestão de pelos ou em seus rótulos os níveis de fibras solúveis e insolúveis, pode-se avaliar a lista dos
materiais estranhos ou à ingestão inadequada de água. ingredientes para uma melhor compreensão das formas de fibras da dieta. Os exemplos

Predisposição
de fibras solúveis são: polpa de cítricos e outras frutas (fornecem pectina), gomas (tais
como a goma guar), e oligossacarídeos (tais como as carragenas). As fibras insolúveis
A constipação pode ocorrer em qualquer idade, e não foram documentadas predileções incluem celulose, farelo (por exemplo, arroz e trigo), fibra de aveia e casca de amendoim.
por raça ou sexo. No entanto, tem sido documentado megacólon com mais frequência As fibras mistas incluem polpa de beterraba, fibra de soja, fibra de ervilha, e Psyllium.
em gatos machos de meia idade, sendo mais comumente afetados os gatos domésticos Se não puder fazer a transição do paciente para uma dieta rica em fibras, pode-se
de pelo curto, os gatos domésticos de pelo comprido e os Siameses.1 adicionar um suplemento de fibras à sua dieta atual.

Modificações nos nutrientes essenciais


• O Psyllium é um suplemento de fibras mistas de facil acesso, que pode
ser adicionado à dieta em quantidades de 1-4 colheres de chá por dia.
Aumentar o teor de fibra e umidade na dieta é fundamental. Esta mudança fará com • Se for necessária uma fonte de fibra solúvel, você pode adicionar um alimento a base
que se combata os casos de constipação leve a moderada nos gatos. Para gatos com de goma guar à dieta em quantidades ½ - 2 colheres de chá por dia.
megacólon, recomenda-se uma alimentação altamente digestível para reduzir a massa • Se for necessária uma fonte de fibra insolúvel, você pode adicionar o farelo de trigo
fecal. Antes de iniciar uma dieta rica em fibras ou com suplementação de fibras, deve- moído grosso à dieta em quantidades de 1 - 4 colheres de chá por dia.
se descartar o megacólon e o bloqueio parcial ou total do cólon.As fibras são classificadas A quantidade de suplementação necessária para corrigir a constipação varia conforme
em solúveis e insolúveis. As fibras solúveis têm a capacidade de retenção de água, o que o paciente, portanto, para começar, geralmente é recomendado um valor mais baixo
ajuda a aumentar o teor de umidade das fezes secas e normaliza o tempo do trânsito da escala de doses e deve-se ajustá-la até alcançar o seu efeito. As modificações da dose
gastrointestinal. Algumas fibras solúveis são fermentáveis e auxiliam no crescimento de fibras devem ser feitas a cada 5 a 7 dias conforme for necessário, até alcançar o efeito
normal da microbiota gastrointestinal e na produção de ácidos graxos de cadeia curta desejado. Alguns suplementos de fibras são adoçados com frutose ou sacarose. Visto
que proporcionam energia aos colonócitos e estimulam as contrações do músculo liso que os gatos não metabolizam muito bem a frutose, deve-se evitar as formulações que
longitudinal do cólon.2 As fibras insolúveis têm pouca capacidade de reter a água e as contenham essas substâncias. Os suplementos com xilitol também devem ser evitados.
bactérias gastrointestinais não as degradam facilmente. A fibra insolúvel adiciona maior n Petiscos–Geralmente é recomendada a abóbora para suplementação de fibras em
volume às fezes o que pode ajudar a estimular a motilidade do cólon.3,4 Muitos gatos gatos. A quantidade de fibra fornecida pela abóbora enlatada (0,4 g / colher de sopa)
com constipação podem estar desidratados; portanto, aumentar a umidade na dieta é pequena em comparação com os níveis fornecidos por suplementos de fibras, tais
pode ajudar a manter a hidratação adequada e a amolecer a matéria fecal. como o psyllium (9 g / colher de sopa). Portanto, a abóbora por si só não pode fornecer
a quantidade de fibra necessária para observar uma resposta clínica, mas pode servir
como um bom tratamento suplementar
■ Certifique-se que os proprietários escolham abóbora enlatada e não o recheio da torta
de abóbora.

40
• Cuidados devem ser tomados para garantir que os petiscos não balanceados Comorbidades comuns
estejam limitados a ≤ 10% do total de calorias diárias. Comorbidades comuns são normalmente fatores de predisposição para a constipação.
• Uma colher de sopa de abóbora enlatada fornece 5 kcal. Doenças que causam dor na defecação (tais como doenças ortopédicas e anorretais),
n Dicas para aumentar a palatabilidade – obstrução reto colônica (tais como a fratura pélvica ou neoplasia), ou disfunção
• Aquecer ligeiramente o alimento para melhorar o sabor e a textura. neuromuscular (tais como doenças da medula espinhal ou da região lombo-sacra ou
• Adicione caldo de frango ou de carne com baixo teor de sódio ao alimento para disautonomia*) são comumente observadas com constipação.
aumentar a palatabilidade e a umidade (limitado a ≤ 10% do total de calorias diárias No caso de doenças associadas a uma obstrução colônica ou uma obstrução parcial, está
e evitar caldos feitos com cebola ou alho). contraindicado alimentar com uma dieta rica em fibras que gere mais volume nas fezes.
• Se for agregada água ao alimento para aumentar o seu teor de umidade, iniciar a Nestes casos, é mais adequada uma alimentação altamente digestível para reduzir a
adição de uma pequena quantidade e em seguida ir aumentando lentamente ao massa fecal. Quando a constipação é observada com anormalidades nos fluidos e
longo de 1 a 2 semanas para permitir que o paciente se acostume com a mudança eletrólitos (como hipocalemia ou hipercalcemia), corrigir o estado de hidratação e o
de umidade e de textura da dieta. desequilíbrio eletrolítico deverá ser a prioridade do plano de tratamento.
n Recomendações para a dieta– São recomendados alimentos enlatados e/ou a
adição de água no alimento seco. O alimento deve fornecer um conteúdo moderado Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
de fibras com fontes mistas, solúveis e insolúveis. Os alimentos coadjuvantes concebidos
para a diabetes mellitus e para a perda de peso podem fornecer níveis mais altos de
fibras. Em geral, os alimentos voltados para a perda de peso oferecem maiores O tratamento medicamentoso deve ter como objetivo eliminar ou controlar qualquer
proporções de fibras provenientes de uma fonte insolúveis. Se houver a presença de doença subjacente, anteriormente identificada. Se houver presença de uma grande
megacólon, é recomendada uma dieta de alta digestibilidade com baixo conteúdo de massa de fezes, pode ser necessário um tratamento com enema e/ou a remoção manual.
fibras, tais como as dietas concebidas para as doenças gastrointestinais. Se for identificada desidratação ou anomalia nos eletrólitos, um tratamento com fluidos
adequados será indicado.
Pontos para a educação do proprietário Se o tratamento somente com a dieta não for eficaz na prevenção da recorrência de
• A hidratação adequada é a chave para o tratamento da constipação. Em todos os
constipação, laxantes podem ser implementados por via oral. Geralmente, é
recomendado um laxante emoliente suave, tal como o docusato de sódio, ou um
momentos deve-se permitir o acesso livre à água potável. A ingestão de água também
laxativo osmótico, tal como a lactulose, para ajudar a amolecer as fezes. Também pode
pode ser melhorada através da administração de alimentos enlatados ou pela adição
ser benéfico um tratamento de pro-motilidade, como cisaprida, em gatos com
de duas a três partes de água para uma parte da ração seca.
megacólon5 ou menor motilidade do cólon. Os casos sem tratamento de megacólon
• Muitos gatos evitam o uso de caixas de areia sujas, que podem contribuir para a
podem exigir uma colectomia.
constipação. Dessa forma, a limpeza diária da caixa (com profunda limpeza e
Controle
substituição semanal da areia) é importante no tratamento da constipação.
• A transição para uma dieta mais rica em fibras ou a adição de um suplemento de fibra
deve ser feita lentamente durante um período de 4 a 5 dias. A resposta ao tratamento poderá ser monitorada pelo registo diário dos movimentos
• O nível requerido de suplementação com fibras varia de acordo com o animal de intestinais (defecação) e pelas características das fezes. O sucesso do tratamento é
estimação, portanto, pode ser necessário fazer modificações para alcançar a caracterizado pelo retorno das evacuações diárias, falta de esforço ou de dor ao evacuar
resposta desejada. e uma consistência normal das fezes.

Manejo nutricional da constipação nos gatos


Exame físico, radiografias abdominais, análises químicas do soro T4, exames de sangue completo e urina

Identificação da doença Presença de Constipação leve a moderada sem


Constipação ou megacolon
subjacente desidratação doença subjacente identificada

Tratar a doença subjacente Tratar a desidratação Grande massa de matéria fecal no cólon Enema e ou remoção manual de fezes

Aumento da quantidade de fibras


Sim Não
solúveis e insolúveis e / ou umidade

Enema e ou remoção Aumento da quantidade de fibras


Resolução Recorrência
manual de fezes solúveis e insolúveis e / ou umidade

Resolução Recorrência Considere colectomia

* transtorno provocado pela disfunção do Sistema Nervoso Autônomo Implementar tratamento pro-motilidade e ou laxantes orais

41
Diarreia do intestino delgado - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM baixos de gordura são necessários em cães com linfangiectasia ou outras doenças

Definição
severas que causam a enteropatia com perda de proteína (EPP). O arroz branco ou
integral cozido é muitas vezes uma fonte de carboidratos ideal para cães com doença
A diarreiaé definida como um aumento no teor de água, frequência ou volume das intestinal porque é altamente digestível e não contém glúten, que pode ser antigênico
fezes. A diarreia do intestino delgado caracteriza-se pelo volume normal ou maior de em alguns cães. Outras fontes de carboidratos sem glúten são batatas, mandioca e
líquido ou fezes disformes que pode estar associada com a perda de peso (crônico) ou milho, mas são um pouco menos digestíveis que o arroz, e o milho pode causar
vômitos, mas não está necessariamente associada com o esforço durante a defecação hipersensibilidade em alguns cães.
ou maior frequência de evacuação. Se o sangue está presente, este será sangue digerido As proteínas tornam-se um problema de interesse vital para cães quando a diarreia
(melena). A diarreia do intestino delgado é também caracterizada pelo seu fator de é causada por uma alergia alimentar ou como um resultado de uma doença que
causa (por exemplo: infecciosa, inflamatória, parasitária, mecânica, dietética, provoca EPP (por exemplo: doença intestinal inflamatória (DII), severa, doenças
neoplásica) ou duração (aguda ou crônica). infiltrativas, tais como linfossarcoma, ou linfangectasia). Nestas doenças, os cães não

Ferramentas de diagnóstico e exames


conseguem digerir ou absorver as proteínas normalmente e, assim, tornam-se

complementares
hipoproteinêmicos (especialmente com baixa albumina). Para evitar a desnutrição
proteica e formação de edema, muitas vezes é essencial alimentar com proteínas
O diagnóstico da diarreia do intestino delgado em gatos começa com uma anamnese hidrolisadas ou altamente digestíveis para o sucesso do tratamento da doença. Em
completa, incluindo dieta e histórico de medicação e outros fatores de risco (como o cães com sensibilidade à dieta, a causa da inflamação intestinal é a alergia às proteínas,
ambiente, a idade, problemas anteriores), e um exame físico que inclua a avaliação da mais do que a quantidade de proteínas. A chave para o sucesso no tratamento de
hidratação, o estado físico e palpação cuidadosa do abdômen. Se indicado, deverá ser cães com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte nova de
realizado um exame retal sob sedação. proteínas (ou uma que seja menos antigênica, tal como uma dieta com proteínas
A análise de matéria fecal (por exemplo: técnicas de flutuação, citologia, teste hidrolisadas) testando com uma dieta corretamente formulada e executada.
imunoabsorvente ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da reação em cadeia Em cães com diarreia do intestino delgado é indicado diminuir a quantidade de fibras
de polimerase [PCR, em inglês]) é especialmente importante em gatos jovens ou que insolúveis, já que este tipo de fibras reduz a digestibilidade dos alimentos e pode
vivem dentro/fora de casa. Na diarreia aguda, o tratamento sintomático ou de suporte aumentar o risco de má digestão ou de má absorção de nutrientes. Isto acontece
pode ser suficiente (por exemplo: dieta altamente digestível, probióticos, especialmente em cães com EPP ou linfangiectasia onde a digestibilidade da dieta é
vermifugação). Na diarreia crônica (> 2 semanas), pode ser indicado imagens (raio- particularmente importante para a absorção de nutrientes. As fontes de fibras solúveis
X ou ultrassom), provas da função GI (imunorreatividade semelhantes a tripsina podem ser benéficas em alguns cães, porque são digeridas pela microbiota normal e
[IST], cobalamina, folato), testes endócrinos (tireoide), testes para detectar vírus podem funcionar como prebióticos para ajudar a manter o ambiente intestinal
(vírus da leucemia felina [FeLV, em inglês]/vírus da imunodeficiência felina [FIV, em saudável. Estudos em cães saudáveis sugerem um aumento da quantidade de bactérias
inglês]), testes para infecções específicas (por exemplo: fungos) ou benéficas ou prebióticos que utilizam fontes de fibras solúveis, mas ainda são
endoscopia/cirurgia com biópsia. necessários estudos em cães com doença no intestino delgado.

Fisiopatologia Valores recomendados de nutrientes essenciais


Por definição, a diarreia de intestino delgado surge de doenças que afetam o orgão; Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
no entanto, a diarreia do intestino delgado pode ocorrer em gatos que apresentam Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 5–15 1.4–5 5 1.4
uma grande variedade de causas geradoras, incluindo infecções bacterianas ou virais,
infecções causadas por parasitas ou protozoários (Giárdia, coccídeos, cryptosporidium,
tritrichomonas ou outros parasitas), disfunção mecânica (corpos estranhos ou A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
intussuscepção), endocrinopatias (hipertireoidismo), doenças infiltrativas (doença
inflamatória intestinal, infecções fúngicas ou câncer, como o linfoma), má digestão de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
nutrientes (insuficiência pancreática exócrina [IPE]) ou sensibilidades da dieta (alergia requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
alimentar, intolerância alimentar).

Predisposição
Princípios da alimentação coadjuvante
• Os nutrientes devem ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) para
A diarreia aguda é mais comum em cães jovens devido ao seu maior risco para
indisposições alimentares, infecções parasitárias ou virais, tais como parvovirose. A
diarreia crônica é mais comum em cães de meia idade ou idosos e pode ocorrer devido minimizar a diarreia osmótica, a fermentação bacteriana de alimentos e a redução
a uma variedade de causas nutricionais, endócrinas, inflamatórias ou neoplásicas. Os de gases intestinais.
cães da raça Pastor Alemão têm uma maior incidência de diarreia ou enterite causada • A fonte de triglicérides de cadeia média (MCT) pode ser uma fonte de gordura
por IPE ou enterites responsivas a antibióticos (tambem chamado de enterite de fácil digestão e absorção.
responsiva a tilosina). • Usar proteínas hidrolisadas de alta qualidade e uma só fonte, se houver
probabilidade de DII ou sensibilidade alimentar.
Modificações nos nutrientes essenciais • A fonte de carboidratos deve ser de alta qualidade, livre de glúten e sem lactose; as
fontes que contribuem com poucas proteínas são benéficas se houver
Os nutrientes mais importantes de vital interesse em cães com diarreia são:
probabilidade de sensibilidade alimentar.
carboidratos e gorduras. O objetivo é o de aumentar a digestão e absorção de ambos
• A dieta deve conter baixo teor de gordura (menos de 5 g/100 kcal pelo menos, em
os nutrientes para evitar que a diarreia piore devido a uma ruptura na microbiota ou
cães com linfangiectasia, muitas vezes precisa menos de 3,5 g/100 kcal se existe
aos efeitos osmóticos da má digestão. Gorduras não digeridas são também uma
EPP, para o sucesso no tratamento dos indicadores).
importante causa de diarreia por esteatorreia. Como resultado, as dietas ideais para a
• Maior quantidade de ácidos graxos Ômega 3, para melhorar o perfil dos
diarreia devem conter quantidades moderadas de fontes de carboidratos altamente
eicosanoides e reduzir a inflamação na mucosa intestinal.
digestíveis e quantidades entre moderado e baixo teor de gorduras. Os valores mais

42
• As fibras, em uma pequena quantidade de fibras insolúveis e moderada quantidade Comorbidades comuns
de fibras solúveis ou mistas (3 - 7% total) aumentam os ácidos graxos de cadeia As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com diarreia do
curta e melhoram a microbiota intestinal. intestino delgado são: doença inflamatória intestinal e enteropatia com perda de
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota. proteína, doença inflamatória intestinal e alergia alimentar, e insuficiência pancreática
n Petiscos – Em geral, evite os petiscos em cães com doença intestinal até que um exócrina e diarreia associada a antibióticos.

Estratégias para o manejo das interações


diagnóstico definitivo seja feito. Por exemplo, um teste de eliminação de alimentos será
necessário se existe diarreia devido a sensibilidades alimentares, incluindo petiscos.
medicamentosas
Se petiscos são importantes para o dia a dia do cão, podem ser oferecidos baseados na
dieta coadjuvante ou nos princípios acima referidos.
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Se o cão não comer a dieta sugerida, pode Tratamento com esteroides na doença inflamatória intestinal aumentará a sede e o
ser adicionada uma pequena quantidade de caldo de galinha, de baixo teor de sódio. apetite, e pode causar aumento de peso involuntário ou doença hepática. O
Em alternativa, pode ser misturada com o alimento uma pequena quantidade do tratamento imunossupressor para a doença inflamatória do intestino ou linfoma pode
alimento enlatado para torná-lo mais interessante. causar toxicidade gastrointestinal (sinais clínicos comuns podem ser vômitos ou
n Recomendações para a dieta – Existem a venda vários produtos de prescrição diarreia). O tratamento com antibióticos pode afetar a microbiota e causar diarreia
veterinária que podem ser usados para este fim; o tema principal é que as dietas devem devido a tal interrupção.

Controle
ser altamente digestíveis, com menos ou nenhum aditivo ou aromatizante que pode
ser associado com a intolerância alimentar, contendo poucas fontes de fibra insolúvel
e menos quantidades de gordura. Em cães severamente afetados, como cães com Deverão avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o caráter normal das
linfangiectasia intestinal grave ou outras doenças que afetam a absorção, podem ser fezes vai voltar ou se eles estão desenvolvendo novos problemas (por exemplo: melena,
indicadas dietas contendo fontes baixas de proteína hidrolisada, níveis ultrabaixos de hematoquezia). Também é importante a avaliação clínica para se certificar de que o
gordura ou fontes de proteína novas. cão não está desidratado, continua comendo, e para qualquer novo indicador da

Pontos para a educação do proprietário


doença (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos). Se
o cão está perdendo peso ou tornando-se desidratado, deve-se reavaliar tanto o
• Alimentar só com alimentos recomendados. método de alimentação como o tratamento e deve ser modificado de acordo com as
• Alimentar com pequenas quantidades de alimentos com maior frequência (três a necessidades desse paciente em particular.
quatro vezes por dia), uma vez que grandes quantidades de alimentos aumentam
a carga do TGI e podem contribuir para a diarreia ou vômitos.
• Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos. Se o vômito
ocorrer ou o cão parar de comer ou beber, um novo controle com o médico
veterinário é recomendado para prevenir a desidratação devido à diarreia contínua.

Manejo nutricional da diarreia do intestino delgado em cães

A diarreia é aguda ou crônica?

Aguda Crônica

Se for aguda, ou causada por um problema Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base.
na dieta, suspender alimentação durante 18 Continuar com a alimentação na diarreia aguda até que o diagnóstico seja realizado.
horas, em seguida, iniciar a alimentação
com pequenas quantidades de uma dieta de
baixa gordura altamente digestível a
cada 4 a 6 horas.
Se a diarreia crônica é causada por
Uma vez que a diarreia for resolvida, Se a diarreia crônica é Se a diarreia crônica foi
doença inflamatória intestinal ou
adicionar aos poucos a dieta habitual à causada por um linfoma causada por alergia
enteropatia com perda de proteínas,
dieta coadjuvante por 3-5 dias. ou outro câncer intestinal, alimentar, iniciar um
iniciar uma dieta altamente digestível
pode-se indicar níveis teste de eliminação de
com muito baixo teor de gordura
mais elevados de proteína alimentos usando uma
(alguns cães podem precisar de
e de gordura para rebater dieta contendo uma única
concentrações de gordura < 3 g/100
a perda de peso e fonte de proteínas novas
kcal). Dietas hidrolisadas podem ser
melhorar o apetite em ou fonte de proteínas
benéficas em alguns cães com
pacientes com câncer. hidrolisadas.
enteropatia com perda de proteínas.

43
Diarreia do intestino delgado - Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM digestíveis o que faz com que uma quantidade maior do nutriente atinja o intestino

Definição
grosso, onde os processos fermentativos das bactérias destas proteínas produzam uma
diminuição significativa da qualidade da matéria fecal (mais água e odor) e aumento
Adiarreia é definida como um aumento no teor de água, frequência ou volume das da produção de subprodutos (por exemplo: fenóis) que podem ser prejudiciais para os
fezes. Adiarreia do intestino delgadocaracteriza-se pelo volume normal ou maior de colonócitos. O resultado final é a formação de fezes de baixa qualidade simplesmente
líquido ou fezes sem consistência que pode estar associada com a perda de peso pela presença de uma qualidade inferior em proteínas. Dessa forma, um primeiro passo
(crônico) ou vômitos, mas não está necessariamente associada com o esforço durante importante no tratamento da diarreia nos gatos é garantir uma fonte de proteína de boa
a defecação ou maior frequência de evacuação. Se o sangue está presente, este será qualidade na dieta, e altamente digestível. A digestibilidade das proteínas é ainda mais
sangue digerido (melena). A diarreia do intestino delgado é também caracterizada pelo importante em gatos mais velhos (> 10 anos), que tem a capacidade reduzida de digerir
seu fator de causa (por exemplo: infecciosa, inflamatória, parasitária, mecânica, e absorver nutrientes por causa de sua idade avançada e as mudanças que ocorrem em
dietética, neoplásica) ou duração (aguda ou crônica). suas funções digestivas. Finalmente, em gatos com doença GI significativa, a

Ferramentas de diagnóstico e exames


digestibilidade das proteinas da dieta tem um efeito ainda mais profundo, visto que
podem apresentar anormalidades na função das enzimas ou na capacidade de absorção.
complementares A fonte de proteína torna-se um tema de interesse especial quando se suspeita que a
diarreia em gatos seja causada por uma alergia ou intolerância alimentar ou uma DII.
O diagnóstico da diarreia do intestino delgado em gatos começa com uma anamnese
Num estudo3, cerca de 60% dos gatos com diarreia responderam a uma mudança na
completa, incluindo dieta e histórico de medicação e outros fatores de risco (como o
dieta, e destes, entre 20% e 25% tinham alergia alimentar. Este estudo foi o primeiro a
ambiente, a idade, problemas anteriores), e um exame físico que inclua a avaliação da
ilustrar a importância da dieta no tratamento da doença GI em gatos, e enfatizou que
hidratação, o estado físico e palpação cuidadosa do abdômen. Se indicado, deverá ser
todas as respostas para a dieta não eram alergia alimentar. É essencial lembrar que, no
realizado um exame retal sob sedação. A análise de matéria fecal (por exemplo: técnicas
caso de gatos com alergia alimentar, a própria proteína é a fonte de inflamação intestinal,
de flutuação, citologia, teste imunoabsorvente ligado às enzimas [ELISA, em
enquanto numa intolerância alimentar a evolução de uma desordem GI surge a partir
inglês]/análise da reação em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]) é especialmente
de qualquer parte do alimento (por exemplo: aditivo, nutriente, conservante) que
importante em gatos jovens ou que vivem dentro/fora de casa. Na diarreia aguda, o
produz a interrupção da função (por exemplo: má digestão de nutrientes, a libertação
tratamento sintomático ou de suporte pode ser o suficiente (por exemplo: dieta
de histamina ou outras reações). O sucesso no diagnóstico e tratamento de gatos com
altamente digestível, probióticos, vermifigação). Na diarreia crônica (> 2 semanas),
diarreia causada por alergia alimentar requer a identificação de uma fonte apropriada
pode ser indicado imagens (raio-X ou ultrassom), provas da função GI
de proteína hidrolisada ou nova, um processo que requer testes com a dieta executadas
(imunorreatividade semelhantes a tripsina [IST], cobalamina, folato), testes endócrinos
cuidadosamente e de duração apropriada (8-12 semanas em alguns gatos). Gatos com
(tireoide), testes para detectar vírus (vírus da leucemia felina [FeLV, em inglês]/vírus da
intolerâncias alimentares, muitas vezes, respondem à mudança para uma dieta com
imunodeficiência felina [FIV, em inglês]), testes para infecções específicas (por
nutrientes altamente digestíveis e sem aditivos adicionados ou alimentos que são
exemplo: fungos) ou endoscopia/cirurgia com biópsia.
conhecidos como fontes potenciais de intolerância (ex.: excesso de carboidratos
Fisiopatologia
complexos, trigo ou outros grãos com glúten, lactose).
Em gatos normais, a gordura é um componente alimentar altamente digestível que
Por definição, a diarreia de intestino delgado surge de doenças que afetam o orgão; no provavelmente não está associado com a má absorção. Esta conclusão foi apoiada por
entanto, a diarreia do intestino delgado pode ocorrer em gatos que apresentam uma um estudo recente da Laflamme e outros colegas que mostraram que a concentração
grande variedade de causas geradoras, incluindo infecções bacterianas ou virais, de gordura na dieta não era importante em gatos com diarreia crônica não específica6.
infecções causadas por parasitas ou protozoários (Giárdia, coccídeos, cryptosporidium, Desde que a dieta contivesse grandes quantidades de proteínas altamente digestíveis,
tritrichomonas ou outros parasitas), disfunção mecânica (corpos estranhos ou entre 55% e 60% dos gatos melhoraram.
intussuscepção), endocrinopatias (hipertireoidismo), doenças infiltrativas (doença Com base nos resultados desse estudo, rações para gatos com diarreia devem conter
inflamatória intestinal, infecções fúngicas ou câncer, como o linfoma), má digestão de uma quantidade moderada a grande de proteínas de alta digestibilidade e quantidades
nutrientes (insuficiência pancreática exócrina [IPE]) ou sensibilidades da dieta (alergia moderadas a muito baixas de carboidratos de fácil digestão. Como os gatos têm
alimentar, intolerância alimentar). exigências específicas para quantidades mais elevadas de certas gorduras na dieta e,

Predisposição
aparentemente, não são sensíveis à presença de quantidades aumentadas de gordura nas
suas dietas, estes estudos sugerem que não foram necessárias as dietas com menores
A diarreia aguda é mais comum em gatos jovens devido ao seu risco aumentado a quantidades de gordura (como é o caso em muitos cães com doença intestinal), e que
desordem dietética (comer fios, corpos estranhos), infecções parasitárias, doenças virais, estas dietas podem levar à redução da aceitação de alimentos, considerando que a
tais como vírus da imunodeficiência felina (FIV, em inglês), peritonite infecciosa felina gordura é o principal intensificador de palatabilidade no alimento para gatos.
(PIF) ou panleucopenia. A diarreia crônica é mais comum em gatos de meia idade ou O rol dos carboidratos (CHO) nas dietas para gatos está recebendo uma análise mais
idosos e pode ocorrer devido a uma variedade de causas dietéticas, endócrinas, detalhada à medida que mais informações são obtidas sobre o efeito desta fonte de
inflamatórias ou causas neoplásicas, incluindo hipertireoidismo, linfoma do trato energia facilmente acessível sobre a função GI e o metabolismo geral dos gatos. Arroz
intestinal, doença inflamatóriado intestinal (DII), alergia alimentar ou outras branco ou integral cozido ou batatas são frequentemente fontes de carboidratos
sensibilidades alimentares e infecções por bactérias, fungos ou protozoários. Não há utilizadas para gatos com doença intestinal, fontes de energia altamente digeríveis e
predisposição de raça específica para DII ou linfoma, mas os gatos de raça pura não contêm glúten, que pode ser antigênico em alguns gatos. Em gatos saudáveis,
mostram-se mais propensos a ter PIF, Trichomonas, ou outras doenças características estes CHO podem ser aceitáveis quando são fornecidos em pequenas quantidades;
das famílias com vários gatos. no entanto, se são suspeitos de intolerância aos CHO ou a uma doença infiltrativa que

Modificações nos nutrientes essenciais


poderiam afetar significativamente a digestibilidade e levar a uma má absorção com
efeitos adversos relacionados, é uma estratégia razoável reduzir os CHO na dieta para
A proteína é uma questão de particular interesse nas dietas de gatos devido a uma maior menos de 2 a 3 g/100 kcal (menos de 15% de CHO).
necessidade deste elemento; de todos os nutrientes na dieta dos gatos, a digestibilidade Em gatos com diarreia do intestino delgado indica-se diminuir a quantidade de fibras
da proteína é a mais afetada pela qualidade e preparação do alimento. Mesmo em gatos insolúveis, uma vez que estas fibras reduzem a digestibilidade dos alimentos e podem
normais, as proteínas de má qualidade ou com um processo de baixo padrão são menos aumentar o risco de má absorção de nutrientes, bem como baixa ingestão (baixa

44
palatabilidade). As fontes de fibras solúveis podem ser benéficas em certos casos, digestíveis ou um perfil pobre em carboidratos e rico em proteínas altamente digestíveis.
uma vez que estas fibras são digeridas pela microbiota e podem funcionar como Várias dietas com antígenos novos estão disponíveis para gatos com alergia alimentar
prebióticos para ajudar a manter o ambiente intestinal saudável. No entanto, a ou DII; fontes de proteínas incluem veado, cordeiro, pato, coelho ou peixe. Foi
maioria dos estudos com prebióticos foi conduzida em gatos normais sem demonstrado que um suplemento nutricional prebiótico é eficaz para recuperar tanto
indicadores de doença GI. Dessa forma, é desconhecida a eficácia dos prebióticos a saúde como o equilíbrio normal do intestino.
em gatos com diarreia do intestino delgado. Os produtos comerciais que são adequados para a diarreia não específica (alta

Valores recomendados de nutrientes essenciais


proteína, baixo carboidrato) incluem alimentos enlatados de várias categorias.

Pontos para a educação do proprietário


Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal • Alimentar apenas com alimentos recomendados.
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* • Alimentar com pequenas quantidades de alimentos com maior frequência (três a
Fibra Bruta# 7–16 2.0–5.0 n/d n/d quatro vezes por dia), uma vez que grandes quantidades de alimentos aumentam a
Gordura 10–15 3–5 5 1.4
carga do trato GI e podem contribuir para a diarreia ou vômitos.
• Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos. Se ocorrer
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas vômito ou se o gato recusa a dieta, para de beber água, ou está mais letárgico, um novo
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
controle veterinário é recomendado.
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. Comorbidades comuns
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
As doenças que ocorrem simultaneamente em gatos com diarreia do intestino
#
As fontes deverão incluir fibras solúveis e insolúveis. A análise de fibra bruta inclui a delgado são: doença inflamatória do intestino e linfoma, doença inflamatória do
maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra intestino e alergias alimentares, hipertireoidismo e diarreia, vírus da
bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliada.
Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
imunodeficiência felina ou outras infecções em gatos jovens ou que ficam em
alojamento para gatos.

Estratégias para o manejo das interações


medicamentosas
Princípios da alimentação coadjuvante A terapia com esteroides na doença inflamatória do intestino aumenta o apetite e pode
• Os nutrientes devem ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) para causar o desenvolvimento de diabetes (especialmente em gatos obesos) ou infecções
minimizar a diarreia osmótica, fermentação bacteriana de proteínas ou CHO e reduzir secundárias. A tratamento imunossupressor para a doença inflamatória do intestino ou
a produção de gases intestinais. do linfoma pode causar toxicidade gastrointestinal (sinais clínicos comuns podem ser
• Proteínas de alta qualidade altamente digestíveis (podem ser de uma só fonte, novas vômitos ou a diarreia). O tratamento com antibióticos pode afetar a microbiota e
ou hidrolisadas se houver a probabilidade de DII ou de sensibilidade alimentar). causar diarreia devido a essa interrupção. O tratamento com metimazol pode causar
• A fonte de carboidratos deve ser de alta qualidade, livre de glúten e livre de lactose problemas gastrointestinais (vômitos e diarreia).

Controle
e, na maioria dos gatos, em baixa quantidade (<15% da dieta de um modo geral).
• Dietas pobres em gordura parecem não ser necessárias em gatos com diarreia, a
menos que a doença intestinal seja aguda e com esteatorreia. Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o carácter normal
• Maior quantidade de ácidos graxos ômega 3 para melhorar o perfil de eicosanoides das fezes vai voltar ou se eles estão desenvolvendo novos problemas (por exemplo:
na mucosa intestinal. melena, hematoquezia). Também é importante a avaliação clínica para se certificar de
• Fibras insolúveis em pouca quantidade e de baixa a moderada quantidade de fibras que o gato não esteja desidratado, que continue comendo, e que não apresente novos
solúveis ou mistas (3-5% total) para aumentar os ácidos graxos de cadeia curta e indicadores de doença (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou
melhorar a microbiota. vômitos). Se o gato está perdendo peso ou estiver desidratado, deve-se reavaliar tanto
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota. o método de alimentação como o tratamento e deve ser modificado de acordo com as
n Petiscos – Em geral, deve-se evitar os petiscos em gatos com doença intestinal até necessidades desse paciente em particular.
que um diagnóstico definitivo seja feito. Por exemplo, se a diarreia é produto da
sensibilidade aos alimentos, será necessário um teste de eliminação de alimentos, Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino delgado em gatos na página 50.
incluídos os petiscos. No entanto, se forem necessárias, poderão ser preparados petiscos
usando a dieta coadjuvante ou com base nos princípios acima mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Normalmente, os gatos não consomem
alimentos que são diferentes daqueles de costume deles (por exemplo: aqueles que
comem alimentos secos tendem a rejeitar alimentos enlatados) e têm preferências
muito específicas para sabores, odores e temperatura. A maioria dos gatos preferem
alimentos enlatados ligeiramente quentes ou à temperatura ambiente (como se fosse
um rato morto). A gordura é um intensificador de palatabilidade para gatos, por isso,
será necessário mudar para uma alimentação com mais gordura de modo que o gato
consuma a dieta coadjuvante recomendada, ou pode-se incrementar a aceitação pela
adição de uma pequena quantidade de gordura animal (nenhum óleo vegetal) na
comida. Evitar alimentação forçada para gatos já que pode causar aversão ao alimento.
n Recomendações para a dieta –As dietas que podem ser selecionadas para os gatos
com diarreia podem ter um perfil com teor moderado de proteínas altamente

45
Diarreia do intestino grosso - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
As alterações mais importantes na dieta de cães com diarreia do intestino grosso
consistem em administrar nutrientes altamente digestíveis para que os carboidratos,
A diarreia é definida como um aumento no teor de água, a frequência ou volume das gordura e proteínas em excesso não atinjam o cólon sem serem digeridos, e, em segundo
fezes. No entanto, é clássico observar a diarreia do intestino grosso associada a um lugar, modificar (aumentar) a quantidade e o tipo de fibra alimentar, bem como
maior tenesmo ou urgência para defecar, aumento da frequência de defecação de prebióticos para maximizar a saúde do epitélio e das bactérias do cólon.
volumes geralmente menores e, talvez, uma maior presença de hematoquezia ou muco. O objetivo de se proporcionar uma dieta com nutrientes altamente digestíveis (> 85-
Estas características servem para diferenciar a diarreia do intestino grosso da diarreia do 90% de digestibilidade) é maximizar a digestão e a absorção de carboidratos e gorduras
intestino delgado. A diarreia do intestino grosso também caracterizada pelos fatores no intestino delgado para evitar que a diarreia do intestino grosso piore devido a uma
causadores: infecciosa (colite causada por Clostridium), parasitária (colite por interrupção bacteriana ou aos efeitos osmóticos da má digestão de carboidratos
tricocéfalos), alimentar (colite responsiva a fibra), inflamatória (colite linfoplasmocitária (CHO). Consequentemente, a dieta ideal para diarreia do intestino grosso deve conter
ou doença inflamatória intestinal [DII]) e neoplásica. Muitas vezes, as doenças que uma quantidade moderada de fontes de CHO altamente digestíveis e uma quantidade
causam diarreia do intestino grosso estão associadas com a inflamação e, portanto, são moderada a baixa de gordura. O arroz branco ou integral cozido ou a batata são muitas
chamadas de colite. vezes uma fonte ideal de CHO para cães com doença intestinal, porque são altamente

Ferramentas de diagnóstico e exames


digestíveis e não contêm glúten ou outras fontes potenciais de estimulação antigênica.

complementares
Outras fontes de CHO sem glúten são mandioca e milho, mas são um pouco menos
digestíveis que o arroz, e o milho pode causar hipersensibilidade em alguns cães.
O diagnóstico de diarreia do intestino grosso começa com uma anamnese completa, As proteínas tornam-se um tema de interesse quando se suspeita que a diarreia é causada
incluindo histórico alimentar, tratamento com medicamentos e exame físico, por uma alergia alimentar. A maioria dos cães com alergias alimentares têm tanto
incluindo exame retal. A análise da matéria fecal (por exemplo: técnicas de flutuação, diarreia do intestino grosso como diarreia do intestino delgado, vômitos ou
citologia, testes imunoabsorventes ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da manifestações cutâneas da doença alérgica. A chave para o sucesso no tratamento de
reação em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]) ou vermifugação terapêutica são cães com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte de novas
muito importantes; os tricocéfalos são especialmente difíceis de encontrar e são as proteínas (ou uma com menos antígeno, como uma dieta com proteínas hidrolisadas).
principais causas de indicadores de colite. Na diarreia aguda do intestino grosso, Em alguns cães com diarreia do intestino grosso, a única mudança mais importante na
muitas vezes o tratamento sintomático ou de suporte pode ser tudo o que é necessário dieta pode ser a adição de fibra à dieta. As fibras da dieta são carboidratos complexos
(por exemplo: adicionar fibras na dieta, prebióticos, vermifugação, ou modificadores principalmente de fontes vegetais que não são facilmente digeridas pelas enzimas
da motilidade). Em cães com diarreia crônica (> 2 semanas) do intestino grosso, onde digestivas de mamíferos. A digestão destes alimentos é conseguida com o auxílio de
o tratamento sintomático ou de suporte não é eficaz no controle de sinais clínicos, bactérias no trato GI e ocorre de forma mais eficaz no cólon dos cães. Dado que os
pode-se indicar imagens (raio-X ou ultrassom), testes mais específicos para bactérias diferentes tipos de fibras dietéticas são digeridos (também chamado de solubilidade e
ou parasitas gastrointestinais (GI) ou endoscopia (com biópsia). fermentabilidade) mais ou menos eficazmente por bactérias, muitas vezes são
classificadas por esta característica. No entanto, é importante compreender que muitas
Fisiopatologia fibras dietéticas possuem características de ambos os grupos, portanto são chamadas de
fibras mistas.
Sinais clínicos da diarreia do intestino grosso são um reflexo da proximidade da doença
As fontes de fibras solúveis (ou altamente fermentáveis) são benéficas para cães com
na extremidade final do trato GI. Como resultado, os sinais clínicos da doença do
doença do cólon, porque se desintegram em ácido graxo de cadeia curta (uma fonte
cólon são todos muito semelhantes, enquanto as suas causas podem ser bastante
essencial para os colonócitos) e também servem como uma fonte de nutrientes para as
diferentes. Por exemplo, hematoquezia ocorre em vez da “melena”, porque o sangue não
bactérias benéficas (também chamadas prebióticas). Tem sido demonstrado que a
está no trato tempo suficiente para ser digerido por enzimas ou bactérias e existe
adição de fontes de fibras solúveis aumenta a quantidade de bactérias benéficas e reduz
frequentemente mais muco presente nas fezes porque muitas das glândulas secretoras
as bactérias patogênicas, um tema chave quando uma interrupção ocorre no meio
de muco que estão no cólon aumentam sua produção quando o epitélio se rompe, e
normal, independentemente da causa geradora. No entanto, as fontes de fibra solúveis
ocorre mais esforço ou frequência da defecação devido a uma interrupção na motilidade
não podem ser adicionadas em grandes quantidades, porque são altamente
colônica que reduz o tempo de armazenamento da matéria fecal para formar as fezes
fermentáveis e produzirão mais flatulência e conteúdo de água nas fezes.
de tamanho normal com menos água. Assim, embora a diarreia do intestino grosso em
Fontes de fibra insolúvel (ou fracamente fermentáveis) também são benéficas em
cães possa ocorrer devido a uma variedade de causas, a resposta à lesão da mucosa do
cães com doença do cólon, mas por razões diferentes. As fibras insolúveis
cólon, independentemente da causa, é essencialmente a mesma.
aumentam o volume das fezes e, como resultado do alongamento e relaxamento,
Predisposição
melhoram a motilidade (tanto a segmentação como o movimento normal) no
cólon. Adicionar fibras insolúveis diminui a frequência e esforço associado com a
Diarreia aguda do intestino grosso é mais comum em cães jovens ou de meia idade motilidade atípica presentes na colite; a desvantagem é que não proporcionam uma
devido ao maior risco para indisposições alimentares, infecções parasitárias ou fonte de nutrientes para as bactérias do cólon ou nas fezes, o que é importante em
infecciosas, tais como colite causada por Clostridium, por mudanças na dieta ou cães com doenças graves do cólon.
internações. Cães de raças pequenas podem estar em maior risco de desenvolver colite
por estresse ou síndrome do intestino irritável, embora a doença possa ter uma variedade
de causas nutricionais, inflamatórias e neoplásicas, incluindo DII do cólon ou várias
formas de câncer do cólon. Cães da raça Boxer apresentaram maior incidência de colite
ulcerativa histiocítica (CUHC), um tipo específico de DII associada a antibióticos
devido ao crescimento bacteriano excessivo nesta raça.

46
Valores recomendados de nutrientes essenciais Vários alimentos não coadjuvantes para cães são potencialmente adequados para a
diarreia do intestino grosso, pois contêm uma maior quantidade de fibras insolúveis;
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal essas dietas são geralmente classificadas como dietas para controle de peso. Cada dieta
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* pode conter fontes de fibra insolúvel ou mista. Dessa forma, o rótulo deve ser avaliado

Fibra Bruta# 7–16 2.0–5.0 n/d n/d


para determinar a origem das fibras.

Gordura 10–15 3–5 5 1.4 Pontos para a educação do proprietário


A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas • Alimente apenas com alimentos recomendados durante o tempo recomendado.
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
• Pode ser útil alimentar com pequenas quantidades de alimentos com maior
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos frequência (três a quatro vezes por dia), uma vez que grandes quantidades de
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. alimentos aumentam a carga do trato GI e podem contribuir para os sinais
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
clínicos; no entanto, isto não ocorre em todos os cães.
# As fontes deverão incluir fibras solúveis e insolúveis. A análise de fibra bruta inclui a • Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos; a adição de fibras
maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra na dieta pode causar fezes muito secas e duras e difíceis de serem expulsas por
bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliada.
Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis
alguns cães.
• Aconselhar os proprietários sobre os efeitos da adição de fibra na dieta: as fibras

Princípios da alimentação coadjuvante


insolúveis aumentam o volume das fezes, enquanto as fibras solúveis contribuem
geralmente para formar fezes menores e mais moles, mas podem estar associadas ao
• Os nutrientes essenciais deverão ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) aumento de flatulência.

Comorbidades comuns
para minimizar diarreia osmótica, a fermentação bacteriana dos alimentos sem
digerir e reduzir os gases intestinais.
• Usar proteínas hidrolisadas de alta qualidade e uma única fonte se houver a As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com diarreia do
probabilidade de os gases ou de sensibilidade alimentar, mas na maioria dos casos de intestino grosso são: doença inflamatória intestinal colônica e crescimento bacteriano
colite isso não é necessário. excessivo e colite por Clostridiume internação recente ou mudança de dieta.

Estratégias para o manejo das interações


• É indicada uma quantidade alta ou moderada de fibras insolúveis para melhorar a
motilidade do cólon, a menos que a constipação colônica ou obstrução ocorra
medicamentosas
devido ao câncer ou estenose.
• É indicada a adição de uma fonte de fibras solúveis ou mistas para melhorar a saúde
das células epiteliais do cólon e normalizar as populações bacterianas afetadas Tratamento com esteroides na doença inflamatória intestinal incrementará a sede e
pela doença ou o tratamento. A proporção ideal de fibras solúveis e insolúveis nas o apetite e pode causar aumento de peso involuntário ou doença hepática. O
dietas para doenças do cólon é objeto de debate; no entanto, a adição de ambas tratamento imunossupressor para a doença inflamatória intestinal ou linfoma pode
fontes de fibra é geralmente aceita como o ideal. causar toxicidade GI (sinais clínicos comuns podem ser vômitos ou diarreia). O
• Maior quantidade de ácidos graxos ômega 3 para ajudar a reduzir os eicosanoides tratamento com anti-inflamatórios não esteroides para a doença intestinal do cólon
(mediadores inflamatórios) associados com a inflamação intestinal. (por exemplo: sulfassalazina) pode causar toxicidade por sulfonamida (isto é, o olho
• Níveis moderados de gordura na dieta (deve ser altamente digestível). seco, doença de fígado ou de medula óssea, doenças imunomediadas tais como a
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota. trombocitopenia imunomediada ou a anemia hemolítica imunomediada). O
n Petiscos – Em geral, deve-se evitar os petiscos para cães com doença intestinal até tratamento com antibióticos pode afetar a microbiota e piorar a diarreia, devido ao
que um diagnóstico definitivo seja feito. Se os petiscos são importantes para a rotina crescimento excessivo de bactérias.

Controle
diária do cão, podem ser oferecidos petiscos com base em uma dieta coadjuvante ou
nos princípios mencionados anteriormente.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Se o cão não come a dieta sugerida, Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se as características
pode-se adicionar uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo teor de normais das fezes está retornando ou se novos problemas estão se desenvolvendo.
sódio. Em alternativa, o alimento pode ser misturado com uma pequena Também é importante o julgamento clínico para se certificar de que o cão não está
quantidade de alimento enlatado, para aumentar o interesse. Se o cão se recusa a desidratado, que continua comendo, e que não apresenta quaisquer novos indicadores
comer a dieta coadjuvante, pode ser adicionada à dieta habitual uma fonte de fibras da doença (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos).
mistas, como coloide de Psyllium (Metamucil®). Se o cão perde peso ou se está desidratado, o tratamento deve ser reavaliado e
n Recomendações para a dieta – As dietas utilizadas para as diarreias do intestino modificado conforme as necessidades desse paciente em particular.
grosso podem corresponder a um dos seguintes tipos de dieta: 1) dietas com
ingredientes de fácil digestão como é característico da diarreia do intestino Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos cãesna página 51.
delgado, ou 2) dietas com uma maior quantidade de fibras dietéticas. Essas dietas
podem ser de fibra insolúvel principalmente (maior volume) ou dietas com fibras
mistas (tanto solúveis e insolúveis). Tem sido demonstrado que a adição de um
suplemento nutricional prebiótico é eficaz para recuperar tanto a saúde como o
equilíbrio normal do intestino.

47
Diarreia do intestino grosso – Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
A alteração mais importante na dieta dos gatos com diarreia do intestino grosso
consiste em subministrar nutrientes altamente digestíveis para que os carboidratos,
É comum observar a diarreia de intestino grosso associada a um maior tenesmo ou gorduras e proteínas em excesso não alcancem o cólon sem serem digeridas, e em
urgência para defecar, aumento da frequência de defecação de volumes geralmente segundo lugar, aumentar a concentração do aumento de fibras da dieta para
menores e, talvez, uma maior presença de hematoquezia ou muco. Estas características maximizar a saúde do epitélio e das bactérias do cólon.
servem para diferenciar a diarreia do intestino grosso da diarreia do intestino delgado. O objetivo de proporcionar uma dieta com nutrientes altamente digestíveis (>
A diarreia do intestino grosso também é caracterizada pelo fator causador: infecciosa 85-90% de digestibilidade) é o de maximizar a digestão e absorção de carboidratos
(colite causada por Clostridium), parasitária (colite por tricocéfalos), alimentar (colite e gorduras no intestino delgado para evitar que a diarreia do intestino grosso piore
sensível à fibra), inflamatória (colite linfoplasmocitária ou doença inflamatória intestinal devido ao crescimento bacteriano excessivo ou aos efeitos osmóticos da má
[DII]) e neoplásica. Muitas vezes, as doenças que causam diarreia do intestino grosso digestão de carboidratos.
estão associadas com a inflamação e, portanto, são chamadas de colite. As proteínas tornam-se de interesse quando existe a suspeita que a diarreia seja

Ferramentas de diagnóstico e exames


causada por uma alergia alimentar. A chave para o sucesso no tratamento de gatos

complementares
com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte de novas
proteínas (ou uma que seja menos antígena, como uma dieta de proteínas
O diagnóstico de diarreia do intestino grosso começa com uma anamnese completa, hidrolisadas). É raro que os gatos com alergia alimentar apenas apresentem diarreia
incluindo histórico dietético e tratamento com medicamentos, além de exame físico, do intestino grosso sem indicadores de doença no intestino delgado (vômitos ou
incluindo exame retal. A análise de matéria fecal (por exemplo: as técnicas de flutuação, diarreia) ou indicadores de alergias dermatológicas.
citologia, teste imunoenzimático ligada a enzima [ELISA, em inglês]/análise da reação Em gatos com diarreia do intestino grosso, a mudança mais importante na dieta
em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]) ou vermifugação terapêutica é muito pode ser a adição de fibra. As fibras dietéticas são carboidratos complexos
importante. Na diarreia aguda do intestino grosso, o tratamento sintomático ou de principalmente de fontes vegetais que não são facilmente digeridos pelas enzimas
suporte, muitas vezes pode ser tudo o que é necessário (por exemplo: adicionar fibra digestivas dos mamíferos. A digestão destes alimentos é conseguida com o auxílio
alimentar, probióticos, vermifugação). Em gatos com diarreia crônica (> 2 semanas) de bactérias no trato GI, e ocorre de forma mais eficaz no cólon dos gatos. Dado
do intestino grosso, onde o tratamento sintomático ou de suporte não é eficaz, pode- que os diferentes tipos de fibras dietéticas são digeridos (também chamado de
se indicar imagens (raio-X ou ultrassom), testes mais específicos para parasitas ou solubilidade ou fermentabilidade) mais ou menos eficaz por bactérias, muitas
bactérias gastrointestinais (GI) ou endoscopia (biópsia). vezes são classificadas por esta característica. No entanto, é importante

Fisiopatologia
compreender que muitas fibras dietéticas possuem características de ambos os
grupos e, portanto, são chamadas de fibras mistas.
Sinais clínicos da diarreia do intestino grosso são um reflexo da proximidade da Em geral, as fontes de fibras solúveis (ou altamente fermentáveis), que são aquelas
doença na extremidade final do trato GI. Como resultado, os sinais da doença do fibras que as bactérias desintegram facilmente para formar os ácidos graxos de
cólon são todos muito semelhantes, enquanto as suas causas podem ser bastante cadeia curta, água e gases, são benéficas em gatos com doença do cólon, pelas
diferentes. Por exemplo, hematoquezia ocorre em vez da “melena”, porque o sangue mesmas razões que são em cães. No entanto, as fibras solúveis devem ser
não está no trato tempo suficiente para ser digerido por enzimas ou bactérias, existe adicionadas em pequenas quantidades na dieta dos gatos, pois a maior quantidade
frequentemente mais muco presente nas fezes porque muitas das glândulas de bactérias nas fezes produz mais flatulência e conteúdo de água, gerando
secretoras de muco que estão no cólon aumentam sua produção, quando o epitélio características e odores indesejados nas fezes.
se rompe, e ocorre mais esforço ou frequência da defecação devido a uma Fontes de fibras insolúveis (ou pouco fermentáveis) também são benéficas em gatos
interrupção na motilidade colônica que reduz o tempo de armazenamento da com doença do cólon, mas por razões diferentes. As fibras insolúveis aumentam o
matéria fecal para formar as fezes de tamanho normal com menos água. Assim, volume das fezes e, como resultado de alongamento e relaxamento, melhoram a
embora a diarreia do intestino grosso nos gatos possa ocorrer devido a uma motilidade (tanto a segmentação como a propulsão normais) no cólon. Adicionar
variedade de causas, a resposta à interrupção da mucosa do cólon, fibras insolúveis na dieta diminui o esforço associado com a motilidade atípica
independentemente da causa, é essencialmente a mesma. presente na colite. Além disso, essas fibras são úteis para o deslocamento dos pelos
através do cólon de forma mais eficaz, reduzindo assim a possibilidade de obstrução
Predisposição
e colite induzida pela ingestão de pelos. A desvantagem das fontes de fibras
insolúveis é que não fornecem uma fonte de nutrientes para os colonócitos ou as
A diarreia aguda do intestino grosso é mais comum em gatos jovens ou de meia idade, bactérias na matéria fecal (e os gatos que não consomem água suficiente, podem
devido a falta de cuidado com a dieta, infecções alimentares (penas, ossos ou outros produzir fezes muito secas e difíceis de expulsar), criando a possibilidade de
objetos estranhos), infecções por parasitas ou protozoários (Tritrichomonas), ou causas desenvolver constipação, que é uma complicação comum das dietas.
infecciosas, como a colite por Clostridium. Gatos de raças de pelos compridos têm uma
maior incidência de colite induzida por ingestão de pelos, uma doença que ocorre
presumivelmente devido à irritação no cólon causada pela passagem de um grande
número de pelos. A diarreia crônica do intestino grosso é comum em gatos de meia à
idade ou idade avançada e pode ocorrer em qualquer raça devido a uma variedade de
causas alimentares, inflamatórias ou neoplásicas, incluindo a DII colônica ou várias
formas de câncer de cólon. Gatos Siameses parecem estar em maior risco de
desenvolvimento de adenocarcinoma de cólon.

48
Valores recomendados de nutrientes essenciais Vários produtos não coadjuvantes vendidos sem receita são potencialmente adequados
para gatos com diarreia do intestino grosso. Estas dietas contêm fibra insolúvel e a
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal maioria é comercializada como fórmulas para gerenciamento de peso ou para as bolas
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
de pelos. A maioria das fórmulas com adição de fibra tem fibras insolúveis como a

Fibra Bruta# 2–8 0.5–2.5 n/d n/d


principal fonte; no entanto, alguns alimentos contêm fontes de fibras mistas, de modo
que o médico veterinário tem de avaliar a fonte para determinar a origem das fibras.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada Pontos para a educação do proprietário
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, • Alimentar apenas com alimentos recomendados para o tempo recomendado.
de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. • Pode ser útil alimentar com pequenas quantidades de alimento com maior
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
frequência de 3 a 4 vezes por dia; como no caso da diarreia do intestino delgado,
# As fontes deverão incluir fibras solúveis e insolúveis. A análise de fibra bruta inclui a grandes quantidades de alimentos aumentam a carga do trato GI e podem
maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra bruta contribuir para os sinais clínicos; no entanto, isto não ocorre em todos os gatos.
tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliada. Deve-se
avaliar a lista de ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
• Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos; a adição de fibras
na dieta pode fazer com que as fezes se tornem muito secas e difícil de serem

Princípios da alimentação coadjuvante


expelidas, por alguns gatos. A melhor maneira de aumentar o consumo de água em
gatos é fornecendo alimentos enlatados.
• Os nutrientes essenciais deverão ser altamente digestíveis (>90% de digestibilidade) • Aconselhar aos proprietários sobre os efeitos da adição de fibra na dieta: as fibras
para minimizar a diarreia osmótica, a fermentação bacteriana de alimento não insolúveis aumentam o volume das fezes, enquanto as fibras solúveis contribuem
digerido e reduzir o gás intestinal. geralmente para formar fezes menores e mais moles, mas podem estar associadas ao
• Utilizar proteínas hidrolisadas de alta qualidade e uma única fonte se houver aumento de flatulência.

Comorbidades comuns
probabilidade de DII ou sensibilidade alimentar, mas na maioria dos casos de colite
isso não é necessário.
• É indicada uma moderada a alta quantidade de fibras insolúveis para melhorar a Comorbidades comuns em gatos com diarreia do intestino grosso são: doença
motilidade do cólon, a menos que a constipação ou obstrução colônica ocorra inflamatória intestinal colônica e crescimento bacteriano excessivo, e colite por
devido a câncer ou estenose. Clostridiumou hospitalização recente ou mudança de dieta.

Estratégias para o manejo das interações


• A proporção ideal de fibras solúveis e insolúveis nas dietas para doenças do cólon

medicamentosas
ainda é objeto de debate; no entanto, a adição de pequenas quantidades de ambas
as fontes de fibra é geralmente é aceita como o ideal
• Maior quantidade de ácidos graxos ômega 3 para ajudar a reduzir eicosanoides Tratamento com esteroides na doença inflamatória intestinal aumentará a sede, e o
(mediadores inflamatórios) associados à inflamação intestinal. apetite e pode causar aumento de peso involuntário ou doença hepática. O tratamento
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota.
n Petiscos – Em geral, deve-se evitar os petiscos em gatos com doença intestinal até
imunossupressor para a doença inflamatória intestinal ou linfoma pode causar
toxicidade GI (sinais clínicos comuns podem ser vômitos ou diarreia). O tratamento
que um diagnóstico definitivo seja feito. Se os petiscos são importantes para a rotina com antibióticos pode afetar a microbiota e piorar a diarreia devido ao crescimento
diária do gato, podem ser oferecidos utilizando-se uma dieta coadjuvante ou com base excessivo de microorganismos.
nos princípios antes mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Se o gato não come a dieta sugerida, você
Controle
pode adicionar ao alimento uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo
Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o caráter normal das
teor de sódio. Em alternativa, pode ser misturada uma pequena quantidade de alimento
fezes retorna ou se novos problemas estão se desenvolvendo. A avaliação do estado
enlatado ao seco, para torná-lo mais interessante. Se o gato se recusa a comer a dieta
clínico é essencial para garantir que o gato não esteja desidratado, continue a se
coadjuvante, pode ser adicionada à dieta habitual uma fonte de fibras mistas, como
alimentar, e que não apresente quaisquer novos indicadores de doença (por exemplo:
coloide de Psyllium (Metamucil®).
n Recomendações para a dieta – As dietas coadjuvantes adequadas para gatos
letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos). Se o gato está perdendo peso
ou desidratando, o tratamento deve ser reavaliado e modificado conforme as
com diarreia do intestino grosso podem incluir ingredientes altamente digestíveis,
necessidades do paciente.
para reduzir a quantidade de ingestão que atinge o cólon, ou podem incluir dietas
com uma maior presença de fibras insolúveis. Se as fibras vão ter um tratamento
Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos gatosna página 51.
eficaz ou não, isso depende de cada situação particular, já que alguns gatos que
comem dietas ricas em fibras têm fezes duras secas e constipação. Nestes casos, a
alimentação deve ser substituída por uma dieta pobre em fibras, uma vez que a
apresentação deste problema indica intolerância à fibra. Tem sido demonstrado
que a adição de um suplemento nutricional com prebiótico é eficaz para recuperar
a saúde e o equilíbrio normal do intestino.

49
Manejo nutricional da diarreia do intestino delgado em gatos

A diarreia é aguda ou crônica?

Aguda Crônica

Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base, mas um tratamento utilizando uma dieta altamente
Se for aguda, ou causada por um problema digestível, com proteínas de alta qualidade e com conteúdo reduzido de carboidratos, é um bom ponto de partida.
na dieta, suspender a alimentação durante
12-18 horas, em seguida, iniciar a
alimentação com pequenas quantidades de
uma dieta altamente digestível com
moderado ou alto teor de proteínas a Se a diarreia crônica for Se a diarreia crônica foi
Se a diarreia crônica é causada por
cada 4 a 6 horas. causada por um linfoma causada por alergia
doença inflamatória intestinal, iniciar
ou outro câncer intestinal, alimentar, iniciar um
uma dieta altamente digestível com
pode-se indicar níveis teste de eliminação de
baixo teor de gorduras. Como
mais elevados de proteína alimentos usando uma
alternativa, as dietas hidrolisadas ou
e de gordura para dieta contendo uma única
com antígenos novos podem ser
contrariar a perda de fonte de novas proteínas
benéficas em alguns gatos com doença
peso e melhorar o apetite ou fonte de proteínas
inflamatória intestinal.
em pacientes com câncer. hidrolisadas.

50
Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos cães

A diarreia é aguda ou crônica?

Aguda Crônica

Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base.


Alimentar como na diarreia aguda do intestino grosso até que se confirme o diagnóstico.
Se for aguda, ou causada por um
problema na dieta ou estresse, agregar
fibras na dieta pode ser tudo o que precisa
para normalizar a motilidade e reduzir os Se a diarreia crônica do Se a diarreia crônica foi
sinais clínicos da colite. intestino grosso é causada por alergia
Se a diarreia crônica é causada por um linfoma alimentar, iniciar um teste
causada por doença ou outro câncer do de eliminação de alimentos
inflamatória intestinal, intestino grosso que usando uma dieta contendo
iniciar uma dieta com alto possa causar obstrução, uma única fonte de novas
teor de fibras as melhores opções de proteínas ou fonte de
(preferivelmente alimentação são as dietas proteínas hidrolisadas;
fibras mistas). altamente digestíveis pode ser útil agregar uma
para reduzir o volume da fonte de fibras
matéria fecal. (por exemplo: Psyllium).

Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos gatos

A diarreia é aguda ou crônica?

Aguda Crônica

Se for aguda, ou causada por um Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base.
problema na dieta ou estresse, agregar Alimentar como na diarreia aguda do intestino grosso até que se confirme o diagnóstico.
fibras na dieta pode ser tudo o que precisa
para normalizar a motilidade e reduzir os
sinais clínicos da colite.
Se a diarreia crônica é
causada por doença Se a diarreia crônica foi
inflamatória do intestino, Se diarreia do intestino causada por alergia
iniciar uma dieta rica em grosso crônica é causada alimentar, iniciar um
fibra; o agregado de fibra por linfoma ou outro teste de eliminação de
pode ser útil ou não. A câncer do intestino grosso alimentos usando uma
maioria dos gatos com que pode causar uma dieta contendo uma única
doença inflamatória obstrução, as melhores fonte de novas proteínas
intestinal colônica também opções de alimentação ou fonte de proteína
tem diarreia do intestino são as dietas altamente hidrolisada; pode ser útil
delgado, portanto, deve-se digestíveis para reduzir o agregar uma fonte de
considerar os princípios de volume das fezes fibras (por exemplo:
tratamento dietético para Psyllium).
esta doença.

51
Colite - Cães
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN A dieta altamente digestível atenua os sinais clínicos da colite por limitação do volume

Definição
de ingestão entregue ao cólon comprometido.
As fibras da dieta são metabolizadas pela microbiota do cólon em ácidos graxos de
A colite é uma inflamação do cólon que prejudica a absorção de água e eletrólitos e cadeia curta (acetato, butirato e propionato), fornecendo uma fonte direta de energia
produz tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou constipação. para os colonócitos danificados. Ao fixar a água do lúmen, o maior teor de fibra da
A colite pode ser produzida por infecções causadas por parasitas, fungos ou dieta promove a normalização da motilidade colônica. Estas fibras também protegem
Clostridium, por neoplasias ou pode ser idiopática. a mucosa de contato de substâncias irritantes físicas, presentes nos ácidos biliares, e

Ferramentas de diagnóstico e exames


materiais ingeridos para limitar as lesões dos colonócitos. Estes efeitos das fibras da

complementares
dieta também restringem os mecanismos de virulência do Clostridium perfingens, que
está envolvido em alguns casos de colite.
Os antígenos da dieta podem causar ou agravar a inflamação do cólon; portanto, a
Rotineiramente é indicado: histórico clínico, exame físico, matéria fecal, análise
restrição da dieta a uma única proteína nova ou proteína hidrolisada provoca uma
hematológica e análise bioquímica do soro. Muitas vezes, é necessário para o diagnóstico
melhora clínica em alguns cães. A identificação desses indivíduos requer uma dieta de
realizar colonoscopia e biópsia, e, ocasionalmente, biópsias da espessura completa do
eliminação de alimentos, a qual será oferecida por pelo menos quatro semanas antes que
intestino mediante uma laparotomia. Uma dieta rica em fibras, altamente digestíveis
qualquer melhora clínica possa ser esperada.
com antígenos limitados, pode ser essencial para o tratamento de sinais clínicos.
Estudos em seres humanos sugerem que os antioxidantes, ácidos graxos
Fisiopatologia
poli-insaturados Ômega 3, fruto-oligossacarídeos, prebiótico e probióticos podem ser
benéficos no tratamento dietético da colite.
A fisiopatologia da colite é multifatorial e depende da etiologia. A absorção de água e n Petiscos – Enquanto os petiscos podem ser importantes para manter o vínculo
eletrólitos é deteriorada pela mucosa inflamada e uma secreção do eletrólito ativo pode humano-animal, os petiscos são completamente diferentes em composição com
também ocorrer. É comum que a motilidade colônica seja comprometida e a secreção relação à dieta principal e devem ser evitados durante a fase inicial de avaliação,
de muco aumentada por um patógeno gerador ou de maneira secundária, pela mesma com o objetivo de estabelecer a eficácia da dieta base sozinha. Os cães que
inflamação. Uma inflamação avançada pode causar erosão e ulceração do cólon e sinais respondem a dietas ricas em fibras podem, então, receber petiscos ricos em fibras,
clínicos mais graves. como vegetais. Os cães que são tratados com uma dieta altamente digestível podem

Predisposição
ser alimentados com diversos petiscos que contenham ingredientes de fácil digestão.
Os animais alimentados com dietas com ingredientes limitados/pouco comuns
A doença inflamatória intestinal(DII) é sumamente comum em cães de meia idade. só devem receber petiscos que contenham os mesmos ingredientes que a dieta de
Os cães da raça Pastor Alemão são os mais representativos, mas a DII está documen- base. Da mesma forma, cães alimentados contendo proteínas hidrolisadas só
tada na maioria das raças, bem como em raças mistas. Uma forma rara de colite, colite podem receber petiscos que contenham ingredientes hidrolisados. As formas
ulcerativa histiocítica, ocorre principalmente em cães boxer jovens com menos de dois úmidas das dietas base podem ser para formar bolachas como petiscos. Como
anos de idade. alternativa, uma parte da dieta primária pode ser oferecida fora dos horários

Modificações nos nutrientes essenciais


normais de alimentação, métodos alternativos usando comida como petisco. Se
são oferecidos petiscos, devem ser incorporados lentamente, mantendo uma
A maioria dos cães com colite mantém o apetite e peso corporal. Assim, a modificação consistência no tipo de tratamento oferecido diariamente, e deve ser monitorado
de nutrientes básicos da dieta tem por objetivo reduzir ou eliminar sinais clínicos. de perto se o cão apresenta novamente indicadores de colite. Como sempre, sugere-
Dependendo da etiologia da colite em cada cão pode ser benéfica uma dieta rica em se que todos os petiscos e suplementos forneçam menos do que 10% do total de
fibras, altamente digestível ou com antígenos limitados. calorias diárias.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A maioria dos cães com colite mantém
Valores recomendados de nutrientes essenciais excelente apetite e, geralmente, as dietas adequadas para o tratamento da colite não
carecem de palatabilidade. Se uma dieta comercial, em especial, não é aceita, o cão pode
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal achar que outras dietas comparáveis são mais palatáveis. Alternativamente, a
Níveis recomendandos na dieta Necessidade mínima na dieta*
palatabilidade pode ser aumentada por aquecimento do alimento à temperatura

Fibra Bruta 7–16 2.0–5.0 n/d n/d


corporal ou por adição de um adoçante, tal como xarope de milho. Estimulantes de
#
apetite e dispositivos de alimentação assistida às vezes são necessários em pacientes cuja
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas anorexia persistente impossibilita a ingestão de calorias necessárias.
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada n Recomendações para a dieta–Inúmeras dietas altamente digestíveis ricas em fibras,
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender às necessidades
com ingredientes limitados/pouco comuns e com proteínas hidrolisadas estão à venda,
normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. produzidas pelos principais fabricantes de dietas coadjuvantes. Se forem para ser
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela utilizadas dietas com ingredientes/limitados pouco comuns, é preferível que tais dietas
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
# As fontes deverão incluir fibras solúveis e insolúveis. A análise de fibra bruta inclui a maior
contenham ingredientes novos para o indivíduo segundo seja determinado pelos
parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma antecedentes alimentares. O montante inicial dos alimentos deve ser estimado após o
utilidade limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliada. Deve-se avaliar a lista
de ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
cálculo da ingestão calórica diária quando o peso era estável ou o cálculo das exigências
energéticas de manutenção, quando a determinação anterior não é possível.

Princípios da alimentação coadjuvante Pontos para a educação do proprietário


Como a maioria dos cães com colite mantém o apetite e o peso corporal, o • A colite é uma doença comum em cães, caracterizada pela defecação mais frequente,
principal objetivo da modificação da dieta é reduzir os sinais clínicos de tenesmo, esforço para defecar e fezes que podem conter sangue e/ou muco. Normalmente,
disquezia, sangue ou muco nas fezes, diarreia e/ou constipação. Isto é atingido não está associada com a perda de peso ou perda de apetite.
através do aumento da digestibilidade da dieta através do aumento do teor de fibra • A colite é uma inflamação do intestino grosso (cólon), que pode ser produzida por
de dieta ou minimizando antígenos alimentares. infecções por parasitas, fungos ou bactérias; alergia ou intolerância alimentar; e

52
raramente, câncer. É desconhecida a causa de um dos tipos mais comuns de colite Quando prescrita sulfassalazina, um medicamento com ação anti-inflamatória no
chamada doença inflamatória do intestino. cólon, ela deverá ser administrada junto com o alimento para reduzir o efeito colateral
• Muitas vezes, vários testes são necessários para identificar as causas subjacentes da emético. Em contrapartida, alguns agentes antibacterianos são absorvidos de forma
colite, incluindo exames de sangue e fezes, endoscopia e biópsia do cólon. incompleta na presença de alimentos e a eficácia depende da administração, que deve
• O tratamento medicamentoso visa eliminar a causa subjacente sempre que possível. ser de 1 hora antes, ou 2 horas após as refeições.

Controle
A modificação da dieta pode ser um método eficaz e essencial para aliviar sinais
clínicos, independentemente do fator gerador.

Comorbidades comuns
O tratamento inicial preferido para a colite varia de acordo com os médicos
veterinários; alguns preferem unicamente a manipulação dietética e outros também
A colite pode ser produzida em combinação com a inflamação do intestino delgado usam medicamentos. A eficácia do tratamento é baseada na resolução ou
ou inflamação gástrica. diminuição do tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou

Estratégias para o manejo das interações


constipação. Nos pacientes em que a modificação da dieta por si só não funciona,

medicamentosas
deve ser promovido tratamento medicamentoso e continuar por pelo menos 2-4
semanas após controlados os sinais clínicos antes de se tentar reduzir gradualmente
a dose. Pode ser necessário que o tratamento com dieta e, em alguns cães o
O tratamento medicamentoso para a colite pode incluir parasiticidas, antiprotozoários,
tratamento com medicamentos, continue a longo prazo ou para toda a vida, para
antibióticos, tratamentos de proteção e anti-inflamatórios e imunossupressores
controlar os indicadores.
gastrointestinais.
A polifagia é um efeito colateral comum de corticosteroides. Os proprietários de cães
que recebem dietas de eliminação devem ser alertados de que os hábitos alimentares
indiscriminados e a natureza de revirar o lixo poderiam prejudicar os benefícios da
manipulação na dieta.

Manejo nutricional da colite em cães

Avaliação geral do paciente

Colite neoplásica ou produzida por parasitas,


Etiologia desconhecida Doença inflamatória intestinal ou intolerante a
fungos ou bactérias
dieta (confirmar a suspeita)

Tratamento específico com medicamentos como indicado Tratamento específico com medicamentos como indicado

Dieta com antígenos limitados: Alimentar só com uma Dieta altamente digestível Dieta rica em fibras
dieta com ingredientes limitados/pouco comuns ou dieta
com proteína hidrolisada por pelo menos 4 semanas

Persistência de Resolução de Resolução de Resolução de


sinais clínicos sinais clínicos sinais clínicos sinais clínicos
Persistência dos Resolução dos
sinais clínicos sinais clínicos

Testar uma dieta rica em Considerar um teste de


fibras e continue os provocação com a dieta usual Testar uma dieta
passos para ver se os indicadores altamente digestível
Testar novamente Considerar um teste de aparecem novamente
uma dieta com provocação com a dieta Manejo nutricional e ou medicamento ou
antígenos limitados usual para ver se os tratamento a longo prazo por toda a vida se
ou testar uma dieta indicadores aparecem os indicadores voltarem a aparecer
altamente digestível novamente

53
Colite - Gatos
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN ingredientes que a dieta base. Da mesma forma, os gatos que recebem dietas com

Definição
proteínas hidrolisadas só podem ser alimentados com petiscos contendo ingredientes
hidrolisados. As formas de alimento enlatado podem ser assadas para criar bolachas
A colite é uma inflamação do cólon que prejudica a absorção de água e eletrólitos e como petiscos. Como alternativa, uma parte da dieta primária pode ser oferecida
produz sinais clínicos que podem incluir tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes fora dos horários normais de alimentação, utilizando métodos alternativos de
mucosas, diarreia e/ou constipação. alimento, como um petisco. Pode-se fornecer afeto e atenção como um substituto

Ferramentas de diagnóstico e exames


dos petiscos. Se são oferecidos petiscos, devem ser incorporados lentamente,
mantendo uma coerência no tipo de petisco oferecido diariamente, e deve-se
complementares monitorar o gato de perto para ver se se repetem os indicadores da colite. Como
sempre, sugere-se que todos os petiscos e suplementos sejam fornecidos
Rotineiramente é indicado: histórico clínico, exame físico, matéria fecal, análise
incorporando menos do que 10% do total de calorias diárias.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A maioria dos gatos com colite mantém
hematológica e análise bioquímica do soro. Muitas vezes, é necessário para o
diagnóstico realizar colonoscopia e biópsia, e, ocasionalmente, biópsias da
um bom apetite e geralmente as dietas adequadas para tratar a colite não carecem de
espessura completa do intestino mediante uma laparotomia. Uma dieta rica em
palatabilidade. Se uma dieta comercial, em especial, não é aceita, o gato pode encontrar
fibra, altamente digestível com antígenos limitados, pode ser essencial para o
outras dietas comparáveis convenientemente tentadoras. Alternativamente, a
tratamento de sinais clínicos.
palatabilidade pode ser aumentada mediante o aquecimento da comida até a
Fisiopatologia
temperatura corporal ou agregando umidade. Estimulantes do apetite e dispositivos
de alimentação assistida às vezes são necessárias em pacientes cuja anorexia persistente
A fisiopatologia da colite é multifatorial e depende da etiologia. A absorção de água e impossibilita a ingestão calórica necessária.
eletrólitos é prejudicada por parte da mucosa inflamada e também pode ocorrer uma n Recomendações para a dieta – - Inúmeras rações altamente digestíveis com
secreção ativa de eletrólito. É típico que a motilidade colônica esteja comprometida e ingredientes limitados/pouco comuns e com proteínas hidrolisadas estão à venda,
a secreção de muco aumentada por um patógeno gerador ou secundariamente pela produzidas pelos principais fabricantes de dietas coadjuvantes. Se forem para ser
mesma inflamação. Uma inflamação avançada pode causar erosão e ulceração do cólon utilizadas dietas com ingredientes limitados/pouco comuns, é preferível que tais dietas
e sinais clínicos mais graves. contenham ingredientes novos para o indivíduo, como determinado a partir dos

Predisposição
registros dietéticos. O montante inicial dos alimentos deve ser estimado após o cálculo
da ingestão calórica diária quando o peso era estável ou o cálculo das necessidades
A colite é documentada em todas as raças e em gatos de todas as idades. Está energéticas de manutenção, quando a determinação acima não for possível.

Pontos para a educação do proprietário


documentado que a doença inflamatória intestinal (DII) ocorre mais frequentemente
em gatos de raça pura.

Modificações nos nutrientes essenciais


• A colite em gatos é caracterizada por defecação mais frequente, esforço para defecar
e fezes que possam conter sangue e/ou muco. Normalmente, não está associada
A maioria dos gatos afetados com colite mantém o apetite e o peso corporal. Assim, a com a perda de peso ou perda de apetite.
modificação de nutrientes básicos da dieta tem por objetivo reduzir ou eliminar sinais • A colite é uma inflamação do intestino grosso (cólon), que pode ser produzida por
clínicos. Dependendo da etiologia da colite de cada gato, em particular, pode ser infecções por parasitas, fungos ou bactérias; alergia ou intolerância alimentar; ou
benéfica uma dieta altamente digestível e com antígenos limitados. câncer. Se desconhece a causa de um dos tipos mais comuns da colite chamada

Valores recomendados de nutrientes essenciais


doença inflamatória do intestino.
• Muitas vezes, vários testes são necessários para identificar a causa da colite, incluindo
Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais de acordo exames de sangue e fezes, endoscopia e biópsia do intestino grosso.
com a fase da vida, estilo de vida e ingestão de energia. Deve-se levar em conta o uso de • O tratamento medicamentoso visa eliminar a causa subjacente, se tiverem sido
dietas altamente digestíveis ou proteínas hidrolisadas ou novas. determinadas. A modificação da dieta pode ser um método essencial e eficaz para
aliviar sinais clínicos, independentemente da causa geradora. Em algumas
Princípios da alimentação coadjuvante
formas de colite, tal como a associada com a doença inflamatória do intestino, o
tratamento dietético sozinho pode prevenir a recorrência de sinais clínicos.
Como a maioria dos gatos com colite mantém o apetite e o peso corporal, o principal
Comorbidades comuns
objetivo da modificação da dieta é reduzir os sinais clínicos de tenesmo, disquezia,
sangue nas fezes mucosas, diarreia e/ou constipação. Ao contrário dos cães, os gatos com
colite não se beneficiam com uma maior quantidade de fibras na dieta. Em vez disso, A colite pode ser produzida em combinação com a inflamação do intestino delgado
a base do tratamento dietético é o aumento da digestibilidade da dieta para restringir ou inflamação gástrica.

Estratégias para o manejo das interações


o volume da ingestão entregue ao cólon comprometido, minimizando os antígenos da

medicamentosas
dieta ao restringir a uma proteína só ou proteína hidrolisada para limitar a inflamação
do cólon. Estudos em seres humanos sugerem que os antioxidantes, os ácidos graxos
Ômega 3, fruto-oligossacarídeos, prebióticos e probióticos podem ser benéficos no O tratamento medicamentoso para a colite pode incluir parasiticidas, antiprotozoários,
tratamento dietético da colite. antibióticos, protetores gastrointestinais e tratamento anti-inflamatórios e
n Petiscos – Enquanto os petiscos podem ser importantes para manter o vínculo imunossupressores.
humano-animal, os petiscos que são completamente diferentes em composição com Polifagia é um efeito colateral comum de corticosteroides. Deve-se alertar os
relação à dieta principal devem ser evitados durante a fase inicial de avaliação, para proprietários dos gatos que recebem dietas de eliminação que os hábitos alimentares
estabelecer a eficácia da dieta base. Gatos que são tratados com uma dieta altamente indiscriminados e a natureza de revirar o lixo podem prejudicar os benefícios da
palatável podem alimentar-se com vários petiscos que também contenham manipulação da dieta.
ingredientes de fácil digestão. Os gatos alimentados com rações com conteúdo Quando prescrita sulfassalazina, um medicamento com ação anti-inflamatória do
limitados/pouco comuns só devem receber petiscos que contenham os mesmos cólon, deverá ser administrada junto com os alimentos para reduzir o efeito colateral

54
emético da medicação. Por outro lado, alguns agentes antibacterianos são absorvidos medicamentos. A eficácia do tratamento é baseada na resolução ou diminuição do
de forma incompleta na presença de alimentos e a eficácia depende da administração, tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou constipação. Nos
a qual deve ser 1 hora antes ou 2 horas após às refeições. pacientes em que a modificação da dieta por si só não funciona, deve ser promovido

Controle
tratamento medicamentoso e continuar por pelo menos 2-4 semanas após controlados
os sinais clínicos antes de se tentar reduzir gradualmente a dose. Pode ser necessário o
O tratamento inicial preferido para a colite varia de acordo com o medico veterinário; tratamento dietético e, em alguns gatos, o tratamento com medicamentos a longo
alguns preferem unicamente a manipulação da dieta e outros também usam prazo ou por toda a vida, para controlar os indicadores.

Manejo nutricional da colite em gatos

Avaliação geral do paciente

Colite neoplásica ou produzida por


Etiologia desconhecida Doença inflamatória intestinal ou intolerância
parasitas, fungos ou bactérias
à dieta (confirmação ou suspeita)

Tratamento específico com medicamentos conforme indicado Tratamento específico com medicamentos
conforme indicado

Dieta com antígenos limitados: Alimentar só com uma Dieta altamente digestível
dieta com ingredientes limitados/pouco comuns ou dieta
com proteína hidrolisada durante pelo menos 4 semanas

Persistência de Resolução de Resolução de Persistência de


sinais clínicos sinais clínicos sinais clínicos sinais clínicos

Testar uma nova dieta Considerar um teste de Considerar um teste de Testar uma nova dieta com
com antígenos limitados provocação com a dieta provocação com a dieta antígenos limitados ou testar
ou testar uma dieta habitual para ver se os habitual para ver se os uma dieta altamente
altamente digestível indicadores aparecem indicadores aparecem digestível e continuar
e continuar novamente novamente os passos
os passos

Manejo nutricional e/ou com medicamento a longo prazo


por toda vida se os indicadores aparecem novamente

55
Insuficiência pancreática exócrina - Cães
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN Dieta para cães com IPE normalmente contém menos gordura. Nem todos os cães

Definição
com IPE precisam deste nível de restrição de gordura e outros fatores além da gordura
(como digestibilidade, conteúdo com proteína) podem ser importantes para estes cães.

Princípios da alimentação coadjuvante


A insuficiência pancreática exócrina(IPE) é a diminuição da síntese em células acinares
pancreáticas e da secreção de enzimas digestivas, tais como lipases, amilases, tripsina e
proteases, a qual provoca um atraso na digestão intestinal normal dos carboidratos, Algumas fontes recomendam alimentar os cães com IPE com uma dieta com restrição
gorduras, proteínas e vitaminas. de gordura altamente digestível para reduzir a flatulência e o volume das fezes, mas

Ferramentas de diagnóstico e exames


muitos animais podem ser mantidos com diferentes dietas que contêm suplementos

complementares
adequados de enzimas digestivas. De fato, estudos recentes não mostraram benefícios
significativos ao alimentar os cães com IPE com uma dieta altamente digestível restrita
A imunorreatividade semelhante a tripsina (IST) mede o nível, em jejum, do em gordura. A restrição desnecessária de gordura na dieta irá reduzir a densidade
tripsinogênio (e tripsina ativa) no soro e reflete a função pancreática exócrina. A elastase calórica, exigindo do animal uma ingestão maior de comida para consumir as calorias
pancreática na matéria fecal e a histopatologia do pâncreas, obtida por biópsia cirúrgica adequadas, para não ter uma perda de peso ainda maior. Um pequeno estudo recente
ou laparoscópica, podem ser provas complementares úteis para a investigação da IPE. descobriu que 40% dos cães com IPE obtiveram melhores resultados quando se

Fisiopatologia
manteve a dieta habitual, 25% com uma dieta rica em gorduras, 20% com uma dieta
rica em fibras e 10% com uma dieta altamente digestível4. É reconhecido que alguns
cães com IPE, em particular, respondem de forma diferente a diversos regimes de
A destruição das células acinares pancreáticas com base genética e imunomediada
alimentação, mas, provavelmente, todos os cães irão se beneficiar com a coerência na
precede ao desenvolvimento de IPE em certas raças3. A IPE também é produzida
dieta oferecida, permitirá ao médico veterinário formular a estratégia de alimentação
de forma secundária à pancreatite crônica2. Com qualquer etiologia, a diminuição
adequada para cada indivíduo. Deve-se considerar a suplementação da dieta com
da função exócrina do pâncreas produz enzimas menos disponíveis para digerir
vitamina B12 por via parentérica em animais carentes desta vitamina.
n Petiscos – Como cães com IPE requerem suplementação com enzimas
o conteúdo do intestino. A má digestão de nutrientes provoca desnutrição,
diarreia, irritação da mucosa intestinal, crescimento excessivo de bactérias e
digestivas com qualquer alimento, e cada animal em particular pode responder de
absorção de toxinas. A diminuição subclínica da função digestiva precede ao
forma não desejada a certos nutrientes, tais como gorduras e fibras, geralmente
aparecimento de sinais clínicos característicos.
não são recomendados petiscos. Se forem oferecidos, deve-se incorporá-los
Predisposição
lentamente, mantendo-se uma consistência no tipo de petisco, e deve-se
acompanhar de perto o cão caso ocorram efeitos adversos. Como sempre, sugere-
Os cães de raça Pastor Alemão e Collie de pelo comprido compreendem quase 90% se que todos os petiscos e suplementos sejam fornecidos com menos do que 10%
de todos os casos de IPE em cães nos Estados Unidos1. Essas raças, muitas vezes, do total de calorias diárias.
desenvolvem a doença quando são jovens de forma secundária à destruição n Dicas para aumentar a palatabilidade–A maioria dos cães com IPE mantém um
imunomediada das células acinares pancreáticas. Outras raças podem desenvolver IPE excelente apetite. Se uma preparação comercial, em especial, não é aceita, o cão pode
após a pancreatite crônica em qualquer idade. se interessar por outras dietas comparáveis. Alternativamente, a palatabilidade pode

Modificações nos nutrientes essenciais


ser aumentada por aquecimento do alimento à temperatura corporal ou por adição de
um adoçante, tal como xarope de milho. Estimulantes do apetite e dispositivos de
Várias modificações nos nutrientes podem ser úteis em casos especiais de cães com alimentação assistida às vezes são necessários em pacientes cuja anorexia persistente
IPE. Alguns cães, especialmente aqueles que desenvolveram o IPE secundário a uma impossibilita a ingestão de calorias necessárias.
pancreatite crônica, podem se beneficiar ao se alimentar de uma dieta baixa em gordura. n Recomendações para a dieta– Muitos tipos de dietas para doença intestinal
É conveniente estabelecer o nível de restrição de gordura em relação ao observado produzidas por fabricantes de dietas coadjuvantes veterinárias são considerados
anteriormente nos registros de consumo alimentar. Outros cães podem se beneficiar altamente digestíveis, mas possuem conteúdos de gordura variadas. Os médicos
de uma dieta mais elevada em gordura (mais densa em calorias), uma dieta altamente veterinários devem verificar o teor de gordura das dietas (de preferência em base de
digestível (baixa fibra) ou uma dieta rica em fibras. Muitos cães podem ser tratados EM) com os fabricantes para garantir que sejam adequadas para animais com
muito bem, enquanto permanecem com sua dieta habitual suplementada com enzimas intolerância à gordura. Alguns cães com IPE podem melhorar os sinais clínicos ao
pancreáticas. Independentemente da estratégia utilizada é importante alimentar com serem alimentados com uma dieta com alto teor de fibras ou com sua dieta habitual.

Pontos para a educação do proprietário


uma dieta completa e equilibrada. Devido à variedade de dietas que podem ser
aceitáveis para cães com IPE, doenças concomitantes podem inicialmente ser uma
prioridade na escolha da dieta, embora possam exigir modificações para observar • A IPE é uma doença comum em cães em que o pâncreas não consegue produzir os
indicadores significativos não desejados. produtos necessários para a digestão normal de alimentos.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


• Muitas vezes, o diagnóstico é sugerido com base na raça, idade e sinais clínicos,
mas um teste de laboratório é necessário para a confirmação.

Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


• Sinais clínicos que são comumente observados em cães com IPE incluem
perda de peso, apesar de uma adequada ingestão diária de calorias, diarreia e
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* pelagem quebradiça.
Gordura 7–15 3–5 5 1.4
• Estes indicadores podem frequentemente ser aliviados com o tratamento adequado.
• Os animais diagnosticados com IPE necessitam de tratamento ao longo da vida, mas
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
podem alcançar a sobrevivência prolongada (media de sobrevida> 5 anos em um
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
estudo recente) especialmente é obtida uma resposta inicial rápida.
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender às necessidades normais, • Geralmente é recomendado alimentar com uma dieta uniforme e suplementar com
de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. enzimas digestivas.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

56
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
• Vários tipos de dieta podem ser efetivos para cada cão individualmente, dessa forma,
é sugerido realizar alguns testes com dietas separadas.
• Numerosas doenças secundárias podem complicar o tratamento; muitas vezes, a sua
A suplementação da dieta com enzimas digestivas em forma de pó, concentrado
presença é verificada para garantir um controle ideal de sinais clínicos
de pâncreas cru ou comprimidos/cápsulas antes da ingestão é essencial para
associados ao IPE.
assegurar um tratamento eficaz de IPE. A suplementação inadequada com
• Muitas vezes pode-se ver uma resposta rápida ao tratamento, mas alguns animais
enzimas digestivas é uma causa comum de falha no tratamento. Alguns médicos
respondem mal até mesmo aos planos de tratamento mais abrangentes.
acreditam que os suplementos em pó são mais eficazes em alguns cães. Grande
parte da enzima suplementada é digerida no estômago, por isso deve-se

Comorbidades comuns
proporcionar quantidades suficientes para rebater os valores de perda antecipada.
Alguns animais podem se beneficiar da administração simultânea de antagonistas
A medição de folato e cobalamina no soro pode ser útil na avaliação das doenças H-2, tais como famotidina, para reduzir a acidez gástrica.

Controle
concomitantes, tais como má nutrição de vitamina B12 ou o crescimento bacteriano
excessivo. Ambas as doenças comumente ocorrem em cães com IPE e podem ter efeitos
clinicamente relevantes. A vitamina B12 pode ser administrada a cada 1 a 4 semanas
Os principais sinais clínicos que indicam a obtenção dos efeitos terapêuticos desejados
por via parentérica aos cães que tem falta de tal vitamina, já que a suplementação por
são a resolução da diarreia, a manutenção ou o ganho de peso e a melhoria da pelagem.
via oral, provavelmente, não será benéfica em animais com distúrbios intestinais na
Pode também ajudar controlar os níveis de cobalamina no soro, ácido fólico e
gestão deste nutriente. Cães com alterações na microbiota intestinal secundária à má
imunorreatividade lipase pancreática dependendo dos resultados dos testes iniciais.
digestão de nutrientes podem se beneficiar com um antibiótico como a tilosina ou um
Os animais que respondem mal à dieta, à suplementação e aos medicamentos corretos
suplemento probiótico. Pode ser útil avaliar periodicamente as outras raças diferentes
devem ser avaliados em busca de neoplasia intestinal, inflamação intestinal ou reações
daquelas conhecidas por ter uma base genética para desenvolver IPE em busca de
adversas aos alimentos.
evidências de pancreatite subjacente e diabetes mellitus concorrente.

Manejo nutricional da insuficiência pancreática exócrina em cães

Diagnóstico confirmado e suplementação de enzimas pancreáticas iniciada

Alimentar com uma dieta específica regularmente

Dieta baixa em gordura Dieta altamente


Dieta rica em gordura Dieta rica em fibras Dieta habitual
(suspeita de pancreatite) digestível

Resolução de Persistência de Persistência de


sinais clínicos sinais clínicos sinais clínicos

Manter o manejo Garantir que a dosagem Considerar uma


nutricional e com e o tipo de suplemento avaliação na busca de
medicamentos por toda a de enzimas pancreáticas Comorbidades comuns
vida estejam corretos

57
Gastroenterite/Vômitos - Cães
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A gastroenteriteé uma doença inflamatória dos intestinos e do estômago. Comumente Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
caracterizada por infiltrados celulares (eosinófilos, linfócitos, células plasmáticas) na Proteína 16–30 4.5–7.5 18 5.1
Gordura 10–15 2.6–4.7 5 1.4
lâmina própria, a submucosa e/ou a mucosa muscular, erosões/úlceras gástricas ou por

Fibra bruta# 1–2.5 0.2–0.4 n/d n/d


uma diarreia severa com sangue (hemorrágica). O tipo de célula predominante indica
o tipo de doença (isto é, gastroenterite eosinófila ou linfocítica plasmocítica [LPL]).
mg/100 kcal mg/100 kcal
Ferramentas de diagnóstico e exames Potássio 0.6–1.3 140–230 17 170
complementares Sódio 0.3–0.5 85–120 0.06 17
As principais características incluem um histórico de diarreia e/ou vômito crônico e Ácido Graxo 1–1.5 200–300 n/d n/d
intermitente, perda de peso / escore de condição corporal, Pan-hipoproteinemia e Ômega-3
leucocitose neutrofílica com LPL. As ferramentas de diagnóstico compreendem uma
base de dados mínima mais exames de fezes, testes para a detecção de antígenos A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
bacterianos e cultura de bactérias, imunorreatividade semelhante a tripsina (IST) em
jejum, testes de folato e cobalamina, e teste com dieta hipoalergênica. Os estudos de metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
contraste com bário, ultrassom e endoscopia do abdômen podem ajudar a avaliar a acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
distribuição da doença e espessura da parede intestinal/estomacal, para facilitar o
diagnóstico da biópsia. # São preferíveis as fibras solúveis. A análise de fibras brutas inclui a maior parte das fibras
insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade

Fisiopatologia
limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliado. Deve-se avaliar a lista de
ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
A irritação/lesão na mucosa e/ou resposta imunológica anormal conduzem à
interrupção da barreira mucosa e da captação e infiltração de células inflamatórias. O
Princípios da alimentação coadjuvante
contínuo dano na mucosa produz perda na função da barreira do trato gastrointestinal
Os objetivos do manejo nutricional são minimizar a irritação gástrica/vômito, reduzir
(TGI), diminuição do fluxo sanguíneo e alterações na motilidade do intestino. As
as secreções gástricas/intestinais, promover o esvaziamento gástrico, normalizar a
principais causas são desordens alimentares, intolerância à dieta, ingestão de corpos
motilidade intestinal, minimizar o desperdício, e atender a certos requisitos nutricionais.
estranhos, toxinas, medicamentos e agentes infecciosos. Doenças renais e hepáticas,
O tratamento inicial para os vômitos agudos que não são prolongados inclui suspensão
distúrbios endócrinos, choque e sepse são causas sistêmicas comuns.
da alimentação por 12-24 horas, com fluidoterapia se o animal estiver gravemente
Predisposição
desidratado. Assim que for controlado o vômito, oferecer pequenas quantidades de
água ou cubos de gelo por via oral. Se tolerado, incorporar novamente e gradualmente
As doenças relacionadas com a alimentação, corpos estranhos e infecções são uma dieta enteral. As metas iniciais para regressar à alimentação são de 25% a 33% de
comuns em cães mais jovens, enquanto as etiologias metabólicas, neoplásicas e calorias necessárias para a necessidade de energia em repouso (RER), com aumento
induzidas por medicamentos são comuns em cães mais velhos. A gastroenterite gradual ao longo de vários dias para se atingir o RER, em seguida, as necessidades diárias
LPL afeta cães com mais de 5 anos. Predileções por raça mostram cães de raça de energia (RED) para o peso corporal (PC) atual. Pequenas quantidades de alimento,
Pastor Alemão e Shar-Pei com LPL; cães da raça Setter Irlandês com sensibilidade várias vezes ao dia (três a seis) minimizam qualquer resposta adversa e aumentam a
ao glúten; e cães de raça Basenji e Lundehund Norueguês com doença intestinal assimilação da dieta. As características específicas da dieta e os níveis desejados de
inflamatória sem LPL. A gastroenterite eosinofílica tem menor incidência e ocorre nutrientes incluem:
principalmente em cães com idade inferior a 5 anos, especialmente da raça Pastor • Digestibilidade total da dieta ≥ 90%.
Alemão, Rottweiler e Wheaten Terrier de pelo macio. • Fonte de proteínas novas ou hidrolisadas. O ideal é uma fonte só de proteínas de alta

Modificações nos nutrientes essenciais


qualidade com alta digestibilidade (>87%). Ingestão desejada de proteínas entre 4,5
e 7,5 g/100 kcal consumidas; dieta 16 - 30%, em matéria seca (MS).
A inflamação característica da gastroenterite altera adversamente a digestão e a absorção • Ingestão de gordura entre 2.6e 4.7 g/100 kcal; dieta ≤15% gordura, MS.
de nutrientes. Mudanças na dieta devem incidir sobre a digestibilidade total da dieta, • Baixo teor de fibras insolúveis para aumentar a digestibilidade. Ingestão de fibra
escolhendo uma dieta altamente digestível (≥ 90%). Deve-se alterar a fonte de proteína desejada entre 0,2 e 0,35 g/100 kcal (~ 1,0%, MS) com fontes de fibras fermentáveis
dietética para alguma a qual o animal de estimação não tenha sido previamente exposto tais como a pectina, goma de guar, goma arábica, polpa de beterraba.
e limitar o teor a uma, ou talvez duas, fontes de proteína de alta qualidade; alimentar com • Ajustar o conteúdo de potássio (K +), sódio (Na) e de cloreto. Ingestão de eletrólitos
níveis mínimos adequados. Alterar o nível de gorduras na dieta com base na inflamação desejada entre 140 e 230 mg de K +/100 kcal; entre 0,6% e 1,3%, MS e entre 85 e
do TGI. São preferíveis as fontes de carboidratos solúveis altamente digestíveis fornecidas 120 g de Na/100 kcal; 0,35% a 0,5%, MS.
em pequenas quantidades. As dietas com maior teor de umidade (enlatado ou sachê) • Ajustar o conteúdo de potássio (K +), sódio (Na) e de cloreto. Ingestão de eletrólitos
ajudam a neutralizar as perdas de líquidos. Os níveis mais elevados de potássio, cloreto desejada entre 140 e 230 mg de K +/100 kcal; entre 0,6% e 1,3%, MS e entre 85 e
e de sódio na dieta ajudam a corrigir alterações nos eletrólitos. Os ácidos graxos Ômega 120 g de Na/100 kcal; 0,35% a 0,5%, MS.
3 podem exercer uma função anti-inflamatória. n Petiscos–Normalmente, não são recomendados petiscos quando está se tratando
distúrbios gastrointestinais. Se os petiscos são um componente necessário do regime
de alimentação diária, escolher petiscos altamente digestíveis que forneçam uma fonte
de proteínas novas ou hidrolisadas e moderado conteúdo de gorduras. Pode ser
apresentada uma pequena porção da refeição da dieta seca escolhida ou um produto
seco hidrolisado complementar em partículas. A partir da escolha da dieta úmida

58
podem ser feitos petiscos assados. A contribuição calórica não deve exceder 10% do • O tratamento e sua continuação podem ser por toda a vida. As mudanças na dieta
total de calorias diárias. devem ser feitas de forma gradual. Hospitalização e nutrição parenteral podem ser
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Vômitos podem estar associados com uma necessárias no caso de pacientes debilitados.

Comorbidades comuns
aversão aos alimentos. Para superar este problema, deve-se rever a lista de
ingredientes/conteúdo de nutrientes da dieta que o paciente consumia antes do
distúrbio, em seguida, identificar dietas para tratar a doença com diferentes fontes de A enteropatia com perda de proteínas, a insuficiência renal, a insuficiência hepática, o
nutrientes (proteínas, gorduras) para o retorno à alimentação. hipoadrenocorticismo, a pancreatite e a insuficiência pancreática exócrina são
Aquecer o alimento enlatado a uma temperatura ligeiramente acima da temperatura comorbidades comuns em cães com gastroenterite ou vômitos.

Estratégias para o manejo das interações


ambiente, para melhorar o sabor. Adicionar ao alimento seco água morna ou caldo
quente, com baixo teor de sódio.
medicamentosas
Se for alimentado com uma fonte de proteínas hidrolisadas ou novas, o caldo deve vir
especificamente a partir dessa fonte de proteínas.
n Recomendações para a dieta – As dietas coadjuvantes altamente digestíveis
Os antagonistas dos receptores H2 e os inibidores da bomba de prótons podem diminuir
a absorção de ferro e vitaminas do complexo B, devido a uma diminuição da liberação de
formuladas para o tratamento da gastroenterite podem ser mencionadas como dieta
ácidos. Os citoprotetores formam uma barreira mucosa, inativam a pepsina, absorvem sais
gastroentérica, gastrointestinal, intestinal ou de baixo resíduo. As dietas com carboidratos/
biliares e podem se fixar aos nutrientes causando uma diminuição da absorção desses
proteínas novas ou hidrolisadas são comumente chamadas de dieta anti-inflamatória,
nutrientes. Os procinéticos alteram o ritmo da entrega e absorção de alimentos no
para a alergia aos alimentos, hipoalergênica, com antígenos limitados, baixa em alérgenos,
intestino delgado ao influenciar a motilidade intestinal. A administração crônica de
ou com fórmula para pele e pelagem. Dietas para a etapa de vida de idade avançada
esteroides pode diminuir a absorção de cálcio. Altas doses de metronidazol podem causar
podem ser bem aceitáveis.
neurotoxicidade reversível. A ciclosporina pode irritar o TGI e as gengivas. A
Pontos para a educação do proprietário
administração de antibióticos altera a microbiota do trato digestivo e podem quelar
minerais (Ca, Mg, Fe, Zn), afetando o metabolismo e absorção de nutrientes.
• Os cães com gastrenterite causadas por infecções ou parasitas podem contagiar outros
Controle
animais. A exposição frente a outros animais e o manuseio destes pacientes deve ser
realizado com cuidado.
Controlar a hidratação mediante o hematócrito sequencial, a gravidade específica da
• Os animais diagnosticados com doença inflamatória do intestino podem ter um
urina, e/ou a resposta à manobra da dobra cutânea. Usar os valores séricos para avaliar
componente genético e/ou uma desordem do sistema imunológico que predispõem
o estado dos eletrólitos e da função renal. Imagens podem determinar alterações na
esses animais a outras doenças.
espessura da parede estômago/intestinal e na distribuição da doença. Alterações no
• A castração e a esterilização dos animais afetados deverão ser analisadas devido ao
peso corpóreo e na pontuação do escore de condição corporal refletem a utilização
potencial hereditário.
de nutrientes e/ou de suas perdas contínuas. Se houver pouca ou nenhuma melhora
• A doença inflamatória intestinal não é curada, mas tratada com medicamentos e
nas medidas principais, reavaliar os componentes do plano de alimentação (paciente,
através de orientações na alimentação.
dieta, método de alimentação) para reformular o plano de suporte nutricional com
base em novas situações ou parâmetros previamente omitidos.

Manejo nutricional da gastroenterite/vômitos em cães


Avaliação do paciente

Aguda, < 5 dias Crônica, > 5 dias

Repouso do TGI durante 12 - 24 horas Fluidoterapia, exame diagnóstico completo +/-


Vômitos continuam nutrição parenteral
Vômitos resolvidos Oferecer pequenos volumes de água/cubos
de gelo a cada 2-3 horas por 1 dia
Vômitos continuam Vômitos resolvidos Vômitos resolvidos
Vômitos resolvidos

Oferecer dieta entérica (DE) 15-25% do RER, dividida a cada 3-4 horas por 1 dia Iniciar mais testes para resolver os vômitos
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos Oferecer DE ao 33-66% do RER, dividida a
cada 4-6 horas por 1-2 dias
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos

Oferecer DE 100% do RER, dividida a cada 8 horas por 1-2 dias


Vômitos continuam
Vômitos resolvidos DE: Dieta entérica
Oferecer DE ao RED para peso corporal ótimo, RED: Requerimento energético diário
dividido a cada 2-3 vezes por dia por 1 - 2 dias Vômitos continuam RER: Requerimento energético de repouso
Transição de DE para a dieta adequada a
Vômitos resolvidos
longo prazo ao RED

59
Gastroenterite/Vômitos - Gatos
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 32–42 7.5–9.5 26 6.5
A gastroenterite é uma doença inflamatória dos intestinos e do estômago. Os
infiltrados celulares (eosinófilos, linfócitos, células de plasma) na lâmina própria,
na submucosa e/ou mucosa muscular são característicos e indicam o tipo de Gordura 15–24 3.5–6.0 9 2.3
Fibra Bruta# 1–2.5 0.2–0.5 n/d n/d
gastroenterite (isto é, eosinofílica ou linfocítica plasmocítica [LPL]). Podem-se

mg/100 kcal mg/100 kcal


desenvolver erosões/úlceras gástricas.

Ferramentas de diagnóstico e exames Potássio 0.75–1.1 180–250 0.6 150


complementares Sódio 0.3–0.5 70–85 0.2 50
Ácido Graxo 1–1.5 200–300 n/d n/d
Ômega-3
As principais características da gastroenterite em gatos incluem um histórico de
diarreia e/ou vômito crônico intermitente, perda de peso / escore de condição
corporal, eosinofilia periférica, anemia não degenerativa e deficiência de cobalamina.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
As ferramentas de diagnóstico compreendem uma base de dados mínima mais
tiroxina (T4), sorologia do vírus da leucemia felina (FeLV, em inglês)/vírus da percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
imunodeficiência felina (FIV, em inglês), imunorreatividade similar à da tripsina (IST) metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
em jejum e testes de cobalamina. Os estudos de contraste de bário, de ultrassom e
endoscopia do abdômen podem ajudar a avaliar a distribuição da doença, a espessura Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
# São preferíveis as fibras solúveis. A análise de fibras brutas inclui a maior parte das fibras
insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade
da parede intestinal/estomacal e facilitar o diagnóstico da biópsia.
limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliado. Deve-se avaliar a lista de
Fisiopatologia ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.

Princípios da alimentação coadjuvante


A irritação/lesão da mucosa e/ou a resposta imunológica anormal conduzem à
interrupção da barreira mucosa e da captação e infiltração de células inflamatórias. Danos
contínuos na mucosa produzem perda da função de barreira do trato gastrointestinal Os objetivos nutricionais são minimizar a irritação gástrica/vômito, reduzir as secreções
(TGI), diminuição do fluxo sanguíneo, e alterações na motilidade do intestino. As gástricas/intestinais, promover o esvaziamento gástrico, normalizar a motilidade
principais causas são: desordens alimentares, intolerância à alimentação, transtornos na intestinal, minimizar os resíduos, e atender a certos requisitos nutricionais.
motilidade, ingestão de corpos estranhos, toxinas ou agentes irritantes, medicamentos e O tratamento inicial para vômito agudo que não é prolongado inclui suspensão da
agentes infecciosos. Doenças renais e hepáticas, a pancreatite e o hipertireoidismo são alimentação por 12-24 horas, com fluidoterapia se o animal estiver gravemente
causas sistêmicas comuns. desidratado. Com os vômitos resolvidos, oferecer pequenas quantidades de água ou

Predisposição
cubos de gelo por via oral. Se tolerado, novamente e gradualmente, incorporar uma dieta
enteral. As metas iniciais para regressar à alimentação são de 25% a 33% de calorias
A enterite linfocítica plasmocítica é uma causa associada da doença inflamatória intestinal necessárias para o requerimento energético em repouso (RER), aumentando
(DII), mais comum em animais com idade entre 2 anos ou mais, mas é observada gradualmente ao longo de vários dias para se atingir o RER, em seguida, o requerimento
ocasionalmente nos filhotes. Não há descrição por predileções de raças. A síndrome diário de energia (NDT) para o peso corporal (PC) atual. Pequenas quantidades de
hipereosinofílica ocorre mais frequentemente em gatos domésticos de pelos curtos, de alimento, várias vezes ao dia (três a seis) minimizam qualquer resposta adversa e
meia idade. As etiologias relacionadas com a ingestão de corpos estranhos, parasitas e aumentam a assimilação da dieta. As características específicas da dieta e os níveis desejados
infecções são mais comuns em animais mais jovens, enquanto as de causa metabólica, de nutrientes incluem:
neoplásicas e induzidas por medicamentos são mais comuns em animais mais velhos. Os • Digestibilidade total da dieta ≥90%.
distúrbios da motilidade intestinal observam-se em gatos domésticos de pelo curto, gatos • Fonte de proteínas novas ou hidrolisadas. O ideal é uma única fonte de proteína de
domésticos com pelos longos e em gatos siameses de meia idade. alta qualidade com elevada digestibilidade (> 87%). Ingestão desejada de proteína entre

Modificações nos nutrientes essenciais


7,5 e 9,5 g/100 kcal consumidas; de 32% a 42%, em matéria seca (MS).
• Ingestão desejada de gordura entre 3,5 e 6,0 g/100 kcal; dieta de 15% a 24% de
A inflamação associada à gastroenterite altera de modo adverso a digestão e a absorção gordura, MS.
de nutrientes. As mudanças na dieta devem incidir sobre a digestibilidade total da dieta; • Baixo teor de fibras insolúveis para aumentar a digestibilidade. Ingestão desejada de
o melhor é escolher uma dieta altamente digestível (≥ 90%). A fonte de proteínas terá fibra entre 0,2 e 0,5 g/100 kcal (1,0% a 2,5%, MS) com fontes de fibras fermentáveis tais
que ser modificada para uma outra a que o animal de estimação ainda não tenha sido como a pectina, goma de guar, goma arábica, polpa de beterraba.
exposto e o conteúdo limitado a apenas uma, no máximo duas, fontes de proteína de alta • Ajustar o conteúdo de potássio (K +), sódio (Na) e de cloreto. Ingestão desejada de
qualidade fornecidas em níveis reduzidos. O nível de gordura na dieta deve ser eletrólito entre 180 e 250 mg de K +/100 kcal; de 0,75% a 1,1%, MS e entre 70 e 85 g
modificado com base na localização da inflamação gastrointestinal. São preferidas as de Na/100 kcal; entre 0,3% e 0,45%, MS.
fontes de carboidratos solúveis altamente digestíveis fornecidas em pequenas quantidades. • Perdas leves de líquidos devem ser repostas por via oral com água limpa e fresca e/ou
As dietas com maior teor de umidade (enlatado ou sachê) ajudam a neutralizar as perdas uma dieta úmida. Perdas moderadas a severas devem-se recuperar por via parenteral com
de líquidos. Os níveis mais elevados de potássio, cloreto e sódio na dieta ajudam a corrigir soluções cristaloides adequadas.
as alterações nos eletrólitos. Os ácidos graxos ômega 3 podem exercer uma função • Conteúdos de Ácidos graxos Ômega 3 ~ 250 mg/100 kcal; de 75 a 100 mg/kg de
anti-inflamatória. peso corporal. Proporção desejada na dieta de Ômega 6: Ômega 3 a ≤2: 1.
• Pode ser considerada a suplementação com probióticos, mas isso geralmente é mais
indicado nos casos de diarreia clínica.
n Petiscos–Normalmente, petiscos não são recomendados enquanto se está tratando
distúrbios gastrointestinais. Se os petiscos são um componente necessário do regime de

60
alimentação diário, escolher alimentos altamente digestíveis que forneçam uma fonte • Doenças inflamatórias do TGI não são curadas, mas sim são tratados com medicação
de proteínas novas ou hidrolisada e moderado teor de gorduras. Pode-se dar como e nutrição. O tratamento e o monitoramento podem ser feitos pelo resto da vida. As
petiscos uma pequena porção da alimentação seca escolhida ou uma ração seca mudanças na dieta devem ser feitas de forma gradual. Pacientes debilitados podem
hidrolisada suplementar em partículas. A partir da escolha da dieta úmida podem ser precisar de hospitalização e nutrição parenteral.

Comorbidades comuns
feitos petiscos assados. A contribuição calórica dos petiscos não deve exceder 10% do
total de calorias diárias.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Vômitos podem ser associados com uma Desidratação, desnutrição, hipoproteinemia, anemia, insuficiência renal,
aversão aos alimentos. Para superar este problema, deve-se rever a lista de insuficiência hepática, hipertireoidismo, pancreatite, insuficiência pancreática
ingredientes/conteúdo de nutrientes da dieta que o paciente comia antes do distúrbio e exócrina, neoplasia e FeLV/FIV são doenças de comorbidade comuns em gatos
identificar dietas para tratar a doença com diferentes fontes de nutrientes (isto é, proteína, com gastroenterite ou vômitos.

Estratégias para o manejo das interações


gordura) para o processo de voltar à alimentação.

medicamentosas
Aquecer o alimento enlatado a uma temperatura ligeiramente acima da temperatura
ambiente, para melhorar o sabor. Adicionar ao alimento seco água morna ou caldo de
frango quente, com baixo teor de sódio. Se alimentado com uma fonte de proteínas
Os antagonistas dos receptores H2 e os inibidores da bomba de prótons podem diminuir
hidrolisadas ou novas, o caldo deve vir especificamente a partir dessa fonte de proteínas.
n Recomendações para a dieta– As dietas coadjuvantes altamente digestíveis
a absorção de ferro e vitaminas do complexo B, devido a uma diminuição da liberação
de ácidos. Os citoprotetores formam uma barreira mucosa, inativam a pepsina, absorvem
formuladas para o tratamento da gastroenterite podem ser mencionadas como dieta
sais biliares e podem se fixar nos nutrientes causando uma diminuição na absorção de tais
gastroentérica, gastrointestinal, intestinal ou de baixo resíduo. As dietas com
nutrientes. Os procinéticos alteram o ritmo de entrega e absorção dos alimentos no
carboidratos/proteínas novas ou hidrolisadas são comumente chamadas de dieta anti-
intestino delgado ao influenciar a motilidade intestinal. A administração crônica de
inflamatória, para a alergia aos alimentos, hipoalergênicos, com antígenos limitados, baixa
esteroides pode diminuir a absorção de cálcio. Altas doses de metronidazol podem
em alérgenos, ou uma fórmula para pele e pelagem. Dietas para a etapa de vida de idade
provocar neurotoxicidade reversível. Antibióticos mudam a microbiota do trato digestivo
avançada podem ser bem aceitáveis.
e podem quelar minerais (Ca, Mg, Fe, Zn), que afetam o metabolismo e absorção dos
Começar a voltar a dar alimentos ao nível ou abaixo da RER (PC atual), a fim de fornecer
nutrientes. Azatioprina pode causar supressão da medula óssea em gatos.
a longo prazo, calorias da NDT a um PC ótimo.
Controle
Pontos para a educação do proprietário
• Gatos com gastroenterite causada por infecções ou parasitas podem ser contagiosos
Controlar a hidratação mediante o hematócrito sequencial, a gravidade específica da
urina, e/ou a resposta à manobra da dobra cutânea. Usar os valores séricos para avaliar o
para outros animais. A exposição a outros animais e o tratamento desses pacientes
estado dos eletrólitos e da função renal. Imagens podem determinar alterações na
deve ser realizado com cuidado.
• Os animais diagnosticados com doença inflamatória do intestino podem ter um
espessura da parede estomacal/intestinal e a distribuição da doença. Alterações no peso
corpóreo, na pontuação do escore de condição corporal refletem a utilização de nutrientes
componente genético e/ou uma desordem do sistema imunológico e serem
e/ou de suas perdas contínuas. Se houver pouca ou nenhuma melhora nos exames
predispostos a outras doenças. A castração e a esterilização dos animais afetados devem
complementares, reavaliar os componentes do plano de alimentação (paciente, dieta,
ser analisadas devido à carga hereditária.
método de alimentação) para reformular o plano de suporte nutricional com base em
novas situações ou parâmetros previamente omitidos.

Manejo nutricional da gastroenterite / vômitos em gatos


Avaliação do paciente

Aguda, < 5 dias Crônica, > 5 dias

Fluidoterapia, exame diagnóstico


Repouso do TGI durante 12 - 24 horas
completo +/- nutrição parenteral
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos Oferecer pequenos volumes de água/cubos
de gelo a cada 2-3 horas por 1 dia
Vômitos continuam Vômitos resolvidos Vômitos continuam
Vômitos resolvidos

Oferecer dieta entérica (DE) 15-25% do RER, dividida a cada 3-4 horas por 1 dia Iniciar mais testes para resolver os vômitos
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos Oferecer DE ao 33-66% do RER, dividida a
cada 4-6 horas por 1-2 dias
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos

Oferecer DE 100% do RER, dividida a cada 8 horas por 1-2 dias


Vômitos continuam
Vômitos resolvidos DE: Dieta entérica
Oferecer DE ao RED para peso corporal ótimo, RED: Requerimento energético diário
dividido a cada 2-3 vezes por dia por 1 - 2 dias Vômitos continuam RER: Requerimento energético de repouso
Transição de DE para a dieta adequada
Vômitos resolvidos
a longo prazo ao RED

61
Enteropatias crônicas - Cães
Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM, DECVIM-CA Valores recomendados de nutrientes essenciais
Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
Definição
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Total de gor- 12–14% 2.5–3.5 5.0 1.43
As enteropatias crônicas em cães incluem reações adversas a alimentos, diarreia

dura na dieta
associada a antibióticos (DAA) e doença inflamatória do intestino (DII) e são
definidas pelo aparecimento de diarreia crônica, as vezes intermitente, com ou sem
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
vômitos associados com um infiltrado inflamatório de gravidade variável na mucosa
gastrointestinal (GI), na ausência de uma causa identificável. induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia

Ferramentas de diagnóstico e exames


metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos
normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
complementares *Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Os exames completos típicos diferem dependendo da gravidade da doença. # Se necessário, por exemplo na linfangiectasia, a gordura pode se restringir abaixo dos
Inicialmente, é essencial descartar uma infestação por parasitas com exames em série 12%, matéria seca, ou menos de 2,5 g/100 kcal.

Princípios da alimentação coadjuvante


de fezes ou a administração de um anti-helmíntico de amplo espectro. Cães com
doença leve a moderada podem ser submetidos a mais testes de tratamento com dietas
de eliminação antes de considerar exames completos mais abrangentes. Esta opção O objetivo do tratamento dietético é fornecer uma alimentação equilibrada aos
inclui hemograma completo e perfil químico, ultrassom abdominal e amostras de pacientes, ajudando a atender os sinais clínicos. A inflamação gastrointestinal
biópsia tirada da mucosa. Cães gravemente afetados e aqueles com indicadores de perda ocorre em resposta a antígenos alimentares, antígenos bacterianos e outros agentes
de proteínas geralmente se beneficiam de uma abordagem diagnóstica inicial agressiva. irritantes. Qualquer mudança na dieta pode causar alterações nesses agentes

Fisiopatologia
estimulantes potenciais.
Os cães com enteropatia idiopática crônica devem ser submetidos a um teste com
As reações adversas aos alimentos incluem intolerância alimentar (uma reação proteína nova ou hidrolisada na dieta. Os cães podem apresentar melhora se forem
imunologicamente não mediada) e alergia alimentar (mediada ou não por IgE). alimentados com essas dietas, ainda que não apresentem alergia alimentar (um
Cães com DAA beneficiam-se com a mudança na microbiota intestinal ou com diagnóstico final de alergia alimentar envolve uma recaída clínica sob provocação
desaparecimento das bactérias ofensivas secundarias nos tratamentos com antibióticos. com os ingredientes da dieta anterior). Deve ser observada uma melhora dentro
Alternativamente, certos agentes antimicrobianos podem influenciar diretamente a de 2-3 semanas.
imunidade da mucosa. Uma alta porcentagem de cães com suspeita ou confirmação de DII apresentou
A patogênese da DII em cães ainda é em grande parte desconhecida. A microbiota melhora clínica após a alimentação ou com uma dieta de proteína hidrolisada ou uma
intestinal anormal e as interações atípicas entre a microbiota e o sistema imunológico dieta com 1% de ácidos graxos ômega 3 de óleo de peixe.
do hospedeiro são os principais agentes envolvidos, como exemplificado pela aderência Para pacientes com enteropatia e perda de proteínas ou linfangiectasia, deve-se usar uma
às mucosas e à E. coli invasiva que foram diretamente envolvidas na patogênese da dieta altamente digestível muito baixa em gordura. Também pode ser valiosa para esses
colite ulcerativa histiocítica (CUH), uma forma específica de DII. pacientes uma dieta contendo proteínas hidrolisadas, se tiver baixo conteúdo de gorduras.

Predisposição
Os probióticos podem ser úteis em pacientes com DII. Ao modificar a microbiota
gastrointestinal, podem alterar os antígenos bacterianos presentes no intestino e, deste
Enquanto muitas raças de cães foram diagnosticadas com enteropatia crônica, modo, reduzir o estímulo inflamatório.
foram identificadas algumas predileções de raça. Documentada uma alta n Petiscos – Os petiscos, bem como medicamentos com sabor devem ser
incidência de enteropatia com perda de proteínas nos cães da raça Wheaten completamente excluídos em cães submetidos a testes alimentares (para inflamações
Terrier, Shar-Pei e Lundehound Norueguês. Linfangiectasia frequentemente sensíveis à dieta). Onde for permitido, os petiscos não devem exceder 10% da ingestão
ocorre em cães da raça Yorkshire Terrier. A enterite imunoproliferativa é uma diária de calorias. Se alimentado com uma dieta seca, pode-se deixar as partículas ao lado
doença de cães de raça pura Basenji. Os cães da raça Pastor Alemão têm alto risco para oferecê-los como petiscos. Se alimentados com uma dieta úmida, pode-se usar
de DAA. Num estudo recente, os cães com enteropatia crônicas sensíveis à dieta esse alimento tal qual, ou assá-lo para dar uma textura crocante. Cães com linfangiectasia
eram geralmente cães jovens de raças grandes, enquanto aqueles diagnosticados pode-se oferecer petiscos com baixo teor de mudança na dieta. Entre eles, muitos cães
com DII eram geralmente cães mais leves e mais velhos. irão se beneficiar da mudança para uma dieta de eliminação (fonte de novas proteínas

Modificações nos nutrientes essenciais


ou proteínas hidrolisadas).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A adição de água morna pode melhorar
Enteropatias crônicas são uma síndrome mal definida com múltiplas etiologias, muitas a palatabilidade da comida seca. Aquecer os alimentos enlatados à temperatura corporal
vezes desconhecidas. Assim, a dieta sozinha pode não ser apropriada para todos os para liberar os aromas e poder aumentar a palatabilidade. Os alimentos podem ser
polvilhados com um prebiótico potenciador de sabor.
nRecomendações para a dieta– Dietas com novas proteínas são escolhidas com base
casos. Grande parte dos cães com enteropatia idiopática crônica responderão a uma
doença inflamatória severa do intestino delgado podendo causar má absorção e má
nutrição. Estes pacientes devem ser alimentados com uma dieta de alta digestibilidade nos históricos alimentares do cão. O ideal é que o animal não tenha sido exposto
com moderado a baixo teor de gordura. Ácidos graxos ômega 3 de óleo de peixe podem anteriormente à fonte de proteínas selecionada. Ainda assim, consideram-se fontes de
reduzir a inflamação, e alguns pacientes com DII podem se beneficiar com uma dieta proteína secundárias os grãos, pois também podem conter proteínas alergênicas.
com mais óleo de peixe. Se a linfangectasia é parte da síndrome, deve-se alimentar com Embora inicialmente dietas caseiras possam ter alguma vantagem, não fornecem
uma dieta com baixo teor em gordura. Podem ser usados triglicerídeos de cadeia média alimentação equilibrada a longo prazo. Muitos produtos nutricionalmente
para fornecer calorias adicionais altamente digestíveis. Os probióticos podem ser equilibrados com proteínas provenientes de várias fontes, tais como peixe, veado, pato,
benéficos em cães com DII. coelho ou suíno estão à venda no mercado. As dietas com proteínas novas não são
inferiores em grau alergênico, portanto, a exposição prévia a elas é fundamental. Alguns
cães podem desenvolver intolerância às dietas com proteínas novas.

62
As dietas com proteínas hidrolisadas são compostas de peptídeos menores, que são menos má nutrição e perda de peso. Recentemente a deficiencia em cobalamina (Vitamina
susceptíveis de causar uma reação imunológica. Em relação às novas dietas ricas em B12) foi documentada em cães com enteropatias crônicas. Nesses casos, a suplementação
proteínas, considere as possíveis proteínas em grãos e outros carboidratos inclusos na dieta. parenteral de cobalamina pode se mostrar necessária para o sucesso do tratamento. A
Se não houver qualquer proteína intacta na dieta, pode ser utilizada essa dieta sem o dose recomendada para cães deficitários deste nutriente está entre 250 e 1.500 μg SC,
conhecimento dos detalhes do histórico alimentar do paciente. Enquanto estas dietas dependendo do tamanho do cão.
são menos alergênicas se comparado às dietas com proteínas novas, um percentual muito As aplicações são administradas semanalmente por 6 semanas, repetindo o processo a
pequeno de cães pode, no entanto, ter uma resposta alérgica aos seus componentes. cada duas semanas por mais 6 semanas caso necessário. É recomendável avaliar o estado
Em geral, a resposta à mudança na dieta ocorre dentro de 2 a 3 semanas em cães com clínico do cão e suas concentrações de cobalamina para guiar futuros tratamentos.

Estratégias para o manejo das interações


enteropatias crônicas sensíveis à dieta. Alguns podem novamente incorporar

medicamentosas
progressivamente uma dieta comercial de alta qualidade, depois de um teste bem-
sucedido de eliminação. Outros terão de comer uma dieta de eliminação a longo prazo.
Dietas de fácil digestão, com baixo teor de gordura são indicadas em cães com grave Antibióticos para tratar o tratamento da DAA são recomendados. Afetam
enteropatia com perda de proteínas (por exemplo: linfangiectasia) e sinais clínicos significativamente a composição da microbiota intestinal, o que pode afetar a função
associados. A adição de fibras fermentáveis à dieta proporciona benefícios adicionais gastrointestinal. Os seguintes agentes antimicrobianos são geralmente bem tolerados:
para os cães com colite crônica. As fibras fermentáveis são metabolizadas em ácidos metronidazol, tilosina ou tetraciclina. Enrofloxacina é o tratamento preferido para
graxos de cadeia curta pela microbiota do intestino grosso, e fornecem uma fonte útil Colite histiocítica ulcerativa (CHU), uma forma específica de DII.
de energia. De um modo geral, melhoram a estrutura e a função do epitélio intestinal. Os corticosteroides são o pilar do tratamento para DII idiopática frequentemente
O Psyllium é um exemplo de fibra fermentável que pode ser oferecida como um administradosemaltasdoses(dosesimunossupressorasdeprednisonamínimade2mg/kg
suplemento dietético. A dose recomendada é de 0,5 colheres de sopa (CS) para as raças duas vezes por dia). Os corticosteroides são hormônios catabólicos e, dessa forma, não são
toy, uma CS para cães pequenos, 2 CS para cães de médio porte e 3 CS para cães desejáveis em cães que sofrem de disfunção gastrointestinal por seu impacto sobre o
grandes. Deverão ser gradualmente acrescentadas as fibras (aumentando para 4 a 7 metabolismo. No entanto, em casos de DII seus efeitos benéficos centrados sobre o sistema
dias até a quantidade total) para permitir que a microbiota do TGI se adapte. imunológico superam os efeitos nocivos que podem vir a acontecer sobre o metabolismo.

Pontos para a educação do proprietário Controle


• O rígido tratamento dietético dos cães com doença intestinal crônica é um Controles apropriados devem ser programados para reavaliar o estado do cão. O
componente central de tratamento. Mesmo parecendo um desafio, é essencial controle do peso corporal (PC) e a pontuação da condição física (ECC) vai ajudar a
alimentar os cães exclusivamente com a dieta recomendada. garantir que o cão receba quantidades adequadas de alimentos. As taxas da pontuação
• Qualquer petisco que novamente exponha o cão às proteínas ofensivas pode clínica que classificam os diversos parâmetros clínicos e laboratoriais estão disponíveis
causar uma recaída. Isso inclui medicamentos tais como os mastigáveis que na literatura, e podem ajudar o médico veterinário a medir as mudanças de uma
impedem a dirofilariose. Devem ser evitados os petiscos durante o teste da dieta, consulta para o seguinte (índice de atividade da DII em cães ou índice de atividade
até estabelecer que eles não causem uma reação adversa. clínica de enteropatias crônicas em cães).
• Enquanto dietas caseiras podem ser úteis, geralmente não fornecem uma nutrição Em caso de falha do tratamento apesar da adesão ao algoritmo apresentado aqui,
equilibrada a longo prazo; é por isso que dietas equilibradas nutricionalmente que considere as seguintes possibilidades: (1) a baixa adesão ao tratamento; (2) a presença
estão à venda no mercado são as preferidas. de uma doença concomitante tal como insuficiência pancreática exócrina, infecção

Comorbidades comuns
entérica refratária ou hipoadrenocorticismo com deficiência glicocorticoides; (3) DII
refratária que pode responder a um tratamento combinado com medicamentos
Enteropatias moderadas a severas estão comumente associadas com a má digestão e má imunossupressores adicionais, tais como ciclosporina, azatioprina, clorambucil; e (4)
absorção no funcionamento nomal do intestino. Isso consequentemente resulta em a presença de uma neoplasia GI difusa.

Manejo nutricional da diarreia crônica em cães


Descartar parasitas • Matéria fecal/vermifugação

Severos indicadores sistêmicos tais como perda de peso, ascite Sem indicadores sistêmicos

Descartar doença primária fora do TGI: hemograma, perfil bioquímico, análise de urina, IST sérica Descartar doença primaria sensível à
dieta: dieta com proteínas hidrolisadas
ou antígenos novos
Ultrassonografia
abdominal Albumina ≤ 2.0 g/dL Albumina ≥ 2.5 g/dL
Descartar doença relacionada com os antibióticos:
Ultrassonografia teste com metronidazol ou tilosina
abdominal Diarreia do intestino delgado Diarreia do intestino grosso

Endoscopia se as lesões são acessíveis Laparotomia Teste de tratamento: Suspeita de CUH: teste
sulfasalazina e fibras com enrofloxacina

Biópsias da mucosa
Sem sucesso, colonoscopia e biópsia da mucosa
DII Linfangiectasia Neoplasia

63
Enteropatias crônicas - Gatos
Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM, DECVIM-CA Princípios da alimentação coadjuvante
Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN Para as enteropatias crônicas sensíveis à dieta, o objetivo do tratamento dietético é

Definição
fornecer uma alimentação equilibrada aos pacientes, ajudando a minimizar os sinais
clínicos. Os gatos com suspeita de reações adversas aos alimentos devem ser testados
As enteropatias crônicas em gatos incluem reações adversas aos alimentos e doença com uma dieta de eliminação. Há duas opções: Uma dieta composta por ingredientes
inflamatória intestinal (DII), e são definidas pela ocorrência de diarreia e/ou vômito aos quais o gato não tenha sido exposto anteriormente (proteína nova); ou uma dieta
crônico, por vezes intermitentes, associadas a um infiltrado inflamatório de gravidade contendo proteínas hidrolisadas em que os antígenos foram reduzidos a um tamanho
variável na mucosa gastrointestinal (GI), na ausência de uma causa identificável. inferior ao ponto de reconhecimento por parte dos anticorpos específicos para
Muitos gatos apresentam apenas vômitos e/ou anorexia. alérgenos (hipoalergênica). A escolha de uma dieta com proteínas novas deve ser

Ferramentas de diagnóstico e exames


baseada no histórico alimentar detalhado para evitar que se utilize um alérgeno

complementares
ingerido anteriormente. Além disso, a escolha deve considerar as fontes de
carboidratos, tais como grãos, que também contêm proteínas potencialmente
Inicialmente, é essencial descartar uma infestação parasitária. Nos gatos com diarreia alergênicas. Dietas hipoalergênicas hidrolisadas têm vantagens: os dados do histórico
e/ou vômitos leves, é apropriado um teste inicial de tratamento com uma dieta de alimentar não são cruciais para a escolha da dieta e reduzem o risco de desenvolver
eliminação antes de considerar opções mais invasivas. Em gatos com doença alergias. A maioria dos gatos com diarreia sensível à dieta mostraram melhorias
moderada a grave é preferível uma abordagem mais agressiva. Várias doenças significativas dentro de 1-3 semanas depois de alimentados com uma dieta de
originadas fora do trato gastrointestinal podem provocar vômitos em gatos; podem eliminação adequada. O tratamento contínuo depende de identificar e evitar os
ser descartadas com uma análise completa do sangue e perfil bioquímico, incluindo ingredientes específicos dos alimentos aos quais o paciente reage. No entanto, alguns
a concentração de tiroxina (T4) no soro. Também pode ser útil um ultrassom do gatos com diarreia sensíveis aos alimentos podem responder a mudanças na dieta e não
abdômen. Se a doença está no trato digestivo, pode-se exigir amostras endoscópicas se intensificar quando provocados. Após um período de estabilização, alguns desses
ou cirúrgicas de biópsias da mucosa. gatos podem retomar a sua dieta normal, sem problemas.

Fisiopatologia
Para o DII, o objetivo do tratamento dietético é fornecer uma alimentação
equilibrada aos pacientes, ajudando a cumprir os sinais clínicos. A inflamação
A fisiopatologia das reações adversas aos alimentos inclui intolerância alimentar gastrointestinal pode ocorrer em resposta a antígenos alimentares, antígenos
(reação não mediada imunologicamnete) e alergia alimentar (mediada por IgE ou não bacterianos ou outras substâncias irritantes. Qualquer mudança na dieta pode
mediada por IgE). A patogênese da DII em gatos ainda é, em grande parte, causar mudanças nesses potenciais agentes estimulantes. Um percentual elevado
desconhecida. A microbiota intestinal anormal e as interações atípicas com o sistema de gatos com suspeita ou confirmação de DII apresentou melhora clínica através
imunológico do hospedeiro são provavelmente os fatores fundamentais, como da alimentação, tanto com uma dieta contendo novas proteínas (ver acima) ou
exemplificado pela recente constatação da aderência à mucosa e a E. coli invasiva em uma dieta altamente digestível quanto com alto ou baixo teor de gordura. Alguns
associação com a DII em gatos. gatos com diarreia respondem positivamente a uma dieta baixa em carboidratos.
Os probióticos podem ser úteis em pacientes com DII. Ao modificar a microbiota
Predisposição
gastrointestinal, podem alterar os antígenos bacterianos apresentados ao intestino,
reduzindo assim o estímulo inflamatório.
n Petiscos – Os petiscos, bem como os medicamentos com sabor devem ser
Gatos afetados com enteropatias crônicas são geralmente de meia idade, mas a faixa
etária é ampla e inclui animais jovens e velhos. Não foram documentados predileções
completamente excluídos dos gatos submetidos a testes alimentares (por inflamações
de raça, apesar de gatos de raça pura, como Siameses, Persa e Himalaia, poderem
sensíveis à dieta). Como alternativa, os petiscos podem ser compostos por pedaços da
apresentar maior risco. Predileções por gênero não foram identificadas.
dieta de eliminação. Se alimentados com uma dieta seca, pode-se separar algumas

Modificações nos nutrientes essenciais


partículas para oferecê-los como petiscos. Se alimentados com uma dieta úmida,
pode-se usar esses bolinhos de alimentos tal qual se apresentam, ou depois de assar para
Deve-se identificar e evitar ingredientes alimentares aos quais o gato possa ter uma dar uma textura crocante. Outros petiscos aceitáveis são pedaços de peito de frango
reação adversa. Ingredientes alimentares mais comumente reconhecidos por estarem cozido e iogurte sem gordura.
associados com as reações adversas em gatos incluem derivados de peixe, produtos n Dicas para aumentar a palatabilidade – Aquecer os alimentos enlatados à
lácteos e carne. Gatos afetados podem responder a uma dieta de proteínas hidrolisadas temperatura corporal para liberar os aromas pode aumentar a palatabilidade. Polvilhar
ou proteínas novas. As dietas altamente digestíveis podem ser benéficas para os os alimentos com um produto prebiótico intensificador de sabor.
animais com sensibilidade à dieta ou DII, uma vez que estes gatos podem ter uma n Recomendações para a dieta – Para gatos com reação adversa ao alimento, a
função gastrointestinal diminuída. Ácidos graxos ômega 3 provenientes do óleo de escolha de uma dieta com novas proteínas depende da falta de exposição prévia, por
peixe podem reduzir a inflamação, e alguns pacientes com DII podem se beneficiar isso é necessária uma análise detalhada do histórico alimentar. Devem ser consideradas
de uma dieta contendo mais óleo de peixe. Os probióticos podem ser benéficos em ambas as fontes de proteínas tanto primárias quanto secundárias, tais como grãos (ver
gatos com DII. apêndice II). Dietas comerciais com proteínas hidrolisadas são apropriadas. Também

Valores recomendados de nutrientes essenciais


as dietas caseiras com ingredientes limitados podem ser uma boa opção para uso por
um curto prazo, durante o período de eliminação.
Não existem informações suficientes disponíveis para recomendar níveis de nutrientes Para gatos com DII, deve-se escolher uma dieta altamente digestível. Alguns gatos
específicos para gatos com enteropatias crônicas. A digestibilidade total deve ser ≥ respondem a uma dieta baixa em carboidratos (<15% de matéria seca). Para um teste
85% (essa informação não está no rotulo, mas o fabricante pode fornecê-la). Todos dietético deve-se usar bem uma dieta com proteínas hidrolisadas ou uma dieta com
os nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais de acordo com a fase proteínas novas. Considerar a adição de probióticos para tratamentos a longo prazo.
da vida, estilo de vida e consumo de energia.

64
Pontos para a educação do proprietário A deficiência de vitamina K foi detectada e atribuída à má absorção intestinal dos
• O rígido tratamento dietético dos gatos com doença intestinal crônica é um gatos com DII severa, mas raramente apresentou tendências hemorrágicas. A
componente central do tratamento. Mesmo parecendo um desafio, continua suplementação com vitamina K1 foi benéfica (1-5 mg/kg, SC, por dia).

Estratégias para o manejo das interações


sendo essencial alimentar os gatos exclusivamente com a dieta recomendada.

medicamentosas
Quando se tem vários gatos, pode-se precisar aplicar a nova dieta a todos, desde que
os outros gatos não necessitem diferentes tratamentos alimentares específicos.
• Qualquer tratamento que exponha novamente o gato a proteínas alergênicas pode Os corticosteróides são a base para o tratamento de DII idiopática e são
causar uma recaída e deve ser evitado durante o teste dietético. frequentemente administrados em doses elevadas (doses imunossupressoras de
• Ainda que as dietas caseiras possam ser úteis, geralmente não fornecem uma prednisona mínimo de 2 mg/kg por dia). Os corticosteróides são hormônios
nutrição equilibrada a longo prazo; é por isso que as dietas equilibradas catabólicos e, dessa forma, não são desejáveis em gatos que sofrem de disfunção
nutricionalmente que estão à venda no mercado são as preferidas. gastrointestinal. No entanto, em casos de DII seus efeitos benéficos focados sobre o

Comorbidades comuns
sistema imunitário superam em grande medida os efeitos nocivos que podem vir a
acontecer sobre o metabolismo.

Controle
É relatado que a colangiohepatite e pancreatite podem ocorrer mais frequentemente
em gatos com DII. Triaditis é o termo usado quando o intestino (DII), o fígado
(colangiohepatite) e o pâncreas (pancreatite) são afetados simultaneamente. Até o Em geral, a resposta a uma mudança na dieta ocorre dentro de 7 a 21 dias em gatos
momento não há nenhuma teoria confirmada que descreva o mecanismo comum com enteropatias crônicas sensíveis à dieta. Se o tratamento dietético falhar, deve
para as três doenças. seguir o algoritmo apresentado.
Muitas vezes as enteropatias crônicas moderadas a severas que afetam o intestino Em gatos com DII documentada, geralmente o tratamento inicial com prednisolona
delgado são associadas com má digestão e má absorção devido a deficiências na função inclui doses elevadas (2-4 mg/kg/dia) que diminuem progressivamente
intestinal. Isso pode levar à desnutrição e perda de peso. Têm sido documentadas semanalmente em 2 passos. O ideal é que os novos controles sejam programados
deficiências de cobalamina (vitamina B12) em gatos com enteropatias crônicas. Em antes de cada mudança no tratamento com esteróides para reavaliar o estado do gato.
tais casos, pode ser necessária a suplementação com cobalamina parentérica para o Os controle do peso corporal (PC) e a pontuação do escore de condição corporal
sucesso do tratamento. A dose recomendada em gatos com deficiência de cobalamina (ECC) vão ajudar a garantir que o gato receba quantidades adequadas de alimentos.
documentada é de 250 µg administrada por via subcutânea (SC). As injecções são Diferenciar o DII do linfoma alimentar pode ser um desafio.
dadas semanalmente durante 6 semanas e, em seguida, a cada duas semanas durante O linfoma de baixo grau pode responder ao tratamento com esteróides
6 semanas mais. É melhor reavaliar periódicamente o estado clínico do gato e suas temporariamente, mas pode eventualmente sofrer uma recaída. Por isso, os gatos com
concentrações de cobalamina para encaminhar futuros tratamentos. DII refratário ao tratamento podem apresentar um linfoma.

Manejo nutricional dos vômitos crônicos com ou sem diarreia em gatos

Descartar parasitas • Matéria fecal/vermifugação

Descartar uma obstrução: Radiografia do abdômen

Indicadores sistêmicos como a anorexia, perda de peso, etc. Sem indicadores sistêmicos

Descartar doença primária fora do trato GI: Descartar doença primária sensível à dieta: dieta
hemograma, exame bioquímico, T4 em soro, IST em de eliminação
gatos, etc.

Ultrassom abdominal

Endoscopia se as lesões
Laparotomia
são visíveis

Biópsias das mucosas

DII Linfoma alimentar

65
Linfangiectasia - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM cães com linfangiectasia continuam se alimentando, a melhor abordagem para a

Definição
substituição da proteína é a nutrição enteral. A escolha de uma dieta que seja eficaz é o
aspecto mais desafiador do tratamento desta doença. Cães que não estão comendo,
A linfangiectasia é a dilatação do sistema linfático, e em especial o sistema linfático estão doentes demais para comer ou não podem reter o alimento devido aos vômitos,
mesentérico, que drena o intestino delgado, incluindo os vasos quilíferos das vilosidades podem precisar de nutrição intravenosa para fornecer a proteína e energia para a função
intestinais. A doença pode ser primária (causada por um defeito congênito, metabólica. A dieta ideal contém uma quantidade moderada de carboidratos e
presumidamente genético), secundária (ocorre de forma secundária a outra doença proteínas altamente digestíveis (ou hidrolisados), e altamente restrita em gorduras. Nos
que interrompe o fluxo linfático) ou idiopática. Na maioria dos cães, a doença é cães mais severamente afetados, uma dieta essencialmente baixa em gorduras (< 2
idiopática e está muitas vezes associada com a enteropatia com perda de proteína (EPP) g/100 kcal de gordura) ou sem gordura, pode ser fundamental para o sucesso do
que ocorre como resultado do processo primário (linfangiectasia). Os cães com forma tratamento da doença, incorporando gradualmente ácidos graxos essenciais e vitaminas
congênita ou hereditária da doença muitas vezes são severamente afetados e podem ter lipossolúveis para evitar deficiências. Em cães com alergia alimentar concomitante ou
um período de vida significativamente mais curto. Além disso, a doença em cães que DII, a fonte de novas proteínas (ou menos antigênicas, tais como uma dieta de proteínas
apresentam forma idiopática ou secundária de linfangiectasia é bastante variável, indo hidrolisadas) também pode ser um aspecto necessário do tratamento dietético. Além
de uma doença leve, clinicamente tratável, a uma doença grave, com risco de vida. de fontes de proteínas altamente digestíveis, alguns cães se beneficiam da adição de

Ferramentas de diagnóstico e exames


módulos de proteínas ou dietas enterais elementares, tais como “Vivonex®” T.E.N

complementares
(Nestlé Nutrition) na sua dieta hidrolisada ou com conteúdo muito baixo de gordura.
Acredita-se geralmente que a fonte ideal de carboidratos (CHO), para um cão com
doença intestinal é arroz branco cozido ou batatas (descascadas), porque são altamente
O diagnóstico de linfangiectasia em cães começa com uma anamnese completa,
digestíveis e não contêm glúten, que pode ser antigênico em alguns cães. Outras fontes
incluindo histórico alimentar e de tratamento com medicamentos, e um exame físico,
de CHO sem glúten são a mandioca e o milho, mas são um pouco menos digestíveis
incluindo exame retal. A perda de peso é um indicador clínico inicial muito
que o arroz, e o milho pode causar hipersensibilidade em alguns cães. Cães com
importante para cães com linfangiectasia e EPP, e pode preceder o início da diarreia
linfangiectasia grave muitas vezes não conseguem lidar com o milho, a menos que
por meses. A análise das fezes (por exemplo: técnicas de flotação, citologia, teste
esteja completamente processado em formato de purê.
imunoabsorvente ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da reação em cadeia
Em cães com linfangiectasia grave, a gordura da dieta deve estar em quantidade que
da polimerase [PCR, em inglês]) é importante para descartar as infecções parasitárias
forneça ácidos graxos essenciais (óleos vegetais fornecem algumas delas) e vitaminas
simultâneas que podem complicar o tratamento da doença.
solúveis em gordura, mas devem ser evitados tanto quanto possível os triglicerídeos de
A avaliação padrão do cão com perda de peso (com ou sem diarreia e hipoproteinemia)
cadeia longa. Se a gordura adicional para fornecer energia for necessária, pode-se utilizar
inclui a avaliação de outras doenças sistêmicas, a avaliação da função hepática, descartar
uma fonte de triglicérides de cadeia média; no entanto, estas fontes de gordura não são
a proteinúria como causa de hipoproteinemia e a avaliação do trato gastrointestinal
geralmente palatáveis para cães e podem reduzir a aceitabilidade da dieta.
(TGI) tanto a sua função (imunorreatividade semelhante à tripsina [IST],
Em cães com diarreia do intestino delgado é indicado diminuir a quantidade de fibras
cobalamina/folato, absorção de açúcar, se disponível, possível inibidor da protease alfa-
insolúveis, já que as fibras reduzem a digestibilidade dos alimentos e podem aumentar
1), como sua estrutura (imagens, histopatologia, obtida por endoscopia ou cirúrgica).
o risco de má digestão ou da má absorção de nutrientes. Isto ocorre especialmente cães
Uma vez terminado o diagnóstico é vital o tratamento de apoio (controle do edema e
com linfangiectasia, porque a redução da digestibilidade da fonte de proteínas e CHO,
a perda de proteína) e o manejo nutricional (dieta com baixo teor de gordura para
pode agravar os sinais clínicos (diarreia), aumentam lentamente os níveis de proteínas
reduzir a intensidade da doença clínica no intestino), a menos que possa ser identificada
e o peso corporal e aumenta o risco de interrupção bacteriana, o que pode causar um
uma causa específica e corrigi-la.
problema novo. As fontes de fibra solúveis podem ser benéficas em alguns cães, já que
Fisiopatologia
são digeridas pela microbiota normal e podem funcionar como prebióticos para ajudar
a manter a microbiota intestinal saudável.
Sinais clínicos da linfangiectasia (perda de peso, diarréia, esteatorréia) são uma
Valores recomendados de nutrientes essenciais
consequência da má digestão e da má absorção de nutrientes (proteínas, gorduras e
carboidratos), que surgem como resultado da dilatação linfática (linfangiectasia) ou a

Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


combinação de dilatação linfática e da inflamação (que pode estar presente devido a
doença inflamatória intestinal [DII] ou uma reação a lipogranulomas). Em cães com
EPP grave, a perda de proteína que produz a perda de peso pode preceder o início da Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
diarreia. Em cães com linfangiectasia, indigestão grave e perda de nutrientes também Gordura 5–15 1.5–4 5.0 1.4
Fibra Bruta 3–7 0.75–2.5 n/d n/d
pode ocasionar uma hipocalcemia clinicamente significativa, hipocolesterolemia e
hipomagnesemia produzindo ascite ou a formação de edema e convulsões ou fraqueza
muscular em cães mais gravemente afetados. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações meta-
bólicas induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é

Predisposição
mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100
kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender
aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de
energia.
As raças de cães mais comumente afetadas com linfangiectasia primária são
Lunderhund, Yorkshire Terrier e Wheaten Terrier de pelo macio; estas raças podem * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
ter sinais clínicos ainda quando jovens. Qualquer raça de cão pode desenvolver Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
linfangiectasia secundária ou EPP, portanto, não há predisposição típica para esta forma
em particular.

Modificações nos nutrientes essenciais


Reposição de proteína é a questão mais importante em cães com edema ou ascite
devido à severa hipoalbuminemia, produto da linfangiectasia ou da EPP. Enquanto

66
Princípios da alimentação coadjuvante Pontos para a educação do proprietário
• Os nutrientes devem ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) para • Fornecer apenas alimentos recomendados.
minimizar a diarreia osmótica, a fermentação bacteriana de alimentos não digeridos • Alimentar em pequenas quantidades e com maior frequência (de três a quatro
e reduzir a flatulência. vezes por dia). Grandes quantidades de alimentos aumentam a carga do TGI e
• Proteínas de alta qualidade de uma única fonte pode ser indicada (pode ser nova podem contribuir para a diarreia ou vômitos.
se existir a probabilidade de DII ou de sensibilidade alimentar) ou proteínas • Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos. Se o vômito
hidrolisadas altamente digestíveis para maximizar a digestão e a absorção. ocorrer ou o cão parar de comer ou beber, um novo controle com o médico
• A fonte de carboidratos deve ser de alta qualidade, sem glúten e sem lactose. veterinário é recomendado para prevenir a desidratação devido à diarreia contínua.

Comorbidades comuns
• A dieta deve conter baixo teor de gordura (menos de 4 g/100 kcal, pelo menos;
se houver a presença de linfangiectasia ou EPP aguda é provável que precise menos
do que 3,5 g/100 kcal). As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com linfangiectasia
• Pode ser adicionada uma maior quantidade de ácidos graxos Ômega 3 (a proporção são: doença inflamatória intestinal, enteropatias com perda de proteína, alergia
de Ômega 6:Ômega 3 deve ser de 5-10:1) para levantar o perfil dos eicosanoides na alimentar, insuficiêcia pancreáica exocrina e enteropatias associadas aos antibioticos.

Estratégias para o manejo das interações


mucosa intestinal.
• São indicadas fibras insolúveis em baixa quantidade ou fibras solúveis ou mistas
medicamentosas
em quantidade moderada (3% - 7% total) para aumentar a produção de ácidos
graxos de cadeia curta e melhorar a microbiota.
• Normalmente, a suplementação com vitaminas solúveis em gordura (A, D, E e O tratamento com esteróides na doença inflamatória intestinal aumentará a sede
K) é apenas necessária em casos graves de esteatorreia e má absorção de gorduras a e o apetite, e pode causar aumento de peso involuntário, perda de massa muscular
longo prazo. ou doença hepática. Em cães com linfangiectasia, o tratamento com esteróides
• Adicionar um prebiótico à dieta pode ser útil para aumentar a produção de ácidos pode agravar o edema em alguns casos. O tratamento imunossupressor para a
graxos de cadeia curta, e manter a estabilidade da microbiota. doença inflamatória intestinal ou linfoma pode causar toxicidade gastrointestinal,
n Petiscos– Em geral, deve-se evitar os petiscos em cães com doença intestinal até que cujos sinais clínicos comuns podem ser vômitos ou diarreia. O tratamento com
um diagnóstico definitivo seja feito. Por exemplo, se a diarreia é produto da sensibilidade antibióticos pode causar diarreia devido à interrupção da microbiota e à maior
aos alimentos, será necessário um teste de eliminação de alimentos, incluindo os quantidade de espécies patogênicas.

Controle
petiscos. Se os petiscos são importantes para a rotina do cão, podem ser oferecidos
dietas coadjuvantes utilizando como base os princípios antes mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Se o cão não come a dieta sugerida, pode- Deve-se avaliar a composição fecal para determinar se o caráter normal das fezes retorna
se adicionar ao alimento uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo teor ou se estão se desenvolvendo novos problemas (por exemplo: melena, hematoquezia).
de sódio. Alternativamente, o alimento pode ser misturado com uma pequena Deve-se controlar o estado clínico para se certificar de que o cão não esteja desidratado,
quantidade da versão úmida do mesmo alimento para torná-lo mais interessante. continue comendo, e para que não apresente quaisquer novos indicadores da doença
n Recomendações para a dieta – Dietas de prescrição veterinária adequadas para (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos). Se o cão
cães com diarreia estão à venda através de clínicas veterinárias; as mesmas devem ser está perdendo peso ou está se desidratando, deve-se reavaliar tanto o método de
formuladas de acordo com os princípios de alimentação coadjuvante acima alimentação como o tratamento, que devem ser modificados de acordo com as
mencionados. As dietas comerciais pobres em gordura, na sua maioria também têm necessidades desse paciente em particular.
mais fibras na dieta, portanto, não são aceitáveis para esse fim.

Manejo nutricional da linfangiectasia em cães

O primeiro passo é o diagnóstico da causa primária (se houver), porque irá alterar o plano de tratamento a longo prazo e o prognóstico

Se a linfangiectasia é secundária a uma DII


ou a outra causa de EPP, iniciar o tratamento
A chave para controlar a perda de peso e
com medicamentos adequados e começar
diarreia na maioria dos cães com
com uma dieta altamente digestível muito
linfangiectasia é alimentá-los com uma dieta
baixa em gorduras (alguns cães, podem
altamente digestível com teor moderado de
precisar concentrações de gordura < 3 g/100
proteínas e um teor muito baixo de gorduras.
kcal. As dietas hidrolisadas podem ser
benéficas em alguns cães com EPP.

67
Pancreatite - Cães
Kathyrn E. Michel, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A pancreatite é uma doença inflamatória que pode ser aguda ou crônica. Sinais Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 10–14 2–3.5 5 1.4
clínicos variam entre leve, com mínimos efeitos sistêmicos e extremamente grave,
caracterizada por necrose pancreática levando à síndrome de resposta inflamatória
sistêmica (SIRS) e ao colapso circulatório. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada

Ferramentas de diagnóstico e exames


como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos nor-
complementares mais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
A pancreatite pode ser uma doença de difícil diagnóstico porque, além da biópsia Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Princípios da alimentação coadjuvante


do pâncreas, não existem testes específicos de diagnóstico para esta doença. Para
chegar a um diagnóstico, o médico veterinário deve confiar nos seus conhecimentos
usando o quadro clínico do paciente (vômitos, dor abdominal, estado Tradicionalmente, o jejum era estipulado aos pacientes com pancreatite aguda
cardiovascular), os resultados da análise bioquímica (hemograma e exame de urina moderada a grave a fim de reduzir a estimulação do pâncreas e, assim, reduzir
e também biomarcadores pancreáticos, tais como a imunorreatividade da lipase presumivelmente secreções pancreáticas. Recentemente, este dogma tem sido
pancreática canina [cPLI, em inglês] e a imunorreatividade semelhante à da tripsina questionado, no tratamento de pacientes humanos. Há evidências de que os regimes
canina [cIST]) e as imagens. Deverão obter o histórico alimentar completo, de tratamento projetados exclusivamente para promover o descanso e minimizar
incluindo informações sobre alimentos comerciais e petiscos com as quais o secreções pancreáticas só têm conseguido obter alívio da dor e não mostraram
paciente se alimenta (incluindo qualquer resto de comida ou sobras da mesa) e se nenhuma influência sobre o resultado do paciente.3
houver histórico de desordens alimentares (ver apêndice II). Pacientes com pancreatite moderada a grave estão em um estado catabólico e sofrem
O estado nutricional do paciente deve ser avaliado com particular atenção para a uma deterioração rápida do estado nutricional. Além disso, estudos clínicos aleatórios
duração da anorexia, as evidencias de perda de peso (especialmente perda de massa com os seres humanos têm demonstrado melhores resultados clínicos em pacientes
muscular), a gravidade dos indicadores gastrointestinais (GI), a viabilidade da fonte que receberam alimentação enteral precoce através de uma sonda de jejunostomia
de alimentação e comorbidades. em oposição a nutrição parenteral (NP) .4 Os resultados têm variado segundo os

Fisiopatologia
testes, mas a maioria descobriu que a alimentação enteral através de sondas de
jejunostomia atenua a resposta da fase aguda e reduz complicações gerais, incluindo
A causa geradora da inflamação pancreática permanece desconhecida, embora tenham complicações sépticas, em comparação com NP.
sido envolvidos muitos medicamentos, as desordens alimentares, os traumas, a Portanto, o objetivo do tratamento da pancreatite em cães é incentivar a ingestão
manipulação cirúrgica e isquemias. A doença é causada por uma falha nos mecanismos voluntária de alimentos por via oral em pacientes com sinais clínicos leves ou em vias
de proteção que normalmente asseguram que as enzimas pancreáticas permaneçam de resolução. Inicialmente, deve-se oferecer água ao paciente, e, com base na resposta,
inativas até entrarem no duodeno. A ativação destas enzimas no tecido pancreático continuar com uma dieta rica em carboidratos, pobre em gordura e um conteúdo
desencadeia os seus efeitos proteolíticos, causando dano. adequado, mas não alto, de proteínas. Devem ser oferecidos alimentos em pequenas
A resposta inflamatória que acompanha a pancreatite grave produz um estado porções de 4-6 vezes por dia.
catabólico que pode causar deterioração rápida do estado nutricional. Este declínio é Nos casos em que a ingestão oral é contraindicada devido a náuseas e vômitos
complicado pela ausência de alimentação aos pacientes que sofrem de náuseas, vômitos, persistentes, avaliar os cães como candidatos para a alimentação assistida. Se possível,
dor abdominal, íleo paralítico, ou instabilidade hemodinâmica. Muitos pacientes com deverão receber uma dieta completa e equilibrada através da via enteral. Mesmo
pancreatite aguda apresentarão hiperlipidemia. pacientes com pancreatite grave são capazes de tolerar alimentos por sondas de

Predisposição
jejunostomia. Quando for impossível conseguir o acesso à alimentação enteral em um
paciente que foi indicado à alimentação assistida, deve-se iniciar o suporte nutricional
Em geral, é documentado que os cães mais velhos (> 5 anos), cães obesos e de por via parenteral.
determinadas raças (Terrier, Schnauzer, Pastor Alemão) têm um risco aumentado de n Petiscos – Alimentos e sobras da mesa que são ricos em gorduras não devem ser
desenvolver pancreatite. utilizados como petiscos em pacientes que se recuperaram de uma pancreatite. Isto

Modificações nos nutrientes essenciais


inclui a maioria das carnes, produtos lácteos (a menos que sejam variedades sem
gordura), e alimentos fritos. Petiscos adequados incluem frutas e legumes (exceto uvas
Para pacientes em recuperação de pancreatite tem sido recomendado evitar a ingestão e cebolas), carnes magras (por exemplo: peito de frango cozido) e massas.
de alimentos ricos em gordura. Embora esta recomendação não tenha sido avaliada por n Dicas para aumentar a palatabilidade– Há muitos alimentos coadjuvantes e
um teste clínico prospectivo e aleatório, é baseada em vários argumentos diferentes. comerciais para cães, deve-se escolher os que cumpram as diretrizes para um baixo ou
Em primeiro lugar, como as gorduras, (bem como as proteínas) são um potente moderado teor de gordura, e é possível encontrar uma dieta adequada que seja aceitável
estimulador da secreção pancreática, a preocupação em um paciente convalescente é para a maioria dos pacientes. Adicionar um pouco de água quente para alimentos secos,
que a super estimulação do pâncreas poderia levar a uma recaída. Em segundo lugar, aquecer ligeiramente a comida úmida ou adicionar na comida algumas colheres de
no que diz respeito à prevenção da doença recorrente, as pesquisas com cães têm sopa de molho de tomate simples com baixo teor de sódio pode melhorar aceitação.
demonstrado que uma dieta pobre em proteínas e rica em gordura pode causar n Recomendações para a dieta– Conseguir a transição do paciente para uma dieta
pancreatite e que a doença é mais grave quando é provocada em cães que foram completa e equilibrada com proteínas adequadas e gordura moderada (< 30% de
alimentados com uma dieta rica em gorduras.1,2 Além disso, existem evidências de que gordura, base energética). A maioria das dietas coadjuvantes gastrointestinais secas
a hiperlipidemia pode ser um fator predisponente para a pancreatite. e úmidas cumprem estes critérios e é possível que a dieta normal do paciente
também. Os pacientes com hiperlipidemia idiopática podem necessitar maior
restrição de gordura na dieta (< 20% de gordura, base energética). Os pacientes

68
devem ser monitorados quanto à sua aceitação aos alimentos, à recorrência de sinais hiperlipidemia primária podem se beneficiar de uma dieta muito pobre em gordura
clínicos e à manutenção do peso. (< 20% de gordura, base de energia) assim como alguns pacientes que apresentam esta
No caso de pacientes com boa condição física, rações devem ser baseadas na ingestão doença de maneira secundária a outras doenças (ver páginas 80-81). A pancreatite
calórica prévia. Para pacientes com baixo peso deve-se aumentar as calorias oferecidas também pode ocorrer concomitantemente em cães com diabetes mellitus (ver páginas
em 20% em relação ao consumo anterior para promover ganho de peso durante a 28-29).

Estratégias para o manejo das interações


convalescença e mudar, se necessário, com base na resposta. Para os pacientes com

medicamentosas
excesso de peso deve ser prescrito um programa para redução de peso, uma vez que o
paciente estiver totalmente recuperado da pancreatite.

Pontos para a educação do proprietário


Pacientes com pancreatite aguda, de moderada a grave, necessitam de tratamento
rápido com líquidos e cuidados de suporte, que possam incluir apoio com coloides,
• Todos os membros da família devem entender que existe um risco potencial de que antieméticos, analgésicos e agentes gastroprotetores. Enquanto o controle da dor é um
a doença retorne. aspecto importante do tratamento medicamentoso da pancreatite, alguns agentes
• Os proprietários devem estar cientes das recomendações nutricionais e as razões analgésicos podem causar íleo gastrointestinal. O íleo pode reduzir o apetite do
para essas recomendações. É especialmente importante restringir o acesso aos paciente, portanto, atraso na ingestão voluntária ou complicar a entrega de nutrição
alimentos para animais de estimação, petiscos, sobras de comida da mesa enteral em um paciente alimentado por sonda. O íleo pode ser combatido através da
e lixo, ricos em gordura. remoção da medicação para a dor o mais rapidamente possível ou mudando para um
• Quando um paciente está abaixo do peso ou com excesso de peso no momento da fármaco que possua menos efeitos secundários gastrointestinais.
alta hospitalar, deve haver uma conversa sobre qual manejo nutricional adicional
será preciso nas próximas semanas, para assegurar a volta do peso corporal ideal. O
Controle
proprietário deverá compreender qual é o motivo para essas medidas e os benefícios
Deve-se controlar o peso dos pacientes que necessitam recuperar ou perder peso após
para o paciente.
a alta hospitalar para garantir que estejam evoluindo corretamente. Pacientes em

Comorbidades comuns
tratamento para a lipidemia primária requerem novos controles para avaliar a
concentração de lipídeos séricos para determinar se o nível de restrição de gorduras na
Muitas vezes, um paciente com pancreatite aguda tem hiperlipidemia. Embora em dieta é suficiente. Qualquer futura visita à clínica, independentemente da sua finalidade,
muitos casos, o aumento da concentração de lipídios no soro seja uma consequência é uma oportunidade para descobrir mais sobre o tratamento dietético do paciente e
da pancreatite, existe evidência de que uma hiperlipidemia pré-existente pode ser um uma oportunidade para reforçar as recomendações anteriores sobre a alimentação.
agente causal desta doença. A hiperlipidemia pode estar associada a alimentos ricos
em gorduras, a uma doença endócrina concorrente (hiperadrenocorticismo, diabetes
mellitus ou hipotireoidismo) ou a uma predisposição da raça (Schnauzer, Pastor
Alemão). Quando a hiperlipidemia é secundária a uma doença subjacente,
naturalmente a melhor abordagem terapêutica é tratar essa doença. Os pacientes com

Manejo nutricional da pancreatite em cães

É indicada a ingestão voluntária de alimentos?

Indicado Contraindicado

Oferecer água, seguida por pequenas Avaliar uma alimentação assistida


porções de uma dieta rica em
carboidratos, pobre em gorduras e
moderado teor de proteínas

Transição para uma dieta completa e balanceada com moderado a baixo teor de gordura
Alimento aceito e tolerado
e controle da ingestão e do peso corporal para garantir a ingestão adequada

Alimento não aceito Avaliar alimentação assistida

Alimento aceito, mas não tolerado Avaliar alimentação assistida

69
Pancreatite - Gatos
Kathyrn E. Michel, DVM, MS, DACVN Modificações nos nutrientes fundamentais
Definição
Para pacientes em recuperação de uma pancreatite tem sido recomendado evitar a
ingestão oral de alimentos ricos em gordura, porque a gordura (assim como as
A pancreatite é uma doença inflamatória que pode ser aguda ou crônica. Sinais proteínas) é um potente estímulo para a secreção pancreática e a preocupação em um
clínicos variam de leves, com mínimos efeitos sistêmicos, e doença extremamente paciente convalescente é que uma superestimulação do pâncreas pode levar a uma
grave, caracterizada por necrose pancreática levando à síndrome da resposta recaída. No entanto, os gatos têm adaptações no metabolismo que refletem a evolução
inflamatória sistêmica (SRIS) e colapso circulatório. desta espécie com uma dieta rica em proteína e gordura, mas sem quantidades

Ferramentas de diagnóstico e exames


significativas de carboidratos. Como resultado, a maioria dos alimentos para gatos tem

complementares
relativamente alto teor de gordura e proteína. Alimentos para gatos com teor mais
baixos em gorduras encontrados comercialmente ainda contêm quantidades
A pancreatite pode ser uma doença de difícil diagnóstico porque, além da biópsia moderadas de gordura, ricos em proteínas e muitas vezes de baixa densidade calórica.
do pâncreas, não existem testes específicos de diagnóstico para esta doença. O Embora o impacto da ingestão de gorduras na dieta sobre o resultado clínico dos gatos
diagnóstico é ainda mais complicado pelo fato de que o quadro clínico desta com diagnóstico de pancreatite não tenha sido avaliado em testes clínicos,
doença em gatos é significativamente diferente ao dos cães. Na pancreatite em informalmente os gatos que se recuperaram da pancreatite parecem tolerar os alimentos
gatos, os sinais clínicos mais comuns não são específicos (anorexia, letargia e típicos para gatos, incluindo aqueles com altos níveis de gorduras.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


desidratação), enquanto os indicadores clássicos associados com pancreatite em
cães (vômitos e dor abdominal) são relativamente raros nos gatos1. O médico
veterinário deve confiar nos seus conhecimentos usando o quadro clínico do Não existem dados suficientes sobre como identificar as alterações necessárias
paciente, os resultados da análise bioquímica (hemograma e exame de urina nos nutrientes.

Princípios da alimentação coadjuvante


também biomarcadores pancreáticos, tais como a imunorreatividade da lipase
pancreática felina [fPLI, em inglês] e a imunorreatividade semelhante à da tripsina
felina [fIST]) e as imagens para chegar ao diagnóstico. Pancreatite em gatos é uma doença nova raramente diagnosticada antes de 1990. A
Deverão obter o histórico alimentar completo, incluindo informações sobre rações maioria dos médicos veterinários está mais familiarizada com o tratamento de
comerciais e petiscos que o paciente receba (incluindo qualquer resto de comida ou pancreatite aguda em cães. É clássico recomendar jejum para os cães com pancreatite
sobras da mesa) e se houver histórico de desordens alimentares (ver Apêndice II). aguda e em seguida gradualmente incorporar alimentos ricos em carboidratos, mas
O estado nutricional do paciente deve ser avaliado com particular atenção para a pobres em gorduras e com conteúdo moderado de proteínas.
duração da anorexia, as evidências de perda de peso (especialmente perda de massa Existem áreas problemáticas no uso desta abordagem, no caso de gatos com esta
muscular), a gravidade dos indicadores gastrointestinais, a viabilidade da alimentação doença. Em primeiro lugar, dado que a anorexia é um dos dados clínicos mais
assistida e as doenças concorrentes. comum em gatos com pancreatite, os pacientes muitas vezes têm evidências de

Fisiopatologia
má nutrição. O jejum servirá apenas para agravar o grau de desnutrição nestes
pacientes. Além disso, a lipidose hepática idiopática (LH) é uma doença
Na maioria dos gatos, a causa geradora da inflamação pancreática não pode ser concomitante ou sequela comum na pancreatite dos gatos e negar o alimento a
determinada, embora agentes infecciosos (Toxoplasma gondi, trematódeos, um paciente com LHI, seria contraindicado.
peritonite infecciosa felina - PIF), pesticidas organofosforados, medicamentos, Tradicionalmente, o jejum era estipulado aos pacientes com pancreatite aguda
trauma, manipulação cirúrgica e isquemias estejam envolvidos na patogênese da moderada a grave a fim de reduzir a estimulação do pâncreas e, assim, reduzir
doença. Também comenta-se sobre uma associação entre pancreatite comum em presumivelmente secreções pancreáticas. Recentemente, este dogma tem sido
gatos, doença inflamatória intestinal, colangiohepatite e a possibilidade de uma questionado, no tratamento de pacientes humanos. Há evidências de que os
etiopatogênese relacionada2 chamada de tríade felina. tratamentos projetados exclusivamente para promover o descanso e minimizar
A doença é causada por uma falha nos mecanismos de proteção que normalmente secreções pancreáticas só têm conseguido obter alívio da dor e não mostraram
asseguram que as enzimas armazenadas nas células pancreáticas permaneçam inativas nenhuma influência sobre o resultado do paciente3.
até entrarem no duodeno. A ativação destas enzimas no tecido pancreático desencadeia Portanto, deve-se incentivar a ingestão voluntária de alimentos por via oral em pacientes
os seus efeitos proteolíticos, causando danos e inflamação no tecido. aos quais a ingestão por via oral não esteja contraindicada por causa de vômitos ou
Na forma aguda da doença, a resposta inflamatória que acompanha a pancreatite diarreia. Os pacientes que rejeitam os alimentos ou apresentam uma ingestão voluntária
grave produz um estado catabólico que pode causar deterioração rápida do estado inadequada deverão ser avaliados como candidatos para a alimentação assistida. Ideal
nutricional. Este declínio é complicado pelo fato de que é necessário negar comida é que recebam uma dieta completa e balanceada por meio de via enteral. Mesmo os
a pacientes que sofrem de náuseas, vômitos, dor abdominal, íleo, ou instabilidade pacientes com pancreatite severa e vômitos persistentes são capazes de tolerar a
hemodinâmica. Na forma crônica da pancreatite em gatos, visto que a anorexia é alimentação por meio de sondas de jejunostomia.
um dos sinais clínicos mais comuns, muitas vezes os pacientes têm evidência de má No entanto, quando o acesso à alimentação enteral for impossível em um paciente que
nutrição, especialmente a perda de peso caracterizada por perda de massa muscular. foi indicado com alimentação assistida, deve-se iniciar o suporte nutricional parenteral.
É imperativo a palpação física para acessar a massa muscular, uma vez que os n Petiscos–A recomendação para cães em recuperação de pancreatite é evitar comidas
pacientes podem ter excesso de gordura corporal ou a aparência obesa, apesar de e petiscos comerciais ou sobras da mesa com alto teor de gorduras. Ainda não é claro
sofrer perda de massa muscular significativa. se uma recomendação similar deve ser usada no caso de gatos em recuperação desta

Predisposição
doença; no entanto, pode ser prudente evitar itens com alto teor de gordura, como
carnes gordas, frituras ou nata. Petiscos aceitáveis devem incluir carnes magras ou peixe
Ainda não foi documentada qualquer associação definitiva entre idade, raça ou (por exemplo: peito de frango cozido, ou atum conservado em água), produtos lácteos
castração e o risco de pancreatite em gatos. com baixo teor de gordura, frutas frescas e vegetais (exceto uvas e cebolas).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A menos que haja indicação clara de
disponibilizar uma dieta restrita em gordura (< 30% de gordura, base energética) a
escolha da dieta deve ser baseada em encontrar um alimento para gatos completo e

70
equilibrado que seja aceitável para o paciente. Adicionar um pouco de água quente ao Comorbidades comuns
alimento seco ou aquecer ligeiramente o alimento enlatado pode melhorar a aceitação. Não é incomum em pacientes (gatos) ser diagnosticados com doença inflamatória
n Recomendações para a dieta–A maioria dos gatos com diagnóstico de pancreatite intestinal e pancreatite concorrente. Esses pacientes podem se beneficiar de uma dieta
tem um histórico de anorexia. É essencial controlar a ingestão de alimentos do paciente, com novas proteínas/antígenos limitados ou proteínas hidrolisadas. A maioria dos
especialmente quando estão em fase de transição da alimentação assistida, para pacientes com diagnóstico de lipidose hepática idiopática (LHI) e pancreatite
assegurar que a ingestão voluntária do paciente seja adequada. O objetivo é encontrar concorrente exigem alimentação assistida. Para a resolução da LHI é necessária a
uma dieta que o paciente coma facilmente, seja tolerada pelo trato gastrointestinal, e seja ingestão de uma alimentação adequada e, normalmente, os gatos com esta doença têm
apropriada para qualquer doença concomitante que o paciente possa ter (por exemplo: uma ingestão voluntária insuficiente. Gatos com insuficiência hepática,
doença inflamatória intestinal, doença hepática, diabetes mellitus). Os pacientes devem independentemente da etiologia subjacente podem necessitar alterações na dieta,
ser monitorados quanto à sua aceitação aos alimentos, à recorrência de sinais clínicos incluindo restrição de proteínas. A Pancreatite também pode ocorrer simultaneamente
e à manutenção do peso. em gatos com diabetes mellitus (ver páginas 30-31).

Estratégias para o manejo das interações


No caso de pacientes com boa condição física, a dieta deve ser baseada na ingestão
calórica prévia. Para pacientes com baixo peso deve-se aumentar o teor de calorias
medicamentosas
oferecidas em 20% em relação ao consumo anterior para promover ganho de peso
durante a convalescença e modificar, se necessário, com base na resposta. Para os
pacientes com excesso de peso deve ser prescrito um programa para redução de peso, Pacientes com pancreatite aguda, de moderada a severa, necessitam de tratamento
uma vez que o paciente esteja totalmente recuperado de pancreatite. rápido com líquidos e cuidados de suporte, que podem incluir coloides, antieméticos,
analgésicos e agentes gastroprotetores. Enquanto o controle da dor é um aspecto
Pontos para a educação do proprietário importante do tratamento medicamentoso da pancreatite, alguns agentes analgésicos
• Todos os membros do grupo familiar devem entender que existe um risco potencial
podem causar íleo paralítico. O íleo paralítico pode reduzir o apetite do paciente e,
portanto, atraso na ingestão voluntária ou complicar a entrega da nutrição enteral num
da doença recorrente. Devem estar cientes das recomendações em matéria de
paciente alimentado por sonda. Essa complicação pode ser evitada através da remoção
alimentação e nutrição e as razões para essas recomendações. É especialmente
da medicação para a dor, o mais rapidamente possível ou viável, mudando para um
importante controlar a ingestão de alimento do paciente e o seu estado físico para
fármaco que possua menos efeitos secundários gastrointestinais.
permitir a detecção precoce da anorexia ou perda de peso.
• Quando um paciente está abaixo do peso ou com excesso de peso, no momento da
alta hospitalar, deve haver uma conversa sobre qual deve ser o manejo nutricional Controle
adicional nas próximas semanas para garantir o retorno ao peso corporal ideal, e Deve-se controlar o peso dos pacientes que necessitam recuperar ou perder peso após
por que tal tratamento será benéfico para o paciente. a alta hospitalar para garantir que estejam evoluindo devidamente. Qualquer futura
visita à clínica, independentemente da sua finalidade, é uma oportunidade para
descobrir mais sobre o tratamento dietético do paciente e uma chance para reforçar as
recomendações anteriores sobre a alimentação.

Manejo nutricional da pancreatite em gatos

A ingestão de alimentos voluntária é indicada?

Indicado Contraindicado

Oferecer água, seguida de pequenas Avaliar a alimentação assistida


porções de uma dieta para gatos digestível,
completa e balanceada que seja apropriada
para qualquer doença concomitante que o
paciente possa ter

Alimento aceito e tolerado Controlar a ingestão e o peso corporal para garantir a hidratação adequada

Alimento não aceito Avaliar a alimentação assistida

Alimento aceito, mas não tolerado Avaliar a alimentação assistida

71
Doença hepática - Cães
David C. Twedt, DVM, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais

Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


A doença hepática primária em cães é geralmente aguda ou crônica. As hepatopatias Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 15–30 #
3.5–8.0 18 5.1
agudassão muitas vezes resultado de vários fármacos, toxinas ou secundárias à doenças

Carboidrato 35–50 5–13 n/d n/d


metabólicas. Doenças hepáticas agudas são graves e podem causar insuficiência hepática
grave, e se forem menos graves, podem ser resolvidas. A doença hepática crônica mais
comum em cães é a hepatite crônica (HC), que em alguns casos pode progredir para Gordura 10–25 3–6 5 1.4
mg/kg dieta mg/kg dieta
uma cirrose. O acúmulo anormal de cobre tem sido a causa de muitos casos de HC.

Cobre** <5.0 7.3


Anomalias congênitas dodesvio portossistêmico(DPS) vascularsão comuns nos cães e
produzem numerosos transtornos metabólicos e encefalopatia hepática (EH).

Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas induzidas

complementares
pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como percentual de
matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os
outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida,
estilo de vida e consumo de energia.
Deve-se obter o histórico alimentar e calcular as necessidades energéticas para o
# Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
paciente com base no peso corporal ideal (PC). A pontuação do escore de condição
corporal (ECC) e o PC deverão ser registrados. Alterações nas análises laboratoriais Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
que refletem a função hepática (por exemplo: glicose, albumina, nitrogênio ureico no # Quando for necessária uma restrição de proteínas devido à encefalopatia hepática, deve-se
evitar as proteínas a base de carne e limitar o total de proteínas em 15% a 20% da matéria seca da
dieta.
sangue [BUN, em inglês], colesterol e ácidos biliares no sangue) podem indicar
disfunção hepática significativa. O diagnóstico EH é baseado em sinais clínicos, no ** Deve-se restringir o cobre em cães com doença hepática associada com o armazenamento de
estado da doença e nas concentrações elevadas de amônia no sangue. cobre. O ideal para estes cães, é que o cobre seja < 5 mg/kg de matéria seca.

Fisiopatologia
O fígado desempenha uma infinidade de processos metabólicos, incluindo a eliminação Princípios da alimentação coadjuvante
de produtos tóxicos, armazenamento de nutrientes e o metabolismo e a regulação dos O objetivo do manejo nutricional de doenças do fígado é basicamente de suporte e
carboidratos, gorduras e proteínas. Quando existe uma anormalidade no metabolismo requer um delicado equilíbrio entre a promoção da regeneração hepatocelular e
hepático dos subprodutos de nitrogênio do intestino, se produzirá a EH. As coagulopatias fornecer nutrientes para manter a homeostase, sem exceder a capacidade metabólica
ocorrem devido a uma falha do fígado em produzir fatores de coagulação e hipoglicemia que leva ao acúmulo de metabólitos tóxicos. É vital que o animal com doença hepática
a partir do metabolismo alterado de carboidratos. A hipoalbuminemia causada pela tenha uma ingestão adequada de calorias para minimizar o catabolismo e promover
diminuição da produção do fígado contribuirá para a formação de ascite e ulceração a recuperação da função hepática, a regeneração e a adequada síntese de proteínas. A
gastrointestinal em alguns pacientes. Com vários tipos de disfunção hepática pode-se fim de satisfazer as necessidades energéticas do paciente poderá precisar de uma sonda
também causar alterações no metabolismo do cobre e das vitaminas. de alimentação enteral ou nutrição parenteral.

Predisposição
Em seguida, deve-se considerar o teor de proteína e iniciar a restrição de proteína só com
a evidência clínica de intolerância às proteínas (ou seja, encefalopatia hepática). Também
A doença hepática pode ocorrer em cães de qualquer raça. Os DPS congênitos são são importantes a digestibilidade das proteínas e o tipo de aminoácido fornecido. As
identificados em cães jovens, na maioria das vezes em raças pequenas. Doença hepática dietas ricas em aminoácidos aromáticos (AAA) promovem a formação de falsos
aguda causada por medicamentos ou toxinas pode ocorrer em qualquer idade e em neurotransmissores e subsequente doença hepática. Em geral, as proteínas da carne tem
qualquer raça. A HC é mais frequentemente vista em fêmeas de meia-idade (geralmente um teor mais elevado de AAA e devem ser evitadas, enquanto as proteínas a base de
entre 3 e 10 anos). Tem sido documentado que certas raças de cães têm defeitos produtos lácteos e vegetais são as principais fontes de aminoácidos de cadeia ramificada
metabólicos no metabolismo do cobre, causando uma HC associada ao cobre; entre (BCAA) e diminuem o risco de EH.
estas raças estão Bedlington Terrier, Doberman Pinscher, West Highland, White Terrier, As fibras solúveis sofrem fermentação bacteriana no cólon, produzindo a redução de
Skye Terrier, Dálmata e Labrador Retriever. ácidos orgânicos do pH do cólon no interior do lúmen e, como consequência, os ácidos

Modificações nos nutrientes fundamentais


disponíveis convertem NH3 em HN4 + que é absorvido com menos facilidade,
basicamente aprisionando o amoníaco no cólon. As fibras também funcionam como
É importante assegurar a ingestão adequada de calorias em cães com doença hepática. A um laxativo osmótico, reduzindo a absorção de amoníaco e dos fatores encefalopáticos
dieta deve ser selecionada pela sua palatabilidade e a restrição de lipídeos não é necessária. relacionados com derivados nitrogenados no trato gastrointestinal.
Os carboidratos não devem constituir mais do que 45% do total de calorias. Quando a Muitos tipos de doença hepática podem se beneficiar com o suporte na forma de
hipoglicemia for um tema de interesse (ou seja, insuficiência hepática ou DPS), várias antioxidantes nutricionais. Suplementos nutricionais fornecidos para a função
refeições menores por dia podem ajudar a manter os níveis de glicose e diminuir o impacto antioxidante, incluindo vitamina E, zinco e precursores da glutationa, tais como S-
adenosilmetionina (SAM), podem ser benéficos.
n Petiscos – A suplementação com vitamina é apropriada para cães com doença
metabólico sobre o fígado. Restringir as proteínas poderia ser prejudicial se o cão tem um
balanço nitrogenado negativo (isto é, perda de peso e hipoalbuminemia). Proporcionar
uma fonte de proteína de alta qualidade altamente digestível contribuindo com 15% a hepática porque estes pacientes podem apresentar um aumento da demanda das
20% de matéria seca (MS). A restrição de proteínas deve ser estabelecida somente no vitaminas, alteração da conversão para a forma ativa das vitaminas, ou um menor
paciente com evidência clínica de intolerância à proteína (na maioria das vezes DPS ou armazenamento hepático. No entanto, petiscos ou suplementos de vitaminas e
insuficiência hepática avançada). São sugeridas proteínas provenientes de fontes vegetais minerais contendo cobre devem ser evitados, especialmente em cães com HC associada
ou lácteas em lugar de proteínas a base de carnes. Quando EH está presente deve-se com cobre. Os petiscos que contêm proteína de má qualidade, tais como biscoitos ou
ossos de couro cru, devem ser evitados em cães com intolerância às proteínas.
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Anorexia é muitas vezes uma preocupação
implementar uma restrição de proteínas na dieta.
Em cães com HC associada ao cobre, deve-se evitar as dietas ricas em cobre (o ideal é que
o cobre seja < 5 mg/kg de matéria seca). Uma adequada suplementação de vitaminas é em animais com doença hepática. A causa pode ser associada com EH, ulceração
importante devido aos papeis metabólicos que desempenham as vitaminas no fígado. gastrointestinal ou anormalidades de eletrólitos. Devem ser dados os primeiros passos
Os animais relutantes em comer com frequência, precisam de sondas para a alimentação para corrigir essas condições. Em seguida, deve-se considerar a palatabilidade da dieta.
enteral ou alimentação parenteral. Muitas vezes há um erro no conceito do conteúdo de gorduras nas dietas para a doença

72
hepática; geralmente cães exibem boa tolerância a gorduras e as gorduras não só melhoram amônia, pode prevenir a formação de novos cálculos. Tanto a doença hepática aguda
a palatabilidade, mas também são uma importante fonte de densidade de energia. Às quanto a crônica podem causar EH, ulceração do TGI ou coagulopatia. Pode-se
vezes, o uso de dietas especiais destinadas a doença hepática pode ser rejeitada produzir formação de ascite com a doença hepática crônica devido à hipertensão portal
simplesmente devido à má palatabilidade e, em caso afirmativo, deve-se tentar melhorar e hipoalbuminemia. Ascite é tratada com diuréticos e dietas restritas de sódio, tais
o sabor da dieta. como os utilizados para tratar a insuficiência cardíaca. Com doença hepática aguda
n Recomendações para a dieta – Sem evidências de intolerância às proteínas, são ou crônica, pode-se gerar insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo insuficiência
recomendadas dietas comerciais com nutrientes equilibrados. Deve-se calcular as renal e insuficiência cardiopulmonar; quando isso ocorre, o prognóstico é grave.

Estratégias para o manejo das interações


necessidades calóricas para determinar as necessidades e tal quantidade deve ser dividida

medicamentosas
de quatro a seis pequenas porções por dia. Para os cães que são intolerantes a proteínas ou
os cães com doença hepática avançada, são necessárias dietas de restrição de proteínas.
São recomendações para esta finalidade, alimentar com dietas coadjuvantes comerciais Cães com DPS macroscópica congênita são normalmente tratados com cirurgia. Os
para doença hepática ou doença renal. Além disso, também foram publicadas receitas de casos sem cirurgia devem ser tratados nutricionalmente utilizando dietas restritas em
dietas caseiras para a doença hepática. proteínas, fontes de fibras solúveis, tais como Metamucil®, lactulose e antibióticos

Pontos para a educação do proprietário


intestinais. O HC associado ao cobre deve ser tratado com quelantes de cobre, tais como
penicilamina ou trientina e dietas com menores concentrações de cobre. Com o sucesso
• Cães com sinais clínicos de DPS que não se submeteram a cirurgia para corrigir, no tratamento de quelação, a suplementação com zinco em concentrações elevadas
devem ser alimentados com uma dieta com proteínas modificadas, lactulose por via bloqueará a absorção do cobre no intestino provocando a fixação a uma proteína de
oral e, se necessário, antibióticos intestinais para controlar os indicadores. O prognóstico ligação específica no enterócito. O tratamento específico para os animais com HC
a longo prazo é bastante variável. geralmente envolve um tratamento com medicamentos anti-inflamatórios, tais como os
• A HC secundária ao acúmulo de cobre deverá ser tratada com dietas com baixo corticosteroides e /ou agentes imunossupressores. O ácido ursodesoxicólico e
teor de cobre e um tratamento de quelação do cobre. Depois da quelação, o zinco antioxidantes tais como a vitamina E, a SAM e Silybum Marianumsão frequentemente
administrado por via oral em doses elevadas pode bloquear mais a absorção do cobre. utilizados como um tratamento complementar. A toxicidade hepática aguda requer a
Se o diagnóstico for precoce e tratamento adequado for utilizado, o prognóstico remoção dos agentes agressores, o tratamento das complicações específicas da doença
é bom. hepática e o apoio para promover a regeneração do fígado. A suplementação com SAM
• A HC a partir de outras causas necessita de tratamento específico e, se a etiologia não como com N-acetilcisteína é um modo de fornecer glutationa, um importante
é identificada, muitas vezes é utilizado um tratamento com anti-inflamatórios. Para a desintoxicante intracelular. Outros antioxidantes, como a vitamina E e o Silybum
maioria dos casos recomenda-se: manipulação da dieta, a suplementação com Marianum ou seus derivados são frequentemente utilizados como um tratamento
vitaminas e tratamento com antioxidantes. O prognóstico é variável para a HC. complementar adicional.

Controle
• A toxicidade hepática aguda é atendida com um tratamento de suporte geral e o
prognóstico é baseado na reversibilidade da doença. É indicada a utilização de
antioxidantes e medidas para incrementar as concentrações de glutationa no fígado. Deve ser registado o consumo diário calórico do paciente, além do PC e do PFE.

Comorbidades comuns
Eletrólitos e enzimas hepáticas deverão ser avaliadas regularmente para observar as
melhorias ou a necessidade de qualquer alteração no protocolo de tratamento.
Muitas vezes, os cães com DPS apresentam cálculos concorrentes císticos ou renais de Recomenda-se a repetir biópsias do fígado na HC e na HC associada com cobre para
urato como resultado de elevados níveis de amônia no sangue. Ao eliminar os cálculos determinar a eficácia do tratamento e indicar mudança no protocolo de tratamento.
císticos, corrigir a DPS e tomar medidas para controlar as elevadas concentrações de

Manejo nutricional da doença hepática em cães


Determinar o tipo de transtorno hepático com base nos resultados de laboratório, imagens e/ou biopsia

Doença hepática aguda Doença hepática crônica Anomalia vascular congênita

Eliminar a etiologia geradora Hepatite crônica associada ao cobre Hepatite crônica (HC) Tratamento com medicamentos Correção cirúrgica

Prevenir o dano hepático contínuo utilizando Iniciar uma dieta com baixo Iniciar uma dieta palatável e de boa
antioxidantes (por exemplo: SAM, N-acetilcisteína, teor de cobre e tratamento de qualidade e indicar um tratamento Evidências de encefalopatia hepática (EH)
vitamina E, Silybum Marianum) quelação especifico para HC

Proporcionar nutrição adequada por via oral, por sonda Considerar um tratamento de auxílio ao fígado usando vitaminas e Alimentar com uma dieta restrita em proteínas
ou parenteral antioxidantes

Controlar a ingestão da dieta e a resposta aos tratamentos prescritos. Modificar o tratamento conforme indicado para cada caso Indicadores contínuos de EH
particular. Tratar complicações secundárias* que possam surgir.

* As complicações podem incluir mudanças no equilíbrio eletrolítico / ácido-base, encefalopatia hepática, coagulopatia, Prescrever lactulose, antibióticos intestinais e/ou
ulceração GI, insuficiência renal, infecções, ascite. fornecer uma fonte de fibras solúveis

73
Doença hepática - Gatos
David C. Twedt, DVM, DACVIM

Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


As duas doenças do fígado mais comuns em gatos são a lipidose e a doença hepática Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína# 30–45 7–12 28 6.5
inflamatória (colangite). Lipidose hepática ocorre quer como uma síndrome idiopática,
de forma secundária a outras doenças, e causa deficiências na ingestão nutricional ou
metabolismo lipídico. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada

Ferramentas de diagnóstico e exames


como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais,
complementares de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Deve-se obter o histórico alimentar e calcular as necessidades de energia para o Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
#
As proteínas só devem ser restringidas quando necessário para tratar encefalopatia
hepática. Nestes pacientes, as proteínas podem ser restringidas a 25 - 30% de matéria
paciente com base no peso corporal ideal (PC). O escore de condição corporal
seca da dieta (6 a 8 g/100 kcal).
(ECC, ver Apêndice I) e o PC devem ser registrados. Os gatos com lipidose
frequentemente são obesos antes da súbita perda de peso e tanto o PC como o ECC
podem não refletir a gravidade da doença, portanto, deve-se também calcular o
percentual de perda do PC desde a aparição da doença. Valores recomendados de nutrientes essenciais
Princípios da alimentação coadjuvante
Fisiopatologia As recomendações nutricionais para lipidose hepática idiopática em gatos são
No caso dos gatos, devem ser cumpridas as necessidades de proteínas para prevenir a
completamente empíricas e não são bem documentadas. A alimentação forçada de
descompensação e mobilização das proteínas musculares para a energia. As deficiências
uma dieta frequentemente causa uma ingestão calórica inadequada, estresse indevido
nutricionais específicas podem incluir cobalamina, arginina, taurina e possivelmente
e aversão à comida e, portanto, deve ser evitada. Muitos relatórios sugerem alimentar
carnitina. Hipofosfatemia, hipocalemia e hipomagnesemia também podem ocorrer
com várias dietas (com diversos conteúdos de proteínas e gorduras) e vários
em gatos anoréticos.
suplementos dietéticos. Geralmente são utilizadas as dietas comerciais para gatos ou

Predisposição
dietas de suporte nutricional aptas para a alimentação por sonda. Alguns autores
recomendam a suplementação com L-carnitina (250 mg/gato/dia), mas estudos
A colangite ocorre em gatos de meia idade e gatos mais velhos e alguns podem adicionais são necessários para determinar os benefícios. Os níveis de arginina em dietas
apresentar de forma concomitante a pancreatite crônica ou a doença inflamatória comerciais devem atender a alocação mínima na dieta para a manutenção de gatos
intestinal. A lipidose hepática é vista em gatos de idade avançada, como resultado de adultos (> 1% da dieta MS por dia) e, portanto, a suplementação não é necessária.
uma outra doença. A lipidose idiopática ocorre em gatos de meia idade ou de idade Alguns sugerem arginina (1000 mg/dia), tiamina (100 mg/dia) e taurina (500 mg/dia)
avançada, sendo a obesidade, o principal fator de risco para esta doença. durante 3 a 4 semanas. Gatos com doença do fígado e, especialmente, aqueles com

Modificações nos nutrientes essenciais


lipidose podem desenvolver uma deficiência de cobalamina; deve ser administrada
cobalamina (250 µg) por via subcutânea semanal até que os níveis sejam normais e, o
No gato anorético com lipidose hepática deve ser colocada uma sonda para alimentação gato coma por conta própria. Outros suplementos a considerar são S-
esofágica, para assegurar uma ingestão calórica adequada. As necessidades calóricas são adenosilmetionina (SAM) e silimarina (produtos do Silybum Marianum) por seus
calculadas com base no PC ideal; o paciente é alimentado com uma dieta líquida efeitos antioxidantes.
nutricionalmente equilibrada que atenda às exigências de calorias e de proteínas do n Petiscos –Normalmente, petiscos adicionais não são adequadas para gatos com
gato. Um bom ponto de partida para as necessidades caloricas dos gatos é um valor de doença hepática ou lipidose.
aproximadamente 50-55 kcal/kg de peso corpóreo. Normalmente, as restrições de n Dicas para aumentar a palatabilidade–Durante o período de recuperação da
proteínas e gorduras não são necessárias em gatos com lipidose hepática. Quando for alimentação por sonda, deve ser oferecida uma dieta altamente palatável antes de
necessária a restrição de proteínas (ou seja, suspeita encefalopatia hepática), o teor de retirarmos o acesso. Somente quando uma nutrição adequada for ingerida
proteína da dieta fornecida será reduzido para 25% a 30% da matéria seca. O volume voluntariamente poderá ser removida a sonda de alimentação. Pode-se tentar
da alimentação começa baixo e aumenta durante 3 a 4 dias até alcançar a exigência melhorar a palatabilidade ao aquecer a comida, oferecer a dieta original ou usar
nutricional calculada. Os eletrólitos potássio, fósforo e magnésio são suplementados em realçadores de sabor.
líquidos. Estes eletrólitos devem ser monitorados de perto nos primeiros dias porque n Recomendações para a dieta– As dietas incluem dietas coadjuvantes comerciais
podem produzir uma síndrome da realimentação (retorno a alimentação), colocando para a doença gastrointestinal ou hepática dos gatos ou dietas de manutenção para
esses eletrólitos em níveis perigosamente baixos. gatos. Quando é necessária a restrição de proteínas, sugere-se alimentar com uma dieta
renal especializada, com um teor de proteína de 25% a 30% de MS. Quando for
necessária uma alimentação por sonda nasoesofágica, usar uma dieta liquida. A
quantidade a ser fornecida é baseada nas necessidades calóricas calculadas.

74
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Doença hepática inflamatória (colangite) em gatos muitas vezes flutua com a medicamentosas
renovação da afecção associada com a anorexia e com os vômitos.
• Lipidose hepática pode ocorrer de maneira secundária frente a várias outras
Gatos com doença hepática causada por colangite são muitas vezes tratados com
antibióticos, corticosteroides e ácido ursodesoxicólico. O vômito é uma complicação
doenças e o prognóstico para a recuperação depende em parte da natureza da comum e com o uso de antieméticos para náuseas e vômitos podem melhorar a
doença primária. ingestão nutricional. Os aspectos nutricionais são essenciais no tratamento de esteatose
• Lipidose hepática idiopática requer um manejo nutricional mais agressivo e o hepática idiopática. Não é recomendado o uso simultâneo de estimulantes de apetite,
cumprimento por parte do proprietário em relação à alimentação em casa. O devido a possíveis efeitos colaterais e ao fato de que raramente são eficazes para garantir
prognóstico é bom para a maioria dos casos. a ingestão nutricional adequada.

Comorbidades comuns Controle


Colangite muitas vezes está associada com pancreatite crônica e /ou com doença Deve ser registado o consumo diário calórico do paciente, para além do PC e ECC.
inflamatória do intestino. Embora o tratamento para essas doenças muitas vezes seja Eletrólitos e enzimas hepáticas devem ser avaliadas regularmente para ver melhorias ou
semelhante ao da colangite, deve-se referir aos capítulos sobre tratamentos específicos precisar de modificação. As concentrações de cobalamina devem ser determinadas
para esses transtornos. A lipidose hepática secundária requer tratamento específico da mensalmente ou até que o paciente esteja comendo por conta própria.
doença primária com particular atenção para a terapia nutricional descrita para a forma
idiopática de lipidose hepática.

Manejo nutricional da doença hepática em gatos

A ingestão nutricional é adequada e sem perda de peso?

Sim Não

Identificar a doença hepática especificada As deficiências nutricionais são secundárias à


doença do fígado ou à lipidose hepática se- Lipidose hepática idiopática primária
cundária

Iniciar o tratamento da doença hepática


Tratar a doença Garantir a nutrição Colocar sonda de
alimentação enteral Corrigir os problemas
primária (hepática ou adequada com imediatos de líquidos e
outra) estimulantes do apetite eletrólitos
e/ou alimentação
enteral ou parenteral
Administrar
alimentação enteral
até a recuperação da
ingestão voluntária

75
Encefalopatia hepática - Cães
David C. Twedt, DVM, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A encefalopatia hepática (EH) pode ser definida como uma alteração na função do Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
sistema nervoso central causada por substâncias nitrogenadas derivadas do trato Proteína 15–20 3.5–6.0 18 5.1
Carboidrato 50–65 10–15 n/d n/d
gastrintestinal que atingem o cérebro a partir de uma diminuição da função hepática ou

Gordura 15–30 3–7 5 1.4


pelo desvio portossistêmico na circulação. A EH pode ocorrer em cães de forma
secundária a desvios portosistêmicos (DPS) vasculares congênitos ou à insuficiência
hepática aguda ou crônica. Fibra#
2–4 0.3–2.0 n/d n/d
mg/kg dieta mg/kg dieta
Ferramentas de diagnóstico e exames
Cobre** <5.0 7.3
complementares
O diagnóstico de EH é baseado na anamnese, nos sinais clínicos, e nas concentrações A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
elevadas de amônia no sangue. São necessários testes de laboratório e de imagem para
determinar se a EH é o resultado de insuficiência hepática ou DPS. Também deverão metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
ser investigados os fatores que podem promover a EH (ver abaixo). A avaliação do escore
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
de condição corporal (ECC) e o peso corporal (PC) deverão ser registrados e deverão
ser calculados os requisitos de energia para o paciente com base no PC ideal. #
Prefere-se as fibras solúveis. A análise de fibras brutas inclui a maior parte das fibras
insolúveis, mas não inclui fibras solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade

Fisiopatologia
limitada quando o teor de fibra total de alimentos é avaliado. Deve-se avaliar a lista de
ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
**Deve-se restringir o cobre em cães com doença hepática associada com o
armazenamento de cobre. O ideal, para estes cães, é que o cobre seja < 5 mg/kg de
A EH surge a partir de substâncias nitrogenadas absorvidas no intestino que sem o
metabolismo hepático adequado atingem o cérebro e causam alterações na matéria seca.
neurotransmissão que afetam a consciência e o comportamento. A amônia é um

Princípios da alimentação coadjuvante


fator essencial, mas entre outras toxinas derivadas dos intestinos estão: substâncias
similares à benzodiazepina, ácidos graxos de cadeia curta e média, fenóis e
mercaptanos. As alterações nas proporções de aminoácidos aromáticos (AAA) para A recomendação nutricional para o paciente com EH envolve a modificação da dieta
os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) no cérebro também podem para limitar a produção de subprodutos nitrogenados, os quais, quando absorvidos,
contribuir para EH, pois acredita-se que as concentrações mais elevadas de AAA deixam de ser metabolizados pelo fígado e contribuem para a EH. Em primeiro lugar,
promovem a formação de falsos neurotransmissores. é importante garantir que o cão esteja consumindo quantidades adequadas de calorias,

Predisposição
já que isso irá minimizar o catabolismo e promoverá a recuperação da função do fígado,
a regeneração e a síntese adequada de proteínas. Em seguida, deve-se considerar o teor
A DPS congênita geralmente é identificada em cães jovens de raças pequenas. A de proteína. Normalmente a restrição proteica inicia com a evidência clínica de EH. As
doença hepática aguda pode ocorrer em qualquer idade e em qualquer raça. A proteínas subministradas devem ser altamente digestíveis e constituirão de 15% a 20%
doença hepática crônica é identificada com mais frequência em cães de idade de matéria seca (MS) com a qual se alimente. As dietas ricas em aminoácidos aromáticos
avançada. Certas raças de cães possuem maior risco, entre elas Bedlington Terrier, (AAA) que promovem a formação de falsos neurotransmissores devem ser evitadas. As
Doberman Pinscher, West Highland White Terrier, Skye Terrier, Dálmata, proteínas da carne têm um teor mais elevado de AAA e devem ser evitadas, enquanto
Labrador Retriever, Poodle e Cocker Spaniel. as proteínas a base de vegetais e de produtos lácteos são as principais fontes de
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) e podem diminuir a EH. As fibras solúveis
Modificações nos nutrientes essenciais sofrem a fermentação bacteriana para a produção de ácidos orgânicos. A fermentação
promove a conversão de amônia luminal (NH3) em amônio (HN4 +), que, em virtude
A dieta é fundamental no tratamento da EH e deve ser escolhida para reduzir a carga
da sua carga total, é menos facilmente absorvida pela corrente sanguínea. As fibras
de nitrogênio no intestino por meio da restrição das proteínas. Evite a restrição severa de
também funcionam como um laxativo osmótico reduzindo a absorção da amônia e
proteínas, em vez disso alimente com uma dieta com teor de proteína moderado.
dos fatores encefalopáticos relacionados com derivados nitrogenados a partir do trato
Restrição prolongada de nitrogênio contribui com a má nutrição e acaba sendo
gastrointestinal. Pode ser suplementada com fibras fermentáveis tais como psyllium (1-
prejudicial. Muitas vezes pode-se atingir um equilíbrio de nitrogênio positivo juntamente
3 colheres de chá por refeição) se a dieta oferecida não contiver fibras fermentáveis.
com um tratamento complementar para EH. Proporcionar uma fonte de proteína
É sugerida a suplementação adequada de vitaminas, oferecida como um produto com
altamente digestível contribuindo com 15% a 20% de matéria seca (MS). As fontes
o complexo B, devido às funções metabólicas importantes que as vitaminas
vegetais e produtos lácteos são preferíveis à proteína animal, fornecendo uma maior
desempenham no fígado. Muitos tipos de doença hepática podem se beneficiar do
relação caloria-nitrogênio e tendem a ter mais BCAA que AAA. Uma maior restrição
apoio sob a forma de antioxidantes nutricionais. Os suplementos nutricionais fornecidos
proteica só deve ser estabelecida apenas no paciente que apresente evidências clínicas de
para funcionar como antioxidantes, incluindo vitamina E, zinco e os precursores da
intolerância à proteína, apesar do tratamento adequado para EH. Também podem ser
glutationa, tais como S-adenosilmetionina (SAM) podem ser benéficos. O zinco, um
benéficas dietas que contenham ou sejam suplementadas com fibras solúveis, um
cofator de enzimas do ciclo da ureia, muitas vezes é deficiente em seres humanos com
substrato para as bactérias do cólon e subsequente acidificação do cólon.
EH e sua suplementação poderia ser benéfica, embora isto não tenha sido documentado
em cães. Alimentar com várias pequenas porções por dia pode ajudar a manter os níveis
de glicose e, simultaneamente, reduzir o impacto metabólico sobre o fígado. Se o animal
está anoréxico, pode precisar de uma sonda de alimentação enteral ou parenteral para
satisfazer as necessidades nutricionais do paciente.
n Petiscos – Normalmente não são recomendados petiscos. É aceitável oferecer
petiscos pobres em proteínas ou petiscos à base de carboidratos predominantemente.

76
Deve-se evitar petiscos ou suplementos de vitaminas e minerais que contenham cobre. Comorbidades comuns
Bolachas, biscoitos e ossos de couro cru ou outros devem ser evitados na maioria dos Muitas vezes, os cães com DPS apresentam cálculos concorrentes císticos ou renais
casos, porque fornecem benefícios nutricionais mínimos. de urato como resultado das elevadas concentrações de amônia no sangue. Eliminar
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A palatabilidade da dieta é extremamente os cálculos císticos presentes, corrigir cirurgicamente DPS e tomar medidas para
importante. Primeiro, deve investigar se existem doenças que estejam associadas ao fígado controlar as altas concentrações de amônia previnem a formação de novos cálculos.
que possam contribuir para a anorexia como ulcerações gastrointestinais ou Às vezes os cães com uma anomalia congênita apresentarão mais anomalias. A doença
anormalidades nos eletrólitos e, se identificadas, devem ser corrigidas. A gordura na dieta hepática tanto aguda como crônica podem causar EH, ulceração do trato GI ou
melhora a palatabilidade e não há necessidade de restringir o conteúdo de gordura no coagulopatia. Pode ocorrer a formação de ascite com a doença hepática crônica devido
paciente que sofre de doença hepática ou EH. As gorduras não só melhoram a à combinação de hipertensão portal e hipoalbuminemia. A ascite é tratada com
palatabilidade, mas também constituem uma importante fonte de densidade energética. diuréticos e dietas restritas de sódio, tais como os utilizados para tratar a insuficiência
Aquecer ligeiramente o alimento ou agregar saborizantes também pode ser útil. cardíaca. Tanto a doença hepática avançada aguda como a crônica podem gerar
n Recomendações para a dieta – Dietas recomendadas para alimentar o paciente insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo insuficiência renal e insuficiência
com EH incluem dietas especializadas para doença hepática ou doença renal. Ambas cardiopulmonar; quando isto ocorre, o prognóstico é grave.

Estratégias para o manejo das interações


contêm uma quantidade moderada de proteínas altamente digestíveis. Dietas
hidrolisadas para cães de idade avançada também podem atingir os objetivos
medicamentosas
nutricionais de tratamento da EH. Necessidades calóricas devem ser calculadas para
determinar as necessidades do paciente e tal quantia deverá ser dividida de quatro a
seis pequenas porções por dia. Animais que são apresentam intolerância a proteínas Geralmente, o tratamento medicamentoso da EH sempre envolve tratamentos
ou agravamento dos sinais clínicos necessitam de dietas com menor teor de proteína adicionais que vão além da manipulação dietética em como usar dietas de restrição de
e tratamento adicional para EH. Também se encontram disponíveis receitas de dietas proteínas e uma fonte de fibra solúvel. Em casos de EH aguda, a lavagem intestinal é o
caseiras para uso em cães com doença hepática e EH. pilar do tratamento visto que os enemas para a evacuação do cólon eliminam substratos
nitrogenados do intestino. O tratamento crônico da EH normalmente requer o uso de
Pontos para a educação do proprietário antibióticos intestinais e de lactulose por via oral. Os fatores provocantes na EH,
incluindo a hipoglicemia, hipocalemia, alcalose e ulceração gastrointestinal, devem ser
• Para cães com DPS congênita que apresentam sinais clínicos de EH, a recomendação
evitados ou impedidos.
geral é a cirurgia para corrigir a anomalia. Cães que não se submetem à cirurgia
Existem evidências nos seres humanos cirróticos com EH de que o zinco, um cofator
devem ser tratados com medicamentos e devem incluir uma alimentação com
de enzimas do ciclo de ureia, pode ser deficiente, especialmente se associado a uma má
proteínas modificadas, lactulose por via oral e, se necessário, antibióticos intestinais
nutrição concorrente. A suplementação com zinco pode ser benéfica em cães com
para controlar os indicadores. O prognóstico a longo prazo é bastante variável.
doença crônica do fígado, mas isto ainda não foi documentado.
• A doença hepática aguda que provoca EH, geralmente é grave e tem um prognóstico
Controle
reservado. No entanto, a doença hepática aguda apresenta a possibilidade de reversão
se as funções metabólicas vitais puderem ser mantidas até que o fígado tenha tempo
para se regenerar. O tratamento envolve a prestar suporte básico para o fígado e tratar O paciente deve consumir quantidades adequadas de calorias e os tratamentos
as complicações que possam surgir. específicos para a doença primária devem ser iniciados. O estado clínico e neurológico
• O prognóstico para doença hepática crônica é grave. Quando EH ocorre na doença deverá ter melhorado com a dieta adequada e com o tratamento com lactulose. Se estas
hepática crônica, geralmente há cirrose. Nesta situação, o único tratamento é de medidas não melhoram a condição do paciente, então devem ser administrados
suporte, e as complicações da doença hepática crônica são tratadas. Com o tratamento antibióticos intestinais. Além disso, fatores provocantes devem ser excluídos na EH
adequado para EH, o paciente pode melhorar no curto prazo. realizando um perfil bioquímico que inclua eletrólitos e uma análise de sangue oculto
nas fezes. Se forem identificadas anormalidades, devem ser tratadas.

Manejo nutricional da encefalopatia hepática (EH) em cães


A determinação da causa da EH baseada em descobertas laboratoriais, imagens e/ou biópsia

Doença hepática aguda Doença hepática crônica Anomalia vascular congênita

Administrar tratamento específico para a doença hepática primária +/- Correção cirúrgica

Começar o tratamento dietético:


• Fornecer necessidades de calorias Evidências de EH
(+/- alimentação por sonda)
• Alimentar com dieta restrita em proteínas de alta qualidade
• Alimentar em múltiplas (4-6) e pequenas porções por dia Enemas para a lavagem intestinal
• Considerar o uso de fontes de fibras solúveis
• Para a doença hepática crônica considerar o tratamento
* Fatores provocadores: hipocalcemia, alcalose,
com zinco
Corrigir os fatores provocadores que contribuem com a EH* desidratação, ulceração GI, insuficiência renal,
infecções, tratamento com diuréticos, medicamentos
Continuidade dos indicadores de EH:
•Primeiro, receitar lactulose
•Em seguida, começar com antibióticos de ação intestinal (neomicina, metronidazol, amoxicilina)

77
Encefalopatia hepática - Gatos
David C. Twedt, DVN, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A encefalopatia hepática(EH) é uma alteração na função do sistema nervoso central Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína# 25–30 5–8 28 6.5
causada por substâncias nitrogenadas derivadas do trato gastrintestinal que penetram

Gordura 20–40 4–7 9 2.3


no cérebro a partir de uma diminuição da função hepática ou dos desvios
portossistêmicos na circulação. A EH é rara em gatos, mas pode ocorrer como resultado
de desvios portossistêmicos (DPS) congênitos, lipidose hepática idiopática (LHI), Carboidrato 30–50 4–12 n/d n/d
insuficiência hepática aguda e, raramente, por doença hepática inflamatória crônica.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas

Ferramentas de diagnóstico e exames


induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de

complementares
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
O diagnóstico da EH é baseado no histórico médico, nos sinais clínicos e nas * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Deve-se evitar as dietas a base de carne. No tratamento da encefalopatia hepática
concentrações elevadas de amônia no sangue. A hipersalivação e os ataques são indicadores #

comuns de EH nos gatos. Os testes de laboratório e de imagem são necessários para são preferíveis as proteínas altamente digestíveis a base de vegetais ou lácteos.
determinar se a EH é o resultado da insuficiência hepática ou de uma DPS. Também

Princípios da alimentação coadjuvante


devem ser investigados os fatores que podem promover a EH (ver abaixo). O escore de
condição corporal (ECC) e o peso corporal (PC) devem ser registados e devem ser
calculados os requisitos de energia para o paciente sobre o PC ideal. A nutrição é essencial no tratamento de gatos com LHI, bem como as outras causas

Fisiopatologia
de EH. O estado catabólico desenvolve-se rapidamente no gato anorético e devem ser
tomadas medidas imediatas para corrigir esta situação. Normalmente, é indicada a
A EH surge a partir de substâncias nitrogenadas absorvidas no intestino que sem colocação de uma sonda de alimentação gastrointestinal para o tratamento, a fim de
o metabolismo hepático adequado atingem o cérebro e causam alterações na satisfazer os requisitos nutricionais indicados. Para esta finalidade são necessárias sondas
neurotransmissão que afetam a consciência e o comportamento. A amônia é um nasogástricas, esofágicas ou de gastrostomia. Em seguida, deve-se calcular as
fator essencial, mas entre outras toxinas derivadas dos intestinos estão: substâncias necessidades calóricas para o paciente com base no PC ideal; em geral, é adequado
similares a benzodiazepina, ácidos graxos de cadeia curta e média, fenóis e para a maioria dos gatos alimentá-los com 50 a 55 kcal/kg de peso corporal. Suprir as
mercaptanos. As alterações nas proporções de aminoácidos aromáticos (AAA) necessidades calóricas calculadas promoverá a recuperação da função hepática, a
com os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) no cérebro pode contribuir regeneração e a síntese adequada de proteínas.
para a EH, pois acredita-se que as concentrações mais elevadas de AAA A quantidade e o conteúdo de proteínas na dieta devem ser considerados quando uma
promovem a formação de falsos neurotransmissores. EH está presente. No entanto, ao contrário dos cães, a restrição de proteínas raramente
começa em gatos com evidência clínica de EH devido aos requisitos inatos dos gatos
Predisposição para as proteínas. As proteínas devem ser altamente digestíveis e constituem de 25% a
30% de MS. As proteínas da carne têm um teor mais elevado de AAA e devem ser
A DPS congênita geralmente é identificada em gatos jovens. É relatado que alguns
evitadas, enquanto as proteínas a base de lácteos e vegetais são as principais fontes de
apresentam uma íris com incomum cor de cobre. A doença hepática aguda pode
BCAA e podem diminuir a EH. Geralmente, deve-se evitar em gatos as dietas ricas em
ocorrer em qualquer idade e em qualquer raça. A lipidose hepática idiopática ocorre
fibra porque diminuem a densidade de nutrientes da dieta.
em gatos obesos de meia idade. A doença hepática crônica ocorre em gatos de idade
Sugere-se suplementação adequada de vitamina, oferecida como um produto com o
avançada sem predileção de raça.
complexo B, devido às funções metabólicas importantes que as vitaminas
Modificações nos nutrientes essenciais
desempenham no fígado. Muitos tipos de doenças hepáticas podem beneficiar-se com
o apoio sob a forma de antioxidantes nutricionais. Os suplementos nutricionais
Deverá ser escolhida a dieta para o tratamento da EH para reduzir a carga de nitrogênio fornecidos como antioxidante incluindo vitamina E e precursores de glutationa, tais
no intestino. Na maioria dos casos deve-se evitar a restrição de proteína quando for como S-adenosilmetionina (SAM), podem ser benéficos. Alimentar com várias
alimentar gatos com EH, devido às suas altas exigências de proteína. Em vez disso, pequenas porções por dia pode ajudar a manter os níveis de glicose e, simultaneamente,
recomenda-se uma fonte moderada de proteínas de alta qualidade que contribua com reduzir o impacto metabólico no fígado.
25% a 30% de matéria seca (MS). Fontes vegetais e lácteas de proteínas são preferíveis n Petiscos – Normalmente não se recomenda a oferta de petiscos aos gatos com
às proteínas de origem animal, porque fornecem uma maior relação caloria-nitrogênio doença hepática.
e tendem a ter mais BCAA do que AAA. n Dicas para aumentar a palatabilidade –A palatabilidade da dieta é extremamente
Gatos com LHI muitas vezes necessitam de suplementação com vitamina B (incluindo importante. Em primeiro lugar, deve-se investigar se existem doenças hepáticas
cobalamina). Outros suplementos sugeridos são carnitina, arginina, taurina e tiamina, associadas que possam contribuir para a anorexia como uma ulceração GI ou
embora a sua importância em vários tipos de doenças hepáticas não esteja bem anormalidades nos eletrólitos e corrigi-las, conforme necessário. A gordura na dieta
documentada. A carnitina funciona para o transporte de ácidos graxos para as melhora a palatabilidade e não há necessidade de restringir gordura em gatos com LHI
mitocôndrias hepáticas para produção de energia. A arginina é um aminoácido ou outras causas de EH. As gorduras são também uma importante fonte de densidade
essencial que deve vir a partir da dieta e desempenha um importante papel no ciclo da de energia. Aquecer ligeiramente o alimento e agregar palatabilizante pode ser de
ureia nos gatos. A taurina também é um nutriente essencial para os gatos e está envolvido utilidade. A alimentação forçada nos gatos anoréticos com LHI deverá ser evitada
na função do sistema nervoso central; a deficiência de taurina poderia ser confundida porque pode ocasionar aversão aos alimentos.
com indicadores associados à EH. n Recomendações para a dieta–As dietas recomendadas para alimentar o paciente
com EH incluem dietas especializadas para a doença hepática ou doença renal; ambas
contêm uma quantidade moderada de proteínas altamente digestíveis. Se a alimentação

78
por sonda for necessária, usar dietas especializadas de alta densidade formuladas para Ocasionalmente, os gatos com LHI podem sofrer de síndrome da realimentação
tal uso. As sondas de alimentação nasogástrica exigem uma fórmula alimentar líquida (retorno ao alimento), uma doença que provoca alterações no metabolismo dos
para gatos. Deve-se calcular as necessidades calóricas para determinar as necessidades eletrólitos. Com a adição de alimentos, a secreção de insulina aumenta e causa a
do paciente e tal montante deve ser dividido entre quatro a seis pequenas porções por absorção intracelular de fósforo, de potássio e de magnésio. A hipofosfatemia pode
dia. Os animais que apresentam intolerância a proteínas ou agravamento nos sinais provocar fraqueza muscular e anemia hemolítica. A incorporação lenta de alimentos
clínicos necessitam de dietas com menor teor de proteínas e tratamento adicional para e a correção dos eletrólitos previnem a síndrome da realimentação. A hiperglicemia e
a EH. Normalmente não são recomendadas as dietas caseiras para gatos devido às a intolerância à glicose são comuns em gatos com LHI ou outras doenças do fígado e
exigências nutricionais exclusivas destes animais. podem ser reduzidas, diminuindo o teor de carboidratos na dieta.

Pontos para a educação do proprietário


Muitas vezes, a doença hepática crônica inflamatória (colangite) está associada
concorrentemente à pancreatite crônica e/ou à doença inflamatória intestinal.
• Para gatos com DPS congênita que apresentam sinais clínicos de EH, a Raramente, a pancreatite crônica pode dar lugar a uma insuficiência pancreática
recomendação geral é a cirurgia para corrigir a anomalia. Os gatos que não se submetem exócrina requerendo suplementação de enzimas pancreáticas.

Estratégias para o manejo das interações


à cirurgia devem ser tratados com medicação e deve-se incluir uma dieta, lactulose por

medicamentosas
via oral e, se necessário, antibióticos intestinais para controlar os indicadores. O
prognóstico a longo prazo é bastante variável.
• A insuficiência hepática aguda causada por EH, normalmente, é grave e tem Normalmente, o tratamento com medicamentos da EH envolve tratamentos
prognóstico reservado. No entanto, a doença hepática aguda apresenta a possibilidade adicionais que vão além da manipulação dietética. Se a dieta inicial dá como resultado
de se reverter se as funções metabólicas vitais puderem ser mantidas até que o fígado a continuidade dos indicadores da EH, deve-se definir uma restrição de proteína mais
tenha tempo para se regenerar. elevada. Em casos de EH aguda, a lavagem intestinal é o pilar do tratamento porque
• O gato que sofre de LHI requer uma abordagem nutricional mais agressiva e o os enemas para evacuar o cólon eliminam os substratos nitrogenados do intestino. O
proprietário deve ser envolvido na alimentação por sonda em casa até que o gato tratamento crônico da EH normalmente requer o uso de lactulose e antibióticos
comece a comer por conta própria. Em geral, o prognóstico é bom nestes casos. Se a intestinais, por via oral. A lactulose também pode ser usada em enemas de evacuação.
lipidose hepática ocorre de maneira secundária a outras doenças que causam anorexia, Os fatores provocantes na EH, incluindo a hipoglicemia, hipocalemia, alcalose e
geralmente o prognóstico não é tão bom e depende da doença subjacente. ulceração GI, devem ser evitados ou prevenidos. Em geral, a doença hepática
• O prognóstico para doença hepática crônica que causa a EH é grave. Quando a inflamatória crônica é tratada com corticosteroides e pode causar intolerância à glicose.
EH ocorre na doença hepática crônica, geralmente há cirrose. Nesta situação, o único
tratamento é de suporte e envolve tratar as complicações da doença hepática crônica.
Controle
Com o tratamento apropriado para a EH, o paciente pode melhorar a curto prazo.
O paciente deve consumir quantidades adequadas de calorias e o tratamento específico

Comorbidades comuns
para a doença primária deve ser iniciado. O estado clínico e neurológico deve melhorar
com a dieta adequada e com o tratamento com lactulose. Se estas medidas não
Gatos com DPS congênita podem ter convulsões associados a elevados níveis de melhorarem a condição do paciente, então deve-se administrar antibióticos intestinais.
amônia no sangue. Às vezes, os ataques ocorrem após a correção cirúrgica do desvio e Além disso, os fatores provocantes da EH devem ser excluídos com a realização de um
podem necessitar de tratamento com anticonvulsivante. perfil bioquímico que inclua eletrólitos e uma análise de sangue oculto nas fezes. Se as
anomalias são identificadas, devem ser corrigidas.

Manejo nutricional da encefalopatia hepática (EH) em gatos

Determinar a causa da EH baseado nas descobertas laboratoriais, imagens e/ou biópsia

Lipidose hepática aguda Doença hepática aguda Doença hepática crônica Anomalia vascular congênita

Colocar sonda de alimentação Permitir um tratamento específico para a doença de fígado primária +/- Correção cirúrgica

Suplementos nutricionais sugeridos para o LHI: Começar o tratamento dietético:


• cobalamina • Fornecer necessidades calóricas (+/- alimentação por sonda)
• vitaminas do complexo B • Alimentar com dieta com proteínas de alta qualidade
• carnitina • Alimentar em múltiplas (4-6) e pequenas porções por dia
• arginina
• taurina
Evidencias de EH

Continuidade dos indicadores de EH: Enemas para a lavagem intestinal * Fatores provocadores: hipocalemia,
•Primeiro, receitar lactulose alcalose, desidratação, ulceração GI,
•Em seguida, começar com antibióticos de ação insuficiência renal, infecções, tratamento
intestinal (neomicina,metronidazol, amoxicilina) Corrigir os fatores provocadores que contribuem com diuréticos, medicamentos
com EH*

79
Hiperlipidemia - Cães
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemia é definida como o aumento das concentrações de triglicerideos Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 5–10 1.2–2.3 5.0 1.4
(TG), colesterol ou ambos no sangue.

Ferramentas de diagnóstico e exames DHA+EPA #


0.3–1.25 75–330 n/d n/d
complementares A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
A presença de soro sanguíneo lipêmico sugere hipertrigliceridemia, mas não
hipercolesterolemia. Em alguns casos, as concentrações de triglicerídeos podem ser energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
bastante elevadas (tipicamente > 1000 mg/dl) e as partículas de lipoproteínas grandes requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
o suficiente para conferir uma aparência opaca ou leitosa (lactescência).
Hipercolesterolemia pura não apresenta lactescência. As amostras de sangue para # Ácido docosaexaenoico (DHA, em Inglês) e ácido eicosapentaenoico (EPA, em
confirmar o diagnóstico devem ser feitas após 12-18 horas de jejum. A refrigeração Inglês), ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa provenientes do óleo de peixe. O óleo
de peixe padrão contêm 30% de EPA + DHA.
das amostras durante 12 horas é útil para determinar se triglicerídeos estão associados

Princípios da alimentação coadjuvante


a partículas pós-prandiais (quilomicrons) ou a partículas endógenas (lipoproteína de
muito baixa densidade [VLDL, em inglês]). Os quilomicrons são menos densos e
flutuarão nesse estado, enquanto os VLDL permanecerão suspensos no soro. Deve-se obter o histórico alimentar com foco no conteúdo de gorduras da dieta. Ideal

Fisiopatologia
é que a conversa inicial com o proprietário deva se concentrar nos esforços para restringir
a gordura na dieta existente e outras recomendações para restringir as gorduras, como
O tipo mais comum é a hiperlipidemia pós-prandial; este é um fenômeno normal uma mudança total da dieta. Numerosas dietas coadjuvantes se encontram à venda,
que resulta da ocorrência de quilomicrons na circulação de 2 a 6 horas após a ingestão incluindo aquelas formuladas principalmente para o tratamento da obesidade,
de gordura e que geralmente é resolvida após aproximadamente 10 horas. As distúrbios gastrointestinais e mesmo as dietas hipoalergênicas, desde que sejam
hiperlipidemias primáriaspodem resultar de um defeito herdado no metabolismo das reduzidas em seu conteúdo total de gordura.
lipoproteínas (por exemplo: hiperlipidemia primária/familiar, incluindo formas As dietas ricas em ácidos graxos Ômega 3 podem ser particularmente úteis, mas apenas
idiopáticas). Assim mesmo, podem aparecer hiperlipidemias secundárias; nelas o no contexto de uma abordagem dietética geral de baixo teor em gorduras. A
aumento de triglicerídeos ocorre devido a um aumento da produção de quilomicron suplementação com óleos de peixe em dietas existentes com baixo conteúdo de
ou VLDL, menor catabolismo, ou uma combinação de ambos. Os aumentos no gorduras pode ser mais apropriada que alimentar com uma dieta com baixo conteúdo
colesterol estão mais comumente associados com o aumento das lipoproteínas de baixa de gorduras que contenha ácidos graxos Ômega-3, que podem excluir qualquer
densidade (LDL, em inglês) ou lipoproteínas de alta densidade (HDL, em inglês), benefício. Os ácidos graxos Ômega 3 de cadeia longa são necessários em vez de ácidos
mas raramente produzem soro sanguíneo leitoso. Ômega-3 de origem vegetal, porque o efeito de redução de triglicerídeos é

Predisposição
principalmente devido ao ácido docosahexaenóico (DHA), que não é bem sintetizado
a partir de precursores de origem vegetal.
Os cães da raça Schnauzer Miniatura são particularmente suscetíveis a formas A incorporação de fibra solúvel na dieta interfere com a absorção entérica do colesterol
idiopáticas de hipertrigliceridemia. Há também relatos sobre os cães da raça Beagle e e dos ácidos biliares e pode ajudar a reduzir os estados hipercolesterolêmicos.
diferentes raças de Terrier. Têm sido documentados hipercolesterolemia idiopática em Normalmente, dietas secas contêm menos colesterol do que as dietas úmidas e podem
cães de raça Rottweiler e Doberman Pinscher. ter menos gordura total, em geral. As sobras de comida, que muitas vezes são ricas em
gorduras, devem ser evitadas.
Modificações nos nutrientes essenciais
n Petiscos–Os petiscos não são recomendados a menos que se saiba que são pobres
em gordura. Alimentos humanos tais como legumes ou bolachas com baixo teor de
Os nutrientes básicos para o tratamento da hiperlipidemia primária incluem dietas
gordura podem ser substitutos.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Obviamente, a utilização de óleos
pobres em gorduras (< 20% de energia metabólica) e maior ingestão de ácidos graxos
ômega 3 de cadeia longa. No caso de formas secundárias (ou seja, comorbidades), deve-
alimentares para melhorar a palatabilidade é contraindicada. Sugere-se umedecer os
se tentar identificar a causa subjacente (ver abaixo) e iniciar o tratamento dietético e
alimentos secos ou fazer uma mudança na dieta dentro da categoria de baixo teor de
outras técnicas para controlar distúrbios metabólicos identificados.
gordura. Em alguns casos, usar uma camada de um alimento enlatado, com baixo teor
de gordura sobre o alimento seco pode melhorar a aceitação desde que o total de
gorduras e calorias permaneça controlado.
n Recomendações para a dieta – Várias formas de dietas pobres em gordura estão à
venda principalmente como dietas coadjuvantes. Há duas variedades: enlatados e
extrusado seco, mas o conteúdo de gorduras de ambos, mesmo com o mesmo nome
do produto pode ser diferente, por isso tome cuidado ao escolher o produto comercial
mais adequado. Muitas vezes, produtos enlatados têm um maior teor de gordura,
mesmo que tenham o mesmo nome na versão seca, no entanto, pode ser uma
alternativa útil em alguns casos. Os montantes que se deve alimentar são os necessários
para manter um peso corporal saudável, sem obesidade. Para os animais obesos, os
esforços devem ser feitos para reduzir a ingestão calórica. As dietas caseiras podem ser
uma alternativa necessária nos casos em que a resposta a dietas comerciais de baixo teor
em gordura seja insatisfatória.

80
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A adesão a uma dieta baixa em gordura é necessária, incluindo todos os alimentos medicamentosas
comumente consumidos como petiscos baseados em alimentos para animais Vários tratamentos com medicamentos podem ser úteis para tratar as hiperlipidemias,
ou para os seres humanos. mas todos podem causar efeitos colaterais indesejados. Em geral, concentrações de
• Deve-se discutir a ingestão total de calorias, mesmo utilizando alimentos de baixo triglicerídeos < 500 mg/dl não deverão ser tratados farmacologicamente. A niacina
teor em gordura, e sugerir alternativas. (100 mg/dia) pode reduzir a libertação de ácidos graxos a partir de adipócitos, causando
• Cães normalmente consomem cápsulas de óleo de peixe como petisco; essas uma diminuição na síntese de VLDL, mas pode causar prurido facial, eritema e
cápsulas podem ser um substituto adequado para os petiscos. vômitos. Derivados de fibratos estimulam a atividade da lipoproteína lipase e podem

Comorbidades comuns
ser utilizados 10 mg/kg de peso corporal duas vezes por dia; no entanto, vômitos e
diarreia também podem ocorrer. As estatinas suprimem a síntese de colesterol, mas
As doenças associadas a hiperlipidemias secundárias incluem diabetes mellitus, podem produzir efeitos secundários, tais como letargia, dor muscular e elevação das
hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, colestase e síndrome nefrótica, ou podem enzimas hepáticas. O probucolé um medicamento para baixar o colesterol, mas tem
estar relacionadas com medicamentos (acetato de megestrol, corticosteroides, agentes sido associado a arritmias. A colestiramina, um sequestrante do ácido biliar, pode ser
antiepilépticos). A hipertrigliceridemia relacionada ao diabetes mellitus pode ser eficaz na redução do colesterol no sangue (1 - 2 g por via oral duas vezes por dia). Pode
atribuída à redução da atividade da lipoproteína lipase e uma depuração mais baixa de causar constipação, bem como o aumento da síntese de triglicerídeos e de VLDL. A
soro ou o aumento da produção. A falta de insulina também pode estimular a lipólise hipercolesterolemia, quando é inferior a aproximadamente 750 mg/dl, geralmente
e aumentar a criação de colesterol. O hiperadrenocorticismo pode provocar a não é um risco para a saúde, portanto, os esforços de tratamento continuam mais
hipertrigliceridemia devido ao aumento da mobilização de lipídios a partir dos locais focados na redução de gordura da dieta e suplementação com óleo de peixe.

Controle
de armazenamento mediados pela estimulação das atividades da lipase sensível aos
hormônios nos tecidos. Os glicocorticoides também podem inibir a lipoproteína lipase,
reduzindo a depuração dos triglicerídeos. O hipertireoidismo é a causa mais comum O controle envolve determinações de dados químicos no sangue, incluindo enzimas
de hipercolesterolemia. Muitas vezes, os cães submetidos a tratamento para os ataques hepáticas e medições dos lipídios.
têm hipertrigliceridemia. A hipertrigliceridemia é um fator de risco de pancreatite.

Manejo nutricional da hiperlipidemia em cães

TG provavelmente > 1000 mg / dl Sim Soro lactescente Não Perfil de lipídeos

Secundária Primária (idiopática) TG e /ou colesterol elevados

Descartar Teste de refrigeração Eletroforese de lipoproteínas

Pós-prandial Diabetes mellitus Capa Capa Soro


cremosa cremosa turvo
soro Quilomicrons elevados VLDL (pré-β) elevados LDL (β) elevados HDL (α1, α2) elevados
turvo
Jejum de 10-12 horas Hipertrigliceridemia (TG
e novo teste endógenos) Consistente com TG Consistente com
elevados colesterol elevado
Hiperquilomicronemia Hiperlipemia
(TG exógenos) combinada
(quilo+VLDL)

Secundária: Descartar
hipotireoidismo, Colesterol> Colesterol>
hiperadrenocorticismo, 750 µg / dl 750 µg / dl
Dieta com baixo
teor de gorduras induzido por medicação, dieta
+/- óleo de peixe com teor super alto de gordura
(pode-se testar
com fibratos) Agentes redutores do colesterol (estatinas, Reavaliar
probucol), do tipo dieta seca (baixo teor de novamente em
gordura), sem sobras de comida 60-90 dias

81
Hiperlipidemia - Gatos
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemia é definida como o aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (TG), Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 5–10 1.2–2.3 9.0 2.2
colesterol, ou ambos.

Ferramentas de diagnóstico e exames mg/100 kcal


complementares DHA+EPA #
0.3–1.25 75–330 n/d n/d
A presença de soro sanguíneo lipêmico sugere hipertrigliceridemia, mas não A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
hipercolesterolemia. Em alguns casos, as concentrações de triglicerídeos podem ser induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
bastante elevadas (normalmente > 1000 mg/dl) e as partículas de lipoproteínas grandes
o suficiente para conferir uma aparência opaca ou leitosa (lactescência). A acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
hipercolesterolemia pura não transmite lactescência. As amostras de sangue para * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Ácido docosaexaenoico (DHA, em Inglês) e ácido eicosapentaenoico (EPA, em Inglês),
confirmar o diagnóstico deverão ser feitas após 12-18 horas de jejum. A refrigeração #

das amostras durante 12 horas é útil para determinar se os triglicerídeos estão associados ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa provenientes do óleo de peixe. O óleo de peixe
a partículas pós-prandiais (quilomícrons) ou partículas endógenas (lipoproteína de padrão contendo 30% de EPA + DHA.
muito baixa densidade [VLDL, em inglês]). Os quilomicrons são menos densos e
flutuaram nesse estado, enquanto os VLDL permanecem suspensos no soro sanguíneo.
Princípios da alimentação coadjuvante
Podem ocorrer casos de vômitos, diarreia ou dores abdominais.
Deve-se obter o histórico alimentar com foco no conteúdo de gordura da dieta.
Fisiopatologia
O ideal é que a conversa inicial com o proprietário deva se concentrar nos esforços
para restringir a gordura na dieta existente (eliminação de petiscos e sobras de
O tipo mais comum é a hiperlipidemia pós-prandial. Trata-se de um fenômeno normal comida, se aplicável) e outras recomendações para restringir as gorduras, como
que resulta da ocorrência de quilomicrons na circulação 2 a 6 horas após a ingestão de uma completa mudança de dieta. Numerosas dietas coadjuvantes se encontram
gorduras e que, geralmente, é resolvido após cerca de 10 horas. Uma hiperlipidemia à venda, incluindo as recomendadas principalmente para o tratamento da
primária reconhecida em gatos é resultado de um defeito herdado no metabolismo obesidade, dos distúrbios gastrointestinais e mesmo das dietas hipoalergênicas,
da lipoproteína lipase. Neste caso, se produz uma menor depuração (catabolismo) das desde que sejam reduzidas em seu conteúdo total de gorduras.
partículas pós-prandiais ricas em triglicerídeos (ou seja, quilomicron) e /ou das As dietas ricas em ácidos graxos Ômega 3 podem ser particularmente úteis no contexto
partículas endógenas (VLDL). A hipercolesterolemia primária também existe; de uma abordagem dietética geral de baixo teor em gorduras, mas até hoje não há
habitualmente os aumentos do colesterol estão associados aos aumentos das estudos concretos. A suplementação com óleo de peixe em dietas existentes com teor
lipoproteínas da baixa densidade (LDL, em inglês) ou lipoproteína de alta densidade baixo em gorduras pode ser mais apropriada que alimentar com uma dieta com baixo
(HDL, em inglês), mas raramente produzem soro lactescente. conteúdo de gorduras que contenha óleos Ômega-3, que podem excluir qualquer
Os xantomas cutâneos (tumor benigno de pele) causados por células espumosas e benefício. Os ácidos graxos Ômega 3 de cadeia longa são necessários em vez de ácidos
macrófagos carregados de lipídios são a manifestação mais comum de hiperlipidemia Ômega-3 de origem vegetal porque o efeito de redução de triglicerídeos é
em gatos. Hipercolesterolemia grave pode ser associada com a lipemia retinalis, arco principalmente devido ao ácido docosaexaenoico (DHA), que não é bem sintetizado
lipoides, e raramente, aterosclerose. Hiperlipidemias secundárias podem ocorrer; nelas a partir de precursores de origem vegetal.
os aumentos dos triglicerídeos ocorrem devido a uma maior produção de quilomicrons A incorporação de fibras solúveis na dieta interfere na absorção entérica do colesterol
ou VLDL, um menor catabolismo, ou uma combinação de ambos devido a uma outra e dos ácidos biliares e pode ajudar a reduzir os estados hipercolesterolêmicos.
desordem primária. Normalmente, dietas secas contêm menos colesterol do que as dietas úmidas e podem

Predisposição
ter menos gorduras totais, em geral.
n Petiscos–Não são recomendadas, a menos que se saiba que são pobres em gorduras.
Até o momento não foram identificadas predileções por raças. n Dicas para aumentar a palatabilidade – Obviamente, a utilização de óleos

Modificações nos nutrientes essenciais


alimentares para melhorar a palatabilidade é contraindicada. Sugere-se umedecer os
alimentos secos ou fazer uma mudança na dieta dentro da categoria de baixo teor de
Os nutrientes essenciais para o tratamento da hiperlipidemia primária incluem dietas gordura. Em alguns casos, usar uma camada de um alimento enlatado, com baixo teor
pobres em gorduras (< 20% de energia metabólica) e maior ingestão de ácidos graxos de gordura em alimentos secos pode melhorar a aceitação desde que o total de gorduras
ômega 3 de cadeia longa. No caso de formas secundárias (ou seja, comorbidades), deve- e calorias permaneça controlado.
se tentar identificar a causa subjacente (ver abaixo) e iniciar o tratamento dietético e n Recomendações para a dieta – Várias formas de dietas pobres em gorduras
outras técnicas para controlar os distúrbios metabólicos identificados. estão à venda principalmente como dietas coadjuvantes. Há duas variedades:
enlatados e extrusados secos, mas a gordura de ambos, ainda que tenha o mesmo
nome do produto, pode ser diferente, por isso deve-se tomar cuidado ao escolher
o produto comercial mais adequado. Muitas vezes, produtos enlatados têm um
maior teor de gorduras, mesmo que tenham o mesmo nome do produto na versão
seca, no entanto, pode ser uma alternativa útil em alguns casos. Para os animais
obesos, os esforços devem ser feitos para reduzir a ingestão calórica. As dietas
caseiras podem ser uma alternativa necessária nos casos em que a resposta a dietas
comerciais de baixo teor em gordura seja insatisfatória.

82
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A adesão a uma dieta baixa em gorduras é necessária, incluindo todos os alimentos medicamentosas
comumente consumidos como petiscos e os alimentos para humanos. Vários tratamentos com fármacos podem ser úteis para tratar as hiperlipidemias, mas
• Deve-se discutir a ingestão total de calorias, mesmo utilizando alimentos de baixo todas podem causar efeitos colaterais indesejados ou não foram exploradas totalmente
teor em gordura, e sugerir alternativas. em gatos. Em geral, concentrações de triglicerídeos < 500 mg/dl não deverão ser
• Alguns gatos rejeitam cápsulas de óleo de peixe como petisco, mas muitas vezes tratados farmacologicamente. A niacina (100 mg/dia) pode reduzir a libertação de
aceitam óleo quando é derramado sobre a dieta existente. ácidos graxos a partir de adipócitos, causando uma diminuição na síntese de VLDL,

Comorbidades comuns
mas pode causar prurido facial, eritema e vômitos. Derivados de fibrato estimulam a
atividade da lipase lipoproteica e podem ser utilizados em 10 mg/kg de peso corporal
As doenças associadas com hiperlipidemias secundárias incluem diabetes mellitus, duas vezes por dia; no entanto, vômitos e diarreia também podem ocorrer. As estatinas
hiperadrenocorticismo, colestase, síndrome nefrótica, ou podem estar relacionadas suprimem a síntese de colesterol, mas podem produzir efeitos secundários, tais como
com medicamentos (acetato de megestrol, corticosteroides). A hipertrigliceridemia letargia, dor muscular e elevação do nível das enzimas hepáticas. O probucol é um
associada ao diabetes mellitus pode ser atribuída a uma redução da atividade da medicamento para baixar o colesterol, mas tem sido associado a arritmias. Sustância
lipoproteína lipase e uma depuração mais baixa do soro ou o aumento da produção. armazenadora do ácido biliar, a colestiramina pode ser eficaz na redução do colesterol
A falta de insulina também pode estimular a lipólise e aumentar a criação de colesterol. no soro sanguíneo (1 - 2 g por via oral duas vezes por dia). Pode causar constipação, bem
Os glicocorticoides podem inibir a lipoproteína lipase, reduzindo a depuração dos como o aumento da síntese de triglicerídeos e de VLDL.

Controle
triglicerídeos. Pode-se observar lipemia retinalis, e xantomas cutâneos (macrófagos
carregados de lipídeos sob a pele) ou granulomas torácicos podem ser observados com
hipercolesterolemia. As neuropatias periféricas (paralisia do nervo radial ou do nervo O controle envolve determinações de dados químicos no soro, incluindo enzimas
tibial e a síndrome de Horner) podem estar associadas à hipercolesterolemia. hepáticas e medições de lipídios.

Manejo nutricional da hiperlipidemia em gatos

TG provavelmente > 1000 mg / dl Sim Soro lactescente Não Perfil de lipídeos (TG e colesterol)

Secundária Primária (idiopática) TG e /ou colesterol elevados

Descartar Teste de refrigeração Eletroforese de lipoproteínas

Pós-prandial Diabetes Pancreatite Capa Capa Soro


mellitus cremosa cremosa + turvo
soro Quilomicrons elevados VLDL (pré-β) elevados LDL (β) elevados HDL (α1, α2) elevados
turvo
Jejum de 10-12 horas
e novo teste
Consistente com TG elevados Consistente com colesterol elevado

Hiperquilomicronemia Hiperlipemia A hipertrigliceridemia


(TG exógenos) combinada (TG endógenos)
(quilo+VLDL)

Primário Secundário
Possible LPL
deficiency

Agentes redutores do Descartar induzido


colesterol (estatinas, por medicamentos,
Dieta com baixo probucol), dieta com baixo corticosteroides
teor de gorduras teor de gorduras
+/- óleo de peixe
(pode-se testar
com fibratos,
niacina)

83
Doença renal crônica - Cães
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutrient % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A doença renal é a presença de anomalias funcionais ou estruturais nos rins ou ambos. A Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fósforo 0.2–0.4 0.04–0.08 0.5 0.14
doença renal crônica(DRC) é uma doença renal que persiste com os sintomas por mais

Proteína 14–18 3.0–4.5 18 5.1


de três meses. Cães com DRC e os valores de creatinina sérica estáveis (CS) < 1,4 mg/dl
são considerados com DRC estágio 1; CS entre 1,4 e 2,0 mg/dl pertencem à DRC estágio
2; CS entre 2,0 e 5,0 mg/dl pertencem a DRC estágio 3; e valores de CS > 5,0 mg/dl Sódio 0.2–0.3 0.04–0.06 0.06 0.02
pertencem ao estágio 4 da DRC.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
Ferramentas de diagnóstico e exames induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
complementares metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
No diagnóstico de DRC são usados dois ou três testes para determinar as * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
concentrações séricas: creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, bicarbonato, cálcio, Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Princípios da alimentação coadjuvante


potássio e albumina; exame de urina e relação proteína-creatinina na urina (PUCU);
pressão arterial; e avaliação da hidratação; histórico alimentar, incluindo a ingestão de
alimentos; peso corpóreo; e o escore de condição corporal (ECC). Os objetivos do manejo nutricional da DRC são: 1) melhorar os indicadores de uremia,

Fisiopatologia
2) manter a normalidade dos eletrólitos e do equilíbrio ácido-base 3) otimizar a nutrição,
e 4) diminuir a perda progressiva da função renal. O manejo nutricional utilizando dietas
A perda de néfrons leva à retenção de resíduos (especialmente resíduos nitrogenados), à fabricadas e formuladas para cães com DRC tem demostrado prolongar
deterioração do equilíbrio dos fluidos corporais e eletrólitos do corpo e à produção substancialmente o período de vida e limitar os sinais clínicos de uremia em estudos
limitada de hormônios renais (por exemplo: eritropoietina, calcitriol). Uma função renal clínicos aleatórios controlados em cães com DRC espontânea em estágios 3 e 4. Com
marcadamente deteriorada leva à uremia com anorexia, perda de peso e indicadores base nos resultados destes testes clínicos, o tratamento clínico é indicado para cães com
gastrointestinais. Ingestão excessiva de proteínas, fósforo, sódio e nutrientes acidificantes DRC estágios 3 e 4. A terapia nutricional pode também ser indicada para cães com
podem promover indicadores urêmicos e /ou dano renal progressivo. DRC estágio 2 quando o fósforo sérico permanece acima de 4,5 mg/dl. Ao limitar a

Predisposição
ingestão de proteínas e subministrar, PUFA Ômega 3 pode-se limitar a proteinúria,
recomendam-se dietas renais quando a relação PUCU excede 2,0 no estágio 1 da DRC
A doença renal crônica é normalmente encontrada em cães com mais de sete anos, mas e 0,5 no estágio 2 da DRC. A contribuição exata de cada componente da dieta de forma
pode ocorrer em todas as faixas etárias. As raças predispostas a DRC hereditária são: individual aos efeitos benéficos destas dietas ainda permanece sem ser estabelecida.
Beagle, Inglês Foxhound, Bull Terrier, Doberman Pinscher, Samoyeda, cão de montanha Dietas renais devem conter ~ 14% a 17% de proteínas, ≤ 0,3% de fósforo e ~ 0,2% a
de Bernese, Brittany Spaniel, Rottweiler, Shih Tzu, Lhasa Apso, Keeshond, Elkhound 0,3% de sódio. Ainda assim, as dietas renais fabricadas podem também incluir conteúdos
norueguês, Cairn Terrier, West Highland Terrier branco, Wheaten Terrier de pelo macio, mais elevados de PUFA Ômega 3, fibra, vitamina D e antioxidantes, uma densidade de
energia mais elevada e um efeito neutro sobre o pH sistêmico.
n Petiscos– A maioria dos alimentos com baixo teor em proteínas, fósforo e sódio
Basenji, Cocker Spaniel e Shar-Pei.

Modificações nos nutrientes essenciais


pode ser utilizada como petiscos em quantidades limitadas. Partículas de alimentos
secos industrializados como dietas renais são uma boa escolha. Evite carne e produtos
São indicadas quantidades limitadas de proteínas de alta qualidade na DRC estágios 3 e
lácteos. Em geral, os petiscos não devem constituir mais do que 5% da ingestão calórica
4. A ingestão excessiva de proteínas promove sinais clínicos de uremia. A ingestão de
do paciente. Pode-se usar petiscos comerciais para cães, mas apenas em quantidades
proteínas deve ser limitada também nas nefropatias com perda de proteínas. Uma alta
muito limitadas, porque podem ser ricos em sódio e fósforo. A ingestão excessiva de
ingestão de proteínas não causa DRC. Limitar a ingestão de fósforo na dieta desacelerará
petiscos ricos em proteínas pode causar indicadores urêmicos em cães com estágio 4
a progressão da DRC; o fato é indicado no estágio 2 a 4 da DRC para atingir os objetivos
de DRC.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A mudança da dieta anterior para a dieta renal
da concentração de fósforo no soro (ou seja, a manutenção de níveis séricos de fósforo
abaixo de 4,5, 5,0 e 6,0 mg/dL nos estágios 2, 3 e 4 da DRC, respectivamente). A ingestão
deve ser gradual durante 7 a 10 dias, agregando em forma progressiva a dieta renal na
de fósforo pode ser ainda mais limitada com quelantes de fosfato intestinal.
dieta anterior. Não expor os pacientes a dietas de longo prazo durante os períodos de
Dietas enriquecidas com ácidos graxos polinsaturados ômega-3 (PUFA, em inglês)
hospitalização por uremia. Melhorar a palatabilidade com a mistura de pequenas
retardam a progressão da doença renal. A suplementação excessiva com PUFA
quantidades de aromatizantes (molho, caldo de carne com baixo teor de sódio) ou
Omega-3 pode prejudicar a coagulação e o sistema imunológico e aumentar a
alimentos muito aromáticos na dieta renal. Aquecer ligeiramente a comida e estimular a
necessidade de apoio antioxidante.
alimentação por reforço positivo com agrados e estímulos podem facilitar a aceitação de
A ingestão excessiva de sal pode promover a lesão renal progressiva e limitar a hipertensão
alimentos. Evite a combinação de atividades desagradáveis (por exemplo: líquidos,
(evidencia limitada). Restrição excessiva de sal pode promover a hipoglicemia e a
medicamentos indesejados) com os alimentos. Quando esses métodos não conseguem
desidratação. Quanto à energia, a maior densidade calórica facilita a ingestão de alimentos
estimular uma ingestão de alimentos adequada para manter o peso corporal, sondas para
suficientes para manter o peso corporal normal.
alimentação serão indicadas. Estimulantes do apetite raramente geram ingestão adequada
de alimentos.
n Recomendações para a dieta – Dietas coadjuvantes formuladas especialmente
para pacientes com DRC são recomendadas. Dietas para cães de idade avançada não
são recomendadas para esses pacientes, porque não incluem todas as modificações
dietéticas. Inicialmente, os cães devem ser alimentados com 132 x (peso corporal em
quilogramas) de 0,75 calorias por dia. Então, deve-se verificar periodicamente o peso
corporal e a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e modificar a ingestão
de calorias para manter o ECC entre 4/9 e 5/9 (ver apêndice I).

84
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A DRC é irreversível e estará presente pelo resto da vida do animal. Muitas das medicamentosas
recomendações para o tratamento de cães com DRC terão que permanecer pelo resto Os quelantes de fosfato intestinal (por exemplo: alumínio, cálcio, ou sais de lantânio) têm
da vida do animal. um efeito aditivo com a restrição do fósforo da dieta para reduzir a ingestão de fósforo. O
• Visitas regulares de acompanhamento são essenciais para detectar mudanças nas calcitriol (dihidroxicolecalciferol), que é produzido pelos rins e, muitas vezes deficiente em
necessidades de tratamento. pacientes com DRC, geralmente é utilizado para suprimir ainda mais o
• A DRC é uma doença progressiva; no entanto, o tratamento correto e controles hiperparatiroidismo renal e retardar a progressão da DRC. O conteúdo excessivo de
adequados podem retardar a progressão. Alguns cães vivem muitos anos com uma vitamina D na dieta pode promover hipercalcemia em pacientes que receberam calcitriol.
boa qualidade de vida. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) parecem ter um maior efeito
• É essencial permitir o acesso livre à água potável em todos os momentos. Nunca limitar saudável que a restrição de proteínas para atenuar a hiperperfusão glomerular, proteinúria
a ingestão de água. e, presumivelmente, a progressão da DRC. Não está claro se os seus efeitos sobre a perfusão
• Limitar a ingestão excessiva de proteína e fósforo (por exemplo: Carne e produtos renal e a proteinúria são aditivos. Tem-se documentado que a acidose metabólica deteriora
lácteos). a nutrição nos seres humanos que recebem dietas restritas em proteína. O bicarbonato de
• Limitar a ingestão de sal. sódio por via oral é usado para mitigar a acidose metabólica.
• Deve-se atender à perda de peso progressiva para evitar a lenta inanição. Sendo um sal de sódio que não contém cloreto, não está contraindicado com as dietas com
• Desconforto gastrointestinal menor pode causar uma piora abrupta na função renal; restrição de sódio ou nos pacientes hipertensos. Os corticosteroides podem prejudicar a
pode precisar de tratamento para evitar a desidratação. resposta nutricional para dietas com restrição de proteínas, melhorar a proteinúria e
• Grandes quantidades de proteína na urina e a pressão arterial elevada são prejudiciais promover sangramento gastrointestinal em cães com DRC; usá-los com moderação e
para os rins e necessitam de tratamento por toda a vida. muito cuidado. O tratamento com eritropoietina aumenta a resistência e o apetite do

Comorbidades comuns
paciente através do aumento do hematócrito. A suplementação de ferro e ingestão
adequada de proteínas e calorias são essenciais para maximizar a resposta terapêutica.

Controle
A ingestão excessiva de sódio promove a expansão do volume de líquido extracelular; a
ingestão excessiva de cálcio e de fósforo pode promover a mineralização nos vasos. Ambos
têm a capacidade potencial para promover a hipertensão. Doença dentária e outras A ingestão de diária de comida, o peso corporal, o ECC, dados bioquímicos (pelo menos,
doenças na boca podem agravar-se devido à ingestão excessiva de proteínas. O tratamento as concentrações séricas de creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, cálcio, albumina,
inadequado dessas doenças pode prejudicar a ingestão de alimentos. Em cães com litíase bicarbonato e potássio), o hematócrito e um exame de urina (e a relação proteína-
urinária, são indicadas dietas renais devido à forte evidência de que tais dietas apoiam os creatinina na urina se proteinúrica) deve ser monitorada durante o primeiro mês após a
efeitos protetores sobre os rins enquanto eles podem ser uma opção razoável para urólitos intervenção dietética e cada 3 a 4 meses depois disso. O estado nutricional e a função renal
de oxalato de cálcio. Normalmente urólitos de estruvita têm origem mais infecciosa que devem permanecer estáveis ou melhorar. A relação nitrogênio ureico no sangue: creatinina
dietética. Em cães com doença degenerativa das articulações, o cuidado com o peso e os deverá ser menor que 20; fósforo deve ser inferior a 4,5; 5,0 ou 6,0 mg/dl para os estágios
nutracêuticos são preferidos em relação ao uso de medicamentos anti-inflamatórios não 2, 3 e 4 de DRC, respectivamente. Deve-se tomar medidas para aumentar a ingestão de
esteroidais devido ao seu potencial de causar danos aos rins. Finalmente, o elevado teor alimentos em pacientes que não conseguem manter um estado nutricional adequado e
de gordura das dietas renais pode promover pancreatite em pacientes predispostos. estável (incluindo o uso de sondas de alimentação conforme indicação).

Manejo nutricional da doença renal crônica em cães


Medição da creatinina no sangue em duas ocasiões, enquanto o cão estiver bem hidratado

Creatinina < 1,4 mg/dl Creatinina de 1,4 a 2,0 mg/dl Creatinina > 2,0 mg/dl

Medir a relação PUCU NÃO Fósforo no soro ≥ 4,5 mg/dl

PUCU < 2.0* SIM


PUCU ≥ 2.0*
Medir regularmente no soro a Começar com a dieta receitada
creatinina e o fósforo e a relação PUCU

Determinar a ingestão de alimentos, o peso corporal e a pontuação da condição física um mês após o início do tratamento com a dieta

Ingestão adequada de alimentos; estado nutricional bom ou melhorado Ingestão de alimentos incompleta; peso corporal ou ECC em declínio

* A relação de PUCU deve ser determinada a cada 1.Avaliar a presença de indicadores urêmicos, desidratação, progressão da DRC,
duas semanas durante três determinações; Continuar com a dieta receitada acidose metabólica, anemia, alterações eletrolíticas, infecções do trato urinário e
infecções, inflamações ou sangramento substancial
impossibilitam a interpretação da relação PUCU. outras doenças não presentes no trato urinário.
2.Examinar as práticas de alimentação.
Controlar a ingestão de alimentos e o estado nutricional em intervalos regulares

85
Doença renal crônica - Gatos
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A doença renal é a presença de anomalias funcionais ou estruturais nos rins ou em Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fósforo 0.3–0.5 0.08–0.12 0.5 0.13
ambos. A doença renal crônica (DRC) é uma condição renal que persiste com os

Proteína 28–34 6–8 26 6.5


sintomas por mais de três meses. Gatos com DRC e valores estáveis de creatinina sérica
(CS) < 1,6 mg/dl se consideram com DRC estágio 1; valores de CS entre 1,6 e 2,8
mg/dl pertencem ao estágio 2 da DRC; valores de CS entre 2,8 e 5,0 mg/dl pertencem Sódio 0.2–0.3 0.04–0.07 0.2 0.05
Potássio 0.8–1.2 0.15–0.30 0.6 0.15
ao estágio 3 da DRC; e valores de CS > 5,0 mg/dl pertencem ao estágio 4 da DRC.

Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
complementares induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
No diagnóstico de DRC são usados dois ou três testes para determinar as concentrações metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
séricas: creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, bicarbonato, cálcio, potássio e albumina;
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
exame de urina e relação proteína-creatinina na urina (PUCU); pressão arterial; e
avaliação de hidratação; histórico alimentar, incluindo a ingestão de alimentos; peso

Princípios da alimentação coadjuvante


corporal; e o escore de condição corporal (ECC).

Fisiopatologia Os objetivos do manejo nutricional da DRC são: 1) melhorar os indicadores de uremia,


A perda de néfrons leva à retenção de resíduos (especialmente resíduos nitrogenados), 2) manter a normalidade dos eletrólitos e do equilíbrio ácido-base 3) otimizar a
à deterioração do equilíbrio dos fluidos corporais e eletrólitos e à produção limitada nutrição, e 4) diminuir a perda progressiva da função renal. A terapia nutricional
renal de hormônios (por exemplo: eritropoietina, calcitriol). Uma função renal utilizando dietas fabricadas e formuladas para gatos com DRC demonstrou prolongar
marcadamente deteriorada leva à uremia com anorexia, perda de peso e indicadores substancialmente a vida e limitar os sinais clínicos de uremia em estudos clínicos
gastrointestinais. A ingestão excessiva de proteínas, fósforo, sódio e nutrientes aleatórios controlados em gatos com DRC espontânea e valores de creatinina sérica ≥
acidificantes pode promover indicadores urêmicos e/ou dano renal progressivo. 2,0 mg/dl. Com base nos resultados destes estudos clínicos, o tratamento clínico é
indicado para gatos com DRC nos estágios 2 a 4. Com a limitação da ingestão de
Predisposição proteínas e o subministro de PUFA Ômega 3 pode-se limitar a proteinúria, deverão
ser consideradas as dietas renais quando a razão excede 2,0 PUCU no estágio 1 da
Os gatos têm uma taxa crescente de DRC a partir de 7 anos de idade. É relatado que
DRC. A contribuição exata de cada componente da dieta de forma individual aos
a DRC ocorre mais frequentemente em gatos das seguintes raças: Maine Coon,
efeitos benéficos destas dietas ainda não foi estabelecida. Dieta renal deve conter ~
Abissínio, Siamês, Russian Blue e Birmanês. Doença renal policística é prevalente
28% a 34% de proteínas, ≤ 0,5% de fósforo, > 0,8% de potássio e ~ 0,2% a 0,3% de
principalmente em gatos de pelos compridos.
sódio. Ainda assim, as dietas renais fabricadas podem também incluir conteúdos mais
Modificações nos nutrientes essenciais
elevados de PUFA Ômega 3, fibra, vitamina D e antioxidantes, uma densidade de
energia mais elevada e um efeito neutro sobre o pH sistêmico.
São indicadas quantidades limitadas de proteínas de alta qualidade na DRC nos n Petiscos – A maioria dos alimentos com baixo teor de proteínas, de fósforo e
estágios 3 e 4. A ingestão excessiva de proteína promove sinais clínicos de uremia. de sódio pode ser utilizada como petiscos em quantidades limitadas. Partículas de
A ingestão de proteínas deve ser limitada também nas nefropatias com perda de alimentos secos industrializados como dietas renais são uma boa escolha. Deve-
proteínas. Uma alta ingestão de proteínas não causa DRC. Limitar a ingestão de se evitar carne e produtos lácteos. Em geral, os petiscos não devem constituir mais
fósforo na dieta provavelmente desacelerará a progressão da DRC; isto se indica do que 5% da ingestão calórica do paciente. Podem ser usados petiscos comerciais
no estágio 2 a 4 da DRC para atingir os objetivos da concentração de fósforo no para cães, mas apenas em quantidades muito limitadas, porque podem ser ricos em
soro (ou seja, a manutenção de níveis séricos de fósforo abaixo de 4,5; 5,0 e 6,0 sódio e fósforo. A ingestão excessiva de petiscos ricos em proteínas pode causar
mg/dl nos estágios 2, 3 e 4 da DRC, respectivamente). A ingestão de fósforo pode indicadores urêmicos em gatos com estágio 4 da DRC.
ser ainda mais limitada com quelantes de fosfato intestinal. Dietas enriquecidas n Dicas para aumentar a palatabilidade –A mudança da dieta anterior para a dieta
com ácidos graxos poli-insaturados Ômega-3 (PUFA, em inglês) retardam a renal deve ser gradual durante 7 a 10 dias, agregando de forma progressiva a dieta renal
progressão da doença renal. A suplementação excessiva com PUFA Ômega-3 na dieta anterior. Não expor os pacientes a dietas de longo prazo durante os períodos
pode prejudicar a coagulação e o sistema imunológico e aumentar a necessidade de hospitalização por uremia. Melhorar a palatabilidade através da mistura de pequenas
de um apoio antioxidante. Limitar a ingestão de sódio. A ingestão excessiva de sal quantidades de aromatizantes (molho, caldo de atum ou marisco, caldo com baixo
pode promover a lesão renal progressiva e limitar a hipertensão (evidência teor de sódio) ou alimentos muito aromáticos na dieta renal. Aquecer ligeiramente a
limitada). Uma restrição excessiva de sal pode promover a hipoglicemia e a comida e estimular a alimentação por reforços positivos com agrados e estímulos
desidratação. Uma ingestão adequada de potássio é necessária para evitar o podem facilitar a aceitação de alimentos. Evitar a combinação de atividades
desenvolvimento de hipocalemia. Finalmente, é desejável um equilíbrio ácido- desagradáveis (por exemplo: líquidos, medicamentos indesejados) com a alimentação.
base neutro. Dietas acidificantes são inapropriadas para gatos com DRC; deve-se Quando esses métodos não conseguem estimular uma ingestão adequada para manter
alimentar com dietas que produzam um efeito neutro sobre o pH do corpo. o peso corporal, sondas alimentares serão indicadas. Estimulantes do apetite raramente
geram ingestão adequada de alimentos.
n Recomendações para a dieta – Dietas coadjuvantes formuladas especialmente
para pacientes com DRC são recomendadas. Dietas para gatos de idade avançada
não são recomendadas pois não incluem todas as modificações dietéticas.
Inicialmente, os gatos devem ser alimentados com 1,1 a 1,4 x [70 x (peso corporal
em quilogramas) de 0,75] calorias por dia. Então deve-se verificar periodicamente

86
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
o peso corporal e a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e modificar a
ingestão de calorias para manter ECC entre 4/9 e 5/9.

Pontos para a educação do proprietário


Os quelantes de fosfato intestinais (por exemplo: alumínio, cálcio, ou sais de lantânio)
têm um efeito aditivo com a restrição do fósforo da dieta para reduzir a ingestão de
• A DRC é irreversível e estará presente pelo resto da vida do animal. Muitas das fósforo. O calcitriol (dihidroxicolecalciferol), que é produzido pelos rins e, muitas
recomendações para o tratamento de gatos com DRC terão que permanecer pelo vezes deficiente em pacientes com DRC, geralmente é utilizado para suprimir ainda
resto da vida do animal. mais o hiperparatiroidismo renal e retardar a progressão da DRC. Um conteúdo
• Visitas regulares de acompanhamento são essenciais para detectar mudanças nas excessivo de vitamina D na dieta pode promover hipercalcemia em pacientes que
necessidades de tratamento. receberam calcitriol. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA)
• DRC é uma doença progressiva; no entanto, o tratamento correto e controles parecem ter um maior efeito saudável que restrição de proteínas para atenuar a
adequados podem retardar a progressão. Alguns gatos vivem muitos anos com hiperperfusão glomerular, proteinúria e, presumivelmente, a progressão da DRC. Não
uma boa qualidade de vida. está claro se seus efeitos sobre a perfusão renal e a proteinúria são aditivos. Tem-se
• É essencial permitir o acesso livre à água potável em todos os momentos. Nunca documentado que a acidose metabólica deteriora a nutrição nos seres humanos que
limitar a ingestão de água. recebem dietas restritas em proteínas. Obicarbonato de sódio por via oral é usado para
• Limitar a ingestão excessiva de proteínas e fósforo (por exemplo: carne e mitigar a acidose metabólica. Como um sal que não contém cloreto, não está
produtos lácteos). contraindicado com dietas com restrição de sódio ou de pacientes hipertensos. Os
• Limitar a ingestão de sal. corticosteroidespodem prejudicar a resposta nutricional para as dietas de restrição de
• Deve-se atender à perda de peso progressiva para evitar a lenta inanição. proteínas, melhorar a proteinúria e promover sangramento gastrointestinal em cães
• Desconfortos gastrointestinais menores podem causar piora abrupta na função com DRC; usá-los com moderação e muito cuidado. Tratamento com eritropoietina
renal; pode-se precisar de tratamento para evitar a desidratação. aumenta a resistência e o apetite do paciente através do aumento do hematócrito. A
• Grandes quantidades de proteínas na urina e a pressão arterial elevada são prejudiciais suplementação de ferro e ingestão adequada de proteínas e calorias são essenciais para
para os rins e necessitam de tratamento pelo resto da vida. maximizar a resposta terapêutica.

Comorbidades comuns Controle


A ingestão excessiva de sódio promove a expansão do volume de líquido extracelular; A ingestão diária de comida, o peso corporal, o ECC, dados químicos do soro (pelo
a ingestão excessiva de cálcio e de fósforo podem promover a mineralização nos vasos. menos, as concentrações séricas de creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, cálcio,
Ambos têm a capacidade potencial de promover a hipertensão. Doenças dentárias e albumina, bicarbonato e potássio), o hematócrito e um exame de urina (e a relação
outras doenças na boca podem se agravar devido à ingestão excessiva de proteínas. O proteína-creatinina na urina se proteinúrica) deverão ser controlados dentro do
tratamento inadequado dessas doenças pode prejudicar a ingestão de alimentos. Em primeiro mês após a intervenção dietética e a cada 3 a 4 meses depois disso. O estado
gatos com nefrolitíase (a maioria das vezes por oxalato de cálcio), são indicadas dietas nutricional e a função renal devem permanecer estáveis ou melhorar. A relação
renais devido à forte evidência de que tais dietas respaldam os efeitos protetores sobre nitrogênio ureico no sangue:creatinina deverá ser menor que 20; o fósforo deve ser
os rins enquanto podem ser uma opção razoável para urólitos de oxalato de cálcio. Em inferior a 4,5; 5,0 ou 6,0 mg/dl para os estágios 2, 3 e 4 da DRC, respectivamente.
gatos com doença degenerativa das articulações, o cuidado com o peso e os Deve-se tomar medidas para aumentar a ingestão de alimentos em pacientes que não
nutracêuticos são preferidos em relação ao uso de medicamentos anti-inflamatórios conseguem manter um estado nutricional adequado e estável (incluindo o uso de
não esteroidais devido ao seu potencial para causar danos aos rins. sondas de alimentação conforme indicado).

Manejo nutricional da doença renal crônica em gatos

Medição da creatinina no sangue em duas ocasiões enquanto o gato estiver bem hidratado

Creatinina < 1,6 mg/dl Creatinina > 1,6 mg/dl

Medir a relação PUCU PUCU ≥ 2.0*


Começar com a dieta receitada

PUCU < 2.0*


Determinar a ingestão de alimentos, o peso corporal e a condição física um mês após o início do tratamento com a dieta
Medir regularmente no soro a creatinina e o
fósforo e a relação PUCU
Ingestão adequada de alimentos; estado nutricional bom ou melhorando Ingestão de alimentos incompleta; peso corporal ou ECC em declínio

Continuar com a dieta receitada 1.Avaliar a presença de indicadores urêmicos,


* A relação de PUCU deve ser desidratação, a progressão da DRC, acidose metabólica,
determinada a cada duas semanas anemia, alterações eletrolíticas, infecções do trato
durante três determinações; infecções,
urinário e outras doenças não presentes no trato urinário.
inflamações ou sangramento Controlar a ingestão de alimentos e do estado nutricional em intervalos regulares
substancial impossibilita a 2.Examinar as práticas de alimentação.
interpretação da relação PUCU

87
Urolitíase por oxalato de cálcio - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A urolitíase é uma doença em que os cristais da urina formam pedras ou cálculos Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 12–22 3–6 18 5.1
chamadosurólitos. Na urolitíase por oxalato de cálcio os urólitos estão compostos por

Fibra 8–15 2–5 n/d n/d


mono-hidrato de oxalato de cálcio, di-hidratado de oxalato de cálcio, ou ambos.

Ferramentas de diagnóstico e exames Cálcio 0.4–1.2 0.15–0.35 0.6 0.17


complementares Sódio 1.0–1.5 0.25–0.35 0.06 0.02
Obter a concentração de cálcio no soro ou plasma para verificar a presença de
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
hipercalcemia; se estiver presente, determinar as concentrações de cálcio ionizado
no sangue, do paratormônio e das proteínas relacionadas com o hormônio PTH. percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
Realizar o teste da glândula adrenal devido à associação entre metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
hiperadrenocorticismo e o aumento do risco de urolitíase por oxalato de cálcio.
Deve-se realizar um exame de urina para avaliar o pH da urina e a presença de Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
cristalúria por oxalato de cálcio. As radiografias abdominais devem averiguar
urólitos radiodensos que muitas vezes têm um contorno irregular. Os urólitos de A ingestão de água é recomenada e os cães podem se beneficiar da alimentação de uma
oxalato de cálcio não podem ser dissolvidos com medicação; portanto, devem ser dieta úmida ou adicionando água à comida desidratada para alimentá-los.
removidos por cirurgia ou urohidropropulsão.
Princípios da alimentação coadjuvante
Fisiopatologia
Pode ser benéfico provocar a produção de grandes volumes de urina diluída.
Os urólitos de oxalato de cálcio formam-se quando a urina é supersaturada com oxalato,
Recomenda-se uma restrição leve a moderada de proteínas na dieta; alguns cães
cálcio ou ambos. Normalmente, formam-se na acidúria porque a solubilidade do
respondem a uma maior ingestão de fibras. Alimentar com uma dieta que gere alcalúria.
oxalato de cálcio diminui quando o pH da urina é < 6,8. Hipercalcemia aumenta a
Se for secundária à doença endócrina, o tratamento desta doença será o principal
excreção de cálcio urinário e o risco de formação de urólitos de oxalato de cálcio.
tratamento; também é indicado o tratamento dietético da doença por oxalato de cálcio.
n Petiscos–Evitar petiscos com alto teor de proteínas e petiscos associados com níveis
Aproximadamente 4% dos cães com urolitíase por oxalato de cálcio tem hipercalcemia.
A neoplasia maligna é a causa mais comum de hipercalcemia em cães; no entanto,
mais elevados de oxalato (ex.: cenouras e vegetais de folhas verdes).
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Pode-se adicionar água aos alimentos para
normalmente não está associada com a formação de urólitos de oxalato de cálcio.
Hiperparatireoidismo primário é mais comumente associado à urolitíase por oxalato
aumentar a palatabilidade.
n Recomendações para a dieta – Recomenda-se uma dieta rica em fibras e pobre
de cálcio. Em cães com urólitos de oxalato de cálcio e normocalcemia, é desconhecido
o mecanismo pelo qual se formam os urólitos de oxalato de cálcio. Em um estudo de
em gordura para cães com urolitíase por oxalato de cálcio. Também é conveniente uma
cães da raça Schnauzer miniatura uma maior absorção de cálcio foi encontrada a partir
dieta alcalinizante com baixo conteúdo de proteínas.
do trato gastrointestinal em relação a cães da raça Beagle, sem formação de urolitíase.
Pontos para a educação do proprietário
Hiperadrenocorticismo está associado com a formação de urólitos de oxalato de cálcio
porque promove a hipercalciúria, que faz com que a supersaturação da urina forme
oxalato de cálcio e, possivelmente, urólitos. • Os urólitos de oxalato de cálcio se produzem quando a urina contém níveis elevados

Predisposição
de cálcio e /ou oxalato.
• Os urólitos de oxalato de cálcio são recorrentes a uma taxa de aproximadamente
As raças pequenas, como Schnauzer miniatura, Poodle Toy, Lhasa Apso, Shih Tzu 30% em 12 meses e cerca de 60% no prazo de 5 anos.
e Yorkshire Terrier têm uma predisposição para a urolitíase por oxalato de cálcio. • As mudanças na dieta podem reduzir o risco de recorrência de urólitos de oxalato
Urólitos são mais comuns em cães de meia-idade ou de idade avançada, e existe uma de cálcio.

Comorbidades comuns
relação macho:fêmea de 3:1.

Modificações nos nutrientes essenciais A litíase urinária por oxalato de cálcio comumente ocorre em cães com
Baixa ingestão de cálcio pode causar um menor grau de calciurese. Um menor hiperadrenocorticismo ou hiperparatireoidismo se forem hipercalcêmicos.

Estratégias para o manejo das interações


consumo de proteínas pode diminuir o grau de calciurese ao reduzir a liberação de

medicamentosas
cálcio a partir dos ossos, em resposta à carga ácida fornecida pelas proteínas da dieta.
Uma dieta rica em fibras pode reduzir a absorção de cálcio a partir do trato intestinal.
O aumento da ingestão de sódio pode reduzir a saturação de oxalato de cálcio ao Citrato de potássio:
aumentar a quantidade de urina. O citrato de potássio na dieta pode reduzir o risco de • Agente alcalinizante urinário.
formação de oxalato de cálcio ao provocar alcalúria e inibir a formação de urólitos e • Incrementa a solubilidade do oxalato de cálcio com a alcalúria.
cristais de oxalato de cálcio. • O citrato pode inibir a formação e a união de cristais de oxalato de cálcio.
• 50 - 100 mg/kg por via oral (PO) a cada 12 horas, modificar o pH da urina para
aproximadamente 7,5.
Diuréticos tiazidas:
• Aumentam a reabsorção tubular renal distal do cálcio ocasionando uma menor
excreção do cálcio urinário.
• Podem produzir hipercalcemia.
• Hidrocloratiazida: 2 mg/kg PO cada 12 horas.

88
Vitamina B6: Tabela 1. Mudanças esperadas com o tratamento para os urólitos de oxalato de cálcio

Fator Antes do tratamento Prevenção


• Está envolvida no metabolismo do oxalato.

Poliúria ± Variável
• Não é provável que ocorra a deficiência e não existem dados acerca de que o
suplemento seja de ajuda.
• 20 mg/kg PO cada 24 horas. Polaquiuria 0 to 4+ 0

Controle Hematúria 0 to 4+ 0
Deve-se realizar uma análise de urina mensalmente durante 3-6 meses para monitorar Gravidade específica da urina variável 1.004–1.025
a resposta ao tratamento (Tabela 1). O pH deve ser neutro a alcalino; a gravidade pH da urina < 7.0 > 7.0
Inflamação urinária 0 to 4+ 0
específica deve ser diluída; e a cristalúria deve estar ausente. Deve-se realizar estudos de

Cristais de oxalato de cálcio 0 to 4+ 0


reconhecimento: raio-X ou ultrassonografia abdominal no 6º e no 12º mês e depois
a cada 6 a 12 meses, dependendo da resposta. Deve-se monitorar o cálcio sérico um mês
após o início com a hidroclorotiazida e depois a cada 3 a 6 meses. Se a urolitíase é Bacteriuria 0 to 4+ 0
Cultivo positivo/negativo negativo
secundária a uma doença do sistema endócrino, o tratamento dessa doença deverá ser

Nitrogênio ureico no sangue > 15 10–30


apropriadamente monitorado.

Tamanho e quantidade de urólitos pequenos a grandes 0

Manejo nutricional dos urólitos de oxalato de cálcio em cães

Obter dados iniciais (radiografias, exame de urina, análise bioquímica do soro ± hormônio paratireoide, cálcio ionizado)

Eliminar todo fator de risco iatrogênico (dietas acidificantes, glicocorticoides, etc.)

Mudanças na dieta:
Considerar: Evitar:
Menor CaOx, Na, proteína As vitaminas C e D
Adequado Fósforo, Mg, citrato, B6 Acidificantes urinários
Mais água Alimentos ricos em
Alto conteúdo de fibras se houver proteínas, CaOx, Na
hipercalcemia

Seguimento 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, sedimento na urina e verificar o cumprimento

Citrato de potássio (50 mg/kg PO a cada 12 h) Sim Cristalúria por oxalato Não
de cálcio?

Seguimento 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, sedimento na urina

Suplementação com vitamina B6 Sim Cristalúria por oxalato Não


de cálcio?

Seguimento 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, sedimentos na urina Seguimento aos 3 meses:
• Verificar o cumprimento da dieta
• Exame de urina completo
Sim Cristalúria por oxalato Não • Análise bioquímica do soro
de cálcio? • Radiografia

Hidroclorotiazida

}
(2 mg/kg PO a cada 12 horas.) Sem cristal ou urólito Urólitos macroscópicos Cristais microscópicos
Verificar se há efeitos adversos:
Hipocalemia
Hipercalcemia
1. Extração não cirúrgica de urólitos (urohidropropulsão por micção, remoção com cateter).
Desidratação
2. Entregar os urólitos para análise.

89
Doença do trato urinário inferior -
Cistite idiopática e urolitíase por estruvita/oxalato de cálcio - Gatos
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Os urólitos de oxalato de cálcio podem ser produzidos na forma de mono-

Definição
hidrato ou de di-hidrato ou uma combinação destes; a forma di-hidrato aparece
mais comumente. Os urólitos de oxalato de cálcio são formados quando a urina
A doença do trato urinário inferior em gatos (DTUI) muitas vezes está associada está supersaturada com cálcio ou oxalato, ou ambos, e são formados com acidúria.
com urolitíase (formação de urólitos de estruvita ou oxalato de cálcio na urina) ou Aproximadamente 20% a 35% dos gatos com urólitos de oxalato de cálcio
a cistite idiopática. Em gatos com menos de 10 anos, a cistite idiopática é o tipo mais apresentam hipercalcemia, mais comumente hipercalciúria idiopática que
comum de doença do trato urinário inferior não obstrutiva, sendo a urolitíase promove a formação e urolitíase. Os mecanismos pelo qual o oxalato de cálcio
(geralmente por estruvita estéril) o próximo tipo mais comum. Em gatos com mais forma urolitíase em gatos normocalcêmicos são desconhecidos; no entanto, é
de 10 anos, a infeção do trato urinário (ITU) causada por bactérias é a causa mais produzida a supersaturação da urina com oxalato de cálcio.
comum de doença do trato urinário inferior não obstrutiva, sendo a urolitíase A cistite idiopática pode ocorrer como uma forma não obstrutiva que pode ou não
(geralmente por oxalato de cálcio) o próximo tipo mais comum. Se a ITU é causada estar associada com cristalúria ou forma obstrutiva devido à tampões uretrais de matriz
por um organismo bacteriano produtor de urease podem-se formar urólitos de cristalina em gatos machos. A cistite idiopática se refere aos sinais clínicos de DTUI
estruvita induzidos por infecção. A uropatia obstrutiva pode ser devida à urolitíase incluindo hematúria, mas sem uma causa identificável. Infecção viral e inflamação
ou a tampões uretrais de matriz cristalina (só encontrados em gatos machos); a neurogênica são causas teóricas. A formação de tampões uretrais de matriz cristalina em
estruvita é o mineral mais comum observado nos tampões. gatos machos pode representar um estágio intermediário entre a inflamação urinária

Ferramentas de diagnóstico e exames


(por exemplo: Cistite idiopática, cistite bacteriana) e litíase urinária.

complementares Predisposição
O diagnóstico começa com um exame de urina para determinar o pH urinário e a A DTUI ocorre mais comumente em gatos entre 4 e 10 anos de idade. A cistite
presença e tipo de cristalúria. A cultura de urina pode confirmar ou descartar idiopática e a urolitíase por estruvita se produzem normalmente em gatos com menos
infecções; menos de 1% dos gatos com menos de 10 anos com indicadores de doença de 10 anos; não existe uma predisposição por gênero ou raça. Os tampões uretrais de
do trato urinário inferior apresentam ITU bacteriana, enquanto aproximadamente matriz cristalina normalmente ocorrem em gatos com idade inferior a 10 anos. A
45% dos gatos com mais de 10 anos têm uma ITU bacteriana. Nestes casos, a infecção urolitíase por oxalato de cálcio geralmente ocorre em gatos com mais de 8 anos; gatos
é muitas vezes associada a um fator predisponente (por exemplo: DRC, diabetes de pelo comprido têm uma predisposição associada à raça, mas não existe uma
mellitus, infecção causada pelo vírus da leucemia felina [FeLV, em inglês]). A predisposição por gênero.

Modificações nos nutrientes essenciais


radiografia do abdômen é útil para determinar a presença de urólitos, porque a
estruvita e o oxalato de cálcio, que representam mais de 90% dos urólitos em gatos,
são geralmente radiodensos. Determinar a concentração de cálcio no soro é Para gatos com litíase urinária por estruvita e tampões uretrais de matriz cristalina,
importante em gatos com urólitos de oxalato de cálcio porque 20% a 35% dos gatos aumentar a ingestão de água vai ajudar a diminuir a concentração de minerais
com essas formações são hipercalcêmicos. Se a hipercalcemia está presente deve-se calculogênicos na urina. Para a dissolução, a restrição de proteínas na dieta diminui a
determinar as concentrações de cálcio ionizado (iCA) e do Paratormônio (PTH, concentração urinária de amônia; para a prevenção, o teor de proteínas na dieta deve ser
em inglês). A hipercalcemia idiopática é caracterizada por uma concentração mais moderado. Deve-se restringir fósforo e magnésio. Quanto à gordura alimentar, aumentar
elevada de cálcio total, maior concentração de iCa e baixa concentração de PTH, é a a densidade de energia diminui a quantidade de ingestão de alimentos e, dessa forma,
causa mais comum de hipercalcemia em gatos. Se existe um urólito ou tampão, este ocorre o consumo global de minerais; no entanto, a obesidade aumenta o risco de DTUI
deverá ser removido e deverá ser analisado. As imagens avançadas, tais como a e deve ser evitada. Enquanto houver a acidificação da urina, a estruvita é mais solúvel
cistoscopia, ultrassom ou uretrocistografia com contraste podem ajudar a identificar (isto é, aumenta a probabilidade de precipitação) quando o pH da urina é < 6,5 a 6,8;
urólitos ou descartar causas de DTUI. Na cistite idiopática pode ser observada por por isso, devem ser evitados alimentos alcalinos e deve-se provocar acidúria.
cistoscopia o espessamento da parede da bexiga urinária. Para a urolitíase por oxalato de cálcio, aumentar a ingestão de água vai ajudar a

Fisiopatologia
diminuir a concentração de minerais calculogênicos na urina. Deve-se evitar a
ingestão excessiva de proteínas na dieta. O aumento da densidade de energia produz
Muitas doenças geram indicadores da doença do trato urinário inferior; cistite idiopática uma diminuição na quantidade de ingestão de alimentos e, dessa forma, o consumo
e litíase urinária ocorrem mais frequentemente, especialmente em gatos com menos de total de minerais; no entanto, a obesidade aumenta o risco de DTUI e deve ser
10 anos. A Urolitíase se forma quando a urina é supersaturada com minerais que evitada. A ingestão de cálcio deveria ser moderadamente restringida (ver, por
precipitam para formar urólitos. A estruvita é um fosfato de amônio magnesiano hexa exemplo, a dieta oferecida na referência 6). Evitar a restrição de fósforo e magnésio
hidratado, tendo a solubilidade dependente das concentrações de fosfato, de amônio e na dieta. Evitar o consumo excessivo de vitaminas C e D. Quanto à alcalinização da
de magnésio e do pH da urina. A solubilidade da estruvita diminui à medida que o pH urina, o oxalato de cálcio é mais solúvel, quando o pH da urina é > 6,811; portanto,
da urina excede aproximadamente 6,8. São produzidas duas formas de estruvita: 1) devem ser evitadas dietas acidificantes e deverá ser produzido um pH da urina neutro
urólitos de estruvita induzida por infecção, formados de forma secundária a uma ITU a alcalino. Aumentar a ingestão de fibras pode ser benéfico para gatos com
provocada por um organismo bacteriano produtor de urease, normalmente hipercalcemia idiopática e urólitos de oxalato de cálcio.
Staphylococcus spp. A atividade da urease bacteriana gera alcalúria, maiores Para cistite idiopática, aumentar a ingestão de água pode ajudar a reduzir a
concentrações urinárias de amônia e alterações no estado de ionização de fosfato que recorrência de sinais clínicos.
promovem a formação de estruvita. 2) urólitos de estruvita estéril, que formam-se sem
uma infecção bacteriana e são produzidos pela supersaturação da urina com minerais
calculogênicos de estruvita e alcalúria. Alcalúria ocorre de forma secundária à onda
alcalina pós-prandial ou à persistente excreção renal de base. Urólitos de estruvita estéril
ocorrem mais comumente em gatos que a estruvita induzida por infecção; no entanto,
os gatos que formam urólitos de estruvita induzida por infecção desenvolvem ITU Ver Manejo nutricional da doença do trato urinário inferior em gatos na
causada por um organismo bacteriano produtor de urease. página 94.

90
Valores recomendados de nutrientes essenciais • As causas da cistite idiopática são desconhecidas. Do ponto de vista alimentar,

Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


aumentar o volume de urina ajuda a reduzir a reincidência em muitos gatos.

Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* Comorbidades comuns


Para gatos com urolitíase por estruvita: Urólitos de estruvita podem ser secundários às ITU causadas por bactérias produtoras de
Proteína 30–48 8–13 26 6.5
urease (estruvita induzida por infecção); no entanto, em gatos normalmente é formada

Gordura 14–28 3.5–6.5 9 2.3


sem uma infecção. Hipercalcemia idiopática ocorre em 20% a 35% dos gatos com

Fósforo 0.6–1.1 0.1–0.3 0.5 0.13


urolitíase de oxalato de cálcio. Estresse e comportamento inadequado fazem parte da
patogênese da cistite idiopática. A obesidade está associada ao aumento da incidência de
Magnésio 0.05–0.08 0.01–0.025 0.04 0.01
litíase urinária por estruvita e tampões uretrais de matriz cristalina, urolitíase por oxalato

Para gatos com urolitíase por oxalato de cálcio:


de cálcio e cistite idiopática.

Proteína 30–48 8–13 26 6.5 Estratégias para o manejo das interações


Gordura 14–28 3.5–.65 9 2.3 medicamentosas
Cálcio 0.6–1.1 0.1–0.3 0.6 0.15
Se a acidificação dietética é ineficaz em gatos com urolitíase por estruvita e tampões uretrais

Fósforo 0.6–1.1 0.1–0.3 0.5 0.13


de matriz cristalina, podem ser utilizados acidificantes urinários. Para urolitíase de oxalato

Magnésio 0.05–0.08 0.01–0.025 0.04 0.01


de cálcio, o citrato de potássio provoca um pH na urina neutro a alcalino; citrato é um
inibidor da formação de oxalato de cálcio. Deve ser dado aos gatos com hipercalcemia
Fibra #
5–16 2–4 n/d n/d
idiopática que são alimentados com uma dieta com conteúdo moderado a alto de fibras.
Os diuréticos reduzem a excreção renal de cálcio; no entanto, não há dados relacionados
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas com a segurança ou a eficácia no caso de gatos.
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
Nenhum tratamento provou ser bastante eficaz para a cistite idiopática. Analgésicos
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de ajudam os gatos a se sentir confortáveis até que os sinais clínicos sejam resolvidos de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia. Deve-se incentivar o forma espontânea. Amitriptilina pode ajudar alguns gatos com cistite idiopática
aumento do consumo de água. Usando dietas enlatados com alto teor de umidade ou com
rações suplementadas com sódio pode ajudar a aumentar a ingestão de água.
persistente ou recorrente. Pentosan polisulfito sódico é utilizado em mulheres com
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação cistite intersticial e pode ajudar alguns gatos com cistite idiopática persistente ou
Americana de controle de Alimentos (AAFCO). recorrente. A modificação farmacológica do estresse pode beneficiar alguns gatos.
#
Para gatos hipercalcêmicos, escolher uma dieta com alto teor de fibras além das

Controle
modificações detalhadas.

Princípios da alimentação coadjuvante Para os gatos que são controlados pela dissolução de urólitos de estruvita, normalmente
os urólitos de estruvita estéreis são dissolvidos entre 2 e 4 semanas, quando alimentados
Para a dissolução ou prevenção de urolitíase por estruvita e tampões uretrais de
com uma dieta para a dissolução. Os urólitos de estruvita induzidos por infecção
matriz cristalina, provocar aciduria e restringir o magnésio, as proteínas e o fósforo
normalmente são dissolvidos entre 8 e 10 semanas, quando alimentados com uma dieta
da dieta para gerar a subsaturação da urina e a dissolução dos urólitos ou cristais. Para
para a dissolução e um agente antimicrobiano adequado é administrado. Controles
a urolitíase por oxalato de cálcio, provocar um pH da urina neutro a alcalino,
mensais devem ser feitos com análise de urina e radiografias laterais do abdômen até à
restringindo o cálcio da dieta e aumentando o volume de urina. Para cistite
dissolução dos urólitos. O exame de urina deve indicar aciduria, urina diluída, sem
idiopática, aumentar o volume de urina.
n Petiscos – Para gatos com urolitíase por estruvita e tampões uretrais de matriz
cristalúria, resolução de hematúria e sem inflamação. No caso do controle para evitar
urólitos por estruvita, deve executar um exame de urina e uma radiografia abdominal
cristalina, evitar os petiscos e os medicamentos alcalinizantes. Para gatos com
lateral no mês ou dois meses após a dissolução ou remoção cirúrgica. O exame de urina
urolitíase por oxalato de cálcio, evitar os petiscos acidificantes, como aquelas que
deve indicar aciduria, urina diluída, sem cristalúria, resolução de hematúria e sem
contêm acidificantes ou ricos em proteínas, e evitar a ingestão excessiva de cálcio e
inflamação. Considerar um exame de urina a cada 4-6 meses e um raio-X de abdômen
vitamina D e C. Para gatos com cistite idiopática, evitar os petiscos alcalinizantes,
se os sinais clínicos de DTUI são apresentados.
porque podem causar cristaluria por estruvita.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Aquecer ligeiramente os alimentos a uma
Para gatos com tampões uretrais de matriz cristalina e estruvita, exame de urina
devem ser realizados no mês ou dois meses após o início da modificação da dieta.
temperatura perto da corporal, mas não acima dessa temperatura. Os agentes
Controlar procurando aciduria, urina diluída, sem cristalúria, resolução de hematúria
aromatizantes podem ser utilizados, tais como molho ou caldo.
n Recomendações para a dieta–Dietas comerciais formuladas para minimizar o risco
e sem inflamação. Considerar um exame de urina cada 4 a 6 meses e um raio-X se os
sinais clínicos DTUI aparecerem.
de formação de estruvita ou oxalato de cálcio, bem como dietas para dissolução da estruvita No caso dos gatos com urólitos por oxalato de cálcio, é necessário realizar um exame de
estão à venda para gatos com litíase urinária por estruvita, tampões uretrais de matriz urina e uma radiografia abdominal lateral no mês ou dois meses após a remoção cirúrgica.
cristalina e urolitíase por oxalato de cálcio. Dietas úmidas para gatos com cistite idiopática Verificar o pH da urina de neutro a alcalino, urina diluída, sem cristalúria, resolução de
são recomendadas. hematúria e sem inflamação. Considerar uma análise de urina cada 4 a 6 meses. Em gatos

Pontos para a educação do proprietário


com hipercalcemia idiopática, controlar o cálcio total no soro no mês, ou dois meses
depois do início da modificação da dieta e depois de cada 4 a 6 meses; radiografias
• Normalmente urólitos de estruvita ocorrem sem uma ITU bacteriana em gatos, mas abdominais são necessárias se os sinais clínicos de DTUI são apresentados.
podem se formar de maneira secundária à infecção. A modificação da dieta é importante Para gatos com cistite idiopática, exames de urina devem ser realizados no mês ou dois
para diminuir a cristalúria e a possibilidade de recorrência de urólitos e tampões uretrais. meses após o início da modificação da dieta; verificar aciduria, urina diluída, sem cristalúria,
• Cerca de um em cada cinco gatos com pedras de oxalato de cálcio têm altas resolução de hematúria e sem inflamação. Considerar um exame de urina a cada 4-6 meses
concentrações de cálcio no sangue. Modificações na dieta para reduzir a urina de cálcio e e radiografia abdominal se os sinais clínicos DTUI forem apresentados.
aumentar o pH da urina ajudam a reduzir a reincidência.

91
Urolitíase por urato - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
O ácido úrico vem de purinas endógenas e exógenas. Fontes de purinas exógenas são
nutrientes altamente celulares, tais como fontes de nutrientes à base de proteína animal.
Na urolitíase por urato, os urólitos são compostos de ácido úrico ou sais de ácido úrico; Proteínas retiradas de vísceras tem um teor de purinas particularmente alto. A amônia
o urato de amônio aparece com mais frequência. A doença pode ocorrer como origina-se a partir do metabolismo bacteriano de proteínas no cólon e a partir da
resultado de uma doença hepática, mais comumente desvio portossistêmico ou excreção da amônia pelos rins. A amônia proveniente das bactérias intestinais
displasia microvascular, ou como um defeito metabólico sem doença hepática, normalmente é metabolizada em ureia pelo ciclo hepático da ureia. Os rins excretam
geralmente em cães de raça Dálmata e Buldogue Inglês. amônia como um amortecedor para o ácido pela filtração e desaminação da glutamina.

Ferramentas de diagnóstico e exames


A restrição da ingestão de proteínas produz menos purinas, diminuição da produção

complementares
de amônia, alcalúria (o ácido úrico é mais solúvel em pH alcalino) e a diurese, que tem
como resultado a diluição de compostos calculogênicos na urina.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


Nos casos associados a um desvio portossistêmico ou displasia microvascular, achados
clínicos e laboratoriais incluem o crescimento atrofiado, microcitose, nitrogênio ureico
sanguíneo (BUN, em inglês), normal baixo ou subnormal, hiperamonemia, prova
de provocação com ácidos biliares no soro anormal, possíveis indicadores de Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
encefalopatia hepática (ptialismo, depressão, vômitos, convulsões), especialmente Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 14–17 3.0–4.0 18 5.1
associados com o ato de comer, e cristalúria por uratos. Urólitos de urato são
ligeiramente radiodensos ou radiotransparentes; a identificação requer
ultrassonografia ou urocistografia de contraste duplo. Pode ser observada A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas in-
duzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabo-
microhepatia na radiografia do abdômen ou ultrassonografia abdominal. A
lizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo
portografia com contraste pode revelar o desvio do sangue se existe presença de
um desvio. A cintilografia portal é anormal. A identificação de um desvio hepático com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
intravascular ou extravascular, se estiver presente, é feita na cirurgia.
Nos casos não associados a um desvio portossistêmico ou displasia microvascular, os
resultados podem incluir acidemia hiperúrica (cães saudáveis: 0,1-0,3 mg/dl; urolitíase
Princípios da alimentação coadjuvante
por urato, > 0,3 mg/dl, geralmente 0,8 - 1,5 mg/dl), e cristalúria por uratos. Urólitos
Para cães com urólitos de urato, mas sem doença hepática, o manejo nutricional
de urato são ligeiramente radiodensos ou radiolucentes; a identificação requer
inclui uma alimentação com conteúdo baixo ou ultra baixo de proteínas que
ultrassonografia ou urocistografia de contraste duplo. A urolitíase por uratos pode
provoquem alcalúria e diurese. As proteínas brutas (assim com se encontram)
estar associada com a dermatite miliar em cães da raça Dálmata, e a cardiomiopatia
devem ser de 11% a 16% (alimento seco) e de 3% a 4% (alimento enlatado).
dilatada em cães da raça Buldogue Inglês.
Normalmente, estas dietas também são formuladas para conter um agente
Fisiopatologia
alcalinizante, muitas vezes, o citrato de potássio. Em teoria, uma dieta vegetariana
pode ser benéfica, mas isto não está comprovado. Pode-se alimentar com uma
O ácido úrico é um metabólito do metabolismo da purina de fontes endógenas e dieta com proteínas vegetais hidrolisadas que não contenham vísceras, os quais são
exógenas. As purinas incluem bases dos ácidos nucleicos: adenina e guanina. As purinas ricos em proteínas. Os princípios do manejo nutricional são semelhantes em cães
entram no sistema metabólico das purinas e são metabolizadas em hipoxantina, a com urólitos de urato e doença hepática.
xantina em ácido úrico pela xantina-oxidase. O ácido úrico é metabolizado em n Petiscos – Pode-se oferecer petiscos com baixo teor em proteína, tais como
alantoína pela enzima uricase hepática. A alantoína é o produto final típico do carboidratos ou vegetais. Evitar petiscos ricos em proteínas, como carnes ou
metabolismo da purina em cães. queijos, ou petiscos produtores de acidúria.
Os urólitos de uratos são formados por supersaturação da urina com o ácido úrico. n Dicas para aumentar a palatabilidade – A adição de água aos alimentos pode
Com a doença hepática, diminui a conversão do ácido úrico pela enzima uricase e da aumentar a palatabilidade e produzir poliúria, que pode diluir os componentes
amônia pelo ciclo da ureia. Em cães que não têm a doença de fígado, a conversão de calculogênicos. Adicionar sal light (cloreto de potássio) pode estimular a sede causando
ácido úrico em alantoína diminui e se produz uma menor reabsorção ou maior secreção poliúria, que pode diluir os componentes calculogênicos.
de ácido úrico pelos túbulos renais proximais. n Recomendações para a dieta–São recomendadas dietas baixas ou ultra baixas em
As concentrações de ácido úrico no soro e na urina podem ser reduzidas diminuindo proteínas que sejam alcalinizantes e que provoquem diurese, tais como as dietas para
o consumo de purinas (proteínas) da dieta. A restrição da ingestão de proteínas também insuficiência renal e dietas para insuficiência renal avançada. Alimentar para manter o
diminui a produção de amônia. Urólitos de urato são geralmente formados na urina peso e o escore de condição corporal (ECC).
ácida; a queda no consumo de proteína na dieta provoca alcalúria.
Pontos para a educação do proprietário
Predisposição Para cães sem doença hepática:
Cães jovens, especialmente os de raças pequenas (por exemplo: Yorkshire Terrier, • Urólitos de urato são formados devido a uma anomalia congênita do metabolismo
Schnauzer miniatura), têm a predisposição típica para formar urólitos de urato do ácido úrico.
secundariamente a uma doença hepática congênita. Cães das raças Dálmata e Buldogue • Urólitos de urato são altamente recorrentes sem uma mudança na dieta e,
Inglês têm uma maior incidência de formação de urólitos de urato sem doença hepática possivelmente, a administração de alopurinol, um inibidor da xantina oxidase,
congênita. Urólitos de urato ocorrem mais comumente em cães machos, com maior diminui a quantidade de ácido úrico na urina.
prevalência em cães de 1 a 5 anos. • Dietas formuladas para tratar urólitos de urato são eficazes, mas não 100%.
• Os petiscos, mesmo em pequenas quantidades, podem causar a recorrência de
urólitos; devem ser oferecidas com moderação.
Para os cães com doença hepática:
• Urólitos de urato são formados devido a uma doença hepática subjacente.

92
• O tratamento da doença hepática, especialmente a correção cirúrgica de um vaso Controle
sanguíneo unindo o fígado, muitas vezes é curativo. Cães com urólitos de uratos sem doença hepática devem ser controlados mensalmente
• Em outros cães, o tratamento medicamentoso para a doença hepática muitas vezes durante a diluição com ultrassom abdominal ou cistografia de duplo contraste e exame
ajuda a prevenir a recorrência ou a formação de urólitos de urato. de urina (o pH deverá ser alcalino, a gravidade específica deverá ser diluída, a cristalúria

Comorbidades comuns
deverá estar ausente). Para a prevenção, durante os primeiros 6 meses após a dissolução
ou remoção cirúrgica de urólitos, realizar exame de urina a cada mês ou dois meses (o
Em cães com doença hepática congênita e urolitíase por uratos é observada a pH deverá ser alcalino, a gravidade específica deverá ser diluída, a cristalúria deverá
hepatoencefalopatia e a insuficiência hepática. A cardiomiopatia dilatada foi associada estar ausente). Considerar o controle do BUN já que a baixa ingestão de proteínas
à urolitíase por uratos em cães das raças Bulldog Inglês e Dálmatas. Cães de raça deverá produzir um decréscimo na sua concentração. Recomenda-se um ultrassom
Dálmata com urólitos de urato, muitas vezes, apresentam dermatite miliar. do abdômen ou uma cistografia de duplo contraste cada 6 meses e 12 meses. Se não

Estratégias para o manejo das interações


houver reincidência, considerar um exame de urina de controle a cada 4-6 meses a

medicamentosas
partir daí, a menos que exista recorrência de sinais clínicos.
Cães com urólitos de urato e doença hepática, se for possível a correção cirúrgica
do desvio porto vascular, não precisarão de mais controles, já que a cirurgia do
O inibidor de xantina-oxidase alopurinol reduz por inibição competitiva a conversão
desvio deve eliminar a recorrência de urólitos de urato. Se a correção cirúrgica não
da hipoxantina em xantina e da xantina em ácido úrico, e, assim, reduz a concentração
for possível, os controles dependem da gravidade dos sinais clínicos e da resposta
de ácido úrico na urina. A dose para a dissolução de urólitos de uratos é de 15 mg/kg
ao tratamento. O monitoramento deve ser realizado com exame de urina e exames
por via oral (PO) a cada 12 horas; para a prevenção, se usado, pode ser administrado
de sangue a cada 3 a 6 meses.
7-10 mg/kg PO, a cada 12 a 24 horas. A complicação mais comum é a cristalúria por
xantina e a formação de urólitos; ocasionalmente pode causar dermatite. A xantina
Ver Manejo nutricional da urolitíase por uratos em cães na página 95.
oxidase não é eficaz em cães com doença hepática.
O agente alcalinizante urinário: citrato de potássio aumenta a solubilidade do ácido
úrico na urina e a excreção urinária da amônia diminui. Em cães com urólitos de uratos
secundários à doença hepática congênita com hiperamonemia e acidemia hiperúrica,
pode-se precisar de antibióticos (por exemplo: neomicina, amoxicilina) para diminuir
a contagem de bactérias intestinais e/ou lactulose como fim de reduzir a absorção da
amônia a partir do trato intestinal. Outros tratamentos a serem considerados incluem
S-adenosilmetionina (SAM), vitamina E Silybum Marianumou silimarin.

Prevenção da urocistolitíase por uratos em cães

Sem urólitos:
Dieta: purinas restritas, alcalinizante urinário

A cada 1-2 meses:


Exame de urina
Cistografia de duplo contraste ou ultrassonografia

Recorrência Sem recorrência por 6 meses

Veja algoritmo de tratamento, Avaliar a cada 2 - 4 meses


na página 107

93
Manejo nutricional da doença do trato urinário inferior em gatos

O gato não apresenta manifestações clínicas de DTUI não obstrutiva O gato apresenta sinais clínicos
de DTUI obstrutiva

Idade: < 10 anos Idade: > 10 anos Tratar a obstrução uretral

Considerar o exame de urina, radiografia Considerar base de dados mínima completa, sensibili- Considerar a base de dados mínima
abdominal lateral dade e cultura de urina, radiografia abdominal lateral completa, sensibilidade e cultura de
urina, radiografia abdominal lateral

Sem hematúria Hematúria Hematúria Hematúria Hematúria


Hematúria Urólitos
Sem urólitos Sem urólitos Sem infecção Infecção Sem infecção Hematúria Hematúria
Sem urólitos Sem urólitos Urólitos Sem urólitos Urólitos

Comportamental Cistite idiopática Urolitíase


Cistite idiopática ITU bacteriana Urolitíase Tampões uretrais
Urolithiasis
de matriz cristalina

Dieta úmida e Manejo


maior ingestão de nutricional
dependente da Dieta úmida e Manejo Manejo
água podem ser maior ingestão de Manejo
composição nutricional nutricional
benéficos água podem ser nutricional
mineral (ver dependente da frequentemente
benéficos dirigido para a dependendo da
texto) composição
prevenção de composição
mineral (ver texto)
estruvita (mineral mineral (ver texto)
mais comum).
Dietas úmidas
podem ser
benéficas

94
Manejo nutricional da urolitíase por urato em cães

Disúria, palaquiúria, hematúria

Sem obstrução uretral Obstrução uretral

Cistografia de duplo contraste Urohidropropulsão retrógrada


Uretrografia

Tamanho e quantidade de urólitos

Menor que o diâmetro uretral distendido Maior que o diâmetro uretral distendido
Urohidropropusão por micção

Tratamento de dissolução: Cistotomia e cistografia de duplo contraste


Não foram extraídos
Foram extraídos todos os 1. Dieta: purinas restritas
todos os urólitos
urólitos, seguir o algoritmo e alcalinizante urinário
de prevenção pag. 93 2. Alopurinol 15 mg/kg,
Não foram extraídos Foram extraídos todos os
PO, a cada 12 horas.
todos os urólitos urólitos, seguir o algoritmo de
prevenção pag. 93

4 semanas:
• Exame de urina
• Cistografia de duplo contraste

Sem presença de urocistolitos Presença de urocistólito


Veja o Algoritmo de prevenção pag. 93

Diminuição no tamanho e/ou Inalterado ou aumento de


quantidade. tamanho ou quantidade
Continuar o tratamento

Não foram extraídos urólitos Foram extraídos urocistolitos e


Cistotomia foram analisados
Cistografia de duplo contraste

Suspender alopurinol, Urato:


Urólitos Sem urólitos continuar a dieta, esperar aumento das
Veja o 1-2 meses, repetir doses de
Algoritmo de cistografia de duplo alopurinol 10-
prevenção contraste, extrair urólitos 25%
pag. 93 e analisá-los

95
Diabetes mellitus e doença renal - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN quantidade de proteína necessária para controlar a azotemia. Portanto, as dietas baixas em

Definição
CHO e fósforo e moderadas em proteínas devem ser adequadas para a maioria dos casos.

No diabetes mellitusdos gatos as concentrações de glicose no sangue não se mantém em Valores recomendados de nutrientes essenciais
valores normais, como um resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
pâncreas. A doença renal consiste na anormalidade da função renal com redução da

Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*


taxa de filtração glomerular (TFG) e, possivelmente, a capacidade de concentrar a urina

Proteína 30–35 6–8 26 6.5


sem azotemia. A insuficiência renal é a anormalidade na função renal com menor TFG,
concentração da urina e azotemia leve. A falha renalconsiste em uma azotemia severa
associada a algumas ou a todas as manifestações sistêmicas da uremia. Para mais Gordura 15–30 4–9 9 2.3
Carboidrato 15–35 3–6 n/d n/d
informações sobre diabetes em gatos, consultar as páginas 30-31; Para mais informações

Fósforo 0.3–0.5 0.07–0.12 0.5 0.13


sobre a doença renal em gatos, consultar as páginas 86-87.

Ferramentas de diagnóstico e exames


complementares A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
A hiperglicemia persistente durante mais de 2 dias é indicativa de diabetes como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
mellitus. A doença renal é avaliada por uma gravidade específica da urina de 1,014 energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
ou menos e maior creatinina no soro. Estas doenças têm sinais clínicos
concorrentes de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso. Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Fisiopatologia
Acredita-se que mais de 80% dos gatos tenham diabetes mellitus tipo II, que é uma Princípios da alimentação coadjuvante
deficiência relativa de insulina, porque a quantidade de insulina realmente secretada, Os objetivos do tratamento do diabetes em gatos são evitar episódios hiperglicêmicos
na verdade, pode ser maior, menor ou normal, mas é sempre inadequada em relação e hipoglicemia induzida por insulina e otimizar a possibilidade de alcançar a remissão
aos níveis de glicose no soro. O diabetes mellitus é caracterizada pela resistência do diabetes. Geralmente é recomendado alimentar os gatos diabéticos duas vezes por
periférica à insulina combinada com células beta disfuncionais. A incidência da dia, no momento das injeções de insulina, embora seja aceitável fornecer porções de
doença renal aumenta com a idade e, geralmente, está associada com a lesão e a morte alimentos menores com mais frequência.
das células do rim. A disfunção ocorre em uma ou mais categorias de função renal: Ainda é incerto qual perfil de alimentos (alto teor de fibras vs. baixo conteúdo de
filtração glomerular, seletividade da membrana, concentração da urina, reabsorção carboidratos) proporciona um controle glicêmico ideal. Fornecer alimentos com baixo
tubular ou função endócrina. A nefropatia diabética como se observa em pessoas não teor de carboidratos está associado a uma taxa de reversão de diabetes clínico ao estado
é bem reconhecida em gatos. de não insulino-dependente três vezes maior em comparação com tal índice, ao fornecer

Predisposição
alimentos ricos em fibras. No entanto, a reversão também ocorre ao se alimentar com a
opção de alto teor de fibras e o controle da glicose não é significativamente diferente em
O diabetes mellitus afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente gatos que permanecem insulino-dependentes. Além disso, o tratamento dietético de
diagnosticado em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e comorbidades também deve ser considerado quando forem escolhidas dietas para
13 anos), sem predileção por qualquer raça em particular. A doença renal ocorre em pacientes diabéticos.
todas as faixas etárias, mas é mais comumente vista em gatos com idade superior a 10 anos Os objetivos do tratamento da doença renal são minimizar a azotemia e as
(7,7% dos casos), e ainda mais em maiores de 15 anos (15,3% dos casos). Em um anormalidades eletrolíticas. Os gatos devem ser alimentados com uma dieta úmida
relatório, a doença renal foi reconhecida mais do que o dobro das vezes em raças Maine para aumentar a ingestão de água fortificada com vitaminas B e antioxidantes. A
Coon, Abissínio, Siamese, Russian Blue e Birmaneses. ingestão de sódio e potássio deve ser modificada de acordo com cada indivíduo em

Modificações nos nutrientes essenciais


particular, mas uma dieta com agentes alcalinizantes ajudará a controlar a acidose.
Normalmente gatos funcionam melhor com várias pequenas porções (quatro a seis
por dia) para minimizar a carga pós-prandial renal.
n Petiscos – É importante manter uma baixa ingestão de carboidratos, proteínas e
As dietas de baixo teor em carboidratos (CHO) solúveis (< 20% de matéria seca [MS])
são consideradas melhores para o tratamento do diabetes mellitus. Entre os grãos
sugeridos por terem um índice glicêmico mais baixo em gatos, incluem-se o milho, o fósforo. Os exemplos adequados incluem porções da dieta recomendada para o gato
ou partículas de dietas comparáveis.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A transição para passar da dieta habitual para
sorgo, a aveia e a cevada. Ao limitar-se os CHO da dieta, a glicose no sangue é mantida
principalmente a partir das proteínas da dieta usando a gliconeogênese hepática, que
libera glicose na circulação em um ritmo lento e constante. Gatos exigem proteínas de uma dieta adequada para diabéticos deve durar entre 5 a 14 dias; um período mais longo,
alta qualidade (≥ 30% MS e > 85% digestível) de alto valor biológico. no caso de gatos mais resistente a mudanças. A palatabilidade geralmente aumenta com
A base do tratamento dietético da doença renal é reduzir os produtos de resíduos o aumento da temperatura, da água e dos nutrientes: gordura, proteína e sal. Aquecer
nitrogenados, portanto, recomenda-se evitar uma quantidade excessiva (30 - 35% MS) ligeiramente (microondas) os alimentos ou aquecer ligeiramente a comida úmida.
de proteínas. A ingestão de proteínas na dieta deverá ser modificada para minimizar a Adicionar caldo de frango morno ou carne (baixo teor de sal), água ou óleo de peixes
enlatados (sardinha, atum, cavala), se necessário, para realçar o sabor.
n Recomendações para a dieta – Os valores de nutrientes recomendados nas dietas
azotemia. Aumentar a qualidade das proteínas diminui a desaminação de aminoácidos
não essenciais, e, assim, diminui a produção de resíduos nitrogenados. Demonstrou-se que
a restrição de fósforo na dieta (0,3 - 0,5% de MS) retarda a progressão da doença renal. As para gatos diabéticos com doenças renais são < 35% de CHO, 30% de proteínas e 30%
frações de CHO, de gordura e de fibra podem ser modificadas para permitir a menor de gordura com < 0,5% de fósforo no MS. Os gatos devem ser alimentados para manter
ou atingir o peso corporal ideal. Normalmente, alimentos enlatados são mais palatáveis,
a
contêm mais água e gordura, e menos CHO que a partícula de alimento seco.
a O CHO solúvel (principalmente amido) é calculado como extratos não nitrogenados
Considerar uma dieta caseira formulada especificamente para atender às diversas
(ENN,) enquanto o CHO como fibra está documentado como fibra bruta
necessidades alimentares se os produtos comerciais forem ineficazes.

96
Pontos para a educação do proprietário
ainda podem receber alimentos para diabéticos com baixo-CHO e rico em proteínas.
Outras comorbidades comuns são: cistite e infecções bacterianas do trato urinário,
• Administrar as injeções de sinsulina imediatamente após as refeições com intervalos hiperlipidemia (mudança para um alimento para diabéticos com menor teor de gordura
de 12 horas. Recomenda-se que apenas alimentos projetados para gatos diabéticos com e baixo teor de CHO), distúrbios endócrinos (HAC, acromegalia) e doenças induzidas
baixo teor de fósforo sejam fornecidos, e que o alimento seja obtido a partir de uma por fármacos (glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia induzida por estresse
fonte confiável, para garantir o controle de qualidade e consistência do produto. associada com a doença, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.

Estratégias para o manejo das interações


• Os gatos podem tornar-se não insulino-dependentes, por isso, é essencial

medicamentosas
controlar rigorosamente.
• Os gatos podem comer pequenas porções entre as doses de insulina, se toleradas.
• Gatos com indicadores leves a moderados de hipoglicemia como fraqueza, tremores Primeiro deve-se tentar normalizar os níveis séricos de fósforo, alimentando com uma
e cambaleios, que ainda podem comer devem ser alimentados imediatamente com um dieta baixa em fósforo por 2-4 semanas antes de adicionar os quelantes de fosfato
tipo de dieta renal. Se os indicadores forem graves, como convulsões ou coma, pode-se intestinal. A acarbose é um suplemento para tratar gatos diabéticos com doença renal
esfregar suas gengivas com um xarope de glicose concebido para os seres humanos avançada, que são alimentados com uma dieta com restrição de proteínas. É menos
diabéticos e os proprietários deverão procurar imediatamente assistência veterinária. eficaz em gatos que comem diversas pequenas porções por dia.

Comorbidades comuns Controle


Comorbidades são comuns em gatos diabéticos com doença renal. Para os gatos que As concentrações de glicose e cetonas no sangue e na urina precisam ser controladas
também estão com sobrepeso ou obesos, fornecer um alimento rico em fibras e pobre para determinar o nível do controle glicêmico, em conjunto com a análise de rotina do
em carboidratos. A sensibilidade à insulina pode retornar como diminuição da sangue e gravidade específica da urina para controlar a progressão da doença renal.
adiposidade. Os gatos que também apresentam pancreatite ou câncer (adenocarcinoma) Controlar o peso corporal e modificar a ingestão de energia para atingir o peso ideal.

Manejo nutricional de diabetes mellitus em gatos com creatinina > 2,0

Glicose no sangue 215-250 mg / dl (12 a 14 mmol Glicose no sangue 270-340 mg / dl (15 a 19 mmol / l) em Glicose no sangue > 360 mg / dl (> 20 mmol / l) e
/ l) de 3 - 4 vezes com um mínimo de 4 horas de duas ocasiões, pelo menos com 4 horas de intervalo e sinais clínicos de poliúria, polidipsia
intervalo e durante 2 dias sinais clínicos de poliúria, polidipsia e perda de peso e perda de peso

Alimentar com uma dieta renal formulada para Alimentar com uma dieta renal formulada para
Alimentar com uma dieta renal formulada gatos diabéticos com baixo (< 35% MS) teor de gatos diabéticos com baixo (< 35% MS) teor de
para gatos diabéticos com baixo (< 35% carboidratos, baixo (< 30% MS) teor de proteínas carboidratos, baixo (< 30% MS) teor de proteínas
MS) teor de carboidratos, baixo (< 30% MS) < 0,5% MS de fósforo. < 0,5% MS de fósforo.
teor de proteínas e < 0,5% MS de fósforo. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar
Alimentar até o nível de REM do PC atual. com a insulina glargina 1-2 U /kg do gato duas com a insulina glargina 0,25 - 0,5 U/kg do peso
vezes por dia (BID). corporal ideal duas vezes por dia (BID).

Está normalizada a glicose no A glicose no sangue permanece Controlar a glicose no sangue com medições em série:
sangue e a dieta de alimentação 215-250 mg / dl (12 a 14 Medir a glicose no sangue antes da injeção de insulina e a cada 3 - 4 horas até a próxima vez, antes da insulina. Ao
mmol / l) longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da concentração de glicose no plasma
55 - 120 mg / dl (3,0 a 6,5 mmol / l). Continuar alimentando com uma dieta baixa em carboidrato e fósforo.
Alimentar até o nível do REM do PC atual.
O fósforo está aumentando?
Comece com insulina glargina,
0,5 U/gato uma vez por dia
SIM NÃO Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), reduzir a dose a cada 1 - 2
(SID) ou em dias alternados
(EOD) para manter o menor semanas até que a dose seja 0,5 U / gato uma vez por dia (SID) ou menos.
Adicionar Novos ponto de glicose no plasma 55-
quelante de controles 120 mg/dL (3,0 a 6,5 mmol/L).
fosfato uma vez Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), e a dose é 0,5 U /gato uma vez por dia
por mês (SID) ou menos.
Reiniciar insulina durante pelo
menos duas semanas Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta pobre em carboidratos e pobre em fósforo.

Aumentar glicemia > 215 mg /


dl ( > 12 mmol / l) A glicose no sangue permanece < 215 mg / dl (12 mmol /l) durante 2 semanas = não insulino-dependente
(remissão da diabetes).
Continuar alimentando com a dieta baixo conteúdo de carboidratos e pobre em fósforo.

97
Diabetes mellitus e obesidade - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Nodiabetes mellitus dos gatos as concentrações de glicose no sangue não podem manter Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
os valores normais, como resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do Proteína 35–60 8–17 26 6.5
Gordura 6–20 2.5–5 9 2.3
pâncreas. A obesidade é definida qualitativamente como o excesso de gordura corporal

Carboidrato 5–25 1.5–6 n/d n/d


suficiente para contribuir para a doença. Para mais informações sobre diabetes em gatos,
consultar as páginas 30-31; para mais informações sobre sobrepeso e obesidade em gatos,
consultar as páginas 36-37. Fibra 5–12 2–4 n/d n/d

Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
complementares percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
Hiperglicemia persistente durante mais de 2 dias é indicativo de diabetes mellitus. acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Sinais clínicos concorrentes de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
são comuns, ainda que o gato possa estar acima do peso. Gatos com excesso de peso
(pontuação de escore de condição corporal (ECC) 6/9 ou 7/9) possuem 25% e
Princípios da alimentação coadjuvante
30% de gordura corporal, respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35%
Os objetivos do tratamento do diabetes em gatos são evitar os episódios hiperglicêmicos
de gordura, enquanto os gatos obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de
e hipoglicemia induzida por insulina e otimizar a possibilidade de alcançar a remissão
gordura (ver Apêndice I).
do diabetes. Para o controle do peso são usados alimentos com baixo teor de gordura e
Fisiopatologia
ricos em fibras para reduzir a ingestão calórica e peso corporal durante a tentativa de
manter a saciedade. Estas duas estratégias de dieta não são excludentes.
Hiperglicemia persistente durante mais de 2 dias é indicativo de diabetes mellitus. Sinais Alimentos enriquecidos com fibras originalmente projetados para o controle do
clínicos concorrentes de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso são comuns, peso (3,5 kcal/g MS) são adequados para redução de peso e controle glicêmico em
ainda que o gato possa estar acima do peso. Gatos com excesso de peso (pontuação de gatos com excesso de peso. Os gatos podem regular sua ingestão de alimentos e
escore de condição corporal (ECC) 6/9 ou 7/9) possuem 25% e 30% de gordura estes alimentos têm baixa densidade calórica. Pode ser mais fácil conseguir cumprir
corporal, respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35% de gordura, enquanto com o objetivo administrando um maior volume de alimentos (por exemplo,
os gatos obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de gordura (ver Apêndice I). alimentos fortificados: fibras).

Predisposição
Entre os grãos com baixo índice glicêmico no gato que também adicionam fibras à dieta
estão: sorgo, aveia e cevada. A reversão ao status de não insulino-dependente, também
Diabetes mellitus afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente foi causada pela alimentação com a opção de alta fibra e, para os gatos que permanecem
diagnosticado em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e insulino-dependentes, o controle glicêmico não é significativamente diferente daqueles
13 anos), sem predileção por qualquer raça particular; é a mesma população com maior alimentados com dietas baixas em fibras. Portanto, os alimentos com baixo CHO, alto
risco de obesidade. teor de proteínas, baixo teor de gorduras e fibras moderadas são adequados para a perda

Modificações nos nutrientes essenciais


de peso e controle da glicose no sangue em gatos diabéticos com sobrepeso.
n Petiscos–É importante manter uma ingestão baixa e constante de carboidratos;
As dietas com baixo teor em carboidratos (CHO) solúveis (< 20% de matéria seca devem ser evitados os petiscos com alto teor de CHO. Os exemplos adequados
[MS]) são consideradas melhores para o tratamento do diabetes mellitus. Ao se reduzir incluem a ração habitual do gato com baixo teor de CHO e teor de fibra moderada
a porção de CHO, proteínas, gorduras, fibras, ou qualquer combinação dos mesmos, ou petiscos caseiros de carne magra desidratada com muito pouca ou nenhuma
deve-se aumentar para compensar a diferença. É logico substituir os carboidratos com gordura. As calorias fornecidas nos petiscos devem ser parte da ingestão diária de
a proteína, em vez de gordura em gatos com excesso de peso, uma vez que se sabe que a energia calculada (carne branca [frango], carne de animais selvagens, petiscos de
gordura dietética aumenta a resistência à insulina e diminui a tolerância à glicose. As carne desidratada com pouca ou nenhuma gordura).
dietas baixas em CHO com baixo teor em gordura e teor calórico, mas com maior teor n Dicas para aumentar a palatabilidade –A transição para passar da dieta habitual para
de proteínas e fibra podem ser usadas para a perda de peso em gatos diabéticos. a dieta adequada ao diabético deve durar entre 5 a 14 dias; um período mais longo, no
Gatos diabéticos que perdem adiposidade requerem níveis adequados de proteínas ( ≥ caso dos gatos mais resistentes à mudança. A palatabilidade geralmente é incrementada
30% MS e > 85% digestível) de alto valor biológico para manter a massa magra. Dietas com o aumento da temperatura, a água e os nutrientes: gordura, proteína e sal. Aquecer
baixas em calorias e ricas em fibras proporcionam níveis de proteínas similares aos ligeiramente (microondas) o alimento enlatado e/ou adicionar caldo morno de frango
alimentos com baixo conteúdo de carboidratos e alto conteúdo de proteínas como um ou carne (+/- sódio) para melhorar o sabor do alimento seco.
percentual de energia metabolizável (EM). As fibras colaboram com o controle n Recomendações para a dieta–Os valores dos nutrientes nas dietas recomendadas
glicêmico para promover uma lenta e contínua absorção gastrointestinal de glicose após para os gatos diabéticos com excesso de peso são ~ 15% de CHO, ~ 55% de proteína
as refeições. Uma dieta com quantidades moderadas de fibras mistas (5% - 12% MS) ~ 10% de gordura e 5% a 10% de fibras em matéria seca (MS). Os gatos devem ser
também funciona com o gerenciamento do peso. Portanto, as dietas com baixo teor de alimentados ao nível de exigência de energia de manutenção (REM) do peso atual,
CHO e gorduras com ≥ 30% de proteínas devem ser adequadas para a maioria dos enquanto mudanças na dieta e, em seguida, diminuir a ingestão diária de alimentos em
gatos diabéticos com sobrepeso. 25 kcal para perder entre 0,5% e 1% do peso corporal por semana até um ECC de 5/9
ou 6/9 (ver Apêndice III). Considerar uma dieta caseira formulada especificamente
para atender às necessidades alimentares se os produtos comerciais forem ineficazes.

Pontos para a educação do proprietário


• Oferecer as refeições, no momento da injeção de insulina com intervalos de 12 horas.
aO CHO solúvel (principalmente amido) é calculado como estrato não nitrogenado
(ENN,) enquanto o CHO como fibra está documentado como fibra bruta.
Recomenda-se que somente sejam fornecidos alimentos concebidos para gatos diabéticos

98
obesos, e que seja obtido a partir de uma fonte confiável para garantir o controle de devido a inflamação crônica de baixo grau e estresse oxidativo, lesões ortopédicas (distensão
qualidade e consistência do produto. do ligamento cruzado) devido ao excesso de peso, cistite bacteriana e cistite relacionadas
• Os gatos podem tornar-se não insulino-dependente, a medida que perdem peso, com cristais, hiperlipidemia e lipidose hepática, e dermatite não alérgica devido à
portanto, é essencial o controle rigoroso. incapacidade de limpar a si próprio corretamente.

Estratégias para o manejo das interações


• O proprietário deve reconhecer a obesidade do gato e, em seguida, ser capaz de
controlar a ingestão de calorias para que o programa de perda de peso tenha sucesso.
Outra chave para o sucesso é um projeto flexível, com acompanhamento regular
medicamentosas
ao proprietário.
A lipidose hepática é rara em gatos alimentados com menos calorias para perda de peso,
• São bem-sucedidos os programas que incluem mudanças na dieta, porções medidas
desde que o gato coma a totalidade da ração diária. Se o gato se recusa a comer a dieta para
do alimento (o ideal é usar uma balança que indique gramas), e controles regulares de
perder peso por 24 horas, a possibilidade de hipoglicemia aumenta se o tratamento com
peso corporal por uma equipe de médicos veterinários para cuidados da saúde. A perda
insulina continua. Gatos diabéticos que recebem insulina devem ser cuidadosamente
de peso é um processo lento e constante que pode levar de 12 a 18 meses para atingir
monitorados, uma vez que as necessidades de insulina diminuem à medida que a se
o peso desejado.
produz a perda de peso e a sensibilidade à insulina retorna. Os gatos que receberam a

Comorbidades comuns
medicação baseada no peso corporal devem ser cuidadosamente monitorados para a
alteração da dose.
Comorbidades são comuns em gatos diabéticos obesos. Os gatos podem também
apresentar pancreatite ou câncer (adenocarcinoma) ainda podem receber alimentos para
Controle
diabéticos com baixo teor de CHO e moderados em fibra. Outras comorbidades são
As concentrações de glicose e cetonas no sangue e na urina têm de ser monitoradas
insuficiência renal (mudança para um alimento para diabéticos com menor teor de
para determinar o nível de controle glicêmico. A insulina exógena é administrada
fósforo), cistite e infecções bacterianas do trato urinário, hiperlipidemia (mudança para
com uma dieta baixa em CHO para controlar as concentrações de glicose no
um alimento para diabéticos com menos gordura, se possível), endocrinopatia
sangue, e é ajustada em conformidade para manter a concentração de glicose no
(hiperadrenocorticismo, acromegalia) e doenças induzidas por medicamentos
sangue o mais próximo ao normal.
(glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia associada com a doença induzida por
O peso corporal ideal pode ser determinado mais facilmente ao se registrar o peso corporal
stress, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.
e o ECC. É recomendável a realização de exames físicos e verificações de peso numa base
Uma pesquisa recente sugere a existência de um mecanismo para a ligação entre o excesso
mensal, enquanto se conversa sobre o regime alimentar diário e as medições do alimento.
de peso do corpo e muitas doenças. Hoje a obesidade é vista como um estado pró-
São essenciais mudanças comportamentais para alimentar o gato. Devem ser levantados
inflamatório crônico que produz fatores geradores de estresse oxidativo. Aparentemente,
os problemas logísticos da alimentação dentro da família (por exemplo: casa com vários
o tecido adiposo, anteriormente considerado fisiologicamente inerte, é um ativo produtor
gatos, internados, membros da família, visitantes). Deve-se mudar de alimentos e
de hormônios como a leptina e a resistina, e numerosas citocinas. Um tema de interesse
modificar a ingestão de calorias conforme as necessidades. Os proprietário devem ser
são citocinas pró-inflamatórias do tecido adiposo (adiponectinas), o fator de necrose
encorajados a desenvolver atividades que fortaleçam o vínculo sem que estejam
tumoral α (TNF-α, em inglês) e as interleucinas 1β e 6. As doenças relacionadas com a
relacionadas à alimentação.
obesidade são a osteoartrite, cistite idiopática, doenças cardiovasculares e pancreatite
Manejo nutricional de diabetes mellitus em gatos com ECC > 6/9
Glicose no sangue 215-250 mg / dl (12 a 14 Glicose no sangue 270-340 mg / dl (15 a 19 mmol / l) em 2 Glicose no sangue > 360 mg / dl ( > 20 mmol / l)
mmol / l) de 3 - 4 vezes com um mínimo de ocasiões, com pelo menos 4 horas de intervalo e sinais e sinais clínicos de poliúria, polidipsia
4 horas de intervalo e durante 2 dias clínicos de poliúria, polidipsia e perda de peso e perda de peso

Alimentar com uma dieta formulada para gatos Alimentar com uma dieta formulada para gatos diabéticos com
Alimentar com uma dieta formulada para gatos diabéticos com
diabéticos com sobrepeso com baixo (< 25% MS) sobrepeso com baixo (< 25% MS) teor de carboidratos, e
sobrepeso com baixo (< 25% MS) teor de carboidratos, e
teor de carboidratos, e moderado (5-12% MS) teor de moderado (5-12% MS) teor de fibras.
moderado (5-12% MS) teor de fibras.
fibras. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar com a
Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar com a insulina
insulina glargina 0,25 - 0,5 U/kg do peso corporal ideal duas
glargina 1-2U/kg do peso do gato duas vezes por dia (BID).
vezes por dia (BID).
É normalizada a glicose no A glicose no sangue permanece 215-
sangue e a dieta de alimentação 250 mg / dl (12 a 14 mmol / L) Medir a glicose no sangue antes da injeção de insulina e a cada 3 - 4 horas até a próxima vez, antes da insulina. Ao
longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da concentração de glicose no plasma 55-
120 mg / dL (3,0 a 6,5 mmol / L). Continuar alimentando com uma dieta baixa em carboidrato e moderada em
fibras. Alimentar a nível do REM do PC atual.
Perda de peso Começar com insulina glargina 0,5
suficiente? U/gato uma vez por dia (SID) ou Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dL (< 12 mmol / L), reduzir a dose a cada 1 - 2 semanas até
em dias alternados (EOD) e aumen- que a dose seja 0,5 U/gato uma vez por dia (SID) ou menos.
NÃO SIM tar ou diminuir para manter o
menor ponto de glicose no plasma
Diminuir a Controlar 55-120 mg/dL (3,0 a 6,5 mmol/L). Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dL (< 12 mmol / L), e a dose é 0,5 U/gato
alimentação uma vez uma vez por dia (SID) ou menos.
de 25 kcal por mês Reiniciar insulina durante
por dia e pelo menos duas semanas Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta pobre em carboidratos e
controlar
moderado de fibras.
uma vez por
mês
Aumentar glicemia >
215 mg / dL A glicose no sangue permanece < 215 mg / dL (12 mmol / L) durante 2 semanas = não insulino-dependente
(> 12 mmol / L) (remissão da diabetes).

99
Diabetes mellitus e cistite relacionada com cristais - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
No diabetes mellitus dos gatos as concentrações de glicose no sangue não se mantém em Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 40–60 10–17 26 6.5
níveis normais como um resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do

Gordura 15–30 3.5–6 9 2.3


pâncreas, com e sem resistência periféria à insulina. Os gatos com doença do trato urinário
inferior apresentam hematúria, estrangúria e polaquiuria sem uma causa identificável.
Para mais informações sobre diabetes em gatos, consultar as páginas 30-31; para obter mais Carboidrato 10–35 3–7 n/d n/d
informações sobre a doença do trato urinário em gatos, consultar as páginas 90-91.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas

Ferramentas de diagnóstico e exames


induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
complementares metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
A hiperglicemia em duas ou três medições consecutivas de glicose no sangue * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
tomadas pelo menos com 4 horas de intervalo durante 2 dias é indicativo de diabetes Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Princípios da alimentação coadjuvante


mellitus. São comuns sinais clínicos concorrente de poliúria, polidipsia e histórico
de perda de peso. Os gatos raramente são cetonúricos, mas podem apresentar
glicosúria e cetonemia. As concentrações de frutosamina entre 400 e 500 µmol/l Os objetivos do tratamento da diabetes em gatos são evitar os episódios
são indicadoras de diabetes, enquanto concentrações maiores do que 500 µmol/l hiperglicêmicos e hipoglicemia induzida por insulina e otimizar a possibilidade de
estão altamente associadas com a diabetes. Os sinais clínicos de estrangúria e alcançar a remissão da diabetes. Recomenda-se geralmente alimentar gatos
polaquiuria com uma uroanálise positiva (pH, gravidade da urina, sangue, cristais, diabéticos duas vezes por dia ao momento da injeção de insulina, embora seja
bactérias) são indicadores de doença do trato urinário inferior (DTUI). aceitável fornecer alimentos em porções menores com mais frequência.

Fisiopatologia
Ainda é incerto qual perfil dos alimentos (alto teor de fibras vs. baixo teor de carboidratos)
proporciona um controle glicêmico ideal. Fornecer alimentos com baixo teor de
Acredita-se que mais de 80% dos gatos com diabetes apresentam diabetes mellitus carboidratos está associado com uma taxa de reversão de diabetes clínicas a um estado de
tipo II, a qual consiste em uma deficiência relativa de insulina, porque a quantidade não insulino-dependente três vezes maior em comparação com o índice ao se fornecer
de insulina segregada, na verdade, pode ser maior, menor ou normal, mas é sempre alimentos ricos em fibras. No entanto, a reversão também é causada pela opção de
inadequada para os níveis de glicose no soro. A DTUI é uma síndrome de sinais alimentar com alto teor de fibra e o controle da glicose não é significativamente diferente
clínicos com uma série de etiologias. As causas da cistite (idiopáticas, bactérias, cristais) em gatos que permanecem insulino-dependentes. Além disso, o tratamento dietético
são diferentes em gatos de todas as idades. Os gatos com cistite relacionada com das comorbidades também deve ser considerado na escolha de dietas para diabéticos.
oxalato de cálcio devem ser controlados para verificar a presença de hipercalcemia. Gatos diabéticos com cistite relacionada com cristais devem ser alimentados com dietas

Predisposição
úmidas para diabéticos. Os gatos com cistite relacionada com oxalato de cálcio podem ter
melhores resultados com um alimento para diabéticos com alto teor de fibras (menos
O diabetes afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente diagnosticado acidificante), baixo teor de oxalato (menos acidificante), baixo em carboidratos e 40-75
em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e 13 anos), sem mg de citrato de potássio kg de PC adicionado a cada refeição duas vezes por dia (BID).
predileção por qualquer raça em particular. A DTUI em gatos com menos de 10 anos é Os gatos com DTUI relacionada com estruvita devem ser alimentados com uma dieta
mais frequentemente idiopática; em gatos com menos de 1 ano e com mais de 10 anos úmida acidificante de urina com menor teor de magnésio e pobre em carboidratos.
é provavelmente uma cistite bacteriana. Em gatos com cistite relacionada com cristais, n Petiscos–É importante manter uma baixa ingestão de CHO constante; devem-
90% dos casos devem-se a oxalato de cálcio ou estruvita. se evitar os petiscos com alto teor de CHO. Os exemplos adequados incluem

Modificações nos nutrientes essenciais


porções da dieta habitual do gato, com baixo teor de CHO ou petiscos caseiros de
carne ou peixe para os gatos com cistite relacionada com estruvita. Os petiscos de
As dietas com baixo teor em carboidratos (CHO) solúveis (< 20% de matéria seca carne podem não ser adequados para gatos com cistite relacionada com oxalato de
[MS]) são consideradas melhores para o tratamento da diabetes mellitus. Entre os cálcio, porque podem diminuir o pH da urina.
grãos sugeridos por terem um índice glicêmico mais baixo em gatos incluem-se milho, n Dicas para aumentar a palatabilidade –Transição para passar da dieta habitual para
sorgo, aveia e cevada. Limitar carboidratos na dieta mantém a glicemia no sangue, a dieta adequada ao diabético deve durar entre 5 a 14 dias; um período mais longo, no caso
principalmente a partir da gliconeogênese hepática, que libera glicose na circulação dos gatos mais resistentes à mudança. A palatabilidade geralmente é incrementada com
em um ritmo lento e constante. Flutuações nos níveis de glicose no sangue após uma o aumento da temperatura, a água e os nutrientes (gordura, proteína e sal). Aquecer
refeição com baixo teor de CHO são minimizadas. Ao se diminuir a porção de ligeiramente (microondas), o alimento ou aquecer ligeiramente a comida úmida.
CHO, proteínas, gorduras, fibras ou alguma combinação das mesmas devem Adicionar caldo de frango morno ou carne (baixo teor de sal), água ou óleo de peixes
aumentar para compensar a diferença. Gatos diabéticos com cistite associada com enlatados (sardinha, atum, cavala), se necessário, para realçar o sabor.
cristais de estruvita requerem dietas úmidas acidificantes da urina com menor teor de n Recomendações para a dieta – Os valores dos nutrientes nas dietas com baixo teor
magnésio. Gatos diabéticos com cistite relacionada com cristais de oxalato de cálcio de CHO são recomendados para gatos diabéticos com cistite relacionada com estruvita
requerem adição de citrato de potássio além da dieta úmida. Nenhuma alteração é feita são < 20% de CHO, de 30% a 60% de proteínas e 10% a 25% de gorduras com < 0,08%
na dieta para DTUI idiopática ou relacionada com bactérias. de magnésio (mg) em MS ou < 20 mg de Mg por 100 kcal. Os gatos devem ser
alimentados para manter ou atingir o peso corporal ideal. Normalmente, alimentos
enlatados são mais palatáveis, contêm mais água e gordura, e menos CHO que a partícula
de alimento seco. Considerar uma dieta caseira formulada especificamente com citrato
de potássio para satisfazer as múltiplas necessidades alimentares se os produtos comerciais
a O CHO solúvel (principalmente amido) é medido e documentado como extrato
forem ineficazes.
livre de nitrogênio (ELN), enquanto o CHO como fibra está documentada como
fibra bruta.

100
Pontos para a educação do proprietário e pobre em carboidratos. Para hiperlipidemia, mudar para alimentos para diabéticos mais
• Fornecer refeições no momento da injeção de insulina com intervalos de 12 horas. baixo em gorduras e pobre em CHO. Outras Comorbidades comuns são endocrinopatia
Recomenda-se que apenas alimentos projetados para gatos diabéticos sejam fornecidos, (hiperadrenocorticismo, acromegalia) e doenças induzidas por medicamentos
e que o alimento seja obtido a partir de uma fonte confiável para garantir o controle de (glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia induzida pelo estresse associado com
qualidade e consistência do produto. a doença, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.

Estratégias para o manejo das interações


• Os gatos podem tornar-se não insulino-dependentes, por isso, é essencial controlar

medicamentosas
rigorosamente.
• Gatos com indicadores leves a moderados de hipoglicemia, tais como fraqueza,
tremores e incoordenações, que ainda podem comer, devem ser alimentados Monitorar sedimentos e o pH da urina. Se há presença de cristais de oxalato de cálcio e o
imediatamente com uma dieta "intestinal" palatável, altamente digestível com pH é muito baixo, adicionar um alcalinizante na urina (citrato de potássio) para a cistite
alto teor de CHO e baixo teor de fibra. Se os indicadores forem graves, como relacionada com oxalato de cálcio. Se houver presença de cristais de estruvita e o pH for
convulsões ou coma, você pode esfregar suas gengivas um xarope de glicose muito elevado, adicionar um acidificante da urina para a cistite relacionada com estruvita.
concebido para os seres humanos e os proprietários de diabéticos devem
Controle
procurar imediatamente cuidados veterinários.

Comorbidades comuns
As concentrações de glicose e cetonas no sangue e na urina têm de ser monitoradas para
determinar o nível de controle glicêmico. A insulina exógena é administrada com uma
Comorbidades são comuns em gatos diabéticos com DTUI. Os gatos que também estão dieta baixa em CHO e alto teor de proteína (de preferência) para controlar as
com sobrepeso ou obesos devem consumir alimentos ricos em fibras e pobres em CHO. concentrações de glicose no sangue, e ajustar para manter a concentração de glicose no
A sensibilidade à insulina pode retornar como a diminuição da adiposidade. Os gatos sangue o mais próximo do normal. Controlar o peso corporal e modificar a ingestão de
que também apresentam pancreatite ou câncer (adenocarcinoma) ainda podem receber energia para atingir o peso ideal. Na análise de urina, os sedimentos devem ser livres de
alimentos para diabéticos com baixo-CHO e ricos em proteínas. Em casos de cristais com um pH < 6,5 para a prevenção de estruvita ou um pH entre 6,6 e 7,5 para a
insuficiência renal, mudar a dieta para um alimento para diabéticos com menos proteínas prevenção de oxalato de cálcio.

Manejo nutricional da diabetes mellitus e da cistite relacionada com cristais em gatos


Glicose no sangue 215-250 mg / dl (12 a 14 mmol / Glicose no sangue 270-340 mg / dl (15 a 19 mmol / l) Glicose no sangue > 360 mg / dl (> 20 mmol / l) e
l) de 3 - 4 vezes com um mínimo de 4 horas de em 2 ocasiões, pelo menos, 4 horas de intervalo e sinais clínicos de poliúria, polidipsia
intervalo e durante 2 dias sinais clínicos de poliúria, polidipsia e perda de peso e perda de peso

Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta com Para a cistite por oxalato de cálcio: Alimentar com uma
Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta
baixo teor de carboidratos (< 20% MS) e magnésio (0,06% dieta com baixo teor de carboidratos (< 20% MS) e moderado
com teor de carboidratos (< 20% MS) e magnésio (0,06%
MS). Alimentar ao nível do REM do PC atual. teor de fibras (5-12% MS). Alimentar ao nível do REM do PC
MS). Alimentar ao nível do REM do PC atual.
Para a cistite por oxalato de cálcio: atual.
Para a cistite por oxalato de cálcio: Alimentar com
Alimentar com uma dieta com baixo teor de carboidratos (< Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta com
uma dieta com baixo teor de carboidratos (< 25%MS) e
25% MS) e moderado teor de fibras (5-12% MS). Alimentar ao baixo teor de carboidratos (<20%MS) e magnésio (0,06%MS).
moderado teor de fibras (5-12%MS).
nível de REM do PC atual. Começar com a insulina glargina 1-2 Alimentar ao nível de REM do PC atual.
Alimentar ao nível de REM do PC atual.
U/kg do peso do gato duas vezes por dia (BID). Começar com a insulina glargina 0,25-0,5 U/kg do PC ideal BID.

É normalizada a glicose no A glicose no sangue permanece 215-


sangue e a dieta de 250 mg / dl (12 a 14 mmol / l) Controlar a glicose no sangue com medições em série: Antes da injeção de insulina e a cada 3 - 4 horas até a próxima vez,
alimentação antes da insulina. Ao longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da concentração de glicose
no plasma 55-120 mg / dl (3,0 a 6,5 mmol / l). Para a cistite por estruvita: Continuar alimentando com uma dieta baixa
em carboidrato e magnésio. Alimentar ao nível do REM do PC atual.
Cristais de oxalato de Cristais de estruvita na Para a cistite por oxalato de cálcio: Continuar alimentando com uma dieta baixa em carboidrato e moderada em fibras.
cálcio na urina? urina? Alimentar ao nível do REM do PC atual.

SIM NÃO NÃO SIM Começar com insulina glargina


0,5 U/gato uma vez por dia Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), reduzir a
(SID) ou em dias alternados dose a cada 1 - 2 semanas até que a dose seja 0,5 U/gato uma vez por dia (SID) ou menos.
Adicionar (EOD) e aumentar ou diminuir
citrato de Verificar uma vez por Verificar a
mês presença de para manter o menor ponto de
potássio em glicose no plasma 55-120 mg/dl
cada bactérias ou Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), e a
adicionar (3,0 a 6,5 mmol/l). dose é 0,5 U/gato uma vez por dia (SID) ou menos.
refeição até
que seja acidificantes da
resolvida a urina em cada Reinstitute insulin for minimum
cristalúria refeição até que of 2 weeks Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta pobre em
seja resolvida a carboidratos e magnésio (para a cistite por estruvita) ou baixo conteúdo de carboidratos e
cristalúria moderado de fibras (para a cistite por oxalato de cálcio).
Blood glucose rises >215
mg/dL (>12 mmol/L)
A glicose no sangue permanece < 215 mg / dl (12 mmol / l) durante 2 semanas = não
insulino-dependente (remissão da diabetes). Continuar alimentando com dieta baixa em
carboidratos e magnésio (para a cistite por estruvita) ou baixo conteúdo de carboidratos e
moderado de fibras (para a cistite por oxalato de cálcio). Continuar os controles para
verificar a presenҫa de cristais na urina.

101
Pancreatite e doença renal crônica - Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN

Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal


Os cães com pancreatite e doença renal crônica (DRC) padecem de um processo Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 8–12 2.0–3.5 5 1.4
inflamatório de leve a severo que afeta as funções exócrinas ou endócrinas, ou ambas

Proteína 15–24 3.5–6.0 18 5.1


do pâncreas. A doença glomerular e/ou doença tubular renal que produz azotemia,
diminuição da capacidade de concentrar a urina e poliúria/polidipsia (PU/PD), com
ou sem alterações clínico-patológicas associadas (anemia, proteinúria, Fósforo 0.25–0.4 0.05–0.1 0.5 0.14
Sódio 0.2–0.3 0.04–0.07 0.06 0.02
hipoproteinemia, hipercalcemia, hiperfosfatemia, hipo ou hipercalemia) podem existir
simultaneamente. Para mais informações sobre a pancreatite em cães, consultar as
páginas 68-69; para obter mais informações sobre a doença renal crônica em cães, A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
consultar as páginas 84-85. induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
Ferramentas de diagnóstico e exames acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.

complementares
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Considerar o histórico clínico, exame físico, sinais clínicos e uma base de dados
mínima: análise bioquímica do soro, hemograma completo, exame de urina, e
Valores recomendados de nutrientes essenciais
Princípios da alimentação coadjuvante
histórico alimentar. O ultrassom do abdômen, a imunorreatividade da lipase
pancreática canina (cPLI, em inglês) e, idealmente, uma biópsia permitem
fornecer valiosas informações adicionais para confirmar o diagnóstico preliminar. No que diz respeito a todos os pacientes, o objetivo primordial do coadjuvante do cão
com pancreatite e insuficiência renal é atender às necessidades de energia com uma
Fisiopatologia dieta que inclua as modificações nos nutrientes específicos da doença. O pâncreas é
estimulado pela liberação de gastrina, estímulos sensoriais (antecipação de
Muitas vezes, a causa da geração de pancreatite em cães permanece desconhecida, mas
alimentação), proteínas e gordura da dieta. A redução desses estímulos, especialmente
frequentemente está associada a dietas mais elevadas em gordura, desordens
a gordura da dieta, pode ajudar a controlar os sinais clínicos e evitar que a inflamação
alimentares, hiperlipidemia e obesidade. Os indicadores comuns são gastrointestinais
se intensifique ainda mais. Vômitos são um indicador clínico comum em cães e a
(GI) (falta de apetite, vômitos, diarreia, dor). Se for crônica, pode levar a uma
alimentação entérica está contraindicada durante episódios de vômitos severos (o
insuficiência pancreática exócrina.
mesmo da pancreatite aguda) para reduzir o risco de aspiração e de reduzir a
Doença renal crônica está associada com a acumulação de produtos metabólicos do
estimulação adicional de êmese. Uma vez que o cão estiver reidratado e estabilizado,
catabolismo de proteínas e outros compostos normalmente excretados na urina. Apesar
o tratamento deverá incluir medicamentos para a dor, protetores gástricos e
da creatinina ser considerada um índice bruto da filtração gromerular, o nitrogênio
tratamento antiemético, se necessário. Casos graves envolvendo vômitos refratários
ureico sanguíneo (BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos
e/ou anorexia prolongada (mais de 5 dias) devem ser alimentados via parenteral ou
de resíduos nitrogenados que influenciam o apetite, olfato e o gosto. A hipergastrinemia
pós-gástrica com um dispositivo enteral (sonda de jejunostomia). Uma vez que a água
proveniente da menor depuração renal conduz a irritação e a ulceração da mucosa GI
é tolerada por via oral, podem incorporar novamente pequenas quantidades de
assim como a acidose. Outras toxinas urêmicas e a redução da função renal produzem
alimentos altamente digestíveis ricos em carboidratos. Para tratamento a longo prazo
muitas outras anormalidades, incluindo alterações no metabolismo de minerais
e casos crônicos deve-se restringir a gordura da dieta abaixo do nível em que estava
(deterioração na purificação do fósforo urinário, hiperparatiroidismo secundário,
quando a doença começou. Portanto, o nível de restrição de gordura deve ser
alterações no metabolismo da vitamina D, hipercalcemia).
determinado individualmente para cada paciente, com base nos seus antecedentes.
Predisposição
As estratégias de alimentação para DRC se centram em desacelerar a progressão da
doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
Cães de meia-idade e de idade avançada, especialmente aqueles da raça Yorkshire Terrier longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica e de
e Schnauzer miniatura, têm predisposição para a pancreatite. Obesidade, doenças sódio e suplementação com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina D e
metabólicas concorrentes (como a diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo, potássio, se necessário). Alcançar estes objetivos, na presença de pancreatite aguda ou
hipotiroidismo), os medicamentos (como os diuréticos tiazídicos, furosemida, crônica, geralmente não se opõe ao fornecimento de uma dieta baixa em gordura; no
azatioprina, tetraciclina), isquemia, hiperlipidemia e o trauma ou a obstrução do entanto, a densidade de energia da dieta será menor se o paciente necessita de uma
conduto biliar também pode predispor cães a pancreatite e a DRC. restrição severa de gorduras. Além disso, se o doente requer uma restrição de gordura

Modificações nos nutrientes essenciais


maior do que a fornecida por dietas formuladas para o tratamento da DRC que estão
à venda, em seguida, é indicada uma dieta de formulação caseira. No entanto, deve-se
A restrição de gordura é necessária para minimizar a estimulação do pâncreas; o nível considerar que as versões de alimentos enlatados e secos das dietas de prescrição
de restrição é determinado pelo histórico alimentar e, se possível, ao identificar o nível veterinária formuladas para o tratamento da DRC que estão à venda normalmente
de gorduras na dieta ou nos petiscos que eram ingeridos quando houve a pancreatite. variam no seu teor de gordura.
Para o tratamento e prevenção, administrar um nível de gordura na dieta n Petiscos – Os petiscos devem ser pobres em gordura, proteína, fósforo e sódio. O
significativamente menor ao da dieta anterior. A restrição de proteínas é necessária para total de petiscos diários não deve fornecer mais de 10% da ingestão diária de calorias.
tratar azotemia, e a restrição de fósforo está indicada para reduzir o risco de Exemplos incluem frutas (maçãs, morangos, pêssegos), legumes (feijão verde, cenoura,
mineralização do tecido mole e a progressão lenta da DRC. A suplementação com ervilhas). Evite alimentos que são conhecidos por serem tóxicos para os cães: uvas e
vitaminas do complexo B repõe as perdas secundarias da poliúria. Restrição de sódio passas, cebola e alho, nozes de macadâmia, e massa de pão e chocolate.
ajuda a tratar a pressão arterial elevada e/ou retenção de líquidos. A suplementação n Dicas para aumentar a palatabilidade –Alterar o nível de umidade da dieta mo-
com os ácidos graxos Ômega-3 tem um efeito anti-inflamatório e renoprotetor. Se lhando a partícula de alimento seco ou assando o alimento enlatado, pode au-
necessária, uma dieta úmida pode ajudar a reduzir a desidratação. mentar a aceitação em alguns animais de estimação. Aquecer a dieta também pode
ser útil. O proprietário deve fornecer um ambiente seguro e tranquilo para comer

102
e também pode tentar algum reforço positivo. Se necessário, a porção diária de pe- Comorbidades comuns
tiscos (até 10% das calorias diárias) pode ser usada para agregar substâncias ali- Em cães com pancreatite e DRC pode ocorrer: hipertrigliceridemia, mal-estar
mentares adequadas para as refeições. GI provocado por uremia ou hipergastrinemia, urolitíase por oxalato de cálcio,
n Recomendações para a dieta – No caso de animais gravemente doentes, obesidade e hipertensão.
inicialmente alimentar o nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM;
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM através de O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) em cães com DRC
cálculos. O REM pode ser determinado pelo cálculo do RER para o peso atual pode contribuir para hipercalcemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
multiplicado pelo fator apropriado: 1,4 para cães propensos à obesidade, 1,6 para cães palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
castrados, 1,8 para cães intactos (ver Apêndice III). qualquer fluido parenteral deve ser considerado em hipertensos ou sensíveis ao sódio
Escolher uma dieta que tenha sido formulada para o tratamento de DRC e fornecer de alguma outra forma.

Controle
níveis mais baixos de gorduras na dieta suspeita de ter contribuído para a pancreatite.
Se houver um histórico de oferta de petiscos inadequados ou em excesso
(especialmente substâncias alimentares ricas em gordura) ou de desordens alimentares, A cPLI e também o ultrassom do abdômen (além dos sinais clínicos) são úteis para
o nível de gorduras na dieta atual pode, no entanto, ser tolerado pelo paciente. monitorar a recuperação da pancreatite aguda e para avaliar casos crônicos. O controle

Pontos para a educação do proprietário


dos níveis de soro de BUN/creatinina, fósforo, cálcio e potássio, a gravidade específica
da urina e a pressão arterial são úteis para o tratamento de DRC. Avaliações regulares
• Controles serão necessários e novas avaliações de forma regular. do paciente são indicadas para verificar a presença de infecções do trato urinário; deve-
• O cumprimento da dieta é importante para os pacientes com ambas as doenças se também, adicionar a concentração de albumina no soro e a relação
• Evitar petiscos que sejam ricos em gordura, proteína, sódio e fósforo. proteína:creatinina na urina (PUCU) para pacientes com doença glomerular. Se a
• Uma sonda alimentar será necessária se o paciente não comer quantidades dieta não é eficaz na redução do fósforo no soro, agregar um quelante de fosfato. Se os
adequadas de uma dieta apropriada. valores de minerais/eletrólitos são persistentemente desequilibrados, pode-se indicar
• A recorrência da pancreatite é possível apesar da dieta com restrição de gordura e do uma mudança na dieta. Se a pancreatite não for resolvida com a dieta atual e o controle
controle de doenças concomitantes. das comorbidades, o aumento da restrição de gordura é indicado. Se a azotemia ou a
• A DRC em cães evolui a uma velocidade variável em diferentes pacientes, e relação PUCU piora e se confirmada a aceitação da dieta, é indicada uma maior
comorbidades podem afetar negativamente o prognóstico. restrição de proteínas. Considerar as comorbidades se a relação PUCU não melhorar
(por exemplo: nefrite de Lyme).

Manejo nutricional da pancreatite e da doença renal crônica em cães

Obter histórico alimentar

Determinar o nível de gorduras da dieta associado ao desenvolvimento da pancreatite

Escolher uma dieta de prescrição veterinária para a doença renal ou com níveis mais baixos de gordura, se possível
(reduzida em pelo menos 25%; pode ser necessária uma restrição mais severa em pacientes com pancreatite severa ou aguda)

Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não estiver disponível para venda, procurar uma
laboratorial, imagens, avaliação dos sinais clínicos, etc.) formulação caseira

Se determinados parâmetros pioram, alterar os níveis de nutrientes como


indicado (por exemplo, uma maior restrição de gordura ou fósforo)

Avaliar novamente o paciente depois da implementação das mudanças na dieta

Repetir, conforme necessário, para atingir os objetivos do manejo nutricional

103
Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal
e doença renal crônica - Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Cães comgastroenterite alérgica/doença inflamatória intestinal (DII) e doença renal Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 8–12 2.0–3.5 5 1.4
crônica (DRC) padecem de um processo inflamatório relacionado com a dieta que

Proteína 15–24 3.5–6.0 18 5.1


afeta as funções imunológicas, digestivas e de absorção do trato gastrointestinal (GI),
como também a doença glomerular e/ou a doença tubular renal que produzem
azotemia, diminuição da capacidade de concentrar a urina e poliúria/polidipsia Fósforo 0.25–0.4 0.05–0.1 0.5 0.14
Sódio 0.2–0.3 0.04–0.07 0.06 0.02
(PU/PD) com ou sem anormalidades clínicas e patológicas associadas (anemia,
proteinúria, hipoproteinemia, hipercalcemia, hiperfosfatemia, hipo ou hipercalemia).
Para mais informações sobre gastroenterite alérgica/DII em cães, consultar as páginas A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas in-
62-63; para obter mais informações sobre a doença renal crônica em cães, consultar as duzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabo-
lizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo
páginas 84-85.
com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Ferramentas de diagnóstico e exames * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
complementares

Princípios da alimentação coadjuvante


Considerar o histórico clínico, exame físico, sinais clínicos e uma base de dados
mínima: análise bioquímica do soro, hemograma completo, exame de urina, e
histórico alimentar. Os testes sorológicos para o diagnóstico de alergia alimentar não No que diz respeito a todos os pacientes, o objetivo principal do manejo nutricional
são confiáveis e não devem ser usados. A resposta a uma mudança na dieta não é um do cão com gastroenterite alérgica/DII e DRC é atender às necessidades de energia
diagnóstico confiável, porque podem ocorrer melhorias ou resolução de sinais clínicos com uma dieta que inclua mudanças em nutrientes específicos para a doença.
de muitas doenças gastrointestinais, devido a uma resposta a alterações nos níveis de Embora nem todos os pacientes mostrem uma resposta imunológica para os
gordura ou fibras, tipos de fibras, digestibilidade, ou efeitos adversos sobre a microbiota ingredientes da dieta por si só, uma resposta positiva a uma mudança na dieta pode
intestinal. O ultrassom do abdômen, a concentração sérica de folato e de cobalamina, ainda ser notada, uma vez que as dietas são provavelmente diferentes em termos dos
os testes de eliminação de alimentos – nova provocação e biópsias permitem fornecer níveis de gordura e fibra, tipos de fibras e digestibilidade dos ingredientes. Nem
valiosas informações adicionais e confirmar o diagnóstico preliminar. sempre é possível discernir qual aspecto da dieta adequada é responsável pelo efeito

Fisiopatologia
positivo. Escolha dietas com ingredientes hidrolisados ou novos, se possível; alguns
pacientes terão melhores respostas com ingredientes tolerados conhecidos mesmo
Geralmente é desconhecida a causa geradora da gastroenterite alérgica/DII, mas pode se documentada alguma exposição anterior. É crucial ter o histórico alimentar preciso
ser uma reação aos componentes dos alimentos, antígenos bacterianos e/ou auto- para determinar a lista de possíveis ingredientes novos para o paciente
antígenos. Os indicadores gastrointestinais (GI) superiores ou inferiores podem ser falta individualmente (ver apêndice II). Às vezes, ingredientes menos exóticos podem
de apetite, vômitos, diarreia, ruídos intestinais, flatulência. A doença renal crônica está ser uma opção. Limitar a quantidade de antígenos aos quais o paciente é exposto
associada com a acumulação de produtos metabólicos do catabolismo de proteínas e (considerar medicamentos com sabor, petiscos, o acesso aos restos de comida ou de
outros compostos normalmente excretados na urina. O nitrogênio ureico sanguíneo outros animais de estimação ou sobras da mesa). Ao longo do tempo, os pacientes
(BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos de resíduos de podem perder a tolerância aos ingredientes, portanto, é útil manter uma lista de
nitrogênio que influenciam o apetite, o olfato e o paladar. A hipergastrinemia que novas opções específicas para o animal. Nos casos de doença muito grave, pode haver
provem da menor depuração renal leva a irritação e ulceração da mucosa gastrointestinal, má absorção de vitaminas solúveis em gordura, bem como folato e cobalamina.
bem como a acidose e anormalidades no metabolismo de minerais (deterioração na As estratégias de alimentação para a DRC têm foco em desacelerar a progressão da
depuração do fósforo urinário, hiperparatireoidismo secundário, alterações no doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
metabolismo da vitamina D, hipercalcemia). longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica e a

Predisposição
suplementação de sódio com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina D
e potássio, se necessário). Deve-se considerar que, em muitos casos, os ingredientes em
Raças predispostas a essas doenças são Setter Irlandês (enteropatia sensível ao glúten) e versões de alimentos enlatados e seco da dieta prescrita pelo médico veterinário
Pastor Alemão e o Shar-Pei (enterite linfoplasmocitária). formulada para o tratamento da DRC podem ser diferentes. Por isso, pode ser útil
comparar a lista de alimentos tolerados ou novos para os pacientes com ambas as versões
Modificações nos nutrientes essenciais (enlatados e secos). Se o paciente não tolera a dieta adequada que está à venda, então é
indicada uma dieta de formulação caseira.
n Petiscos–Os petiscos devem ser pobres em proteína, fósforo e sódio. Os petiscos
Alimentados com uma dieta altamente digestível com antígenos novos e/ou baixo teor
de gordura parece ser uma estratégia terapêutica valiosa (ingredientes são determinados
não deverão incorporar ingredientes que não estejam presentes na dieta base. Para
pelo histórico alimentar preciso de cada paciente individualmente). Alterar o tipo e o
muitos pacientes, os petiscos devem ser evitados, especialmente nas fases iniciais de
nível de fibras das dietas também pode ter um efeito benéfico. O tratamento com
avaliação dietética. Se for oferecida, o total de petiscos diários não deve fornecer
prebióticos e probióticos é útil em muitos casos. A restrição de proteínas é necessária para
mais de 10% da ingestão diária de calorias. Evitar alimentos que são conhecidos
o tratamento da azotemia, e a restrição de fósforo é indicada para reduzir o risco de
por serem tóxicos para cães: uvas e passas, cebola e alho, nozes de macadâmia,
mineralização do tecido mole e a redução da progressão da DRC. A suplementação com
chocolate e massa de pão.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alterar o nível de umidade da dieta
vitaminas do complexo B repõe as perdas secundárias da poliúria. A restrição de sódio
ajuda a tratar a hipertensão e/ou a retenção de líquidos. A suplementação com os ácidos
molhando a partícula de alimento seco ou assado. Alimentos secos ou enlatados podem
graxos Ômega-3 tem um efeito anti-inflamatório e renoprotetor. Se necessário, uma
aumentar a aceitação em alguns animais de estimação. Aquecer a dieta também pode
dieta úmida pode ajudar a reduzir a desidratação.
ser útil. O proprietário deve fornecer um ambiente seguro e tranquilo para comer e

104
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
também pode tentar algum reforço positivo. Se necessário, a porção diária de petiscos
(até 10% das calorias diárias) pode ser usada para agregar substâncias alimentares
adequadas nas refeições.
n Recomendações para a dieta– No caso de animais gravemente doentes,
O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) em cães com DRC
pode contribuir para hipercalemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
inicialmente alimentar ao nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em
palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos
qualquer líquido parenteral deve ser considerado em pacientes hipertensos ou sensíveis
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM,
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos ao sódio. Os medicamentos com sabor e/ou compostos podem ser uma fonte de
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM por antígenos não desejados (considerar também a fonte das cápsulas de gelatina).

Controle
cálculos. REM pode ser determinada pelo cálculo da RER para o peso atual e
multiplicada pelo fator apropriado: 1,4 para cães propensos à obesidade, 1,6 para cães
castrados, 1,8 para cães intactos (ver Apêndice III). Escolha uma dieta que tenha sido Sinais clínicos da doença GI parecem estar correlacionados com a gravidade da
formulada para o tratamento da DRC que forneça ingredientes que sejam conhecidos inflamação dentro do trato GI. O controle dos níveis de soro de: BUN/creatinina,
por ser tolerados ou novos para esse paciente em particular. fósforo, cálcio e potássio, a gravidade específica da urina e a pressão arterial são úteis

Pontos para a educação do proprietário


para o tratamento de DRC. Avaliações regulares devem ser realizadas para verificar
se há infecções do trato urinário. Deve-se adicionar a concentração de albumina no
• Controles serão necessários e novas avaliações de forma regular. soro para os pacientes com linfangiectasia concorrente e/ou doença glomerular e a
• O cumprimento da dieta é importante para os pacientes com ambas as doenças. relação proteína:creatinina na urina (PUCU) para pacientes com doença
• Evitar petiscos ricos em proteínas, sódio e fósforo. Não oferecer petiscos que glomerular. Se a dieta não é eficaz na redução do fósforo no soro, agregar um quelante
contenham ingredientes que não estejam presentes na dieta principal. Considerar de fosfato. Se os valores de minerais/eletrólitos são persistentemente desequilibrados,
fornecer parte da dieta diária com um petisco ou usar uma forma alternativa da pode-se indicar uma mudança na dieta. Se os sinais clínicos não são resolvidos pela
dieta, se for o caso (enlatado ou seco). dieta atual e está confirmado o cumprimento da dieta, considerar modificar os
• Uma sonda de alimentação será necessária se o paciente não comer quantidades ingredientes, o tipo e o nível das fibras ou uma doença concomitante/secundária.
adequadas de uma dieta adequada. Considerar o uso de probióticos (no entanto, considerar a presença de algum
• A DRC em cães evolui a uma velocidade variável em diferentes pacientes, e palatabilizante ou outro antígeno associado no produto). Se a azotemia ou relação
comorbidades podem afetar negativamente o prognóstico. PUCU pioram e o cumprimento da dieta é confirmado, o aumento da restrição de

Comorbidades comuns
proteínas é indicado. Considerar comorbidades se a relação PUCU não melhorar
(por exemplo: nefrite de Lyme).
Em cães com gastroenterite alérgica/DII e DRC podem ocorrer: pancreatite,
desconforto GI causado pela uremia ou hipergastrinemia, dermatite alérgica,
hipertensão e enteropatia com perda de proteínas (linfangiectasia secundária).

Manejo nutricional da gastroenterite alérgica/DII e da doença renal crônica em cães

Obter histórico alimentar

Determinar os ingredientes tolerados e/ou novos

Escolher uma dieta prescrita pelo veterinário para a doença renal com ingredientes que sejam tolerados ou novos
para o paciente

Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não está disponível para venda, encontrar uma
laboratorial, imagens, avaliação de sinais clínicos, etc.) formulação caseira

Se determinados parâmetros pioram, alterar os níveis de nutrientes como


indicado (por exemplo, uma maior restrição de gordura ou fósforo, ajustar
as fontes de fibra segundo os sinais clínicos específicos)

Avaliar novamente o paciente depois da implementação das


mudanças na dieta

Repetir conforme necessário para atingir os objetivos


do manejo nutricional

105
Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e doença renal
crônica - Gatos
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutrient % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Os gatos com gastroenterite alérgica/doença inflamatória intestinal (DII) e Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Protein 28–32 6–8 26 6.5
doença renal crônica (DRC) sofrem um processo inflamatório relacionado com

Fósforo 0.35–0.6 0.07–0.13 0.5 0.13


a dieta que afeta as funções imunológicas, digestivas e absorventes do trato
gastrintestinal (GI), bem como a doença glomerular e/ou doença tubular renal
que produzem azotemia, diminuição da capacidade de concentrar a urina e Gordura 12–30 3–6 9 2.3
Sódio 0.15–0.3 0.03–0.07 0.2 0.05
poliúria/polidipsia (PU/PD) com ou sem anomalias clínico-patológicas
associadas (anemia, proteinúria, hipoproteinemia, hipercalcemia,
hiperfosfatemia, hipo ou hipercalemia). Para mais informações sobre alergia DII A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas in-
gastroenterite/em gatos, consultar as páginas 64-65; para obter mais informações duzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabo-
lizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo
sobre a doença renal crônica em gatos, consultar as páginas 86-87.
com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Ferramentas de diagnóstico e exames * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação

complementares
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Considerar o histórico clínico, exame físico, sinais clínicos e uma base de dados
Princípios da alimentação coadjuvante
mínima: análise bioquímica do soro, hemograma completo, exame de urina, e
No que diz respeito a todos os pacientes, o objetivo principal do manejo nutricional do
histórico alimentar. Os testes sorológicos para o diagnóstico de alergia alimentar
gato com gastroenterite alérgica/DII e DRC é atender às necessidades de energia com
não são confiáveis e não devem ser usados. A resposta a uma mudança na dieta não
uma dieta que inclua mudanças em nutrientes específicos para a doença. Embora nem
é um diagnóstico confiável, porque podem ocorrer melhorias ou resolução de
todos os pacientes mostrem uma resposta imunológica aos ingredientes da dieta por
sinais clínicos de muitas doenças gastrointestinais, devido a uma resposta a
si só, uma resposta positiva a uma mudança na dieta pode ainda ser notada, uma vez
alterações nos níveis de gordura ou fibras, tipos de fibras, digestibilidade, ou efeitos
que as dietas são provavelmente diferentes em termos dos níveis de gordura e fibra,
adversos sobre a microbiota intestinal. O ultrassom do abdômen, a concentração
tipos de fibras e digestibilidade dos ingredientes. Nem sempre é possível discernir qual
sérica de folato e de cobalamina, os testes de eliminação de alimentos – nova
aspecto da dieta adequada é responsável pelo efeito positivo. Escolha dietas com
provocação e biópsias permitem fornecer valiosas informações adicionais e
ingredientes hidrolisados ou novos, se possível; alguns pacientes funcionarão bem com
confirmar o diagnóstico preliminar.
ingredientes tolerados conhecidos mesmo se documentada alguma exposição anterior.
Fisiopatologia
É crucial ter o histórico alimentar preciso para determinar a lista de possíveis
ingredientes novos para o paciente individualmente (ver apêndice II). Às vezes,
Geralmente é desconhecida a causa geradora da gastroenterite alérgica/DII, mas pode ingredientes menos exóticos podem ser uma opção. Limitar a quantidade de
ser uma reação aos componentes dos alimentos, antígenos bacterianos e/ou auto- antígenos aos quais o paciente é exposto (considerar medicamentos com sabor,
antígenos. Os indicadores gastrointestinais (GI) superiores ou inferiores podem ser petiscos, o acesso aos restos de comida ou de outros animais de estimação ou sobras
falta de apetite, vômitos, diarreia, ruídos intestinais, flatulência. A doença renal crônica da mesa). Ao longo do tempo, os pacientes podem perder a tolerância aos
está associada com a acumulação de produtos metabólicos do catabolismo de proteínas ingredientes, portanto, é útil manter uma lista de novas opções específicas para o
e outros compostos normalmente excretados na urina. O nitrogênio ureico sanguíneo animal. Nos casos de doença muito grave, pode haver má absorção de vitaminas
(BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos de resíduos de solúveis em gordura, bem como folato e cobalamina.
nitrogênio que influenciam o apetite, o olfato e o paladar. A hipergastrinemia que As estratégias de alimentação para a DRC têm foco em desacelerar a progressão da
provém da menor depuração renal leva à irritação e ulceração da mucosa doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
gastrointestinal, bem como à acidose e anormalidades no metabolismo de minerais longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica
(deterioração na depuração do fósforo urinário, hiperparatireoidismo secundário, e a suplementação de sódio com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina
alterações no metabolismo da vitamina D, hipercalcemia). D e potássio, se necessário). Deve-se considerar que, em muitos casos, os ingredientes

Predisposição
em versões de alimentos enlatados e secos da dieta prescrita pelo médico veterinário
formulada para o tratamento da DRC podem ser diferentes. Por isso, pode ser útil
As raças predispostas a essas doenças incluem a raça do gato Siamês (enterite comparar a lista de alimentos tolerado ou novos para os pacientes com ambas as
linfoplasmocitária). versões (enlatados e secos). Se o paciente não tolera a dieta adequada que está à venda,

Modificações nos nutrientes essenciais


então é indicada uma dieta de formulação caseira.
n Petiscos – Os petiscos devem ser pobres em proteína, fósforo e sódio. Os petiscos
Alimentados com uma dieta altamente digestível com antígenos novos e/ou baixo não deverão incorporar ingredientes que não estejam presentes na dieta base. Para
teor de gordura parece ser uma estratégia terapêutica valiosa (ingredientes são muitos pacientes, os petiscos devem ser evitados, especialmente nas fases iniciais de
determinados pelo histórico alimentar preciso de cada paciente individualmente). avaliação dietética. Se for oferecido, o total de petiscos diários não deve fornecer mais
Alterar o tipo e o nível de fibras das dietas também pode ter um efeito benéfico. O de 10% da ingestão diária de calorias. Evitar alimentos que são conhecidos por serem
tratamento com prebióticos e probióticos é útil em muitos casos. A restrição de tóxicos para gatos, especialmente aqueles que contem cebola e alho.
proteínas é necessária para o tratamento da azotemia, e a restrição de fósforo é indicada n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alterar o nível de umidade da dieta
para reduzir o risco de mineralização do tecido mole e a redução da progressão da molhando a partícula de alimento seco ou assado. Alimentos secos ou enlatados podem
DRC. A suplementação com vitaminas do complexo B repõe as perdas secundárias da aumentar a aceitação em alguns animais de estimação. Aquecer a dieta também pode
poliúria. A restrição de sódio ajuda a tratar a hipertensão e/ou a retenção de líquidos. ser útil. O proprietário deve fornecer um ambiente seguro e tranquilo para comer e
A suplementação com os ácidos graxos Ômega-3 tem um efeito anti-inflamatório e também pode tentar algum reforço positivo. Se necessário, a porção diária de petiscos
renoprotetor. Se necessário, uma dieta úmida pode ajudar a reduzir a desidratação.

106
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
(até 10% das calorias diárias) pode ser usado para agregar substâncias alimentares
adequadas nas refeições.
n Recomendações para a dieta – No caso de animais gravemente doentes,
O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) na doença renal
inicialmente alimentar ao nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em pode contribuir para hipercalemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM, qualquer líquido parenteral deve ser considerado em pacientes hipertensos ou sensíveis
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos ao sódio. Os medicamentos com sabor e/ou compostos podem ser uma fonte de
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM por antígenos não desejados (considerar também a fonte das cápsulas de gelatina).
cálculos. REM pode ser determinada pelo cálculo da RER para o peso atual
Controle
multiplicado pelo fator apropriado: 1,0 para gatos propensos à obesidade, 1,2 para
gatos castrados, 1,4 para gatos intactos (ver Apêndice III). Escolher uma dieta que
Sinais clínicos da doença GI parecem estar correlacionados com a gravidade da
tenha sido formulada para o tratamento de DRC que forneça ingredientes que sejam
inflamação dentro do trato GI. O controle dos níveis de soro de: BUN/creatinina,
conhecidos por ser tolerados ou novos para esse paciente em particular.
fósforo, cálcio e potássio, a gravidade específica da urina e a pressão arterial são úteis
Pontos para a educação do proprietário
para o tratamento de DRC. Avaliações regulares devem ser realizadas para verificar se
há infecções do trato urinário. Deve-se adicionar a concentração de albumina no soro
• Controles serão necessários e novas avaliações de forma regular. para os pacientes com linfangiectasia concorrente e/ou doença glomerular e a relação
• O cumprimento da dieta é importante para os pacientes com ambas as doenças. proteína:creatinina na urina (PUCU) para pacientes com doença glomerular. Se a
• Evitar petiscos ricas em proteínas, sódio e fósforo. Não oferecer petiscos que dieta não é eficaz na redução do fósforo no soro, agregar um quelante de fosfato. Se os
contenham ingredientes que não estejam presentes na dieta principal. Considerar valores de minerais/eletrólitos são persistentemente desequilibrados, pode-se indicar
parte do fornecimento da dieta diária com um petisco ou usar uma forma uma mudança na dieta. Se os sinais clínicos não são resolvidos pela dieta atual e está
alternativa da dieta se for o caso (enlatado ou seco). confirmado o cumprimento da dieta, considerar modificar os ingredientes, o tipo e o
• Não permitir longos períodos de anorexia ou ingestão de alimentos abaixo do nível nível das fibras ou uma doença concomitante/secundária. Considerar o uso de
ideal porque existe risco de lipidose hepática. probióticos (no entanto, considerar a presença de um palatabilizante ou outro antígeno
• Uma sonda alimentar será necessária se o paciente não comer quantidades associado no produto). Se a azotemia ou relação PUCU pioram e o cumprimento da
adequadas de uma dieta adequada. dieta é confirmado, o aumento da restrição de proteínas é indicado. Considerar

Comorbidades comuns
comorbidades se a relação PUCU não melhorar (por exemplo: doença infeciosa).

Em gatos com gastroenterite alérgica/DII e doença renal pode-se produzir:


pancreatite, doença hepática, desconforto GI causado pela uremia ou
hipergastrinemia, dermatite alérgica, hipertensão arterial e litíase urinária.

Manejo nutricional da gastroenterite alérgica/DII e da doença renal crônica em gatos

Obter histórico alimentar

Determinar os ingredientes tolerados e/ou novos

Escolher uma dieta prescrita pelo veterinário para a doença renal com ingredientes que sejam tolerados ou novos
para o paciente (revisar ambas versões: alimento enlatado e alimento seco)

Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não está disponível para venda, encontrar uma
laboratorial, imagens, avaliação de sinais clínicos, etc.) formulação caseira

Se determinados parâmetros pioram, alterar os níveis de nutrientes como


indicado (por exemplo, uma maior restrição de gordura ou fósforo, ajustar
as fontes de fibra segundo os sinais clínicos específicos)

Avaliar novamente o paciente depois da implementação das mudanças na dieta

Repetir conforme necessário para atingir os objetivos do manejo nutricional

107
Urolitíase por oxalato de cálcio e hiperlipidemia - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemiaé definida como o aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (TG), Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 7–12 1.5–3.5 5 1.4
colesterol, ou ambos. Na urolitíase por oxalato de cálcio os urólitos compostos de

Fibra 7–14 2–8 n/d n/d


mono-hidrato de oxalato de cálcio, di-hidrato de oxalato de cálcio, ou ambos são
formados na urina do cão. Os urólitos de oxalato de cálcio são frequentemente
encontrados em cães com hiperlipidemia concorrente, normalmente Cálcio 0.6–1.5 0.2–0.35 0.6 0.17
Sódio 0.2–1.5 0.06–0.35 0.06 0.02
hipertrigliceridemia. Para mais informações sobre a hiperlipidemia em cães, consultar
as páginas 80-81; para mais informações sobre a urolitíase por oxalato de cálcio em
cães, consultar as páginas 88-89. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como

Ferramentas de diagnóstico e exames


percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
complementares acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
A concentração de cálcio no soro ou plasma é controlada para avaliar a presença de Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
hipercalcemia. As concentrações de triglicerídeos e colesterol no soro ou plasma exigem

Princípios da alimentação coadjuvante


um mínimo de 12 horas de jejum antes da amostragem. No teste de refrigeração, é
colhida uma amostra de soro após 12 horas de jejum e é refrigerada durante 12 horas.
Se uma camada cremosa no topo do soro claro se forma, existe a presença de Com hiperlipidemia primária, recomenda-se restrição de gordura na dieta com ou
hiperquilomicronemia. Se a amostra estiver turva, então existem outras lipoproteínas sem maior teor de fibra. Às vezes, é recomendado um maior teor de fibras para o
presentes. Testes endócrinos para hiperlipidemia incluem testes da tireoide para tratamento de urólitos de oxalato de cálcio, ainda que não tenha sido publicado
hipotiroidismo, o teste da glândula adrenal para hiperadrenocorticismo e o teste das nenhum estudo que respalde esta teoria. Se a hiperlipidemia é secundária a uma doença
concentrações de cetona e glicose no sangue e na urina para diabetes mellitus. A do sistema endócrino, o tratamento desta doença será o principal tratamento. O
pancreatite crônica pode ocorrer com hiperlipidemia; portanto, as provas devem tratamento dietético também é indicado para minimizar os fatores de risco que
incluir a determinação das atividades da amilase e da lipase no soro ou plasma, a promovem a doença por oxalato de cálcio recorrente.
imunorreatividade da lipase pancreática canina no soro e ultrassonografia abdominal. n Petiscos – Evitar os petiscos com alto teor de gorduras.
Pode ser realizado um perfil de lipoproteínas para diferenciar ainda mais a concentração n Dicas para aumentar a palatabilidade – Água pode ser adicionada aos alimentos
sérica de lipoproteínas presentes. para aumentar a palatabilidade.
n Recomendações para a dieta–Recomenda-se uma dieta rica em fibras, com baixo
Fisiopatologia teor de gordura ou muito baixo teor de gorduras para os cães com hiperlipidemia. Cães
A hiperlipidemia não produz a formação de urólitos de oxalato de cálcio; no entanto, com urolitíase por oxalato de cálcio devem ser alimentados com uma dieta não
algumas associações são geradas. A raça Schnauzer Miniatura tem uma predisposição acidificante que reduza a saturação na urina do oxalato de cálcio. É aconselhável para
racial para a hiperlipidemia e urolitíase por oxalato de cálcio. A etiologia é desconhecida; pacientes com ambos os problemas uma dieta rica em umidade e baixo teor de
no entanto, suspeita-se da deficiência ou diminuição da atividade da lipoproteína lipase. gorduras.

Pontos para a educação do proprietário


O hiperadrenocorticismo pode produzir ambas doenças. A hiperlipidemia ocorre
devido à resistência à insulina induzida pela hipercortisolemia que provoca alterações
no metabolismo lipídico. A hipercortisolemia promove a hipercalciúria, que produz • A hiperlipidemia (altos níveis de gordura circulando no sangue) pode ocorrer como
a supersaturação de oxalato de cálcio na urina e, possivelmente, a formação de urólitos. uma doença primária, como nos cães de raça Schnauzer Miniatura, ou de forma

Predisposição
secundária a outras doenças, tais como hiperadrenocorticismo.
• Os urólitos de oxalato de cálcio ocorrem quando a urina contém níveis elevados de
A raça Schnauzer Miniatura tem uma predisposição por raça para hiperlipidemia cálcio e/ou oxalato. Isso pode ocorrer em associação com doenças que causam
primária e urolitíase por oxalato de cálcio. As raças que apresentam risco de hiperlipidemia.
hiperadrenocorticismo incluem, entre outros, Schnauzer Miniatura, Poodle Miniatura • Os proprietários devem evitar suplementos contendo cálcio ou vitamina C, bem
e Toy, Dachshund (salsicha) e Boston Terrier. como petiscos de alimentos humanos com alto teor de oxalato.

Modificações nos nutrientes essenciais Comorbidades comuns


Uma dieta baixa em gorduras pode ajudar a reduzir o grau de hiperlipidemia. Uma As comorbidades comuns em cães com hiperlipidemia e urólitos de oxalato de cálcio
dieta rica em fibras pode reduzir a absorção das gorduras. As fibras também podem são: hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, pancreatite crônica, hipertrigliceridemia,
reduzir a absorção de cálcio a partir do trato intestinal, mas atualmente não há nenhuma e hiperparatireoidismo, se são hipercalcêmicos.

Estratégias para o manejo das interações


evidência de que isto influa de forma benéfica no cálcio urinário.

medicamentosas
Dietas pobres em cálcio são um fator de risco de urolitíase por oxalato de cálcio, por
isso devem ser evitadas. O aumento da ingestão de sódio pode reduzir a saturação na
urina do oxalato de cálcio. Um maior volume de urina pode reduzir o risco de urolitíase, Se o tratamento dietético não diminuir devidamente os níveis de triglicerideos, pode-
por consequência, deve-se estimular a ingestão de água. Pode-se promover o aumento se utilizar a seguinte abordagem em casos de hiperlipidemia: acidos graxos omega 3
da ingestão de água administrando alimento úmido ou adicionando água nos (podem reduzir a síntese de algumas lipoproteínas; 10-30 mg/kg por via oral (PO) a
alimentos secos ou enlatados. cada 24 horas); genfibrozil (reduz a síntese de certos lipoproteínas e triglicerídeos; 100
- 300 mg PO cada 12 horas); quitina ou quitosano (podem fixar certos lipídeos da
dieta no trato intestinal e dessa forma diminuir sua absorção; não existem estudos

108
representativos realizados com cães; 150 - 300 mg PO 30 minutos antes da Controle
alimentação); e niacina (reduz a síntese de triglicerídeos; vasodilatador que causa Para hiperlipidemia, controlar a resolução dos sinais clínicos (se estiverem
eritema e prurido; 25 - 150 mg PO a cada 12 horas). presentes). Deverão ser monitoradas as concentrações, em jejum, de triglicerídeos
Para urolitíase por oxalato de cálcio, pode ser administrado citrato de potássio, e colesterol; se é secundária a uma doença do sistema endócrino, deve-se monitorar
um agente alcalinizante urinário para aumentar a solubilidade do oxalato de cálcio o tratamento dessa doença.
com alcalúria. O citrato pode inibir a formação e a agregação de cristais de oxalato Para urolitíase por oxalato de cálcio, deve-se realizar análises mensalmente durante 3-
de cálcio com uma dose de 50-100 mg/kg por via oral a cada 12 horas; modificar 6 meses para monitorar a resposta ao tratamento; o pH deve ser de neutro a alcalino,
um pH da urina de cerca de 7,5. Os diuréticos de tiazidas aumentam a reabsorção a gravidade específica deve ser diluída; e a cristalúria deverá estar ausente. Deve-se
tubular renal de cálcio provocando uma excreção de cálcio urinário inferior, mas realizar estudos de reconhecimento: raio-X ou ultrassonografia abdominal no 6 e 12
podem causar hipercalcemia. Não há estudos a longo prazo realizados com cães meses e depois a cada 6 ou 12 meses, dependendo da resposta. Deve-se monitorar o
relacionadas com a sua segurança ou eficácia. A hidroclorotiazida é administrada cálcio sérico um mês após o início com a hidroclorotiazida e depois a cada 3-6 meses.
em 2 mg/kg PO a cada 12 horas. A vitamina B6 está envolvida no metabolismo Se é secundária a uma doença endócrina, é indicado um controle adequado do
de oxalato, embora não haja evidência de que a suplementação com vitamina B6 tratamento desta doença
ofereça qualquer benefício em cães.

Manejo nutricional dos urólitos de oxalato de cálcio e hiperlipidemia em cães

Obter dados de base (radiografias, exame de urina, análise bioquímica do soro ± Paratormônio (PTH), cálcio ionizado)

Remover fatores de risco de iatrogenia (dietas acidificantes, glicocorticoides, etc.)

Mudança na dieta:
Considerar: Evitar:
Menor CaOx, Na, proteína Vitaminas C e D
Adequado fósforo, Mg, citrato, B6 Acidificantes urinários
Mais água Alimentos com alto teor de CaOx,
Alto teor de fibra se há Proteínas, Na
hipercalcemia

Acompanhamento na 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, a gravidade específica da urina, sedimento da urina e verificar o cumprimento

Citrato de potássio (50 mg/kg PO cada 12 h) Sim Cristalúria por oxalato Não
de cálcio?

Acompanhamento nas 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, a gravidade


específica da urina, sedimento da urina

Suplementação
Sim Cristalúria por oxalato de cálcio? Não
com Vitamina B6
Acompanhamento nas 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, a gravidade específica da
urina, sedimento da urina
Seguimento em 3 meses:
1. Verificar o cumprimento da dieta 3. A análise bioquímica do soro
Sim Cristalúria por oxalato de cálcio? Não 2. O exame de urina completo 4. Radiografia
Hidroclorotiazida
(2 mg/kg PO a cada 12
horas.)
Verificar se há efeitos Nenhum cristal ou Urólitos macroscópicos Cristais microscópicos
colaterais: Hipocalemia urólito
Hipercalcemia
Desidratação 1. Remoção não cirúrgica dos urólitos (urohidropropulsão por micção, remoção do cateter).
2. Entregar urólitos para análise.

109
Doença renal crônica e obesidade - Cães
Donna M. Raditic, DVM, CVA Predisposição
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN A obesidade ocorre mais frequentemente em cães entre 5 e 10 anos de idade. Estes cães
Definição
obesos têm um maior risco de morbidade e mortalidade precoce. Insuficiência renal
em cães jovens pode ser causada por desordens alimentares (zinco, lírios, passas, uvas,
A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal anticongelante e outros medicamentos). Doença glomerular é o principal tipo de
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde e é suficiente para provocar insuficiência renal em cães; é mais frequentemente observada em cães machos com
doenças. Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como uma idade média de 8 anos ou mais de idade. Normalmente, os cães com diabetes
visto em "doenças metabólicas" em seres humanos. A doença renal crônica (DRC) é mellitus são obesos e estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal. A raça
uma doença mais comum em cães de idade avançada e, ocasionalmente, a sua forma Shar-Pei está predisposta à insuficiência renal que envolve a predisposição de amiloide
congênita é vista em cães jovens. Para obter mais informações sobre a obesidade em cães, nos glomérulos e na medula dos rins. Muitas vezes, a síndrome de Fanconi em cães da
consultar as páginas 32-33; para obter mais informações sobre a doença renal crônica raça Basenji evolui para insuficiência renal. A insuficiência renal congênita tem sido
em cães, consultar as páginas 84-85. descrita em muitas raças e, geralmente, ocorre em cães com menos de 3 anos.

Ferramentas de diagnóstico e exames Modificações nos nutrientes essenciais


complementares As dietas de baixo teor em fósforo têm mostrado retardar a progressão da insuficiência
O peso corporal atual, a pontuação do escore de condição corporal (ECC) (ver renal. Níveis moderados de proteína de alta qualidade são benéficos para retardar a
Apêndice I) e o histórico alimentar completo devem ser obtidos na avaliação de um cão progressão da insuficiência renal em cães. A ingestão de dieta rica em Ômega 3 possui
obeso que tem suspeita de ter DRC (ver apêndice II). Para diagnosticar DRC são efeitos anti-inflamatórios na insuficiência renal primária. Dietas moderadamente
utilizadas as concentrações no soro ou plasma de creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, restritas em sódio podem reduzir a hipertensão arterial sistêmica e o grau de azotemia.
cálcio, eletrólitos (sódio, potássio, cloreto); a relação de proteína:creatinina na urina Os antioxidantes desempenham um papel nos mediadores inflamatórios associados à
(PUCU); exame de urina (amostra coletadas por cistocentese) e análise de sedimentos obesidade e o aumento do estresse oxidativo sobre a função celular normal; portanto,
na urina (urina coletadas mediante cistocentese, e analisadas imediatamente; podem as dietas enriquecidas com antioxidantes balanceados podem ser benéficas. Dietas
ser obtidos resultados falsos com urina refrigerada). baixas em calorias devem fornecer todos os nutrientes essenciais em equilíbrio com a
Exames adicionais incluem testes para leptospirose (o ideal é títulos em intervalos de ingestão calórica. Dietas pobres em gordura reduzem o teor calórico da dieta, já que a
2 semanas após 4 semanas ou a reação em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]); gordura fornece duas vezes mais caloriaspor grama que os carboidratos ou as proteínas.
doenças transmitidas por carrapatos (PCR), incluindo babesiose (B. canisou B. gibsoni; As dietas ricas em fibra são usadas para reduzir a ingestão calórica e aumentar a saciedade
o teste da PCR é mais sensível) e Borrelia burgdorferi. A infecção por B. burgdorferifoi para perda de peso, e melhorar a saúde gastrointestinal em pacientes renais. Dietas
associada com a azotemia, mas não foi estabelecida fisiopatologia. Sabe-se que os cães úmidas com mais água podem aumentar a saciedade e melhorar o equilíbrio de fluidos
soropositivos podem não ter doenças resultantes da exposição; portanto, o teste deve em pacientes renais.
ser interpretado de forma sensata. O teste 4DX (IDEXX) detecta anticorpos C6 e é
Valores recomendados de nutrientes essenciais
tão sensível quanto específico para a exposição à Borrelia.
O teste de etilenoglicol deve ser feito dentro de 48 horas após a possível ingestão. Para
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
testar zinco em plasma, utilizar tubos de ensaio com tampa azul marinho. Outros testes

Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*


incluem pressão arterial indireta para a hipertensão, a radiografia abdominal para

Fósforo 0.2–0.4 0.04–0.1 0.5 0.14


urólitos ou neoplasia potenciais, teste de estimulação do ACTH (Cortrosina) para a
síndrome de Cushing, TSH e T4 total no soro ou uma análise da tireoide completa
para o hipotireoidismo e glicose no sangue e urina para a diabetes mellitus primária ou Sódio 0.1–0.35 0.02–0.12 0.06 0.02
Proteína 13–20 3.5–5.5 18 5.1
concomitante. Testes avançados incluem a ultrassonografia, a análise com

Gordura 6–11 1.5–3.0 5 1.4


absorciometria para raio-X de dupla energia (DEXA, em inglês) para a relação massa
corporal magra:massa gorda, e análise de gases no sangue.
Fibra 9–22 2–7 n/d n/d
Fisiopatologia
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
A obesidade ocorre quando a ingestão de calorias excede os requisitos de energia do
cão, tais como a taxa metabólica basal, exercício e demais gastos energéticos. A percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
obesidade é uma doença que apresenta aumentos de mediadores inflamatórios,
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
resistência à insulina e lipídios sanguíneos anormais. Doenças como diabetes
mellitus, alterações cardiovasculares, pancreatite, lipidose, osteoartrite, câncer, Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
constipação e doença do trato urinário inferior têm sido associadas com a obesidade.
Princípios da alimentação coadjuvante
A obesidade não causa insuficiência do rim, mas estas doenças estão associadas. Os
múltiplos efeitos da obesidade sugerem uma conexão entre a obesidade e a
insuficiência renal, embora a fisiopatologia exata seja desconhecida. • A insuficiência renal é a principal preocupação do tratamento. É necessária uma
Epidemiologicamente, tanto a obesidade quanto a doença renal estão crescendo a limitação estrita de fósforo e um consumo moderado de proteína de alta qualidade,
taxas semelhantes em cães. Têm-se documentado alterações glomerulares precoces que tem demostrado retardar a progressão da doença.
em seres humanos obesos. Em bebês humanos estudos indicavam baixo peso ao • Dietas renais tendem a ter mais gordura e menos teor de fibras para garantir um
nascimento e um risco aumentado de terem menos néfrons, obesidade e hipertensão. aporte calórico adequado; geralmente cães com insuficiência renal têm pouco
Entretanto, estes dados não estão disponíveis para cães. apetite e doenças gastrointestinais concorrentes.
• Altos níveis de gordura na dieta renal podem melhorar a palatabilidade, mas podem
também causar problemas gastrointestinais, tais como pancreatite.
• Cães obesos precisam de dietas baixas em calorias, baixo teor de gordura e teor de

110
fibra moderado a alto, mas a palatabilidade das dietas pode ser ruim para os cães podem aumentar a ingestão calórica. O bicarbonato de sódio é utilizado para tratar
com insuficiência renal. a acidose metabólica, mas tem um gosto desagradável para cães e pode aumentar a
• O objetivo do tratamento dietético para um cão obeso com insuficiência renal é pressão arterial devido ao aumento da ingestão de sódio.

Controle
assegurar a ingestão adequada de calorias para manutenção de peso e uma perda de
peso segura; esta dieta para perda de peso deve ter um baixo teor de fósforo, com
níveis moderados de proteína de alta qualidade para retardar a progressão da A hidratação adequada é necessária para manter a perfusão renal. Muitos cães com
insuficiência renal.
n Petiscos – Evitar sobras de comida e alimentação humana. Evitar petiscos que são
DRC requerem fluidos adicionais, incluindo dietas alimentares úmidas que contêm
mais de 75% de umidade; a administração oral de água ou líquidos aromatizados; a
ricos em proteínas, sal ou fósforo (% de cinzas), calorias e gorduras.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alguns cães preferem alimentos
administração subcutânea de solução de Ringer Lactato ou outra solução cristaloide
equilibrada; ou a administração entérica de água através de uma sonda alimentar.
enlatados; misturar alimentos enlatados e alimentos secos. Aquecer ligeiramente os Manter uma concentração estável de creatinina. Frequentemente, os sinais clínicos
alimentos enlatados ou oferecê-los frescos. Adicionar à dieta caldo com baixo teor de muitas vezes não se correlacionam com o grau de azotemia em cães com DRC,
sal e baixo teor de gorduras ou água do atum com baixo teor de sal. Oferecer porções porque eles se adaptaram a ela. Os níveis de creatinina aumentam em mais de 0,2
menores com mais frequência.
n Recomendações para a dieta – Dietas que atendam aos seguintes critérios são
mg/dl entre medição e medição em cães com DRC adequadamente hidratados,
indicam progressão.
recomendadas: baixo teor de fósforo, moderadas em proteínas de alta qualidade, A relação proteína:creatinina urinária (PUCU) mantida abaixo de 0,5 é o ideal. A
moderadas em sódio, baixo teor de gordura, teor moderado a alto de fibras e ricas em relação PUCU deve ser seguida com medições em série; a interpretação depende da
ácidos graxos Ômega 3. ausência de hematúria, piúria ou infecção. Devem ser administrados inibidores da ECA

Pontos para a educação do proprietário


aos cães com insuficiência renal crônica em comparação PUCU superior a 0,5.
Os níveis de fósforo devem ser mantidos abaixo de 5,5 mg/dl. Os agentes de
• O tratamento da DRC pode deixar sem efeito o programa de perda de peso em cães ligação de fosfato podem ser usados para iniciar o tratamento se os níveis
obesos com insuficiência renal. continuam aumentando.
• Acompanhar de perto o peso é fundamental em cães obesos com insuficiência renal. Apressão arterial (sistólica) deve ser inferior a 160 mmHg, e deverá ser medida em série
O controle inclui a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e o peso corporal. de semanas ou meses. Iniciar o tratamento, se a pressão arterial continua aumentando;
• Cães com insuficiência renal podem facilmente perder peso sob a forma de massa reduzir lentamente a ingestão de sódio mesmo que os níveis sejam moderados. Em
magra em vez de gordura, o que é um prognóstico ruim para o tratamento. cães com inibidores da ECA e/ou tratamento com amlodipina, os aumentos de
• "Comer algo" não é suficiente; o cão deve consumir o que é necessário para manter creatinina > 0,5 mg/dl sugerem uma reação adversa ao medicamento. Inibidores de
o peso ou alcançar uma perda de peso segura, se é esse o objetivo. ECA ou amlodipina nunca deverão ser administrados em pacientes desidratados.
• Acompanhar de perto os índices renais, se houver perda de peso. Hematócrito deve ser mantida entre 38% e 48%. A utilização de EPO humana
• A perda de peso pode significar a desidratação e/ou progressão da recombinante ou darbepoetina pode ser adequada. Em cães anêmicos devem ser
insuficiência renal. considerados outros fatores como úlceras gastrointestinais, deficiência de ferro,
• A má nutrição é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em cães desnutrição, infecções e hiperparatireoidismo.
com insuficiência renal. Os níveis séricos de potássio devem estar entre 3,5 e 5,5 mEq/L. A hipocalemia

Comorbidades comuns
pode ser tratada com citrato ou gluconato de potássio, por via oral. Para a
hipercalemia, reduzir a ingestão de potássio na dieta e considerar a redução da
Em cães obesos com insuficiência renal são observadas infecções bacterianas do trato dose de inibidores da ACE ou do suplemento de potássio. Se a acidose
urinário (cistite e pielonefrite), nefrolitíase (geralmente, oxalato de cálcio), diabetes metabólica não for controlada através da dieta, iniciar o tratamento com
mellitus, hipotiroidismo, hiperparatiroidismo, pancreatite, doença inflamatória do bicarbonato de sódio ou citrato de potássio por via oral.
intestino, osteoartrite e colite. A má nutriçãoé uma preocupação; um cão obeso com DRC sofre uma rápida perda

Estratégias para o manejo das interações


de peso (mais de 1% a 2% de peso corporal por semana) está perdendo massa muscular
magra (o que pode aumentar a azotemia) além da gordura ou está severamente
medicamentosas desidratado. Devem ser consideradas as sondas de alimentação enteral para fornecer
as calorias suficientes, evitando a perda de peso rápida. A dieta enteral deve ser
Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) são usados para reduzir
formulada com quantidades adequadas de calorias, pobre em sódio e fósforo e
a proteinúria, mas podem causar hipercalemia. A amlodipinaé utilizada para reduzir
moderada em proteína de ata qualidade ou como necessite o paciente ou de acordo
a hipertensão arterial sistêmica, mas pode produzir a hipotensão. Os quelantes de
com o estágio da insuficiência renal. É necessária uma reidratação intensa com
fosfato são usados para diminuir a hiperfosfatemia, mas podem causar constipação,
administração de líquidos via intravenosa.
hipercalcemia, hipofosfatemia, dependendo do tipo usado. O calcitriol é utilizado
para tratar o hiperparatiroidismo renal secundário, mas pode causar hipercalcemia.
Ver Manejo nutricional de obesidade e de doença renal crônica (DRC) em cães
Os antibióticos usados para tratar as infecções bacterianas podem ser nefrotóxicos
na página 114.
(por exemplo: aminoglicosídeos). Os medicamentos anti-inflamatórios sem
esteroides (NSAID, em inglês) são usados para reduzir a inflamação, podem ser
nefrotóxicos. Os bloqueadores H2 (por ex.: metoclopramida ou ranitidina) são
utilizados para reduzir náuseas, vômitos e ulceração e sangramento gastrointestinal,
mas podem causar sedação ou hiperatividade, em casos raros. Aeritropoetina(EPO)
humana recombinante é utilizada para corrigir a anemia, mas pode causar anticorpos
anti-EPO que levam à anemia não regenerativa. Os sais de potássio (por ex.: gluconato
ou citrato) são utilizados para o tratamento da hipocalemia ou da acidose metabólica,
mas podem causar a hipercalemia, especialmente quando usado com um inibidor da
ECA. Os ácidos graxos Ômega 3 utilizados para reduzir a resposta inflamatória

111
Doença renal crônica e obesidade - Gatos
Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
progressão da insuficiência renal em gatos. A ingestão de dieta rica em Ômega 3 possui
efeitos anti-inflamatórios na insuficiência renal primária. Dietas moderadamente

Definição
restritas em sódio podem reduzir a hipertensão arterial sistêmica e o grau de azotemia.
Os antioxidantes desempenham um papel nos mediadores inflamatórios associados
A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal à obesidade e o aumento do estresse oxidativo sobre a função celular normal;
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde e é suficiente para provocar portanto, as dietas enriquecidas com antioxidantes balanceados podem ser benéficas.
doenças. Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como Dietas baixas em calorias devem fornecer todos os nutrientes essenciais em equilíbrio
visto em "doenças metabólicas" em seres humanos. A doença renal crônica (DRC) é com a ingestão calórica. Dietas pobres em gordura reduzem o teor calórico da dieta,
uma doença mais comum em gatos de idade avançada e, ocasionalmente, a forma já que a gordura fornece duas vezes mais calorias por grama que os carboidratos ou
congênita é vista em gatos mais jovens. Com frequência é irreversível e lentamente as proteínas. As dietas ricas em fibra são usadas para reduzir a ingestão calórica e
progressiva. Para obter mais informações sobre a obesidade em gatos, consultar as aumentar a saciedade para perda de peso, e melhorar a saúde gastrointestinal em
páginas 36-37; Para obter mais informações sobre a doença renal crônica em gatos, pacientes renais. Dietas úmidas com mais água podem aumentar a saciedade e
consultar as páginas 86-87. melhorar o equilíbrio de fluidos em pacientes renais.

Ferramentas de diagnóstico e exames Valores recomendados de nutrientes essenciais


complementares
O peso corporal atual, pontuação do escore de condição corporal (ECC) (ver Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Apêndice I) e o histórico alimentar completo devem ser obtidos na avaliação de um Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fósforo 0.4–0.6 0.08–0.15 0.5 0.13
gato obeso com suspeita de ter DRC (ver apêndice II). Para diagnosticar DRC são

Sódio 0.1–0.36 0.03–0.08 0.2 0.05


utilizadas as concentrações no soro ou plasma de creatinina, nitrogênio ureico, fósforo,
cálcio, eletrólitos (sódio, potássio, cloreto); a relação de proteína:creatinina na urina
(PUCU); exame de urina (amostra coletadas por cistocentese) e análise de sedimentos Proteína 25–36 6–10 26 6.5
Gordura 7–16 2–5 9 2.3
na urina (urina coletada mediante cistocentese, e analisada imediatamente; podem ser

Fibra 4–13 1.2–4 n/d n/d


obtidos resultados falsos com urina refrigerada).
Exames adicionais incluem pressão arterial indireta para a hipertensão, a radiografia
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
abdominal para potenciais urólitos ou neoplasias, glicose no sangue, urina para a
diabetes mellitus, primária ou concorrente, e T4 total e T4 livre no soro para induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
hipertireoidismo. Testes avançados incluem a ultrassonografia, a análise com percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
absorciometria para raio-X de dupla energia (DEXA, em inglês) para a relação massa
corporal magra:massa gorda, e análise de gases no sangue. * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).

Fisiopatologia
A obesidade ocorre quando a ingestão de calorias excede os requisitos de energia do
Princípios da alimentação coadjuvante
gato, tais como a taxa metabólica basal, exercício e demais gastos energéticos. A
obesidade é uma doença que apresenta aumentos de mediadores inflamatórios,
A doença renal crônica é a principal preocupação do tratamento. É necessária uma
resistência à insulina e lipídios sanguíneos anormais. Doenças como diabetes
restrição de fósforo e níveis moderados de proteína de alta qualidade, as quais tem
mellitus, alterações cardiovasculares, pancreatite, lipidose, osteoartrite, câncer,
demostrado retardar a progressão da DRC. Dietas renais tendem a ter mais gordura e
constipação e doença do trato urinário inferior têm sido associadas com a obesidade.
menos teor de fibras para garantir aporte calórico adequado; geralmente gatos com
A obesidade não causa insuficiência do rim, mas estas doenças estão associadas. Os
DRC têm pouco apetite e doenças gastrointestinais simultâneas. Catabolismo proteico
múltiplos efeitos da obesidade sugerem uma conexão entre a obesidade e a
é observado em gatos obesos com doença renal; consequentemente, a perda de peso a
insuficiência renal, embora a fisiopatologia exata seja desconhecida.
partir de tecido corporal magro é uma preocupação. Os gatos obesos necessitam de
Epidemiologicamente, tanto a obesidade quanto a doença renal estão crescendo a
dietas baixas em calorias, baixo teor de gordura e moderado a alto teor de fibra. Alguns
taxas semelhantes em gatos. Têm-se documentado alterações glomerulares precoces
gatos obesos parecem responder a dietas ricas em proteínas para perda de peso, mas essas
em seres humanos obesos. Em bebês humanos estudos indicavam baixo peso ao
dietas seriam inadequadas para um gato com DRC. O objetivo do tratamento dietético
nascimento e um risco aumentado de terem menos néfrons, obesidade e hipertensão.
para gatos obesos com insuficiência renal é o de assegurar uma ingestão calórica mais
Entretanto, estes dados não estão disponíveis para gatos.
baixa (usando uma abordagem com moderado a elevado teor de fibra e baixo teor de
Predisposição
gordura), enquanto mantêm um baixo nível de fósforo e níveis moderados de proteína
alta qualidade.
A obesidade ocorre mais frequentemente em gatos entre 5 e 10 anos de idade. A n Petiscos – Evitar petiscos que sejam ricos em proteínas, sal ou fósforo (% de
insuficiência renal normalmente se produz em gatos maiores de 10 anos. Os gatos obesos cinzas), calorias e gorduras.
têm um maior risco de morbidade e mortalidade precoce. Normalmente, os gatos com n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alguns gatos preferem alimentos secos;
diabetes mellitus são obesos e estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal. Os enquanto outros preferem alimentos enlatados, alimentar de acordo a preferência.
gatos machos, castrados e maiores de 6 anos, apresentam uma maior incidência de diabetes Adicionar na dieta caldo com baixo teor de sal e baixo teor de gorduras. Aquecer
mellitus e a mesma população de gatos apresenta um maior risco de obesidade. Os gatos ligeiramente os alimentos enlatados ou oferecê-los frescos. Adicionar água do atum
da raça Persa apresentam uma maior incidência de DRC policística que a normal. com baixo teor de sal para gatos que preferem as dietas com sabor de peixe. Oferecer

Modificações nos nutrientes essenciais


porções menores com mais frequência.
n Recomendações para a dieta–São recomendadas dietas que atendam aos seguintes
As dietas de baixo teor em fósforo têm mostrado retardar a progressão da insuficiência critérios: baixo teor de fósforo, moderada em proteínas de alta qualidade, moderada em
renal. Níveis moderados de proteínas de alta qualidade são benéficos para retardar a sódio, baixo teor de gordura, moderado teor de fibras.

112
Pontos para a educação do proprietário Controle
• Os gatos não podem “passar fome" para que comam a dieta recomendada. A hidratação adequada é necessária para manter a perfusão renal. Muitos gatos com
• A transição lenta é necessária para a dieta. DRC requerem fluidos adicionais, incluindo dietas alimentares úmidas que contêm
• O tratamento da DRC pode deixar sem efeito o programa de perda de peso em mais de 75% de umidade; a administração oral de água ou líquidos aromatizados; a
gatos obesos com insuficiência renal. administração subcutânea de solução de Ringer Lactato ou outra solução cristaloide
• Acompanhar de perto o peso é fundamental em gatos obesos com doença renal equilibrada; ou a administração entérica de água através de uma sonda de alimentação.
crônica. Manter uma concentração estável de creatinina. Frequentemente, os sinais clínicos
• "Comer algo" não é suficiente; o gato deve consumir o que é necessário para manter muitas vezes não se correlacionam com o grau de azotemia em gatos com DRC,
o peso ou alcançar uma perda de peso segura, se é esse o objetivo. porque eles se adaptaram a ela. Os níveis de creatinina aumentam em mais de 0,2
• O controle inclui a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e peso corporal. mg/dl entre medição e medição em gatos com DRC adequadamente hidratados,
• A perda de peso pode significar desidratação e/ou a progressão da DRC. indicam progressão. A relação proteína:creatinina na urina (PUCU) mantida
• Os gatos com DRC podem facilmente perder peso sob a forma de massa magra em abaixo de 0,4 é o ideal. A relação PUCU deve ser seguida com medições em série;
vez de gordura, o que tem um prognóstico ruim para o tratamento. a interpretação depende da ausência de hematúria, piúria ou infecção. Devem ser
• A má nutrição é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em gatos administrados inibidores da ECA aos gatos com insuficiência renal crônica em
com DRC. comparação PUCU superior a 0,4.

Comorbidades comuns
Os níveis de fósforo devem ser mantidos abaixo de 5,5 mg/dl. Os agentes
quelantes de fosfato podem ser usados para iniciar o tratamento se os níveis
Em gatos obesos comDRC são observadas infecções bacterianas do trato urinário continuam aumentando.
(cistite e pielonefrite), litíase renal (geralmente por oxalato de cálcio), diabetes mellitus, A pressão arterial (sistólica) deve ser inferior a 160 mmHg, e deverá ser medida em série
hipertireoidismo, pancreatite, lipidose hepática, hipercalcemia idiopática, doença de semanas ou meses. Iniciar o tratamento, se a pressão arterial continua aumentando;
inflamatória do intestino, constipação crônica e osteoartrite. reduzir lentamente a ingestão de sódio mesmo que os níveis sejam moderados. Em

Estratégias para o manejo das interações


gatos com inibidores ECA e/ou tratamento com amlodipina, os aumentos de
creatinina > 0,5 mg/dl sugerem uma reação adversa ao medicamento. Inibidores ECA
medicamentosas
ou amlodipina nunca deverão ser administrados em pacientes desidratados.
O hematócrito deverá ser mantido entre 30% e 40%. A utilização de EPO humana
Osinibidores da enzima conversora de angiotensina(ECA) são usados para reduzir recombinante ou darbepoetina pode ser adequada. Em gatos anêmicos devem ser
a proteinúria, mas podem causar hipercalemia. A amlodipinaé utilizada para reduzir considerados outros fatores como úlceras gastrointestinais, deficiência de ferro,
a hipertensão arterial sistêmica, mas pode produzir a hipotensão. Os quelantes de desnutrição, infecções e hiperparatireoidismo.
fosfato são usados para diminuir a hiperfosfatemia, mas podem causar constipação, Os níveis séricos de potássio devem estar entre 3,5 e 5,5 mEq/L. A hipocalemia é
hipercalcemia, hipofosfatemia, dependendo do tipo usado. O calcitriol é utilizado muito comum em gatos e pode ser tratada com citrato ou gluconato de potássio, por
para tratar o hiperparatiroidismo renal secundário, mas pode causar hipercalcemia. via oral. Para a hipercalemia, reduzir a ingestão de potássio na dieta e considerar a
Os antibióticos usados para tratar as infecções bacterianas podem ser nefrotóxicos redução da dose de inibidores da ECA ou do suplemento de potássio. Se a acidose
(por exemplo: aminoglicosídeos). Os medicamentos anti-inflamatórios sem metabólica não for controlada através da dieta, iniciar o tratamento com bicarbonato
esteroides (NSAID, em inglês) são usados para reduzir a inflamação, podem ser de sódio ou citrato de potássio por via oral.
nefrotóxicos. Os bloqueadores H2 (por ex.: metoclopramida ou ranitidina) são A má nutriçãoé uma preocupação; um gato obeso com DRC sofre uma rápida perda
utilizados para reduzir náuseas, vômitos e ulceração e sangramento gastrointestinal, de peso (mais de 1% a 2% de peso corporal por semana) está perdendo massa muscular
mas podem causar hiperatividade ou desorientação em casos pouco frequentes. A magra (o que pode aumentar a azotemia) além da gordura ou está severamente
eritropoetina (EPO) humana recombinante é utilizada para corrigir a anemia, mas desidratado. Devem ser consideradas as sondas de alimentação enteral para fornecer
pode causar anticorpos anti-EPO que levam à anemia não regenerativa. Os sais de as calorias suficientes, evitando a perda de peso rápida. A dieta enteral deve ser
potássio (por ex.: gluconato ou citrato) são utilizados para o tratamento da hipocalemia formulada com quantidades adequadas de calorias, pobre em sódio e fósforo e
ou da acidose metabólica, mas podem causar a hipercalemia, especialmente quando moderada em proteína de ata qualidade ou como necessite o paciente ou de acordo
usados com um inibidor da ECA. Os ácidos graxos Ômega 3 utilizado para reduzir com o estágio da insuficiência renal. É necessária uma reidratação intensa com
a resposta inflamatória podem aumentar a ingestão calórica. O bicarbonato de sódio administração de líquidos via intravenosa.
é utilizado para tratar a acidose metabólica, mas tem um gosto desagradável para os
gatos e pode aumentar a pressão arterial devido ao aumento da ingestão de sódio. Ver Manejo nutricional de obesidade e doença renal crônica (DRC) em gatos
na página 115.

113
Manejo nutricional de obesidade e de doença renal crônica (DRC) em cães

Tratamento da DRC (ver texto)


e
Alimentar com uma dieta para perda de peso que seja
apropriada para a DRC:
Baixa densidade de energia
Proteína: conteúdo moderado, de alta qualidade
Fósforo e sódio: restritos
Gorduras: restritas
Fibras: teor moderado a elevado

Alimentar de forma a atender as necessidades de energia de repouso


(RER) 70 x (peso corporal em kg) 0,75
O objetivo é 1% a 2% de perda de peso por semana

Apropriada perda de peso:


Sem perda de peso: Alimentar
Perda de peso inadequada: Alimentar para o peso
ao nível do RER x 80% para o
> 1% a 2% de perda de peso por semana corporal ideal ou condição
peso corporal ideal
física ideal

A perda é devido a massa


Aumentar a ingestão
muscular magra e gordura
calórica para 1,2 x RER
causada pelo tratamento renal
deficiente: avaliar o
tratamento renal novamente
(ver texto) para estabilizar

Sonda de alimentação com


dieta renal

Controlar a perda de peso e


o tratamento renal uma vez
por mês

114
Manejo nutricional de obesidade e doença renal crônica (DRC) em gatos

Tratamento da DRC (ver texto)


e
Alimentar com uma dieta para perda de peso que seja
apropriada para DRC:
Baixa densidade de energia
Proteína: conteúdo moderado, de alta qualidade
Fósforo e sódio: restritos
Gorduras: restritas
Fibras: teor moderado a elevado

Alimentar de forma a atender as necessidades de energia de repouso


(RER) 70 x (peso corporal em kg) 0,75
O objetivo é de 1% a 2% de perda de peso por semana

Apropriada perda de peso:


Sem perda de peso:
Perda de peso inadequada: Alimentar para o peso
Alimentar ao nível RER x 80%
> 1% a 2% de perda de peso por semana corporal ideal ou condição
para o peso corporal ideal
física ideal

A perda é devida à massa


Aumentar a ingestão
muscular magra e gordura
calórica para 1,2 x RER
causada pelo tratamento
renal deficiente: avaliar o
tratamento renal novamente
(ver texto) para estabilizar

Sonda de alimentação com


dieta renal

Controlar a perda de peso e


o tratamento renal uma vez
por mês

115
Urolitíase por estruvita e obesidade - Gatos
Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
e normalmente de forma secundária a outra doença. Gatos machos castrados com
menos de 10 anos têm uma maior incidência de tampões uretrais, que geralmente

Definição
contêm estruvita.

A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal Modificações nos nutrientes essenciais
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde o suficiente para provocar doenças. No manejo nutricional da obesidade, as dietas baixas em calorias devem fornecer
Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como visto na todos os nutrientes essenciais em equilíbrio com a sua ingestão de calorias. Dietas
"doença metabólica" em seres humanos. A urolitíase por estruvita é uma doença do pobres em gordura reduzem o teor calórico da dieta, já que a gordura fornece duas
trato urinário inferior que muitas vezes produz um ou mais indicadores de hematúria, vezes mais calorias por grama do que proteínas ou carboidratos. As dietas ricas em
disúria, polaquiuria, obstrução uretral e micção inadequada. Para obter mais fibra são usadas para reduzir a ingestão calórica e aumentar a saciedade para perda
informações sobre a obesidade em gatos, consultar as páginas 36-37; para mais de peso. Programas de perda de peso têm sido atingidos por alguns gatos com dietas
informações sobre a insuficiência renal em gatos, consultar as páginas 90-91. baixas em carboidratos e ricas em proteínas. Dietas úmidas com maior quantidade

Ferramentas de diagnóstico e exames


de água podem aumentar a saciedade e aumentar a ingestão de líquidos através da

complementares
redução da concentração dos minerais na urina.
Mudanças fundamentais no tratamento da urolitíase por estruvita incluem restrição
O peso corporal atual, o escore de condição corporal (ECC) (ver Apêndice I) e o de fósforo na dieta, restrição de magnésio da dieta, evitar o consumo excessivo de
histórico alimentar completo devem ser obtidos na avaliação de um gato obeso com proteína, já que diminui a concentração de amônia na urina, evitar alimentos
suspeita de urolitíase por estruvita (ver apêndice II). O exame de urina deve ser avaliado alcalinizantes (por exemplo: dietas para insuficiência renal ou dietas com proteínas à
(amostra coletada por cistocentese), análise de urólitos ou tampões se foram extraídos, base de vegetais) e aqueles que causam a urina ácida. Gatos produzem urina alcalina
e análise de sedimentos na urina (o teste deve ser realizado imediatamente após a coleta após as refeições, que é mais prolongada com porções de alimentos que com
para avaliar cristalúria; pode-se obter resultados falsos se a urina for resfriada). Na cultura alimentação ad libitum. Portanto, gatos que consomem pequenas quantidades de
de urina, menos de 1% dos gatos com menos de 10 anos apresentam cistite bacteriana, comida ao invés de uma ou duas porções por dia reduzem a cristalúria por estruvita. A
enquanto 45% dos gatos com mais de 10 anos com indicadores do trato urinário inferior alimentação ad libitum ainda necessita de tratamento calórico em gatos obesos que
têm cistite bacteriana. As infecções bacterianas são geralmente secundárias à insuficiência formam estruvita. A ingestão de sódio reduz a saturação da urina com estruvita; o papel
renal, diabetes mellitus, vírus da leucemia felina, etc. São recomendadas radiografias exato desempenhado pelo sódio na saturação da urina e a posterior urolitíase por
abdominais para urólitos potenciais ou neoplasia (urólitos de estruvita são radiodensos) estruvita ou oxalato de cálcio é uma área de pesquisa.

Valores recomendados de nutrientes essenciais


e exames de sangue para descartar outras doenças relacionadas com a obesidade ou
secundárias à cistite bacteriana. Testes avançados podem incluir cistoscopia (limitada
ao diâmetro da uretra), ultrassonografia e análise com absorciometria por raio-X de
dupla energia (DEXA, em inglês) para a relação de massa corporal magra:massa gorda. Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fisiopatologia
Gordura 7–10 2.3–4 9 2.3
Fibra 4–13 1.2–4 n/d n/d
A obesidade ocorre quando a ingestão de calorias excede os requisitos de energia do
gato, tais como a taxa metabólica basal, exercício e demais gastos energéticos. A
obesidade é uma doença com aumentos de mediadores inflamatórios, resistência à Proteína 30–44 9–15 26 6.5
Fósforo 0.6–1.1 0.1–0.3 0.5 0.13
insulina e lipídios sanguíneos anormais. Doenças como diabetes mellitus, alterações

Magnésio 0.06–0.08 0.01–0.02 0.04 0.01


cardiovasculares, pancreatite, lipidose, osteoartrite, câncer, constipação e doença do
trato urinário inferior têm sido associados com a obesidade.
Múltiplos efeitos da obesidade sugerem uma conexão entre a obesidade e as doenças Sódio 0.1–1.1 0.05–0.35 0.2 0.05
do trato urinário inferior, tais como urolitíase por estruvita, embora a fisiopatologia
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas in-
duzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
exata seja desconhecida. A estruvita é mais comum em gatos estéreis; no entanto, os
gatos sim formam urólitos de estruvita se desenvolverem uma infecção do trato urinário percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabo-
causada por bactérias produtoras de urease, geralmente Staphylococcus spp. A lizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo
com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
composição mineral da "estruvita" é hexahidrato de fosfato amônico magnésico.
A solubilidade da estruvita depende das concentrações de fosfato, de amônia, de Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
magnésio e do pH da urina. A solubilidade da estruvita diminui à medida que o pH
da urina é superior a 6,8 e os urólitos de estruvita estéreis formam-se com a simultânea

Princípios da alimentação coadjuvante


supersaturação de urina com mineral e uma urina alcalina. Estruvita é o mineral mais
comum observado em obstrução uretral causada por urólitos ou tampões uretrais.
Urólitos de estruvita estéreis formam-se devido à composição da dieta, bem como Os gatos obesos necessitam de dietas baixas em calorias, baixo teor de gordura e
outros fatores de risco desconhecido de formação de urólitos. moderado ou alto teor de fibra. Alguns gatos obesos parecem responder a dietas ricas

Predisposição
em proteínas para perda de peso, mas essas dietas seriam inapropriadas para um gato
com urolitíase por estruvita. O objetivo do tratamento dietético para gatos obesos com
A obesidade ocorre mais frequentemente em gatos entre 5 e 10 anos de idade. Estes urólitos de estruvita é garantir uma menor ingestão calórica (utilizando uma abordagem
gatos estão em maior risco de morbidade precoce e quase o triplo da taxa média de contendo moderada a alta fibra, baixo teor de gordura), enquanto mantém um baixo
mortalidade. Geralmente, a doença do trato urinário inferior em gatos é observada nível de fósforo e níveis moderados de proteína de alta qualidade. A alimentação ad
entre 4 e 10 anos de idade. Normalmente, urolitíase por estruvita ocorre em gatos com libitum deve ser controlada quanto às calorias. Restringir níveis dietéticos de magnésio,
idade inferior a 10 anos sem predisposição de gênero ou raça. A urolitíase por estruvita fósforo e proteína para gerar menos saturação na urina destes minerais e a dissolução
induzida por bactérias é observada com maior frequência em gatos maiores de 10 anos dos cristais ou urólitos de estruvita. Provocar e manter a urina ácida tanto para a

116
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
subsaturação como para a dissolução. Incentivar a ingestão de água tanto para a
saturação da urina como para a saciedade do gato.
n Petiscos–Evitar petiscos ricos em calorias, gordura, proteína, fósforo e magnésio
Os esteroides administrados para a inflamação posterior à obstrução incrementam a
(% de cinzas). Incentivar a ingestão de água com dietas úmidas ou água com sabor.
susceptibilidade da cistite bacteriana. Os estimulantes do apetite para a dieta de
Evitar petiscos e medicamentos alcalinizantes (tal como o citrato de potássio ou
transição são contra-indicados em programas de perda de peso. Os medicamentos
bicarbonato de sódio).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Tentar fazer a transição para uma dieta
anti-inflamatórios não esteroidaispodem causar anorexia aguda, úlceras e perfurações
gastrointestinais. Os acidificantes urináriospodem ser usados se a acidificação da dieta
úmida adequada para o gato. Adicionar agentes aromatizantes, tais como sopas ou
não for adequada.
molhos adequados. Aquecer ligeiramente os alimentos enlatados. Oferecer
Controle
frequentemente alimentos enlatados frescos. Colocar pequenos alimentadores com
alimentos secos por toda a casa.
n Recomendações para a dieta – Dietas que atendam aos seguintes critérios são Usando uma dieta adequada para urolitíase por estruvita, o programa de perda de peso
recomendadas: baixo conteúdo de fósforo e magnésio; acidificantes; quantidades deve ser concebido para a redução segura de peso de 1% a 2% por semana.
moderadas de proteína de alta qualidade; e dietas pobres em gordura e ricas em fibras Mensalmente deve-se registrar o peso e alterar a ingestão alimentar em conformidade.
para perda de peso. Estão à venda dietas para dissolução e prevenção da estruvita. Uma vez que o peso e o escore de condição corporal (ECC) ótimos tenham sido
atingidos, o peso do gato pode ser verificado a cada 4-6 meses, além de realizar uma
Pontos para a educação do proprietário
análise de urina para assegurar a manutenção do peso.
• A obesidade em gatos está relacionada com a doença do trato urinário inferior, tais
Ao controlar adissoluçãode urólitos de estruvita deve-se levar em conta que urólitos
de estruvita estéreis geralmente se dissolvem no prazo de 2 a 4 semanas, quando a
como urolitíase por estruvita.
alimentação for feita com uma dieta para a dissolução da estruvita. Os urólitos de
• Um programa para perder peso deve ser concebido para atingir uma perda de peso
estruvita induzidos por infecção habitualmente são dissolvidos entre 8 e 10 semanas,
de 1% a 2% por semana utilizando uma dieta adequada para a prevenção e dissolução
quando alimentados com uma dieta para a dissolução da estruvita e são administrados
da estruvita.
antibióticos adequados. Devem ser realizadas verificações mensais com exame de urina
• Os gatos não podem passar fome para comer a dieta recomendada; precisam de
e raio-X até a dissolução dos urólitos. O exame de urina deve indicar urina ácida (pH
uma transição lenta para a nova dieta.
< 6,8), gravidade específica da urina < 1,030, sem cristalúria na avaliação de sedimentos
• Se a modificação da dieta não for mantida, pode produzir uma nova formação de
(urina coletadas mediante cistocenteses e analisada imediatamente; muitas vezes falsos
cristais e urólitos de estruvita.
resultados são obtidos com a urina refrigerada), resolução da hematúria sem inflamação.
• Gatos de idade avançada podem ter estruvita secundária a infecções bacterianas.
No caso do controle para a prevençãode urólitos de estruvita, deve ser feita mensalmente

Comorbidades comuns
uma uroanálise, e uma radiografia para avaliar a eficácia da dieta. O exame de urina deve
indicar urina ácida (pH < 6,8), densidade urinária < 1,030, sem cristalúria na avaliação
Em gatos de idade avançada com urolitíase por estruvita podem-se observar infecções de sedimentos (urina coletada e analisada por cistocentese dentro de 15 minutos após
bacterianas do trato urinário. Pode ocorrer estenose uretral concomitantemente com a coleta), resolução de hematúria sem inflamação ou indicadores de doença do trato
a urolitíase por estruvita. As doenças que são normalmente observadas em gatos obesos urinário inferior. Se a dieta parece ser eficaz, podem ser realizados uroanálises a cada 4 a
incluem: diabetes mellitus, pancreatite, doença inflamatória do intestino, constipação 6 meses. Com qualquer indicador de doença do trato urinário inferior, devem ser
crônica, osteoartrite e outras doenças do trato urinário inferior. realizados raio-X, exame de urina e de sangue, como explicado anteriormente.

Manejo nutricional de obesidade e da urolitíase por estruvita em gatos

Há sinais clínicos de doença do trato urinário inferior por estruvita? (Ver texto)

Sim Não

Tratar a obesidade com uma dieta adequada


para a estruvita
Tratamento com medicamentos e Cirurgia Urohidropropulsão Litotripsia
dieta (geralmente, 3 a 4 semanas
para observar a dissolução)
Urolitíase por estruvita, ausente • Alimentar com a dieta na quantidade RER
• Fósforo e magnésio: Restritos
Perda de peso adequado (1% a 2% por semana): • Objetivo acidificação da urina: pH 6,2 - 6,4
• Alimentar com dieta na quantidade de RER Verificar urina uma vez por mês. • Proteína: baixo teor
(70 x peso corporal em kg) 0,75 • Baixa densidade calórica
• Fósforo e magnésio: Restritos Rápida perda de peso (> 1-2% por semana): Aumentar a • Fibras: teor moderado a elevado
• Objetivo acidificação da urina pH 5,9 - 6,1 ingestão de 1,2 x RER e controlar urina uma vez por mês. • Enlatados: melhor do que seco
• Proteína: baixo teor • Gorduras: baixo teor
Sem perda de peso: Alimentar ao 80% do RER. • Sódio: teor mais elevado que da dieta de
• Enlatados: melhor do que seco
Controlar o peso e urina uma vez por mês dissolução (ver texto)
• Sódio: reduzir a ingestão

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2000; 35(3):275-286. Anim Pract. 2004;34:178-184.
2. Hall EJ, German AJ. Diseases of the small intestine. In: Ettinger SJ, Feldman EC Urolitíase por Estruvita e Obesidade - Gatos
(eds): Textbook of Veterinary Internal Medicine: Diseases of the Dog and Cat, 7th ed. St. 1. Nguyen P, Jeusette I, Dies M, Siliart B, Dumaon H, Biourge V. Obesity: How is
Louis: Elsevier Saunders; 2010, pp 1526-1572. it a Disease? Proc 15th ECVIM-CA Congress, 2005, pp 1-5.
3. Davenport DJ, Jergens AE, Remillard RM: Inflammatory bowel disease. In 2. Laflamme DP. Understanding and managing obesity in dogs and cats. Vet Clin
Hand MS et al (eds): Small Animal Clinical Nutrition, 5th ed. Topeka, KS: Mark North Am Small Anim Pract. 2006; 36:1283-1289.
Morris Institute, 2010, pp 1065-1076. 3. Brown SA. Functional food and the urinary tract. Vet Clin North Am Small
Gastroenterite Alérgica / Doença Intestinal Inflamatória & Doença Renal Crônica Anim Pract. 2004;34:178-184.
- Gatos 4. Bartges J, Kirk C. Nutrition and lower urinary tract disease in cats. Vet Clin
1. Brown SA, Brown CA, Crowell WA, et al. Effects of dietary polyunsaturated North Am Small Anim Pract. 2006;36:1361-1364.
gorduraty acid supplementation in early renal insufficiency in dogs. J Lab Clin Med.
2000;135(3):275-86.
2. Hall EJ, German AJ. Diseases of the small intestine. In: Ettinger SJ, Feldman EC
(eds): Textbook of Veterinary Internal Medicine: Diseases of the Dog and Cat, 6th ed. St.
Louis: Elsevier Saunders; 2005. pp 1332-1378.
3. Davenport DJ, Remillard RM, Simpson KW, Pidgeon GL. Gastrointestinal and
exocrine pancreatic disease. In Hand MS et al (eds): Small Animal Clinical Nutrition,
4th ed. Marceline, MO: Walsworth, 2000, pp 725-810.

122
Apêndice I - Sistema de escore de condição corporal (ECC) da Nestlé® Purina®

SISTEMA DE ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL


SUBALIMENTADO

Costelas, vértebras lombares, ossos pélvicos e todas as


1 saliências ósseas visíveis à distância. Não há gordura
corporal aparente. Perda evidente de massa muscular.

Costelas, vértebras lombares e ossos pélvicos facilmente visíveis.


2 Não há gordura palpável. Algumas outras saliências ósseas
podem estar visíveis. Perda mínima de massa muscular.

Costelas facilmente palpáveis podem estar visíveis sem


gordura palpável. Visível o topo das vértebras lombares.
3 Os ossos pélvicos começam a ficar visíveis. Cintura e
reentrância abdominal evidentes.

Costelas facilmente palpáveis com mínima cobertura de


IDEAL

4 gordura. Vista de cima, a cintura é facilmente observada.


Reentrância abdominal evidente.

Costelas palpáveis sem excessiva cobertura de gordura.


5 Cintura observada por trás das costelas, quando vista de
cima. Abdômen retraído quando visto de lado.

Costelas palpáveis com leve excesso de cobertura de gordura.


SOBREALIMENTADO

6 A cintura é visível quando observada de cima, mas não é


acentuada. Reentrância abdominal aparente.
Costelas palpáveis com dificuldade. Pesada cobertura
de gordura. Depósitos de gordura evidentes sobre a área
7 lombar e base da cauda. Ausência de cintura ou apenas
visível. A reentrância abdominal pode estar presente.
Impossível palpar as costelas situadas sob cobertura de
gordura muito densa ou palpáveis somente com pressão
8 acentuada. Pesados depósitos de gordura sobre a área lombar
e base da cauda. Cintura inexistente. Não há reentrância
abdominal. Poderá existir distensão abdominal evidente.
Maciços depósitos de gordura sobre o tórax, espinha
9 e base da cauda. Depósitos de gordura no pescoço e
membros. Distensão abdominal evidente.

O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e
Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:

Mawby D, Barlges JW, Mayers T, et al. Comparison of body fat estimates by dual-energy x-ray absorptiometry and
deuterium oxide dilution in client owned dogs. Compendium 2001; 23 (9A): 70
Laflamme DP. Development and Validation of a Body Condition Score System for Dogs. Canine Practice July/August
1997; 22:10-15
Kealy, et al. Effects of Diet Restriction on Life Span and Age-Related Changes in Dogs. JAVMA 2002; 220:1315-1320

123
SISTEMA DE ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL

Costelas visíveis nos gatos de pelo curto. Nenhuma gordura


SUBALIMENTADO

1 palpável. Acentuada reentrância abdominal. Vértebras


lombares e asa do ilíaco facilmente palpáveis.

Costelas facilmente visíveis em gatos de pelo curto. Vértebras


2 lombares são observadas com mínima massa muscular;
reentrância abdominal. Não há presença de gordura palpável.

Costelas facilmente palpáveis apresentam uma cobertura


3 mínima de gordura. As vértebras lombares são visíveis. Cintura
evidente depois das costelas. Mínimo de gordura abdominal.

Costelas palpáveis com mínima cobertura de gordura. Cintura


4 perceptível atrás das costelas. Mínima gordura abdominal.
IDEAL

Bem proporcionado. Cintura visível depois das costelas.


5 Costelas palpáveis com pequena cobertura de gordura.
Panículo adiposo abdominal mínimo.

Costelas palpáveis com mínima cobertura de gordura.


6
SOBREALIMENTADO

Cintura e gordura abdominal visíveis, mas não óbvios.

Di culdade em palpar as costelas que têm moderada cobertura


7 de gordura. A cintura não é muito evidente. Arredondamento
óbvio do abdômen. Moderado panículo adiposo abdominal.

Costelas não palpáveis, com excesso de cobertura de gordura.


8 Cintura ausente. Arredondamento abdominal e presença de
gordura visível. Presença de depósitos de gordura lombar.

Impossível palpar as costelas que se encontram sob espessa


cobertura de gordura. Pesados depósitos de gordura na área
9 lombar, face e membros. Distensão do abdômen e ausência
de cintura. Amplos depósitos abdominais de gordura.

O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e
Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:

Laflamme DP. Development and Validation of a Body Condition Score System for Cats: A Clinical Tool.
Feline Practice 1997; 25:13-17

Laflamme DP, Hume E, Harrison J. Evaluation of Zoometric Measures as an Assessment of Body


Composition of Dogs and Cats. Compendium 2001; 23 (Suppl 9A):88

124
Apêndice II - Formulário de histórico alimentar

Motivo da visita de hoje:


Data: ______________________________________________

Nome do animal: __________________________________ Peso: ______________ e ________________ kg


Atual Ideal
Nome do proprietário: _____________________________
Escore de condição corporal (ECC) (1-9): ____
Nº de identificação do paciente: ___________________

t PARA SER COMPLETADO PELO CLIENTE t


1. Seu animal de estimação reside: o Dentro de casa o Fora de casa o Ambos
o Fora principalmente para
caminhadas ou exercício
2. Descreva o nível de atividade do animal de estimação (ou seja, tipo, duração e frequência): ______________________
______________________________________________________________________________________________________
3. Possui outros animais? o Sim o Não Quais?: ____________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
4. Seu animail de estimação é alimentado na presença de outros animais? o Sim o Não
Se for sim, explique:: ____________________________________________________________________________________
5. A comida é deixada fora para seu animal de estimação durante o dia ou é retirada depois de cada refeição? _______
______________________________________________________________________________________________________
6. Seu animal de estimação tem acesso a outras fontes de alimento não controladas (ou seja, o alimento de um gato
vizinho, etc.)? o Sim o Não Se a resposta for sim, explique: ______________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
7. Normalmente quem alimenta seu animal de estimação? _____________________________________________________
8. Como armazena o alimento do seu animal de estimação? ___________________________________________________
9. Descreva problemas médicos atuais e passados de seu animal de estimação, se houver e se eles foram resolvidos:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

10. Descreva todas as medicações que seu animal de estimação está recebendo atualmente e outras que foram
administradas nos últimos três meses (indicar medicamentos que estão em uso): ________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
11. Indique se o seu animal de estimação tem sofrido algum destes sintomas antes da visita de hoje:
o Ganho de peso OU o Perda de peso
o Quanto? __________________kg Em qual período de tempo?_______________________________________________
o Vômitos ___________________________ vezes/dia ____________________ vezes/semana
o Diarreia___________________________ vezes/dia ____________________ vezes/semana
12. Já percebeu mudanças em quaisquer das seguintes situações?
o Micção OU o Consumo de água. Qual foi a mudança específica? _______________________________________
Desde quando?______________________________________________________________________________________
o Defecação Qual foi a mudança específica? __________________________________________________________
Desde quando?______________________________________________________________________________________
o Apetite Qual foi a mudança específica? _____________________________________________________________
Desde quando? _____________________________________________________________________________________
13. Seu animal de estimação apresenta: o alergias OU difficuldade o mastigação o deglutição
Se tiver, explique: ____________________________________________________________________________________

Adaptado com permissão do Serviço de Apoio Nutricional da UC Davis, Davis, California, 2008.

125
Dietas atuais
Descreva a seguir as marcas ou nomes de produtos (se aplicável) e quantidades de todos os alimentos e petiscos que seu
animal de estimação come atualmente. Por favor, separar cada ingrediente da alimentação caseira, descrevendo cada
ingrediente em sua própria linha. A descrição deve fornecer detalhes suficientes para que possamos ir ao mercado e
comprar o alimento. Deve incluir a alimentação humana oferecida como petisco ou na mesa. Exemplos são apresentados
em letra itálica.

Marca/Produto/Alimento Forma Quantidade do alimento # de Comidas Oferecida


por porção desde
EXEMPLOS:
Pro Plan Adult Complete seco 1 1/2 xícara 2x por dia Maio 2000
Frango desossado fervido 56.69 gramas 3x por semana Junho1998

___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________

Dietas anteriores e suplementos


Por favor, descrever outras dietas e petiscos que seu animal de estimação recebeu no passado, indicando o período de tempo
aproximado durante o qual consumiu.Um exemplo é dado em itálico.

Marca/Produto/Alimento Forma De Até Motivo de


suspensão

EXEMPLOS:
Pro Plan Puppy Complete seco Junho 1999 Março 2000
tornou-se
adulto
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________

Descrever o nome de cada suplemento adicional que o animal recebe, indicar quanto e quantas vezes ele o recebe (isto é,
produtos a base de ervas, suplemento de ácidos graxos, vitaminas ou minerais):
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________

Preferências/Restrições na dieta do animal de estimação:


(Que ingredientes seu animal de estimação pode comer?)
Preencher esta seção SOMENTE se for necessário ou pode tornar-se necessário formular uma dieta caseira. Se a formulação da
dieta é necessária devido a uma reação adversa à alimentação ou, apresenta algumas opções para fontes de proteína e
carboidratos que sejam palatáveis e tolerados pelo animal. Isto terá de ser determinado antes de entregar esta consulta.

Fontes de proteínas Fontes de carboidrato


o carne bovina o porco o cevada o batata branca
o frango o salmão o milho-miúdo o quinoa
o requeijão o tofu o aveia o arroz integral
o caranguejo o atum o massas, espaguetes o arroz branco
o ovo o peru o ervilha o mandioca
o cordeiro o peixe branco o batata doce o milho
o outros: ___________________________________________________________________________________________

126
Apêndice III - Cálculos úteis na nutrição clínica

Calcular as exigências energéticas ou com baixo peso), gestação e lactação, ou doenças, multiplicado por um fator
Pode-se usar equações simples para calcular as necessidades de energia específico. Por exemplo:
de um animal de estimação. No entanto, os requisitos de energia dos
Cães
cães e dos gatos não são uma função linear do peso corporal; os Nascimento a peso maduro médio RER ¥ 2.2
requisitos de energia dos animais, por quilograma de peso corporal Peso maduro médio a adulto RER ¥ 1.5
diminuem na medida que o tamanho do animal aumenta. Além disso, Cão adulto castrado RER ¥ 1.8
os ajustes são necessários para atender às variações das necessidades Cão adulto propenso a obesidade RER ¥ 1.2 a 1.4
energéticas diárias de cães e gatos gerados por fatores, incluindo a idade Fêmeas prenhas RER ¥ 1.3
e fase da vida, raça, nível de atividade, status reprodutivo, ambiente e Fêmeas lactantes
Até uma semana após o parto RER ¥ 1.2
saúde.
Máximo (3-4 semanas após o nascimento) RER ¥ 3.5
Até 6 semanas RER ¥ 1.5
• A energia metabolizável (EM) é a porção total da energia disponível para o Gato adulto castrado RER ¥ 1.2 a 1.4
corpo a partir dos alimentos, essencialmente as calorias utilizadas e suas Gato adulto inteiro RER ¥ 1.4 a 1.6
concentrações ou densidade. A EM é normalmente medida em calorias ou Gato adulto propenso à obesidade RER ¥ 1.0
joules. A declaração de calorias está incluída na maior parte dos rótulos dos
alimentos para animais, embora não seja exigido. As calorias são definidas em Depois de calculada a exigência de manutenção do animal (a quantidade de
termos de quilocalorias metabolizáveis por quilograma (EM kcal/kg) de calorias necessárias por dia), pode-se determinar a quantidade de alimento
alimento e também podem ser expressas como calorias por unidade de medida adequado com o qual alimentar, ao se verificar a quantidade de kcal/xícara ou
doméstica, como xícara ou lata. Uma EM maior indica uma maior kcal/lata no rótulo dos alimentos para animais de estimação e calcular o tamanho
concentração de calorias, e um alimento mais denso em energia. da porção para atender a essas necessidades.

Conversão do alimento para Matéria Seca


• Densidade de energia refere-se ao teor energético do alimento por unidade
de peso, normalmente expressa em kcal/100 g
O nível de garantia nos rótulos dos alimentos para animais lista os níveis de
• Requerimento energético em repouso (RER)
nutrientes, como em porcentagem, presentes no pacote ou na lata. Quando são
A exigência de energia em repouso é o montante básico de energia utilizada
comparados os rótulos de produtos secos e enlatados, os níveis de proteína bruta
em um dia por um animal de estimação que permanece em repouso. Para
e da maioria dos outros nutrientes são muito mais baixos do que para os produtos
animais de estimação com um peso compreendido entre 2 e 45 kg, o RER,
enlatados. Por exemplo, um alimento enlatado garante 8% de proteína bruta e
expressado em kcal de energia metabolizável (EM), por quilograma de peso
75% de umidade (ou 25% de matéria seca), enquanto a ração seca contém 27%
corporal por dia, pode ser calculado como se segue:
de proteína bruta e 10% de umidade (ou 90% de matéria seca). A diferença pode
ser explicada pela observação dos conteúdos de umidade relativa: os alimentos
RER (kcal/dia) = 30 x (peso corporal atual em kg) + 70, ou
enlatados contêm normalmente entre 75% a 78% de umidade, enquanto os
RER (kcal/dia) = 70 x (peso corporal atual em kg) 0,75
alimentos secos contêm apenas 10% a 12% de umidade.
(Conversão de peso corporal de libras para quilogramas pela divisão por 2,2.)
A forma mais precisa para comparar os níveis de nutrientes nas dietas secas e nas
Qualquer outra atividade diferente ao repouso exige um aumento de energia e
úmidas é transformar as garantias de ambos os produtos a uma base livre de
um aumento em calorias para satisfazer as necessidades energéticas.
umidade ou com base na matéria seca (MS). Para calcular a porcentagem de
Requerimento energético de manutenção (REM)
matéria seca, começar subtraindo a quantidade total de umidade, obtendo-se
assim a quantidade de "matéria seca". Em seguida, dividir a quantidade de nutriente,
O requerimento de manutenção (REM) baseia-se no RER necessário mais a por exemplo, proteína ou gordura, pela quantidade de matéria seca. Assim, se a
energia para movimentar e para digerir e absorver os nutrientes a partir do trato dieta úmida tem 75% de umidade:
intestinal. Desenvolveram-se diversas equações para calcular o REM em cães e
gatos saudáveis, mas não há consenso entre os nutricionistas sobre qual é a (100% - 75%) = 25% matéria seca
equação mais precisa. Para um animal em particular, o REM fornece uma
diretriz inicial; a avaliação contínua da pontuação do escore de condição O conteúdo de proteínas pode ser calculado dividindo-o por 25. Por exemplo, se
corporal (ECC) deverá então ser utilizada para modificar a ingestão de a etiqueta disser que contém 8% de proteínas:
alimentos para cima ou para baixo, conforme necessário.
Para calcular a REM, expressa em kcal de energia metabolizável (EM), por 8 / 25 ¥ 100 = 32% proteínas de matéria seca
quilograma de peso corporal por dia, começar com as equações para o RER
listados acima. A equação matemática superestimará o REM em cães muito Para a dieta seca:
pequenos e de grandes raças, por isso deverá ser usada a equação exponencial no
caso destes animais. Como existe menor variação no peso corporal entre gatos 100% – 10% = 90% matéria seca
adultos, o REM pode ser estimado como se segue:
Se o rótulo da dieta seca menciona 27% de proteínas brutas:
REM = 80 x (PC em kg) para gatos ativos
REM = 70 x (PC em kg) para gatos inativos 27/90 x 100 = 30% de proteínas de matéria seca

Para calcular o REM é necessário levar em conta variáveis individuais, tais como Continua
idade, estágio de vida, estado reprodutivo (inteiro vs. castrado), estado físico (obeso

127
Deste modo, embora aparentemente a dieta seca, neste exemplo, possua muito Proteínas brutas mín 8.0% / (1.00–0.75) = 32% MS
mais proteínas, de fato, a dieta úmida possui um pouco mais. Pode ser realizada Gorduras mín. 5.0% / (1.00–0.75) = 20% MS
uma rápida comparação estimando-se que a quantidade de matéria seca, em um Fibras brutas máx. 1.5% / (1.00–0.75) = 6% MS
alimento seco, é quase quatro vezes maior que a quantidade de um produto Cinzas máx. 3.0% / (1.00–0.75) = 12% MS
enlatado.
A % total de MS constituída por proteínas, gorduras, fibras e cinza é, por tanto,
Utilizar a declaração de análise garantida nos
70% (32% + 20% + 6% + 12%). O resto pode-se assumir como sendo,

rótulos dos alimentos para animais de


principalmente, o conteúdo de carboidrato do alimento.

estimação para determinar o conteúdo de


carboidratos no alimento *
Carboidrato 100% – (total %MS dos outros nutrientes) =
30% MS
A declaração dos níveis de garantia nos rótulos dos alimentos para animais de
estimação não fornece informações sobre o teor de carboidratos no alimento, e
este dado deve ser medido. Por exemplo: a declaração dos níveis de garantia de um
alimento para cães poderia ser a seguinte:

Proteínas brutas mín. 8.0%


Gorduras mín. 5.0% * Esta seção foi providenciada por Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD, e
Fibras brutas mín. 1.5% Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM.
Umidade máx. 75%
Cinzas máx. 3.0%

A parte de matéria seca (MS) do alimento contém todos os nutrientes sem água
e pode ser calculada aproximadamente, utilizando-se o teor de umidade, o qual,
neste caso, é de 75%. Isto é característico para os alimentos úmidos. O teor de
umidade característico dos alimentos secos é aproximadamente de 10%.

128
VET 3991A-0810

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