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PetCare®
Nutrição
Clínica
Canina e
Felina
Guia prático de
referência para uso
diário no exercício da
medicina veterinária
As doses e informações apresentadas neste manual foram
pesquisadas e descritas, baseadas nas referências bibliográficas
citadas; entretanto, devido às constantes pesquisas e
atualizações na área podem ocorrer alterações após a sua
publicação. Recomendamos que o médico veterinário se
informe no tocante às recomendações e contraindicações
descritas para as medicações apresentadas e as utilize de
acordo com a avaliação individual de cada paciente, sendo de
sua total responsabilidade sua utilização.
ISBN 978-0-9764766-0-3
Manual Nestlé® Purina®
PetCare sobre Nutrição
Clínica Canina e Felina
Índice
4 n Colaboradores
Doenças Alérgicas
6 n Dermatites alérgicas - Cães
Stephen D. White, DVM, DACVD
8 n Dermatites alérgicas - Gatos
Stephen D. White, DVM, DACVD
Doenças Artríticas
10 n Osteoartrite - Cães
Denis Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS,
DACVSMR
12 n Osteoartrite/Doença degenerativa
articular - Gatos
B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS,
CertVA, DSAS(ST), DECVS, DACVS
Doenças Cardiopulmonares
14 n Doença cardíaca - Cães
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
18 n Doença cardíaca - Gatos
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
22 n Quilotórax - Gatos
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN
1
Cuidados intensivos 54 n Colite - Gatos
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN
24 n Nutrição em cuidados intensivos -
Cães 56 n Insuficiência pancreática exócrina
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, - Cães
DACVN Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN
26 n Nutrição em cuidados intensivos - 58 n Gastroenterite/Vômitos - Cães
lipidose hepática felina Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC,
60 n Gastroenterite/Vômitos - Gatos
DACVN
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN
Doenças endócrinas e metabólicas 62 n Enteropatias crônicas - Cães
28 n Diabetes mellitus - Cães Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil.,
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD DACVIM, DECVIM-CA
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN
2
Doenças do trato urinário 108 n Urolitíase por oxalato de cálcio e
hiperlipidemia - Cães
84 n Doença renal - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM
DACVN
86 n Doença renal - Gatos
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM 110 n Doença renal crônica e
obesidade - Cães
88 n Urolitíase por Oxalato de Cálcio - Donna M. Raditic, DVM, CVA
Cães Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
DACVN
112 n Doença renal crônica e obesidade
90 n Doença do trato urinário inferior - - Gatos
Cistite idiopática e urolitíase por Donna M. Raditic, DVM, CVA
estruvita/Oxalato de Cálcio - Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
Gatos DACVN
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
DACVN 116 n Urolitíase por estruvita e
obesidade - Gatos
92 n Urolitíase por uratos - Cães Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM,
DACVN DACVN
3
Colaboradores
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN
Professor de Medicina Veterinária e Nutrição Professora do Departamento de Ciências Clínicas
Responsável pela área de Pesquisas em Pequenos Animais Faculdade de Medicina Veterinária Cummings
Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais Universidade de Tufts, North Grafton, Massachusetts
Faculdade de Medicina Veterinária da Diabetes Mellitus – Cães
Universidade do Tennessee, Knoxville, Tennessee Diabetes Mellitus – Gatos
Urolitíase por oxalato de cálcio – Cães
Doença do trato urinário inferior em gatos – Cistite idiopática Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM,
e urolitíase por estruvita/oxalato de cálcio DECVIM-CA
Urolitíase por uratos – Cães Professor e Chefe, Medicina de Animais de Companhia
Urolitíase por oxalato de cálcio e hiperlipidemia – Gatos Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Doença renal crônica e obesidade – Cães Faculdade de Medicina Veterinária
Doença renal crônica e obesidade – Gatos Universidade do Estado de Luisiana, Baton Rouge, Luisiana
Urolitíase por estruvita e obesidade – Gatos Enteropatias crônicas – Cães
Enteropatias crônicas – Gatos
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN
Professor de Nutrição Clínica em Mark L. Morris Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN
Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais Especialista em Comunicação – Nutrição Veterinária
Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas Nestlé PURINA PetCare Research
Universidade do Texas A&M, College Station, Texas Enteropatias Crônicas – Cães
Hiperlipidemia – Cães Enteropatias Crônicas – Gatos
Hiperlipidemia – Gatos
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN
Scott Campbell, BVSc (Hons), MACVSc, DACVN Professora Assistente de Nutrição Clínica
Professor Titular, Serviço de Apoio em Nutrição Clínica Nutricionista Clínica, Serviço de Apoio Nutricional
Faculdade de Ciências Veterinárias da Hospital Escola de Medicina Veterinária
Universidade de Queensland, Brisbane, Austrália Universidade da Califórnia, Davis, Califórnia
Pancreatite e doença renal crônica – Cães
Proprietário do Booval Veterinary Hospital, Booval, Australia Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e
Colite – Cães doença renal crônica - Cães
Colite – Gatos Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e
Insuficiência pancreática exócrina – Cães doença renal crónica – Gatos
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS, CertVA,
Professor de Cuidados Intensivos e Emergências, e Nutricionista
DSAS(ST), DECVS, DACVS
Clínico
Professor Associado, Cirurgia de Pequenos Animais
Seção de Cuidados Intensivos e Emergências
Departamento de Ciências Clínicas
Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Faculdade de Medicina Veterinária
Royal Veterinary College
Universidade do Estado da Carolina do Norte, Raleigh, Carolina
Hertfordshire, Reino Unido
do Norte
Nutrição em Cuidados Intensivos – Cães
Osteoartrite/Doença degenerativa das articulações – Gatos
Nutrição em Cuidados Intensivos – Lipidose Hepática em gatos
Denis Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS, DACVSMR
Sean J. Delaney, DVM, MS, DACVN
Professor, Ortopedia
Fundador, Davis Veterinary Medical Consulting, Inc.
Departamento de Ciências Clínicas
Davis, California
Faculdade de Medicina Veterinária
Sobrepeso/Obesidade – Cães
Universidade do Estado da Carolina do Norte, Raleigh, Carolina
Linda Fleeman, BVSc, PhD, MACVSc do Norte
Osteoartrite – Cães
Diabetes Animal Australia
Boronia Veterinary Clinic
Melbourne, Victoria, Australia
Diabetes Mellitus – Cães
Diabetes Mellitus – Gatos
4
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN David C. Twedt, DVM, DACVIM
Professora Associada de Nutrição Professor, Medicina de Pequenos Animais
Departamento de Estudos Clínicos - Filadélfia Departamento de Ciências Clínicas
Faculdade de Medicina Veterinária Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas
Universidade da Pensilvânia, Filadélfia, Pensilvânia Universidade do Estado do Colorado, Fort Collins, Colorado
Quilotórax – Gatos Doença hepática – Cães
Pancreatite – Cães Doença hepática – Gatos
Pancreatite – Gatos Encefalopatia hepática – Cães
Encefalopatia hepática – Gatos
Sally Perea, DVM, MS, DACVN
Davis Veterinary Medical Consulting, Inc. Stephen D. White, DVM, DACVD
Davis, Califórnia Professor
Constipação – Cães Departamento de Medicina e Epidemiologia
Constipação – Gatos Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade da Califórnia, Davis, Califórnia
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Dermatite alérgica – Cães
Professor de Medicina Interna e Nefrologia Dermatite alérgica – Gatos
Departamento de Ciências Clínicas Veterinárias
Faculdade de Medicina Veterinária Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM
Universidade de Minnesota, St. Paul, Minnesota Professora Associada e Chefe da Medicina Interna de Pequenos
Doença renal crônica – Cães Animais
Doença renal crônica – Gatos Departamento de Ciências Clínicas de Pequenos Animais
Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas
Donna M. Raditic, DVM, CVA Universidade do Texas A&M, College Station, Texas
Professora Clínica Assistente Adjunta Diarreia do intestino delgado – Cães
Serviço de Medicina Integradora Diarreia do intestino delgado – Gatos
Faculdade de Medicina Veterinária Diarreia do intestino grosso – Cães
Universidade do Tennessee, Knoxville, Tennessee Diarreia do intestino grosso – Gatos
Linfangiectasia – Cães
Residente de Nutrição
Angell Animal Medical Center, Boston, Massachusetts
Doença renal crónica e obesidade – Cães
Doença renal crônica e obesidade – Gatos
Urolitíase por estruvita e obesidade – Gatos
5
Dermatite Alérgica - Cães
Stephen D. White, DVM, DACVD Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
A Dermatite alérgica refere-se a qualquer distúrbio de hipersensibilidade que
Fisiopatologia
dieta de eliminação "hipoalergênica"3. Esta dieta é baseada em exposição prévia a
diversos alimentos, podendo ser dietas de eliminação (antígenos limitados) tanto
A dermatite atópica é mediada pela imunoglobulina E (IgE) específica para alérgenos. caseiras como comerciais.
Os alérgenos, por via percutânea, são fixados aos anticorpos IgE ligados aos Os animais não devem ter contato com qualquer outra substância no período de
mastócitos, os quais liberam substâncias inflamatórias. Trabalhos recentes sugerem teste de eliminação de alimentos, incluindo suplementos de vitaminas, brinquedos
que: 1) alguns cães atópicos podem apresentar deficiência de filagrina (um mastigáveis, medicações ou cremes dentais específicos. Devido à dieta de eliminação
componente do estrato córneo), e 2) em cães normais, a função de barreira do estrato caseira não ser uma dieta balanceada, os proprietários devem ser advertidos sobre a
córneo (contra as infecções) pode ser suplementada por niacinamida. possibilidade de seu cão perder peso, de desenvolver uma pelagem sem brilho,
A etiologia da alergia alimentar não é bem conhecida, mas provavelmente esteja escamosa, ou apresentar um apetite maior do que o habitual.
envolvida tanto em processos mediados por células como em processos mediados Geralmente, a duração da dieta de eliminação é de 8 a 12 semanas.
por anticorpos. Na dermatite por picadas de pulgas, os alérgenos são proteínas A persistência de algum prurido na semana 12 pode indicar a presença de outras
encontradas na saliva dos parasitas. hipersensibilidades concomitantes. Nos casos que foram administrados antibióticos
Predisposição
para tratar infecções secundárias, ou corticosteroides orais para prurido intenso, a
dieta deve continuar por mais 2 semanas após estes tratamentos serem interrompidos,
As raças com predisposição são: Lhasa Apso, Schnauzer Miniature, Dachshund com o intuito de avaliar corretamente a sua eficácia.
West Highland White Terrier, Pug, Poodle, Cocker Spaniel, Springer Spaniel, Ao não apresentar os sinais clínicos, o cão é alimentado com a sua dieta padrão para
Collie, Dálmata, Boxer, Rhodesian Ridgeback, Pastor Alemão e Golden Retriever. confirmar o diagnóstico. A recorrência de sinais clínicos geralmente é apresentada
No Reino Unido, ocorreu um relato sobre cães atópicos da raça Retriever com dentro das duas semanas seguintes. O cão é então alimentado novamente com sua
probabilidade de ter filhotes atópicos, especialmente os machos atópicos. dieta de eliminação e o proprietário pode testar com os alérgenos suspeitos,
Geralmente nos cães atópicos os indicadores se observam entre a idade de 1 e 7 administrando cada um deles por uma ou duas semanas de cada vez. Os alérgenos
anos. Predileções por gênero são desconhecidas. Trinta por cento dos cães com comprovadamente mais comuns nos cães são proteínas contidas em: carne, frango,
alergia a alimentos apresentam indicadores no decorrer do primeiro ano de idade. leite, ovos, milho, trigo e soja. Uma vez que os alérgenos ofensivos são identificados,
No que diz respeito a alergia a picada de pulgas, não existem predileções por idade, pode ser fornecida uma alimentação comercial sem esses alérgenos ou uma dieta de
raça ou gênero. proteínas hidrolisadas. Quando os proprietários se recusam a realizar testes de
6
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
nDermatite Atópica –Os proprietários devem reconhecer que esta doença precisa medicamentosas
ser controlada e tratada durante toda a vida do cão; se os AGE são úteis no controle Como foi observado anteriormente, são necessários antibióticos e antimicóticos
de prurido, então será necessário fornecê-los ao longo de toda a vida. (geralmente azóis) para tratar infecções secundárias. Tais medicamentos são
nAlergia a Alimentos –Os proprietários precisam ser muito rigorosos ao longo do administrados normalmente durante 4 a 8 semanas. Os medicamentos tópicos,
teste de eliminação do alimento. Devem manter um registro diário, constatando o tais como xampu ou artigos para banho (enxágues) podem também ser utilizados
prurido, tudo o que for ingerido que não esteja na dieta, sendo ideal também registrar para controlar as infecções secundárias, bem como ajudar no tratamento do
qualquer mudança nas fezes (ex.: consistência, cheiro). prurido. Os corticosteroides podem ser necessários para controlar o prurido,
nAlergia a Picada de Pulgas– Explicar o papel das pulgas e os diversos inseticidas embora a sua utilização deva ser limitada a produtos por via oral com efeito de ação
disponíveis para proteger o cão das picadas de pulgas. Embora a eficácia dos AGE curta, tais como a prednisona ou a prednisolona. Quando os corticosteroides são
como auxiliares no tratamento do prurido causado por alergia a pulgas não tenha considerados necessários, o objetivo deve ser a menor dose diária possível. A
sido totalmente investigada, podem ser utilizados os AGE como complemento ao ciclosporina é frequentemente útil para controlar os sinais clínicos de dermatite
tratamento de parasitas. atópica; a sua eficácia em outras dermatoses alérgicas ainda não foi avaliada. É
Comorbidades comuns
também importante para a dermatite atópica a hipossensibilidade com base em
testes sorológicos (imunoterapia, ou “vacinas para alergia"). Hipossensibilidade
A dermatite atópica, a alergia a picadas de pulgas e a alergia alimentar muitas vezes não é recomendada para o tratamento da alergia alimentar; o seu papel na gestão
existem no mesmo cão. Podem ter infecções bacterianas secundárias (normalmente, da alergia a pulgas precisa ser pesquisado mais profundamente.
Controle
Staphylococcusspp) e/ou por Malasseziaspp (fungo). As mesmas precisam ser tratadas,
uma vez que as infeções podem produzir prurido. A alergia a alimentos também
pode causar transtornos gastrointestinais. Enquanto diarreia e/ou vômitos Os cães com dermatite alérgica deverão ser avaliados pelo menos duas vezes por
provavelmente só ocorram em 10% dos cães com dermatite causada por alergia ano depois do desaparecimento dos sinais clínicos; controles mais frequentes,
alimentar, fezes moles ou malformadas, são observadas com maior frequência; deve- dependendo dos potenciais efeitos adversos do tratamento (tal como os
se perguntar especificamente sobre o aparecimento no momento de registrar o observados com ciclosporina ou corticosteroides) são sugeridos. Os cães também
histórico clínico do paciente⁴. Raramente foi observado que a alergia alimentar tenha devem ser examinados se o prurido é repetitivo, porque isso pode significar tanto
causado epilepsia idiopática⁵. uma recaída no tratamento da dermatite alérgica (por exemplo, uma ingestão de
alérgeno "proibido", ou um erro de controle das pulgas) a recorrência de uma
infecção secundária ou o aparecimento de uma outra hipersensibilidade (ex.: o
cão com alergia alimentar que desenvolve uma dermatite atópica).
Diagnosticar mediante um teste com dieta hipoalergênica Diagnosticar com base no histórico Diagnosticar com base no histórico
ou de alérgenos limitados e quadro clínico e quadro clínico
7
Dermatite alérgica - Gatos
Stephen D. White, DVM, DACVD Princípios da alimentação coadjuvante
Definição
Alergia Alimentar: O diagnóstico e o tratamento consistem em administrar uma
dieta de eliminação “hipoalergênica". Esta dieta é baseada em exposição prévia a
Adermatite alérgicase refere a qualquer distúrbio de hipersensibilidade que produza vários alimentos, podendo ser dietas de eliminação (antígenos limitados), tanto
uma condição inflamatória da pele. Os distúrbios mais comuns que afetam os gatos caseira como comercial.
são alergia a picada de pulgas, alergia alimentar (também conhecida como Os animais não devem ter contato com qualquer outra substância no período de
hipersensibilidade alimentar) e dermatite atópica. teste de eliminação de alimentos, incluindo suplementos de vitaminas, brinquedos
Fisiopatologia
infecções secundárias, ou corticosteroides orais para prurido intenso, a dieta deve ser
mantida por 2 semanas após a interrupção destes tratamentos, a fim de julgar
A dermatite atópica é mediada pela imunoglobulina E (IgE) específica para alérgenos. corretamente sua eficácia.
Os alérgenos, por via percutânea, se ligam a anticorpos IgE ligados aos mastócitos, os Após o tratamento dos sinais clínicos, o gato é alimentado com a sua dieta habitual
quais, em seguida, liberam substâncias inflamatórias.¹ para confirmar o diagnóstico. A recorrência de sinais clínicos geralmente aparece
Aetiologiadaalergiaalimentarnãoébemconhecida,masprovavelmenteestejamenvolvidos dentro das duas semanas seguintes. O gato é alimentado de novo com a dieta de
tantos processos mediados por células quantos processos mediados por anticorpos. eliminação e o proprietário pode administrar os alérgenos suspeitos, proporcionando
Na dermatite por alergia a picada de pulgas, os alérgenos são proteínas na saliva das pulgas. cada um 1 a 2 semanas de cada vez. Os alérgenos mais comuns testados em gatos são
proteínas encontradas em: leite e produtos lácteos, peixe e carne. Uma vez que os
Predisposição alérgenos ofensivos são identificados, pode ser fornecida comida comercial para gatos
sem esses alérgenos. Quando os proprietários se recusam a realizar testes de provocação,
Nos casos de gatos com dermatite atópica, a alergia alimentar ou a alergia a picada de
você pode utilizar um alimento para gatos com antígeno limitado.
n Petiscos – Durante o teste de eliminação de alimentos não pode ser utilizado
pulgas, não foi comprovado de forma constante a predileção por idade, raça ou sexo.
Modificações nos nutrientes essenciais nenhum petisco, exceto aqueles que contêm os mesmos ingredientes que a dieta de
eliminação. Após o diagnóstico de alergia alimentar e após encontrar uma dieta de
Em gatos com dermatite atópica, podem ser usados ácidos graxos essenciais (AGE)
manutenção adequada, os petiscos podem ser incorporados semanalmente para
como antipruríticos.
avaliar qualquer recorrência de sinais clínicos.
8
Comorbidades comuns ciclosporina frequentemente é útil para controlar os sinais clínicos da dermatite
Três dermatoses alérgicas podem ter infecções bacterianas (em geral, Staphylococcus atópica; sua efetividade em outras dermatoses alérgicas ainda não foi avaliada.
spp) e/ou por Malassezia spp (fungo).² Estas precisarão ser tratadas, assim como a Também é importante para a dermatite atópica a hipossensibilização
dermatite alérgica, já que as infecções podem produzir prurido.³ A alergia a alimentos (imunoterapia ou "vacinas para alergia") baseada em testes intracutâneos ou
também pode causar deficiências orgânicas gastrointestinais, especialmente colite. serológicos. A hipossensibilização não é recomendada para o tratamento da alergia
Raramente foi observado que a alergia a alimentos tenha causado angioedema ou a alimentos; seu papel no manejo da alergia a picada de pulgas precisa ser
sintomas semelhantes à asma.4 investigado mais profundamente.
Diagnosticar mediante um teste com dieta hipoalergênica ou de Diagnosticar com base no histórico Diagnosticar com base no histórico
alérgenos limitados clínico e quadro clínico clínico e quadro clínico
9
Osteoartrite - Cães
Denis J. Marcellin-Little, DEDV, DACVS, DECVS, DACVSMR A ingestão de calorias deve ser controlada para manter os cães artríticos numa condi-
Definição
ção corporal magra. A ingestão dietética de proteínas não influencia a osteoartrite.
A osteoartrite é uma doença progressiva das articulações com perda da integridade da Princípios da Alimentação Coadjuvante
cartilagem, causando a formação de tecido ósseo na margem da superfície articular, A primeira prioridade para o tratamento dos cães com osteoartrite é atingir e manter
um aumento na espessura da cápsula articular e dor. uma condição física magra. Entre outras prioridades encontra-se a administração dos
fundamentais
inflamatórias. Entre eles estão o hidrocloreto ou sulfato de glicosamina, o sulfato de
condroitina, e os ácidos graxos Ômega 3, especialmente o ácido eicosapentaenoico.
• Mudanças na vontade ou capacidade para o exercício ou brincadeira n Petiscos – Os petiscos para os cães com osteoartrite devem ser altamente palatáveis
• Resposta de dor ante a manipulação da articulação, diminuição da mobilidade e ter baixo teor de calorias e gordura para evitar ganho de peso.
articular ou crepitação. n Dicas para aumentar a palatabilidade – O teor de gordura do alimento para cães
• Claudicação ou deslocamento do peso diagnosticado quando utilizada uma com osteoartrite não é muito restrito, sendo assim, a palatabilidade parece ser
plataforma dinamométrica. geralmente elevada.
n Recomendações para a dieta– Uma dieta formulada para as necessidades
Fisiopatologia nutricionais de cães com osteoartrite contém ácidos graxos ômega 3 e glicosamina, e
A subluxação da articulação, o impacto de carga excessiva, as fraturas articulares tem um teor moderado de gordura (12,0% min.), um elevado teor de proteínas (30%
e outras causas geram a osteoartrite. Estes agentes desencadeantes ativam a divisão min.) e teor de fibra moderada (4,0% min.). Cães obesos com osteoartrite podem
e a multiplicação dos condrócitos. Inicialmente, aumenta a produção de ingerir uma dieta que tenha um baixo teor de gordura (4,0% para 8,5%), um teor de
proteoglicano e de colágeno anormais, quantitativa e qualitativamente. Com o proteínas moderado (26% min.) e rico em fibra (16,0% min.).
Predisposição
de vida.7
• A doença progride mais rapidamente em cães com excesso de peso do que aqueles
que estão em bom estado físico.1
•
A osteoartrite é comum em cães. Principalmente decorrente da consequência da
displasia de quadril, displasia do cotovelo e ruptura do ligamento cruzado craniano. Os Os sinais clínicos da osteoartrite diminuem em cães com excesso de peso,
quando estes perdem peso.8
•
cães maiores tem mais predisposição do que aqueles com menor relação entre massa
muscular e massa de tecido subcutâneo (por exemplo: Raça São Bernardo). Também Os sinais clínicos podem diminuir após a administração de suplementos
nutricionais.4
•
os cães com sobrepeso, os de idade avançada e os condodistróficos.
As atividades de baixo impacto podem ser benéficas para pacientes com
Mudanças nos nutrientes essenciais
osteoartrite.4,9
• As variações bruscas de temperatura podem aumentar a dor sentida nas articulações4.
O estado físico é o fator limitante que tem o maior impacto na progressão da
Comorbidades comuns
osteoartrite1. Portanto, é muito importante manter os cães com a osteoartrite,
confirmada ou potencial, numa pontuação ótima de 4 ou 5 no sistema de pontuação
da condição física (vide Apêndice I) de 9 pontos, limitando a ingestão calórica6. A osteoartrite pode levar a uma dor crônica nas articulações. A dor sentida é variável
O aumento na concentração das unidades estruturais dos proteoglicanos (glucosamina entre as estruturas (articulação do cotovelo é menos favorável do que a articulação do
e sulfato de condroitina) conduz a uma diminuição dos sinais clínicos em diversos quadril), os tamanhos dos cães (os sinais clínicos são mais graves em cães pequenos e
estudos realizados em humanos com osteoartrite moderada a severa2, 3 .A evidência gigantes em comparação com cães de tamanho médio), e os indivíduos. Como
que apoia o seu uso em cães é mais escassa. Em um estudo clínico, o aumento da resultado da dor crônica nas articulações, a região afetada pode perder a mobilidade em
concentração de ácidos graxos poliinsaturados N 3, especialmente ácido direções específicas, membros afetados se tornam mais fracos, e os pacientes afetados
eicosapentaenoico, levou a uma diminuição na claudicação nos cães com osteoartrite.4 perdem aptidão muscular e cardiovascular. A combinação de articulações com dor e
Demonstrou-se que várias ervas reduzem os sinais clínicos de artrite em seres humanos, com menor mobilidade, membros mais fracos e cães não aptos conduzem a uma
mas a sua eficácia e segurança não estão documentadas no caso dos cães.5 tendência ao sedentarismo e, possivelmente, a um aumento de peso.
Valores recomendados dos nutrientes essenciais Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal A osteoartrite não está automaticamente associada a doenças sistêmicas, mas como os
Valores recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta sinais clínicos são mais intensos nos pacientes idosos, a osteoartrite e outras doenças
n3 Total (de 1.0–2.0 240–300 n/d n/d crônicas (por exemplo, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca,
óleo de peixe) hiperadrenocorticismo) muitas vezes são tratadas simultaneamente. O tratamento
EPA 0.5–1.0 100–200 n/d n/d
nutricional e com medicamentos para as doenças crônicas cardíacas, renais,
gastrointestinais e outras doenças sistêmicas são prioritarias sobre o manejo nutricional
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas e medicamentoso da osteoartrite. Também podem ser implementadas outras
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como gr. ou mg. por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
10
estratégias, incluindo exercícios terapêuticos, alongamento ou terapia com frio, relacionada com a gravidade dos sinais clínicos. Os pacientes mais jovens e
dependendo das necessidades específicas do paciente. Os exercícios terapêuticos podem menos afetados podem ser avaliados de forma intermitente (por exemplo, a
ser usados para fortalecer, aumentar a resistência e alongar. A taxa de emagrecimento cada 6 meses). Os pacientes de maior idade e gravemente afetados podem ser
recomendada para pacientes com artrite e com excesso de peso que sofrem de doenças avaliados uma vez por mês. A perda de peso deve ser avaliada com frequência
sistêmicas é de aproximadamente 1% do peso corporal por semana. Este valor é inferior (a cada 2 ou 4 semanas). O manejo do paciente também inclui a comunicação
à taxa de 1% a 2% do peso corporal por semana recomendada para pacientes com com o proprietário, todas as semanas. Nesse momento, podem ser feitas as
artrite e excesso de peso que não sofrem com doenças sistêmicas. modificações necessárias para os programas de nutrição, exercício e medicação,
Controle
conforme necessidade.
• Manejo nutricional
Programa de perda de peso
• Dor (medicamentos anti-inflamatórios)
(1%–2% do peso corporal por semana)
• Exercícios terapêuticos
Novas avaliações
11
Osteoartrite/Doença degenerativa das articulações - Gatos
B. Duncan X. Lascelles, BSc, BVSC, PhD, MRCVS, CertVA, DSAS(ST), Goniometria. A goniometria pode ser uma ferramenta válida no gato4, mas apenas
DECVS, DACVS um estudo utilizou a goniometria nesta espécie, provavelmente devido à dificuldade
Definição
em definir reações de dor em gatos5. Nenhum estudo ainda utilizou a goniometria
como uma ferramenta para avaliar a amplitude de movimento articular sem dor. Para
Normalmente, a artrite é definida como uma inflamação da articulação que se os gatos têm se definido intervalos normais de movimento articular4. Dados não
caracteriza por inchaço, dor e mobilidade restrita. A doença degenerativa das publicados do autor (B. Duncan X. Lascelles) indicam que a redução na amplitude
articulações (DAD) é a destruição progressiva de componentes comuns, ou seja, de movimento está significativamente associada com evidência radiográfica de DAD.
cartilagem, osso subcondral, cápsula articular e ligamentos. A DAD pode afetar Avaliação radiográfica. Devem obter vistas ortogonais das articulações com dor.
articulações sinoviais, tais como anfiartrodias. Muito pouco se sabe sobre a doença das Ainda que não sejam observados indicadores radiográficos que correspondem à
articulações nos gatos; portanto, o termo DAD será usado já que a artrite provoca doença articular degenerativa, não se deve descartá-la. O autor descobriu que há
graus variáveis de DAD. apenas uma sobreposição moderada entre as articulações que se apresentam
complementares
articular degenerativa.
Predisposição
saltos ascendentes e descendentes, a altura do salto, o movimento geral, o "mau
humor" ao ser manipulado e o desejo de isolamento são possíveis atividades e
comportamentos que devem ser estudados. Estes resultados foram confirmados Parece que a incidência da DAD no gato aumenta com a idade, de 10 a 12 anos e isso
em um teste cego aleatório publicado recentemente que utilizou monitores de foi confirmado em um estudo prospectivo transversal recente.13 Não é conhecida
atividade como uma medida objetiva da mobilidade.2 Neste estudo, as atividades qualquer outra associação de identificação, mas surgiram sugestões de que a displasia
que os proprietários escolheram para a avaliação foram saltos do quadril que conduz à DAD é mais comum em gatos de raça pura.14
12
Princípios da alimentação coadjuvante • É importante trabalhar para aliviar a dor associada à DAD em gatos para melhorar
Como se observa, a ciência da proteção ou preservação das articulações em gatos não seu bem-estar e qualidade de vida
Comorbidades comuns
é totalmente precisa para recomendar um princípio de alimentação coadjuvante.
Recomendações informais incluem o fornecimento de suplementos como o sulfato
de glicosamina - condroitina e insaponificáveis de abacate/soja (ASU, em inglês) Nenhuma associação foi demonstrada para as comorbidades comuns com a DAD
Avaliação
Consideração de suplementos nutricionais e ou dietas formuladas para DAD em gatos (se disponível) Dieta para reduzir o peso + suplementos para a dor do DAD
Se a dor continua e a atividade declina, considere o tratamento com medicamentos, cirurgia ou outro tratamento adequado
13
Doença cardíaca - Cães
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN Golden Retriever, Terra Nova, São Bernardo, Cão de Água Português), e também tem
Definição
sido associada a dietas com farinha de cordeiro e arroz, rica em fibras e baixo teor de
proteínas. A arginina pode ser um fator, já que a função endotelial pode ser reduzida
As doenças cardíacas são comuns em cães, afetando cerca de 11% dos animais; em animais com ICC, o que contribui para reduzir a tolerância ao exercício.
podendo ser congênitas ou adquiridas e afetar as válvulas coronárias, miocárdio ou Gordura. Os cães com ICC demonstraram ter uma deficiência relativa de ácidos
sistema venoso/arterial.. A insuficiência cardíaca ocorre quando a doença se torna graxos n-3, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexanoico (DHA), em
grave o bastante para que o coração não consiga bombear sangue suficiente para suprir comparação com os cães saudáveis do grupo de controle. Os ácidos graxos n-3 reduzem
todos os tecidos. É comum que os sinais clínicos, que variam entre leve a grave, os mediadores inflamatórios e têm efeitos antiarrítmicos.
acompanhem a insuficiência cardíaca. Na insuficiência cardíaca congestiva (ICC), a Minerais.A retenção de água e sódio ocorre na insuficiência cardíaca devido à ativação
diminuição da função cardíaca provoca pressão venosa alta e consequente acúmulo do sistema renina angiotensina aldosterona. A hipocalemia pode ocorrer em cães que
de líquidos (por exemplo: edema pulmonar, derrame pleural, ascite). A ICC é a via final receberam diuréticos da alça (por exemplo: Furosemida) ou tiazidas (por exemplo:
comum da maioria das doenças, sendo a doença valvular crônica(DVC) mais comum Hidroclorotiazida). A hipocalemia pode aumentar o risco de arritmia cardíaca. A
nos cães (> 75% de todas as doenças cardíacas). Em segundo lugar, destacamos a hipercalemia pode ocorrer em cães tratados com inibidores da ECA (enzima
miocardiopatia dilatada (CMD). Também se produzem doenças cardíacas congênitas, conversora de angiotensina) ou diuréticos retentores de potássio (por exemplo:
especialmente em certas raças. Todas estas doenças podem levar à insuficiência cardíaca. Espironolactona). Os cães que recebem doses elevadas de diuréticos estão sob o risco
Existem diversos sistemas para classificar a gravidade das enfermidades. Um deles é a de apresentar hipomagnesemia, o que pode aumentar o risco de arritmia cardíaca.
classificação de insuficiência cardíaca do Conselho Internacional de Saúde Cardíaca em Vitaminas. Nos cães que recebem diuréticos, é possível causar uma perda maior de
Pequenos Animais (ISACHC, em inglês) (Tabela 1). vitamina B pela urina.
complementares
cães da raça Boxer com CMD. Suplementos com carnitina podem melhorar o
metabolismo energético em animais com ICC. Além disso, cães com ICC apresentam
maior estresse oxidativo (isto é, um desequilíbrio entre a produção de oxidantes e a
Devem ser considerados para o diagnóstico de doenças cardíacas em cães o peso
proteção antioxidante).
corporal (PC), a pontuação do Escore de Condição Corporal (ECC; ver Apêndice
Predisposição
I), o desgaste muscular, o apetite/ingestão de alimentos (histórico alimentar; ver
Apêndice II), os sinais clínicos (por exemplo: tosse, falta de ar, ascite, fraqueza, desmaios,
vômitos, diarreia) e valores laboratoriais, incluindo níveis séricos de nitrogênio ureico Doença valvular crônica (DVC) é a doença cardíaca mais comum em cães e geralmente
(BUN, em inglês), creatinina, eletrólitos, hematócrito e taurina (em plasma e sangue afeta as raças de tamanho pequeno e médio. Algumas das raças com maior risco de
total se houver suspeita de deficiência de taurina). Outros testes, se indicados, podem acidente vascular cerebral são Cavalier King Charles Spaniel, Chihuahua, Dachshund,
incluir raio-X de tórax, pressão arterial, eletrocardiograma, ecocardiograma e Holter. Schnauzer miniatura e Poodle toy e miniatura. A cardiomiopatia dilatada (CMD) é
Fisiopatologia
geralmente encontrada em cães grandes e gigantes, raças como Doberman Pinscher,
Boxer, Galgo Irlandês e Dogue Alemão. Alguns cães com CMD podem ter deficiência
de taurina; as raças que são predispostas são: Cocker Spaniel, São Bernardo, Golden
Entre as alterações produzidas em animais com insuficiência cardíaca que influenciam
Retriever, Terra Nova, e Cão de Água Português. As raças com CMD, que geralmente
no manejo nutricional encontramos as seguintes:
não a desenvolvem CMD (por exemplo: Dachshund [salsicha], Corgi) também
Calorias.Muitos animais com doenças cardíacas, especialmente quando surge o ICC,
podem ser deficientes em taurina.
apresentam uma diminuição da ingestão de alimentos. Isto pode ser o resultado de um
1a Há a presença de indicadores de doenças do coração, mas não é conhecido qualquer indicador de compensação, tais como hipertrofia ventricular com sobrecarga da pressão ou de
cardíaco, arritmia ou alargamento dos átrios que é detectado por radiografia ou ecocardiograma.
1b Há presença de indicadores de doença cardíaca com evidência radiográfica ou ecocardiográfica de compensação, tal como a hipertrofia ventricular com sobrecarga de pressão ou
volume.
Os sinais clínicos de insuficiência cardíaca são evidentes em repouso ou com esforço leve e afetam negativamente a qualidade de vida. Os indicadores típicos de insuficiência cardíaca
Os sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva avançada são óbvios de imediato. Estes sinais incluem dificuldade para respirar (dispnéia), ascite evidente, profunda intolerância
3b A hospitalização é obrigatória quando houver a presença de choque cardiogênico, edema pulmonar, ascites refratária ou grande derrame pleural.
* De acordo com o Conselho Internacional de Saúde em Pequenos Animais. Recomendações para o diagnóstico de doenças cardíacas e tratamento da insuficiência cardíaca em pequenos animais, de 1994.
14
Proteínas/Aminoácidos. O objetivo para ajudar a combater a perda de massa deve ser Valores recomendados dos nutrientes essenciais
Nutriente mg/100 kcal mg/100 kcal
uma ingestão normal ou maior de proteína. Deve-se evitar a restrição de proteína a
menos que haja presença concomitante de doença renal grave. Em cães com CMD
pertencentes a raças predispostas a deficiência de taurina ou raças que geralmente não Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
desenvolvem CMD, deve-se determinar a concentração de taurina e suplementação Proteína (g) 5.5–8 5.1
Sódio (mg) 35–100 17
de taurina enquanto aguardam resultados. A taurina também pode fornecer alguns
(> 100 mg/100 kcal) e também petiscos e alimentos da mesa com esse conteúdo.
• Etapa 2 segundo ISACHC: O objetivo deve ser <80 mg/100 kcal no alimento
para cães. Também é importante a ingestão de sódio proveniente de outros alimentos
(ex.: petiscos, alimentos da mesa, alimentos usados para administrar medicação).
• Etapa 3 segundo ISACHC: O alimento para cães deve conter <50 mg/100 kcal,
embora a anorexia possa requerer menos severidade quanto ao teor de sódio na
15
dieta (<80 mg/100 kcal) de modo a proporcionar mais opções. É importante o cão em um prato (no lugar do tradicional pote de comida para cães) e em um local
controlar a ingestão de sódio de outros alimentos (ex.: petiscos, alimentos da mesa, diferente do habitual pode melhorar o apetite.
Comorbidades comuns
bananas, evitar as uvas), legumes frescos (ex.: cenouras, ervilhas; evitar a cebola e o alho),
petiscos para cães que indicam baixo teor de sódio (<20 mg de sódio/petiscos para cães
de tamanho médio-grande; <10 mg/petiscos para cães de pequeno porte). Levar em Em um estudo, 61% dos cães com doença cardíaca tinham pelo menos uma
consideração que mesmo os petiscos e os alimentos de baixo teor em sódio podem doença concomitante. Portanto, você pode precisar modificar os objetivos
fornecer grandes doses de sódio, se eles são fornecidos em grandes quantidades, nutricionais no caso de um cão com insuficiência cardíaca que apresente uma
especialmente no caso de cães pequenos. doença concomitante sensível aos nutrientes (por exemplo: Um cão com ICC e
Também é importante fornecer os métodos adequados para o proprietário doença renal crônica ou doença gastrointestinal).
administrar medicamentos, pois muitos proprietários de cães usam a comida para
administrar medicamentos e muitos alimentos comuns utilizados são ricos em sódio.
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
Pode-se ensinar ao proprietário a administrar um comprimido sem o uso de alimentos
(à mão ou usando um dispositivo projetado para esta finalidade). Alternativamente,
pode-se usar alimentos como frutas frescas (ex.: bananas, melões), alimentos enlatados As interações medicamentosas - são comuns na ICC. Os diuréticos da alça (por
de baixo teor de sódio, manteiga de amendoim (rotuladas como “sem adição de sal”), exemplo: furosemida) ou tiazidas (ex.: hidroclorotiazida) podem aumentar o risco de
ou carne cozida em casa (sem sal, sem embutidos). Finalmente, pode-se considerar um hipocalemia e hipomagnesemia, enquanto os inibidores da ECA e os diuréticos
medicamento líquido composto, embora a farmacocinética dos medicamentos possa poupadores de potássio (por exemplo: espironolactona) podem aumentar o risco de
ser modificada de forma significativa. hipercalemia. A azotemia pode ser o resultado do excesso de uso de diuréticos. A anorexia
nDicas para aumentar a palatabilidade – Com frequência, cães com ICC têm um pode ser um efeito secundário de muitos fármacos cardíacos (por exemplo, diuréticos,
digoxina, inibidores de ECA).
apetite cíclico (ou seja, comem bem certo alimento por 7 a 14 dias, mas, em seguida,
Controle
param de comer). Embora a diminuição do apetite em um cão que comeu bem
anteriormente possa indicar a necessidade de uma nova avaliação e de um ajuste na
medicação, às vezes, oferecer um alimento diferente aumenta o apetite novamente. A A diminuição do apetite/ingestão de alimentos pode indicar a necessidade de
comunicação com o proprietário sobre estas questões pode ajudar a reduzir a ansiedade. modificações da dieta, mas pode também ser uma descompensação cardíaca precoce da
Os potenciadores de palatabilidade, tais como caldo caseiro com baixo teor de sódio doença ou da necessidade de modificar o indicador de medicação. O peso corporal deve
(por exemplo: frango, carne), podem melhorar a palatabilidade. A maioria dos caldos ser controlado em cães obesos para atingir o peso ideal. Em animais com caquexia são
industrializados são ricos em sódio, mesmo aqueles rotulados com “baixo teor de sódio”. necessárias alterações na dieta para minimizar a perda de peso/massa muscular. Tenha em
Pode-se adicionar ao alimento: frango, carne ou peixe cozido. Cães com ICC muitas mente que em animais com ICC no lado direito, o acúmulo de líquido (derrame pleural
vezes preferem sabores doces, portanto a adição de baunilha ou iogurte de frutas, xarope ou peritoneal) podem esconder o emagrecimento, mas a perda de peso e massa muscular
natural ou purê de maçã geralmente melhora a palatabilidade e consumo do alimento. é muito comum nestes cães, onde a massa magra deve ser cuidadosamente controlada.
Muitas vezes, os ácidos graxos n-3 melhoram o apetite dos cães com ICC; no entanto, A pontuação do Escore de Condição Corporal (ECC) é útil para controlar os animais
vai demorar 2 a 4 semanas para que possamos identificar os efeitos. Também podem ser com doença assintomática e os obesos ou com sobrepeso. Tenha em mente que os
considerados estimulantes de apetite (por exemplo: Cipro-heptadina, mirtazapina). sistemas de pontuação do escore de condição corporal (ECC) avaliam os depósitos de
Muitas vezes, os cães com ICC têm preferências quanto à temperatura do alimento gordura, mas não a musculatura, por isso, um animal pode ter sobrepeso ou obesidade
(isto é, alguns só comem alimentos à temperatura ambiente, outros preferem alimentos e ainda apresentar uma perda de massa muscular. Portanto, é importante para controlar
frios, outros preferem comida quente). Deve-se motivar o proprietário a experimentar, o PC, a pontuação do escore de condição corporal e o grau de perda de massa muscular.
a fim de determinar qual temperatura funciona melhor para seu cão. Às vezes, alimentar A perda de massa muscular geralmente é observada primeiramente nos músculos
temporais, epaxial e nádegas. A pontuação do estado muscular classifica, de maneira
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subjetiva, a massa muscular em quatro categorias: sem perda de massa muscular, perda massa muscular. Também deve-se controlar os sinais clínicos (por ex.: tosse, falta de ar,
de massa muscular leve, perda de massa muscular moderada e perda de massa muscular fraqueza, desmaios, vômitos, diarreia) valores laboratoriais (nitrogênio ureico no sangue
acentuada. Intervir em uma fase inicial (leve a moderada perda de massa muscular) [BUN, em inglês], creatinina, eletrólitos, hematócritos) e outras medidas, a serem
proporciona melhores oportunidades para reverter ou minimizar o grau de perda de indicadas (por exemplo: raio-x, pressão arterial, ECG, Holter, ecocardiograma).
Avaliação dos temas nutricionais na doença cardíaca dos cães
Obter antecedentes completos da dieta dada (ver anexo II) - perguntar especificamente sobre o alimento para cães, petiscos, alimentos da mesa,
alimentos utilizados para administrar medicamentos e suplementos alimentares (quantidades e tipos específicos)
A doença cardíaca está sendo tratada com medicação de forma ideal? Com os sinais clínicos bem controlados, a qualidade de vida do cão está boa?
O peso corporal é ideal para o cão? Está mudando? (aumentando ou diminuindo?) Se é menor, cíclico ou esporádico:
• Avaliar se é necessária qualquer alteração nos medicamentos cardíacos
• Considere mudanças na dieta (por exemplo: alterar o tipo ou marca dos alimentos,
Determinar a Pontuação do escore de condição corporal (ECC; ver Anexo I) fornecer refeições menores com mais frequência, adicionar palatabilizantes, iniciar a
suplementação com ácidos graxos n-3, adicionar um estimulante do apetite)
Se o peso corporal /a pontuação do escore de
condição corporal (ECC) não são ideais, Pontuação da condição muscular (caquexia) - avaliar o grau de perda de massa muscular nos principais grupos musculares,
modificar a dieta (por exemplo, reduzir calorias incluindo os músculos temporais, glúteos e epaxial (sem perda de massa muscular, perda leve, perda moderada e acentuada)
se estiver com sobrepeso, aumentar a ingestão
de calorias se estiver abaixo do peso)
O alimento para cães contém ≥5,1 g de proteína / 100 kcal? Se houver presença de algum grau de perda muscular / caquexia, mudar a
É recomendado ≥5,1 g de proteína / 100 kcal, a menos que o cão apresente doença renal grave dieta para garantir a ingestão adequada de calorias e proteínas; considerar
concomitante a suplementação com ácidos graxos n-3
Se a resposta a qualquer destas perguntas é sim, analisar as concentrações de taurina no plasma e no sangue total e suplementar com taurina até que os resultados estejam disponíveis
17
Doença cardíaca - Gatos
Lisa M. Freeman, DVM, PhD, DACVN Mudanças nos nutrientes essenciais
Definição
Calorias. É crucial assegurar a ingestão adequada de calorias para manter o peso
corporal ideal. A obesidade pode estar presente, particularmente em gatos com
A miocardiopatia hipertrófica (MCH) é a doença cardíaca mais comum em gatos doença cardíaca precoce (assintomática). À medida que desenvolve ICC, a perda de
e aparece com bastante destaque, especialmente em algumas regiões. Outras doenças peso (e massa muscular) torna-se comum, dessa forma, é crucial nesta fase assegurar
cardíacas (por ex.: doenças cardíacas congênitas) aparecem com menor incidência. uma ingestão adequada de calorias.
A miocardiopatia dilatada (CMD) é uma doença rara em gatos, a menos que o Proteína/Aminoácidos. Para ajudar a combater a perda muscular deve-se manter
gato seja alimentado com uma dieta desequilibrada nutricionalmente. A MCH uma ingestão de proteína normal ou maior. Deve-se evitar a restrição de proteínas a
pode produzir insuficiência cardíaca congestiva(ICC), tromboembolismo arterial menos que haja presença concomitante de doença renal grave. Embora hoje em dia
(TEA), desmaio ou morte súbita. Existem diversos sistemas para mensurar a seja raro ver a CMD em gatos, a deficiência de taurina e a CMD podem aparecer em
gravidade da doença cardíaca. Um deles é a classificação de insuficiência cardíaca do gatos alimentados com dietas caseiras ou nutricionalmente desequilibradas. Se existe
Conselho Internacional de Saúde Cardíaca em Pequenos Animais (ISACHC, em deficiência de taurina, em muitos casos, a suplementação pode reverter a doença.
inglês) (ver Tabela 1 na página 14). Gorduras. Os efeitos anti-inflamatórios e antiarrítmicos dos ácidos graxos n-3
complementares
suplementação com ácidos graxos n-3 pode reduzir a perda de massa muscular e
melhorar o apetite através de seus efeitos anti-inflamatórios. Os ácidos graxos n-3
Devem ser considerados para o diagnóstico de doença cardíaca em gatos o peso podem ser fornecidos em dietas altamente enriquecidas com esta forma de gordura
corporal (PC), a pontuação do escore de condição corporal (ECC; ver Apêndice ou como suplementos dietéticos.
I), perda de massa muscular, apetite/ingestão de alimentos (histórico alimentar; Minerais. Não é recomendada a restrição severa de sódio ante a doença cardíaca
ver apêndice II), sinais clínicos (por exemplo: dificuldade em respirar, fraqueza, precoce (assintomática), já que a restrição de sódio ativa o sistema renina angiotensina
desmaios, vômitos, diarreia) e valores laboratoriais (por ex.: nitrogênio ureico no aldosterona. Na doença cardíaca precoce, o objetivo deve ser o de evitar o consumo
sangue [BUN, em inglês], creatinina, eletrólitos, hematócritos). Outros testes, se excessivo de sódio e educar o proprietário sobre os petiscos e alimentos da mesa ricos
forem indicados, podem incluir raio-X de tórax, pressão arterial, em sódio. À medida que a doença cardíaca progride e o ICC se desenvolve, o
eletrocardiograma e ecocardiograma. aumento da restrição de sódio é indicado; isto pode ajudar a reduzir as doses de
Fisiopatologia
diuréticos necessários para controlar sinais clínicos.
A recomendação para alterar o potássio da dieta depende dos medicamentos que
estejam sendo administrados e da concentração de potássio sérico. As dietas para
Entre as alterações nos gatos com doença cardíaca que afetam no manejo nutricional
gatos têm uma ampla gama de potássio, por isso, é importante o uso de uma dieta
estão os seguintes achados:
apropriada para cada paciente individualmente (ou seja: evitar dietas ricas em
Calorias. Quando os gatos com doenças cardíacas são assintomáticos, o apetite
potássio seria recomendado para gatos com hipercalemia). Consequentemente,
geralmente não está alterado. Quando surge ICC, no entanto, a maioria dos gatos
deve-se monitorar o potássio sérico, especialmente quando administrados mais
apresentará distúrbios de apetite e da ingestão de alimentos. Isto pode causar
medicamentos ao paciente. Deve-se controlar o magnésio sérico, especialmente em
mudanças nas preferências alimentares (por exemplo: tipo de alimento, sabores) ou
gatos que recebem dosagens elevadas de diuréticos. Casos de hipomagnesemia
uma diminuição na quantidade que comem. Estas alterações podem ser o resultado
devem ser suplementados com magnésio.
de um aumento da produção de mediadores inflamatórios (por exemplo: citocinas,
Vitaminas.Se estiver administrando dosagens elevadas de diuréticos, pode-se indicar
estresse oxidativo), os efeitos colaterais dos medicamentos para o coração, ou um
a suplementação de vitamina B.
mau controle dos indicadores de insuficiência cardíaca.
Predisposição
Enquanto algumas raças têm sido identificadas com um maior risco de MCH e
mutações genéticas (Raça Maine Coon, Ragdoll), a maioria dos gatos com esta
doença são gatos domésticos de pelo curto ou de pelo comprido.
18
Modificações nos nutrientes essenciais n Petiscos – Poucos gatos com doenças cardíacas recebem regularmente petiscos
Evite fazer grandes mudanças na dieta quando o gato estiver hospitalizado por um em comparação com cães (33% dos gatos comparado a 92% dos cães); no entanto,
episódio agudo de insuficiência cardíaca. Continuar alimentando o gato com a sua é importante fazer recomendações específicas para os proprietários sobre os petiscos
dieta habitual (a menos que seja muito rica em sódio), mas pedir ao proprietário que são apropriados (e aqueles que não devem ser fornecidos) se os proprietários
para descontinuar qualquer petisco ou alimento da mesa com alto teor de sódio. quiserem oferecer petiscos. Os alimentos a serem evitados são: a maioria dos petiscos
Quando o gato voltar, aproximadamente entre 7-10 dias, para uma reavaliação, comerciais para gatos (a menos que indique especificamente ter baixo teor de sódio),
pode-se estabelecer uma mudança gradual para uma dieta mais adequada. Isso ajuda alimentos para bebês, embutidos, conservas de peixe, e a maioria dos queijos.
a evitar a aversão aos alimentos que pode ocorrer quando uma nova dieta é imposta Alimentos aceitos incluem os petiscos para gatos que indicam baixo teor de sódio
a um gato extremamente doente. (<5 mg/petisco). Leve em consideração que mesmo alimentos com baixo teor de
Calorias. Devem ser alteradas para manter a condição física ideal (por exemplo: sódio pode fornecer grandes doses deste elemento, se forem fornecidas em grandes
reduzir a ingestão de calorias em animais obesos, aumentar sua ingestão de calorias quantidades aos gatos.
em animais que estão abaixo de sua condição física ideal). É também importante proporcionar ao proprietário métodos adequados para
Proteínas/Aminoácidos. A dieta deve conter, pelo menos, 6,5 g de proteína/100 administrar medicamentos, já que é muito difícil administrar pílulas aos gatos e
kcal, a menos que haja presença simultânea de doença renal grave. Em gatos com muitos alimentos comuns utilizados para administrar medicamentos são ricos em
CMD e deficiência de taurina (ou enquanto aguarda os resultados da taurina) sódio. Os proprietários devem ser orientados a administrar pílulas sem o uso de
deve-se iniciar a suplementação de taurina (125-250 mg a cada 12 horas). alimentos (à mão ou usando um dispositivo projetado para esta finalidade).
Gorduras. A dosagem ideal de ácidos graxos n-3 ainda não foi determinada, no Alternativamente, pode-se usar comida para gatos úmida com baixo teor de sódio
entanto, o autor geralmente recomenda uma dose de óleo de peixe para fornecer 40 ou carne cozida em casa (sem sal, sem embutidos). É possível ser considerados os
mg/kg de EPA e 25 mg/kg de DHA no caso de gatos com anorexia ou caquexia. A medicamentos líquidos, embora a farmacocinética dos medicamentos compostos
maioria das dietas para gatos não atinge esta dosagem, assim, a suplementação é possa ser significativamente modificada.
necessária. Os suplementos de óleo de peixe podem variar na sua concentração de n Dicas para aumentar a palatabilidade – Muitas vezes os gatos com ICC têm
EPA e DHA por isto o autor recomenda uma cápsula de 1 g contendo 180 mg de um apetite variável (ou seja, podem comer bem um alimento por uma semana, e
EPA e 120 mg de DHA. Nesta concentração, o óleo de peixe pode ser administrado em seguida, parar de comer). A diminuição do apetite em um gato que
em uma dosagem de 1 cápsula a cada 4,5 quilos de peso corporal. A cápsula pode ser anteriormente comeu bem, pode indicar a necessidade de uma nova avaliação e um
administrada inteira (ainda que seja muito grande) ou pode-se extrair o óleo da ajuste na medicação, às vezes oferecer um alimento diferente aumenta o apetite
cápsula e fornecê-lo como uma petisco ou no alimento. Alternativamente, pode-se novamente. A comunicação com o proprietário sobre estas questões pode ajudar a
utilizar uma forma líquida de ácidos graxos n-3 (por exemplo: Cardiguard reduzir a ansiedade e proporcionar ao proprietário estratégias específicas para resolver
Boehringer Ingelheim contendo 420 mg de EPA e 280 mg de DHA por grama). o problema.
Tenha em mente que se o proprietário não puder administrar a cápsula intacta, o gato O caldo caseiro, com baixo teor de sódio (por exemplo: frango, carne, peixe) pode
vai ser exposto a um sabor muito forte de óleo de peixe e nem todos os animais melhorar a palatabilidade. A maior parte dos caldos industrializados são ricos em
apreciam o sabor. Para os gatos que não gostam do sabor, pode não ser possível sódio, mesmo aqueles rotulados com “baixo teor de sódio”. Pode-se adicionar ao
administração de ácidos graxos n-3 por causa de efeitos adversos sobre a ingestão de alimento frango, carne ou peixe cozidos. Muitas vezes, os ácidos graxos n-3
alimentos. Os suplementos de óleo de peixe deverão conter vitamina E como um melhoram o apetite dos gatos com ICC; no entanto, vai demorar de 2 a 4 semanas
antioxidante, mas não incluir outros nutrientes para prevenir toxicidade. O óleo de para ver o efeito. Também podem ser considerados estimulantes do apetite (por
fígado de bacalhau e o óleo de linhaça não devem ser utilizados para fornecer os exemplo: ciproheptadina, mirtazapina). Muitas vezes os gatos com ICC preferem
ácidos graxos n-3 (o óleo de fígado de bacalhau tem um alto teor de vitaminas A e a comida morna, mas o proprietário deve ser encorajado a experimentar, a fim de
D, o que pode causar toxicidade, enquanto que os gatos são incapazes de converter determinar qual é a temperatura que o seu gato aceita melhor. Às vezes, alimentar o
ácidos graxos n-3 presentes no óleo de linhaça em EPA e DHA). gato em um prato (no lugar do alimentador para gatos) e em um local diferente do
Minerais. Com respeito ao sódio: que o habitual, pode melhorar o apetite.
• Etapa 1 segundo ISACHC: aconselhar o proprietário a evitar dietas com alto
teor de sódio (> 100 mg/100 kcal) e também os petiscos e alimentos da mesa Pontos para a educação do proprietário
com esse conteúdo. • Fazer recomendações específicas para a dieta e para os petiscos (tipos e
• Etapa 2 segundo ISACHC: o objetivo deverá ser <80 mg/100 kcal no alimento quantidades).
para gatos. Também é importante a ingestão de sódio proveniente de outros • Advertir o proprietário sobre alterações comuns no apetite do gato com
alimentos (por exemplo: petiscos, comida da mesa, os alimentos utilizados insuficiência cardíaca.
para administrar medicamentos). • Fornecer ao proprietário os métodos adequados para a administração dos
• Etapa 3 segundo ISACHC: O alimento para gatos deve conter <50 mg/100 medicamentos.
kcal, embora na anorexia menos grave essa necessidade é menos severa quanto ao • Perguntar, a cada visita, se o proprietário está administrando algum suplemento
conteúdo de sódio na dieta (<80 mg/100 kcal) de modo a proporcionar mais dietético. Se assim for, verificar se os suplementos são seguros, se não estão
opções. Continua sendo importante controlar a ingestão de sódio de outros interagindo com dieta ou com os medicamentos e que sejam administrados em
alimentos (ex.: petiscos, comida da mesa, alimentos utilizados para administrar doses adequadas. É importante discutir este assunto com o proprietário, pois é
medicamentos). comum proprietários de animais que buscam na internet um tratamento
A recomendação para alterar o potássio na dieta depende dos medicamentos que alternativo para a doença cardíaca.
estejam sendo administrados e da concentração de potássio sérico. Devem ser usadas • Além da questão da segurança e eficácia, surgem também questões importantes
dietas ricas em potássio ou suplementos de magnésio por via oral em gatos com sobre a qualidade dos suplementos alimentares (por exemplo: o controle de
hipomagnesemia. qualidade, a biodisponibilidade). Portanto, deve-se recomendar marcas
Vitaminas. Se forem administradas doses elevadas de diuréticos, pode-se indicar a específicas de suplementos alimentares que contenham níveis seguros de
suplementação com vitamina B.
19
nutrientes. Uma alternativa para o médico veterinário no momento da prescrição Controle
é pesquisar marcas norte americanas de suplementos alimentares que contenham A diminuição da ingestão de alimentos pode indicar a necessidade de modificações
o logotipo do Programa de Verificação de Suplementos Dietéticos (DSVP, em na dieta, mas pode também ser um indicador precoce da descompensação cardíaca
inglês) da Farmacopéia dos Estados Unidos, que testa suplementos dietéticos ou da necessidade de alterar a medicação. O peso corporal deve ser monitorado em
para os seres humanos em busca de ingredientes, concentrações, solubilidades e gatos obesos para atingir o peso ideal. Em gatos com caquexia, que perdem peso,
contaminantes. Alguns destes medicamentos podem ser encontrados no Brasil. são necessárias modificações da dieta para minimizar a perda de peso.
Outro bom recurso é o Consumerlab.com, que realiza testes independentes sobre A pontuação do escore de condição corporal é útil para controlar a doença
suplementos alimentares (principalmente suplementos para os seres humanos, assintomática em gatos obesos ou com sobrepeso. Tenha em mente que os sistemas
mas também alguns produtos para animais). de pontuação avaliam os depósitos de gordura, mas não os músculos, por isso um
Comorbidades comuns
gato pode estar com sobrepeso ou obesidade e ainda apresentar uma perda de massa
muscular. Portanto, é importante controlar o PC, a pontuação do escore de condição
Em um estudo, 56% dos gatos com doença cardíaca tinham pelo menos, uma corporal e o grau de perda de massa muscular. A perda de massa muscular geralmente
doença concomitante. Portanto, pode ser necessário modificar os objetivos é vista pela primeira vez nos músculos temporais, epaxial (musculatura nas laterais
nutricionais no caso de um gato com insuficiência cardíaca que apresente uma das vértebras) e nádegas. A pontuação da condição muscular classifica a massa
doença concomitante sensível aos nutrientes (por exemplo: um gato com ICC e muscular subjetivamente em quatro categorias: sem perda, perda leve, perda
urolitíase ou insuficiência renal crônica). moderada e perda acentuada de massa muscular. Intervir logo na fase inicial (perda
20
Avaliação dos temas nutricionais na doença cardíaca nos gatos
Obter antecedentes completos da dieta (ver Apêndice II) - perguntar especificamente sobre o alimento para gatos, petiscos, alimentos da mesa,
alimentos utilizados para administrar medicamentos e suplementos alimentares (quantidades e tipos específicos)
A doença cardíaca está sendo tratada com medicação de forma ideal? Com os sinais clínicos bem controlados, a qualidade de vida do gato é boa?
O peso corporal é ideal para o gato? Está mudando? (aumentando ou diminuindo?) Se é menor, cíclico ou esporádico:
• Avaliar se é necessária qualquer alteração na medicação cardíaca
• Considerar mudanças na dieta (por exemplo, alterar o tipo ou marca dos alimentos,
fornecer refeições menores com mais frequência, adicionar palatabilizantes, iniciar a
Determinar a Pontuação do escore de condição corporal (ver Apêndice I)
suplementação com ácidos graxos n-3, adicionar um estimulante de apetite)
Se o peso corporal/pontuação do escore de Pontuação da condição muscular (caquexia) - avaliar o grau de perda de massa muscular nos principais grupos musculares, incluindo
condição corporal não são ideais, modificar a os músculos temporais, glúteos e epaxial (sem perda de massa muscular, perda de massa muscular leve, perda de massa muscular
dieta (por exemplo: reduzir calorias, se estiver moderada e perda de massa muscular acentuada)
com sobrepeso, aumentar a ingestão de
calorias se estiver abaixo do peso)
O alimento para gatos contém 6,5 g de proteína/100 kcal? É recomendado ≥6,5 g de proteína/100 kcal, Se houver presença de algum grau de perda
a não ser que o gato apresente doença renal grave concomitante muscular/caquexia, mudar a dieta para garantir a
ingestão adequada de calorias e proteínas; considerar
a suplementação com ácidos graxos n-3
Se o gato tem miocardiopatia dilatada, medir as concentrações de taurina no plasma e sangue total e suplementar com taurina até que os resultados estejam disponíveis.
21
Quilotórax - Gatos
Kathryn E. Michel, DVM, MS, DACVN reabsorvido do espaço pleural mais facilmente. No entanto, os alimentos para gato
Definição
restritos em gordura, também são baixos em calorias, o que deve ser considerado
quando se tratar de um paciente que, provavelmente, está com falta de apetite e já
O Quilotórax é a acumulação de um derrame contendo quilomícron no espaço pode ter sofrido uma deterioração significativa em seu estado nutricional.
Fisiopatologia
para pacientes em estado de anorexia.
Normalmente, o quilo, proveniente de drenagem linfática, flui para o canal torácico Princípios da alimentação coadjuvante
por meio da cisterna do quilo, e por sua vez, desemboca no sistema venoso no tórax. As opções de tratamento para pacientes com quilotórax idiopático incluem
Qualquer doença que provoca um desequilíbrio entre a produção e a eliminação de tanto o tratamento com medicamentos como o tratamento cirúrgico. Em
quilo que conduza ao aumento da pressão no sistema linfático pode levar a uma perda alguns casos, o derrame pode se resolver espontaneamente após várias semanas
de quilo no espaço pleural. As causas subjacentes informadas no caso de gatos incluem ou meses; no entanto, o prognóstico para os gatos neste estado deve ser
doenças cardíacas e a presença de uma massa no mediastino craniano; no entanto, a considerado reservado.
doença idiopática não é incomum. Como mencionado anteriormente, não há nenhuma evidência para utilizar a
Os pacientes com quilotórax geralmente são letárgicos e têm pouco apetite. O restrição de gordura na dieta para o tratamento do quilotórax em gatos, e o uso
impacto da falta de ingestão de alimentos sobre o estado nutricional é agravado pela desta estratégia de alimentação pode comprometer ainda mais o estado
perda de proteínas, gorduras, vitaminas, eletrólitos e água, e se torna necessário repetir nutricional de um paciente com pouca ingestão de alimentos, especialmente se
a toracocentese paliativas para aliviar a angústia respiratória. está submetido a vários procedimentos de toracocentese.
Predisposição
A escolha da dieta deve ser baseada em encontrar um alimento completo e equilibrado
para gatos que seja aceitável para o paciente. A menos que seja contraindicada devido
Está documentado que os gatos mais velhos e os de raças orientais (Siameses e do a uma doença concomitante, a dieta rica em proteína pode ser benéfica.
Himalaia) correm maior risco de desenvolver o quilotórax. Se o peso do paciente é estável e o paciente está em boas condições físicas, pode-
22
n Recomendações para a dieta – Muitos gatos diagnosticados com quilotórax for identificada, deve-se realizar uma biópsia ou aspiração, a fim de obter um
apresentaram um histórico de anorexia. É essencial controlar a ingestão de alimentos diagnóstico e tomar medidas terapêuticas adequadas.
medicamentosas
adequada. O objetivo é encontrar uma dieta que o paciente coma com facilidade e que
seja apropriada para qualquer doença concomitante que o animal possa ter (por
exemplo: doenças cardíacas). As dietas baixas em calorias e com baixo teor de gordura
Como mencionado anteriormente, os pacientes com quilotórax podem optar por
só devem ser utilizadas em pacientes que as consumam facilmente em quantidades
toracocenteses paliativas em repetidos intervalos ocasionando perda de fluido,
suficientes para satisfazer as suas necessidades energéticas.
eletrólitos, proteínas, gorduras e vitaminas. Os pacientes com quilotórax secundário
Para os pacientes em boas condições físicas, as porções de alimento devem ser baseadas
e uma doença subjacente, como a doença cardíaca, podem se beneficiar com o
na ingestão calórica anterior. Para pacientes com baixo peso, deve-se aumentar as
tratamento dietético visando essa doença.
calorias oferecidas em 20% em relação ao consumo anterior para promover ganho de
Controle
peso e modificar conforme necessário.
Comorbidades comuns
Doença Cardíaca. Há informações sobre o quilotórax em gatos em associação com
cardiomiopatia (especialmente secundária ao hipertireoidismo), dirofilariose,
anomalias cardíacas congênitas, e derrame pericárdico. Portanto, sugere-se um exame
cardíaco completo em gatos diagnosticados com derrame pleural quiloso, já que o
tratamento da doença cardíaca subjacente pode levar à resolução do quilotórax.
Neoplasia. Doenças que causam uma massa no mediastino anterior, incluindo
linfossarcoma e outras formas de neoplasia, podem levar a um quilotórax. Se a massa
Sim Não
Escolher uma dieta que o animal coma com facilidade e que seja apropriada para
Escolher uma dieta que o paciente coma com facilidade e que seja apropriada para qualquer doença concomitante que o paciente possa ter (poderia incorporar uma dieta
qualquer doença concomitante que o animal possa ter com restrição de gordura como um teste).
Alimento não aceito/ingestão Alimento aceito e ingestão adequada para manter o Alimento não aceito/ingestão Alimento aceito e ingestão adequada para manter o
inadequada peso ou facilitar o ganho de peso, conforme o caso inadequada peso ou facilitar o ganho de peso, conforme o caso
Avalie a dieta administrada e a condição corpórea Avalie a dieta administrada e a condição corpórea
Avaliar a alimentação assistida Avaliar a alimentação assistida
para assegurar que o procedimento esteja correto para assegurar que o procedimento esteja correto
23
Nutrição em cuidados intensivos - Cães
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Doenças Críticas têm um impacto importante sobre o estado nutricional dos cães Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 20–45 6–9 18 5.1
e muitas vezes levam a uma severa desnutrição. O suporte nutricional de cães em
Fisiopatologia
tolerar nutrição enteral, mas não têm consumo voluntário adequado (cerca de 75%
das necessidades energéticas), deverá ser colocada uma sonda de alimentação. No
A doença crítica provoca várias alterações metabólicas que influenciam o estado caso de uma fonte de alimentação por um período curto (< 3 dias) pode ser
nutricional do paciente. Em resposta a inflamações e lesões, se produzem alterações apropriada a alimentação nasoesofágica, mas isso requer uma dieta líquida. Se for
no metabolismo dos lipídios, proteínas e carboidratos. As várias alterações no necessário suporte nutricional por mais de 3 dias, geralmente será indicada a
metabolismo, combinadas com os efeitos de uma ingestão de alimentos reduzida, utilização de uma sonda via esofagotomia ou gastrostomia.
causam um balanço energético negativo ou um estado catabólico. Cães em um Uma vez que a sonda esteja colocada, o objetivo deve ser o de fornecer 50% das
estado catabólico podem sofrer mais complicações e apresentam taxas de calorias calculadas no primeiro dia, e aumentar gradualmente até 100% das calorias
recuperação piores. Reverter um estado catabólico exige neutralizar a principal causa calculadas nos dois dias seguintes. Em pacientes gravemente afetados, o apoio
da doença e fornecer um suporte nutricional adequado. nutricional inicial deve começar em 33% das calorias calculadas. Normalmente
Predisposição
dietas recomendadas para a alimentação por sonda são ricas em calorias, proteínas
e gorduras. É importante assegurar que a dieta escolhida seja apropriada para a sonda
Os pacientes que podem estar em maior risco de desnutrição são os muito jovens e a ser utilizada (isto é, a consistência da dieta não deve obstruir a sonda). Nos pacientes
os idosos. Isso reflete uma maior dificuldade para fornecer suporte nutricional para que não podem usar a via enteral, será necessária a nutrição parenteral. A formulação
pacientes nestas categorias de idade. da nutrição parenteral é adaptada ao paciente e necessita um cuidado especial.
n Petiscos – Nos animais gravemente enfermos, o uso de petiscos é geralmente
Modificações nos nutrientes essenciais ineficaz para satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais. Pode-se oferecer
• Os pacientes criticamente doentes, com balanço energético negativo, podem ter petiscos para os animais que recebem a alimentação por sonda, a fim de avaliar o
uma maior necessidade de proteína para manter a massa corporal magra retorno do apetite. O fornecimento da alimentação enteral e/ou parenteral não
• As proteínas devem ser de boa qualidade e altamente digestíveis. interfere na avaliação do apetite.
• Considerações especiais incluem pacientes com comorbidades como n Dicas para aumentar a palatabilidade– O uso de estimulantes do apetite em
insuficiência renal ou hepática, onde uma maior quantidade de proteína pode animais gravemente doentes não é recomendado por ser ineficaz para recuperar a
ser contra-indicada. ingestão nutricional adequada. Técnicas de alimentação, tais como alimentar com
• As necessidades de nutrientes mais específicos dependerão da natureza da doença a mão ou aquecer a comida podem ser utilizadas, mas geralmente são ineficazes para
suporte nutricional adequado.
n Recomendações para a dieta – Dietas tipicamente usadas no apoio nutricional
subjacente.
• Os antioxidantes podem ser um componente importante do tratamento para os
animais gravemente doentes; no entanto, ainda não foram determinadas as de cães em estado crítico são geralmente densas em energia, ricas em proteínas e
dosagens específicas. gorduras, e possuem alta digestibilidade. Muitas dietas prescritas recomendadas para
• Outros nutrientes tais como glutamina, arginina e ácidos graxos n -3, podem alimentação por sonda também têm um alto teor de água e adaptam-se à sonda com
também ser úteis em certas doenças, mas não se conhece dosagens específicas modificações mínimas. No entanto, a maioria das dietas têm de ser modificadas
ou ideais. para utilização em sondas de forma eficaz. Para as sondas de calibre pequeno
• É crucial a correção do balanço energético negativo. tipicamente usadas para acesso nasoesofágico, as únicas dietas aceitáveis são as dietas
completamente líquidas.
24
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Como muitos pacientes em recuperação podem ter alta do hospital com a sonda medicamentosas
de alimentação colocada (por exemplo: esofagotomia ou gastrostomia), os Vários antibióticos podem causar náuseas, vômitos ou diarreia. Os agentes
proprietários precisam ser instruídos sobre o uso e os cuidados da sonda. quimioterapêuticos podem causar graves complicações gastrointestinais. Diuréticos
• Os proprietários precisam saber as possíveis complicações e como detectá-las. e inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) também podem
• Devem ser fornecidas instruções detalhadas e específicas sobre o uso da sonda de diminuir o apetite.
Controle
alimentação. Devem-se incluir instruções sobre como preparar e como
administrar a dieta.
Comorbidades comuns
Todos os pacientes criticamente enfermos que receberam suporte nutricional devem
ser cuidadosamente monitorados devido a possíveis complicações relacionadas ao
Pacientes criticamente doentes muitas vezes têm vários sistemas de órgãos afetados, suporte nutricional. Pacientes com sondas de alimentação devem ser revisados se
o que pode influenciar o plano nutricional. As comorbidades mais graves incluem houver infecção/inflamação no local de saída da cirurgia. Os testes bioquímicos e
simultaneamente a insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, insuficiência hematológicos também podem ser úteis na identificação de complicações
hepática, insuficiência respiratória, disfunção gastrointestinal, disfunção neurológica metabólicas. Ainda que o peso corporal e a pontuação de escore de condição
e infecção sistêmica. corporal (ECC) sejam essenciais para pacientes que receberam suporte nutricional,
o ganho de peso por si só não é necessário.
Desnutrido
Estado nutricional adequado Desnutrido
Severamente doente
Levemente afetado Severamente doente
Hemodinamicamente estável
Avaliar se a ingestão de alimentos é adequada Hemodinamicamente instável
Avaliar a ingestão
Não é necessária
Considerar a intervenção Acompanhar de Implementar a Estabilização
intervenção
nutricional perto intervenção nutricional hemodinâmica
nutricional
25
Nutrição em cuidados intensivos - Lipidose Hepática Felina
Daniel L. Chan, DVM, MRCVS, DACVECC, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
As doenças críticas podem ter um impacto importante sobre o estado nutricional Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
dos gatos. Nalipidose hepática felina, uma síndrome que é proveniente do acúmulo Proteína 40–60 8–13 26 6.5
Gordura 15–35 4–6 9 2.3
excessivo e patológico de lipídios dentro do fígado, o apoio nutricional na terapia
intensiva é uma parte importante do tratamento médico e da regressão da doença.
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações
Predisposição
RER = 70 X (peso corporal em kg) 0,75
Gatos de meia idade e idosos possuem maiores chances de serem afetados. Existem A alimentação inicial deve começar a partir de 33% a 50% do RER no primeiro dia
mais casos identificados em gatos machos, embora a classificação por sexo não seja e depois aumentar gradualmente até atingir o RER dentro de 48 horas. Se o paciente
um fator de risco envolvido. A obesidade talvez seja a causa mais importante do fator tolera a alimentação (ou seja, sem vômitos), os objetivos da alimentação poderiam
de predisposição para essa doença. ser aumentados em 10% a 20% do RER para atingir um peso corporal estável
26
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Como muitos pacientes em recuperação podem ter alta do hospital com a sonda
medicamentosas
de alimentação colocada (por exemplo: esofagotomia ou gastrostomia), os
Deve-se ter muito cuidado se são administrados suplementos nutricionais (por
proprietários precisam ser instruídos sobre o uso e os cuidados da sonda.
• Os proprietários precisam saber das possíveis complicações e como detectá-las.
exemplo: taurina, carnitina, S-adenosilmetionina), através da sonda de alimentação,
• Deve-se fornecer aos proprietários instruções detalhadas e específicas sobre o uso
uma vez que podem bloquear a sonda, provocando a necessidade da sua troca.
Controle
de sondas de alimentação. Deve-se incluir instruções sobre como preparar e como
administrar a alimentação.
Todos os pacientes criticamente doentes que receberam suporte nutricional deverão
Comorbidades comuns
ser cuidadosamente controlados devido a possíveis complicações relacionadas ao
suporte nutricional. Pacientes com sondas de alimentação devem ser controlados se
As comorbidades em gatos que necessitam de nutrição em cuidados intensivos
houver infecção/inflamação no local de saída da cirurgia. Os testes bioquímicos e
para a lipidose hepática são: pancreatite, colangiohepatite e doença inflamatória
hematológicos também podem ser úteis na identificação das complicações
do intestino.
metabólicas. Enquanto o peso corporal e a pontuação da condição física são
essenciais em pacientes que receberam suporte nutricional, o ganho de peso por si
só não é necessário durante a internação.
Retardar a alimentação,
tratamento com medicamentos Colocar a sonda de alimentação
para conseguir a estabilidade (esofagotomia ou gastrostomia)
hemodinâmica
27
Diabetes mellitus - Cães
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD Valores recomendados de nutrientes essenciais
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Definição Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
O diabetes mellitusé causado por deficiência de insulina absoluta ou relativa, alterando Proteína 25–50 6–10 18 5.1
Gorduras 8–12 #
3–5 #
5 1.4
o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Manifesta-se como hiperglicemia,
pâncreas exócrino. É recomendado monitorar continuamente a condição física, a crônica concomitante ou hipertrigliceridemia persistente. A restrição de gordura não
glicemia e a concentração de triglicérides séricos. deverá ser recomendada para cães diabéticos com estado físico magro.
Predisposição
o período pós-prandial. Assim, os cães deverão ser alimentados dentro de 2 horas após
a administração da insulina NPH ou dentro de 6 horas da insulina protamina de zinco.
A maioria dos cães diabéticos têm mais de 5 anos de idade, com maior prevalência Quando se utilizar um regime de dose de insulina de duas vezes por dia, deve-se
entre 8 e 12 anos. As fêmeas intactas têm maior risco, especialmente se também tiverem alimentar o cão imediatamente após a injeção de insulina.
sobrepeso. Os cães de raças misturadas têm um risco maior em relação aos de raças Se os sinais de hipoglicemia leve se desenvolvem, o proprietário deve fornecer ao cão
puras. As seguintes raças têm maior risco: Australian Terrier, Schnauzer padrão, uma alimentação regular ou petiscos ricos em carboidratos. Pode ser necessário
Samoieda, Schnauzer miniatura, Fox Terrier, Keeshond, Bichon Frise, Finlandês Spitz, alimentar o cão com a mão para incentivá-lo a comer. Se o cão não quer ou não
Cairn Terrier, Poodle, Poodle Toy e Husky Siberiano. consegue comer, pode ser administrado oralmente um xarope contendo uma alta
28
n Recomendações para a dieta – As dietas para manutenção de cães adultos Estratégias para o manejo das interações
formuladas com carboidratos e teor de fibra moderados serão as apropriadas para a medicamentosas
maioria dos cães diabéticos. Deve-se dar aos cães diabéticos com pancreatite crônica
O exercício pode estar associado a um aumento do risco de hipoglicemia no caso de
concomitante ou hipertrigliceridemia persistente, uma dieta com restrição de gordura.
cães diabéticos tratados com insulina. Isto pode ser resolvido através da redução da
Dietas restritas em gordura e rica em fibras não devem ser rotineiramente
dose de insulina e/ou aumentando a oferta de alimentos antes do exercício. Deve-se
recomendadas para cães diabéticos com estado físico magro. Cães diabéticos mais bem
personalizar as estratégias de tratamento para cada cão em particular.
tratados necessitam de uma quantidade de alimento diário similar aos cães saudáveis
Controle
não-diabéticos com idade, sexo e estilo de vida similares. Cães diabéticos com
diminuição da função pancreática exócrina têm necessidades calóricas mais elevadas em
comparação com cães saudáveis. Um dos principais sinais clínicos do diabetes mellitus não tratado é a perda de peso e
baixa no escore de condição corporal, apesar da polifagia. Ao instituir um tratamento
Pontos para a educação do proprietário médico e nutricional adequado, a perda de peso geralmente para antes de atingir o
controle glicêmico ideal. Portanto, é importante controlar tanto o peso quanto o escore
• A alimentação uniforme em horas fixas diariamente é crucial para o sucesso no
de condição corporal a cada nova avaliação. O controle glicêmico é usado para avaliar
tratamento do diabetes em cães. O ideal é que todas as refeições
a resposta ao regime da dieta e da insulina. A concentração de triglicérides no sangue
contenham os mesmos ingredientes e conteúdo calórico.
em jejum pode ser controlada para identificar hipertrigliceridemia persistente, e para
• O momento das refeições deve coincidir com o momento das injeções de insulina.
controlar a resposta a uma alimentação com uma dieta restrita de gorduras. O
• Não se pode exagerar na importância de evitar uma overdose de insulina. Se
tratamento com insulina exógena resolverá a hipertrigliceridemia em alguns cães
alguma insulina é derramada durante a injeção, o proprietário nunca deve fornecer
diabéticos, enquanto outros necessitarão da restrição de gorduras na dieta, além do
mais, até mesmo se parecer que o cão não recebeu nenhuma insulina. Se alguma vez
tratamento com insulina. Deve-se recomendar a restrição de gordura na dieta (<30%
o proprietário estava hesitante, a opção mais segura é não aplicar a injeção, uma vez
EM) para todos os cães diabéticos com uma concentração de triglicérides séricos em
que as consequências da falta de uma dose única são insignificantes.
jejum> 500 mg/dL devido à associação com a pancreatite. No caso dos cães diabéticos
• Os proprietários devem estar cientes das estratégias nutricionais para o tratamento
com bom controle glicêmico, recomenda-se restrição de gordura na dieta (<30% EM),
da hipoglicemia, como acima descrito.
se a concentração de triglicérides no soro em jejum for > 400 mg/dL. Espera-se que os
• Os proprietários devem procurar orientação de um veterinário sempre que um cão
níveis de triglicérides em jejum declinem em resposta à restrição de gorduras da dieta.
diabético mostre falta de apetite ou anorexia, porque existe um risco aumentado
Portanto, se a concentração de triglicérides no soro em jejum for > 400 mg/dl quando
de hipoglicemia se a insulina é dada quando o cão não come.
o cão estiver sendo alimentado com uma dieta com <30% de gordura EM, então
Comorbidades comuns
recomenda-se uma maior restrição de ingestão de gordura (<20 % MS). Se a perda de
peso corporal continua apesar do controle glicêmico adequado, recomenda-se testar
A infecção do trato urinário, pancreatite, hiperadrenocorticismo, dermatite, otite a concentração da imunorreatividade semelhante à da tripsina canina (cIST) para
externa e insuficiência pancreática exócrina são doenças comuns que ocorrem em cães avaliar a função pancreática exócrina.
com diabetes mellitus, bem como o diestro, piometra e obesidade nas fêmeas diabéticas
não castradas.
1. Implementar um regime de alimentação de duas vezes por dia. Cada refeição deve conter metade das necessidades calóricas diárias [kcal calculada como 55 x (estimativa de peso corporal
ideal em kg) 0,75] e oferecida no momento que coincide com as injeções de insulina. É importante que as refeições sejam uniformes e não variem de uma para outra.
2. Escolha uma dieta que seja altamente palatável para esse cão especial, completa e equilibrada, e formulada para a manutenção de cães adultos com conteúdo moderado de fibra (30-40
g/1000 kcal) e carboidratos (<30% EM).
3. Se houver histórico ou evidência clínica de pancreatite concomitante, considerar a recomendação de também restringir a gordura dietética (<30% MS).
O cão perde peso corporal e condição física (ECC) O cão apresenta peso corporal e condição física (ECC) estável O cão aumenta seu peso corporal e condição física (ECC)
Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle da glicemia Ajustar a dose de insulina para otimizar o controle de glicose
da glicose no sangue e aumentar a ingestão de no sangue e reduzir a ingestão calórica em cada refeição
calorias em cada refeição
O cão apresenta um estado físico magro O cão apresenta sobrepeso
Se a perda de peso continua, apesar Aumentar a ingestão de calorias a cada refeição Diminuir a ingestão de calorias a cada alimentação
do bom controle glicêmico, conside-
rar a avaliação da função pancreá-
tica exócrina medindo o cIST O cão apresenta o corpo na condição ideal
29
Diabetes mellitus - Gatos
Jacquie Rand, BVSc, DVSc, DACVIM
Linda Fleeman, BVSc, MACVSc, PhD
diabético durante menos de um ano. A probabilidade de remissão é baixa, no caso
Fisiopatologia
a hiperglicemia. Geralmente é recomendada para gatos diabéticos a alimentação
duas vezes por dia no momento das injeções de insulina, embora seja aceitável
Acredita-se que mais de 80% dos gatos têm diabetes mellitus tipo 2, que é uma fornecer alimentos em porções menores com mais frequência. O período pós-
consequência da falha das células beta que ocorre secundariamente à demanda prandial dos gatos é muito longo e a glicose no sangue permanece elevada por mais
prolongada de maior secreção de insulina como resultado da resistência de 14 horas após uma refeição com 50% a 100% das necessidades diárias de energia.
periférica à insulina. Com o tempo, isso prejudica as células beta e a secreção de Fornecer alimento com baixo teor de CHO está associado a maiores taxas de
insulina se deteriora. Os demais casos estão associados a outros tipos específicos remissão em gatos diabéticos recém diagnosticados, em comparação com o
de diabetes, tais como câncer de pâncreas, pancreatite, hiperadrenocorticismo fornecimento de alimentos ricos em fibras. Portanto, deve ser oferecido um alimento
ou acromegalia, os quais, ou destroem diretamente as células beta ou provocam de baixo teor de CHO a gatos diabéticos recém diagnosticados e a todos os gatos
uma forte resistência à insulina. Uma vez que a glicose no sangue aumenta, a diabéticos em remissão. No momento da mudança para uma dieta com maior valor
secreção de insulina é suprimida e danifica as células beta (chamado de CHO, foi constatada uma recaída no animais. No entanto, o controle da glicose
glicotoxicidade). A maioria dos gatos é dependente de insulina no momento do não é significativamente diferente em gatos que permanecem dependentes de
diagnóstico; no entanto, dependendo da causa subjacente e da duração do insulina quando eles são alimentados com uma dieta rica em fibras e em CHO em
diabetes e do tratamento, entre 20% e 90% dos gatos diabéticos podem deixar vez de uma dieta com baixo teor de CHO, embora a dose de insulina geralmente
de ser dependentes de insulina (denominado remissão). seja menor naqueles que comem alimentos de baixo teor em CHO. O tratamento
Predisposição
dietético das comorbidades também deve ser considerado quando se escolhe a dieta
para o paciente diabético.
Em geral, os gatos com diabetes são de idade avançada, sendo o auge do início entre O sobrepeso e a obesidade estão associados à resistência à insulina, portanto, manter
10 e 13 anos. Os gatos que estão com sobrepeso ou obesos, castrados, machos e de ou atingir um peso corporal ideal é importante para facilitar a remissão dos gatos
raças domésticas estão no grupo de risco mais elevado. Nos Estados Unidos, a raça diabéticos. Os gatos com sobrepeso ou obesos devem ser alimentados com
Maine Coon, os gatos domésticos de pelos longos, a raça Russo Azul, e a Siamesa quantidades restritas de uma dieta de baixa densidade calórica (gordura) com uma
estão amplamente representados, enquanto que os gatos da raça Birmanês são quatro quantidade mínima de CHO possível (<20% de MS). * O consumo de energia tem
vezes mais propensos a ser diabéticos na Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido de ser restrito, para produzir de 1% a 2% de perda de peso corporal por semana,
em comparação com os gatos domésticos. embora se consiga normalmente 0,3 - 0,5%/semana.
vantagem para estes gatos e é um objetivo importante para qualquer gato que foi não nitrogenado (ENN), enquanto que o CHO como fibra documenta-se como
fibra bruta.
30
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A transição para passar da dieta habitual alimento seco devido ao teor de água, embora os alimentos enlatados normalmente
a uma dieta adequada para o diabético deve durar entre 5 a 14 dias; pode ser contenham mais gordura do que a sua versão seca.
necessário um período mais longo no caso de gatos que são mais resistentes a Em gatos com doença renal (IRIS 2), há a necessidade de tentar uma dieta baixa em
mudanças. A palatabilidade do alimento geralmente aumenta junto com a CHO (<15% MS) já que a azotemia melhora em muitos gatos com um melhor
temperatura, a água e os nutrientes (gorduras, proteínas e sal). Aquecer o alimento controle glicêmico. Se a azotemia piora, estes gatos podem utilizar uma dieta com
no microondas ou amornar ligeiramente a comida úmida, adicionar o caldo morno CHO (30-40% MS), proteínas (35-40% MS) e fósforo (<1% MS). Os gatos com
de frango ou carne bovina (+/- sódio) ou adicionar a água ou o óleo dos peixes doença renal avançada (IRIS 3 ou 4), com indicadores sistêmicos associados com
enlatados (sardinha, atum, cavala), se for apropriado para melhorar o sabor. azotemia possuem melhores resultados com uma dieta restrita em proteínas (CHO
n Recomendações para a dieta – Os valores dos nutrientes das dietas com baixo <30% de MS, proteína ~30% MS, gorduras ~30% MS e fósforo <1% MS) com
teor de CHO recomendados para gatos diabéticos são <20% de CHO, 40% a 60% agentes quelantes de fosfato para controlar ainda mais as concentrações de fosfato
de proteína e 10% a 35% de gorduras em MS. Os gatos devem ser alimentados para no plasma junto com a acarbose para reduzir a absorção de glicose do trato
manter ou atingir o peso corporal ideal. Normalmente, alimentos enlatados são mais gastrointestinal. As dietas caseiras que controlam o CHO, as proteínas e restrinjam
palatáveis, contêm mais água e gordura, e menos CHO que a partícula seca; ainda o fósforo são também uma opção para alguns animais.
assim, facilitam a perda de peso em alguns gatos com sobrepeso ou obesos. Outras doenças comuns em gatos diabéticos são a pancreatite ou o câncer
medicamentosas
essencial controlá-los rigorosamente.
• Os gatos com indicadores leve a moderado de hipoglicemia, tais como fraqueza,
tremores e falta de coordenação motora, que ainda possam comer, devem Os corticosteroides predispõem o diabetes sendo importante evitar repetidas
ser alimentados imediatamente com uma dieta "intestinal" palatável, altamente injeções deste fármaco de ação prolongada em gatos diabéticos ou gatos em remissão.
digestível com alto teor de CHO e pobre em fibras. Se os indicadores forem graves, Da mesma forma, os progestógenos, tais como acetato de megestrol, diminuem a
como convulsões ou coma, pode ser aplicado nas gengivas um xarope de glicose sensibilidade à insulina e predispõem para o diabetes.
concebido para os seres humanos diabéticos e os proprietários devem procurar
imediatamente assistência veterinária.
Controle
Comorbidades comuns
As concentrações de glicose no sangue têm de ser monitoradas para determinar o
nível de controle da glicose e a dose apropriada de insulina. A glicose no sangue é
Ao reduzir a porção de CHO, as proteínas, gorduras, fibras e algumas combinações melhor controlada em casa, utilizando um medidor portátil de glicose, de preferência
da dieta devem aumentar para compensar a diferença. As dietas baixas em CHO um que esteja calibrado para o sangue dos gatos. Quando isto não for possível, é útil
com diferentes níveis de gorduras, proteínas e fibras são úteis para fornecer uma para o monitoramento doméstico, a concentração de glicose e cetona na urina. A
grande variedade de escolhas de dietas, dependendo das comorbidades de cada caso insulina exógena é administrada com uma dieta baixa em CHO e de alto conteúdo
particular. Gatos diabéticos, com baixo peso, deverão ser alimentados com dietas de proteínas (preferencialmente) para controlar as concentrações de glicose no
que tenham CHO (<20% de MS), proteínas (~ 55% de MS), baixo teor de fibras sangue, e é ajustada em conformidade para manter a concentração de glicose o mais
(1% MS), elevado teor de gorduras (20-30% de MS) e densidade de energia (4 - 5 próximo do normal, evitando a hipoglicemia. Controlar o peso corporal e modificar
kcal/g MS de energia metabolizável [EM]). Os gatos obesos ou com sobrepeso a ingestão de energia para atingir o peso ideal.
podem ser tratados através da restrição da quantidade total de energia (como
gordura) do alimento. A sensibilidade à insulina deve melhorar com a perda de Ver Manejo nutricional do diabetes mellitus em gatos na página 32.
gordura corporal. Os gatos diabéticos obesos ou com sobrepeso tem melhores
resultados com dietas com CHO (<20% MS), teor de fibra moderado (10-15%
MS), baixo teor de gorduras (~ 10% MS) e densidade de energia (3-3,5 kcal/g MS
EM). A alimentação por dietas úmidas pode satisfazer alguns gatos mais do que o
31
Manejo nutricional do diabetes mellitus em gatos
Diagnóstico de diabetes mellitus: glicose sanguínea persistentemente ≥215 mg/dL (12 mmol/L)
Glicose no sangue 215 – 250 mg/dL (12 – Glicose no sangue 270 – 340 mg/dL (15 – 19
Glicose no sangue >360 mg/dL (>20
14 mmol/L) em 3 – 4 ocasiões com 4 horas mmol/L) em 2 ocasiões com 4 horas como
mmol/L) e sinais clínicos de poliúria,
como intervalo mínimo durante 2 dias intervalo mínimo e sinais clínicos de poliúria,
polidipsia e perda de peso
polidipsia e perda de peso
Alimentar com uma dieta com baixo Alimentar com uma dieta com baixo carboidrato Alimentar com uma dieta com baixo carboidrato
carboidrato (<20% MS) projetado para (<20% MS) formulada para gatos diabéticos. (<20% MS) projetado para gatos diabéticos.
gatos diabéticos. Proporcionar um Proporcionar um consumo de energia para alcançar Fornecer o consumo de energia para alcançar ou
consumo de energia para alcançar ou ou manter o peso corporal ideal. Começar com a manter o peso corporal ideal. Começar com insulina
manter o peso corporal ideal. insulina glargina ou detemir 1 U/gato duas vezes glargina 0,25 – 0,5 U/kg ou detemir (0,25 U/kg)
por dia (BID). do peso corporal ideal duas vezes por dia (BID)
Glicose no sangue
Glicose no sangue continua sendo 215 – Controle de glicose no sangue com medições em série no lar. Medição de glicose no sangue antes da injeção de insulina e a
foi normalizada 250 mg/dL (12 – 14 cada 3 - 4 horas até a próxima insulina. Ao longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da
mmol/L) concentração de glicose no plasma 70-120 mg/dL (4-7 mmol/L). * Continuar alimentando com uma dieta com baixo con-
teúdo de carboidratos e modificar a ingestão de energia para alcançar ou manter o peso corporal ideal.
Começar novamente com a insulina Glicose no sangue anterior a insulina permanece em <215 mg/dL (<12 mmol/L),
durante um mínimo de 2 semanas e a dose é de 0,5 U/gato uma vez por dia.
A glicose no sangue permanece <215 mg/dL (12 mmol/L) por 2 semanas = não dependente de insulina
(Remissão de diabetes). Continuar alimentando com dieta baixa em carboidratos.
* Medido com um medidor de glicose calibrado para o sangue dos gatos ou um analisador químico do soro;
medidores calibrados para o sangue humano medem 18 - 36 mg/dl (1 - 2 mmol/L) inferior à concentração
real de glicose no sangue.
32
Sobrepeso/Obesidade - Cães
Sean J. Delaney, DVM, MS, DACVN Princípios da alimentação coadjuvante
Definição
A justificativa para proporcionar uma dieta com menor densidade de energia obtida
com mais fibras e água é que leva à saciedade por preenchimento gástrico; o maior
A obesidade, definida como o acúmulo excessivo e armazenamento de tecido adiposo, volume pode ser mais aceitável para o animal. O raciocínio para aumentar nutrientes
é comum em cães, afeta mais de um terço deles1, e é a doença nutricional número um essenciais por quilocaloria é que a restrição calórica, sem manter simultaneamente a
diagnosticada por médicos veterinários. No sistema de Pontuação de escore de quantidade de nutrientes essenciais que é fornecida, pode causar deficiências; tais
condição corporal da Nestlé® PURINA® de nove pontos (ver Apêndice I), os cães deficiências podem frequentemente ser reconhecidas na má qualidade da pelagem
com uma pontuação de escore de condição corporal (ECC) de 6 ou mais são durante a perda de peso.
considerados cães acima do peso com uma pontuação de 8 ou mais são obesos e Deve-se fornecer uma alimentação com menos calorias do que o necessário: ou com
aqueles com uma pontuação de 9 são obesos mórbidos. 80% das calorias atuais se puder ser determinada com precisão pelo histórico alimentar
complementares
com base no peso atual:
RER = 70 x peso em kg00.75
A pontuação de escore de condição corporal usa ambos os parâmetros visuais e táteis
para atribuir um valor numérico com o grau de adiposidade do paciente. Uma vez que (ver Apêndice III para encontrar equações úteis na nutrição clínica). Modificar a
o resultado do escore de condição corporal pode ser facilmente explicado aos quantidade de alimentos com base no peso a cada 2 semanas, com o objetivo de perder
proprietários, é uma ferramenta eficaz para aumentar a conscientização sobre o grau 1% a 2% de peso corporal por semana; uma perda de peso mais rápida diminui a
de sobrepeso ou obesidade dos cães. Antes de submeter um paciente a um plano de massa muscular, reduz a conformidade e aumenta o risco de efeito sanfona no peso.
perda de peso, recomenda-se a realização de um exame físico, análise completa de Se o cão está ganhando peso nesta dieta, verificar a conformidade e reduzir todas as
sangue e o perfil bioquímico para descartar qualquer doença subjacente, quantidades em 20%. Se o peso for estável, diminuir todas as quantidades em 10%.
especialmente hipotireoidismo. Se o cão está perdendo peso muito rápido, controlar a saúde geral e aumentar todas
Fisiopatologia
as quantidades fornecidas entre 10% e 20%.
Indicar um aumento simultâneo da atividade com brincadeiras ou caminhadas.
Habitualmente o ganho de peso ocorre gradualmente ao longo de muitos anos, como n Petiscos –Quando são fornecidos petiscos formulados para a perda de peso, deve-
um resultado da ingestão calórica excessiva e de um estilo de vida cada vez mais se escolher os que contenham menos de 30 kcal/petisco. Alguns petiscos saudáveis
sedentário, o que leva ao acúmulo de tecido adiposo. O hipotireoidismo, são vegetais e frutas com alto teor de umidade, tais como 3½ xícaras de abobrinha
hiperadrenocorticismo e a administração de glicocorticoides também podem levar cozida cortadas em rodelas (100,8 kcal), 20 mini cenouras cruas (105 kcal; evitar nos
a uma alimentação em excesso. cães com problemas urólitos de oxalato de cálcio), 2 xícaras de melão em cubos (108,8
kcal) ou 2 xícaras de maçãs descascadas cortadas (105,6 kcal). Carnes magras e com
Predisposição baixo teor de sódio, tais como ½ xícara de peito de frango em cubos ou picado (112
kcal) ou 42,5 gramas de costeleta de porco, apenas a carne, sem gordura e sem osso
A probabilidade de sobrepeso/obesidade aumenta com a idade e com a castração.
(99,5 kcal), também podem ser oferecidos como petiscos.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Os alimentos com maior teor de umidade
Algumas raças, incluindo Cocker Spaniel, Dachshund, Dálmata, Labrador
Retriever, Golden Retriever, Pastor Alemão e Rottweiler, apresentam maior risco.2
(enlatados ou de pacote) podem ter preferência ao alimento seco. O alimento seco
Modificações nos nutrientes essenciais
também pode ser umidecido em água ou caldo de carne sem sódio. Uma camada de
uma pequena quantidade de carne magra com baixo teor de sódio (ver Petiscos), não
Determinar as necessidades energéticas específicas de um cão é crucial para estabelecer superior a 10% das calorias diárias, pode ser adicionada ou misturada para evitar
um plano de perda de peso bem-sucedido. Em um cão, cujo peso é razoavelmente alimentação seletiva. Você pode misturar uma pequena quantidade de xarope no
estável, o consumo de energia pode ser o melhor indicador da exigência de energia real alimento fornecido sempre e quando não exceda 10% das calorias diárias (ex.: 1⅔
de um paciente, devido à grande variação individual (± 50% da necessidade calculada colher de sopa de xarope de milho, 100,7 kcal).
com base no peso corpóreo). Obter histórico alimentar preciso (ver Apêndice II) n Recomendações para a dieta –Recomenda-se uma dieta indistrializada formulada
pode permitir ao médico veterinário calcular as necessidades energéticas específicas para perda de peso ativo. A dieta deve possuir menos de 280 kcal/xícara ou menos de
do paciente. Uma vez que isto estiver estabelecido, a perda de peso pode ser alcançada 776 kcal/kg para uma estratégia de baixa densidade energética, e menos de 25% de
através da alimentação com menos calorias do que as necessárias para a estabilidade calorias provenientes de CHO para uma dieta com baixa densidade de carboidrato.
do peso. O ideal é que as dietas de perda de peso tenham baixa densidade de energia Evite alimentos que utilizem as palavras “light”, já que estes são para a prevenção do
e um aumento de nutrientes essenciais por quilocaloria. Ver Princípios da ganho de peso e não para perda de peso ativo; os alimentos “light” não contêm muitos
alimentação coadjuvante para encontrar estratégias mais detalhadas. nutrientes essenciais por quilocaloria como os alimentos projetados para perda de
Valores recomendados de nutrientes essenciais peso. As receitas caseiras geralmente não são necessárias para os pacientes que
necessitam perder peso, e nem são recomendadas. Sua maior digestibilidade e
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal palatabilidade pode ser ineficiente na perda de peso.
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 25–50 10–20 18 5.1
Gordura 5–15 2–3.5 5 1.4
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender às
necessidades normais, de acordo com a restrição de calorias.
*Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
33 33
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Os cães têm uma grande variação na necessidade de consumo de energia individual medicamentosas
(± 50%). Muitas vezes, os pacientes obesos são muito eficazes no uso das calorias. Comorbidades que provocam a perda de apetite devem ser o foco principal da terapia
Historicamente, quando a comida era escassa, a eficiência era uma característica nutricional para prevenir a perda de peso não intencional devida a uma doença que
desejável mas no momento a eficácia em um ambiente de alimento abundante está sendo ignorada e atribuída ao regime de perda de peso.
Controle
leva mais facilmente ao aumento de peso.
• A fase inicial de um plano para perda de peso é determinar a eficácia do cão.
Portanto, é importante alimentar com a quantidade especificada e é crucial Pesar novamente o cão a cada 2 semanas e alterar a quantidade de alimentos (ver
desenhar o plano com base nas mensurações de peso; inicialmente, espera-se que Princípios da alimentação coadjuvante). O objetivo da taxa de perda de peso é de 1%
as taxas de perda de peso sejam imperfeitas. a 2% de peso corporal por semana. Se for esperado que uma comorbidade melhore
• O objetivo de um plano de perda de peso é uma melhor qualidade de vida.3 com a perda de peso, verificar se está correta e oferecer um reforço positivo. Se um cão
com sobrepeso e artrite está mais ativo depois de alguma perda de peso inicial,
Comorbidades comuns
parabenize o proprietário e lembre-o de que isso é devido à perda de peso.
Aosteoartriteé comum em cães com excesso de peso e obesos; as doenças articulares Ver Manejo nutricional do sobrepeso/obesidade nos cães na página 35.
são tratadas com medicamentos e perda de peso. Considere o manejo nutricional das
doenças das articulações depois de ter alcançado a perda de peso. Se necessário, você
pode considerar a suplementação com condroprotetores e/ou óleo de peixe para a
dieta formulada para perda de peso. No caso de colapso de traqueia, síndrome do
braquicéfalo ou paralisia da laringe, tentar maximizar a taxa de perda de peso de
2% de peso corporal por semana, especialmente se a perda de peso necessária pode
ser conseguida antes da chegada de temperaturas sazonais mais quentes. Em cães com
diabetes mellitus a perda de peso pode fornecer um melhor controle glicêmico.
34 34
Manejo nutricional do sobrepeso/obesidade nos cães
O paciente tem uma pontuação do escore de condição corporal (ECC) > 5 dos 9 pontos?
Não.
Sim.
Registrar o ECC e pedir ao proprietário que
Falar sobre o impacto do sobrepeso/obesidade sobre a saúde.
a mantenha. Verificar novamente o ECC na
Marcar uma consulta para perda de peso e descartar doenças subjacentes.
próxima consulta.
Não marcou a consulta para a perda de peso ou Consulta para a perda de peso.
não compareceu. Ligar e tentar marcar uma nova Pesar de novo e fazer uma nova pontuação. Confirmar que não
consulta.Se continuar indiferente, verificar a ECC existe(m) doença(s) subjacente(s).
na próxima consulta. Existem registros dietéticos precisos e completos disponíveis?
OU OU
Não. Alimentar com 80% do consumo da ingestão Sim. Alimentar com 80% da ingestão calórica atual.
atual ou com base no peso atual com o objetivo da
estabilidade no peso após a perda de peso (a não
ser que já esteja perdendo peso)
Criar um plano para perder peso.
Escolher alimentos e petiscos. Decidir sobre a taxa
de perda de peso desejado. Marcar consulta para
a próxima pesagem.
Não. Perdeu peso muito rápido: Pesagem. O paciente está perdendo peso na taxa
Verifique se há doença(s) subjacente(s). desejada? (Ou, se o objetivo for a estabilidade,
Se estiver saudável, aumentar o volume do alimento 10-20%. este é estável?)
Perdeu peso lentamente ou aumentou:
Verifique se há doença(s) subjacente(s) e a conformidade.
Se está saudável e cumpriu, diminuir o volume
do alimento 10-20%. Sim. Se não atingiu o objetivo do ECC, continuar com o
Agendar consulta para a próxima pesagem. plano e o nível atual de restrição.
OU
Se alcançou o objetivo do ECC, suspender e alimentar
com uma quantidade para manter ECC.
35
Sobrepeso/Obesidade - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Princípios da alimentação coadjuvantes
Definição
Embora seja a restrição calórica a que provoca perda de peso, é importante evitar
a restrição excessiva de nutrientes essenciais. Por isso, deve-se considerar um
A obesidadeé definida qualitativamente como um excesso de gordura corporal suficiente produto com baixo teor calórico com maior relação nutriente/caloria. Também
para contribuir para a doença. Gatos com excesso de peso (pontuação de escore de é importante promover a perda de peso, minimizando a perda de tecido magro,
condição corporal [ECC] 6 ou 7/9) têm 25% e 30% de gordura corporal, que é influenciada pela composição da dieta. A maioria dos alimentos disponíveis
respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35% de gordura, enquanto os gatos contém de 40% a 50% de calorias provenientes de proteínas e de 25% a 40% de
obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de gordura (ver Apêndice I para mais calorias provenientes de gorduras.
informações sobre a pontuação do escore de condição corporal). Os métodos tradicionais de gestão de peso têm utilizado alimentos pobres em gorduras
complementares
saciedade. No entanto, têm sido usados com sucesso vários perfis nutricionais diferentes
para a perda de peso em gatos: 1) alimentos em partículas com baixo teor de gorduras
O peso corporal, os antecedentes do peso corporal (Apêndice II) e o ECC estimam o e fibras; 2) alimentos em partículas e enlatados com baixo teor de gorduras e ricos em
grau de excesso de gordura corporal. A pontuação do escore de condição corporal é fibras; 3) alimentos em partículas e enlatados com elevado teor de gorduras, baixo teor
realizada visualmente e pela palpação. Os exames de sangue e urina de rotina são de carboidratos e moderado teor de fibras; e 4) alimentos em partículas ricos em
realizados para descartar doenças concomitantes e suas causas. proteínas, baixo teor de gorduras e moderados conteúdos de fibras. Todas as estratégias
Fisiopatologia
de dietas demonstraram reduções significativas no peso e gordura corporal, com perda
insignificante de massa corporal magra quando fornecidas para gatos obesos.
Na ausência de uma doença endócrina ou metabólica, a obesidade em animais de Os gatos com excesso de peso devem fazer a transição para alimentos para perder peso
estimação é uma doença iatrogênica, pois a ingestão diária de energia para manutenção durante um período de 5-10 dias. Se possível, deve-se dar ao gato uma refeição alimentar
excede o gasto energético diário. As necessidades de energia para manutenção (NEM) dividida em várias (3-6) porções por dia. Fornecer refeições longe de outros animais de
da maioria dos gatos castrados que vivem na casa são aproximadamente NEM = 85 x estimação e de pessoas na casa é fundamental para o sucesso do programa de perda de
peso. Pesar o gato mensalmente e comparar com o peso corporal ideal estimado.
n Petiscos –A maioria dos proprietários valoriza uma porção de petiscos de 20 a 25
(PC em kg) elevado (ver Apêndice III). No caso dos gatos com sobrepeso ou obesos,
os antecedentes da ingestão diária de alimentos mostram um excesso crônico de calorias.
kcal por dia. Os petiscos deverão ser limitados a opções baixas em calorias, como
Predisposição
legumes e frutas, que inicialmente podem ser rejeitados pelo gato até que comece a
perder de peso. Podem ser usados como petiscos entre as refeições partículas de iguais
A maioria dos gatos com sobrepeso ou obesos se encontra entre 2 e 15 anos de idade,
ou diferentes alimentos para perda de peso em gatos ou alimento para a saúde
com uma maior prevalência entre 5 e 10 anos, castrados e alojados principalmente den-
dentária dos gatos. Todos os petiscos oferecidos devem ser contabilizados como
tro de casa. Gatos de raças mistas são mais propensos a ter excesso de peso ou a ser obe-
parte de sua ingestão calórica diária e a quantidade de alimento por dia deve ser
sos do que gatos de raça pura.
reduzida, consequentemente.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Raramente os gatos não comerão a porção
Modificações nos nutrientes essenciais total do alimento para perder peso se a restrição calórica estiver em ordem. Se houver uma
A mudança necessária nos nutrientes consiste em uma redução de calorias, sem restringir rejeição da dieta para perder peso, deve-se considerar a mudança da forma da dieta
os demais nutrientes não energéticos, a menos que seja necessário para satisfazer as (partícula seca vs. enlatado) em uma forma que o gato prefira. Os gatos sentem
comorbidades. Uma grande variedade de alimentos coadjuvantes tem sido usada nos preferência por textura e consistência dos alimentos. Deve-se também considerar a
últimos 20 anos para o tratamento da obesidade em gatos. Tradicionalmente, os utilização de um alimento com elevado teor de proteínas e baixo teor calórico para a
métodos de gestão do peso incluem o uso de alimentos de baixo teor em gorduras e perda de peso, dado que os gatos possuem receptores específicos para o sabor das
ricos em fibras para reduzir a ingestão calórica e o peso corporal, mantendo a saciedade. proteínas de origem animal.
Há grande variação no teor de fibras (solúveis e insolúveis) entre os alimentos para perder n Recomendações para a dieta – A perda de peso começa quando os gatos são
peso em gatos. Um maior teor de proteínas na dieta parece promover a perda de peso e alimentados com 50% a 75% de calorias NEM do peso ideal por dia, utilizando uma
reduzir a perda de massa corporal magra durante a perda de peso em gatos. Os alimentos das muitas dietas coadjuvantes para a perda de peso em gatos. A taxa estimada de
com adição de L-carnitina podem colaborar com a perda de gordura, dependendo do perda de peso é de cerca de 1% por semana. A perda de peso constante pode exigir uma
nível de proteínas na dieta. Novos conceitos na perda de peso em gatos incluem o uso alimentação de 200 kcal por dia ou menos, à medida que o gato se aproxime de seu
de alimentos ricos em proteínas e pobres em carboidratos. peso corporal ideal. Deve-se medir o alimento e é interessante manter um diário
36
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
• Em gatos, o efeito sanfona no peso ocorre após a perda de peso rápida e quando se
permite o livre acesso ao alimento denso em energia depois da redução de peso. Na
maioria dos casos, é recomendada a dieta utilizada durante a perda de peso para a
A lipidose hepática é rara em gatos saudáveis alimentados com menos calorias para
manutenção a longo prazo do peso desejado. A única diferença é que, para a
perda de peso, desde que o gato coma toda a porção diária. Se o gato se recusa a
manutenção do peso, uma maior quantidade de alimento por dia é utilizada.
comer a dieta para perder peso durante vários dias, a possibilidade de uma lipidose
Comorbidades comuns
hepática cresce. Gatos diabéticos que tomam insulina devem ser monitorados com
cuidado, já que as necessidades de insulina diminuem à medida que a sensibilidade
Uma pesquisa recente sugere a existência de um mecanismo para a ligação entre o à insulina retorna. Os gatos que receberam qualquer medicação baseada no peso
excesso de peso corporal e muitas doenças. Hoje a obesidade é vista como um estado corporal devem ser cuidadosamente controlados para modificar a dose na medida
pró-inflamatório crônico que produz fatores geradores de estresse oxidativo. que ocorre a perda de peso.
Controle
Aparentemente, o tecido adiposo, anteriormente considerado fisiologicamente
inerte, é um ativo produtor de hormônios como a leptina e a resistina, e numerosas
citocinas. Um tema de maior interesse são as citocinas pró-inflamatórias do tecido
O peso corporal ideal pode ser determinado mais facilmente ao registrar-se o peso
adiposo (adiponectinas), o fator de necrose tumoral α (TNF-α, em inglês) e as
corporal e a ECC. Sugere-se a realização de exames físicos e verificações de peso medido
interleucinas 1β e 6.
mensalmente, enquanto se conversa sobre o regime alimentar diário e quantidades do
Comorbidades comuns em gatos com sobrepeso e obesidade incluem diabetes
alimento. São essenciais as mudanças de comportamento na alimentação do o gato.
(resistência à insulina e intolerância à glicose) diretamente associada ao grau de
Deve-se levantar os problemas logísticos da alimentação dentro da casa (casa com vários
adiposidade e de mediadores inflamatórios circulantes; a osteoartrite, a doença do trato
gatos, hospitalizado, membros da família, visitantes, etc.). O alimento deve ser mudado
urinário inferior em gatos, doenças cardiovasculares e pancreatite devida à inflamação
e modificar a ingestão de calorias conforme a necessidade para resolver os problemas e
crônica de grau baixo e ao estresse oxidativo; lesões ortopédicas (distensão do ligamento
garantir a perda de peso constante. Deve-se encorajar os proprietários a desenvolver
cruzado) devida ao excesso de peso; hiperlipidemias e lipidose hepática causada por
atividades que fortaleçam o vínculo que não estão relacionadas à alimentação, a fim de
distúrbios no metabolismo lipídico; e dermatite não alérgica devida à incapacidade de
reduzir a ingestão de calorias e aumentar o gasto energético.
limpar-se corretamente.
Realizar testes para doenças endócrinas e metabólicas que causam ganho de peso
SIM NÃO
Tratar a doença subjacente Estimar a ingestão diária de calorias, determinar a ECC e os produtos alimentícios que utiliza atualmente
ECC 6 ou superior, comendo alimento comercial com o nível ECC 6 ou superior, comendo um alimento coadjuvante para a
maior de kcal do que NEM por dia* perda de peso com o nível de 0 ou mais kcal do NEM* por dia.
SIM NÃO
37
Constipação - Cães
Sally Perea, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A constipação é caracterizada pela ausência, pouca frequência ou dificuldade de Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fibra Bruta #
7–15 2–8 n/d n/d
defecação associada à retenção de fezes no cólon e no reto. A constipação grave
pode evoluir para um fecaloma quando as fezes se tornam excessivamente duras e
incrustadas dentro do cólon. Megacólon refere-se à dilatação e hipomotilidade do A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta se mostra como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
cólon, mas é raro ser observado em cães.1
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais,
Ferramentas de diagnóstico e exames de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
complementares
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
#
# A análise de fibra bruta inclui a maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras
solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra total
O diagnóstico de constipação é normalmente realizado na anamnese e exame físico.
Sinais clínicos podem incluir tenesmo, anorexia, vômitos, perda de peso, letargia e de alimentos é avaliada. Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as fontes de
pelagem quebradiça. A apalpação retal e abdominal provavelmente revelará fezes fibras solúveis.
sólidas no interior do reto e cólon. Você pode usar radiografias abdominais para melhor
definir a extensão da constipação e descartar corpos estranhos, aumento da próstata e Dietas com elevado teor de umidade podem ser úteis para esta doença: alimentos
ferimentos pélvicos ou de coluna que podem contribuir para a constipação. A análise enlatados contêm cerca de ≥ 75% de água, em oposição aos alimentos secos que
química de tiroxina sérica (T4), exames de sangue e de urina também são indicados para proporcionam ~ 10% de água.
Fisiopatologia O estado de hidratação deve ser corrigido antes de se iniciar um tratamento dietético.
A constipação pode ocorrer com qualquer doença que prejudique o movimento das Se o paciente está sujeito à desidratação, recomenda-se alimentá-lo com uma dieta
fezes através do cólon. Quando as fezes são mantidas dentro do cólon por um período úmida ou adicionar água à ração seca (duas a três partes de água para uma parte de
prolongado de tempo, a água continua a ser absorvida, produzindo fezes cada vez mais ração seca). O ideal para o tratamento de constipação em cães é uma dieta que
duras e secas. A constipação pode ser causada de forma secundária à obstrução proporcione uma combinação de fontes de fibras solúveis e insolúveis. As fibras solúveis
retocolônica (como a hipertrofia prostática, fratura pélvica, tumor, divertículos), à aumentam a umidade das fezes, enquanto que as fibras insolúveis proporcionam maior
defecação com dor (lesões anais, transtornos ortopédicos), fatores ambientais volume de fezes e estimulam a motilidade. Visto que a maioria dos alimentos para
(cativeiros/hospitalização, inatividade), a medicamentos (opioides, diuréticos, etc.), animais não relata os níveis de fibras solúveis e insolúveis, pode-se avaliar a lista de
disfunção neuromuscular, anormalidades em líquidos e eletrólitos, ingestão de materiais ingredientes para uma melhor compreensão das formas de fibras na dieta. Os exemplos
estranhos ou ingestão inadequada de água. de fibras solúveis são: polpa de cítricos e outras frutas (fornecem pectinas), gomas (tais
Predisposição
como goma de guar) e oligossacarídeos (tais como carragenas); as fibras insolúveis
incluem a celulose, os farelos (como arroz e trigo), a fibra de aveia e as cascas de
A constipação pode ocorrer em cães de qualquer idade, e ocorre tanto em machos amendoim; e as fibras mistas incluem a polpa de beterraba, a fibra de soja, a fibra de
como em fêmeas de todas as raças. A predisposição pode ajudar a limitar o diagnóstico ervilha, e o Psyllium. Se não conseguir fazer a transição do paciente a uma dieta rica em
diferencial. Por exemplo, é mais comum observar neoplasias nos animais de idade fibras, pode-se adicionar um suplemento de fibras à sua dieta atual.
avançada e a hipertrofia prostática é observado apenas nos machos. • O Psyllium é um suplemento de fibras mistas fácil de se agregar na dieta em
38
n Dicas para aumentar a palatabilidade Comorbidades comuns
• Aquecer ligeiramente o alimento para melhorar o sabor e a textura. Comorbidades comuns são fatores normalmente predisponentes para a constipação.
• Adicionar caldo de frango ou de carne com baixo teor de sódio ao alimento As doenças que causam dor na defecação (tais como doenças ortopédicas e anorretais),
para aumentar a umidade e a palatabilidade (limitado a ≤ 10% do total de calorias obstrução retocolônica (como fratura pélvica ou neoplasia), ou disfunção
diárias e evitar caldos feitos com cebola ou alho). neuromuscular (tais como doenças da medula espinhal ou da região lombo-sacra ou
• Adicionar água na alimentação para aumentar o seu teor de umidade, iniciar disautonomia) são comumente observadas com a constipação. No caso de obstrução
a adição de uma pequena quantidade e em seguida aumentar lentamente ao longo retro colônica ou obstrução parcial, associadas a uma doença, é contra-indicada a
de 1 a 2 semanas para permitir que o paciente se acostume com a mudança em alimentação com uma dieta rica em fibras para gerar maior volume de fezes. Nestes
umidade e textura da dieta. casos, é adequada uma alimentação altamente digestível para reduzir a massa de fezes.
n Recomendações para a dieta – Recomendam-se alimentos que forneçam Quando a constipação é observada com anormalidades nos fluidos e eletrólitos (como
moderado a elevado teor de fibra na dieta com fontes de fibras mistas (solúveis e hipocalemia ou hipercalcemia), corrigir o estado de hidratação e o desequilíbrio
insolúveis). Alimentos coadjuvantes concebidos para diabetes mellitus, colite e eletrolítico deve ser a prioridade do plano de tratamento.
Exame físico, radiografias abdominais, análises químicas do soro, T4, exames de sangue completo e de urina
Tratar a doença subjacente Tratar a desidratação Grande massa de matéria fecal no cólon
Sim Não
Resolução Recorrência
39
Constipação - Gatos
Sally Perea, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A constipação é caracterizada pela ausência, pouca frequência ou dificuldade na Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fibra Bruta# 5–8 1.3–5.5 n/d n/d
defecação associadas à retenção das fezes dentro do cólon e do reto. A constipação
pode evoluir para o fecaloma quando as fezes se tornam excessivamente duras e
incrustadas dentro do cólon. O megacólon refere-se à dilatação e à hipomotilidade do A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
cólon, e é normalmente observado com uma constipação severa; além disso, pode induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como gr. ou mg. por 100 kcal de
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
incluir anormalidades neurológicas no músculo liso do cólon.1
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Ferramentas de diagnóstico e exames *Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
complementares #
A análise de fibra bruta inclui a maior parte das fibras insolúveis, mas não inclui fibras
solúveis. Dessa forma, a fibra bruta tem uma utilidade limitada quando o teor de fibra
total dos alimentos é avaliada. Deve-se avaliar a lista de ingredientes para conhecer as
O diagnóstico de constipação é normalmente realizado durante a anamnese e exame
físico. Os sinais clínicos podem incluir tenesmos, anorexia, vômitos, perda de peso, fontes de fibras solúveis.
letargia e pelagem quebradiça. A apalpação retal e abdominal provavelmente revelará
fezes sólidas no interior do reto e cólon. Pode-se usar radiografias abdominais para As dietas com alto teor de umidade podem ser úteis para esta doença: os alimentos
melhor definir a extensão da constipação e descartar o megacólon, corpos estranhos, enlatados contêm ≥ 75% de água, em contraposição com os alimentos secos que
e ferimentos pélvicos ou da coluna que possam estar contribuindo para a constipação. fornecem ~ 10% de água.
A análise química de tiroxina sérica (T4), exames de sangue e urina também são
indicados para descartar alterações metabólicas subjacentes. Princípios da alimentação coadjuvante
Fisiopatologia
O estado de hidratação deve ser corrigido antes de iniciar um tratamento alimentar. Se
o paciente está sujeito à desidratação, recomenda-se a alimentação úmida ou a adição
A constipação pode ocorrer com qualquer doença que prejudique o movimento das de água ao alimento seco (duas a três partes de água para uma parte de ração seca). O
fezes através do cólon. Quando as fezes são mantidas dentro do cólon por um período ideal para o tratamento de constipação em gatos, sem megacólon, é uma dieta que
prolongado de tempo, a água continua sendo absorvida, produzindo uma matéria proporcione uma combinação de fontes de fibras solúveis e insolúveis. As fibras solúveis
fecal cada vez mais dura e mais seca. A constipação pode ocorrer de maneira secundaria aumentam a umidade das fezes, enquanto que as fibras insolúveis proporcionam um
devido à obstrução reto colônica (tais como a fratura pélvica, neoplasia, divertículos), maior volume de fezes e estimulam a motilidade. Os gatos com megacólon devem ser
à defecação com dor (lesões anais, transtornos ortopédicos), fatores ambientais (caixa alimentados com uma dieta altamente digestível com baixo teor de fibras para ajudar
de areia suja, inatividade), a medicamentos (opióides, diuréticos, etc.), à disfunção a reduzir a massa fecal. Visto que a maioria dos alimentos para animais não informam
neuromuscular, a anormalidades em líquidos e eletrólitos, à ingestão de pelos ou em seus rótulos os níveis de fibras solúveis e insolúveis, pode-se avaliar a lista dos
materiais estranhos ou à ingestão inadequada de água. ingredientes para uma melhor compreensão das formas de fibras da dieta. Os exemplos
Predisposição
de fibras solúveis são: polpa de cítricos e outras frutas (fornecem pectina), gomas (tais
como a goma guar), e oligossacarídeos (tais como as carragenas). As fibras insolúveis
A constipação pode ocorrer em qualquer idade, e não foram documentadas predileções incluem celulose, farelo (por exemplo, arroz e trigo), fibra de aveia e casca de amendoim.
por raça ou sexo. No entanto, tem sido documentado megacólon com mais frequência As fibras mistas incluem polpa de beterraba, fibra de soja, fibra de ervilha, e Psyllium.
em gatos machos de meia idade, sendo mais comumente afetados os gatos domésticos Se não puder fazer a transição do paciente para uma dieta rica em fibras, pode-se
de pelo curto, os gatos domésticos de pelo comprido e os Siameses.1 adicionar um suplemento de fibras à sua dieta atual.
40
• Cuidados devem ser tomados para garantir que os petiscos não balanceados Comorbidades comuns
estejam limitados a ≤ 10% do total de calorias diárias. Comorbidades comuns são normalmente fatores de predisposição para a constipação.
• Uma colher de sopa de abóbora enlatada fornece 5 kcal. Doenças que causam dor na defecação (tais como doenças ortopédicas e anorretais),
n Dicas para aumentar a palatabilidade – obstrução reto colônica (tais como a fratura pélvica ou neoplasia), ou disfunção
• Aquecer ligeiramente o alimento para melhorar o sabor e a textura. neuromuscular (tais como doenças da medula espinhal ou da região lombo-sacra ou
• Adicione caldo de frango ou de carne com baixo teor de sódio ao alimento para disautonomia*) são comumente observadas com constipação.
aumentar a palatabilidade e a umidade (limitado a ≤ 10% do total de calorias diárias No caso de doenças associadas a uma obstrução colônica ou uma obstrução parcial, está
e evitar caldos feitos com cebola ou alho). contraindicado alimentar com uma dieta rica em fibras que gere mais volume nas fezes.
• Se for agregada água ao alimento para aumentar o seu teor de umidade, iniciar a Nestes casos, é mais adequada uma alimentação altamente digestível para reduzir a
adição de uma pequena quantidade e em seguida ir aumentando lentamente ao massa fecal. Quando a constipação é observada com anormalidades nos fluidos e
longo de 1 a 2 semanas para permitir que o paciente se acostume com a mudança eletrólitos (como hipocalemia ou hipercalcemia), corrigir o estado de hidratação e o
de umidade e de textura da dieta. desequilíbrio eletrolítico deverá ser a prioridade do plano de tratamento.
n Recomendações para a dieta– São recomendados alimentos enlatados e/ou a
adição de água no alimento seco. O alimento deve fornecer um conteúdo moderado Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
de fibras com fontes mistas, solúveis e insolúveis. Os alimentos coadjuvantes concebidos
para a diabetes mellitus e para a perda de peso podem fornecer níveis mais altos de
fibras. Em geral, os alimentos voltados para a perda de peso oferecem maiores O tratamento medicamentoso deve ter como objetivo eliminar ou controlar qualquer
proporções de fibras provenientes de uma fonte insolúveis. Se houver a presença de doença subjacente, anteriormente identificada. Se houver presença de uma grande
megacólon, é recomendada uma dieta de alta digestibilidade com baixo conteúdo de massa de fezes, pode ser necessário um tratamento com enema e/ou a remoção manual.
fibras, tais como as dietas concebidas para as doenças gastrointestinais. Se for identificada desidratação ou anomalia nos eletrólitos, um tratamento com fluidos
adequados será indicado.
Pontos para a educação do proprietário Se o tratamento somente com a dieta não for eficaz na prevenção da recorrência de
• A hidratação adequada é a chave para o tratamento da constipação. Em todos os
constipação, laxantes podem ser implementados por via oral. Geralmente, é
recomendado um laxante emoliente suave, tal como o docusato de sódio, ou um
momentos deve-se permitir o acesso livre à água potável. A ingestão de água também
laxativo osmótico, tal como a lactulose, para ajudar a amolecer as fezes. Também pode
pode ser melhorada através da administração de alimentos enlatados ou pela adição
ser benéfico um tratamento de pro-motilidade, como cisaprida, em gatos com
de duas a três partes de água para uma parte da ração seca.
megacólon5 ou menor motilidade do cólon. Os casos sem tratamento de megacólon
• Muitos gatos evitam o uso de caixas de areia sujas, que podem contribuir para a
podem exigir uma colectomia.
constipação. Dessa forma, a limpeza diária da caixa (com profunda limpeza e
Controle
substituição semanal da areia) é importante no tratamento da constipação.
• A transição para uma dieta mais rica em fibras ou a adição de um suplemento de fibra
deve ser feita lentamente durante um período de 4 a 5 dias. A resposta ao tratamento poderá ser monitorada pelo registo diário dos movimentos
• O nível requerido de suplementação com fibras varia de acordo com o animal de intestinais (defecação) e pelas características das fezes. O sucesso do tratamento é
estimação, portanto, pode ser necessário fazer modificações para alcançar a caracterizado pelo retorno das evacuações diárias, falta de esforço ou de dor ao evacuar
resposta desejada. e uma consistência normal das fezes.
Tratar a doença subjacente Tratar a desidratação Grande massa de matéria fecal no cólon Enema e ou remoção manual de fezes
* transtorno provocado pela disfunção do Sistema Nervoso Autônomo Implementar tratamento pro-motilidade e ou laxantes orais
41
Diarreia do intestino delgado - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM baixos de gordura são necessários em cães com linfangiectasia ou outras doenças
Definição
severas que causam a enteropatia com perda de proteína (EPP). O arroz branco ou
integral cozido é muitas vezes uma fonte de carboidratos ideal para cães com doença
A diarreiaé definida como um aumento no teor de água, frequência ou volume das intestinal porque é altamente digestível e não contém glúten, que pode ser antigênico
fezes. A diarreia do intestino delgado caracteriza-se pelo volume normal ou maior de em alguns cães. Outras fontes de carboidratos sem glúten são batatas, mandioca e
líquido ou fezes disformes que pode estar associada com a perda de peso (crônico) ou milho, mas são um pouco menos digestíveis que o arroz, e o milho pode causar
vômitos, mas não está necessariamente associada com o esforço durante a defecação hipersensibilidade em alguns cães.
ou maior frequência de evacuação. Se o sangue está presente, este será sangue digerido As proteínas tornam-se um problema de interesse vital para cães quando a diarreia
(melena). A diarreia do intestino delgado é também caracterizada pelo seu fator de é causada por uma alergia alimentar ou como um resultado de uma doença que
causa (por exemplo: infecciosa, inflamatória, parasitária, mecânica, dietética, provoca EPP (por exemplo: doença intestinal inflamatória (DII), severa, doenças
neoplásica) ou duração (aguda ou crônica). infiltrativas, tais como linfossarcoma, ou linfangectasia). Nestas doenças, os cães não
complementares
hipoproteinêmicos (especialmente com baixa albumina). Para evitar a desnutrição
proteica e formação de edema, muitas vezes é essencial alimentar com proteínas
O diagnóstico da diarreia do intestino delgado em gatos começa com uma anamnese hidrolisadas ou altamente digestíveis para o sucesso do tratamento da doença. Em
completa, incluindo dieta e histórico de medicação e outros fatores de risco (como o cães com sensibilidade à dieta, a causa da inflamação intestinal é a alergia às proteínas,
ambiente, a idade, problemas anteriores), e um exame físico que inclua a avaliação da mais do que a quantidade de proteínas. A chave para o sucesso no tratamento de
hidratação, o estado físico e palpação cuidadosa do abdômen. Se indicado, deverá ser cães com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte nova de
realizado um exame retal sob sedação. proteínas (ou uma que seja menos antigênica, tal como uma dieta com proteínas
A análise de matéria fecal (por exemplo: técnicas de flutuação, citologia, teste hidrolisadas) testando com uma dieta corretamente formulada e executada.
imunoabsorvente ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da reação em cadeia Em cães com diarreia do intestino delgado é indicado diminuir a quantidade de fibras
de polimerase [PCR, em inglês]) é especialmente importante em gatos jovens ou que insolúveis, já que este tipo de fibras reduz a digestibilidade dos alimentos e pode
vivem dentro/fora de casa. Na diarreia aguda, o tratamento sintomático ou de suporte aumentar o risco de má digestão ou de má absorção de nutrientes. Isto acontece
pode ser suficiente (por exemplo: dieta altamente digestível, probióticos, especialmente em cães com EPP ou linfangiectasia onde a digestibilidade da dieta é
vermifugação). Na diarreia crônica (> 2 semanas), pode ser indicado imagens (raio- particularmente importante para a absorção de nutrientes. As fontes de fibras solúveis
X ou ultrassom), provas da função GI (imunorreatividade semelhantes a tripsina podem ser benéficas em alguns cães, porque são digeridas pela microbiota normal e
[IST], cobalamina, folato), testes endócrinos (tireoide), testes para detectar vírus podem funcionar como prebióticos para ajudar a manter o ambiente intestinal
(vírus da leucemia felina [FeLV, em inglês]/vírus da imunodeficiência felina [FIV, em saudável. Estudos em cães saudáveis sugerem um aumento da quantidade de bactérias
inglês]), testes para infecções específicas (por exemplo: fungos) ou benéficas ou prebióticos que utilizam fontes de fibras solúveis, mas ainda são
endoscopia/cirurgia com biópsia. necessários estudos em cães com doença no intestino delgado.
Predisposição
Princípios da alimentação coadjuvante
• Os nutrientes devem ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) para
A diarreia aguda é mais comum em cães jovens devido ao seu maior risco para
indisposições alimentares, infecções parasitárias ou virais, tais como parvovirose. A
diarreia crônica é mais comum em cães de meia idade ou idosos e pode ocorrer devido minimizar a diarreia osmótica, a fermentação bacteriana de alimentos e a redução
a uma variedade de causas nutricionais, endócrinas, inflamatórias ou neoplásicas. Os de gases intestinais.
cães da raça Pastor Alemão têm uma maior incidência de diarreia ou enterite causada • A fonte de triglicérides de cadeia média (MCT) pode ser uma fonte de gordura
por IPE ou enterites responsivas a antibióticos (tambem chamado de enterite de fácil digestão e absorção.
responsiva a tilosina). • Usar proteínas hidrolisadas de alta qualidade e uma só fonte, se houver
probabilidade de DII ou sensibilidade alimentar.
Modificações nos nutrientes essenciais • A fonte de carboidratos deve ser de alta qualidade, livre de glúten e sem lactose; as
fontes que contribuem com poucas proteínas são benéficas se houver
Os nutrientes mais importantes de vital interesse em cães com diarreia são:
probabilidade de sensibilidade alimentar.
carboidratos e gorduras. O objetivo é o de aumentar a digestão e absorção de ambos
• A dieta deve conter baixo teor de gordura (menos de 5 g/100 kcal pelo menos, em
os nutrientes para evitar que a diarreia piore devido a uma ruptura na microbiota ou
cães com linfangiectasia, muitas vezes precisa menos de 3,5 g/100 kcal se existe
aos efeitos osmóticos da má digestão. Gorduras não digeridas são também uma
EPP, para o sucesso no tratamento dos indicadores).
importante causa de diarreia por esteatorreia. Como resultado, as dietas ideais para a
• Maior quantidade de ácidos graxos Ômega 3, para melhorar o perfil dos
diarreia devem conter quantidades moderadas de fontes de carboidratos altamente
eicosanoides e reduzir a inflamação na mucosa intestinal.
digestíveis e quantidades entre moderado e baixo teor de gorduras. Os valores mais
42
• As fibras, em uma pequena quantidade de fibras insolúveis e moderada quantidade Comorbidades comuns
de fibras solúveis ou mistas (3 - 7% total) aumentam os ácidos graxos de cadeia As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com diarreia do
curta e melhoram a microbiota intestinal. intestino delgado são: doença inflamatória intestinal e enteropatia com perda de
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota. proteína, doença inflamatória intestinal e alergia alimentar, e insuficiência pancreática
n Petiscos – Em geral, evite os petiscos em cães com doença intestinal até que um exócrina e diarreia associada a antibióticos.
Controle
ser altamente digestíveis, com menos ou nenhum aditivo ou aromatizante que pode
ser associado com a intolerância alimentar, contendo poucas fontes de fibra insolúvel
e menos quantidades de gordura. Em cães severamente afetados, como cães com Deverão avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o caráter normal das
linfangiectasia intestinal grave ou outras doenças que afetam a absorção, podem ser fezes vai voltar ou se eles estão desenvolvendo novos problemas (por exemplo: melena,
indicadas dietas contendo fontes baixas de proteína hidrolisada, níveis ultrabaixos de hematoquezia). Também é importante a avaliação clínica para se certificar de que o
gordura ou fontes de proteína novas. cão não está desidratado, continua comendo, e para qualquer novo indicador da
Aguda Crônica
Se for aguda, ou causada por um problema Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base.
na dieta, suspender alimentação durante 18 Continuar com a alimentação na diarreia aguda até que o diagnóstico seja realizado.
horas, em seguida, iniciar a alimentação
com pequenas quantidades de uma dieta de
baixa gordura altamente digestível a
cada 4 a 6 horas.
Se a diarreia crônica é causada por
Uma vez que a diarreia for resolvida, Se a diarreia crônica é Se a diarreia crônica foi
doença inflamatória intestinal ou
adicionar aos poucos a dieta habitual à causada por um linfoma causada por alergia
enteropatia com perda de proteínas,
dieta coadjuvante por 3-5 dias. ou outro câncer intestinal, alimentar, iniciar um
iniciar uma dieta altamente digestível
pode-se indicar níveis teste de eliminação de
com muito baixo teor de gordura
mais elevados de proteína alimentos usando uma
(alguns cães podem precisar de
e de gordura para rebater dieta contendo uma única
concentrações de gordura < 3 g/100
a perda de peso e fonte de proteínas novas
kcal). Dietas hidrolisadas podem ser
melhorar o apetite em ou fonte de proteínas
benéficas em alguns cães com
pacientes com câncer. hidrolisadas.
enteropatia com perda de proteínas.
43
Diarreia do intestino delgado - Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM digestíveis o que faz com que uma quantidade maior do nutriente atinja o intestino
Definição
grosso, onde os processos fermentativos das bactérias destas proteínas produzam uma
diminuição significativa da qualidade da matéria fecal (mais água e odor) e aumento
Adiarreia é definida como um aumento no teor de água, frequência ou volume das da produção de subprodutos (por exemplo: fenóis) que podem ser prejudiciais para os
fezes. Adiarreia do intestino delgadocaracteriza-se pelo volume normal ou maior de colonócitos. O resultado final é a formação de fezes de baixa qualidade simplesmente
líquido ou fezes sem consistência que pode estar associada com a perda de peso pela presença de uma qualidade inferior em proteínas. Dessa forma, um primeiro passo
(crônico) ou vômitos, mas não está necessariamente associada com o esforço durante importante no tratamento da diarreia nos gatos é garantir uma fonte de proteína de boa
a defecação ou maior frequência de evacuação. Se o sangue está presente, este será qualidade na dieta, e altamente digestível. A digestibilidade das proteínas é ainda mais
sangue digerido (melena). A diarreia do intestino delgado é também caracterizada pelo importante em gatos mais velhos (> 10 anos), que tem a capacidade reduzida de digerir
seu fator de causa (por exemplo: infecciosa, inflamatória, parasitária, mecânica, e absorver nutrientes por causa de sua idade avançada e as mudanças que ocorrem em
dietética, neoplásica) ou duração (aguda ou crônica). suas funções digestivas. Finalmente, em gatos com doença GI significativa, a
Predisposição
aparentemente, não são sensíveis à presença de quantidades aumentadas de gordura nas
suas dietas, estes estudos sugerem que não foram necessárias as dietas com menores
A diarreia aguda é mais comum em gatos jovens devido ao seu risco aumentado a quantidades de gordura (como é o caso em muitos cães com doença intestinal), e que
desordem dietética (comer fios, corpos estranhos), infecções parasitárias, doenças virais, estas dietas podem levar à redução da aceitação de alimentos, considerando que a
tais como vírus da imunodeficiência felina (FIV, em inglês), peritonite infecciosa felina gordura é o principal intensificador de palatabilidade no alimento para gatos.
(PIF) ou panleucopenia. A diarreia crônica é mais comum em gatos de meia idade ou O rol dos carboidratos (CHO) nas dietas para gatos está recebendo uma análise mais
idosos e pode ocorrer devido a uma variedade de causas dietéticas, endócrinas, detalhada à medida que mais informações são obtidas sobre o efeito desta fonte de
inflamatórias ou causas neoplásicas, incluindo hipertireoidismo, linfoma do trato energia facilmente acessível sobre a função GI e o metabolismo geral dos gatos. Arroz
intestinal, doença inflamatóriado intestinal (DII), alergia alimentar ou outras branco ou integral cozido ou batatas são frequentemente fontes de carboidratos
sensibilidades alimentares e infecções por bactérias, fungos ou protozoários. Não há utilizadas para gatos com doença intestinal, fontes de energia altamente digeríveis e
predisposição de raça específica para DII ou linfoma, mas os gatos de raça pura não contêm glúten, que pode ser antigênico em alguns gatos. Em gatos saudáveis,
mostram-se mais propensos a ter PIF, Trichomonas, ou outras doenças características estes CHO podem ser aceitáveis quando são fornecidos em pequenas quantidades;
das famílias com vários gatos. no entanto, se são suspeitos de intolerância aos CHO ou a uma doença infiltrativa que
44
palatabilidade). As fontes de fibras solúveis podem ser benéficas em certos casos, digestíveis ou um perfil pobre em carboidratos e rico em proteínas altamente digestíveis.
uma vez que estas fibras são digeridas pela microbiota e podem funcionar como Várias dietas com antígenos novos estão disponíveis para gatos com alergia alimentar
prebióticos para ajudar a manter o ambiente intestinal saudável. No entanto, a ou DII; fontes de proteínas incluem veado, cordeiro, pato, coelho ou peixe. Foi
maioria dos estudos com prebióticos foi conduzida em gatos normais sem demonstrado que um suplemento nutricional prebiótico é eficaz para recuperar tanto
indicadores de doença GI. Dessa forma, é desconhecida a eficácia dos prebióticos a saúde como o equilíbrio normal do intestino.
em gatos com diarreia do intestino delgado. Os produtos comerciais que são adequados para a diarreia não específica (alta
Controle
e, na maioria dos gatos, em baixa quantidade (<15% da dieta de um modo geral).
• Dietas pobres em gordura parecem não ser necessárias em gatos com diarreia, a
menos que a doença intestinal seja aguda e com esteatorreia. Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o carácter normal
• Maior quantidade de ácidos graxos ômega 3 para melhorar o perfil de eicosanoides das fezes vai voltar ou se eles estão desenvolvendo novos problemas (por exemplo:
na mucosa intestinal. melena, hematoquezia). Também é importante a avaliação clínica para se certificar de
• Fibras insolúveis em pouca quantidade e de baixa a moderada quantidade de fibras que o gato não esteja desidratado, que continue comendo, e que não apresente novos
solúveis ou mistas (3-5% total) para aumentar os ácidos graxos de cadeia curta e indicadores de doença (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou
melhorar a microbiota. vômitos). Se o gato está perdendo peso ou estiver desidratado, deve-se reavaliar tanto
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota. o método de alimentação como o tratamento e deve ser modificado de acordo com as
n Petiscos – Em geral, deve-se evitar os petiscos em gatos com doença intestinal até necessidades desse paciente em particular.
que um diagnóstico definitivo seja feito. Por exemplo, se a diarreia é produto da
sensibilidade aos alimentos, será necessário um teste de eliminação de alimentos, Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino delgado em gatos na página 50.
incluídos os petiscos. No entanto, se forem necessárias, poderão ser preparados petiscos
usando a dieta coadjuvante ou com base nos princípios acima mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Normalmente, os gatos não consomem
alimentos que são diferentes daqueles de costume deles (por exemplo: aqueles que
comem alimentos secos tendem a rejeitar alimentos enlatados) e têm preferências
muito específicas para sabores, odores e temperatura. A maioria dos gatos preferem
alimentos enlatados ligeiramente quentes ou à temperatura ambiente (como se fosse
um rato morto). A gordura é um intensificador de palatabilidade para gatos, por isso,
será necessário mudar para uma alimentação com mais gordura de modo que o gato
consuma a dieta coadjuvante recomendada, ou pode-se incrementar a aceitação pela
adição de uma pequena quantidade de gordura animal (nenhum óleo vegetal) na
comida. Evitar alimentação forçada para gatos já que pode causar aversão ao alimento.
n Recomendações para a dieta –As dietas que podem ser selecionadas para os gatos
com diarreia podem ter um perfil com teor moderado de proteínas altamente
45
Diarreia do intestino grosso - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
As alterações mais importantes na dieta de cães com diarreia do intestino grosso
consistem em administrar nutrientes altamente digestíveis para que os carboidratos,
A diarreia é definida como um aumento no teor de água, a frequência ou volume das gordura e proteínas em excesso não atinjam o cólon sem serem digeridos, e, em segundo
fezes. No entanto, é clássico observar a diarreia do intestino grosso associada a um lugar, modificar (aumentar) a quantidade e o tipo de fibra alimentar, bem como
maior tenesmo ou urgência para defecar, aumento da frequência de defecação de prebióticos para maximizar a saúde do epitélio e das bactérias do cólon.
volumes geralmente menores e, talvez, uma maior presença de hematoquezia ou muco. O objetivo de se proporcionar uma dieta com nutrientes altamente digestíveis (> 85-
Estas características servem para diferenciar a diarreia do intestino grosso da diarreia do 90% de digestibilidade) é maximizar a digestão e a absorção de carboidratos e gorduras
intestino delgado. A diarreia do intestino grosso também caracterizada pelos fatores no intestino delgado para evitar que a diarreia do intestino grosso piore devido a uma
causadores: infecciosa (colite causada por Clostridium), parasitária (colite por interrupção bacteriana ou aos efeitos osmóticos da má digestão de carboidratos
tricocéfalos), alimentar (colite responsiva a fibra), inflamatória (colite linfoplasmocitária (CHO). Consequentemente, a dieta ideal para diarreia do intestino grosso deve conter
ou doença inflamatória intestinal [DII]) e neoplásica. Muitas vezes, as doenças que uma quantidade moderada de fontes de CHO altamente digestíveis e uma quantidade
causam diarreia do intestino grosso estão associadas com a inflamação e, portanto, são moderada a baixa de gordura. O arroz branco ou integral cozido ou a batata são muitas
chamadas de colite. vezes uma fonte ideal de CHO para cães com doença intestinal, porque são altamente
complementares
Outras fontes de CHO sem glúten são mandioca e milho, mas são um pouco menos
digestíveis que o arroz, e o milho pode causar hipersensibilidade em alguns cães.
O diagnóstico de diarreia do intestino grosso começa com uma anamnese completa, As proteínas tornam-se um tema de interesse quando se suspeita que a diarreia é causada
incluindo histórico alimentar, tratamento com medicamentos e exame físico, por uma alergia alimentar. A maioria dos cães com alergias alimentares têm tanto
incluindo exame retal. A análise da matéria fecal (por exemplo: técnicas de flutuação, diarreia do intestino grosso como diarreia do intestino delgado, vômitos ou
citologia, testes imunoabsorventes ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da manifestações cutâneas da doença alérgica. A chave para o sucesso no tratamento de
reação em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]) ou vermifugação terapêutica são cães com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte de novas
muito importantes; os tricocéfalos são especialmente difíceis de encontrar e são as proteínas (ou uma com menos antígeno, como uma dieta com proteínas hidrolisadas).
principais causas de indicadores de colite. Na diarreia aguda do intestino grosso, Em alguns cães com diarreia do intestino grosso, a única mudança mais importante na
muitas vezes o tratamento sintomático ou de suporte pode ser tudo o que é necessário dieta pode ser a adição de fibra à dieta. As fibras da dieta são carboidratos complexos
(por exemplo: adicionar fibras na dieta, prebióticos, vermifugação, ou modificadores principalmente de fontes vegetais que não são facilmente digeridas pelas enzimas
da motilidade). Em cães com diarreia crônica (> 2 semanas) do intestino grosso, onde digestivas de mamíferos. A digestão destes alimentos é conseguida com o auxílio de
o tratamento sintomático ou de suporte não é eficaz no controle de sinais clínicos, bactérias no trato GI e ocorre de forma mais eficaz no cólon dos cães. Dado que os
pode-se indicar imagens (raio-X ou ultrassom), testes mais específicos para bactérias diferentes tipos de fibras dietéticas são digeridos (também chamado de solubilidade e
ou parasitas gastrointestinais (GI) ou endoscopia (com biópsia). fermentabilidade) mais ou menos eficazmente por bactérias, muitas vezes são
classificadas por esta característica. No entanto, é importante compreender que muitas
Fisiopatologia fibras dietéticas possuem características de ambos os grupos, portanto são chamadas de
fibras mistas.
Sinais clínicos da diarreia do intestino grosso são um reflexo da proximidade da doença
As fontes de fibras solúveis (ou altamente fermentáveis) são benéficas para cães com
na extremidade final do trato GI. Como resultado, os sinais clínicos da doença do
doença do cólon, porque se desintegram em ácido graxo de cadeia curta (uma fonte
cólon são todos muito semelhantes, enquanto as suas causas podem ser bastante
essencial para os colonócitos) e também servem como uma fonte de nutrientes para as
diferentes. Por exemplo, hematoquezia ocorre em vez da “melena”, porque o sangue não
bactérias benéficas (também chamadas prebióticas). Tem sido demonstrado que a
está no trato tempo suficiente para ser digerido por enzimas ou bactérias e existe
adição de fontes de fibras solúveis aumenta a quantidade de bactérias benéficas e reduz
frequentemente mais muco presente nas fezes porque muitas das glândulas secretoras
as bactérias patogênicas, um tema chave quando uma interrupção ocorre no meio
de muco que estão no cólon aumentam sua produção quando o epitélio se rompe, e
normal, independentemente da causa geradora. No entanto, as fontes de fibra solúveis
ocorre mais esforço ou frequência da defecação devido a uma interrupção na motilidade
não podem ser adicionadas em grandes quantidades, porque são altamente
colônica que reduz o tempo de armazenamento da matéria fecal para formar as fezes
fermentáveis e produzirão mais flatulência e conteúdo de água nas fezes.
de tamanho normal com menos água. Assim, embora a diarreia do intestino grosso em
Fontes de fibra insolúvel (ou fracamente fermentáveis) também são benéficas em
cães possa ocorrer devido a uma variedade de causas, a resposta à lesão da mucosa do
cães com doença do cólon, mas por razões diferentes. As fibras insolúveis
cólon, independentemente da causa, é essencialmente a mesma.
aumentam o volume das fezes e, como resultado do alongamento e relaxamento,
Predisposição
melhoram a motilidade (tanto a segmentação como o movimento normal) no
cólon. Adicionar fibras insolúveis diminui a frequência e esforço associado com a
Diarreia aguda do intestino grosso é mais comum em cães jovens ou de meia idade motilidade atípica presentes na colite; a desvantagem é que não proporcionam uma
devido ao maior risco para indisposições alimentares, infecções parasitárias ou fonte de nutrientes para as bactérias do cólon ou nas fezes, o que é importante em
infecciosas, tais como colite causada por Clostridium, por mudanças na dieta ou cães com doenças graves do cólon.
internações. Cães de raças pequenas podem estar em maior risco de desenvolver colite
por estresse ou síndrome do intestino irritável, embora a doença possa ter uma variedade
de causas nutricionais, inflamatórias e neoplásicas, incluindo DII do cólon ou várias
formas de câncer do cólon. Cães da raça Boxer apresentaram maior incidência de colite
ulcerativa histiocítica (CUHC), um tipo específico de DII associada a antibióticos
devido ao crescimento bacteriano excessivo nesta raça.
46
Valores recomendados de nutrientes essenciais Vários alimentos não coadjuvantes para cães são potencialmente adequados para a
diarreia do intestino grosso, pois contêm uma maior quantidade de fibras insolúveis;
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal essas dietas são geralmente classificadas como dietas para controle de peso. Cada dieta
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta* pode conter fontes de fibra insolúvel ou mista. Dessa forma, o rótulo deve ser avaliado
Comorbidades comuns
para minimizar diarreia osmótica, a fermentação bacteriana dos alimentos sem
digerir e reduzir os gases intestinais.
• Usar proteínas hidrolisadas de alta qualidade e uma única fonte se houver a As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com diarreia do
probabilidade de os gases ou de sensibilidade alimentar, mas na maioria dos casos de intestino grosso são: doença inflamatória intestinal colônica e crescimento bacteriano
colite isso não é necessário. excessivo e colite por Clostridiume internação recente ou mudança de dieta.
Controle
diária do cão, podem ser oferecidos petiscos com base em uma dieta coadjuvante ou
nos princípios mencionados anteriormente.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Se o cão não come a dieta sugerida, Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se as características
pode-se adicionar uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo teor de normais das fezes está retornando ou se novos problemas estão se desenvolvendo.
sódio. Em alternativa, o alimento pode ser misturado com uma pequena Também é importante o julgamento clínico para se certificar de que o cão não está
quantidade de alimento enlatado, para aumentar o interesse. Se o cão se recusa a desidratado, que continua comendo, e que não apresenta quaisquer novos indicadores
comer a dieta coadjuvante, pode ser adicionada à dieta habitual uma fonte de fibras da doença (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos).
mistas, como coloide de Psyllium (Metamucil®). Se o cão perde peso ou se está desidratado, o tratamento deve ser reavaliado e
n Recomendações para a dieta – As dietas utilizadas para as diarreias do intestino modificado conforme as necessidades desse paciente em particular.
grosso podem corresponder a um dos seguintes tipos de dieta: 1) dietas com
ingredientes de fácil digestão como é característico da diarreia do intestino Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos cãesna página 51.
delgado, ou 2) dietas com uma maior quantidade de fibras dietéticas. Essas dietas
podem ser de fibra insolúvel principalmente (maior volume) ou dietas com fibras
mistas (tanto solúveis e insolúveis). Tem sido demonstrado que a adição de um
suplemento nutricional prebiótico é eficaz para recuperar tanto a saúde como o
equilíbrio normal do intestino.
47
Diarreia do intestino grosso – Gatos
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
A alteração mais importante na dieta dos gatos com diarreia do intestino grosso
consiste em subministrar nutrientes altamente digestíveis para que os carboidratos,
É comum observar a diarreia de intestino grosso associada a um maior tenesmo ou gorduras e proteínas em excesso não alcancem o cólon sem serem digeridas, e em
urgência para defecar, aumento da frequência de defecação de volumes geralmente segundo lugar, aumentar a concentração do aumento de fibras da dieta para
menores e, talvez, uma maior presença de hematoquezia ou muco. Estas características maximizar a saúde do epitélio e das bactérias do cólon.
servem para diferenciar a diarreia do intestino grosso da diarreia do intestino delgado. O objetivo de proporcionar uma dieta com nutrientes altamente digestíveis (>
A diarreia do intestino grosso também é caracterizada pelo fator causador: infecciosa 85-90% de digestibilidade) é o de maximizar a digestão e absorção de carboidratos
(colite causada por Clostridium), parasitária (colite por tricocéfalos), alimentar (colite e gorduras no intestino delgado para evitar que a diarreia do intestino grosso piore
sensível à fibra), inflamatória (colite linfoplasmocitária ou doença inflamatória intestinal devido ao crescimento bacteriano excessivo ou aos efeitos osmóticos da má
[DII]) e neoplásica. Muitas vezes, as doenças que causam diarreia do intestino grosso digestão de carboidratos.
estão associadas com a inflamação e, portanto, são chamadas de colite. As proteínas tornam-se de interesse quando existe a suspeita que a diarreia seja
complementares
com diarreia causada por alergia alimentar é identificar uma fonte de novas
proteínas (ou uma que seja menos antígena, como uma dieta de proteínas
O diagnóstico de diarreia do intestino grosso começa com uma anamnese completa, hidrolisadas). É raro que os gatos com alergia alimentar apenas apresentem diarreia
incluindo histórico dietético e tratamento com medicamentos, além de exame físico, do intestino grosso sem indicadores de doença no intestino delgado (vômitos ou
incluindo exame retal. A análise de matéria fecal (por exemplo: as técnicas de flutuação, diarreia) ou indicadores de alergias dermatológicas.
citologia, teste imunoenzimático ligada a enzima [ELISA, em inglês]/análise da reação Em gatos com diarreia do intestino grosso, a mudança mais importante na dieta
em cadeia da polimerase [PCR, em inglês]) ou vermifugação terapêutica é muito pode ser a adição de fibra. As fibras dietéticas são carboidratos complexos
importante. Na diarreia aguda do intestino grosso, o tratamento sintomático ou de principalmente de fontes vegetais que não são facilmente digeridos pelas enzimas
suporte, muitas vezes pode ser tudo o que é necessário (por exemplo: adicionar fibra digestivas dos mamíferos. A digestão destes alimentos é conseguida com o auxílio
alimentar, probióticos, vermifugação). Em gatos com diarreia crônica (> 2 semanas) de bactérias no trato GI, e ocorre de forma mais eficaz no cólon dos gatos. Dado
do intestino grosso, onde o tratamento sintomático ou de suporte não é eficaz, pode- que os diferentes tipos de fibras dietéticas são digeridos (também chamado de
se indicar imagens (raio-X ou ultrassom), testes mais específicos para parasitas ou solubilidade ou fermentabilidade) mais ou menos eficaz por bactérias, muitas
bactérias gastrointestinais (GI) ou endoscopia (biópsia). vezes são classificadas por esta característica. No entanto, é importante
Fisiopatologia
compreender que muitas fibras dietéticas possuem características de ambos os
grupos e, portanto, são chamadas de fibras mistas.
Sinais clínicos da diarreia do intestino grosso são um reflexo da proximidade da Em geral, as fontes de fibras solúveis (ou altamente fermentáveis), que são aquelas
doença na extremidade final do trato GI. Como resultado, os sinais da doença do fibras que as bactérias desintegram facilmente para formar os ácidos graxos de
cólon são todos muito semelhantes, enquanto as suas causas podem ser bastante cadeia curta, água e gases, são benéficas em gatos com doença do cólon, pelas
diferentes. Por exemplo, hematoquezia ocorre em vez da “melena”, porque o sangue mesmas razões que são em cães. No entanto, as fibras solúveis devem ser
não está no trato tempo suficiente para ser digerido por enzimas ou bactérias, existe adicionadas em pequenas quantidades na dieta dos gatos, pois a maior quantidade
frequentemente mais muco presente nas fezes porque muitas das glândulas de bactérias nas fezes produz mais flatulência e conteúdo de água, gerando
secretoras de muco que estão no cólon aumentam sua produção, quando o epitélio características e odores indesejados nas fezes.
se rompe, e ocorre mais esforço ou frequência da defecação devido a uma Fontes de fibras insolúveis (ou pouco fermentáveis) também são benéficas em gatos
interrupção na motilidade colônica que reduz o tempo de armazenamento da com doença do cólon, mas por razões diferentes. As fibras insolúveis aumentam o
matéria fecal para formar as fezes de tamanho normal com menos água. Assim, volume das fezes e, como resultado de alongamento e relaxamento, melhoram a
embora a diarreia do intestino grosso nos gatos possa ocorrer devido a uma motilidade (tanto a segmentação como a propulsão normais) no cólon. Adicionar
variedade de causas, a resposta à interrupção da mucosa do cólon, fibras insolúveis na dieta diminui o esforço associado com a motilidade atípica
independentemente da causa, é essencialmente a mesma. presente na colite. Além disso, essas fibras são úteis para o deslocamento dos pelos
através do cólon de forma mais eficaz, reduzindo assim a possibilidade de obstrução
Predisposição
e colite induzida pela ingestão de pelos. A desvantagem das fontes de fibras
insolúveis é que não fornecem uma fonte de nutrientes para os colonócitos ou as
A diarreia aguda do intestino grosso é mais comum em gatos jovens ou de meia idade, bactérias na matéria fecal (e os gatos que não consomem água suficiente, podem
devido a falta de cuidado com a dieta, infecções alimentares (penas, ossos ou outros produzir fezes muito secas e difíceis de expulsar), criando a possibilidade de
objetos estranhos), infecções por parasitas ou protozoários (Tritrichomonas), ou causas desenvolver constipação, que é uma complicação comum das dietas.
infecciosas, como a colite por Clostridium. Gatos de raças de pelos compridos têm uma
maior incidência de colite induzida por ingestão de pelos, uma doença que ocorre
presumivelmente devido à irritação no cólon causada pela passagem de um grande
número de pelos. A diarreia crônica do intestino grosso é comum em gatos de meia à
idade ou idade avançada e pode ocorrer em qualquer raça devido a uma variedade de
causas alimentares, inflamatórias ou neoplásicas, incluindo a DII colônica ou várias
formas de câncer de cólon. Gatos Siameses parecem estar em maior risco de
desenvolvimento de adenocarcinoma de cólon.
48
Valores recomendados de nutrientes essenciais Vários produtos não coadjuvantes vendidos sem receita são potencialmente adequados
para gatos com diarreia do intestino grosso. Estas dietas contêm fibra insolúvel e a
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal maioria é comercializada como fórmulas para gerenciamento de peso ou para as bolas
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
de pelos. A maioria das fórmulas com adição de fibra tem fibras insolúveis como a
Comorbidades comuns
probabilidade de DII ou sensibilidade alimentar, mas na maioria dos casos de colite
isso não é necessário.
• É indicada uma moderada a alta quantidade de fibras insolúveis para melhorar a Comorbidades comuns em gatos com diarreia do intestino grosso são: doença
motilidade do cólon, a menos que a constipação ou obstrução colônica ocorra inflamatória intestinal colônica e crescimento bacteriano excessivo, e colite por
devido a câncer ou estenose. Clostridiumou hospitalização recente ou mudança de dieta.
medicamentosas
ainda é objeto de debate; no entanto, a adição de pequenas quantidades de ambas
as fontes de fibra é geralmente é aceita como o ideal
• Maior quantidade de ácidos graxos ômega 3 para ajudar a reduzir eicosanoides Tratamento com esteroides na doença inflamatória intestinal aumentará a sede, e o
(mediadores inflamatórios) associados à inflamação intestinal. apetite e pode causar aumento de peso involuntário ou doença hepática. O tratamento
• Suplemento prebiótico para restaurar o equilíbrio da microbiota.
n Petiscos – Em geral, deve-se evitar os petiscos em gatos com doença intestinal até
imunossupressor para a doença inflamatória intestinal ou linfoma pode causar
toxicidade GI (sinais clínicos comuns podem ser vômitos ou diarreia). O tratamento
que um diagnóstico definitivo seja feito. Se os petiscos são importantes para a rotina com antibióticos pode afetar a microbiota e piorar a diarreia devido ao crescimento
diária do gato, podem ser oferecidos utilizando-se uma dieta coadjuvante ou com base excessivo de microorganismos.
nos princípios antes mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade –Se o gato não come a dieta sugerida, você
Controle
pode adicionar ao alimento uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo
Deve-se avaliar a composição da matéria fecal para determinar se o caráter normal das
teor de sódio. Em alternativa, pode ser misturada uma pequena quantidade de alimento
fezes retorna ou se novos problemas estão se desenvolvendo. A avaliação do estado
enlatado ao seco, para torná-lo mais interessante. Se o gato se recusa a comer a dieta
clínico é essencial para garantir que o gato não esteja desidratado, continue a se
coadjuvante, pode ser adicionada à dieta habitual uma fonte de fibras mistas, como
alimentar, e que não apresente quaisquer novos indicadores de doença (por exemplo:
coloide de Psyllium (Metamucil®).
n Recomendações para a dieta – As dietas coadjuvantes adequadas para gatos
letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos). Se o gato está perdendo peso
ou desidratando, o tratamento deve ser reavaliado e modificado conforme as
com diarreia do intestino grosso podem incluir ingredientes altamente digestíveis,
necessidades do paciente.
para reduzir a quantidade de ingestão que atinge o cólon, ou podem incluir dietas
com uma maior presença de fibras insolúveis. Se as fibras vão ter um tratamento
Ver Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos gatosna página 51.
eficaz ou não, isso depende de cada situação particular, já que alguns gatos que
comem dietas ricas em fibras têm fezes duras secas e constipação. Nestes casos, a
alimentação deve ser substituída por uma dieta pobre em fibras, uma vez que a
apresentação deste problema indica intolerância à fibra. Tem sido demonstrado
que a adição de um suplemento nutricional com prebiótico é eficaz para recuperar
a saúde e o equilíbrio normal do intestino.
49
Manejo nutricional da diarreia do intestino delgado em gatos
Aguda Crônica
Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base, mas um tratamento utilizando uma dieta altamente
Se for aguda, ou causada por um problema digestível, com proteínas de alta qualidade e com conteúdo reduzido de carboidratos, é um bom ponto de partida.
na dieta, suspender a alimentação durante
12-18 horas, em seguida, iniciar a
alimentação com pequenas quantidades de
uma dieta altamente digestível com
moderado ou alto teor de proteínas a Se a diarreia crônica for Se a diarreia crônica foi
Se a diarreia crônica é causada por
cada 4 a 6 horas. causada por um linfoma causada por alergia
doença inflamatória intestinal, iniciar
ou outro câncer intestinal, alimentar, iniciar um
uma dieta altamente digestível com
pode-se indicar níveis teste de eliminação de
baixo teor de gorduras. Como
mais elevados de proteína alimentos usando uma
alternativa, as dietas hidrolisadas ou
e de gordura para dieta contendo uma única
com antígenos novos podem ser
contrariar a perda de fonte de novas proteínas
benéficas em alguns gatos com doença
peso e melhorar o apetite ou fonte de proteínas
inflamatória intestinal.
em pacientes com câncer. hidrolisadas.
50
Manejo nutricional da diarreia do intestino grosso nos cães
Aguda Crônica
Aguda Crônica
Se for aguda, ou causada por um Se for crônica, o primeiro passo é diagnosticar a causa base.
problema na dieta ou estresse, agregar Alimentar como na diarreia aguda do intestino grosso até que se confirme o diagnóstico.
fibras na dieta pode ser tudo o que precisa
para normalizar a motilidade e reduzir os
sinais clínicos da colite.
Se a diarreia crônica é
causada por doença Se a diarreia crônica foi
inflamatória do intestino, Se diarreia do intestino causada por alergia
iniciar uma dieta rica em grosso crônica é causada alimentar, iniciar um
fibra; o agregado de fibra por linfoma ou outro teste de eliminação de
pode ser útil ou não. A câncer do intestino grosso alimentos usando uma
maioria dos gatos com que pode causar uma dieta contendo uma única
doença inflamatória obstrução, as melhores fonte de novas proteínas
intestinal colônica também opções de alimentação ou fonte de proteína
tem diarreia do intestino são as dietas altamente hidrolisada; pode ser útil
delgado, portanto, deve-se digestíveis para reduzir o agregar uma fonte de
considerar os princípios de volume das fezes fibras (por exemplo:
tratamento dietético para Psyllium).
esta doença.
51
Colite - Cães
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN A dieta altamente digestível atenua os sinais clínicos da colite por limitação do volume
Definição
de ingestão entregue ao cólon comprometido.
As fibras da dieta são metabolizadas pela microbiota do cólon em ácidos graxos de
A colite é uma inflamação do cólon que prejudica a absorção de água e eletrólitos e cadeia curta (acetato, butirato e propionato), fornecendo uma fonte direta de energia
produz tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou constipação. para os colonócitos danificados. Ao fixar a água do lúmen, o maior teor de fibra da
A colite pode ser produzida por infecções causadas por parasitas, fungos ou dieta promove a normalização da motilidade colônica. Estas fibras também protegem
Clostridium, por neoplasias ou pode ser idiopática. a mucosa de contato de substâncias irritantes físicas, presentes nos ácidos biliares, e
complementares
dieta também restringem os mecanismos de virulência do Clostridium perfingens, que
está envolvido em alguns casos de colite.
Os antígenos da dieta podem causar ou agravar a inflamação do cólon; portanto, a
Rotineiramente é indicado: histórico clínico, exame físico, matéria fecal, análise
restrição da dieta a uma única proteína nova ou proteína hidrolisada provoca uma
hematológica e análise bioquímica do soro. Muitas vezes, é necessário para o diagnóstico
melhora clínica em alguns cães. A identificação desses indivíduos requer uma dieta de
realizar colonoscopia e biópsia, e, ocasionalmente, biópsias da espessura completa do
eliminação de alimentos, a qual será oferecida por pelo menos quatro semanas antes que
intestino mediante uma laparotomia. Uma dieta rica em fibras, altamente digestíveis
qualquer melhora clínica possa ser esperada.
com antígenos limitados, pode ser essencial para o tratamento de sinais clínicos.
Estudos em seres humanos sugerem que os antioxidantes, ácidos graxos
Fisiopatologia
poli-insaturados Ômega 3, fruto-oligossacarídeos, prebiótico e probióticos podem ser
benéficos no tratamento dietético da colite.
A fisiopatologia da colite é multifatorial e depende da etiologia. A absorção de água e n Petiscos – Enquanto os petiscos podem ser importantes para manter o vínculo
eletrólitos é deteriorada pela mucosa inflamada e uma secreção do eletrólito ativo pode humano-animal, os petiscos são completamente diferentes em composição com
também ocorrer. É comum que a motilidade colônica seja comprometida e a secreção relação à dieta principal e devem ser evitados durante a fase inicial de avaliação,
de muco aumentada por um patógeno gerador ou de maneira secundária, pela mesma com o objetivo de estabelecer a eficácia da dieta base sozinha. Os cães que
inflamação. Uma inflamação avançada pode causar erosão e ulceração do cólon e sinais respondem a dietas ricas em fibras podem, então, receber petiscos ricos em fibras,
clínicos mais graves. como vegetais. Os cães que são tratados com uma dieta altamente digestível podem
Predisposição
ser alimentados com diversos petiscos que contenham ingredientes de fácil digestão.
Os animais alimentados com dietas com ingredientes limitados/pouco comuns
A doença inflamatória intestinal(DII) é sumamente comum em cães de meia idade. só devem receber petiscos que contenham os mesmos ingredientes que a dieta de
Os cães da raça Pastor Alemão são os mais representativos, mas a DII está documen- base. Da mesma forma, cães alimentados contendo proteínas hidrolisadas só
tada na maioria das raças, bem como em raças mistas. Uma forma rara de colite, colite podem receber petiscos que contenham ingredientes hidrolisados. As formas
ulcerativa histiocítica, ocorre principalmente em cães boxer jovens com menos de dois úmidas das dietas base podem ser para formar bolachas como petiscos. Como
anos de idade. alternativa, uma parte da dieta primária pode ser oferecida fora dos horários
52
raramente, câncer. É desconhecida a causa de um dos tipos mais comuns de colite Quando prescrita sulfassalazina, um medicamento com ação anti-inflamatória no
chamada doença inflamatória do intestino. cólon, ela deverá ser administrada junto com o alimento para reduzir o efeito colateral
• Muitas vezes, vários testes são necessários para identificar as causas subjacentes da emético. Em contrapartida, alguns agentes antibacterianos são absorvidos de forma
colite, incluindo exames de sangue e fezes, endoscopia e biópsia do cólon. incompleta na presença de alimentos e a eficácia depende da administração, que deve
• O tratamento medicamentoso visa eliminar a causa subjacente sempre que possível. ser de 1 hora antes, ou 2 horas após as refeições.
Controle
A modificação da dieta pode ser um método eficaz e essencial para aliviar sinais
clínicos, independentemente do fator gerador.
Comorbidades comuns
O tratamento inicial preferido para a colite varia de acordo com os médicos
veterinários; alguns preferem unicamente a manipulação dietética e outros também
A colite pode ser produzida em combinação com a inflamação do intestino delgado usam medicamentos. A eficácia do tratamento é baseada na resolução ou
ou inflamação gástrica. diminuição do tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou
medicamentosas
deve ser promovido tratamento medicamentoso e continuar por pelo menos 2-4
semanas após controlados os sinais clínicos antes de se tentar reduzir gradualmente
a dose. Pode ser necessário que o tratamento com dieta e, em alguns cães o
O tratamento medicamentoso para a colite pode incluir parasiticidas, antiprotozoários,
tratamento com medicamentos, continue a longo prazo ou para toda a vida, para
antibióticos, tratamentos de proteção e anti-inflamatórios e imunossupressores
controlar os indicadores.
gastrointestinais.
A polifagia é um efeito colateral comum de corticosteroides. Os proprietários de cães
que recebem dietas de eliminação devem ser alertados de que os hábitos alimentares
indiscriminados e a natureza de revirar o lixo poderiam prejudicar os benefícios da
manipulação na dieta.
Tratamento específico com medicamentos como indicado Tratamento específico com medicamentos como indicado
Dieta com antígenos limitados: Alimentar só com uma Dieta altamente digestível Dieta rica em fibras
dieta com ingredientes limitados/pouco comuns ou dieta
com proteína hidrolisada por pelo menos 4 semanas
53
Colite - Gatos
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN ingredientes que a dieta base. Da mesma forma, os gatos que recebem dietas com
Definição
proteínas hidrolisadas só podem ser alimentados com petiscos contendo ingredientes
hidrolisados. As formas de alimento enlatado podem ser assadas para criar bolachas
A colite é uma inflamação do cólon que prejudica a absorção de água e eletrólitos e como petiscos. Como alternativa, uma parte da dieta primária pode ser oferecida
produz sinais clínicos que podem incluir tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes fora dos horários normais de alimentação, utilizando métodos alternativos de
mucosas, diarreia e/ou constipação. alimento, como um petisco. Pode-se fornecer afeto e atenção como um substituto
Predisposição
registros dietéticos. O montante inicial dos alimentos deve ser estimado após o cálculo
da ingestão calórica diária quando o peso era estável ou o cálculo das necessidades
A colite é documentada em todas as raças e em gatos de todas as idades. Está energéticas de manutenção, quando a determinação acima não for possível.
medicamentosas
dieta ao restringir a uma proteína só ou proteína hidrolisada para limitar a inflamação
do cólon. Estudos em seres humanos sugerem que os antioxidantes, os ácidos graxos
Ômega 3, fruto-oligossacarídeos, prebióticos e probióticos podem ser benéficos no O tratamento medicamentoso para a colite pode incluir parasiticidas, antiprotozoários,
tratamento dietético da colite. antibióticos, protetores gastrointestinais e tratamento anti-inflamatórios e
n Petiscos – Enquanto os petiscos podem ser importantes para manter o vínculo imunossupressores.
humano-animal, os petiscos que são completamente diferentes em composição com Polifagia é um efeito colateral comum de corticosteroides. Deve-se alertar os
relação à dieta principal devem ser evitados durante a fase inicial de avaliação, para proprietários dos gatos que recebem dietas de eliminação que os hábitos alimentares
estabelecer a eficácia da dieta base. Gatos que são tratados com uma dieta altamente indiscriminados e a natureza de revirar o lixo podem prejudicar os benefícios da
palatável podem alimentar-se com vários petiscos que também contenham manipulação da dieta.
ingredientes de fácil digestão. Os gatos alimentados com rações com conteúdo Quando prescrita sulfassalazina, um medicamento com ação anti-inflamatória do
limitados/pouco comuns só devem receber petiscos que contenham os mesmos cólon, deverá ser administrada junto com os alimentos para reduzir o efeito colateral
54
emético da medicação. Por outro lado, alguns agentes antibacterianos são absorvidos medicamentos. A eficácia do tratamento é baseada na resolução ou diminuição do
de forma incompleta na presença de alimentos e a eficácia depende da administração, tenesmo, disquezia, hematoquezia, fezes mucosas, diarreia e/ou constipação. Nos
a qual deve ser 1 hora antes ou 2 horas após às refeições. pacientes em que a modificação da dieta por si só não funciona, deve ser promovido
Controle
tratamento medicamentoso e continuar por pelo menos 2-4 semanas após controlados
os sinais clínicos antes de se tentar reduzir gradualmente a dose. Pode ser necessário o
O tratamento inicial preferido para a colite varia de acordo com o medico veterinário; tratamento dietético e, em alguns gatos, o tratamento com medicamentos a longo
alguns preferem unicamente a manipulação da dieta e outros também usam prazo ou por toda a vida, para controlar os indicadores.
Tratamento específico com medicamentos conforme indicado Tratamento específico com medicamentos
conforme indicado
Dieta com antígenos limitados: Alimentar só com uma Dieta altamente digestível
dieta com ingredientes limitados/pouco comuns ou dieta
com proteína hidrolisada durante pelo menos 4 semanas
Testar uma nova dieta Considerar um teste de Considerar um teste de Testar uma nova dieta com
com antígenos limitados provocação com a dieta provocação com a dieta antígenos limitados ou testar
ou testar uma dieta habitual para ver se os habitual para ver se os uma dieta altamente
altamente digestível indicadores aparecem indicadores aparecem digestível e continuar
e continuar novamente novamente os passos
os passos
55
Insuficiência pancreática exócrina - Cães
Scott Campbell, BVSc, MACVSc, DACVN Dieta para cães com IPE normalmente contém menos gordura. Nem todos os cães
Definição
com IPE precisam deste nível de restrição de gordura e outros fatores além da gordura
(como digestibilidade, conteúdo com proteína) podem ser importantes para estes cães.
complementares
adequados de enzimas digestivas. De fato, estudos recentes não mostraram benefícios
significativos ao alimentar os cães com IPE com uma dieta altamente digestível restrita
A imunorreatividade semelhante a tripsina (IST) mede o nível, em jejum, do em gordura. A restrição desnecessária de gordura na dieta irá reduzir a densidade
tripsinogênio (e tripsina ativa) no soro e reflete a função pancreática exócrina. A elastase calórica, exigindo do animal uma ingestão maior de comida para consumir as calorias
pancreática na matéria fecal e a histopatologia do pâncreas, obtida por biópsia cirúrgica adequadas, para não ter uma perda de peso ainda maior. Um pequeno estudo recente
ou laparoscópica, podem ser provas complementares úteis para a investigação da IPE. descobriu que 40% dos cães com IPE obtiveram melhores resultados quando se
Fisiopatologia
manteve a dieta habitual, 25% com uma dieta rica em gorduras, 20% com uma dieta
rica em fibras e 10% com uma dieta altamente digestível4. É reconhecido que alguns
cães com IPE, em particular, respondem de forma diferente a diversos regimes de
A destruição das células acinares pancreáticas com base genética e imunomediada
alimentação, mas, provavelmente, todos os cães irão se beneficiar com a coerência na
precede ao desenvolvimento de IPE em certas raças3. A IPE também é produzida
dieta oferecida, permitirá ao médico veterinário formular a estratégia de alimentação
de forma secundária à pancreatite crônica2. Com qualquer etiologia, a diminuição
adequada para cada indivíduo. Deve-se considerar a suplementação da dieta com
da função exócrina do pâncreas produz enzimas menos disponíveis para digerir
vitamina B12 por via parentérica em animais carentes desta vitamina.
n Petiscos – Como cães com IPE requerem suplementação com enzimas
o conteúdo do intestino. A má digestão de nutrientes provoca desnutrição,
diarreia, irritação da mucosa intestinal, crescimento excessivo de bactérias e
digestivas com qualquer alimento, e cada animal em particular pode responder de
absorção de toxinas. A diminuição subclínica da função digestiva precede ao
forma não desejada a certos nutrientes, tais como gorduras e fibras, geralmente
aparecimento de sinais clínicos característicos.
não são recomendados petiscos. Se forem oferecidos, deve-se incorporá-los
Predisposição
lentamente, mantendo-se uma consistência no tipo de petisco, e deve-se
acompanhar de perto o cão caso ocorram efeitos adversos. Como sempre, sugere-
Os cães de raça Pastor Alemão e Collie de pelo comprido compreendem quase 90% se que todos os petiscos e suplementos sejam fornecidos com menos do que 10%
de todos os casos de IPE em cães nos Estados Unidos1. Essas raças, muitas vezes, do total de calorias diárias.
desenvolvem a doença quando são jovens de forma secundária à destruição n Dicas para aumentar a palatabilidade–A maioria dos cães com IPE mantém um
imunomediada das células acinares pancreáticas. Outras raças podem desenvolver IPE excelente apetite. Se uma preparação comercial, em especial, não é aceita, o cão pode
após a pancreatite crônica em qualquer idade. se interessar por outras dietas comparáveis. Alternativamente, a palatabilidade pode
56
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
• Vários tipos de dieta podem ser efetivos para cada cão individualmente, dessa forma,
é sugerido realizar alguns testes com dietas separadas.
• Numerosas doenças secundárias podem complicar o tratamento; muitas vezes, a sua
A suplementação da dieta com enzimas digestivas em forma de pó, concentrado
presença é verificada para garantir um controle ideal de sinais clínicos
de pâncreas cru ou comprimidos/cápsulas antes da ingestão é essencial para
associados ao IPE.
assegurar um tratamento eficaz de IPE. A suplementação inadequada com
• Muitas vezes pode-se ver uma resposta rápida ao tratamento, mas alguns animais
enzimas digestivas é uma causa comum de falha no tratamento. Alguns médicos
respondem mal até mesmo aos planos de tratamento mais abrangentes.
acreditam que os suplementos em pó são mais eficazes em alguns cães. Grande
parte da enzima suplementada é digerida no estômago, por isso deve-se
Comorbidades comuns
proporcionar quantidades suficientes para rebater os valores de perda antecipada.
Alguns animais podem se beneficiar da administração simultânea de antagonistas
A medição de folato e cobalamina no soro pode ser útil na avaliação das doenças H-2, tais como famotidina, para reduzir a acidez gástrica.
Controle
concomitantes, tais como má nutrição de vitamina B12 ou o crescimento bacteriano
excessivo. Ambas as doenças comumente ocorrem em cães com IPE e podem ter efeitos
clinicamente relevantes. A vitamina B12 pode ser administrada a cada 1 a 4 semanas
Os principais sinais clínicos que indicam a obtenção dos efeitos terapêuticos desejados
por via parentérica aos cães que tem falta de tal vitamina, já que a suplementação por
são a resolução da diarreia, a manutenção ou o ganho de peso e a melhoria da pelagem.
via oral, provavelmente, não será benéfica em animais com distúrbios intestinais na
Pode também ajudar controlar os níveis de cobalamina no soro, ácido fólico e
gestão deste nutriente. Cães com alterações na microbiota intestinal secundária à má
imunorreatividade lipase pancreática dependendo dos resultados dos testes iniciais.
digestão de nutrientes podem se beneficiar com um antibiótico como a tilosina ou um
Os animais que respondem mal à dieta, à suplementação e aos medicamentos corretos
suplemento probiótico. Pode ser útil avaliar periodicamente as outras raças diferentes
devem ser avaliados em busca de neoplasia intestinal, inflamação intestinal ou reações
daquelas conhecidas por ter uma base genética para desenvolver IPE em busca de
adversas aos alimentos.
evidências de pancreatite subjacente e diabetes mellitus concorrente.
57
Gastroenterite/Vômitos - Cães
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A gastroenteriteé uma doença inflamatória dos intestinos e do estômago. Comumente Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
caracterizada por infiltrados celulares (eosinófilos, linfócitos, células plasmáticas) na Proteína 16–30 4.5–7.5 18 5.1
Gordura 10–15 2.6–4.7 5 1.4
lâmina própria, a submucosa e/ou a mucosa muscular, erosões/úlceras gástricas ou por
Fisiopatologia
limitada quando o teor de fibra total dos alimentos é avaliado. Deve-se avaliar a lista de
ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
A irritação/lesão na mucosa e/ou resposta imunológica anormal conduzem à
interrupção da barreira mucosa e da captação e infiltração de células inflamatórias. O
Princípios da alimentação coadjuvante
contínuo dano na mucosa produz perda na função da barreira do trato gastrointestinal
Os objetivos do manejo nutricional são minimizar a irritação gástrica/vômito, reduzir
(TGI), diminuição do fluxo sanguíneo e alterações na motilidade do intestino. As
as secreções gástricas/intestinais, promover o esvaziamento gástrico, normalizar a
principais causas são desordens alimentares, intolerância à dieta, ingestão de corpos
motilidade intestinal, minimizar o desperdício, e atender a certos requisitos nutricionais.
estranhos, toxinas, medicamentos e agentes infecciosos. Doenças renais e hepáticas,
O tratamento inicial para os vômitos agudos que não são prolongados inclui suspensão
distúrbios endócrinos, choque e sepse são causas sistêmicas comuns.
da alimentação por 12-24 horas, com fluidoterapia se o animal estiver gravemente
Predisposição
desidratado. Assim que for controlado o vômito, oferecer pequenas quantidades de
água ou cubos de gelo por via oral. Se tolerado, incorporar novamente e gradualmente
As doenças relacionadas com a alimentação, corpos estranhos e infecções são uma dieta enteral. As metas iniciais para regressar à alimentação são de 25% a 33% de
comuns em cães mais jovens, enquanto as etiologias metabólicas, neoplásicas e calorias necessárias para a necessidade de energia em repouso (RER), com aumento
induzidas por medicamentos são comuns em cães mais velhos. A gastroenterite gradual ao longo de vários dias para se atingir o RER, em seguida, as necessidades diárias
LPL afeta cães com mais de 5 anos. Predileções por raça mostram cães de raça de energia (RED) para o peso corporal (PC) atual. Pequenas quantidades de alimento,
Pastor Alemão e Shar-Pei com LPL; cães da raça Setter Irlandês com sensibilidade várias vezes ao dia (três a seis) minimizam qualquer resposta adversa e aumentam a
ao glúten; e cães de raça Basenji e Lundehund Norueguês com doença intestinal assimilação da dieta. As características específicas da dieta e os níveis desejados de
inflamatória sem LPL. A gastroenterite eosinofílica tem menor incidência e ocorre nutrientes incluem:
principalmente em cães com idade inferior a 5 anos, especialmente da raça Pastor • Digestibilidade total da dieta ≥ 90%.
Alemão, Rottweiler e Wheaten Terrier de pelo macio. • Fonte de proteínas novas ou hidrolisadas. O ideal é uma fonte só de proteínas de alta
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podem ser feitos petiscos assados. A contribuição calórica não deve exceder 10% do • O tratamento e sua continuação podem ser por toda a vida. As mudanças na dieta
total de calorias diárias. devem ser feitas de forma gradual. Hospitalização e nutrição parenteral podem ser
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Vômitos podem estar associados com uma necessárias no caso de pacientes debilitados.
Comorbidades comuns
aversão aos alimentos. Para superar este problema, deve-se rever a lista de
ingredientes/conteúdo de nutrientes da dieta que o paciente consumia antes do
distúrbio, em seguida, identificar dietas para tratar a doença com diferentes fontes de A enteropatia com perda de proteínas, a insuficiência renal, a insuficiência hepática, o
nutrientes (proteínas, gorduras) para o retorno à alimentação. hipoadrenocorticismo, a pancreatite e a insuficiência pancreática exócrina são
Aquecer o alimento enlatado a uma temperatura ligeiramente acima da temperatura comorbidades comuns em cães com gastroenterite ou vômitos.
Oferecer dieta entérica (DE) 15-25% do RER, dividida a cada 3-4 horas por 1 dia Iniciar mais testes para resolver os vômitos
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos Oferecer DE ao 33-66% do RER, dividida a
cada 4-6 horas por 1-2 dias
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos
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Gastroenterite/Vômitos - Gatos
Korinn E. Saker, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 32–42 7.5–9.5 26 6.5
A gastroenterite é uma doença inflamatória dos intestinos e do estômago. Os
infiltrados celulares (eosinófilos, linfócitos, células de plasma) na lâmina própria,
na submucosa e/ou mucosa muscular são característicos e indicam o tipo de Gordura 15–24 3.5–6.0 9 2.3
Fibra Bruta# 1–2.5 0.2–0.5 n/d n/d
gastroenterite (isto é, eosinofílica ou linfocítica plasmocítica [LPL]). Podem-se
Predisposição
cubos de gelo por via oral. Se tolerado, novamente e gradualmente, incorporar uma dieta
enteral. As metas iniciais para regressar à alimentação são de 25% a 33% de calorias
A enterite linfocítica plasmocítica é uma causa associada da doença inflamatória intestinal necessárias para o requerimento energético em repouso (RER), aumentando
(DII), mais comum em animais com idade entre 2 anos ou mais, mas é observada gradualmente ao longo de vários dias para se atingir o RER, em seguida, o requerimento
ocasionalmente nos filhotes. Não há descrição por predileções de raças. A síndrome diário de energia (NDT) para o peso corporal (PC) atual. Pequenas quantidades de
hipereosinofílica ocorre mais frequentemente em gatos domésticos de pelos curtos, de alimento, várias vezes ao dia (três a seis) minimizam qualquer resposta adversa e
meia idade. As etiologias relacionadas com a ingestão de corpos estranhos, parasitas e aumentam a assimilação da dieta. As características específicas da dieta e os níveis desejados
infecções são mais comuns em animais mais jovens, enquanto as de causa metabólica, de nutrientes incluem:
neoplásicas e induzidas por medicamentos são mais comuns em animais mais velhos. Os • Digestibilidade total da dieta ≥90%.
distúrbios da motilidade intestinal observam-se em gatos domésticos de pelo curto, gatos • Fonte de proteínas novas ou hidrolisadas. O ideal é uma única fonte de proteína de
domésticos com pelos longos e em gatos siameses de meia idade. alta qualidade com elevada digestibilidade (> 87%). Ingestão desejada de proteína entre
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alimentação diário, escolher alimentos altamente digestíveis que forneçam uma fonte • Doenças inflamatórias do TGI não são curadas, mas sim são tratados com medicação
de proteínas novas ou hidrolisada e moderado teor de gorduras. Pode-se dar como e nutrição. O tratamento e o monitoramento podem ser feitos pelo resto da vida. As
petiscos uma pequena porção da alimentação seca escolhida ou uma ração seca mudanças na dieta devem ser feitas de forma gradual. Pacientes debilitados podem
hidrolisada suplementar em partículas. A partir da escolha da dieta úmida podem ser precisar de hospitalização e nutrição parenteral.
Comorbidades comuns
feitos petiscos assados. A contribuição calórica dos petiscos não deve exceder 10% do
total de calorias diárias.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Vômitos podem ser associados com uma Desidratação, desnutrição, hipoproteinemia, anemia, insuficiência renal,
aversão aos alimentos. Para superar este problema, deve-se rever a lista de insuficiência hepática, hipertireoidismo, pancreatite, insuficiência pancreática
ingredientes/conteúdo de nutrientes da dieta que o paciente comia antes do distúrbio e exócrina, neoplasia e FeLV/FIV são doenças de comorbidade comuns em gatos
identificar dietas para tratar a doença com diferentes fontes de nutrientes (isto é, proteína, com gastroenterite ou vômitos.
medicamentosas
Aquecer o alimento enlatado a uma temperatura ligeiramente acima da temperatura
ambiente, para melhorar o sabor. Adicionar ao alimento seco água morna ou caldo de
frango quente, com baixo teor de sódio. Se alimentado com uma fonte de proteínas
Os antagonistas dos receptores H2 e os inibidores da bomba de prótons podem diminuir
hidrolisadas ou novas, o caldo deve vir especificamente a partir dessa fonte de proteínas.
n Recomendações para a dieta– As dietas coadjuvantes altamente digestíveis
a absorção de ferro e vitaminas do complexo B, devido a uma diminuição da liberação
de ácidos. Os citoprotetores formam uma barreira mucosa, inativam a pepsina, absorvem
formuladas para o tratamento da gastroenterite podem ser mencionadas como dieta
sais biliares e podem se fixar nos nutrientes causando uma diminuição na absorção de tais
gastroentérica, gastrointestinal, intestinal ou de baixo resíduo. As dietas com
nutrientes. Os procinéticos alteram o ritmo de entrega e absorção dos alimentos no
carboidratos/proteínas novas ou hidrolisadas são comumente chamadas de dieta anti-
intestino delgado ao influenciar a motilidade intestinal. A administração crônica de
inflamatória, para a alergia aos alimentos, hipoalergênicos, com antígenos limitados, baixa
esteroides pode diminuir a absorção de cálcio. Altas doses de metronidazol podem
em alérgenos, ou uma fórmula para pele e pelagem. Dietas para a etapa de vida de idade
provocar neurotoxicidade reversível. Antibióticos mudam a microbiota do trato digestivo
avançada podem ser bem aceitáveis.
e podem quelar minerais (Ca, Mg, Fe, Zn), que afetam o metabolismo e absorção dos
Começar a voltar a dar alimentos ao nível ou abaixo da RER (PC atual), a fim de fornecer
nutrientes. Azatioprina pode causar supressão da medula óssea em gatos.
a longo prazo, calorias da NDT a um PC ótimo.
Controle
Pontos para a educação do proprietário
• Gatos com gastroenterite causada por infecções ou parasitas podem ser contagiosos
Controlar a hidratação mediante o hematócrito sequencial, a gravidade específica da
urina, e/ou a resposta à manobra da dobra cutânea. Usar os valores séricos para avaliar o
para outros animais. A exposição a outros animais e o tratamento desses pacientes
estado dos eletrólitos e da função renal. Imagens podem determinar alterações na
deve ser realizado com cuidado.
• Os animais diagnosticados com doença inflamatória do intestino podem ter um
espessura da parede estomacal/intestinal e a distribuição da doença. Alterações no peso
corpóreo, na pontuação do escore de condição corporal refletem a utilização de nutrientes
componente genético e/ou uma desordem do sistema imunológico e serem
e/ou de suas perdas contínuas. Se houver pouca ou nenhuma melhora nos exames
predispostos a outras doenças. A castração e a esterilização dos animais afetados devem
complementares, reavaliar os componentes do plano de alimentação (paciente, dieta,
ser analisadas devido à carga hereditária.
método de alimentação) para reformular o plano de suporte nutricional com base em
novas situações ou parâmetros previamente omitidos.
Oferecer dieta entérica (DE) 15-25% do RER, dividida a cada 3-4 horas por 1 dia Iniciar mais testes para resolver os vômitos
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos Oferecer DE ao 33-66% do RER, dividida a
cada 4-6 horas por 1-2 dias
Vômitos continuam
Vômitos resolvidos
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Enteropatias crônicas - Cães
Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM, DECVIM-CA Valores recomendados de nutrientes essenciais
Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN
Nutriente % MS mg/100 kcal % MS mg/100 kcal
Definição
Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Total de gor- 12–14% 2.5–3.5 5.0 1.43
As enteropatias crônicas em cães incluem reações adversas a alimentos, diarreia
dura na dieta
associada a antibióticos (DAA) e doença inflamatória do intestino (DII) e são
definidas pelo aparecimento de diarreia crônica, as vezes intermitente, com ou sem
A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
vômitos associados com um infiltrado inflamatório de gravidade variável na mucosa
gastrointestinal (GI), na ausência de uma causa identificável. induzidas pelos estados de doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
Fisiopatologia
estimulantes potenciais.
Os cães com enteropatia idiopática crônica devem ser submetidos a um teste com
As reações adversas aos alimentos incluem intolerância alimentar (uma reação proteína nova ou hidrolisada na dieta. Os cães podem apresentar melhora se forem
imunologicamente não mediada) e alergia alimentar (mediada ou não por IgE). alimentados com essas dietas, ainda que não apresentem alergia alimentar (um
Cães com DAA beneficiam-se com a mudança na microbiota intestinal ou com diagnóstico final de alergia alimentar envolve uma recaída clínica sob provocação
desaparecimento das bactérias ofensivas secundarias nos tratamentos com antibióticos. com os ingredientes da dieta anterior). Deve ser observada uma melhora dentro
Alternativamente, certos agentes antimicrobianos podem influenciar diretamente a de 2-3 semanas.
imunidade da mucosa. Uma alta porcentagem de cães com suspeita ou confirmação de DII apresentou
A patogênese da DII em cães ainda é em grande parte desconhecida. A microbiota melhora clínica após a alimentação ou com uma dieta de proteína hidrolisada ou uma
intestinal anormal e as interações atípicas entre a microbiota e o sistema imunológico dieta com 1% de ácidos graxos ômega 3 de óleo de peixe.
do hospedeiro são os principais agentes envolvidos, como exemplificado pela aderência Para pacientes com enteropatia e perda de proteínas ou linfangiectasia, deve-se usar uma
às mucosas e à E. coli invasiva que foram diretamente envolvidas na patogênese da dieta altamente digestível muito baixa em gordura. Também pode ser valiosa para esses
colite ulcerativa histiocítica (CUH), uma forma específica de DII. pacientes uma dieta contendo proteínas hidrolisadas, se tiver baixo conteúdo de gorduras.
Predisposição
Os probióticos podem ser úteis em pacientes com DII. Ao modificar a microbiota
gastrointestinal, podem alterar os antígenos bacterianos presentes no intestino e, deste
Enquanto muitas raças de cães foram diagnosticadas com enteropatia crônica, modo, reduzir o estímulo inflamatório.
foram identificadas algumas predileções de raça. Documentada uma alta n Petiscos – Os petiscos, bem como medicamentos com sabor devem ser
incidência de enteropatia com perda de proteínas nos cães da raça Wheaten completamente excluídos em cães submetidos a testes alimentares (para inflamações
Terrier, Shar-Pei e Lundehound Norueguês. Linfangiectasia frequentemente sensíveis à dieta). Onde for permitido, os petiscos não devem exceder 10% da ingestão
ocorre em cães da raça Yorkshire Terrier. A enterite imunoproliferativa é uma diária de calorias. Se alimentado com uma dieta seca, pode-se deixar as partículas ao lado
doença de cães de raça pura Basenji. Os cães da raça Pastor Alemão têm alto risco para oferecê-los como petiscos. Se alimentados com uma dieta úmida, pode-se usar
de DAA. Num estudo recente, os cães com enteropatia crônicas sensíveis à dieta esse alimento tal qual, ou assá-lo para dar uma textura crocante. Cães com linfangiectasia
eram geralmente cães jovens de raças grandes, enquanto aqueles diagnosticados pode-se oferecer petiscos com baixo teor de mudança na dieta. Entre eles, muitos cães
com DII eram geralmente cães mais leves e mais velhos. irão se beneficiar da mudança para uma dieta de eliminação (fonte de novas proteínas
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As dietas com proteínas hidrolisadas são compostas de peptídeos menores, que são menos má nutrição e perda de peso. Recentemente a deficiencia em cobalamina (Vitamina
susceptíveis de causar uma reação imunológica. Em relação às novas dietas ricas em B12) foi documentada em cães com enteropatias crônicas. Nesses casos, a suplementação
proteínas, considere as possíveis proteínas em grãos e outros carboidratos inclusos na dieta. parenteral de cobalamina pode se mostrar necessária para o sucesso do tratamento. A
Se não houver qualquer proteína intacta na dieta, pode ser utilizada essa dieta sem o dose recomendada para cães deficitários deste nutriente está entre 250 e 1.500 μg SC,
conhecimento dos detalhes do histórico alimentar do paciente. Enquanto estas dietas dependendo do tamanho do cão.
são menos alergênicas se comparado às dietas com proteínas novas, um percentual muito As aplicações são administradas semanalmente por 6 semanas, repetindo o processo a
pequeno de cães pode, no entanto, ter uma resposta alérgica aos seus componentes. cada duas semanas por mais 6 semanas caso necessário. É recomendável avaliar o estado
Em geral, a resposta à mudança na dieta ocorre dentro de 2 a 3 semanas em cães com clínico do cão e suas concentrações de cobalamina para guiar futuros tratamentos.
medicamentosas
progressivamente uma dieta comercial de alta qualidade, depois de um teste bem-
sucedido de eliminação. Outros terão de comer uma dieta de eliminação a longo prazo.
Dietas de fácil digestão, com baixo teor de gordura são indicadas em cães com grave Antibióticos para tratar o tratamento da DAA são recomendados. Afetam
enteropatia com perda de proteínas (por exemplo: linfangiectasia) e sinais clínicos significativamente a composição da microbiota intestinal, o que pode afetar a função
associados. A adição de fibras fermentáveis à dieta proporciona benefícios adicionais gastrointestinal. Os seguintes agentes antimicrobianos são geralmente bem tolerados:
para os cães com colite crônica. As fibras fermentáveis são metabolizadas em ácidos metronidazol, tilosina ou tetraciclina. Enrofloxacina é o tratamento preferido para
graxos de cadeia curta pela microbiota do intestino grosso, e fornecem uma fonte útil Colite histiocítica ulcerativa (CHU), uma forma específica de DII.
de energia. De um modo geral, melhoram a estrutura e a função do epitélio intestinal. Os corticosteroides são o pilar do tratamento para DII idiopática frequentemente
O Psyllium é um exemplo de fibra fermentável que pode ser oferecida como um administradosemaltasdoses(dosesimunossupressorasdeprednisonamínimade2mg/kg
suplemento dietético. A dose recomendada é de 0,5 colheres de sopa (CS) para as raças duas vezes por dia). Os corticosteroides são hormônios catabólicos e, dessa forma, não são
toy, uma CS para cães pequenos, 2 CS para cães de médio porte e 3 CS para cães desejáveis em cães que sofrem de disfunção gastrointestinal por seu impacto sobre o
grandes. Deverão ser gradualmente acrescentadas as fibras (aumentando para 4 a 7 metabolismo. No entanto, em casos de DII seus efeitos benéficos centrados sobre o sistema
dias até a quantidade total) para permitir que a microbiota do TGI se adapte. imunológico superam os efeitos nocivos que podem vir a acontecer sobre o metabolismo.
Comorbidades comuns
entérica refratária ou hipoadrenocorticismo com deficiência glicocorticoides; (3) DII
refratária que pode responder a um tratamento combinado com medicamentos
Enteropatias moderadas a severas estão comumente associadas com a má digestão e má imunossupressores adicionais, tais como ciclosporina, azatioprina, clorambucil; e (4)
absorção no funcionamento nomal do intestino. Isso consequentemente resulta em a presença de uma neoplasia GI difusa.
Severos indicadores sistêmicos tais como perda de peso, ascite Sem indicadores sistêmicos
Descartar doença primária fora do TGI: hemograma, perfil bioquímico, análise de urina, IST sérica Descartar doença primaria sensível à
dieta: dieta com proteínas hidrolisadas
ou antígenos novos
Ultrassonografia
abdominal Albumina ≤ 2.0 g/dL Albumina ≥ 2.5 g/dL
Descartar doença relacionada com os antibióticos:
Ultrassonografia teste com metronidazol ou tilosina
abdominal Diarreia do intestino delgado Diarreia do intestino grosso
Endoscopia se as lesões são acessíveis Laparotomia Teste de tratamento: Suspeita de CUH: teste
sulfasalazina e fibras com enrofloxacina
Biópsias da mucosa
Sem sucesso, colonoscopia e biópsia da mucosa
DII Linfangiectasia Neoplasia
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Enteropatias crônicas - Gatos
Frédéric P. Gaschen, Dr.med.vet., Dr.habil., DACVIM, DECVIM-CA Princípios da alimentação coadjuvante
Dottie Laflamme, DVM, PhD, DACVN Para as enteropatias crônicas sensíveis à dieta, o objetivo do tratamento dietético é
Definição
fornecer uma alimentação equilibrada aos pacientes, ajudando a minimizar os sinais
clínicos. Os gatos com suspeita de reações adversas aos alimentos devem ser testados
As enteropatias crônicas em gatos incluem reações adversas aos alimentos e doença com uma dieta de eliminação. Há duas opções: Uma dieta composta por ingredientes
inflamatória intestinal (DII), e são definidas pela ocorrência de diarreia e/ou vômito aos quais o gato não tenha sido exposto anteriormente (proteína nova); ou uma dieta
crônico, por vezes intermitentes, associadas a um infiltrado inflamatório de gravidade contendo proteínas hidrolisadas em que os antígenos foram reduzidos a um tamanho
variável na mucosa gastrointestinal (GI), na ausência de uma causa identificável. inferior ao ponto de reconhecimento por parte dos anticorpos específicos para
Muitos gatos apresentam apenas vômitos e/ou anorexia. alérgenos (hipoalergênica). A escolha de uma dieta com proteínas novas deve ser
complementares
ingerido anteriormente. Além disso, a escolha deve considerar as fontes de
carboidratos, tais como grãos, que também contêm proteínas potencialmente
Inicialmente, é essencial descartar uma infestação parasitária. Nos gatos com diarreia alergênicas. Dietas hipoalergênicas hidrolisadas têm vantagens: os dados do histórico
e/ou vômitos leves, é apropriado um teste inicial de tratamento com uma dieta de alimentar não são cruciais para a escolha da dieta e reduzem o risco de desenvolver
eliminação antes de considerar opções mais invasivas. Em gatos com doença alergias. A maioria dos gatos com diarreia sensível à dieta mostraram melhorias
moderada a grave é preferível uma abordagem mais agressiva. Várias doenças significativas dentro de 1-3 semanas depois de alimentados com uma dieta de
originadas fora do trato gastrointestinal podem provocar vômitos em gatos; podem eliminação adequada. O tratamento contínuo depende de identificar e evitar os
ser descartadas com uma análise completa do sangue e perfil bioquímico, incluindo ingredientes específicos dos alimentos aos quais o paciente reage. No entanto, alguns
a concentração de tiroxina (T4) no soro. Também pode ser útil um ultrassom do gatos com diarreia sensíveis aos alimentos podem responder a mudanças na dieta e não
abdômen. Se a doença está no trato digestivo, pode-se exigir amostras endoscópicas se intensificar quando provocados. Após um período de estabilização, alguns desses
ou cirúrgicas de biópsias da mucosa. gatos podem retomar a sua dieta normal, sem problemas.
Fisiopatologia
Para o DII, o objetivo do tratamento dietético é fornecer uma alimentação
equilibrada aos pacientes, ajudando a cumprir os sinais clínicos. A inflamação
A fisiopatologia das reações adversas aos alimentos inclui intolerância alimentar gastrointestinal pode ocorrer em resposta a antígenos alimentares, antígenos
(reação não mediada imunologicamnete) e alergia alimentar (mediada por IgE ou não bacterianos ou outras substâncias irritantes. Qualquer mudança na dieta pode
mediada por IgE). A patogênese da DII em gatos ainda é, em grande parte, causar mudanças nesses potenciais agentes estimulantes. Um percentual elevado
desconhecida. A microbiota intestinal anormal e as interações atípicas com o sistema de gatos com suspeita ou confirmação de DII apresentou melhora clínica através
imunológico do hospedeiro são provavelmente os fatores fundamentais, como da alimentação, tanto com uma dieta contendo novas proteínas (ver acima) ou
exemplificado pela recente constatação da aderência à mucosa e a E. coli invasiva em uma dieta altamente digestível quanto com alto ou baixo teor de gordura. Alguns
associação com a DII em gatos. gatos com diarreia respondem positivamente a uma dieta baixa em carboidratos.
Os probióticos podem ser úteis em pacientes com DII. Ao modificar a microbiota
Predisposição
gastrointestinal, podem alterar os antígenos bacterianos apresentados ao intestino,
reduzindo assim o estímulo inflamatório.
n Petiscos – Os petiscos, bem como os medicamentos com sabor devem ser
Gatos afetados com enteropatias crônicas são geralmente de meia idade, mas a faixa
etária é ampla e inclui animais jovens e velhos. Não foram documentados predileções
completamente excluídos dos gatos submetidos a testes alimentares (por inflamações
de raça, apesar de gatos de raça pura, como Siameses, Persa e Himalaia, poderem
sensíveis à dieta). Como alternativa, os petiscos podem ser compostos por pedaços da
apresentar maior risco. Predileções por gênero não foram identificadas.
dieta de eliminação. Se alimentados com uma dieta seca, pode-se separar algumas
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Pontos para a educação do proprietário A deficiência de vitamina K foi detectada e atribuída à má absorção intestinal dos
• O rígido tratamento dietético dos gatos com doença intestinal crônica é um gatos com DII severa, mas raramente apresentou tendências hemorrágicas. A
componente central do tratamento. Mesmo parecendo um desafio, continua suplementação com vitamina K1 foi benéfica (1-5 mg/kg, SC, por dia).
medicamentosas
Quando se tem vários gatos, pode-se precisar aplicar a nova dieta a todos, desde que
os outros gatos não necessitem diferentes tratamentos alimentares específicos.
• Qualquer tratamento que exponha novamente o gato a proteínas alergênicas pode Os corticosteróides são a base para o tratamento de DII idiopática e são
causar uma recaída e deve ser evitado durante o teste dietético. frequentemente administrados em doses elevadas (doses imunossupressoras de
• Ainda que as dietas caseiras possam ser úteis, geralmente não fornecem uma prednisona mínimo de 2 mg/kg por dia). Os corticosteróides são hormônios
nutrição equilibrada a longo prazo; é por isso que as dietas equilibradas catabólicos e, dessa forma, não são desejáveis em gatos que sofrem de disfunção
nutricionalmente que estão à venda no mercado são as preferidas. gastrointestinal. No entanto, em casos de DII seus efeitos benéficos focados sobre o
Comorbidades comuns
sistema imunitário superam em grande medida os efeitos nocivos que podem vir a
acontecer sobre o metabolismo.
Controle
É relatado que a colangiohepatite e pancreatite podem ocorrer mais frequentemente
em gatos com DII. Triaditis é o termo usado quando o intestino (DII), o fígado
(colangiohepatite) e o pâncreas (pancreatite) são afetados simultaneamente. Até o Em geral, a resposta a uma mudança na dieta ocorre dentro de 7 a 21 dias em gatos
momento não há nenhuma teoria confirmada que descreva o mecanismo comum com enteropatias crônicas sensíveis à dieta. Se o tratamento dietético falhar, deve
para as três doenças. seguir o algoritmo apresentado.
Muitas vezes as enteropatias crônicas moderadas a severas que afetam o intestino Em gatos com DII documentada, geralmente o tratamento inicial com prednisolona
delgado são associadas com má digestão e má absorção devido a deficiências na função inclui doses elevadas (2-4 mg/kg/dia) que diminuem progressivamente
intestinal. Isso pode levar à desnutrição e perda de peso. Têm sido documentadas semanalmente em 2 passos. O ideal é que os novos controles sejam programados
deficiências de cobalamina (vitamina B12) em gatos com enteropatias crônicas. Em antes de cada mudança no tratamento com esteróides para reavaliar o estado do gato.
tais casos, pode ser necessária a suplementação com cobalamina parentérica para o Os controle do peso corporal (PC) e a pontuação do escore de condição corporal
sucesso do tratamento. A dose recomendada em gatos com deficiência de cobalamina (ECC) vão ajudar a garantir que o gato receba quantidades adequadas de alimentos.
documentada é de 250 µg administrada por via subcutânea (SC). As injecções são Diferenciar o DII do linfoma alimentar pode ser um desafio.
dadas semanalmente durante 6 semanas e, em seguida, a cada duas semanas durante O linfoma de baixo grau pode responder ao tratamento com esteróides
6 semanas mais. É melhor reavaliar periódicamente o estado clínico do gato e suas temporariamente, mas pode eventualmente sofrer uma recaída. Por isso, os gatos com
concentrações de cobalamina para encaminhar futuros tratamentos. DII refratário ao tratamento podem apresentar um linfoma.
Indicadores sistêmicos como a anorexia, perda de peso, etc. Sem indicadores sistêmicos
Descartar doença primária fora do trato GI: Descartar doença primária sensível à dieta: dieta
hemograma, exame bioquímico, T4 em soro, IST em de eliminação
gatos, etc.
Ultrassom abdominal
Endoscopia se as lesões
Laparotomia
são visíveis
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Linfangiectasia - Cães
Debra L. Zoran, DVM, PhD, DACVIM cães com linfangiectasia continuam se alimentando, a melhor abordagem para a
Definição
substituição da proteína é a nutrição enteral. A escolha de uma dieta que seja eficaz é o
aspecto mais desafiador do tratamento desta doença. Cães que não estão comendo,
A linfangiectasia é a dilatação do sistema linfático, e em especial o sistema linfático estão doentes demais para comer ou não podem reter o alimento devido aos vômitos,
mesentérico, que drena o intestino delgado, incluindo os vasos quilíferos das vilosidades podem precisar de nutrição intravenosa para fornecer a proteína e energia para a função
intestinais. A doença pode ser primária (causada por um defeito congênito, metabólica. A dieta ideal contém uma quantidade moderada de carboidratos e
presumidamente genético), secundária (ocorre de forma secundária a outra doença proteínas altamente digestíveis (ou hidrolisados), e altamente restrita em gorduras. Nos
que interrompe o fluxo linfático) ou idiopática. Na maioria dos cães, a doença é cães mais severamente afetados, uma dieta essencialmente baixa em gorduras (< 2
idiopática e está muitas vezes associada com a enteropatia com perda de proteína (EPP) g/100 kcal de gordura) ou sem gordura, pode ser fundamental para o sucesso do
que ocorre como resultado do processo primário (linfangiectasia). Os cães com forma tratamento da doença, incorporando gradualmente ácidos graxos essenciais e vitaminas
congênita ou hereditária da doença muitas vezes são severamente afetados e podem ter lipossolúveis para evitar deficiências. Em cães com alergia alimentar concomitante ou
um período de vida significativamente mais curto. Além disso, a doença em cães que DII, a fonte de novas proteínas (ou menos antigênicas, tais como uma dieta de proteínas
apresentam forma idiopática ou secundária de linfangiectasia é bastante variável, indo hidrolisadas) também pode ser um aspecto necessário do tratamento dietético. Além
de uma doença leve, clinicamente tratável, a uma doença grave, com risco de vida. de fontes de proteínas altamente digestíveis, alguns cães se beneficiam da adição de
complementares
(Nestlé Nutrition) na sua dieta hidrolisada ou com conteúdo muito baixo de gordura.
Acredita-se geralmente que a fonte ideal de carboidratos (CHO), para um cão com
doença intestinal é arroz branco cozido ou batatas (descascadas), porque são altamente
O diagnóstico de linfangiectasia em cães começa com uma anamnese completa,
digestíveis e não contêm glúten, que pode ser antigênico em alguns cães. Outras fontes
incluindo histórico alimentar e de tratamento com medicamentos, e um exame físico,
de CHO sem glúten são a mandioca e o milho, mas são um pouco menos digestíveis
incluindo exame retal. A perda de peso é um indicador clínico inicial muito
que o arroz, e o milho pode causar hipersensibilidade em alguns cães. Cães com
importante para cães com linfangiectasia e EPP, e pode preceder o início da diarreia
linfangiectasia grave muitas vezes não conseguem lidar com o milho, a menos que
por meses. A análise das fezes (por exemplo: técnicas de flotação, citologia, teste
esteja completamente processado em formato de purê.
imunoabsorvente ligado às enzimas [ELISA, em inglês]/análise da reação em cadeia
Em cães com linfangiectasia grave, a gordura da dieta deve estar em quantidade que
da polimerase [PCR, em inglês]) é importante para descartar as infecções parasitárias
forneça ácidos graxos essenciais (óleos vegetais fornecem algumas delas) e vitaminas
simultâneas que podem complicar o tratamento da doença.
solúveis em gordura, mas devem ser evitados tanto quanto possível os triglicerídeos de
A avaliação padrão do cão com perda de peso (com ou sem diarreia e hipoproteinemia)
cadeia longa. Se a gordura adicional para fornecer energia for necessária, pode-se utilizar
inclui a avaliação de outras doenças sistêmicas, a avaliação da função hepática, descartar
uma fonte de triglicérides de cadeia média; no entanto, estas fontes de gordura não são
a proteinúria como causa de hipoproteinemia e a avaliação do trato gastrointestinal
geralmente palatáveis para cães e podem reduzir a aceitabilidade da dieta.
(TGI) tanto a sua função (imunorreatividade semelhante à tripsina [IST],
Em cães com diarreia do intestino delgado é indicado diminuir a quantidade de fibras
cobalamina/folato, absorção de açúcar, se disponível, possível inibidor da protease alfa-
insolúveis, já que as fibras reduzem a digestibilidade dos alimentos e podem aumentar
1), como sua estrutura (imagens, histopatologia, obtida por endoscopia ou cirúrgica).
o risco de má digestão ou da má absorção de nutrientes. Isto ocorre especialmente cães
Uma vez terminado o diagnóstico é vital o tratamento de apoio (controle do edema e
com linfangiectasia, porque a redução da digestibilidade da fonte de proteínas e CHO,
a perda de proteína) e o manejo nutricional (dieta com baixo teor de gordura para
pode agravar os sinais clínicos (diarreia), aumentam lentamente os níveis de proteínas
reduzir a intensidade da doença clínica no intestino), a menos que possa ser identificada
e o peso corporal e aumenta o risco de interrupção bacteriana, o que pode causar um
uma causa específica e corrigi-la.
problema novo. As fontes de fibra solúveis podem ser benéficas em alguns cães, já que
Fisiopatologia
são digeridas pela microbiota normal e podem funcionar como prebióticos para ajudar
a manter a microbiota intestinal saudável.
Sinais clínicos da linfangiectasia (perda de peso, diarréia, esteatorréia) são uma
Valores recomendados de nutrientes essenciais
consequência da má digestão e da má absorção de nutrientes (proteínas, gorduras e
carboidratos), que surgem como resultado da dilatação linfática (linfangiectasia) ou a
Predisposição
mostrada como percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100
kcal de energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender
aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de
energia.
As raças de cães mais comumente afetadas com linfangiectasia primária são
Lunderhund, Yorkshire Terrier e Wheaten Terrier de pelo macio; estas raças podem * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
ter sinais clínicos ainda quando jovens. Qualquer raça de cão pode desenvolver Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
linfangiectasia secundária ou EPP, portanto, não há predisposição típica para esta forma
em particular.
66
Princípios da alimentação coadjuvante Pontos para a educação do proprietário
• Os nutrientes devem ser altamente digestíveis (> 90% de digestibilidade) para • Fornecer apenas alimentos recomendados.
minimizar a diarreia osmótica, a fermentação bacteriana de alimentos não digeridos • Alimentar em pequenas quantidades e com maior frequência (de três a quatro
e reduzir a flatulência. vezes por dia). Grandes quantidades de alimentos aumentam a carga do TGI e
• Proteínas de alta qualidade de uma única fonte pode ser indicada (pode ser nova podem contribuir para a diarreia ou vômitos.
se existir a probabilidade de DII ou de sensibilidade alimentar) ou proteínas • Garantir a abundância de água disponível em todos os momentos. Se o vômito
hidrolisadas altamente digestíveis para maximizar a digestão e a absorção. ocorrer ou o cão parar de comer ou beber, um novo controle com o médico
• A fonte de carboidratos deve ser de alta qualidade, sem glúten e sem lactose. veterinário é recomendado para prevenir a desidratação devido à diarreia contínua.
Comorbidades comuns
• A dieta deve conter baixo teor de gordura (menos de 4 g/100 kcal, pelo menos;
se houver a presença de linfangiectasia ou EPP aguda é provável que precise menos
do que 3,5 g/100 kcal). As doenças que comumente ocorrem simultaneamente em cães com linfangiectasia
• Pode ser adicionada uma maior quantidade de ácidos graxos Ômega 3 (a proporção são: doença inflamatória intestinal, enteropatias com perda de proteína, alergia
de Ômega 6:Ômega 3 deve ser de 5-10:1) para levantar o perfil dos eicosanoides na alimentar, insuficiêcia pancreáica exocrina e enteropatias associadas aos antibioticos.
Controle
petiscos. Se os petiscos são importantes para a rotina do cão, podem ser oferecidos
dietas coadjuvantes utilizando como base os princípios antes mencionados.
n Dicas para aumentar a palatabilidade–Se o cão não come a dieta sugerida, pode- Deve-se avaliar a composição fecal para determinar se o caráter normal das fezes retorna
se adicionar ao alimento uma pequena quantidade de caldo de galinha, com baixo teor ou se estão se desenvolvendo novos problemas (por exemplo: melena, hematoquezia).
de sódio. Alternativamente, o alimento pode ser misturado com uma pequena Deve-se controlar o estado clínico para se certificar de que o cão não esteja desidratado,
quantidade da versão úmida do mesmo alimento para torná-lo mais interessante. continue comendo, e para que não apresente quaisquer novos indicadores da doença
n Recomendações para a dieta – Dietas de prescrição veterinária adequadas para (por exemplo: letargia, perda de peso, diminuição do apetite ou vômitos). Se o cão
cães com diarreia estão à venda através de clínicas veterinárias; as mesmas devem ser está perdendo peso ou está se desidratando, deve-se reavaliar tanto o método de
formuladas de acordo com os princípios de alimentação coadjuvante acima alimentação como o tratamento, que devem ser modificados de acordo com as
mencionados. As dietas comerciais pobres em gordura, na sua maioria também têm necessidades desse paciente em particular.
mais fibras na dieta, portanto, não são aceitáveis para esse fim.
O primeiro passo é o diagnóstico da causa primária (se houver), porque irá alterar o plano de tratamento a longo prazo e o prognóstico
67
Pancreatite - Cães
Kathyrn E. Michel, DVM, MS, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A pancreatite é uma doença inflamatória que pode ser aguda ou crônica. Sinais Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 10–14 2–3.5 5 1.4
clínicos variam entre leve, com mínimos efeitos sistêmicos e extremamente grave,
caracterizada por necrose pancreática levando à síndrome de resposta inflamatória
sistêmica (SIRS) e ao colapso circulatório. A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada
Fisiopatologia
testes, mas a maioria descobriu que a alimentação enteral através de sondas de
jejunostomia atenua a resposta da fase aguda e reduz complicações gerais, incluindo
A causa geradora da inflamação pancreática permanece desconhecida, embora tenham complicações sépticas, em comparação com NP.
sido envolvidos muitos medicamentos, as desordens alimentares, os traumas, a Portanto, o objetivo do tratamento da pancreatite em cães é incentivar a ingestão
manipulação cirúrgica e isquemias. A doença é causada por uma falha nos mecanismos voluntária de alimentos por via oral em pacientes com sinais clínicos leves ou em vias
de proteção que normalmente asseguram que as enzimas pancreáticas permaneçam de resolução. Inicialmente, deve-se oferecer água ao paciente, e, com base na resposta,
inativas até entrarem no duodeno. A ativação destas enzimas no tecido pancreático continuar com uma dieta rica em carboidratos, pobre em gordura e um conteúdo
desencadeia os seus efeitos proteolíticos, causando dano. adequado, mas não alto, de proteínas. Devem ser oferecidos alimentos em pequenas
A resposta inflamatória que acompanha a pancreatite grave produz um estado porções de 4-6 vezes por dia.
catabólico que pode causar deterioração rápida do estado nutricional. Este declínio é Nos casos em que a ingestão oral é contraindicada devido a náuseas e vômitos
complicado pela ausência de alimentação aos pacientes que sofrem de náuseas, vômitos, persistentes, avaliar os cães como candidatos para a alimentação assistida. Se possível,
dor abdominal, íleo paralítico, ou instabilidade hemodinâmica. Muitos pacientes com deverão receber uma dieta completa e equilibrada através da via enteral. Mesmo
pancreatite aguda apresentarão hiperlipidemia. pacientes com pancreatite grave são capazes de tolerar alimentos por sondas de
Predisposição
jejunostomia. Quando for impossível conseguir o acesso à alimentação enteral em um
paciente que foi indicado à alimentação assistida, deve-se iniciar o suporte nutricional
Em geral, é documentado que os cães mais velhos (> 5 anos), cães obesos e de por via parenteral.
determinadas raças (Terrier, Schnauzer, Pastor Alemão) têm um risco aumentado de n Petiscos – Alimentos e sobras da mesa que são ricos em gorduras não devem ser
desenvolver pancreatite. utilizados como petiscos em pacientes que se recuperaram de uma pancreatite. Isto
68
devem ser monitorados quanto à sua aceitação aos alimentos, à recorrência de sinais hiperlipidemia primária podem se beneficiar de uma dieta muito pobre em gordura
clínicos e à manutenção do peso. (< 20% de gordura, base de energia) assim como alguns pacientes que apresentam esta
No caso de pacientes com boa condição física, rações devem ser baseadas na ingestão doença de maneira secundária a outras doenças (ver páginas 80-81). A pancreatite
calórica prévia. Para pacientes com baixo peso deve-se aumentar as calorias oferecidas também pode ocorrer concomitantemente em cães com diabetes mellitus (ver páginas
em 20% em relação ao consumo anterior para promover ganho de peso durante a 28-29).
medicamentosas
excesso de peso deve ser prescrito um programa para redução de peso, uma vez que o
paciente estiver totalmente recuperado da pancreatite.
Comorbidades comuns
tratamento para a lipidemia primária requerem novos controles para avaliar a
concentração de lipídeos séricos para determinar se o nível de restrição de gorduras na
Muitas vezes, um paciente com pancreatite aguda tem hiperlipidemia. Embora em dieta é suficiente. Qualquer futura visita à clínica, independentemente da sua finalidade,
muitos casos, o aumento da concentração de lipídios no soro seja uma consequência é uma oportunidade para descobrir mais sobre o tratamento dietético do paciente e
da pancreatite, existe evidência de que uma hiperlipidemia pré-existente pode ser um uma oportunidade para reforçar as recomendações anteriores sobre a alimentação.
agente causal desta doença. A hiperlipidemia pode estar associada a alimentos ricos
em gorduras, a uma doença endócrina concorrente (hiperadrenocorticismo, diabetes
mellitus ou hipotireoidismo) ou a uma predisposição da raça (Schnauzer, Pastor
Alemão). Quando a hiperlipidemia é secundária a uma doença subjacente,
naturalmente a melhor abordagem terapêutica é tratar essa doença. Os pacientes com
Indicado Contraindicado
Transição para uma dieta completa e balanceada com moderado a baixo teor de gordura
Alimento aceito e tolerado
e controle da ingestão e do peso corporal para garantir a ingestão adequada
69
Pancreatite - Gatos
Kathyrn E. Michel, DVM, MS, DACVN Modificações nos nutrientes fundamentais
Definição
Para pacientes em recuperação de uma pancreatite tem sido recomendado evitar a
ingestão oral de alimentos ricos em gordura, porque a gordura (assim como as
A pancreatite é uma doença inflamatória que pode ser aguda ou crônica. Sinais proteínas) é um potente estímulo para a secreção pancreática e a preocupação em um
clínicos variam de leves, com mínimos efeitos sistêmicos, e doença extremamente paciente convalescente é que uma superestimulação do pâncreas pode levar a uma
grave, caracterizada por necrose pancreática levando à síndrome da resposta recaída. No entanto, os gatos têm adaptações no metabolismo que refletem a evolução
inflamatória sistêmica (SRIS) e colapso circulatório. desta espécie com uma dieta rica em proteína e gordura, mas sem quantidades
complementares
relativamente alto teor de gordura e proteína. Alimentos para gatos com teor mais
baixos em gorduras encontrados comercialmente ainda contêm quantidades
A pancreatite pode ser uma doença de difícil diagnóstico porque, além da biópsia moderadas de gordura, ricos em proteínas e muitas vezes de baixa densidade calórica.
do pâncreas, não existem testes específicos de diagnóstico para esta doença. O Embora o impacto da ingestão de gorduras na dieta sobre o resultado clínico dos gatos
diagnóstico é ainda mais complicado pelo fato de que o quadro clínico desta com diagnóstico de pancreatite não tenha sido avaliado em testes clínicos,
doença em gatos é significativamente diferente ao dos cães. Na pancreatite em informalmente os gatos que se recuperaram da pancreatite parecem tolerar os alimentos
gatos, os sinais clínicos mais comuns não são específicos (anorexia, letargia e típicos para gatos, incluindo aqueles com altos níveis de gorduras.
Fisiopatologia
má nutrição. O jejum servirá apenas para agravar o grau de desnutrição nestes
pacientes. Além disso, a lipidose hepática idiopática (LH) é uma doença
Na maioria dos gatos, a causa geradora da inflamação pancreática não pode ser concomitante ou sequela comum na pancreatite dos gatos e negar o alimento a
determinada, embora agentes infecciosos (Toxoplasma gondi, trematódeos, um paciente com LHI, seria contraindicado.
peritonite infecciosa felina - PIF), pesticidas organofosforados, medicamentos, Tradicionalmente, o jejum era estipulado aos pacientes com pancreatite aguda
trauma, manipulação cirúrgica e isquemias estejam envolvidos na patogênese da moderada a grave a fim de reduzir a estimulação do pâncreas e, assim, reduzir
doença. Também comenta-se sobre uma associação entre pancreatite comum em presumivelmente secreções pancreáticas. Recentemente, este dogma tem sido
gatos, doença inflamatória intestinal, colangiohepatite e a possibilidade de uma questionado, no tratamento de pacientes humanos. Há evidências de que os
etiopatogênese relacionada2 chamada de tríade felina. tratamentos projetados exclusivamente para promover o descanso e minimizar
A doença é causada por uma falha nos mecanismos de proteção que normalmente secreções pancreáticas só têm conseguido obter alívio da dor e não mostraram
asseguram que as enzimas armazenadas nas células pancreáticas permaneçam inativas nenhuma influência sobre o resultado do paciente3.
até entrarem no duodeno. A ativação destas enzimas no tecido pancreático desencadeia Portanto, deve-se incentivar a ingestão voluntária de alimentos por via oral em pacientes
os seus efeitos proteolíticos, causando danos e inflamação no tecido. aos quais a ingestão por via oral não esteja contraindicada por causa de vômitos ou
Na forma aguda da doença, a resposta inflamatória que acompanha a pancreatite diarreia. Os pacientes que rejeitam os alimentos ou apresentam uma ingestão voluntária
grave produz um estado catabólico que pode causar deterioração rápida do estado inadequada deverão ser avaliados como candidatos para a alimentação assistida. Ideal
nutricional. Este declínio é complicado pelo fato de que é necessário negar comida é que recebam uma dieta completa e balanceada por meio de via enteral. Mesmo os
a pacientes que sofrem de náuseas, vômitos, dor abdominal, íleo, ou instabilidade pacientes com pancreatite severa e vômitos persistentes são capazes de tolerar a
hemodinâmica. Na forma crônica da pancreatite em gatos, visto que a anorexia é alimentação por meio de sondas de jejunostomia.
um dos sinais clínicos mais comuns, muitas vezes os pacientes têm evidência de má No entanto, quando o acesso à alimentação enteral for impossível em um paciente que
nutrição, especialmente a perda de peso caracterizada por perda de massa muscular. foi indicado com alimentação assistida, deve-se iniciar o suporte nutricional parenteral.
É imperativo a palpação física para acessar a massa muscular, uma vez que os n Petiscos–A recomendação para cães em recuperação de pancreatite é evitar comidas
pacientes podem ter excesso de gordura corporal ou a aparência obesa, apesar de e petiscos comerciais ou sobras da mesa com alto teor de gorduras. Ainda não é claro
sofrer perda de massa muscular significativa. se uma recomendação similar deve ser usada no caso de gatos em recuperação desta
Predisposição
doença; no entanto, pode ser prudente evitar itens com alto teor de gordura, como
carnes gordas, frituras ou nata. Petiscos aceitáveis devem incluir carnes magras ou peixe
Ainda não foi documentada qualquer associação definitiva entre idade, raça ou (por exemplo: peito de frango cozido, ou atum conservado em água), produtos lácteos
castração e o risco de pancreatite em gatos. com baixo teor de gordura, frutas frescas e vegetais (exceto uvas e cebolas).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – A menos que haja indicação clara de
disponibilizar uma dieta restrita em gordura (< 30% de gordura, base energética) a
escolha da dieta deve ser baseada em encontrar um alimento para gatos completo e
70
equilibrado que seja aceitável para o paciente. Adicionar um pouco de água quente ao Comorbidades comuns
alimento seco ou aquecer ligeiramente o alimento enlatado pode melhorar a aceitação. Não é incomum em pacientes (gatos) ser diagnosticados com doença inflamatória
n Recomendações para a dieta–A maioria dos gatos com diagnóstico de pancreatite intestinal e pancreatite concorrente. Esses pacientes podem se beneficiar de uma dieta
tem um histórico de anorexia. É essencial controlar a ingestão de alimentos do paciente, com novas proteínas/antígenos limitados ou proteínas hidrolisadas. A maioria dos
especialmente quando estão em fase de transição da alimentação assistida, para pacientes com diagnóstico de lipidose hepática idiopática (LHI) e pancreatite
assegurar que a ingestão voluntária do paciente seja adequada. O objetivo é encontrar concorrente exigem alimentação assistida. Para a resolução da LHI é necessária a
uma dieta que o paciente coma facilmente, seja tolerada pelo trato gastrointestinal, e seja ingestão de uma alimentação adequada e, normalmente, os gatos com esta doença têm
apropriada para qualquer doença concomitante que o paciente possa ter (por exemplo: uma ingestão voluntária insuficiente. Gatos com insuficiência hepática,
doença inflamatória intestinal, doença hepática, diabetes mellitus). Os pacientes devem independentemente da etiologia subjacente podem necessitar alterações na dieta,
ser monitorados quanto à sua aceitação aos alimentos, à recorrência de sinais clínicos incluindo restrição de proteínas. A Pancreatite também pode ocorrer simultaneamente
e à manutenção do peso. em gatos com diabetes mellitus (ver páginas 30-31).
Indicado Contraindicado
Alimento aceito e tolerado Controlar a ingestão e o peso corporal para garantir a hidratação adequada
71
Doença hepática - Cães
David C. Twedt, DVM, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas induzidas
complementares
pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como percentual de
matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia metabolizável. Todos os
outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de acordo com a fase de vida,
estilo de vida e consumo de energia.
Deve-se obter o histórico alimentar e calcular as necessidades energéticas para o
# Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
paciente com base no peso corporal ideal (PC). A pontuação do escore de condição
corporal (ECC) e o PC deverão ser registrados. Alterações nas análises laboratoriais Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
que refletem a função hepática (por exemplo: glicose, albumina, nitrogênio ureico no # Quando for necessária uma restrição de proteínas devido à encefalopatia hepática, deve-se
evitar as proteínas a base de carne e limitar o total de proteínas em 15% a 20% da matéria seca da
dieta.
sangue [BUN, em inglês], colesterol e ácidos biliares no sangue) podem indicar
disfunção hepática significativa. O diagnóstico EH é baseado em sinais clínicos, no ** Deve-se restringir o cobre em cães com doença hepática associada com o armazenamento de
estado da doença e nas concentrações elevadas de amônia no sangue. cobre. O ideal para estes cães, é que o cobre seja < 5 mg/kg de matéria seca.
Fisiopatologia
O fígado desempenha uma infinidade de processos metabólicos, incluindo a eliminação Princípios da alimentação coadjuvante
de produtos tóxicos, armazenamento de nutrientes e o metabolismo e a regulação dos O objetivo do manejo nutricional de doenças do fígado é basicamente de suporte e
carboidratos, gorduras e proteínas. Quando existe uma anormalidade no metabolismo requer um delicado equilíbrio entre a promoção da regeneração hepatocelular e
hepático dos subprodutos de nitrogênio do intestino, se produzirá a EH. As coagulopatias fornecer nutrientes para manter a homeostase, sem exceder a capacidade metabólica
ocorrem devido a uma falha do fígado em produzir fatores de coagulação e hipoglicemia que leva ao acúmulo de metabólitos tóxicos. É vital que o animal com doença hepática
a partir do metabolismo alterado de carboidratos. A hipoalbuminemia causada pela tenha uma ingestão adequada de calorias para minimizar o catabolismo e promover
diminuição da produção do fígado contribuirá para a formação de ascite e ulceração a recuperação da função hepática, a regeneração e a adequada síntese de proteínas. A
gastrointestinal em alguns pacientes. Com vários tipos de disfunção hepática pode-se fim de satisfazer as necessidades energéticas do paciente poderá precisar de uma sonda
também causar alterações no metabolismo do cobre e das vitaminas. de alimentação enteral ou nutrição parenteral.
Predisposição
Em seguida, deve-se considerar o teor de proteína e iniciar a restrição de proteína só com
a evidência clínica de intolerância às proteínas (ou seja, encefalopatia hepática). Também
A doença hepática pode ocorrer em cães de qualquer raça. Os DPS congênitos são são importantes a digestibilidade das proteínas e o tipo de aminoácido fornecido. As
identificados em cães jovens, na maioria das vezes em raças pequenas. Doença hepática dietas ricas em aminoácidos aromáticos (AAA) promovem a formação de falsos
aguda causada por medicamentos ou toxinas pode ocorrer em qualquer idade e em neurotransmissores e subsequente doença hepática. Em geral, as proteínas da carne tem
qualquer raça. A HC é mais frequentemente vista em fêmeas de meia-idade (geralmente um teor mais elevado de AAA e devem ser evitadas, enquanto as proteínas a base de
entre 3 e 10 anos). Tem sido documentado que certas raças de cães têm defeitos produtos lácteos e vegetais são as principais fontes de aminoácidos de cadeia ramificada
metabólicos no metabolismo do cobre, causando uma HC associada ao cobre; entre (BCAA) e diminuem o risco de EH.
estas raças estão Bedlington Terrier, Doberman Pinscher, West Highland, White Terrier, As fibras solúveis sofrem fermentação bacteriana no cólon, produzindo a redução de
Skye Terrier, Dálmata e Labrador Retriever. ácidos orgânicos do pH do cólon no interior do lúmen e, como consequência, os ácidos
72
hepática; geralmente cães exibem boa tolerância a gorduras e as gorduras não só melhoram amônia, pode prevenir a formação de novos cálculos. Tanto a doença hepática aguda
a palatabilidade, mas também são uma importante fonte de densidade de energia. Às quanto a crônica podem causar EH, ulceração do TGI ou coagulopatia. Pode-se
vezes, o uso de dietas especiais destinadas a doença hepática pode ser rejeitada produzir formação de ascite com a doença hepática crônica devido à hipertensão portal
simplesmente devido à má palatabilidade e, em caso afirmativo, deve-se tentar melhorar e hipoalbuminemia. Ascite é tratada com diuréticos e dietas restritas de sódio, tais
o sabor da dieta. como os utilizados para tratar a insuficiência cardíaca. Com doença hepática aguda
n Recomendações para a dieta – Sem evidências de intolerância às proteínas, são ou crônica, pode-se gerar insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo insuficiência
recomendadas dietas comerciais com nutrientes equilibrados. Deve-se calcular as renal e insuficiência cardiopulmonar; quando isso ocorre, o prognóstico é grave.
medicamentosas
de quatro a seis pequenas porções por dia. Para os cães que são intolerantes a proteínas ou
os cães com doença hepática avançada, são necessárias dietas de restrição de proteínas.
São recomendações para esta finalidade, alimentar com dietas coadjuvantes comerciais Cães com DPS macroscópica congênita são normalmente tratados com cirurgia. Os
para doença hepática ou doença renal. Além disso, também foram publicadas receitas de casos sem cirurgia devem ser tratados nutricionalmente utilizando dietas restritas em
dietas caseiras para a doença hepática. proteínas, fontes de fibras solúveis, tais como Metamucil®, lactulose e antibióticos
Controle
• A toxicidade hepática aguda é atendida com um tratamento de suporte geral e o
prognóstico é baseado na reversibilidade da doença. É indicada a utilização de
antioxidantes e medidas para incrementar as concentrações de glutationa no fígado. Deve ser registado o consumo diário calórico do paciente, além do PC e do PFE.
Comorbidades comuns
Eletrólitos e enzimas hepáticas deverão ser avaliadas regularmente para observar as
melhorias ou a necessidade de qualquer alteração no protocolo de tratamento.
Muitas vezes, os cães com DPS apresentam cálculos concorrentes císticos ou renais de Recomenda-se a repetir biópsias do fígado na HC e na HC associada com cobre para
urato como resultado de elevados níveis de amônia no sangue. Ao eliminar os cálculos determinar a eficácia do tratamento e indicar mudança no protocolo de tratamento.
císticos, corrigir a DPS e tomar medidas para controlar as elevadas concentrações de
Eliminar a etiologia geradora Hepatite crônica associada ao cobre Hepatite crônica (HC) Tratamento com medicamentos Correção cirúrgica
Prevenir o dano hepático contínuo utilizando Iniciar uma dieta com baixo Iniciar uma dieta palatável e de boa
antioxidantes (por exemplo: SAM, N-acetilcisteína, teor de cobre e tratamento de qualidade e indicar um tratamento Evidências de encefalopatia hepática (EH)
vitamina E, Silybum Marianum) quelação especifico para HC
Proporcionar nutrição adequada por via oral, por sonda Considerar um tratamento de auxílio ao fígado usando vitaminas e Alimentar com uma dieta restrita em proteínas
ou parenteral antioxidantes
Controlar a ingestão da dieta e a resposta aos tratamentos prescritos. Modificar o tratamento conforme indicado para cada caso Indicadores contínuos de EH
particular. Tratar complicações secundárias* que possam surgir.
* As complicações podem incluir mudanças no equilíbrio eletrolítico / ácido-base, encefalopatia hepática, coagulopatia, Prescrever lactulose, antibióticos intestinais e/ou
ulceração GI, insuficiência renal, infecções, ascite. fornecer uma fonte de fibras solúveis
73
Doença hepática - Gatos
David C. Twedt, DVM, DACVIM
Predisposição
dietas de suporte nutricional aptas para a alimentação por sonda. Alguns autores
recomendam a suplementação com L-carnitina (250 mg/gato/dia), mas estudos
A colangite ocorre em gatos de meia idade e gatos mais velhos e alguns podem adicionais são necessários para determinar os benefícios. Os níveis de arginina em dietas
apresentar de forma concomitante a pancreatite crônica ou a doença inflamatória comerciais devem atender a alocação mínima na dieta para a manutenção de gatos
intestinal. A lipidose hepática é vista em gatos de idade avançada, como resultado de adultos (> 1% da dieta MS por dia) e, portanto, a suplementação não é necessária.
uma outra doença. A lipidose idiopática ocorre em gatos de meia idade ou de idade Alguns sugerem arginina (1000 mg/dia), tiamina (100 mg/dia) e taurina (500 mg/dia)
avançada, sendo a obesidade, o principal fator de risco para esta doença. durante 3 a 4 semanas. Gatos com doença do fígado e, especialmente, aqueles com
74
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• Doença hepática inflamatória (colangite) em gatos muitas vezes flutua com a medicamentosas
renovação da afecção associada com a anorexia e com os vômitos.
• Lipidose hepática pode ocorrer de maneira secundária frente a várias outras
Gatos com doença hepática causada por colangite são muitas vezes tratados com
antibióticos, corticosteroides e ácido ursodesoxicólico. O vômito é uma complicação
doenças e o prognóstico para a recuperação depende em parte da natureza da comum e com o uso de antieméticos para náuseas e vômitos podem melhorar a
doença primária. ingestão nutricional. Os aspectos nutricionais são essenciais no tratamento de esteatose
• Lipidose hepática idiopática requer um manejo nutricional mais agressivo e o hepática idiopática. Não é recomendado o uso simultâneo de estimulantes de apetite,
cumprimento por parte do proprietário em relação à alimentação em casa. O devido a possíveis efeitos colaterais e ao fato de que raramente são eficazes para garantir
prognóstico é bom para a maioria dos casos. a ingestão nutricional adequada.
Sim Não
75
Encefalopatia hepática - Cães
David C. Twedt, DVM, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A encefalopatia hepática (EH) pode ser definida como uma alteração na função do Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
sistema nervoso central causada por substâncias nitrogenadas derivadas do trato Proteína 15–20 3.5–6.0 18 5.1
Carboidrato 50–65 10–15 n/d n/d
gastrintestinal que atingem o cérebro a partir de uma diminuição da função hepática ou
Fisiopatologia
limitada quando o teor de fibra total de alimentos é avaliado. Deve-se avaliar a lista de
ingredientes para conhecer as fontes de fibras solúveis.
**Deve-se restringir o cobre em cães com doença hepática associada com o
armazenamento de cobre. O ideal, para estes cães, é que o cobre seja < 5 mg/kg de
A EH surge a partir de substâncias nitrogenadas absorvidas no intestino que sem o
metabolismo hepático adequado atingem o cérebro e causam alterações na matéria seca.
neurotransmissão que afetam a consciência e o comportamento. A amônia é um
Predisposição
já que isso irá minimizar o catabolismo e promoverá a recuperação da função do fígado,
a regeneração e a síntese adequada de proteínas. Em seguida, deve-se considerar o teor
A DPS congênita geralmente é identificada em cães jovens de raças pequenas. A de proteína. Normalmente a restrição proteica inicia com a evidência clínica de EH. As
doença hepática aguda pode ocorrer em qualquer idade e em qualquer raça. A proteínas subministradas devem ser altamente digestíveis e constituirão de 15% a 20%
doença hepática crônica é identificada com mais frequência em cães de idade de matéria seca (MS) com a qual se alimente. As dietas ricas em aminoácidos aromáticos
avançada. Certas raças de cães possuem maior risco, entre elas Bedlington Terrier, (AAA) que promovem a formação de falsos neurotransmissores devem ser evitadas. As
Doberman Pinscher, West Highland White Terrier, Skye Terrier, Dálmata, proteínas da carne têm um teor mais elevado de AAA e devem ser evitadas, enquanto
Labrador Retriever, Poodle e Cocker Spaniel. as proteínas a base de vegetais e de produtos lácteos são as principais fontes de
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) e podem diminuir a EH. As fibras solúveis
Modificações nos nutrientes essenciais sofrem a fermentação bacteriana para a produção de ácidos orgânicos. A fermentação
promove a conversão de amônia luminal (NH3) em amônio (HN4 +), que, em virtude
A dieta é fundamental no tratamento da EH e deve ser escolhida para reduzir a carga
da sua carga total, é menos facilmente absorvida pela corrente sanguínea. As fibras
de nitrogênio no intestino por meio da restrição das proteínas. Evite a restrição severa de
também funcionam como um laxativo osmótico reduzindo a absorção da amônia e
proteínas, em vez disso alimente com uma dieta com teor de proteína moderado.
dos fatores encefalopáticos relacionados com derivados nitrogenados a partir do trato
Restrição prolongada de nitrogênio contribui com a má nutrição e acaba sendo
gastrointestinal. Pode ser suplementada com fibras fermentáveis tais como psyllium (1-
prejudicial. Muitas vezes pode-se atingir um equilíbrio de nitrogênio positivo juntamente
3 colheres de chá por refeição) se a dieta oferecida não contiver fibras fermentáveis.
com um tratamento complementar para EH. Proporcionar uma fonte de proteína
É sugerida a suplementação adequada de vitaminas, oferecida como um produto com
altamente digestível contribuindo com 15% a 20% de matéria seca (MS). As fontes
o complexo B, devido às funções metabólicas importantes que as vitaminas
vegetais e produtos lácteos são preferíveis à proteína animal, fornecendo uma maior
desempenham no fígado. Muitos tipos de doença hepática podem se beneficiar do
relação caloria-nitrogênio e tendem a ter mais BCAA que AAA. Uma maior restrição
apoio sob a forma de antioxidantes nutricionais. Os suplementos nutricionais fornecidos
proteica só deve ser estabelecida apenas no paciente que apresente evidências clínicas de
para funcionar como antioxidantes, incluindo vitamina E, zinco e os precursores da
intolerância à proteína, apesar do tratamento adequado para EH. Também podem ser
glutationa, tais como S-adenosilmetionina (SAM) podem ser benéficos. O zinco, um
benéficas dietas que contenham ou sejam suplementadas com fibras solúveis, um
cofator de enzimas do ciclo da ureia, muitas vezes é deficiente em seres humanos com
substrato para as bactérias do cólon e subsequente acidificação do cólon.
EH e sua suplementação poderia ser benéfica, embora isto não tenha sido documentado
em cães. Alimentar com várias pequenas porções por dia pode ajudar a manter os níveis
de glicose e, simultaneamente, reduzir o impacto metabólico sobre o fígado. Se o animal
está anoréxico, pode precisar de uma sonda de alimentação enteral ou parenteral para
satisfazer as necessidades nutricionais do paciente.
n Petiscos – Normalmente não são recomendados petiscos. É aceitável oferecer
petiscos pobres em proteínas ou petiscos à base de carboidratos predominantemente.
76
Deve-se evitar petiscos ou suplementos de vitaminas e minerais que contenham cobre. Comorbidades comuns
Bolachas, biscoitos e ossos de couro cru ou outros devem ser evitados na maioria dos Muitas vezes, os cães com DPS apresentam cálculos concorrentes císticos ou renais
casos, porque fornecem benefícios nutricionais mínimos. de urato como resultado das elevadas concentrações de amônia no sangue. Eliminar
n Dicas para aumentar a palatabilidade –A palatabilidade da dieta é extremamente os cálculos císticos presentes, corrigir cirurgicamente DPS e tomar medidas para
importante. Primeiro, deve investigar se existem doenças que estejam associadas ao fígado controlar as altas concentrações de amônia previnem a formação de novos cálculos.
que possam contribuir para a anorexia como ulcerações gastrointestinais ou Às vezes os cães com uma anomalia congênita apresentarão mais anomalias. A doença
anormalidades nos eletrólitos e, se identificadas, devem ser corrigidas. A gordura na dieta hepática tanto aguda como crônica podem causar EH, ulceração do trato GI ou
melhora a palatabilidade e não há necessidade de restringir o conteúdo de gordura no coagulopatia. Pode ocorrer a formação de ascite com a doença hepática crônica devido
paciente que sofre de doença hepática ou EH. As gorduras não só melhoram a à combinação de hipertensão portal e hipoalbuminemia. A ascite é tratada com
palatabilidade, mas também constituem uma importante fonte de densidade energética. diuréticos e dietas restritas de sódio, tais como os utilizados para tratar a insuficiência
Aquecer ligeiramente o alimento ou agregar saborizantes também pode ser útil. cardíaca. Tanto a doença hepática avançada aguda como a crônica podem gerar
n Recomendações para a dieta – Dietas recomendadas para alimentar o paciente insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo insuficiência renal e insuficiência
com EH incluem dietas especializadas para doença hepática ou doença renal. Ambas cardiopulmonar; quando isto ocorre, o prognóstico é grave.
Administrar tratamento específico para a doença hepática primária +/- Correção cirúrgica
77
Encefalopatia hepática - Gatos
David C. Twedt, DVN, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A encefalopatia hepática(EH) é uma alteração na função do sistema nervoso central Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína# 25–30 5–8 28 6.5
causada por substâncias nitrogenadas derivadas do trato gastrintestinal que penetram
complementares
energia metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos
requisitos normais, de acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
O diagnóstico da EH é baseado no histórico médico, nos sinais clínicos e nas * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela
Associação Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Deve-se evitar as dietas a base de carne. No tratamento da encefalopatia hepática
concentrações elevadas de amônia no sangue. A hipersalivação e os ataques são indicadores #
comuns de EH nos gatos. Os testes de laboratório e de imagem são necessários para são preferíveis as proteínas altamente digestíveis a base de vegetais ou lácteos.
determinar se a EH é o resultado da insuficiência hepática ou de uma DPS. Também
Fisiopatologia
de EH. O estado catabólico desenvolve-se rapidamente no gato anorético e devem ser
tomadas medidas imediatas para corrigir esta situação. Normalmente, é indicada a
A EH surge a partir de substâncias nitrogenadas absorvidas no intestino que sem colocação de uma sonda de alimentação gastrointestinal para o tratamento, a fim de
o metabolismo hepático adequado atingem o cérebro e causam alterações na satisfazer os requisitos nutricionais indicados. Para esta finalidade são necessárias sondas
neurotransmissão que afetam a consciência e o comportamento. A amônia é um nasogástricas, esofágicas ou de gastrostomia. Em seguida, deve-se calcular as
fator essencial, mas entre outras toxinas derivadas dos intestinos estão: substâncias necessidades calóricas para o paciente com base no PC ideal; em geral, é adequado
similares a benzodiazepina, ácidos graxos de cadeia curta e média, fenóis e para a maioria dos gatos alimentá-los com 50 a 55 kcal/kg de peso corporal. Suprir as
mercaptanos. As alterações nas proporções de aminoácidos aromáticos (AAA) necessidades calóricas calculadas promoverá a recuperação da função hepática, a
com os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) no cérebro pode contribuir regeneração e a síntese adequada de proteínas.
para a EH, pois acredita-se que as concentrações mais elevadas de AAA A quantidade e o conteúdo de proteínas na dieta devem ser considerados quando uma
promovem a formação de falsos neurotransmissores. EH está presente. No entanto, ao contrário dos cães, a restrição de proteínas raramente
começa em gatos com evidência clínica de EH devido aos requisitos inatos dos gatos
Predisposição para as proteínas. As proteínas devem ser altamente digestíveis e constituem de 25% a
30% de MS. As proteínas da carne têm um teor mais elevado de AAA e devem ser
A DPS congênita geralmente é identificada em gatos jovens. É relatado que alguns
evitadas, enquanto as proteínas a base de lácteos e vegetais são as principais fontes de
apresentam uma íris com incomum cor de cobre. A doença hepática aguda pode
BCAA e podem diminuir a EH. Geralmente, deve-se evitar em gatos as dietas ricas em
ocorrer em qualquer idade e em qualquer raça. A lipidose hepática idiopática ocorre
fibra porque diminuem a densidade de nutrientes da dieta.
em gatos obesos de meia idade. A doença hepática crônica ocorre em gatos de idade
Sugere-se suplementação adequada de vitamina, oferecida como um produto com o
avançada sem predileção de raça.
complexo B, devido às funções metabólicas importantes que as vitaminas
Modificações nos nutrientes essenciais
desempenham no fígado. Muitos tipos de doenças hepáticas podem beneficiar-se com
o apoio sob a forma de antioxidantes nutricionais. Os suplementos nutricionais
Deverá ser escolhida a dieta para o tratamento da EH para reduzir a carga de nitrogênio fornecidos como antioxidante incluindo vitamina E e precursores de glutationa, tais
no intestino. Na maioria dos casos deve-se evitar a restrição de proteína quando for como S-adenosilmetionina (SAM), podem ser benéficos. Alimentar com várias
alimentar gatos com EH, devido às suas altas exigências de proteína. Em vez disso, pequenas porções por dia pode ajudar a manter os níveis de glicose e, simultaneamente,
recomenda-se uma fonte moderada de proteínas de alta qualidade que contribua com reduzir o impacto metabólico no fígado.
25% a 30% de matéria seca (MS). Fontes vegetais e lácteas de proteínas são preferíveis n Petiscos – Normalmente não se recomenda a oferta de petiscos aos gatos com
às proteínas de origem animal, porque fornecem uma maior relação caloria-nitrogênio doença hepática.
e tendem a ter mais BCAA do que AAA. n Dicas para aumentar a palatabilidade –A palatabilidade da dieta é extremamente
Gatos com LHI muitas vezes necessitam de suplementação com vitamina B (incluindo importante. Em primeiro lugar, deve-se investigar se existem doenças hepáticas
cobalamina). Outros suplementos sugeridos são carnitina, arginina, taurina e tiamina, associadas que possam contribuir para a anorexia como uma ulceração GI ou
embora a sua importância em vários tipos de doenças hepáticas não esteja bem anormalidades nos eletrólitos e corrigi-las, conforme necessário. A gordura na dieta
documentada. A carnitina funciona para o transporte de ácidos graxos para as melhora a palatabilidade e não há necessidade de restringir gordura em gatos com LHI
mitocôndrias hepáticas para produção de energia. A arginina é um aminoácido ou outras causas de EH. As gorduras são também uma importante fonte de densidade
essencial que deve vir a partir da dieta e desempenha um importante papel no ciclo da de energia. Aquecer ligeiramente o alimento e agregar palatabilizante pode ser de
ureia nos gatos. A taurina também é um nutriente essencial para os gatos e está envolvido utilidade. A alimentação forçada nos gatos anoréticos com LHI deverá ser evitada
na função do sistema nervoso central; a deficiência de taurina poderia ser confundida porque pode ocasionar aversão aos alimentos.
com indicadores associados à EH. n Recomendações para a dieta–As dietas recomendadas para alimentar o paciente
com EH incluem dietas especializadas para a doença hepática ou doença renal; ambas
contêm uma quantidade moderada de proteínas altamente digestíveis. Se a alimentação
78
por sonda for necessária, usar dietas especializadas de alta densidade formuladas para Ocasionalmente, os gatos com LHI podem sofrer de síndrome da realimentação
tal uso. As sondas de alimentação nasogástrica exigem uma fórmula alimentar líquida (retorno ao alimento), uma doença que provoca alterações no metabolismo dos
para gatos. Deve-se calcular as necessidades calóricas para determinar as necessidades eletrólitos. Com a adição de alimentos, a secreção de insulina aumenta e causa a
do paciente e tal montante deve ser dividido entre quatro a seis pequenas porções por absorção intracelular de fósforo, de potássio e de magnésio. A hipofosfatemia pode
dia. Os animais que apresentam intolerância a proteínas ou agravamento nos sinais provocar fraqueza muscular e anemia hemolítica. A incorporação lenta de alimentos
clínicos necessitam de dietas com menor teor de proteínas e tratamento adicional para e a correção dos eletrólitos previnem a síndrome da realimentação. A hiperglicemia e
a EH. Normalmente não são recomendadas as dietas caseiras para gatos devido às a intolerância à glicose são comuns em gatos com LHI ou outras doenças do fígado e
exigências nutricionais exclusivas destes animais. podem ser reduzidas, diminuindo o teor de carboidratos na dieta.
medicamentosas
via oral e, se necessário, antibióticos intestinais para controlar os indicadores. O
prognóstico a longo prazo é bastante variável.
• A insuficiência hepática aguda causada por EH, normalmente, é grave e tem Normalmente, o tratamento com medicamentos da EH envolve tratamentos
prognóstico reservado. No entanto, a doença hepática aguda apresenta a possibilidade adicionais que vão além da manipulação dietética. Se a dieta inicial dá como resultado
de se reverter se as funções metabólicas vitais puderem ser mantidas até que o fígado a continuidade dos indicadores da EH, deve-se definir uma restrição de proteína mais
tenha tempo para se regenerar. elevada. Em casos de EH aguda, a lavagem intestinal é o pilar do tratamento porque
• O gato que sofre de LHI requer uma abordagem nutricional mais agressiva e o os enemas para evacuar o cólon eliminam os substratos nitrogenados do intestino. O
proprietário deve ser envolvido na alimentação por sonda em casa até que o gato tratamento crônico da EH normalmente requer o uso de lactulose e antibióticos
comece a comer por conta própria. Em geral, o prognóstico é bom nestes casos. Se a intestinais, por via oral. A lactulose também pode ser usada em enemas de evacuação.
lipidose hepática ocorre de maneira secundária a outras doenças que causam anorexia, Os fatores provocantes na EH, incluindo a hipoglicemia, hipocalemia, alcalose e
geralmente o prognóstico não é tão bom e depende da doença subjacente. ulceração GI, devem ser evitados ou prevenidos. Em geral, a doença hepática
• O prognóstico para doença hepática crônica que causa a EH é grave. Quando a inflamatória crônica é tratada com corticosteroides e pode causar intolerância à glicose.
EH ocorre na doença hepática crônica, geralmente há cirrose. Nesta situação, o único
tratamento é de suporte e envolve tratar as complicações da doença hepática crônica.
Controle
Com o tratamento apropriado para a EH, o paciente pode melhorar a curto prazo.
O paciente deve consumir quantidades adequadas de calorias e o tratamento específico
Comorbidades comuns
para a doença primária deve ser iniciado. O estado clínico e neurológico deve melhorar
com a dieta adequada e com o tratamento com lactulose. Se estas medidas não
Gatos com DPS congênita podem ter convulsões associados a elevados níveis de melhorarem a condição do paciente, então deve-se administrar antibióticos intestinais.
amônia no sangue. Às vezes, os ataques ocorrem após a correção cirúrgica do desvio e Além disso, os fatores provocantes da EH devem ser excluídos com a realização de um
podem necessitar de tratamento com anticonvulsivante. perfil bioquímico que inclua eletrólitos e uma análise de sangue oculto nas fezes. Se as
anomalias são identificadas, devem ser corrigidas.
Lipidose hepática aguda Doença hepática aguda Doença hepática crônica Anomalia vascular congênita
Colocar sonda de alimentação Permitir um tratamento específico para a doença de fígado primária +/- Correção cirúrgica
Continuidade dos indicadores de EH: Enemas para a lavagem intestinal * Fatores provocadores: hipocalemia,
•Primeiro, receitar lactulose alcalose, desidratação, ulceração GI,
•Em seguida, começar com antibióticos de ação insuficiência renal, infecções, tratamento
intestinal (neomicina,metronidazol, amoxicilina) Corrigir os fatores provocadores que contribuem com diuréticos, medicamentos
com EH*
79
Hiperlipidemia - Cães
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemia é definida como o aumento das concentrações de triglicerideos Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 5–10 1.2–2.3 5.0 1.4
(TG), colesterol ou ambos no sangue.
Fisiopatologia
é que a conversa inicial com o proprietário deva se concentrar nos esforços para restringir
a gordura na dieta existente e outras recomendações para restringir as gorduras, como
O tipo mais comum é a hiperlipidemia pós-prandial; este é um fenômeno normal uma mudança total da dieta. Numerosas dietas coadjuvantes se encontram à venda,
que resulta da ocorrência de quilomicrons na circulação de 2 a 6 horas após a ingestão incluindo aquelas formuladas principalmente para o tratamento da obesidade,
de gordura e que geralmente é resolvida após aproximadamente 10 horas. As distúrbios gastrointestinais e mesmo as dietas hipoalergênicas, desde que sejam
hiperlipidemias primáriaspodem resultar de um defeito herdado no metabolismo das reduzidas em seu conteúdo total de gordura.
lipoproteínas (por exemplo: hiperlipidemia primária/familiar, incluindo formas As dietas ricas em ácidos graxos Ômega 3 podem ser particularmente úteis, mas apenas
idiopáticas). Assim mesmo, podem aparecer hiperlipidemias secundárias; nelas o no contexto de uma abordagem dietética geral de baixo teor em gorduras. A
aumento de triglicerídeos ocorre devido a um aumento da produção de quilomicron suplementação com óleos de peixe em dietas existentes com baixo conteúdo de
ou VLDL, menor catabolismo, ou uma combinação de ambos. Os aumentos no gorduras pode ser mais apropriada que alimentar com uma dieta com baixo conteúdo
colesterol estão mais comumente associados com o aumento das lipoproteínas de baixa de gorduras que contenha ácidos graxos Ômega-3, que podem excluir qualquer
densidade (LDL, em inglês) ou lipoproteínas de alta densidade (HDL, em inglês), benefício. Os ácidos graxos Ômega 3 de cadeia longa são necessários em vez de ácidos
mas raramente produzem soro sanguíneo leitoso. Ômega-3 de origem vegetal, porque o efeito de redução de triglicerídeos é
Predisposição
principalmente devido ao ácido docosahexaenóico (DHA), que não é bem sintetizado
a partir de precursores de origem vegetal.
Os cães da raça Schnauzer Miniatura são particularmente suscetíveis a formas A incorporação de fibra solúvel na dieta interfere com a absorção entérica do colesterol
idiopáticas de hipertrigliceridemia. Há também relatos sobre os cães da raça Beagle e e dos ácidos biliares e pode ajudar a reduzir os estados hipercolesterolêmicos.
diferentes raças de Terrier. Têm sido documentados hipercolesterolemia idiopática em Normalmente, dietas secas contêm menos colesterol do que as dietas úmidas e podem
cães de raça Rottweiler e Doberman Pinscher. ter menos gordura total, em geral. As sobras de comida, que muitas vezes são ricas em
gorduras, devem ser evitadas.
Modificações nos nutrientes essenciais
n Petiscos–Os petiscos não são recomendados a menos que se saiba que são pobres
em gordura. Alimentos humanos tais como legumes ou bolachas com baixo teor de
Os nutrientes básicos para o tratamento da hiperlipidemia primária incluem dietas
gordura podem ser substitutos.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Obviamente, a utilização de óleos
pobres em gorduras (< 20% de energia metabólica) e maior ingestão de ácidos graxos
ômega 3 de cadeia longa. No caso de formas secundárias (ou seja, comorbidades), deve-
alimentares para melhorar a palatabilidade é contraindicada. Sugere-se umedecer os
se tentar identificar a causa subjacente (ver abaixo) e iniciar o tratamento dietético e
alimentos secos ou fazer uma mudança na dieta dentro da categoria de baixo teor de
outras técnicas para controlar distúrbios metabólicos identificados.
gordura. Em alguns casos, usar uma camada de um alimento enlatado, com baixo teor
de gordura sobre o alimento seco pode melhorar a aceitação desde que o total de
gorduras e calorias permaneça controlado.
n Recomendações para a dieta – Várias formas de dietas pobres em gordura estão à
venda principalmente como dietas coadjuvantes. Há duas variedades: enlatados e
extrusado seco, mas o conteúdo de gorduras de ambos, mesmo com o mesmo nome
do produto pode ser diferente, por isso tome cuidado ao escolher o produto comercial
mais adequado. Muitas vezes, produtos enlatados têm um maior teor de gordura,
mesmo que tenham o mesmo nome na versão seca, no entanto, pode ser uma
alternativa útil em alguns casos. Os montantes que se deve alimentar são os necessários
para manter um peso corporal saudável, sem obesidade. Para os animais obesos, os
esforços devem ser feitos para reduzir a ingestão calórica. As dietas caseiras podem ser
uma alternativa necessária nos casos em que a resposta a dietas comerciais de baixo teor
em gordura seja insatisfatória.
80
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A adesão a uma dieta baixa em gordura é necessária, incluindo todos os alimentos medicamentosas
comumente consumidos como petiscos baseados em alimentos para animais Vários tratamentos com medicamentos podem ser úteis para tratar as hiperlipidemias,
ou para os seres humanos. mas todos podem causar efeitos colaterais indesejados. Em geral, concentrações de
• Deve-se discutir a ingestão total de calorias, mesmo utilizando alimentos de baixo triglicerídeos < 500 mg/dl não deverão ser tratados farmacologicamente. A niacina
teor em gordura, e sugerir alternativas. (100 mg/dia) pode reduzir a libertação de ácidos graxos a partir de adipócitos, causando
• Cães normalmente consomem cápsulas de óleo de peixe como petisco; essas uma diminuição na síntese de VLDL, mas pode causar prurido facial, eritema e
cápsulas podem ser um substituto adequado para os petiscos. vômitos. Derivados de fibratos estimulam a atividade da lipoproteína lipase e podem
Comorbidades comuns
ser utilizados 10 mg/kg de peso corporal duas vezes por dia; no entanto, vômitos e
diarreia também podem ocorrer. As estatinas suprimem a síntese de colesterol, mas
As doenças associadas a hiperlipidemias secundárias incluem diabetes mellitus, podem produzir efeitos secundários, tais como letargia, dor muscular e elevação das
hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, colestase e síndrome nefrótica, ou podem enzimas hepáticas. O probucolé um medicamento para baixar o colesterol, mas tem
estar relacionadas com medicamentos (acetato de megestrol, corticosteroides, agentes sido associado a arritmias. A colestiramina, um sequestrante do ácido biliar, pode ser
antiepilépticos). A hipertrigliceridemia relacionada ao diabetes mellitus pode ser eficaz na redução do colesterol no sangue (1 - 2 g por via oral duas vezes por dia). Pode
atribuída à redução da atividade da lipoproteína lipase e uma depuração mais baixa de causar constipação, bem como o aumento da síntese de triglicerídeos e de VLDL. A
soro ou o aumento da produção. A falta de insulina também pode estimular a lipólise hipercolesterolemia, quando é inferior a aproximadamente 750 mg/dl, geralmente
e aumentar a criação de colesterol. O hiperadrenocorticismo pode provocar a não é um risco para a saúde, portanto, os esforços de tratamento continuam mais
hipertrigliceridemia devido ao aumento da mobilização de lipídios a partir dos locais focados na redução de gordura da dieta e suplementação com óleo de peixe.
Controle
de armazenamento mediados pela estimulação das atividades da lipase sensível aos
hormônios nos tecidos. Os glicocorticoides também podem inibir a lipoproteína lipase,
reduzindo a depuração dos triglicerídeos. O hipertireoidismo é a causa mais comum O controle envolve determinações de dados químicos no sangue, incluindo enzimas
de hipercolesterolemia. Muitas vezes, os cães submetidos a tratamento para os ataques hepáticas e medições dos lipídios.
têm hipertrigliceridemia. A hipertrigliceridemia é um fator de risco de pancreatite.
Secundária: Descartar
hipotireoidismo, Colesterol> Colesterol>
hiperadrenocorticismo, 750 µg / dl 750 µg / dl
Dieta com baixo
teor de gorduras induzido por medicação, dieta
+/- óleo de peixe com teor super alto de gordura
(pode-se testar
com fibratos) Agentes redutores do colesterol (estatinas, Reavaliar
probucol), do tipo dieta seca (baixo teor de novamente em
gordura), sem sobras de comida 60-90 dias
81
Hiperlipidemia - Gatos
John E. Bauer, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemia é definida como o aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (TG), Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 5–10 1.2–2.3 9.0 2.2
colesterol, ou ambos.
das amostras durante 12 horas é útil para determinar se os triglicerídeos estão associados ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa provenientes do óleo de peixe. O óleo de peixe
a partículas pós-prandiais (quilomícrons) ou partículas endógenas (lipoproteína de padrão contendo 30% de EPA + DHA.
muito baixa densidade [VLDL, em inglês]). Os quilomicrons são menos densos e
flutuaram nesse estado, enquanto os VLDL permanecem suspensos no soro sanguíneo.
Princípios da alimentação coadjuvante
Podem ocorrer casos de vômitos, diarreia ou dores abdominais.
Deve-se obter o histórico alimentar com foco no conteúdo de gordura da dieta.
Fisiopatologia
O ideal é que a conversa inicial com o proprietário deva se concentrar nos esforços
para restringir a gordura na dieta existente (eliminação de petiscos e sobras de
O tipo mais comum é a hiperlipidemia pós-prandial. Trata-se de um fenômeno normal comida, se aplicável) e outras recomendações para restringir as gorduras, como
que resulta da ocorrência de quilomicrons na circulação 2 a 6 horas após a ingestão de uma completa mudança de dieta. Numerosas dietas coadjuvantes se encontram
gorduras e que, geralmente, é resolvido após cerca de 10 horas. Uma hiperlipidemia à venda, incluindo as recomendadas principalmente para o tratamento da
primária reconhecida em gatos é resultado de um defeito herdado no metabolismo obesidade, dos distúrbios gastrointestinais e mesmo das dietas hipoalergênicas,
da lipoproteína lipase. Neste caso, se produz uma menor depuração (catabolismo) das desde que sejam reduzidas em seu conteúdo total de gorduras.
partículas pós-prandiais ricas em triglicerídeos (ou seja, quilomicron) e /ou das As dietas ricas em ácidos graxos Ômega 3 podem ser particularmente úteis no contexto
partículas endógenas (VLDL). A hipercolesterolemia primária também existe; de uma abordagem dietética geral de baixo teor em gorduras, mas até hoje não há
habitualmente os aumentos do colesterol estão associados aos aumentos das estudos concretos. A suplementação com óleo de peixe em dietas existentes com teor
lipoproteínas da baixa densidade (LDL, em inglês) ou lipoproteína de alta densidade baixo em gorduras pode ser mais apropriada que alimentar com uma dieta com baixo
(HDL, em inglês), mas raramente produzem soro lactescente. conteúdo de gorduras que contenha óleos Ômega-3, que podem excluir qualquer
Os xantomas cutâneos (tumor benigno de pele) causados por células espumosas e benefício. Os ácidos graxos Ômega 3 de cadeia longa são necessários em vez de ácidos
macrófagos carregados de lipídios são a manifestação mais comum de hiperlipidemia Ômega-3 de origem vegetal porque o efeito de redução de triglicerídeos é
em gatos. Hipercolesterolemia grave pode ser associada com a lipemia retinalis, arco principalmente devido ao ácido docosaexaenoico (DHA), que não é bem sintetizado
lipoides, e raramente, aterosclerose. Hiperlipidemias secundárias podem ocorrer; nelas a partir de precursores de origem vegetal.
os aumentos dos triglicerídeos ocorrem devido a uma maior produção de quilomicrons A incorporação de fibras solúveis na dieta interfere na absorção entérica do colesterol
ou VLDL, um menor catabolismo, ou uma combinação de ambos devido a uma outra e dos ácidos biliares e pode ajudar a reduzir os estados hipercolesterolêmicos.
desordem primária. Normalmente, dietas secas contêm menos colesterol do que as dietas úmidas e podem
Predisposição
ter menos gorduras totais, em geral.
n Petiscos–Não são recomendadas, a menos que se saiba que são pobres em gorduras.
Até o momento não foram identificadas predileções por raças. n Dicas para aumentar a palatabilidade – Obviamente, a utilização de óleos
82
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A adesão a uma dieta baixa em gorduras é necessária, incluindo todos os alimentos medicamentosas
comumente consumidos como petiscos e os alimentos para humanos. Vários tratamentos com fármacos podem ser úteis para tratar as hiperlipidemias, mas
• Deve-se discutir a ingestão total de calorias, mesmo utilizando alimentos de baixo todas podem causar efeitos colaterais indesejados ou não foram exploradas totalmente
teor em gordura, e sugerir alternativas. em gatos. Em geral, concentrações de triglicerídeos < 500 mg/dl não deverão ser
• Alguns gatos rejeitam cápsulas de óleo de peixe como petisco, mas muitas vezes tratados farmacologicamente. A niacina (100 mg/dia) pode reduzir a libertação de
aceitam óleo quando é derramado sobre a dieta existente. ácidos graxos a partir de adipócitos, causando uma diminuição na síntese de VLDL,
Comorbidades comuns
mas pode causar prurido facial, eritema e vômitos. Derivados de fibrato estimulam a
atividade da lipase lipoproteica e podem ser utilizados em 10 mg/kg de peso corporal
As doenças associadas com hiperlipidemias secundárias incluem diabetes mellitus, duas vezes por dia; no entanto, vômitos e diarreia também podem ocorrer. As estatinas
hiperadrenocorticismo, colestase, síndrome nefrótica, ou podem estar relacionadas suprimem a síntese de colesterol, mas podem produzir efeitos secundários, tais como
com medicamentos (acetato de megestrol, corticosteroides). A hipertrigliceridemia letargia, dor muscular e elevação do nível das enzimas hepáticas. O probucol é um
associada ao diabetes mellitus pode ser atribuída a uma redução da atividade da medicamento para baixar o colesterol, mas tem sido associado a arritmias. Sustância
lipoproteína lipase e uma depuração mais baixa do soro ou o aumento da produção. armazenadora do ácido biliar, a colestiramina pode ser eficaz na redução do colesterol
A falta de insulina também pode estimular a lipólise e aumentar a criação de colesterol. no soro sanguíneo (1 - 2 g por via oral duas vezes por dia). Pode causar constipação, bem
Os glicocorticoides podem inibir a lipoproteína lipase, reduzindo a depuração dos como o aumento da síntese de triglicerídeos e de VLDL.
Controle
triglicerídeos. Pode-se observar lipemia retinalis, e xantomas cutâneos (macrófagos
carregados de lipídeos sob a pele) ou granulomas torácicos podem ser observados com
hipercolesterolemia. As neuropatias periféricas (paralisia do nervo radial ou do nervo O controle envolve determinações de dados químicos no soro, incluindo enzimas
tibial e a síndrome de Horner) podem estar associadas à hipercolesterolemia. hepáticas e medições de lipídios.
TG provavelmente > 1000 mg / dl Sim Soro lactescente Não Perfil de lipídeos (TG e colesterol)
Primário Secundário
Possible LPL
deficiency
83
Doença renal crônica - Cães
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutrient % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A doença renal é a presença de anomalias funcionais ou estruturais nos rins ou ambos. A Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fósforo 0.2–0.4 0.04–0.08 0.5 0.14
doença renal crônica(DRC) é uma doença renal que persiste com os sintomas por mais
Fisiopatologia
2) manter a normalidade dos eletrólitos e do equilíbrio ácido-base 3) otimizar a nutrição,
e 4) diminuir a perda progressiva da função renal. O manejo nutricional utilizando dietas
A perda de néfrons leva à retenção de resíduos (especialmente resíduos nitrogenados), à fabricadas e formuladas para cães com DRC tem demostrado prolongar
deterioração do equilíbrio dos fluidos corporais e eletrólitos do corpo e à produção substancialmente o período de vida e limitar os sinais clínicos de uremia em estudos
limitada de hormônios renais (por exemplo: eritropoietina, calcitriol). Uma função renal clínicos aleatórios controlados em cães com DRC espontânea em estágios 3 e 4. Com
marcadamente deteriorada leva à uremia com anorexia, perda de peso e indicadores base nos resultados destes testes clínicos, o tratamento clínico é indicado para cães com
gastrointestinais. Ingestão excessiva de proteínas, fósforo, sódio e nutrientes acidificantes DRC estágios 3 e 4. A terapia nutricional pode também ser indicada para cães com
podem promover indicadores urêmicos e /ou dano renal progressivo. DRC estágio 2 quando o fósforo sérico permanece acima de 4,5 mg/dl. Ao limitar a
Predisposição
ingestão de proteínas e subministrar, PUFA Ômega 3 pode-se limitar a proteinúria,
recomendam-se dietas renais quando a relação PUCU excede 2,0 no estágio 1 da DRC
A doença renal crônica é normalmente encontrada em cães com mais de sete anos, mas e 0,5 no estágio 2 da DRC. A contribuição exata de cada componente da dieta de forma
pode ocorrer em todas as faixas etárias. As raças predispostas a DRC hereditária são: individual aos efeitos benéficos destas dietas ainda permanece sem ser estabelecida.
Beagle, Inglês Foxhound, Bull Terrier, Doberman Pinscher, Samoyeda, cão de montanha Dietas renais devem conter ~ 14% a 17% de proteínas, ≤ 0,3% de fósforo e ~ 0,2% a
de Bernese, Brittany Spaniel, Rottweiler, Shih Tzu, Lhasa Apso, Keeshond, Elkhound 0,3% de sódio. Ainda assim, as dietas renais fabricadas podem também incluir conteúdos
norueguês, Cairn Terrier, West Highland Terrier branco, Wheaten Terrier de pelo macio, mais elevados de PUFA Ômega 3, fibra, vitamina D e antioxidantes, uma densidade de
energia mais elevada e um efeito neutro sobre o pH sistêmico.
n Petiscos– A maioria dos alimentos com baixo teor em proteínas, fósforo e sódio
Basenji, Cocker Spaniel e Shar-Pei.
84
Pontos para a educação do proprietário Estratégias para o manejo das interações
• A DRC é irreversível e estará presente pelo resto da vida do animal. Muitas das medicamentosas
recomendações para o tratamento de cães com DRC terão que permanecer pelo resto Os quelantes de fosfato intestinal (por exemplo: alumínio, cálcio, ou sais de lantânio) têm
da vida do animal. um efeito aditivo com a restrição do fósforo da dieta para reduzir a ingestão de fósforo. O
• Visitas regulares de acompanhamento são essenciais para detectar mudanças nas calcitriol (dihidroxicolecalciferol), que é produzido pelos rins e, muitas vezes deficiente em
necessidades de tratamento. pacientes com DRC, geralmente é utilizado para suprimir ainda mais o
• A DRC é uma doença progressiva; no entanto, o tratamento correto e controles hiperparatiroidismo renal e retardar a progressão da DRC. O conteúdo excessivo de
adequados podem retardar a progressão. Alguns cães vivem muitos anos com uma vitamina D na dieta pode promover hipercalcemia em pacientes que receberam calcitriol.
boa qualidade de vida. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) parecem ter um maior efeito
• É essencial permitir o acesso livre à água potável em todos os momentos. Nunca limitar saudável que a restrição de proteínas para atenuar a hiperperfusão glomerular, proteinúria
a ingestão de água. e, presumivelmente, a progressão da DRC. Não está claro se os seus efeitos sobre a perfusão
• Limitar a ingestão excessiva de proteína e fósforo (por exemplo: Carne e produtos renal e a proteinúria são aditivos. Tem-se documentado que a acidose metabólica deteriora
lácteos). a nutrição nos seres humanos que recebem dietas restritas em proteína. O bicarbonato de
• Limitar a ingestão de sal. sódio por via oral é usado para mitigar a acidose metabólica.
• Deve-se atender à perda de peso progressiva para evitar a lenta inanição. Sendo um sal de sódio que não contém cloreto, não está contraindicado com as dietas com
• Desconforto gastrointestinal menor pode causar uma piora abrupta na função renal; restrição de sódio ou nos pacientes hipertensos. Os corticosteroides podem prejudicar a
pode precisar de tratamento para evitar a desidratação. resposta nutricional para dietas com restrição de proteínas, melhorar a proteinúria e
• Grandes quantidades de proteína na urina e a pressão arterial elevada são prejudiciais promover sangramento gastrointestinal em cães com DRC; usá-los com moderação e
para os rins e necessitam de tratamento por toda a vida. muito cuidado. O tratamento com eritropoietina aumenta a resistência e o apetite do
Comorbidades comuns
paciente através do aumento do hematócrito. A suplementação de ferro e ingestão
adequada de proteínas e calorias são essenciais para maximizar a resposta terapêutica.
Controle
A ingestão excessiva de sódio promove a expansão do volume de líquido extracelular; a
ingestão excessiva de cálcio e de fósforo pode promover a mineralização nos vasos. Ambos
têm a capacidade potencial para promover a hipertensão. Doença dentária e outras A ingestão de diária de comida, o peso corporal, o ECC, dados bioquímicos (pelo menos,
doenças na boca podem agravar-se devido à ingestão excessiva de proteínas. O tratamento as concentrações séricas de creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, cálcio, albumina,
inadequado dessas doenças pode prejudicar a ingestão de alimentos. Em cães com litíase bicarbonato e potássio), o hematócrito e um exame de urina (e a relação proteína-
urinária, são indicadas dietas renais devido à forte evidência de que tais dietas apoiam os creatinina na urina se proteinúrica) deve ser monitorada durante o primeiro mês após a
efeitos protetores sobre os rins enquanto eles podem ser uma opção razoável para urólitos intervenção dietética e cada 3 a 4 meses depois disso. O estado nutricional e a função renal
de oxalato de cálcio. Normalmente urólitos de estruvita têm origem mais infecciosa que devem permanecer estáveis ou melhorar. A relação nitrogênio ureico no sangue: creatinina
dietética. Em cães com doença degenerativa das articulações, o cuidado com o peso e os deverá ser menor que 20; fósforo deve ser inferior a 4,5; 5,0 ou 6,0 mg/dl para os estágios
nutracêuticos são preferidos em relação ao uso de medicamentos anti-inflamatórios não 2, 3 e 4 de DRC, respectivamente. Deve-se tomar medidas para aumentar a ingestão de
esteroidais devido ao seu potencial de causar danos aos rins. Finalmente, o elevado teor alimentos em pacientes que não conseguem manter um estado nutricional adequado e
de gordura das dietas renais pode promover pancreatite em pacientes predispostos. estável (incluindo o uso de sondas de alimentação conforme indicação).
Creatinina < 1,4 mg/dl Creatinina de 1,4 a 2,0 mg/dl Creatinina > 2,0 mg/dl
Determinar a ingestão de alimentos, o peso corporal e a pontuação da condição física um mês após o início do tratamento com a dieta
Ingestão adequada de alimentos; estado nutricional bom ou melhorado Ingestão de alimentos incompleta; peso corporal ou ECC em declínio
* A relação de PUCU deve ser determinada a cada 1.Avaliar a presença de indicadores urêmicos, desidratação, progressão da DRC,
duas semanas durante três determinações; Continuar com a dieta receitada acidose metabólica, anemia, alterações eletrolíticas, infecções do trato urinário e
infecções, inflamações ou sangramento substancial
impossibilitam a interpretação da relação PUCU. outras doenças não presentes no trato urinário.
2.Examinar as práticas de alimentação.
Controlar a ingestão de alimentos e o estado nutricional em intervalos regulares
85
Doença renal crônica - Gatos
David J. Polzin, DVM, PhD, DACVIM Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A doença renal é a presença de anomalias funcionais ou estruturais nos rins ou em Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Fósforo 0.3–0.5 0.08–0.12 0.5 0.13
ambos. A doença renal crônica (DRC) é uma condição renal que persiste com os
Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
complementares induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
No diagnóstico de DRC são usados dois ou três testes para determinar as concentrações metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
séricas: creatinina, nitrogênio ureico, fósforo, bicarbonato, cálcio, potássio e albumina;
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
exame de urina e relação proteína-creatinina na urina (PUCU); pressão arterial; e
avaliação de hidratação; histórico alimentar, incluindo a ingestão de alimentos; peso
86
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
o peso corporal e a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e modificar a
ingestão de calorias para manter ECC entre 4/9 e 5/9.
Medição da creatinina no sangue em duas ocasiões enquanto o gato estiver bem hidratado
87
Urolitíase por oxalato de cálcio - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A urolitíase é uma doença em que os cristais da urina formam pedras ou cálculos Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 12–22 3–6 18 5.1
chamadosurólitos. Na urolitíase por oxalato de cálcio os urólitos estão compostos por
Predisposição
de cálcio e /ou oxalato.
• Os urólitos de oxalato de cálcio são recorrentes a uma taxa de aproximadamente
As raças pequenas, como Schnauzer miniatura, Poodle Toy, Lhasa Apso, Shih Tzu 30% em 12 meses e cerca de 60% no prazo de 5 anos.
e Yorkshire Terrier têm uma predisposição para a urolitíase por oxalato de cálcio. • As mudanças na dieta podem reduzir o risco de recorrência de urólitos de oxalato
Urólitos são mais comuns em cães de meia-idade ou de idade avançada, e existe uma de cálcio.
Comorbidades comuns
relação macho:fêmea de 3:1.
Modificações nos nutrientes essenciais A litíase urinária por oxalato de cálcio comumente ocorre em cães com
Baixa ingestão de cálcio pode causar um menor grau de calciurese. Um menor hiperadrenocorticismo ou hiperparatireoidismo se forem hipercalcêmicos.
medicamentosas
cálcio a partir dos ossos, em resposta à carga ácida fornecida pelas proteínas da dieta.
Uma dieta rica em fibras pode reduzir a absorção de cálcio a partir do trato intestinal.
O aumento da ingestão de sódio pode reduzir a saturação de oxalato de cálcio ao Citrato de potássio:
aumentar a quantidade de urina. O citrato de potássio na dieta pode reduzir o risco de • Agente alcalinizante urinário.
formação de oxalato de cálcio ao provocar alcalúria e inibir a formação de urólitos e • Incrementa a solubilidade do oxalato de cálcio com a alcalúria.
cristais de oxalato de cálcio. • O citrato pode inibir a formação e a união de cristais de oxalato de cálcio.
• 50 - 100 mg/kg por via oral (PO) a cada 12 horas, modificar o pH da urina para
aproximadamente 7,5.
Diuréticos tiazidas:
• Aumentam a reabsorção tubular renal distal do cálcio ocasionando uma menor
excreção do cálcio urinário.
• Podem produzir hipercalcemia.
• Hidrocloratiazida: 2 mg/kg PO cada 12 horas.
88
Vitamina B6: Tabela 1. Mudanças esperadas com o tratamento para os urólitos de oxalato de cálcio
Poliúria ± Variável
• Não é provável que ocorra a deficiência e não existem dados acerca de que o
suplemento seja de ajuda.
• 20 mg/kg PO cada 24 horas. Polaquiuria 0 to 4+ 0
Controle Hematúria 0 to 4+ 0
Deve-se realizar uma análise de urina mensalmente durante 3-6 meses para monitorar Gravidade específica da urina variável 1.004–1.025
a resposta ao tratamento (Tabela 1). O pH deve ser neutro a alcalino; a gravidade pH da urina < 7.0 > 7.0
Inflamação urinária 0 to 4+ 0
específica deve ser diluída; e a cristalúria deve estar ausente. Deve-se realizar estudos de
Obter dados iniciais (radiografias, exame de urina, análise bioquímica do soro ± hormônio paratireoide, cálcio ionizado)
Mudanças na dieta:
Considerar: Evitar:
Menor CaOx, Na, proteína As vitaminas C e D
Adequado Fósforo, Mg, citrato, B6 Acidificantes urinários
Mais água Alimentos ricos em
Alto conteúdo de fibras se houver proteínas, CaOx, Na
hipercalcemia
Citrato de potássio (50 mg/kg PO a cada 12 h) Sim Cristalúria por oxalato Não
de cálcio?
Seguimento 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, sedimentos na urina Seguimento aos 3 meses:
• Verificar o cumprimento da dieta
• Exame de urina completo
Sim Cristalúria por oxalato Não • Análise bioquímica do soro
de cálcio? • Radiografia
Hidroclorotiazida
}
(2 mg/kg PO a cada 12 horas.) Sem cristal ou urólito Urólitos macroscópicos Cristais microscópicos
Verificar se há efeitos adversos:
Hipocalemia
Hipercalcemia
1. Extração não cirúrgica de urólitos (urohidropropulsão por micção, remoção com cateter).
Desidratação
2. Entregar os urólitos para análise.
89
Doença do trato urinário inferior -
Cistite idiopática e urolitíase por estruvita/oxalato de cálcio - Gatos
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Os urólitos de oxalato de cálcio podem ser produzidos na forma de mono-
Definição
hidrato ou de di-hidrato ou uma combinação destes; a forma di-hidrato aparece
mais comumente. Os urólitos de oxalato de cálcio são formados quando a urina
A doença do trato urinário inferior em gatos (DTUI) muitas vezes está associada está supersaturada com cálcio ou oxalato, ou ambos, e são formados com acidúria.
com urolitíase (formação de urólitos de estruvita ou oxalato de cálcio na urina) ou Aproximadamente 20% a 35% dos gatos com urólitos de oxalato de cálcio
a cistite idiopática. Em gatos com menos de 10 anos, a cistite idiopática é o tipo mais apresentam hipercalcemia, mais comumente hipercalciúria idiopática que
comum de doença do trato urinário inferior não obstrutiva, sendo a urolitíase promove a formação e urolitíase. Os mecanismos pelo qual o oxalato de cálcio
(geralmente por estruvita estéril) o próximo tipo mais comum. Em gatos com mais forma urolitíase em gatos normocalcêmicos são desconhecidos; no entanto, é
de 10 anos, a infeção do trato urinário (ITU) causada por bactérias é a causa mais produzida a supersaturação da urina com oxalato de cálcio.
comum de doença do trato urinário inferior não obstrutiva, sendo a urolitíase A cistite idiopática pode ocorrer como uma forma não obstrutiva que pode ou não
(geralmente por oxalato de cálcio) o próximo tipo mais comum. Se a ITU é causada estar associada com cristalúria ou forma obstrutiva devido à tampões uretrais de matriz
por um organismo bacteriano produtor de urease podem-se formar urólitos de cristalina em gatos machos. A cistite idiopática se refere aos sinais clínicos de DTUI
estruvita induzidos por infecção. A uropatia obstrutiva pode ser devida à urolitíase incluindo hematúria, mas sem uma causa identificável. Infecção viral e inflamação
ou a tampões uretrais de matriz cristalina (só encontrados em gatos machos); a neurogênica são causas teóricas. A formação de tampões uretrais de matriz cristalina em
estruvita é o mineral mais comum observado nos tampões. gatos machos pode representar um estágio intermediário entre a inflamação urinária
complementares Predisposição
O diagnóstico começa com um exame de urina para determinar o pH urinário e a A DTUI ocorre mais comumente em gatos entre 4 e 10 anos de idade. A cistite
presença e tipo de cristalúria. A cultura de urina pode confirmar ou descartar idiopática e a urolitíase por estruvita se produzem normalmente em gatos com menos
infecções; menos de 1% dos gatos com menos de 10 anos com indicadores de doença de 10 anos; não existe uma predisposição por gênero ou raça. Os tampões uretrais de
do trato urinário inferior apresentam ITU bacteriana, enquanto aproximadamente matriz cristalina normalmente ocorrem em gatos com idade inferior a 10 anos. A
45% dos gatos com mais de 10 anos têm uma ITU bacteriana. Nestes casos, a infecção urolitíase por oxalato de cálcio geralmente ocorre em gatos com mais de 8 anos; gatos
é muitas vezes associada a um fator predisponente (por exemplo: DRC, diabetes de pelo comprido têm uma predisposição associada à raça, mas não existe uma
mellitus, infecção causada pelo vírus da leucemia felina [FeLV, em inglês]). A predisposição por gênero.
Fisiopatologia
diminuir a concentração de minerais calculogênicos na urina. Deve-se evitar a
ingestão excessiva de proteínas na dieta. O aumento da densidade de energia produz
Muitas doenças geram indicadores da doença do trato urinário inferior; cistite idiopática uma diminuição na quantidade de ingestão de alimentos e, dessa forma, o consumo
e litíase urinária ocorrem mais frequentemente, especialmente em gatos com menos de total de minerais; no entanto, a obesidade aumenta o risco de DTUI e deve ser
10 anos. A Urolitíase se forma quando a urina é supersaturada com minerais que evitada. A ingestão de cálcio deveria ser moderadamente restringida (ver, por
precipitam para formar urólitos. A estruvita é um fosfato de amônio magnesiano hexa exemplo, a dieta oferecida na referência 6). Evitar a restrição de fósforo e magnésio
hidratado, tendo a solubilidade dependente das concentrações de fosfato, de amônio e na dieta. Evitar o consumo excessivo de vitaminas C e D. Quanto à alcalinização da
de magnésio e do pH da urina. A solubilidade da estruvita diminui à medida que o pH urina, o oxalato de cálcio é mais solúvel, quando o pH da urina é > 6,811; portanto,
da urina excede aproximadamente 6,8. São produzidas duas formas de estruvita: 1) devem ser evitadas dietas acidificantes e deverá ser produzido um pH da urina neutro
urólitos de estruvita induzida por infecção, formados de forma secundária a uma ITU a alcalino. Aumentar a ingestão de fibras pode ser benéfico para gatos com
provocada por um organismo bacteriano produtor de urease, normalmente hipercalcemia idiopática e urólitos de oxalato de cálcio.
Staphylococcus spp. A atividade da urease bacteriana gera alcalúria, maiores Para cistite idiopática, aumentar a ingestão de água pode ajudar a reduzir a
concentrações urinárias de amônia e alterações no estado de ionização de fosfato que recorrência de sinais clínicos.
promovem a formação de estruvita. 2) urólitos de estruvita estéril, que formam-se sem
uma infecção bacteriana e são produzidos pela supersaturação da urina com minerais
calculogênicos de estruvita e alcalúria. Alcalúria ocorre de forma secundária à onda
alcalina pós-prandial ou à persistente excreção renal de base. Urólitos de estruvita estéril
ocorrem mais comumente em gatos que a estruvita induzida por infecção; no entanto,
os gatos que formam urólitos de estruvita induzida por infecção desenvolvem ITU Ver Manejo nutricional da doença do trato urinário inferior em gatos na
causada por um organismo bacteriano produtor de urease. página 94.
90
Valores recomendados de nutrientes essenciais • As causas da cistite idiopática são desconhecidas. Do ponto de vista alimentar,
Controle
modificações detalhadas.
Princípios da alimentação coadjuvante Para os gatos que são controlados pela dissolução de urólitos de estruvita, normalmente
os urólitos de estruvita estéreis são dissolvidos entre 2 e 4 semanas, quando alimentados
Para a dissolução ou prevenção de urolitíase por estruvita e tampões uretrais de
com uma dieta para a dissolução. Os urólitos de estruvita induzidos por infecção
matriz cristalina, provocar aciduria e restringir o magnésio, as proteínas e o fósforo
normalmente são dissolvidos entre 8 e 10 semanas, quando alimentados com uma dieta
da dieta para gerar a subsaturação da urina e a dissolução dos urólitos ou cristais. Para
para a dissolução e um agente antimicrobiano adequado é administrado. Controles
a urolitíase por oxalato de cálcio, provocar um pH da urina neutro a alcalino,
mensais devem ser feitos com análise de urina e radiografias laterais do abdômen até à
restringindo o cálcio da dieta e aumentando o volume de urina. Para cistite
dissolução dos urólitos. O exame de urina deve indicar aciduria, urina diluída, sem
idiopática, aumentar o volume de urina.
n Petiscos – Para gatos com urolitíase por estruvita e tampões uretrais de matriz
cristalúria, resolução de hematúria e sem inflamação. No caso do controle para evitar
urólitos por estruvita, deve executar um exame de urina e uma radiografia abdominal
cristalina, evitar os petiscos e os medicamentos alcalinizantes. Para gatos com
lateral no mês ou dois meses após a dissolução ou remoção cirúrgica. O exame de urina
urolitíase por oxalato de cálcio, evitar os petiscos acidificantes, como aquelas que
deve indicar aciduria, urina diluída, sem cristalúria, resolução de hematúria e sem
contêm acidificantes ou ricos em proteínas, e evitar a ingestão excessiva de cálcio e
inflamação. Considerar um exame de urina a cada 4-6 meses e um raio-X de abdômen
vitamina D e C. Para gatos com cistite idiopática, evitar os petiscos alcalinizantes,
se os sinais clínicos de DTUI são apresentados.
porque podem causar cristaluria por estruvita.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Aquecer ligeiramente os alimentos a uma
Para gatos com tampões uretrais de matriz cristalina e estruvita, exame de urina
devem ser realizados no mês ou dois meses após o início da modificação da dieta.
temperatura perto da corporal, mas não acima dessa temperatura. Os agentes
Controlar procurando aciduria, urina diluída, sem cristalúria, resolução de hematúria
aromatizantes podem ser utilizados, tais como molho ou caldo.
n Recomendações para a dieta–Dietas comerciais formuladas para minimizar o risco
e sem inflamação. Considerar um exame de urina cada 4 a 6 meses e um raio-X se os
sinais clínicos DTUI aparecerem.
de formação de estruvita ou oxalato de cálcio, bem como dietas para dissolução da estruvita No caso dos gatos com urólitos por oxalato de cálcio, é necessário realizar um exame de
estão à venda para gatos com litíase urinária por estruvita, tampões uretrais de matriz urina e uma radiografia abdominal lateral no mês ou dois meses após a remoção cirúrgica.
cristalina e urolitíase por oxalato de cálcio. Dietas úmidas para gatos com cistite idiopática Verificar o pH da urina de neutro a alcalino, urina diluída, sem cristalúria, resolução de
são recomendadas. hematúria e sem inflamação. Considerar uma análise de urina cada 4 a 6 meses. Em gatos
91
Urolitíase por urato - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Modificações nos nutrientes essenciais
Definição
O ácido úrico vem de purinas endógenas e exógenas. Fontes de purinas exógenas são
nutrientes altamente celulares, tais como fontes de nutrientes à base de proteína animal.
Na urolitíase por urato, os urólitos são compostos de ácido úrico ou sais de ácido úrico; Proteínas retiradas de vísceras tem um teor de purinas particularmente alto. A amônia
o urato de amônio aparece com mais frequência. A doença pode ocorrer como origina-se a partir do metabolismo bacteriano de proteínas no cólon e a partir da
resultado de uma doença hepática, mais comumente desvio portossistêmico ou excreção da amônia pelos rins. A amônia proveniente das bactérias intestinais
displasia microvascular, ou como um defeito metabólico sem doença hepática, normalmente é metabolizada em ureia pelo ciclo hepático da ureia. Os rins excretam
geralmente em cães de raça Dálmata e Buldogue Inglês. amônia como um amortecedor para o ácido pela filtração e desaminação da glutamina.
complementares
de amônia, alcalúria (o ácido úrico é mais solúvel em pH alcalino) e a diurese, que tem
como resultado a diluição de compostos calculogênicos na urina.
92
• O tratamento da doença hepática, especialmente a correção cirúrgica de um vaso Controle
sanguíneo unindo o fígado, muitas vezes é curativo. Cães com urólitos de uratos sem doença hepática devem ser controlados mensalmente
• Em outros cães, o tratamento medicamentoso para a doença hepática muitas vezes durante a diluição com ultrassom abdominal ou cistografia de duplo contraste e exame
ajuda a prevenir a recorrência ou a formação de urólitos de urato. de urina (o pH deverá ser alcalino, a gravidade específica deverá ser diluída, a cristalúria
Comorbidades comuns
deverá estar ausente). Para a prevenção, durante os primeiros 6 meses após a dissolução
ou remoção cirúrgica de urólitos, realizar exame de urina a cada mês ou dois meses (o
Em cães com doença hepática congênita e urolitíase por uratos é observada a pH deverá ser alcalino, a gravidade específica deverá ser diluída, a cristalúria deverá
hepatoencefalopatia e a insuficiência hepática. A cardiomiopatia dilatada foi associada estar ausente). Considerar o controle do BUN já que a baixa ingestão de proteínas
à urolitíase por uratos em cães das raças Bulldog Inglês e Dálmatas. Cães de raça deverá produzir um decréscimo na sua concentração. Recomenda-se um ultrassom
Dálmata com urólitos de urato, muitas vezes, apresentam dermatite miliar. do abdômen ou uma cistografia de duplo contraste cada 6 meses e 12 meses. Se não
medicamentosas
partir daí, a menos que exista recorrência de sinais clínicos.
Cães com urólitos de urato e doença hepática, se for possível a correção cirúrgica
do desvio porto vascular, não precisarão de mais controles, já que a cirurgia do
O inibidor de xantina-oxidase alopurinol reduz por inibição competitiva a conversão
desvio deve eliminar a recorrência de urólitos de urato. Se a correção cirúrgica não
da hipoxantina em xantina e da xantina em ácido úrico, e, assim, reduz a concentração
for possível, os controles dependem da gravidade dos sinais clínicos e da resposta
de ácido úrico na urina. A dose para a dissolução de urólitos de uratos é de 15 mg/kg
ao tratamento. O monitoramento deve ser realizado com exame de urina e exames
por via oral (PO) a cada 12 horas; para a prevenção, se usado, pode ser administrado
de sangue a cada 3 a 6 meses.
7-10 mg/kg PO, a cada 12 a 24 horas. A complicação mais comum é a cristalúria por
xantina e a formação de urólitos; ocasionalmente pode causar dermatite. A xantina
Ver Manejo nutricional da urolitíase por uratos em cães na página 95.
oxidase não é eficaz em cães com doença hepática.
O agente alcalinizante urinário: citrato de potássio aumenta a solubilidade do ácido
úrico na urina e a excreção urinária da amônia diminui. Em cães com urólitos de uratos
secundários à doença hepática congênita com hiperamonemia e acidemia hiperúrica,
pode-se precisar de antibióticos (por exemplo: neomicina, amoxicilina) para diminuir
a contagem de bactérias intestinais e/ou lactulose como fim de reduzir a absorção da
amônia a partir do trato intestinal. Outros tratamentos a serem considerados incluem
S-adenosilmetionina (SAM), vitamina E Silybum Marianumou silimarin.
Sem urólitos:
Dieta: purinas restritas, alcalinizante urinário
93
Manejo nutricional da doença do trato urinário inferior em gatos
O gato não apresenta manifestações clínicas de DTUI não obstrutiva O gato apresenta sinais clínicos
de DTUI obstrutiva
Considerar o exame de urina, radiografia Considerar base de dados mínima completa, sensibili- Considerar a base de dados mínima
abdominal lateral dade e cultura de urina, radiografia abdominal lateral completa, sensibilidade e cultura de
urina, radiografia abdominal lateral
94
Manejo nutricional da urolitíase por urato em cães
Menor que o diâmetro uretral distendido Maior que o diâmetro uretral distendido
Urohidropropusão por micção
4 semanas:
• Exame de urina
• Cistografia de duplo contraste
95
Diabetes mellitus e doença renal - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN quantidade de proteína necessária para controlar a azotemia. Portanto, as dietas baixas em
Definição
CHO e fósforo e moderadas em proteínas devem ser adequadas para a maioria dos casos.
No diabetes mellitusdos gatos as concentrações de glicose no sangue não se mantém em Valores recomendados de nutrientes essenciais
valores normais, como um resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do
Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
pâncreas. A doença renal consiste na anormalidade da função renal com redução da
Fisiopatologia
Acredita-se que mais de 80% dos gatos tenham diabetes mellitus tipo II, que é uma Princípios da alimentação coadjuvante
deficiência relativa de insulina, porque a quantidade de insulina realmente secretada, Os objetivos do tratamento do diabetes em gatos são evitar episódios hiperglicêmicos
na verdade, pode ser maior, menor ou normal, mas é sempre inadequada em relação e hipoglicemia induzida por insulina e otimizar a possibilidade de alcançar a remissão
aos níveis de glicose no soro. O diabetes mellitus é caracterizada pela resistência do diabetes. Geralmente é recomendado alimentar os gatos diabéticos duas vezes por
periférica à insulina combinada com células beta disfuncionais. A incidência da dia, no momento das injeções de insulina, embora seja aceitável fornecer porções de
doença renal aumenta com a idade e, geralmente, está associada com a lesão e a morte alimentos menores com mais frequência.
das células do rim. A disfunção ocorre em uma ou mais categorias de função renal: Ainda é incerto qual perfil de alimentos (alto teor de fibras vs. baixo conteúdo de
filtração glomerular, seletividade da membrana, concentração da urina, reabsorção carboidratos) proporciona um controle glicêmico ideal. Fornecer alimentos com baixo
tubular ou função endócrina. A nefropatia diabética como se observa em pessoas não teor de carboidratos está associado a uma taxa de reversão de diabetes clínico ao estado
é bem reconhecida em gatos. de não insulino-dependente três vezes maior em comparação com tal índice, ao fornecer
Predisposição
alimentos ricos em fibras. No entanto, a reversão também ocorre ao se alimentar com a
opção de alto teor de fibras e o controle da glicose não é significativamente diferente em
O diabetes mellitus afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente gatos que permanecem insulino-dependentes. Além disso, o tratamento dietético de
diagnosticado em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e comorbidades também deve ser considerado quando forem escolhidas dietas para
13 anos), sem predileção por qualquer raça em particular. A doença renal ocorre em pacientes diabéticos.
todas as faixas etárias, mas é mais comumente vista em gatos com idade superior a 10 anos Os objetivos do tratamento da doença renal são minimizar a azotemia e as
(7,7% dos casos), e ainda mais em maiores de 15 anos (15,3% dos casos). Em um anormalidades eletrolíticas. Os gatos devem ser alimentados com uma dieta úmida
relatório, a doença renal foi reconhecida mais do que o dobro das vezes em raças Maine para aumentar a ingestão de água fortificada com vitaminas B e antioxidantes. A
Coon, Abissínio, Siamese, Russian Blue e Birmaneses. ingestão de sódio e potássio deve ser modificada de acordo com cada indivíduo em
96
Pontos para a educação do proprietário
ainda podem receber alimentos para diabéticos com baixo-CHO e rico em proteínas.
Outras comorbidades comuns são: cistite e infecções bacterianas do trato urinário,
• Administrar as injeções de sinsulina imediatamente após as refeições com intervalos hiperlipidemia (mudança para um alimento para diabéticos com menor teor de gordura
de 12 horas. Recomenda-se que apenas alimentos projetados para gatos diabéticos com e baixo teor de CHO), distúrbios endócrinos (HAC, acromegalia) e doenças induzidas
baixo teor de fósforo sejam fornecidos, e que o alimento seja obtido a partir de uma por fármacos (glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia induzida por estresse
fonte confiável, para garantir o controle de qualidade e consistência do produto. associada com a doença, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.
medicamentosas
controlar rigorosamente.
• Os gatos podem comer pequenas porções entre as doses de insulina, se toleradas.
• Gatos com indicadores leves a moderados de hipoglicemia como fraqueza, tremores Primeiro deve-se tentar normalizar os níveis séricos de fósforo, alimentando com uma
e cambaleios, que ainda podem comer devem ser alimentados imediatamente com um dieta baixa em fósforo por 2-4 semanas antes de adicionar os quelantes de fosfato
tipo de dieta renal. Se os indicadores forem graves, como convulsões ou coma, pode-se intestinal. A acarbose é um suplemento para tratar gatos diabéticos com doença renal
esfregar suas gengivas com um xarope de glicose concebido para os seres humanos avançada, que são alimentados com uma dieta com restrição de proteínas. É menos
diabéticos e os proprietários deverão procurar imediatamente assistência veterinária. eficaz em gatos que comem diversas pequenas porções por dia.
Glicose no sangue 215-250 mg / dl (12 a 14 mmol Glicose no sangue 270-340 mg / dl (15 a 19 mmol / l) em Glicose no sangue > 360 mg / dl (> 20 mmol / l) e
/ l) de 3 - 4 vezes com um mínimo de 4 horas de duas ocasiões, pelo menos com 4 horas de intervalo e sinais clínicos de poliúria, polidipsia
intervalo e durante 2 dias sinais clínicos de poliúria, polidipsia e perda de peso e perda de peso
Alimentar com uma dieta renal formulada para Alimentar com uma dieta renal formulada para
Alimentar com uma dieta renal formulada gatos diabéticos com baixo (< 35% MS) teor de gatos diabéticos com baixo (< 35% MS) teor de
para gatos diabéticos com baixo (< 35% carboidratos, baixo (< 30% MS) teor de proteínas carboidratos, baixo (< 30% MS) teor de proteínas
MS) teor de carboidratos, baixo (< 30% MS) < 0,5% MS de fósforo. < 0,5% MS de fósforo.
teor de proteínas e < 0,5% MS de fósforo. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar
Alimentar até o nível de REM do PC atual. com a insulina glargina 1-2 U /kg do gato duas com a insulina glargina 0,25 - 0,5 U/kg do peso
vezes por dia (BID). corporal ideal duas vezes por dia (BID).
Está normalizada a glicose no A glicose no sangue permanece Controlar a glicose no sangue com medições em série:
sangue e a dieta de alimentação 215-250 mg / dl (12 a 14 Medir a glicose no sangue antes da injeção de insulina e a cada 3 - 4 horas até a próxima vez, antes da insulina. Ao
mmol / l) longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da concentração de glicose no plasma
55 - 120 mg / dl (3,0 a 6,5 mmol / l). Continuar alimentando com uma dieta baixa em carboidrato e fósforo.
Alimentar até o nível do REM do PC atual.
O fósforo está aumentando?
Comece com insulina glargina,
0,5 U/gato uma vez por dia
SIM NÃO Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), reduzir a dose a cada 1 - 2
(SID) ou em dias alternados
(EOD) para manter o menor semanas até que a dose seja 0,5 U / gato uma vez por dia (SID) ou menos.
Adicionar Novos ponto de glicose no plasma 55-
quelante de controles 120 mg/dL (3,0 a 6,5 mmol/L).
fosfato uma vez Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dl (< 12 mmol / l), e a dose é 0,5 U /gato uma vez por dia
por mês (SID) ou menos.
Reiniciar insulina durante pelo
menos duas semanas Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta pobre em carboidratos e pobre em fósforo.
97
Diabetes mellitus e obesidade - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Nodiabetes mellitus dos gatos as concentrações de glicose no sangue não podem manter Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
os valores normais, como resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do Proteína 35–60 8–17 26 6.5
Gordura 6–20 2.5–5 9 2.3
pâncreas. A obesidade é definida qualitativamente como o excesso de gordura corporal
Ferramentas de diagnóstico e exames A ingestão modificada destes nutrientes pode ajudar a combater alterações metabólicas
induzidas pelos estados da doença. A composição recomendada da dieta é mostrada como
complementares percentual de matéria seca na dieta (MS) e como g ou mg por 100 kcal de energia
metabolizável. Todos os outros nutrientes essenciais devem atender aos requisitos normais, de
Hiperglicemia persistente durante mais de 2 dias é indicativo de diabetes mellitus. acordo com a fase de vida, estilo de vida e consumo de energia.
Sinais clínicos concorrentes de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso * Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
são comuns, ainda que o gato possa estar acima do peso. Gatos com excesso de peso
(pontuação de escore de condição corporal (ECC) 6/9 ou 7/9) possuem 25% e
Princípios da alimentação coadjuvante
30% de gordura corporal, respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35%
Os objetivos do tratamento do diabetes em gatos são evitar os episódios hiperglicêmicos
de gordura, enquanto os gatos obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de
e hipoglicemia induzida por insulina e otimizar a possibilidade de alcançar a remissão
gordura (ver Apêndice I).
do diabetes. Para o controle do peso são usados alimentos com baixo teor de gordura e
Fisiopatologia
ricos em fibras para reduzir a ingestão calórica e peso corporal durante a tentativa de
manter a saciedade. Estas duas estratégias de dieta não são excludentes.
Hiperglicemia persistente durante mais de 2 dias é indicativo de diabetes mellitus. Sinais Alimentos enriquecidos com fibras originalmente projetados para o controle do
clínicos concorrentes de poliúria, polidipsia e antecedentes de perda de peso são comuns, peso (3,5 kcal/g MS) são adequados para redução de peso e controle glicêmico em
ainda que o gato possa estar acima do peso. Gatos com excesso de peso (pontuação de gatos com excesso de peso. Os gatos podem regular sua ingestão de alimentos e
escore de condição corporal (ECC) 6/9 ou 7/9) possuem 25% e 30% de gordura estes alimentos têm baixa densidade calórica. Pode ser mais fácil conseguir cumprir
corporal, respectivamente. Os gatos obesos (ECC 8/9) têm 35% de gordura, enquanto com o objetivo administrando um maior volume de alimentos (por exemplo,
os gatos obesos mórbidos (ECC 9/9) têm 40% ou mais de gordura (ver Apêndice I). alimentos fortificados: fibras).
Predisposição
Entre os grãos com baixo índice glicêmico no gato que também adicionam fibras à dieta
estão: sorgo, aveia e cevada. A reversão ao status de não insulino-dependente, também
Diabetes mellitus afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente foi causada pela alimentação com a opção de alta fibra e, para os gatos que permanecem
diagnosticado em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e insulino-dependentes, o controle glicêmico não é significativamente diferente daqueles
13 anos), sem predileção por qualquer raça particular; é a mesma população com maior alimentados com dietas baixas em fibras. Portanto, os alimentos com baixo CHO, alto
risco de obesidade. teor de proteínas, baixo teor de gorduras e fibras moderadas são adequados para a perda
98
obesos, e que seja obtido a partir de uma fonte confiável para garantir o controle de devido a inflamação crônica de baixo grau e estresse oxidativo, lesões ortopédicas (distensão
qualidade e consistência do produto. do ligamento cruzado) devido ao excesso de peso, cistite bacteriana e cistite relacionadas
• Os gatos podem tornar-se não insulino-dependente, a medida que perdem peso, com cristais, hiperlipidemia e lipidose hepática, e dermatite não alérgica devido à
portanto, é essencial o controle rigoroso. incapacidade de limpar a si próprio corretamente.
Comorbidades comuns
medicação baseada no peso corporal devem ser cuidadosamente monitorados para a
alteração da dose.
Comorbidades são comuns em gatos diabéticos obesos. Os gatos podem também
apresentar pancreatite ou câncer (adenocarcinoma) ainda podem receber alimentos para
Controle
diabéticos com baixo teor de CHO e moderados em fibra. Outras comorbidades são
As concentrações de glicose e cetonas no sangue e na urina têm de ser monitoradas
insuficiência renal (mudança para um alimento para diabéticos com menor teor de
para determinar o nível de controle glicêmico. A insulina exógena é administrada
fósforo), cistite e infecções bacterianas do trato urinário, hiperlipidemia (mudança para
com uma dieta baixa em CHO para controlar as concentrações de glicose no
um alimento para diabéticos com menos gordura, se possível), endocrinopatia
sangue, e é ajustada em conformidade para manter a concentração de glicose no
(hiperadrenocorticismo, acromegalia) e doenças induzidas por medicamentos
sangue o mais próximo ao normal.
(glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia associada com a doença induzida por
O peso corporal ideal pode ser determinado mais facilmente ao se registrar o peso corporal
stress, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.
e o ECC. É recomendável a realização de exames físicos e verificações de peso numa base
Uma pesquisa recente sugere a existência de um mecanismo para a ligação entre o excesso
mensal, enquanto se conversa sobre o regime alimentar diário e as medições do alimento.
de peso do corpo e muitas doenças. Hoje a obesidade é vista como um estado pró-
São essenciais mudanças comportamentais para alimentar o gato. Devem ser levantados
inflamatório crônico que produz fatores geradores de estresse oxidativo. Aparentemente,
os problemas logísticos da alimentação dentro da família (por exemplo: casa com vários
o tecido adiposo, anteriormente considerado fisiologicamente inerte, é um ativo produtor
gatos, internados, membros da família, visitantes). Deve-se mudar de alimentos e
de hormônios como a leptina e a resistina, e numerosas citocinas. Um tema de interesse
modificar a ingestão de calorias conforme as necessidades. Os proprietário devem ser
são citocinas pró-inflamatórias do tecido adiposo (adiponectinas), o fator de necrose
encorajados a desenvolver atividades que fortaleçam o vínculo sem que estejam
tumoral α (TNF-α, em inglês) e as interleucinas 1β e 6. As doenças relacionadas com a
relacionadas à alimentação.
obesidade são a osteoartrite, cistite idiopática, doenças cardiovasculares e pancreatite
Manejo nutricional de diabetes mellitus em gatos com ECC > 6/9
Glicose no sangue 215-250 mg / dl (12 a 14 Glicose no sangue 270-340 mg / dl (15 a 19 mmol / l) em 2 Glicose no sangue > 360 mg / dl ( > 20 mmol / l)
mmol / l) de 3 - 4 vezes com um mínimo de ocasiões, com pelo menos 4 horas de intervalo e sinais e sinais clínicos de poliúria, polidipsia
4 horas de intervalo e durante 2 dias clínicos de poliúria, polidipsia e perda de peso e perda de peso
Alimentar com uma dieta formulada para gatos Alimentar com uma dieta formulada para gatos diabéticos com
Alimentar com uma dieta formulada para gatos diabéticos com
diabéticos com sobrepeso com baixo (< 25% MS) sobrepeso com baixo (< 25% MS) teor de carboidratos, e
sobrepeso com baixo (< 25% MS) teor de carboidratos, e
teor de carboidratos, e moderado (5-12% MS) teor de moderado (5-12% MS) teor de fibras.
moderado (5-12% MS) teor de fibras.
fibras. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar com a
Alimentar ao nível de REM do PC atual. Começar com a insulina
insulina glargina 0,25 - 0,5 U/kg do peso corporal ideal duas
glargina 1-2U/kg do peso do gato duas vezes por dia (BID).
vezes por dia (BID).
É normalizada a glicose no A glicose no sangue permanece 215-
sangue e a dieta de alimentação 250 mg / dl (12 a 14 mmol / L) Medir a glicose no sangue antes da injeção de insulina e a cada 3 - 4 horas até a próxima vez, antes da insulina. Ao
longo do tempo, alterar a dose de insulina para manter o ponto mais baixo da concentração de glicose no plasma 55-
120 mg / dL (3,0 a 6,5 mmol / L). Continuar alimentando com uma dieta baixa em carboidrato e moderada em
fibras. Alimentar a nível do REM do PC atual.
Perda de peso Começar com insulina glargina 0,5
suficiente? U/gato uma vez por dia (SID) ou Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dL (< 12 mmol / L), reduzir a dose a cada 1 - 2 semanas até
em dias alternados (EOD) e aumen- que a dose seja 0,5 U/gato uma vez por dia (SID) ou menos.
NÃO SIM tar ou diminuir para manter o
menor ponto de glicose no plasma
Diminuir a Controlar 55-120 mg/dL (3,0 a 6,5 mmol/L). Glicose no sangue anterior a insulina permanece em < 215 mg / dL (< 12 mmol / L), e a dose é 0,5 U/gato
alimentação uma vez uma vez por dia (SID) ou menos.
de 25 kcal por mês Reiniciar insulina durante
por dia e pelo menos duas semanas Suspender a insulina, controlar a glicose no sangue e continuar com a dieta pobre em carboidratos e
controlar
moderado de fibras.
uma vez por
mês
Aumentar glicemia >
215 mg / dL A glicose no sangue permanece < 215 mg / dL (12 mmol / L) durante 2 semanas = não insulino-dependente
(> 12 mmol / L) (remissão da diabetes).
99
Diabetes mellitus e cistite relacionada com cristais - Gatos
Rebecca Remillard, PhD, DVM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
No diabetes mellitus dos gatos as concentrações de glicose no sangue não se mantém em Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Proteína 40–60 10–17 26 6.5
níveis normais como um resultado da baixa secreção de insulina pelas células beta do
Fisiopatologia
Ainda é incerto qual perfil dos alimentos (alto teor de fibras vs. baixo teor de carboidratos)
proporciona um controle glicêmico ideal. Fornecer alimentos com baixo teor de
Acredita-se que mais de 80% dos gatos com diabetes apresentam diabetes mellitus carboidratos está associado com uma taxa de reversão de diabetes clínicas a um estado de
tipo II, a qual consiste em uma deficiência relativa de insulina, porque a quantidade não insulino-dependente três vezes maior em comparação com o índice ao se fornecer
de insulina segregada, na verdade, pode ser maior, menor ou normal, mas é sempre alimentos ricos em fibras. No entanto, a reversão também é causada pela opção de
inadequada para os níveis de glicose no soro. A DTUI é uma síndrome de sinais alimentar com alto teor de fibra e o controle da glicose não é significativamente diferente
clínicos com uma série de etiologias. As causas da cistite (idiopáticas, bactérias, cristais) em gatos que permanecem insulino-dependentes. Além disso, o tratamento dietético
são diferentes em gatos de todas as idades. Os gatos com cistite relacionada com das comorbidades também deve ser considerado na escolha de dietas para diabéticos.
oxalato de cálcio devem ser controlados para verificar a presença de hipercalcemia. Gatos diabéticos com cistite relacionada com cristais devem ser alimentados com dietas
Predisposição
úmidas para diabéticos. Os gatos com cistite relacionada com oxalato de cálcio podem ter
melhores resultados com um alimento para diabéticos com alto teor de fibras (menos
O diabetes afeta gatos de qualquer idade e gênero, mas é mais comumente diagnosticado acidificante), baixo teor de oxalato (menos acidificante), baixo em carboidratos e 40-75
em gatos machos castrados com mais de 6 anos (geralmente entre 10 e 13 anos), sem mg de citrato de potássio kg de PC adicionado a cada refeição duas vezes por dia (BID).
predileção por qualquer raça em particular. A DTUI em gatos com menos de 10 anos é Os gatos com DTUI relacionada com estruvita devem ser alimentados com uma dieta
mais frequentemente idiopática; em gatos com menos de 1 ano e com mais de 10 anos úmida acidificante de urina com menor teor de magnésio e pobre em carboidratos.
é provavelmente uma cistite bacteriana. Em gatos com cistite relacionada com cristais, n Petiscos–É importante manter uma baixa ingestão de CHO constante; devem-
90% dos casos devem-se a oxalato de cálcio ou estruvita. se evitar os petiscos com alto teor de CHO. Os exemplos adequados incluem
100
Pontos para a educação do proprietário e pobre em carboidratos. Para hiperlipidemia, mudar para alimentos para diabéticos mais
• Fornecer refeições no momento da injeção de insulina com intervalos de 12 horas. baixo em gorduras e pobre em CHO. Outras Comorbidades comuns são endocrinopatia
Recomenda-se que apenas alimentos projetados para gatos diabéticos sejam fornecidos, (hiperadrenocorticismo, acromegalia) e doenças induzidas por medicamentos
e que o alimento seja obtido a partir de uma fonte confiável para garantir o controle de (glicocorticoides, progestinas). Para hiperglicemia induzida pelo estresse associado com
qualidade e consistência do produto. a doença, tratar estes gatos como se fossem diabéticos até que seja resolvido.
medicamentosas
rigorosamente.
• Gatos com indicadores leves a moderados de hipoglicemia, tais como fraqueza,
tremores e incoordenações, que ainda podem comer, devem ser alimentados Monitorar sedimentos e o pH da urina. Se há presença de cristais de oxalato de cálcio e o
imediatamente com uma dieta "intestinal" palatável, altamente digestível com pH é muito baixo, adicionar um alcalinizante na urina (citrato de potássio) para a cistite
alto teor de CHO e baixo teor de fibra. Se os indicadores forem graves, como relacionada com oxalato de cálcio. Se houver presença de cristais de estruvita e o pH for
convulsões ou coma, você pode esfregar suas gengivas um xarope de glicose muito elevado, adicionar um acidificante da urina para a cistite relacionada com estruvita.
concebido para os seres humanos e os proprietários de diabéticos devem
Controle
procurar imediatamente cuidados veterinários.
Comorbidades comuns
As concentrações de glicose e cetonas no sangue e na urina têm de ser monitoradas para
determinar o nível de controle glicêmico. A insulina exógena é administrada com uma
Comorbidades são comuns em gatos diabéticos com DTUI. Os gatos que também estão dieta baixa em CHO e alto teor de proteína (de preferência) para controlar as
com sobrepeso ou obesos devem consumir alimentos ricos em fibras e pobres em CHO. concentrações de glicose no sangue, e ajustar para manter a concentração de glicose no
A sensibilidade à insulina pode retornar como a diminuição da adiposidade. Os gatos sangue o mais próximo do normal. Controlar o peso corporal e modificar a ingestão de
que também apresentam pancreatite ou câncer (adenocarcinoma) ainda podem receber energia para atingir o peso ideal. Na análise de urina, os sedimentos devem ser livres de
alimentos para diabéticos com baixo-CHO e ricos em proteínas. Em casos de cristais com um pH < 6,5 para a prevenção de estruvita ou um pH entre 6,6 e 7,5 para a
insuficiência renal, mudar a dieta para um alimento para diabéticos com menos proteínas prevenção de oxalato de cálcio.
Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta com Para a cistite por oxalato de cálcio: Alimentar com uma
Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta
baixo teor de carboidratos (< 20% MS) e magnésio (0,06% dieta com baixo teor de carboidratos (< 20% MS) e moderado
com teor de carboidratos (< 20% MS) e magnésio (0,06%
MS). Alimentar ao nível do REM do PC atual. teor de fibras (5-12% MS). Alimentar ao nível do REM do PC
MS). Alimentar ao nível do REM do PC atual.
Para a cistite por oxalato de cálcio: atual.
Para a cistite por oxalato de cálcio: Alimentar com
Alimentar com uma dieta com baixo teor de carboidratos (< Para a cistite por estruvita: Alimentar com uma dieta com
uma dieta com baixo teor de carboidratos (< 25%MS) e
25% MS) e moderado teor de fibras (5-12% MS). Alimentar ao baixo teor de carboidratos (<20%MS) e magnésio (0,06%MS).
moderado teor de fibras (5-12%MS).
nível de REM do PC atual. Começar com a insulina glargina 1-2 Alimentar ao nível de REM do PC atual.
Alimentar ao nível de REM do PC atual.
U/kg do peso do gato duas vezes por dia (BID). Começar com a insulina glargina 0,25-0,5 U/kg do PC ideal BID.
101
Pancreatite e doença renal crônica - Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN
complementares
* Necessidades de nutrientes para os animais adultos como determinada pela Associação
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Considerar o histórico clínico, exame físico, sinais clínicos e uma base de dados
mínima: análise bioquímica do soro, hemograma completo, exame de urina, e
Valores recomendados de nutrientes essenciais
Princípios da alimentação coadjuvante
histórico alimentar. O ultrassom do abdômen, a imunorreatividade da lipase
pancreática canina (cPLI, em inglês) e, idealmente, uma biópsia permitem
fornecer valiosas informações adicionais para confirmar o diagnóstico preliminar. No que diz respeito a todos os pacientes, o objetivo primordial do coadjuvante do cão
com pancreatite e insuficiência renal é atender às necessidades de energia com uma
Fisiopatologia dieta que inclua as modificações nos nutrientes específicos da doença. O pâncreas é
estimulado pela liberação de gastrina, estímulos sensoriais (antecipação de
Muitas vezes, a causa da geração de pancreatite em cães permanece desconhecida, mas
alimentação), proteínas e gordura da dieta. A redução desses estímulos, especialmente
frequentemente está associada a dietas mais elevadas em gordura, desordens
a gordura da dieta, pode ajudar a controlar os sinais clínicos e evitar que a inflamação
alimentares, hiperlipidemia e obesidade. Os indicadores comuns são gastrointestinais
se intensifique ainda mais. Vômitos são um indicador clínico comum em cães e a
(GI) (falta de apetite, vômitos, diarreia, dor). Se for crônica, pode levar a uma
alimentação entérica está contraindicada durante episódios de vômitos severos (o
insuficiência pancreática exócrina.
mesmo da pancreatite aguda) para reduzir o risco de aspiração e de reduzir a
Doença renal crônica está associada com a acumulação de produtos metabólicos do
estimulação adicional de êmese. Uma vez que o cão estiver reidratado e estabilizado,
catabolismo de proteínas e outros compostos normalmente excretados na urina. Apesar
o tratamento deverá incluir medicamentos para a dor, protetores gástricos e
da creatinina ser considerada um índice bruto da filtração gromerular, o nitrogênio
tratamento antiemético, se necessário. Casos graves envolvendo vômitos refratários
ureico sanguíneo (BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos
e/ou anorexia prolongada (mais de 5 dias) devem ser alimentados via parenteral ou
de resíduos nitrogenados que influenciam o apetite, olfato e o gosto. A hipergastrinemia
pós-gástrica com um dispositivo enteral (sonda de jejunostomia). Uma vez que a água
proveniente da menor depuração renal conduz a irritação e a ulceração da mucosa GI
é tolerada por via oral, podem incorporar novamente pequenas quantidades de
assim como a acidose. Outras toxinas urêmicas e a redução da função renal produzem
alimentos altamente digestíveis ricos em carboidratos. Para tratamento a longo prazo
muitas outras anormalidades, incluindo alterações no metabolismo de minerais
e casos crônicos deve-se restringir a gordura da dieta abaixo do nível em que estava
(deterioração na purificação do fósforo urinário, hiperparatiroidismo secundário,
quando a doença começou. Portanto, o nível de restrição de gordura deve ser
alterações no metabolismo da vitamina D, hipercalcemia).
determinado individualmente para cada paciente, com base nos seus antecedentes.
Predisposição
As estratégias de alimentação para DRC se centram em desacelerar a progressão da
doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
Cães de meia-idade e de idade avançada, especialmente aqueles da raça Yorkshire Terrier longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica e de
e Schnauzer miniatura, têm predisposição para a pancreatite. Obesidade, doenças sódio e suplementação com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina D e
metabólicas concorrentes (como a diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo, potássio, se necessário). Alcançar estes objetivos, na presença de pancreatite aguda ou
hipotiroidismo), os medicamentos (como os diuréticos tiazídicos, furosemida, crônica, geralmente não se opõe ao fornecimento de uma dieta baixa em gordura; no
azatioprina, tetraciclina), isquemia, hiperlipidemia e o trauma ou a obstrução do entanto, a densidade de energia da dieta será menor se o paciente necessita de uma
conduto biliar também pode predispor cães a pancreatite e a DRC. restrição severa de gorduras. Além disso, se o doente requer uma restrição de gordura
102
e também pode tentar algum reforço positivo. Se necessário, a porção diária de pe- Comorbidades comuns
tiscos (até 10% das calorias diárias) pode ser usada para agregar substâncias ali- Em cães com pancreatite e DRC pode ocorrer: hipertrigliceridemia, mal-estar
mentares adequadas para as refeições. GI provocado por uremia ou hipergastrinemia, urolitíase por oxalato de cálcio,
n Recomendações para a dieta – No caso de animais gravemente doentes, obesidade e hipertensão.
inicialmente alimentar o nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM;
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM através de O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) em cães com DRC
cálculos. O REM pode ser determinado pelo cálculo do RER para o peso atual pode contribuir para hipercalcemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
multiplicado pelo fator apropriado: 1,4 para cães propensos à obesidade, 1,6 para cães palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
castrados, 1,8 para cães intactos (ver Apêndice III). qualquer fluido parenteral deve ser considerado em hipertensos ou sensíveis ao sódio
Escolher uma dieta que tenha sido formulada para o tratamento de DRC e fornecer de alguma outra forma.
Controle
níveis mais baixos de gorduras na dieta suspeita de ter contribuído para a pancreatite.
Se houver um histórico de oferta de petiscos inadequados ou em excesso
(especialmente substâncias alimentares ricas em gordura) ou de desordens alimentares, A cPLI e também o ultrassom do abdômen (além dos sinais clínicos) são úteis para
o nível de gorduras na dieta atual pode, no entanto, ser tolerado pelo paciente. monitorar a recuperação da pancreatite aguda e para avaliar casos crônicos. O controle
Escolher uma dieta de prescrição veterinária para a doença renal ou com níveis mais baixos de gordura, se possível
(reduzida em pelo menos 25%; pode ser necessária uma restrição mais severa em pacientes com pancreatite severa ou aguda)
Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não estiver disponível para venda, procurar uma
laboratorial, imagens, avaliação dos sinais clínicos, etc.) formulação caseira
103
Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal
e doença renal crônica - Cães
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Cães comgastroenterite alérgica/doença inflamatória intestinal (DII) e doença renal Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 8–12 2.0–3.5 5 1.4
crônica (DRC) padecem de um processo inflamatório relacionado com a dieta que
Fisiopatologia
positivo. Escolha dietas com ingredientes hidrolisados ou novos, se possível; alguns
pacientes terão melhores respostas com ingredientes tolerados conhecidos mesmo
Geralmente é desconhecida a causa geradora da gastroenterite alérgica/DII, mas pode se documentada alguma exposição anterior. É crucial ter o histórico alimentar preciso
ser uma reação aos componentes dos alimentos, antígenos bacterianos e/ou auto- para determinar a lista de possíveis ingredientes novos para o paciente
antígenos. Os indicadores gastrointestinais (GI) superiores ou inferiores podem ser falta individualmente (ver apêndice II). Às vezes, ingredientes menos exóticos podem
de apetite, vômitos, diarreia, ruídos intestinais, flatulência. A doença renal crônica está ser uma opção. Limitar a quantidade de antígenos aos quais o paciente é exposto
associada com a acumulação de produtos metabólicos do catabolismo de proteínas e (considerar medicamentos com sabor, petiscos, o acesso aos restos de comida ou de
outros compostos normalmente excretados na urina. O nitrogênio ureico sanguíneo outros animais de estimação ou sobras da mesa). Ao longo do tempo, os pacientes
(BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos de resíduos de podem perder a tolerância aos ingredientes, portanto, é útil manter uma lista de
nitrogênio que influenciam o apetite, o olfato e o paladar. A hipergastrinemia que novas opções específicas para o animal. Nos casos de doença muito grave, pode haver
provem da menor depuração renal leva a irritação e ulceração da mucosa gastrointestinal, má absorção de vitaminas solúveis em gordura, bem como folato e cobalamina.
bem como a acidose e anormalidades no metabolismo de minerais (deterioração na As estratégias de alimentação para a DRC têm foco em desacelerar a progressão da
depuração do fósforo urinário, hiperparatireoidismo secundário, alterações no doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
metabolismo da vitamina D, hipercalcemia). longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica e a
Predisposição
suplementação de sódio com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina D
e potássio, se necessário). Deve-se considerar que, em muitos casos, os ingredientes em
Raças predispostas a essas doenças são Setter Irlandês (enteropatia sensível ao glúten) e versões de alimentos enlatados e seco da dieta prescrita pelo médico veterinário
Pastor Alemão e o Shar-Pei (enterite linfoplasmocitária). formulada para o tratamento da DRC podem ser diferentes. Por isso, pode ser útil
comparar a lista de alimentos tolerados ou novos para os pacientes com ambas as versões
Modificações nos nutrientes essenciais (enlatados e secos). Se o paciente não tolera a dieta adequada que está à venda, então é
indicada uma dieta de formulação caseira.
n Petiscos–Os petiscos devem ser pobres em proteína, fósforo e sódio. Os petiscos
Alimentados com uma dieta altamente digestível com antígenos novos e/ou baixo teor
de gordura parece ser uma estratégia terapêutica valiosa (ingredientes são determinados
não deverão incorporar ingredientes que não estejam presentes na dieta base. Para
pelo histórico alimentar preciso de cada paciente individualmente). Alterar o tipo e o
muitos pacientes, os petiscos devem ser evitados, especialmente nas fases iniciais de
nível de fibras das dietas também pode ter um efeito benéfico. O tratamento com
avaliação dietética. Se for oferecida, o total de petiscos diários não deve fornecer
prebióticos e probióticos é útil em muitos casos. A restrição de proteínas é necessária para
mais de 10% da ingestão diária de calorias. Evitar alimentos que são conhecidos
o tratamento da azotemia, e a restrição de fósforo é indicada para reduzir o risco de
por serem tóxicos para cães: uvas e passas, cebola e alho, nozes de macadâmia,
mineralização do tecido mole e a redução da progressão da DRC. A suplementação com
chocolate e massa de pão.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alterar o nível de umidade da dieta
vitaminas do complexo B repõe as perdas secundárias da poliúria. A restrição de sódio
ajuda a tratar a hipertensão e/ou a retenção de líquidos. A suplementação com os ácidos
molhando a partícula de alimento seco ou assado. Alimentos secos ou enlatados podem
graxos Ômega-3 tem um efeito anti-inflamatório e renoprotetor. Se necessário, uma
aumentar a aceitação em alguns animais de estimação. Aquecer a dieta também pode
dieta úmida pode ajudar a reduzir a desidratação.
ser útil. O proprietário deve fornecer um ambiente seguro e tranquilo para comer e
104
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
também pode tentar algum reforço positivo. Se necessário, a porção diária de petiscos
(até 10% das calorias diárias) pode ser usada para agregar substâncias alimentares
adequadas nas refeições.
n Recomendações para a dieta– No caso de animais gravemente doentes,
O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) em cães com DRC
pode contribuir para hipercalemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
inicialmente alimentar ao nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em
palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos
qualquer líquido parenteral deve ser considerado em pacientes hipertensos ou sensíveis
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM,
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos ao sódio. Os medicamentos com sabor e/ou compostos podem ser uma fonte de
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM por antígenos não desejados (considerar também a fonte das cápsulas de gelatina).
Controle
cálculos. REM pode ser determinada pelo cálculo da RER para o peso atual e
multiplicada pelo fator apropriado: 1,4 para cães propensos à obesidade, 1,6 para cães
castrados, 1,8 para cães intactos (ver Apêndice III). Escolha uma dieta que tenha sido Sinais clínicos da doença GI parecem estar correlacionados com a gravidade da
formulada para o tratamento da DRC que forneça ingredientes que sejam conhecidos inflamação dentro do trato GI. O controle dos níveis de soro de: BUN/creatinina,
por ser tolerados ou novos para esse paciente em particular. fósforo, cálcio e potássio, a gravidade específica da urina e a pressão arterial são úteis
Comorbidades comuns
proteínas é indicado. Considerar comorbidades se a relação PUCU não melhorar
(por exemplo: nefrite de Lyme).
Em cães com gastroenterite alérgica/DII e DRC podem ocorrer: pancreatite,
desconforto GI causado pela uremia ou hipergastrinemia, dermatite alérgica,
hipertensão e enteropatia com perda de proteínas (linfangiectasia secundária).
Escolher uma dieta prescrita pelo veterinário para a doença renal com ingredientes que sejam tolerados ou novos
para o paciente
Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não está disponível para venda, encontrar uma
laboratorial, imagens, avaliação de sinais clínicos, etc.) formulação caseira
105
Gastroenterite alérgica/Doença inflamatória intestinal e doença renal
crônica - Gatos
Jennifer Larsen, DVM, PhD, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutrient % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
Os gatos com gastroenterite alérgica/doença inflamatória intestinal (DII) e Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Protein 28–32 6–8 26 6.5
doença renal crônica (DRC) sofrem um processo inflamatório relacionado com
complementares
Americana de controle de Alimentos (AAFCO).
Considerar o histórico clínico, exame físico, sinais clínicos e uma base de dados
Princípios da alimentação coadjuvante
mínima: análise bioquímica do soro, hemograma completo, exame de urina, e
No que diz respeito a todos os pacientes, o objetivo principal do manejo nutricional do
histórico alimentar. Os testes sorológicos para o diagnóstico de alergia alimentar
gato com gastroenterite alérgica/DII e DRC é atender às necessidades de energia com
não são confiáveis e não devem ser usados. A resposta a uma mudança na dieta não
uma dieta que inclua mudanças em nutrientes específicos para a doença. Embora nem
é um diagnóstico confiável, porque podem ocorrer melhorias ou resolução de
todos os pacientes mostrem uma resposta imunológica aos ingredientes da dieta por
sinais clínicos de muitas doenças gastrointestinais, devido a uma resposta a
si só, uma resposta positiva a uma mudança na dieta pode ainda ser notada, uma vez
alterações nos níveis de gordura ou fibras, tipos de fibras, digestibilidade, ou efeitos
que as dietas são provavelmente diferentes em termos dos níveis de gordura e fibra,
adversos sobre a microbiota intestinal. O ultrassom do abdômen, a concentração
tipos de fibras e digestibilidade dos ingredientes. Nem sempre é possível discernir qual
sérica de folato e de cobalamina, os testes de eliminação de alimentos – nova
aspecto da dieta adequada é responsável pelo efeito positivo. Escolha dietas com
provocação e biópsias permitem fornecer valiosas informações adicionais e
ingredientes hidrolisados ou novos, se possível; alguns pacientes funcionarão bem com
confirmar o diagnóstico preliminar.
ingredientes tolerados conhecidos mesmo se documentada alguma exposição anterior.
Fisiopatologia
É crucial ter o histórico alimentar preciso para determinar a lista de possíveis
ingredientes novos para o paciente individualmente (ver apêndice II). Às vezes,
Geralmente é desconhecida a causa geradora da gastroenterite alérgica/DII, mas pode ingredientes menos exóticos podem ser uma opção. Limitar a quantidade de
ser uma reação aos componentes dos alimentos, antígenos bacterianos e/ou auto- antígenos aos quais o paciente é exposto (considerar medicamentos com sabor,
antígenos. Os indicadores gastrointestinais (GI) superiores ou inferiores podem ser petiscos, o acesso aos restos de comida ou de outros animais de estimação ou sobras
falta de apetite, vômitos, diarreia, ruídos intestinais, flatulência. A doença renal crônica da mesa). Ao longo do tempo, os pacientes podem perder a tolerância aos
está associada com a acumulação de produtos metabólicos do catabolismo de proteínas ingredientes, portanto, é útil manter uma lista de novas opções específicas para o
e outros compostos normalmente excretados na urina. O nitrogênio ureico sanguíneo animal. Nos casos de doença muito grave, pode haver má absorção de vitaminas
(BUN, em inglês) é um marcador de dezenas de outros compostos de resíduos de solúveis em gordura, bem como folato e cobalamina.
nitrogênio que influenciam o apetite, o olfato e o paladar. A hipergastrinemia que As estratégias de alimentação para a DRC têm foco em desacelerar a progressão da
provém da menor depuração renal leva à irritação e ulceração da mucosa doença (restrição de fósforo e suplementação com ácidos graxos Ômega 3 de cadeia
gastrointestinal, bem como à acidose e anormalidades no metabolismo de minerais longa), bem como tratar os sinais clínicos (evitar a acidificação, a restrição proteica
(deterioração na depuração do fósforo urinário, hiperparatireoidismo secundário, e a suplementação de sódio com vitaminas B, e alteração dos níveis de cálcio, vitamina
alterações no metabolismo da vitamina D, hipercalcemia). D e potássio, se necessário). Deve-se considerar que, em muitos casos, os ingredientes
Predisposição
em versões de alimentos enlatados e secos da dieta prescrita pelo médico veterinário
formulada para o tratamento da DRC podem ser diferentes. Por isso, pode ser útil
As raças predispostas a essas doenças incluem a raça do gato Siamês (enterite comparar a lista de alimentos tolerado ou novos para os pacientes com ambas as
linfoplasmocitária). versões (enlatados e secos). Se o paciente não tolera a dieta adequada que está à venda,
106
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
(até 10% das calorias diárias) pode ser usado para agregar substâncias alimentares
adequadas nas refeições.
n Recomendações para a dieta – No caso de animais gravemente doentes,
O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) na doença renal
inicialmente alimentar ao nível de exigência de energia em repouso (RER; 70 x PC em pode contribuir para hipercalemia. Os quelantes de fosfato podem reduzir a
kg0,75), controlar o peso corporal e ajustar conforme necessário. Em casos mais crônicos palatabilidade e causar constipação, anorexia, náuseas ou vômitos. O teor de sódio de
e estáveis, se possível, fornecer as necessidades energéticas reais para manutenção (REM, qualquer líquido parenteral deve ser considerado em pacientes hipertensos ou sensíveis
a quantidade de calorias que manteve estável o peso corporal). Se os registros dietéticos ao sódio. Os medicamentos com sabor e/ou compostos podem ser uma fonte de
não são suficientemente precisos para determinar isso, então estimar o REM por antígenos não desejados (considerar também a fonte das cápsulas de gelatina).
cálculos. REM pode ser determinada pelo cálculo da RER para o peso atual
Controle
multiplicado pelo fator apropriado: 1,0 para gatos propensos à obesidade, 1,2 para
gatos castrados, 1,4 para gatos intactos (ver Apêndice III). Escolher uma dieta que
Sinais clínicos da doença GI parecem estar correlacionados com a gravidade da
tenha sido formulada para o tratamento de DRC que forneça ingredientes que sejam
inflamação dentro do trato GI. O controle dos níveis de soro de: BUN/creatinina,
conhecidos por ser tolerados ou novos para esse paciente em particular.
fósforo, cálcio e potássio, a gravidade específica da urina e a pressão arterial são úteis
Pontos para a educação do proprietário
para o tratamento de DRC. Avaliações regulares devem ser realizadas para verificar se
há infecções do trato urinário. Deve-se adicionar a concentração de albumina no soro
• Controles serão necessários e novas avaliações de forma regular. para os pacientes com linfangiectasia concorrente e/ou doença glomerular e a relação
• O cumprimento da dieta é importante para os pacientes com ambas as doenças. proteína:creatinina na urina (PUCU) para pacientes com doença glomerular. Se a
• Evitar petiscos ricas em proteínas, sódio e fósforo. Não oferecer petiscos que dieta não é eficaz na redução do fósforo no soro, agregar um quelante de fosfato. Se os
contenham ingredientes que não estejam presentes na dieta principal. Considerar valores de minerais/eletrólitos são persistentemente desequilibrados, pode-se indicar
parte do fornecimento da dieta diária com um petisco ou usar uma forma uma mudança na dieta. Se os sinais clínicos não são resolvidos pela dieta atual e está
alternativa da dieta se for o caso (enlatado ou seco). confirmado o cumprimento da dieta, considerar modificar os ingredientes, o tipo e o
• Não permitir longos períodos de anorexia ou ingestão de alimentos abaixo do nível nível das fibras ou uma doença concomitante/secundária. Considerar o uso de
ideal porque existe risco de lipidose hepática. probióticos (no entanto, considerar a presença de um palatabilizante ou outro antígeno
• Uma sonda alimentar será necessária se o paciente não comer quantidades associado no produto). Se a azotemia ou relação PUCU pioram e o cumprimento da
adequadas de uma dieta adequada. dieta é confirmado, o aumento da restrição de proteínas é indicado. Considerar
Comorbidades comuns
comorbidades se a relação PUCU não melhorar (por exemplo: doença infeciosa).
Escolher uma dieta prescrita pelo veterinário para a doença renal com ingredientes que sejam tolerados ou novos
para o paciente (revisar ambas versões: alimento enlatado e alimento seco)
Avaliar a tolerância da nova dieta com ferramentas clínicas (análise Se tal dieta não está disponível para venda, encontrar uma
laboratorial, imagens, avaliação de sinais clínicos, etc.) formulação caseira
107
Urolitíase por oxalato de cálcio e hiperlipidemia - Cães
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN Valores recomendados de nutrientes essenciais
Definição Nutriente % MS g/100 kcal % MS g/100 kcal
A hiperlipidemiaé definida como o aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (TG), Níveis recomendados na dieta Necessidade mínima na dieta*
Gordura 7–12 1.5–3.5 5 1.4
colesterol, ou ambos. Na urolitíase por oxalato de cálcio os urólitos compostos de
Predisposição
secundária a outras doenças, tais como hiperadrenocorticismo.
• Os urólitos de oxalato de cálcio ocorrem quando a urina contém níveis elevados de
A raça Schnauzer Miniatura tem uma predisposição por raça para hiperlipidemia cálcio e/ou oxalato. Isso pode ocorrer em associação com doenças que causam
primária e urolitíase por oxalato de cálcio. As raças que apresentam risco de hiperlipidemia.
hiperadrenocorticismo incluem, entre outros, Schnauzer Miniatura, Poodle Miniatura • Os proprietários devem evitar suplementos contendo cálcio ou vitamina C, bem
e Toy, Dachshund (salsicha) e Boston Terrier. como petiscos de alimentos humanos com alto teor de oxalato.
medicamentosas
Dietas pobres em cálcio são um fator de risco de urolitíase por oxalato de cálcio, por
isso devem ser evitadas. O aumento da ingestão de sódio pode reduzir a saturação na
urina do oxalato de cálcio. Um maior volume de urina pode reduzir o risco de urolitíase, Se o tratamento dietético não diminuir devidamente os níveis de triglicerideos, pode-
por consequência, deve-se estimular a ingestão de água. Pode-se promover o aumento se utilizar a seguinte abordagem em casos de hiperlipidemia: acidos graxos omega 3
da ingestão de água administrando alimento úmido ou adicionando água nos (podem reduzir a síntese de algumas lipoproteínas; 10-30 mg/kg por via oral (PO) a
alimentos secos ou enlatados. cada 24 horas); genfibrozil (reduz a síntese de certos lipoproteínas e triglicerídeos; 100
- 300 mg PO cada 12 horas); quitina ou quitosano (podem fixar certos lipídeos da
dieta no trato intestinal e dessa forma diminuir sua absorção; não existem estudos
108
representativos realizados com cães; 150 - 300 mg PO 30 minutos antes da Controle
alimentação); e niacina (reduz a síntese de triglicerídeos; vasodilatador que causa Para hiperlipidemia, controlar a resolução dos sinais clínicos (se estiverem
eritema e prurido; 25 - 150 mg PO a cada 12 horas). presentes). Deverão ser monitoradas as concentrações, em jejum, de triglicerídeos
Para urolitíase por oxalato de cálcio, pode ser administrado citrato de potássio, e colesterol; se é secundária a uma doença do sistema endócrino, deve-se monitorar
um agente alcalinizante urinário para aumentar a solubilidade do oxalato de cálcio o tratamento dessa doença.
com alcalúria. O citrato pode inibir a formação e a agregação de cristais de oxalato Para urolitíase por oxalato de cálcio, deve-se realizar análises mensalmente durante 3-
de cálcio com uma dose de 50-100 mg/kg por via oral a cada 12 horas; modificar 6 meses para monitorar a resposta ao tratamento; o pH deve ser de neutro a alcalino,
um pH da urina de cerca de 7,5. Os diuréticos de tiazidas aumentam a reabsorção a gravidade específica deve ser diluída; e a cristalúria deverá estar ausente. Deve-se
tubular renal de cálcio provocando uma excreção de cálcio urinário inferior, mas realizar estudos de reconhecimento: raio-X ou ultrassonografia abdominal no 6 e 12
podem causar hipercalcemia. Não há estudos a longo prazo realizados com cães meses e depois a cada 6 ou 12 meses, dependendo da resposta. Deve-se monitorar o
relacionadas com a sua segurança ou eficácia. A hidroclorotiazida é administrada cálcio sérico um mês após o início com a hidroclorotiazida e depois a cada 3-6 meses.
em 2 mg/kg PO a cada 12 horas. A vitamina B6 está envolvida no metabolismo Se é secundária a uma doença endócrina, é indicado um controle adequado do
de oxalato, embora não haja evidência de que a suplementação com vitamina B6 tratamento desta doença
ofereça qualquer benefício em cães.
Obter dados de base (radiografias, exame de urina, análise bioquímica do soro ± Paratormônio (PTH), cálcio ionizado)
Mudança na dieta:
Considerar: Evitar:
Menor CaOx, Na, proteína Vitaminas C e D
Adequado fósforo, Mg, citrato, B6 Acidificantes urinários
Mais água Alimentos com alto teor de CaOx,
Alto teor de fibra se há Proteínas, Na
hipercalcemia
Acompanhamento na 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, a gravidade específica da urina, sedimento da urina e verificar o cumprimento
Citrato de potássio (50 mg/kg PO cada 12 h) Sim Cristalúria por oxalato Não
de cálcio?
Suplementação
Sim Cristalúria por oxalato de cálcio? Não
com Vitamina B6
Acompanhamento nas 2-4 semanas: Avaliar o pH da urina, a gravidade específica da
urina, sedimento da urina
Seguimento em 3 meses:
1. Verificar o cumprimento da dieta 3. A análise bioquímica do soro
Sim Cristalúria por oxalato de cálcio? Não 2. O exame de urina completo 4. Radiografia
Hidroclorotiazida
(2 mg/kg PO a cada 12
horas.)
Verificar se há efeitos Nenhum cristal ou Urólitos macroscópicos Cristais microscópicos
colaterais: Hipocalemia urólito
Hipercalcemia
Desidratação 1. Remoção não cirúrgica dos urólitos (urohidropropulsão por micção, remoção do cateter).
2. Entregar urólitos para análise.
109
Doença renal crônica e obesidade - Cães
Donna M. Raditic, DVM, CVA Predisposição
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN A obesidade ocorre mais frequentemente em cães entre 5 e 10 anos de idade. Estes cães
Definição
obesos têm um maior risco de morbidade e mortalidade precoce. Insuficiência renal
em cães jovens pode ser causada por desordens alimentares (zinco, lírios, passas, uvas,
A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal anticongelante e outros medicamentos). Doença glomerular é o principal tipo de
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde e é suficiente para provocar insuficiência renal em cães; é mais frequentemente observada em cães machos com
doenças. Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como uma idade média de 8 anos ou mais de idade. Normalmente, os cães com diabetes
visto em "doenças metabólicas" em seres humanos. A doença renal crônica (DRC) é mellitus são obesos e estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal. A raça
uma doença mais comum em cães de idade avançada e, ocasionalmente, a sua forma Shar-Pei está predisposta à insuficiência renal que envolve a predisposição de amiloide
congênita é vista em cães jovens. Para obter mais informações sobre a obesidade em cães, nos glomérulos e na medula dos rins. Muitas vezes, a síndrome de Fanconi em cães da
consultar as páginas 32-33; para obter mais informações sobre a doença renal crônica raça Basenji evolui para insuficiência renal. A insuficiência renal congênita tem sido
em cães, consultar as páginas 84-85. descrita em muitas raças e, geralmente, ocorre em cães com menos de 3 anos.
110
fibra moderado a alto, mas a palatabilidade das dietas pode ser ruim para os cães podem aumentar a ingestão calórica. O bicarbonato de sódio é utilizado para tratar
com insuficiência renal. a acidose metabólica, mas tem um gosto desagradável para cães e pode aumentar a
• O objetivo do tratamento dietético para um cão obeso com insuficiência renal é pressão arterial devido ao aumento da ingestão de sódio.
Controle
assegurar a ingestão adequada de calorias para manutenção de peso e uma perda de
peso segura; esta dieta para perda de peso deve ter um baixo teor de fósforo, com
níveis moderados de proteína de alta qualidade para retardar a progressão da A hidratação adequada é necessária para manter a perfusão renal. Muitos cães com
insuficiência renal.
n Petiscos – Evitar sobras de comida e alimentação humana. Evitar petiscos que são
DRC requerem fluidos adicionais, incluindo dietas alimentares úmidas que contêm
mais de 75% de umidade; a administração oral de água ou líquidos aromatizados; a
ricos em proteínas, sal ou fósforo (% de cinzas), calorias e gorduras.
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alguns cães preferem alimentos
administração subcutânea de solução de Ringer Lactato ou outra solução cristaloide
equilibrada; ou a administração entérica de água através de uma sonda alimentar.
enlatados; misturar alimentos enlatados e alimentos secos. Aquecer ligeiramente os Manter uma concentração estável de creatinina. Frequentemente, os sinais clínicos
alimentos enlatados ou oferecê-los frescos. Adicionar à dieta caldo com baixo teor de muitas vezes não se correlacionam com o grau de azotemia em cães com DRC,
sal e baixo teor de gorduras ou água do atum com baixo teor de sal. Oferecer porções porque eles se adaptaram a ela. Os níveis de creatinina aumentam em mais de 0,2
menores com mais frequência.
n Recomendações para a dieta – Dietas que atendam aos seguintes critérios são
mg/dl entre medição e medição em cães com DRC adequadamente hidratados,
indicam progressão.
recomendadas: baixo teor de fósforo, moderadas em proteínas de alta qualidade, A relação proteína:creatinina urinária (PUCU) mantida abaixo de 0,5 é o ideal. A
moderadas em sódio, baixo teor de gordura, teor moderado a alto de fibras e ricas em relação PUCU deve ser seguida com medições em série; a interpretação depende da
ácidos graxos Ômega 3. ausência de hematúria, piúria ou infecção. Devem ser administrados inibidores da ECA
Comorbidades comuns
pode ser tratada com citrato ou gluconato de potássio, por via oral. Para a
hipercalemia, reduzir a ingestão de potássio na dieta e considerar a redução da
Em cães obesos com insuficiência renal são observadas infecções bacterianas do trato dose de inibidores da ACE ou do suplemento de potássio. Se a acidose
urinário (cistite e pielonefrite), nefrolitíase (geralmente, oxalato de cálcio), diabetes metabólica não for controlada através da dieta, iniciar o tratamento com
mellitus, hipotiroidismo, hiperparatiroidismo, pancreatite, doença inflamatória do bicarbonato de sódio ou citrato de potássio por via oral.
intestino, osteoartrite e colite. A má nutriçãoé uma preocupação; um cão obeso com DRC sofre uma rápida perda
111
Doença renal crônica e obesidade - Gatos
Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
progressão da insuficiência renal em gatos. A ingestão de dieta rica em Ômega 3 possui
efeitos anti-inflamatórios na insuficiência renal primária. Dietas moderadamente
Definição
restritas em sódio podem reduzir a hipertensão arterial sistêmica e o grau de azotemia.
Os antioxidantes desempenham um papel nos mediadores inflamatórios associados
A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal à obesidade e o aumento do estresse oxidativo sobre a função celular normal;
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde e é suficiente para provocar portanto, as dietas enriquecidas com antioxidantes balanceados podem ser benéficas.
doenças. Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como Dietas baixas em calorias devem fornecer todos os nutrientes essenciais em equilíbrio
visto em "doenças metabólicas" em seres humanos. A doença renal crônica (DRC) é com a ingestão calórica. Dietas pobres em gordura reduzem o teor calórico da dieta,
uma doença mais comum em gatos de idade avançada e, ocasionalmente, a forma já que a gordura fornece duas vezes mais calorias por grama que os carboidratos ou
congênita é vista em gatos mais jovens. Com frequência é irreversível e lentamente as proteínas. As dietas ricas em fibra são usadas para reduzir a ingestão calórica e
progressiva. Para obter mais informações sobre a obesidade em gatos, consultar as aumentar a saciedade para perda de peso, e melhorar a saúde gastrointestinal em
páginas 36-37; Para obter mais informações sobre a doença renal crônica em gatos, pacientes renais. Dietas úmidas com mais água podem aumentar a saciedade e
consultar as páginas 86-87. melhorar o equilíbrio de fluidos em pacientes renais.
Fisiopatologia
A obesidade ocorre quando a ingestão de calorias excede os requisitos de energia do
Princípios da alimentação coadjuvante
gato, tais como a taxa metabólica basal, exercício e demais gastos energéticos. A
obesidade é uma doença que apresenta aumentos de mediadores inflamatórios,
A doença renal crônica é a principal preocupação do tratamento. É necessária uma
resistência à insulina e lipídios sanguíneos anormais. Doenças como diabetes
restrição de fósforo e níveis moderados de proteína de alta qualidade, as quais tem
mellitus, alterações cardiovasculares, pancreatite, lipidose, osteoartrite, câncer,
demostrado retardar a progressão da DRC. Dietas renais tendem a ter mais gordura e
constipação e doença do trato urinário inferior têm sido associadas com a obesidade.
menos teor de fibras para garantir aporte calórico adequado; geralmente gatos com
A obesidade não causa insuficiência do rim, mas estas doenças estão associadas. Os
DRC têm pouco apetite e doenças gastrointestinais simultâneas. Catabolismo proteico
múltiplos efeitos da obesidade sugerem uma conexão entre a obesidade e a
é observado em gatos obesos com doença renal; consequentemente, a perda de peso a
insuficiência renal, embora a fisiopatologia exata seja desconhecida.
partir de tecido corporal magro é uma preocupação. Os gatos obesos necessitam de
Epidemiologicamente, tanto a obesidade quanto a doença renal estão crescendo a
dietas baixas em calorias, baixo teor de gordura e moderado a alto teor de fibra. Alguns
taxas semelhantes em gatos. Têm-se documentado alterações glomerulares precoces
gatos obesos parecem responder a dietas ricas em proteínas para perda de peso, mas essas
em seres humanos obesos. Em bebês humanos estudos indicavam baixo peso ao
dietas seriam inadequadas para um gato com DRC. O objetivo do tratamento dietético
nascimento e um risco aumentado de terem menos néfrons, obesidade e hipertensão.
para gatos obesos com insuficiência renal é o de assegurar uma ingestão calórica mais
Entretanto, estes dados não estão disponíveis para gatos.
baixa (usando uma abordagem com moderado a elevado teor de fibra e baixo teor de
Predisposição
gordura), enquanto mantêm um baixo nível de fósforo e níveis moderados de proteína
alta qualidade.
A obesidade ocorre mais frequentemente em gatos entre 5 e 10 anos de idade. A n Petiscos – Evitar petiscos que sejam ricos em proteínas, sal ou fósforo (% de
insuficiência renal normalmente se produz em gatos maiores de 10 anos. Os gatos obesos cinzas), calorias e gorduras.
têm um maior risco de morbidade e mortalidade precoce. Normalmente, os gatos com n Dicas para aumentar a palatabilidade – Alguns gatos preferem alimentos secos;
diabetes mellitus são obesos e estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal. Os enquanto outros preferem alimentos enlatados, alimentar de acordo a preferência.
gatos machos, castrados e maiores de 6 anos, apresentam uma maior incidência de diabetes Adicionar na dieta caldo com baixo teor de sal e baixo teor de gorduras. Aquecer
mellitus e a mesma população de gatos apresenta um maior risco de obesidade. Os gatos ligeiramente os alimentos enlatados ou oferecê-los frescos. Adicionar água do atum
da raça Persa apresentam uma maior incidência de DRC policística que a normal. com baixo teor de sal para gatos que preferem as dietas com sabor de peixe. Oferecer
112
Pontos para a educação do proprietário Controle
• Os gatos não podem “passar fome" para que comam a dieta recomendada. A hidratação adequada é necessária para manter a perfusão renal. Muitos gatos com
• A transição lenta é necessária para a dieta. DRC requerem fluidos adicionais, incluindo dietas alimentares úmidas que contêm
• O tratamento da DRC pode deixar sem efeito o programa de perda de peso em mais de 75% de umidade; a administração oral de água ou líquidos aromatizados; a
gatos obesos com insuficiência renal. administração subcutânea de solução de Ringer Lactato ou outra solução cristaloide
• Acompanhar de perto o peso é fundamental em gatos obesos com doença renal equilibrada; ou a administração entérica de água através de uma sonda de alimentação.
crônica. Manter uma concentração estável de creatinina. Frequentemente, os sinais clínicos
• "Comer algo" não é suficiente; o gato deve consumir o que é necessário para manter muitas vezes não se correlacionam com o grau de azotemia em gatos com DRC,
o peso ou alcançar uma perda de peso segura, se é esse o objetivo. porque eles se adaptaram a ela. Os níveis de creatinina aumentam em mais de 0,2
• O controle inclui a pontuação do escore de condição corporal (ECC) e peso corporal. mg/dl entre medição e medição em gatos com DRC adequadamente hidratados,
• A perda de peso pode significar desidratação e/ou a progressão da DRC. indicam progressão. A relação proteína:creatinina na urina (PUCU) mantida
• Os gatos com DRC podem facilmente perder peso sob a forma de massa magra em abaixo de 0,4 é o ideal. A relação PUCU deve ser seguida com medições em série;
vez de gordura, o que tem um prognóstico ruim para o tratamento. a interpretação depende da ausência de hematúria, piúria ou infecção. Devem ser
• A má nutrição é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em gatos administrados inibidores da ECA aos gatos com insuficiência renal crônica em
com DRC. comparação PUCU superior a 0,4.
Comorbidades comuns
Os níveis de fósforo devem ser mantidos abaixo de 5,5 mg/dl. Os agentes
quelantes de fosfato podem ser usados para iniciar o tratamento se os níveis
Em gatos obesos comDRC são observadas infecções bacterianas do trato urinário continuam aumentando.
(cistite e pielonefrite), litíase renal (geralmente por oxalato de cálcio), diabetes mellitus, A pressão arterial (sistólica) deve ser inferior a 160 mmHg, e deverá ser medida em série
hipertireoidismo, pancreatite, lipidose hepática, hipercalcemia idiopática, doença de semanas ou meses. Iniciar o tratamento, se a pressão arterial continua aumentando;
inflamatória do intestino, constipação crônica e osteoartrite. reduzir lentamente a ingestão de sódio mesmo que os níveis sejam moderados. Em
113
Manejo nutricional de obesidade e de doença renal crônica (DRC) em cães
114
Manejo nutricional de obesidade e doença renal crônica (DRC) em gatos
115
Urolitíase por estruvita e obesidade - Gatos
Donna M. Raditic, DVM, CVA
Joseph W. Bartges, DVM, PhD, DACVIM, DACVN
e normalmente de forma secundária a outra doença. Gatos machos castrados com
menos de 10 anos têm uma maior incidência de tampões uretrais, que geralmente
Definição
contêm estruvita.
A obesidade é quantitativamente definida com 15% a 20% acima do peso corporal Modificações nos nutrientes essenciais
ideal. Funcionalmente, a obesidade deteriora a saúde o suficiente para provocar doenças. No manejo nutricional da obesidade, as dietas baixas em calorias devem fornecer
Sabe-se que é importante a distribuição específica de gordura no corpo, como visto na todos os nutrientes essenciais em equilíbrio com a sua ingestão de calorias. Dietas
"doença metabólica" em seres humanos. A urolitíase por estruvita é uma doença do pobres em gordura reduzem o teor calórico da dieta, já que a gordura fornece duas
trato urinário inferior que muitas vezes produz um ou mais indicadores de hematúria, vezes mais calorias por grama do que proteínas ou carboidratos. As dietas ricas em
disúria, polaquiuria, obstrução uretral e micção inadequada. Para obter mais fibra são usadas para reduzir a ingestão calórica e aumentar a saciedade para perda
informações sobre a obesidade em gatos, consultar as páginas 36-37; para mais de peso. Programas de perda de peso têm sido atingidos por alguns gatos com dietas
informações sobre a insuficiência renal em gatos, consultar as páginas 90-91. baixas em carboidratos e ricas em proteínas. Dietas úmidas com maior quantidade
complementares
redução da concentração dos minerais na urina.
Mudanças fundamentais no tratamento da urolitíase por estruvita incluem restrição
O peso corporal atual, o escore de condição corporal (ECC) (ver Apêndice I) e o de fósforo na dieta, restrição de magnésio da dieta, evitar o consumo excessivo de
histórico alimentar completo devem ser obtidos na avaliação de um gato obeso com proteína, já que diminui a concentração de amônia na urina, evitar alimentos
suspeita de urolitíase por estruvita (ver apêndice II). O exame de urina deve ser avaliado alcalinizantes (por exemplo: dietas para insuficiência renal ou dietas com proteínas à
(amostra coletada por cistocentese), análise de urólitos ou tampões se foram extraídos, base de vegetais) e aqueles que causam a urina ácida. Gatos produzem urina alcalina
e análise de sedimentos na urina (o teste deve ser realizado imediatamente após a coleta após as refeições, que é mais prolongada com porções de alimentos que com
para avaliar cristalúria; pode-se obter resultados falsos se a urina for resfriada). Na cultura alimentação ad libitum. Portanto, gatos que consomem pequenas quantidades de
de urina, menos de 1% dos gatos com menos de 10 anos apresentam cistite bacteriana, comida ao invés de uma ou duas porções por dia reduzem a cristalúria por estruvita. A
enquanto 45% dos gatos com mais de 10 anos com indicadores do trato urinário inferior alimentação ad libitum ainda necessita de tratamento calórico em gatos obesos que
têm cistite bacteriana. As infecções bacterianas são geralmente secundárias à insuficiência formam estruvita. A ingestão de sódio reduz a saturação da urina com estruvita; o papel
renal, diabetes mellitus, vírus da leucemia felina, etc. São recomendadas radiografias exato desempenhado pelo sódio na saturação da urina e a posterior urolitíase por
abdominais para urólitos potenciais ou neoplasia (urólitos de estruvita são radiodensos) estruvita ou oxalato de cálcio é uma área de pesquisa.
Predisposição
em proteínas para perda de peso, mas essas dietas seriam inapropriadas para um gato
com urolitíase por estruvita. O objetivo do tratamento dietético para gatos obesos com
A obesidade ocorre mais frequentemente em gatos entre 5 e 10 anos de idade. Estes urólitos de estruvita é garantir uma menor ingestão calórica (utilizando uma abordagem
gatos estão em maior risco de morbidade precoce e quase o triplo da taxa média de contendo moderada a alta fibra, baixo teor de gordura), enquanto mantém um baixo
mortalidade. Geralmente, a doença do trato urinário inferior em gatos é observada nível de fósforo e níveis moderados de proteína de alta qualidade. A alimentação ad
entre 4 e 10 anos de idade. Normalmente, urolitíase por estruvita ocorre em gatos com libitum deve ser controlada quanto às calorias. Restringir níveis dietéticos de magnésio,
idade inferior a 10 anos sem predisposição de gênero ou raça. A urolitíase por estruvita fósforo e proteína para gerar menos saturação na urina destes minerais e a dissolução
induzida por bactérias é observada com maior frequência em gatos maiores de 10 anos dos cristais ou urólitos de estruvita. Provocar e manter a urina ácida tanto para a
116
Estratégias para o manejo das interações
medicamentosas
subsaturação como para a dissolução. Incentivar a ingestão de água tanto para a
saturação da urina como para a saciedade do gato.
n Petiscos–Evitar petiscos ricos em calorias, gordura, proteína, fósforo e magnésio
Os esteroides administrados para a inflamação posterior à obstrução incrementam a
(% de cinzas). Incentivar a ingestão de água com dietas úmidas ou água com sabor.
susceptibilidade da cistite bacteriana. Os estimulantes do apetite para a dieta de
Evitar petiscos e medicamentos alcalinizantes (tal como o citrato de potássio ou
transição são contra-indicados em programas de perda de peso. Os medicamentos
bicarbonato de sódio).
n Dicas para aumentar a palatabilidade – Tentar fazer a transição para uma dieta
anti-inflamatórios não esteroidaispodem causar anorexia aguda, úlceras e perfurações
gastrointestinais. Os acidificantes urináriospodem ser usados se a acidificação da dieta
úmida adequada para o gato. Adicionar agentes aromatizantes, tais como sopas ou
não for adequada.
molhos adequados. Aquecer ligeiramente os alimentos enlatados. Oferecer
Controle
frequentemente alimentos enlatados frescos. Colocar pequenos alimentadores com
alimentos secos por toda a casa.
n Recomendações para a dieta – Dietas que atendam aos seguintes critérios são Usando uma dieta adequada para urolitíase por estruvita, o programa de perda de peso
recomendadas: baixo conteúdo de fósforo e magnésio; acidificantes; quantidades deve ser concebido para a redução segura de peso de 1% a 2% por semana.
moderadas de proteína de alta qualidade; e dietas pobres em gordura e ricas em fibras Mensalmente deve-se registrar o peso e alterar a ingestão alimentar em conformidade.
para perda de peso. Estão à venda dietas para dissolução e prevenção da estruvita. Uma vez que o peso e o escore de condição corporal (ECC) ótimos tenham sido
atingidos, o peso do gato pode ser verificado a cada 4-6 meses, além de realizar uma
Pontos para a educação do proprietário
análise de urina para assegurar a manutenção do peso.
• A obesidade em gatos está relacionada com a doença do trato urinário inferior, tais
Ao controlar adissoluçãode urólitos de estruvita deve-se levar em conta que urólitos
de estruvita estéreis geralmente se dissolvem no prazo de 2 a 4 semanas, quando a
como urolitíase por estruvita.
alimentação for feita com uma dieta para a dissolução da estruvita. Os urólitos de
• Um programa para perder peso deve ser concebido para atingir uma perda de peso
estruvita induzidos por infecção habitualmente são dissolvidos entre 8 e 10 semanas,
de 1% a 2% por semana utilizando uma dieta adequada para a prevenção e dissolução
quando alimentados com uma dieta para a dissolução da estruvita e são administrados
da estruvita.
antibióticos adequados. Devem ser realizadas verificações mensais com exame de urina
• Os gatos não podem passar fome para comer a dieta recomendada; precisam de
e raio-X até a dissolução dos urólitos. O exame de urina deve indicar urina ácida (pH
uma transição lenta para a nova dieta.
< 6,8), gravidade específica da urina < 1,030, sem cristalúria na avaliação de sedimentos
• Se a modificação da dieta não for mantida, pode produzir uma nova formação de
(urina coletadas mediante cistocenteses e analisada imediatamente; muitas vezes falsos
cristais e urólitos de estruvita.
resultados são obtidos com a urina refrigerada), resolução da hematúria sem inflamação.
• Gatos de idade avançada podem ter estruvita secundária a infecções bacterianas.
No caso do controle para a prevençãode urólitos de estruvita, deve ser feita mensalmente
Comorbidades comuns
uma uroanálise, e uma radiografia para avaliar a eficácia da dieta. O exame de urina deve
indicar urina ácida (pH < 6,8), densidade urinária < 1,030, sem cristalúria na avaliação
Em gatos de idade avançada com urolitíase por estruvita podem-se observar infecções de sedimentos (urina coletada e analisada por cistocentese dentro de 15 minutos após
bacterianas do trato urinário. Pode ocorrer estenose uretral concomitantemente com a coleta), resolução de hematúria sem inflamação ou indicadores de doença do trato
a urolitíase por estruvita. As doenças que são normalmente observadas em gatos obesos urinário inferior. Se a dieta parece ser eficaz, podem ser realizados uroanálises a cada 4 a
incluem: diabetes mellitus, pancreatite, doença inflamatória do intestino, constipação 6 meses. Com qualquer indicador de doença do trato urinário inferior, devem ser
crônica, osteoartrite e outras doenças do trato urinário inferior. realizados raio-X, exame de urina e de sangue, como explicado anteriormente.
Há sinais clínicos de doença do trato urinário inferior por estruvita? (Ver texto)
Sim Não
117
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122
Apêndice I - Sistema de escore de condição corporal (ECC) da Nestlé® Purina®
O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e
Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:
Mawby D, Barlges JW, Mayers T, et al. Comparison of body fat estimates by dual-energy x-ray absorptiometry and
deuterium oxide dilution in client owned dogs. Compendium 2001; 23 (9A): 70
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1997; 22:10-15
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123
SISTEMA DE ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL
O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e
Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:
Laflamme DP. Development and Validation of a Body Condition Score System for Cats: A Clinical Tool.
Feline Practice 1997; 25:13-17
124
Apêndice II - Formulário de histórico alimentar
10. Descreva todas as medicações que seu animal de estimação está recebendo atualmente e outras que foram
administradas nos últimos três meses (indicar medicamentos que estão em uso): ________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
11. Indique se o seu animal de estimação tem sofrido algum destes sintomas antes da visita de hoje:
o Ganho de peso OU o Perda de peso
o Quanto? __________________kg Em qual período de tempo?_______________________________________________
o Vômitos ___________________________ vezes/dia ____________________ vezes/semana
o Diarreia___________________________ vezes/dia ____________________ vezes/semana
12. Já percebeu mudanças em quaisquer das seguintes situações?
o Micção OU o Consumo de água. Qual foi a mudança específica? _______________________________________
Desde quando?______________________________________________________________________________________
o Defecação Qual foi a mudança específica? __________________________________________________________
Desde quando?______________________________________________________________________________________
o Apetite Qual foi a mudança específica? _____________________________________________________________
Desde quando? _____________________________________________________________________________________
13. Seu animal de estimação apresenta: o alergias OU difficuldade o mastigação o deglutição
Se tiver, explique: ____________________________________________________________________________________
Adaptado com permissão do Serviço de Apoio Nutricional da UC Davis, Davis, California, 2008.
125
Dietas atuais
Descreva a seguir as marcas ou nomes de produtos (se aplicável) e quantidades de todos os alimentos e petiscos que seu
animal de estimação come atualmente. Por favor, separar cada ingrediente da alimentação caseira, descrevendo cada
ingrediente em sua própria linha. A descrição deve fornecer detalhes suficientes para que possamos ir ao mercado e
comprar o alimento. Deve incluir a alimentação humana oferecida como petisco ou na mesa. Exemplos são apresentados
em letra itálica.
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
EXEMPLOS:
Pro Plan Puppy Complete seco Junho 1999 Março 2000
tornou-se
adulto
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
Descrever o nome de cada suplemento adicional que o animal recebe, indicar quanto e quantas vezes ele o recebe (isto é,
produtos a base de ervas, suplemento de ácidos graxos, vitaminas ou minerais):
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
126
Apêndice III - Cálculos úteis na nutrição clínica
Calcular as exigências energéticas ou com baixo peso), gestação e lactação, ou doenças, multiplicado por um fator
Pode-se usar equações simples para calcular as necessidades de energia específico. Por exemplo:
de um animal de estimação. No entanto, os requisitos de energia dos
Cães
cães e dos gatos não são uma função linear do peso corporal; os Nascimento a peso maduro médio RER ¥ 2.2
requisitos de energia dos animais, por quilograma de peso corporal Peso maduro médio a adulto RER ¥ 1.5
diminuem na medida que o tamanho do animal aumenta. Além disso, Cão adulto castrado RER ¥ 1.8
os ajustes são necessários para atender às variações das necessidades Cão adulto propenso a obesidade RER ¥ 1.2 a 1.4
energéticas diárias de cães e gatos gerados por fatores, incluindo a idade Fêmeas prenhas RER ¥ 1.3
e fase da vida, raça, nível de atividade, status reprodutivo, ambiente e Fêmeas lactantes
Até uma semana após o parto RER ¥ 1.2
saúde.
Máximo (3-4 semanas após o nascimento) RER ¥ 3.5
Até 6 semanas RER ¥ 1.5
• A energia metabolizável (EM) é a porção total da energia disponível para o Gato adulto castrado RER ¥ 1.2 a 1.4
corpo a partir dos alimentos, essencialmente as calorias utilizadas e suas Gato adulto inteiro RER ¥ 1.4 a 1.6
concentrações ou densidade. A EM é normalmente medida em calorias ou Gato adulto propenso à obesidade RER ¥ 1.0
joules. A declaração de calorias está incluída na maior parte dos rótulos dos
alimentos para animais, embora não seja exigido. As calorias são definidas em Depois de calculada a exigência de manutenção do animal (a quantidade de
termos de quilocalorias metabolizáveis por quilograma (EM kcal/kg) de calorias necessárias por dia), pode-se determinar a quantidade de alimento
alimento e também podem ser expressas como calorias por unidade de medida adequado com o qual alimentar, ao se verificar a quantidade de kcal/xícara ou
doméstica, como xícara ou lata. Uma EM maior indica uma maior kcal/lata no rótulo dos alimentos para animais de estimação e calcular o tamanho
concentração de calorias, e um alimento mais denso em energia. da porção para atender a essas necessidades.
Para calcular o REM é necessário levar em conta variáveis individuais, tais como Continua
idade, estágio de vida, estado reprodutivo (inteiro vs. castrado), estado físico (obeso
127
Deste modo, embora aparentemente a dieta seca, neste exemplo, possua muito Proteínas brutas mín 8.0% / (1.00–0.75) = 32% MS
mais proteínas, de fato, a dieta úmida possui um pouco mais. Pode ser realizada Gorduras mín. 5.0% / (1.00–0.75) = 20% MS
uma rápida comparação estimando-se que a quantidade de matéria seca, em um Fibras brutas máx. 1.5% / (1.00–0.75) = 6% MS
alimento seco, é quase quatro vezes maior que a quantidade de um produto Cinzas máx. 3.0% / (1.00–0.75) = 12% MS
enlatado.
A % total de MS constituída por proteínas, gorduras, fibras e cinza é, por tanto,
Utilizar a declaração de análise garantida nos
70% (32% + 20% + 6% + 12%). O resto pode-se assumir como sendo,
A parte de matéria seca (MS) do alimento contém todos os nutrientes sem água
e pode ser calculada aproximadamente, utilizando-se o teor de umidade, o qual,
neste caso, é de 75%. Isto é característico para os alimentos úmidos. O teor de
umidade característico dos alimentos secos é aproximadamente de 10%.
128
VET 3991A-0810